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ESCOLA POLITÉCNICA
DEPARTAMENTO DE HIDRÁULICA E SANEAMENTO
Salvador
2002
2
A
Nossas esposas e filhos, pelo apoio e compreensão nas horas de trabalho e estudo, em que
não pudemos partilhar de suas companhias.
3
AGRADECIMENTOS
A todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram para que esta monografia se tornasse uma
realidade.
Nosso muito obrigado por nos possibilitarem ter esta experiência enriquecedora e aberto nossas
mentes para a busca de soluções aparentemente inatingíveis.
4
"Esquecendo os erros do passado construímos nosso novo
mundo. Talvez nos falte poesia...Talvez nos falte amor.
Mas com certeza podemos dar um pouco mais, pois com
certeza o amor que não damos é o mesmo que não
recebemos. E talvez, mirando-nos em exemplos de
coragem, trabalhando pela paz e compreensão entre os
homens, possamos um dia erguer os olhos novamente".
(Charles Chaplin)
5
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 08
4. METODOLOGIA .................................................................................................... 09
6
6.3 – MÉTODOS TERMO-QUÍMICOS .............................................................. 25
6.3.1 – EXTRAÇÃO COM CO2 SUPERCRÍTICO ................................... 25
6.3.1.1 – FUNDAMENTOS .............................................................. 25
6.3.1.2 - REMOÇÃO DE HIDROCARBONETOS DE
CASCALHOS ..................................................................... 27
6.3.1.3 - RESULTADOS EXPERIMENTAIS .................................. 28
6.3.2 – DESORÇÃO TÉRMICA INDIRETA ............................................ 29
6.3.2.1 – FUNDAMENTOS .............................................................. 30
6.3.3 – INCINERAÇÃO ............................................................................. 31
7. RESULTADOS OBTIDOS 32
8. CONCLUSÕES ........................................................................................................ 35
9. RECOMENDAÇÕES .............................................................................................. 36
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1. INTRODUÇÃO
2. HISTÓRICO
8
quadro geopolítico e econômico se delineou e a indústria do petróleo não ficou à margem do
processo. Ainda nos anos 50, os Estados Unidos continuavam detendo metade da produção
mundial, mas já começava a afirmação de um novo pólo produtor potencialmente mais pujante
no hemisfério oriental. Essa década marcou, também, uma intensa atividade exploratória, e
começaram a se intensificar as incursões no mar, com o surgimento de novas técnicas
exploratórias.
Assim, ao longo do tempo, o petróleo foi se impondo como fonte de energia. Hoje, com o
advento da petroquímica, além de grande utilização dos seus derivados, centenas de novos
compostos são produzidos, muitos deles diariamente utilizados, como plásticos, borrachas
sintéticas, tintas, corantes, adesivos, solventes, detergentes, explosivos, produtos farmacêuticos,
cosméticos, etc. Com isso, o petróleo, além de produzir combustível, passou a ser imprescindível
às facilidades e comodidades da vida moderna (Thomas, 2001).
A história do petróleo no Brasil começou em 1858, quando o Marquês de Olinda assinou
o Decreto no 2.266 concedendo a José Barros Pimentel o direito de extrair mineral betuminoso
para fabricação de querosene, em terrenos situados às margens do Rio Maraú, na então província
da Bahia. O primeiro poço brasileiro com o objetivo de encontrar petróleo, porém, foi perfurado
somente em 1897, por Eugênio Ferreira Camargo, no município de Bofete, no estado de São
Paulo. Este poço atingiu a profundidade final de 488 metros e, segundo relatos da época,
produziu 0,5 m3 de óleo.
Desde sua criação a Petrobras já descobriu petróleo nos estados do Amazonas, Pará,
Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro,
Paraná, São Paulo e Santa Catarina. Cada década na Empresa tem sido marcada por fatos de
grande relevância na exploração de petróleo no país. Na década de 50 foram as descobertas dos
campos de petróleo de Tabuleiro dos Martins, em Alagoas, e Taquipe, na Babia. Na década de
60 foram os campos de Carmópolis, em Sergipe, e Miranga, na Bahia. Ainda em Sergipe, um
marco notável dessa década foi a primeira descoberta no mar, o campo de Guaricema.
A produção de petróleo no Brasil cresceu de 750 m3/dia na época da criação da Petrobrás,
em 1953, para mais de 182.000 m3/dia no final dos anos 90, graças aos contínuos avanços
tecnológicos de perfuração e produção (Thomas, 2001).
3. OBJETIVOS
Este trabalho tem por finalidade identificar, descrever e avaliar as principais técnicas
usadas para efetuar a disposição final dos resíduos sólidos provenientes da perfuração terrestre
de poços de petróleo. São analisadas as vantagens e desvantagens dessas técnicas, em função de
diversos fatores que têm influência direta nestas aplicações, de forma a priorizar os métodos
mais eficazes para mitigar os impactos causados pelos fluidos e resíduos da perfuração de poços
de petróleo ao meio ambiente e à saúde pública.
4. METODOLOGIA
9
Como resultado, estabeleceu-se uma priorização no uso das técnicas, de modo a elencar
as aplicações mais vantajosas, do ponto de vista técnico e ambiental, que estão sendo
desenvolvidas no Brasil e em outros países.
5.1 – GENERALIDADES
O manuseio e disposição final dos resíduos de forma efetiva e responsável são a chave de
um Sistema de Gerenciamento de Risco Ambiental na perfuração de poços de petróleo. É
consenso, a nível internacional, que o potencial dos resíduos provenientes das atividades
industriais de causar danos à saúde e ao meio ambiente por pode ser minimizado quando um
gerenciamento adequado é utilizado. O eficiente gerenciamento dos resíduos pode reduzir ainda
os custos operacionais e potenciais responsabilidades futuras. O potencial de sensibilidade
ecológica do local onde as operações de perfuração estiverem ocorrendo é a chave para o sistema
de gerenciamento de resíduos a ser adotado. É necessária a obtenção de informações geológicas,
hidrológicas, climáticas e da biota local.
Os impactos ambientais que podem advir da atividade de perfuração de um poço de
petróleo podem ser resumidos em: danos à fauna e flora devido à remoção da vegetação no local
onde será perfurado o poço; erosão provocada pela destruição da vegetação; agressões ao meio
ambiente causadas pelos resíduos dos fluidos de perfuração, fragmentos das rochas (cascalhos)
perfuradas dispostos em diques de perfuração e/ou percolação de contaminantes para lençóis
freáticos; e contaminação dos lençóis freáticos e aqüíferos subterrâneos, causada por perdas dos
fluidos de perfuração para as formações geológicas durante a perfuração.
O local exato para a construção da base onde será instalada a sonda de perfuração deve
ser definido de forma a minimizar os danos ambientais e atender a condições técnicas de modo
que seja possível atingir, a partir da superfície, a provável jazida.
10
A remoção da camada vegetal é necessária para a instalação do conjunto de equipamentos
que permitirão os trabalhos de sondagem. A área a ser utilizada atinge um máximo de 8.000
metros quadrados para sondas de grande porte. Esta remoção deve ser realizada de forma
metódica para não causar danos significativos ao ecossistema e com possibilidades de recompor
a área após os trabalhos de perfuração. Esta recomposição irá evitar futuras erosões em razão de
desagregação do solo por arraste de sedimentos.
a) Fluidos à base de água: a água é a fase contínua, podendo ser doce ou salgada. A principal
função da água é prover o meio de dispersão para os materiais coloidais. Estes, principalmente as
argilas e polímeros, controlam a viscosidade, entre outros.
b) Fluidos à base de óleo: a fase contínua é o óleo, que pode conter até 45 % de água (emulsão
inversa, na qual as gotas de água ficam encapsuladas pelo óleo, tendo uma maior dificuldade de
interagir com as rochas ativas). As principais características dos fluidos à base de óleo, e que
lhes confere vantagens sobre os fluidos à base de água, são: grau de inibição elevado em relação
às rochas ativas; baixíssima taxa de corrosão; propriedades controláveis acima de 175o C; grau
de lubricidade elevado; amplo intervalo de variação de densidade (de 0,89 a 2,4 g/l); baixíssima
solubilidade de sais inorgânicos.
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Tabela 1 – Aditivos de fluidos de perfuração
ADITIVOS FUNÇÃO
Argila ativada e polímeros Viscosificantes e gelificantes
Lignossulfonatos, lignitos, poliacrilatos e tanatos Dispersantes e afinantes
Amidos e polímeros Controladores de filtrado
Hidróxido de sódio e hidróxido de potássio Alcalinizantes
Sulfato de bário e hematita Adensantes
Detergente Detergente
Lubrificantes Lubrificantes
Poliacrilamida Inibidor de hidratação de argilas
Bactericidas Bactericidas
Antiespumantes Antiespumantes
Materiais granulares e laminares (mica, raspa de Obturantes, controladores de perda de
coco, casca de noz) circulação
Cloreto de sódio e cloreto de potássio Inibidores de hidratação de argilas
5.6.1 – CASCALHOS
13
Tabela 2 - Análise química de resíduos sólidos de perfuração (Lemos, 1997)
* NBR 10.004 – Norma Brasileira que classifica os resíduos sólidos quanto aos seus riscos
potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, para que esses resíduos possam
ter manuseio e destinação adequados, com exceção dos resíduos radioativos que
são de competência exclusiva da Comissão Nacional de Energia Nuclear.
Sais solúveis, como cloreto de sódio e cloreto de potássio, fazem parte da composição
básica dos fluidos de perfuração de poços de petróleo. E a disposição desses sais no solo,
dissolvidos nos resíduos da perfuração, pode trazer conseqüências graves ao meio ambiente.
A concentração excessiva de sal solúvel no solo aumenta o potencial osmótico, que é a
causa principal do dano e morte das plantas. O potencial osmótico é a força com que os
constituintes dissolvidos tentam reter as moléculas de água, ou seja, o sal no solo compete com
as plantas pelas moléculas de água. Excesso de sal no solo faz com que as plantas tenham,
prematuramente, stress por secura, mesmo que quantidades substanciais de água estejam
disponíveis (Garcia e Vaqueiro, 2001). Além disso, a lixiviação desse sal (por exemplo, pela
chuva) pode vir a transportá-lo até lençóis de água doce subterrâneos, alterando a qualidade
dessas águas.
5.6.4 – HIDROCARBONETOS
15
Várias técnicas podem ser empregadas a depender da região em que foi perfurado o poço
(proximidade de rios, lagos, locais com lençol freático aflorante ou de pequena profundidade,
solo argiloso ou arenoso), da Legislação local, da viabilidade técnico-econômica do método de
disposição a ser empregado e da disponibilidade de recursos e materiais necessários à disposição
final.
Várias técnicas de disposição dos rejeitos (cascalhos) são empregadas pelas empresas que
operam com perfuração de poços de petróleo, visando minimizar o impacto gerado pelos
mesmos ao meio ambiente e à saúde pública. Estas técnicas podem ser divididas em três grupos
de métodos, a saber: físicos, químicos e bio-químicos e termo-químicos. A seguir, será feita uma
descrição das principais técnicas dentro de cada método.
Nestes métodos, os cascalhos são dispostos sem haver a influência de processos químicos
ou térmicos. Somente são levados em conta a técnica e o local onde serão dispostos. Em uma das
técnicas a ser apresentada, é avaliada a condição de se reduzir a quantidade de resíduos gerados
no ato da perfuração dos poços, tal como a perfuração de poços delgados.
Injeção em poços é uma tecnologia desenvolvida pela indústria do petróleo para descarte
de resíduos líquidos e sólidos, tratados ou não, em formações geológicas situadas abaixo dos
aqüíferos de água potável, de tal maneira que os líquidos e sólidos injetados não entram em
contato com estes mananciais ou recursos minerais, seja por meios naturais ou por processos
induzidos pela injeção. Normalmente são utilizadas formações rochosas permeáveis com
centenas de metros de profundidade em bacias geológicas confinadas por camadas impermeáveis
e não fraturáveis.
A escolha das formações que irão armazenar estes cascalhos é um cuidado a ser tomado,
pois a geometria e dimensão das fraturas são a chave para minimizar riscos ambientais
associados com estas operações. Tais formações deverão possuir boa permeabilidade e
porosidade e possuir uma pressão de formação baixa para suportar o volume a ser injetado. Por
isso é um método com aplicação limitada. Em alguns locais como Texas e Louisiana, a
legislação faz exigências rígidas quanto à profundidade do revestimento final do poço, limitações
das formações a serem fraturadas e distância desses poços a formações de aqüíferos de água
doce.
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Figura 4 – Injeção contínua (Thomas, 2001)
Nas injeções periódicas (Figura 5) volumes iguais são injetados (baseados nas
propriedades da Formação) sendo o poço fechado após cada injeção, permitindo o fechamento da
fratura. Neste caso os sólidos permanecem dentro da fratura e o fluido dispersa-se pelas camadas
permeáveis de Formações adjacentes. Injeções periódicas podem limitar o crescimento da fratura
e facilitar a criação de múltiplas fraturas com diferentes orientações em pequenas regiões ao
redor do poço.
Um volume bem maior de cascalhos pode ser depositado em uma formação por injeções
periódicas do que através de uma simples fratura (injeção contínua) de mesmo raio (Moschovidis
et al, 1998).
18
6.1.2.2 - TIPOS DE FORMAÇÕES PARA INJEÇÃO
Os cascalhos podem ser injetados em vários tipos de Formação, mas dois tipos são usados
preferencialmente: folhelhos com cobertura de arenito ou arenitos inconsolidados limitados por
formações de folhelhos.
Os arenitos são normalmente bem porosos e têm pouca coesão entre suas partículas.
Nesses casos, o processo de injeção pode resultar em uma fratura distinta ou em uma área de
mistura de areia desagregada e cascalhos. Esse tipo de formação favorece a injeção contínua.
Já no caso dos folhelhos, a tendência é de formação de fraturas de menor comprimento,
às vezes com bifurcações. Aqui, o uso das injeções periódicas tem maior eficiência. Segundo
Moschovidis et al (1998), experiências com injeções periódicas realizadas em folhelhos da
Formação Atoka, nos Estados Unidos, revelaram fraturas com uma propagação de até 50 metros.
É muito importante fazer-se uma previsão de geometria da fratura, com certo grau de
precisão, para se garantir que possa haver uma disposição de resíduos dentro de limites seguros
com relação a aqüíferos, falhas e outros poços que possam haver na área. Um software que faça
uma simulação tridimensional de fratura hidráulica é necessário para uma previsão confiável da
geometria da fratura. O TERRA FRAC é um software capaz de simular uma fratura hidráulica
3D baseado na elasticidade tridimensional e fluxo de fluido bidimensional entre superfícies
fraturadas, elaborado por Clifton e Sayed (1979).
Segundo Moschovidis et al (1998) a modelagem matemática de fraturas, através de
programas de computador, é um tanto quanto incerta porque repetidas injeções podem criar um
complexo sistema de fraturas que não pode ser previsto por simulações de fraturas hidráulicas.
6.1.2.5 - MONITORAMENTO
19
Taquipe, no intervalo de 887,5 a 897,5 metros, que atendia aos condicionantes técnicos e de
meio ambiente descritos anteriormente. A operação foi desenvolvida de forma eficiente com
vazão de bombeio de 95,4 m3/h e pressão de 1200 psi. O volume injetado no poço foi bombeado
em 54 etapas, a intervalos de 6 horas, não tendo sido feitas injeções à noite, por motivos de
segurança. Foram necessários 40 dias para a conclusão da injeção, já computados os tempos para
manutenção corretiva dos equipamentos de bombeio.
Apesar da parte sólida dos resíduos ter granulometria menor que a dos cascalhos
triturados, os resultados obtidos confirmam o sucesso da técnica, com um custo total de US$
5.30/m3. No caso de injeção com sólidos maiores, em função da necessidade de unidades de
bombeio mais robustas, este custo passaria para cerca de US$ 10.00/m3 de resíduo injetado no
poço.
Figura 6 – Comparação entre poço convencional e poço delgado (Ferrari et al, 2000)
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Segundo Calderoni et al (1999), a técnica da perfuração de poços delgados foi testada
com sucesso no Campo de Monte Enoc, na área de Val d’Agri, Itália, em 1999, pela empresa
Agip, com uma redução de 50% no volume de cascalhos e 40% na redução total do tempo de
perfuração. Nessa operação, para manter uma rígida verticalidade do poço, foi usada uma
ferramenta denominada Straight-hole Drilling Device (SDD).
Técnica de disposição dos rejeitos sólidos na qual utiliza-se solo sem contaminação,
misturado aos resíduos sólidos contaminados, para reduzir a concentração desses contaminantes
a níveis aceitáveis. Essa mistura é então enterrada em trincheiras tendo pelo menos 1,5 metros de
solo não contaminado cobrindo-a. A diluição e a alteração química são os processos utilizados
para redução dos níveis agressivos dos contaminantes. No entanto, a biodegradação é reduzida,
devido à criação de um ambiente com grande deficiência de oxigênio, elemento fundamental à
atividade das bactérias aeróbicas. Por isso essa técnica não deve ser aplicada a cargas de
hidrocarbonetos no resíduo maiores que 3% em peso, antes do enterro.
Para essa técnica os limites para carga de sal são menos estritos e a área necessária para
tratamento menor. Tem grande aplicação para terras agriculturáveis, uma vez que as raízes não
penetrarão as áreas remediadas, pois, como foi mencionado anteriormente,haverá uma camada
de solo de 1,5 metros de solo não contaminado na superfície. A profundidade do lençol freático
para a aplicação dessa tecnologia é crítica e deve ser pelo menos 6 metros abaixo da superfície
do solo. O fundo da trincheira deve estar 1,5 metros acima da água subterrânea e o topo da
mistura do resíduo pelo menos 1,5 metros abaixo da superfície do solo. Nestes termos a
trincheira deve ser cavada com uma espessura mínima de cerca de 3 metros.
Segundo Garcia e Vaqueiro (2001), após um estudo efetuado do uso desta técnica nos
cascalhos gerados na perfuração de um poço de petróleo na Bahia, ficou constatado que o aterro
com diluição aplica-se de forma eficaz, desde que o solo receptor não tenha umidade superior a
50%. Neste estudo, o volume de cascalho contaminado gerado foi de 63 m3.
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Tabela 3 – Resultados da aplicação da técnica de aterro com diluição (Garcia e Vaqueiro, 2001)
*GLC – limites para os constituintes do solo (Guidelines for Limiting Constituints) editado no
Estado de Louisiana, Estados Unidos, e utilizados como referência.
Observa-se na Tabela 3 que o volume de solo sem contaminação a ser misturado ao solo
contaminado (63 m3) para se atingir valores abaixo do limite estipulado pelo GLC é maior para o
caso de diluição de pH (40 m3). Portanto, este volume é o limitante do processo e é a quantidade
mínima de solo não contaminado que deverá ser usada. Porém, a quantidade de solo deslocada
do dique durante sua construção (cerca de 1000 m3 para um poço com 1000 metros de
profundidade) é bem maior. Se todo este solo não contaminado inicialmente retirado do dique for
usado na diluição do cascalho contaminado, o teor de contaminantes cairá ainda mais após a
mistura, favorecendo os bons resultados desta técnica.
Nas duas técnicas aqui analisadas, os cascalhos são tratados de forma a reduzir o grau de
poluição dos contaminantes neles impregnados. Em uma das técnicas utilizam-se elementos
químicos em condições especiais de temperatura e pressão e na outra a ação de bactérias é a
principal componente de redução dos contaminantes.
6.2.1.1 - FUNDAMENTOS
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Figura 8 - Diagrama esquemático de processo de micro-encapsulação (Quintero et al, 2000)
TESTE PILOTO
TESTE DE CAMPO
TESTE DE LIXIVIAÇÃO
Figura 9 – Óleo lixiviado de cascalhos com micro encapsulamento com sílica (Quintero et al,
2000)
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6.2.2.1 – FUNDAMENTOS
Quanto mais pesado for o derivado, isto é, quanto menores frações voláteis possuir, mais
eficaz será o processo de biodegradação. Derivados leves e portanto mais voláteis como a
gasolina, tendem a evaporar durante a etapa de aeração, que é feita por intermédio da aragem dos
resíduos e solo. Isto pode levar à necessidade de controlar a emissão de compostos orgânicos
voláteis durante o processo através de dispositivos adicionais.
A eficiência da Fazenda de Lodos depende ainda de outros fatores (OUST, 1995), tais
como:
- Características do solo: a permeabilidade, o teor de umidade, o peso específico e o grau de
compactação devem ser observados na escolha do terreno. Solos argilosos devem ser
evitados por serem de difícil aeração e por reterem água;
- Natureza do poluente: derivados leves como a gasolina, nos quais o mecanismo de
volatilização prevalece sobre o de biodegradação, podem encarecer o processo pela
necessidade de adoção de dispositivos de controle da emissão de compostos orgânicos
voláteis durante a aplicação da técnica;
- Condições climáticas: sendo as instalações típicas descobertas, ficam expostas à chuva,
ventos e variação de temperatura, tornando o controle da umidade um fator extremamente
importante para manter a integridade física e biológica do processo;
- Lixiviação do solo: as chuvas podem ainda causar a lixiviação de contaminantes até os
aqüíferos.
Nesses métodos são empregadas técnicas onde os cascalhos são aquecidos para a
extração dos contaminantes. Após aquecidos, os contaminantes são capturados e tratados e os
cascalhos podem, então, ser reciclados, por exemplo, na pavimentação de estradas (Saintpere e
Morillon, 2000).
6.3.1.1 – FUNDAMENTOS
Fluido supercrítico é qualquer fluido que esteja a uma temperatura acima da sua
temperatura crítica e da sua pressão crítica. A Figura 10 mostra o diagrama de fases Pressão
25
versus Temperatura para o CO2, que pode ser utilizado para exemplificar o comportamento
qualitativo de um fluido qualquer. Na zona supercrítica, as propriedades físico-químicas de um
fluido assumem valores intermediários relativos aos estados líquido e gasoso. Isto proporciona
aos solventes supercríticos características tais como a capacidade de solubilização e densidade
próximas à de um líquido e as de transporte como alta difusividade e baixa viscosidade
semelhantes às de um gás. A extração supercrítica consiste em comprimir e aquecer o agente
extratante até o estado supercrítico, no qual este consegue solubilizar rapidamente uma
substância ou família de substâncias presentes numa mistura. O material solubilizado é levado a
um setor de separação, onde por redução de pressão e/ou de temperatura, reduz-se o poder de
solubilização do fluido supercrítico, o que permite a fácil separação soluto / solvente.
26
Figura 11 - Alguns solventes e suas propriedades críticas (Saintpere e Morillon, 2000)
27
6.3.1.3 - RESULTADOS EXPERIMENTAIS
Vários testes de laboratório têm sido executados para uma análise mais detalhada da
técnica do CO2SC. Segundo Saintpere e Morillon (2000), a empresa Total Drilling, desde 1995,
vem executando testes em seu laboratório na Grã Bretanha com CO2SC, com as seguintes
características:
O processo demonstrou tanta eficiência que foi difícil medir o teor de óleo residual
(TOR) após o tratamento, uma vez que este valor ficou abaixo de 1%. A avaliação do teor de
óleo foi executada por diferentes métodos analíticos, ou seja, o teor de óleo inicial (TOI) medido
pelo método da retorta (destilação) e o teor de óleo final (TOR) pelo método de detecção por
chama ionizada. As condições de extração foram variadas pelo processamento de cascalhos
impregnados com diferentes fluidos de perfuração, porém os resultados com relação à taxa de
remoção mantiveram-se inalterados. As condições de extração, ou seja, 100 bar e 35ºC são
suficientes para assegurar uma remoção eficaz em praticamente todos os tipos de fluidos de
perfuração à base de óleo. Estes fatos podem ser observados na Figura 13, onde o efeito do
aumento da temperatura acima de 35º C ou o incremento da pressão além de 105 bar não
aumenta significativamente a eficiência do processo.
Figura 13 – Teor de óleo residual (TOR) na remoção por CO2SC (Saintpere e Morillon, 2000)
Outra conclusão importante a que se pode chegar e está ilustrada na Figura 14, refere-se à
relação entre as massas de CO2 e de cascalhos que devem ser utilizadas durante a remoção dos
contaminantes. A relação ideal gira em torno de 1 (massa de CO2 / massa de cascalhos = 1),
sendo que o incremento desta relação não aumenta a eficiência do processo.
28
0,6
0,5
0,4
TOR (%) 0,3
0,2
0,1
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 1,8
RAZÃO MASSA CO2 / CASCALHOS
Figura 14 - Teor de óleo residual versus massa CO2 / massa de cascalhos (Saintpere e Morillon,
2000)
A presença de água nos cascalhos também deve ser limitada à faixa de 15 a 20%. A partir
daí a eficiência do processo diminui, aumentando o teor de óleo residual nos cascalhos,
conforme exposto na Figura 15.
2,5
2
TOR (%)
1,5
0,5
0
0 5 10 15 20 25 30
ÁGUA NOS CASCALHOS (%)
Figura 15 - Influência da água dos cascalhos na eficiência de extração por CO2SC (Saintpere e
Morillon, 2000)
29
- Incertezas sobre o resultado de lixiviação, com o decorrer dos anos, sofrida por material
contaminado encapsulado com complexos argilo-minerais.
6.3.2.1 – FUNDAMENTOS
Segundo Wood e Rojas (2000), a empresa Britsh Petroleum vem operando na Colômbia
com este processo (Figura 17), exclusivamente para lama à base de óleo, obtendo uma redução
média por poço perfurado de US$ 2,000,000.00. Isto se deve ao fato de que a lama à base de óleo
permite perfurar o poço com melhor estabilidade das formações (praticamente sem inchamento
das argilas), em menor tempo e com um custo de tratamento do fluido de perfuração bem menor.
Além disso, o óleo diesel, recuperado no processo de desorção térmica indireta, pode ser
reutilizado.
30
Figura 17 – Exemplo de estação de desorção térmica no campo
A unidade de desorção térmica colombiana processa 7.600 a 8.000 ton por mês de
cascalhos impregnados com 25 a 30% de óleo e 20 a 25% de água (em volume) sem usar pré-
diluição no tratamento. Não se utiliza água adicional no processo, pois a que é extraída dos
cascalhos é reutilizada em circuito fechado na refrigeração e remoção de particulados na
descarga. Os cascalhos processados apresentam um teor de hidrocarbonetos residual (TOR)
abaixo de 10 ppm, podendo atingir teor menor que 5% a depender da temperatura e do tempo de
permanência na câmara de aquecimento. A legislação local exige que o teor de óleo residual seja
menor que 300 ppm e que o óleo recuperado tenha menos de 2% de teor de sólidos.
Para cada tonelada de cascalhos processados na Colômbia, o sistema recupera
aproximadamente 0,6 barril de óleo diesel, cotado localmente a US$ 42.00 por barril. Para uma
média de processamento por volta de 260 ton/dia, o operador tem um retorno de US$ 6,552.00
diários.
Os custos e benefícios para este tipo de técnica vão depender das condições de operação e
de logística locais.
6.3.3 - INCINERAÇÃO
31
7. RESULTADOS OBTIDOS
VANTAGENS :
DESVANTAGENS
VANTAGENS
DESVANTAGENS
a) Necessidade de análise prévia das formações a serem usadas como reservatório dos
rejeitos quanto à sua capacidade de receber os materiais e quanto a seu isolamento de
aqüíferos;
b) Disponibilidade de poços para efetuar a injeção;
c) Necessidade de preparo prévio dos rejeitos sólidos (redução do tamanho dos grãos);
d) Necessidade de transporte dos rejeitos até o local de injeção;
e) Disponibilidade de unidade de bombeio para efetuar a injeção;
f) Necessidade de monitoramento da injeção e do comportamento do poço após a injeção
quanto a possíveis canalizações das fraturas para formações permeáveis;
g) Restrições impostas pela legislação local.
VANTAGENS
32
b) Redução da área do dique;
c) Redução na geração de resíduos líquidos;
d) Redução no custo com revestimentos em função dos menores diâmetros.
DESVANTAGENS
VANTAGENS
DESVANTAGENS
VANTAGENS
DESVANTAGENS
VANTAGENS
33
b) Efetivo para constituintes orgânicos com baixas taxas de biodegradação;
c) Baixo custo operacional: média de US$ 45.00/m3 de material a ser tratado;
d) Tempo de tratamento biológico curto: de 6 meses a 2 anos, sob condições controladas.
DESVANTAGENS
VANTAGENS
a) A extração é eficiente para diversos fluidos à base de óleo associados a vários tipos de
cascalhos;
b) Com a adição de co-surfactantes as propriedades do CO2SC podem ser estendidas a
compostos formados por moléculas polares (sais);
c) As condições de utilização, 35º C e 100 bar (cerca de 1450 psi de pressão), são
alcançadas sem maiores problemas;
d) Não há alteração na composição do óleo recuperado, assim como na dos ésteres
utilizados em fluidos de perfuração sintéticos, permitindo reutilização sem tratamento
adicional;
e) Relação entre a massa CO2 circulante e a massa de cascalhos a serem tratados é igual a 1
(relação 1 : 1);
f) Reutilização do CO2 no processo, sem emissão de poluentes para a atmosfera (sistema
fechado);
g) Possibilidade de reuso dos cascalhos na indústria da construção civil (tijolos e pré-
moldados);
h) Baixo custo operacional: US$ 24.00/m3;
i) Pequena área para implantação da unidade (cerca de 100 m2).
DESVANTAGENS
34
7.8 - DESORÇÃO TÉRMICA INDIRETA
VANTAGENS
DESVANTAGENS
8. CONCLUSÕES
Na tomada de decisão sobre qual técnica de disposição final dos resíduos da perfuração
terrestres de poços de petróleo será empregada, necessariamente deverá haver uma conjugação
dos fatores econômico e técnico.
Nem sempre a melhor técnica do ponto de vista ambiental será a ideal se os custos
envolvidos no projeto, instalação e operação forem inviáveis. Analogamente, o melhor projeto,
do ponto de vista econômico, poderá não atender as exigências ambientais. E vários fatores têm
influência nesta decisão, tais como: capacidade de investimentos, situação geográfica do local de
implantação do projeto, condições meteorológicas locais, legislação ambiental aplicável na
região, comunidades próximas, etc.
Das técnicas analisadas neste trabalho, o Aterro com Diluição é o que melhores
condições apresenta para atendimento das imposições técnicas e ambientais, de um modo geral.
É de fácil aplicação, no próprio local da geração, mantendo as propriedades do solo dentro dos
limites legais atuais. Sua principal restrição está na profundidade do lençol freático no local de
sua implantação, como visto anteriormente.
A técnica mais segura e completa, do ponto de vista ambiental, é a do CO2 Supercrítico.
Apesar de só haverem estudos a nível de laboratório para sua aplicação com cascalhos, os
resultados mostraram-se altamente positivos, inertizando por completo os cascalhos e
possibilitando a segregação dos contaminantes. Com isso, a disposição final, reciclagem e reuso
das partes é perfeitamente aplicável e de forma definitiva. Entretanto, carece ainda de
aprofundamento dos estudos com relação aos resultados em escala industrial, principalmente
com relação aos custos de implantação e operação.
A técnica de Injeção de Cascalhos em Poços por Fraturas também resolve por definitivo o
problema da disposição final dos resíduos, uma vez que os mesmos são confinados em
reservatórios pré-selecionados e que devem possuir o adequado isolamento. A logística de
transporte do local de geração até o local de tratamento e depois até o poço de injeção e a
preparação desses resíduos, além das severas restrições ambientais, é que podem inviabilizar seu
uso.
A técnica de Impermeabilização de Diques, apesar de seu baixo custo de implantação e
operação, é caracterizada por ser um processo no qual os rejeitos são dispostos sem nenhum
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tratamento e seu uso deve ser limitado aos casos em que outras técnicas sejam inviáveis em
função da possibilidade de contaminação do solo, caso a manta de polietileno expandido venha a
sofrer alguma avaria. Cria-se a necessidade de monitoramento constante do solo próximo ao
dique e corre-se o risco de haver necessidade de intervenções futuras no mesmo, caso haja
alteração no nível de restrições em futuras leis ambientais.
A técnica do Micro Encapsulamento, em princípio, inertiza os cascalhos contaminados,
possibilitando seu reuso, por exemplo, em bases de estradas. Porém, devido ao seu alto custo
operacional e por ser uma técnica relativamente recente, na qual ainda não se tem idéia do
comportamento dos contaminantes encapsulados a médio e longo prazo, testes mais
aprofundados e prolongados devem ser executados para confirmar sua efetividade.
O ponto forte da técnica de Perfuração de Poços Delgados é a redução da geração de
resíduos na fonte. Suas restrições, como visto anteriormente, são de ordem técnica e econômica,
devido ao rígido controle operacional do poço. Além disso, por si só, ela não resolve o problema
dos resíduos gerados, ainda que em menor quantidade. Portanto, seu uso deverá ser associado a
uma das outras técnicas descritas neste trabalho.
A técnica da Desorção Térmica Indireta emprega um processo que não opera em sistema
fechado, ou seja, há a emissão de poluentes para a atmosfera, provenientes do combustível
utilizado para o aquecimento indireto dos rejeitos, na primeira fase do processo. A remoção de
óleo é eficiente, entretanto outros contaminantes, como metais e sais, ainda permanecerão nos
cascalhos, exigindo ainda cuidados especiais na disposição desses rejeitos. A conjugação com
uma das técnicas dos métodos físicos ou reutilização na indústria cimenteira seriam soluções
complementares possíveis.
A técnica da Fazenda de Lodos, para ser aplicada aos rejeitos da perfuração de poços de
petróleo, requer cuidados especiais quanto ao monitoramento da área utilizada. Os resíduos,
como já visto anteriormente, possuem outros contaminantes além do óleo (sais e metais), que
podem, por lixiviação, vir a contaminar o solo. Em locais com alto índice pluviométrico, o
problema se agrava, com a possibilidade de contaminação do lençol freático. Dois outros pontos
a serem analisados são o tempo necessário à biodegradação do óleo e a extensão de terreno
necessário à disposição dos cascalhos, que variarão em função da quantidade de rejeitos
aplicados sobre o solo.
9. RECOMENDAÇÕES
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10. BIBLIOGRAFIA
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