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“As Constituições – leis fundamentais do Estado - têm por objeto – que vem se alargando no
decorrer da história – o estabelecimento da estrutura do Estado, a organização de seus
órgãos, o modo de aquisição do poder e a forma de seu exercício, limites de sua atuação,
assegurar os direitos e garantias dos indivíduos, fixar o regime político e disciplinar os fins
sócioeconômicos do Estado, bem como os fundamentos dos direitos econômicos, sociais e
culturais.
Alguns autores entendem que também constitui objeto das Constituições, graças à mudança
das práticas políticas (como o relativo abandono do capitalismo puro e do socialismo puro,
que evoluíram para o social-liberalismo e para a social-democracia), disposições relativas à
ordem econômica e à ordem social do Estado.
De uma maneira geral, cabe ao Direito Constitucional o estudo sistemático das normas que
integram uma Constituição.
CONCEITOS DA CONSTITUIÇÃO
Sentido Político: Para Carl Schmitt, Constituição é o resultado da decisão política fundamental
do titular do Poder Constituinte (que define a estrutura e os órgãos do Estado, direitos
individuais, vida democrática, etc.) estejam ou não num único diploma constitucional.
As demais leis inseridas em diplomas constitucionais teriam este status mas não conteriam
matéria de decisão política fundamental.
Sentido/Critério Formal: A norma tem caráter constitucional se for introduzida pelo Poder
Constituinte no ordenamento por meio de um processo legislativo diferenciado, mais solene e
dificultoso que aquele das normas infraconstitucionais; independentemente de seu conteúdo.
É uma norma FORMALMENTE constitucional o Art. 242. §2º da CF/88 que determina que o
Colégio Pedro II – RJ será mantido na órbita federal.
Sentido Jurídico: Para Hans Kelsen, a Constituição é uma norma pura, dever-ser, fruto apenas
da vontade racional do homem e sem pretender basear-se em nenhum conteúdo/base
sociológico, político ou filosófico.
Consitucionalização Simbólica – Trabalho do Profº Marcelo Neves UFPE 1992 –Analisa a função
simbólica de textos constitucionais carentes de concretização normativo-jurídica e seu
significado social e político – Alguns exemplos de uso de uma legislação simbólica: defensores
da lei seca nos EUA não se interessavam pela eficácia instrumental da norma mas sim por
adquirir respeito social – legislação como símbolo de status; legislação sobre estrangeiros na
Europa ou sobre aborto na Alemanha – legislação como símbolo de confirmação de valores
sociais que glorificam ou degradam um grupo opositor em relação ao outro; mudanças na
legislação penal brasileira (Lei n 11.923/09 sequestro relâmpago) e outras como reação
simbólica a pressões da sociedade buscando a redução da criminalidade – legislação-álibi de
legisladores como resposta pronta e rápida do Estado a problemas mais complexos tentando
gerar confiança da população no sistema jurídico-politico.
Neoconstitucionalismo: Nova visão que busca dar sentido real à Constituição e não
meramente retórico de modo a encontrar mecanismos que efetivamente
concretizem/apliquem na realidade todos os seus preceitos/artigos.
Brasil: Lema de 2009 – “Participação Virtual, Cidadania Real” : Portal E-democracia da Câmara
dos Deputados: debater projetos de lei já existentes ou motivar novos;Programa e Portal E-
Cidadania – Ato da Mesa nº 3/2011 Senado Federal : para possibilitar maior participação dos
cidadãos nas atividades legislativas, orçamentárias, de fiscalização e de representação da Casa.
CLASSIFICAÇÕES DA CONSTITUIÇÃO
Cesarista: Constituição que não é outorgada nem democrática pois a participação popular visa
APENAS ratificar a vontade já expressa pelo detentor do poder – Exs: Plebiscitos napoleônicos
e o do ditador Pinochet no Chile. Pode se fazer uma “consulta” por plebiscito ou uma
ratificação por referendo – Autocracia (regime do chefe) = sem liberdade para rejeição das
propostas.
Pactuada (Dualista): Constituição nascida por meio de um “pacto” no qual o Poder Constituinte
Originário está nas mãos de mais de um titular. Na prática, o pacto é instável e o equilíbrio
frágil pois uma das forças políticas se acha em posição superior a da outra – imposição
unilateral camuflada – Exs: Magna Carta de 1215 (Barões ingleses X Rei João Sem Terra) e
Constituição Francesa de 1791 (Burguesia X Rei Luís XVI).
Quanto à forma: Podem ser Constituições escritas (instrumentais) ou costumeiras (não escritas
ou consuetudinárias).
OBS: Atualmente, NÃO existem Constituições totalmente costumeiras como a da França antes
da Revolução de 1789 (ancien régime) de uma complexa massa de costumes, usos e decisões
judiciárias.
Analítica: Constituição que aborda todos os assuntos que os representantes do povo reunidos
em Assembleia Nacional Constituinte entenderem fundamentais ou necessários, detalhando
regras que deveriam estar em leis infraconstitucionais. Ex: CF/88 no Brasil.
Causas das Constituições Analíticas segundo Paulo Bonavides: Dar proteção eficaz a institutos
positivados; dar rigidez constitucional como resguardo a exercícios legislativos arbitrários;
conferir estabilidade ao legislado sobre certas matérias; atribuir ao Estado os encargos
indispensáveis à manutenção da paz social mediante sua Lei Suprema.
Quanto ao conteúdo: Podem ser Constituições materiais ou formais.
Formal: Constituição formalmente constitucional é aquela que contém normas que são
constitucionais pelo critério do processo de sua formação – diverso e mais dificultoso que o
das normas infraconstitucionais – e não seu conteúdo. O resultado: o que estiver na
Constituição é constitucional. Ex: CF/88 no Brasil*.
Rígida: Constituição que exige um processo legislativo de alteração mais árduo, solene e
dificultoso do que o das normas não constitucionais. Ex: Todas as Constituições brasileiras são
rígidas à exceção da de 1824 (Imperial – semirrígida).
Transitoriamente flexível (Uadi Lamego Bulos): Constituição que num determinado período
pode ser reformada pelo mesmo rito de leis comuns e depois disto se torna rígida. Exs:
Constituição de Baden de 1947 e Carta Irlandesa de 1937, ambas flexíveis nos primeiros três
anos de vigência.
Super-rígida: Constituição que além de ser rígida (processo legislativo de alteração mais
dificultoso que o de outras leis), excepcionalmente, tem normas imutáveis. Ex. CF/88 no Brasil
com normas rígidas e imutáveis (cláusulas pétreas – Art. 60, §4º*).
*STF admite a alteração destas cláusulas pétreas mas não sua abolição. Ex: Reconhec. da
constitucionalidade da EC n° 41/03 - Reforma da Previdência – que admitiu a taxação dos
inativos (Art. 40 da CF) que diminuiu/restringiu direitos e garantias individuais (cláusulas
pétreas) - ADI 3.104, rel. min. Cármen Lúcia, j. 26-9-2007, P, DJ de 9-11-2007.
*Caminhamos timidademente para uma CF/88 esparsa em vários textos (Art. 5º, §3º -
constitucionalização de convenções e tratados intern. de direitos humanos) MAS os concursos
ainda classificam a CF/88 como reduzida ou codificada nesta tipologia!
Ortodoxa: Constituição formada por UMA só ideologia. Ex: Constituição soviética de 1977 (já
extinta) e as diversas Constituiç ões da China marxista.
Eclética: Constituição formada por ideologias conciliatórias. Ex: CF/88 no Brasil e Constituição
da Índia de 1949.
Quanto ao sistema
Quanto à função