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Curso hipnose

Ericksoniana
Instrutor: Rogério da silva santos
Anexo 01 / Apostila 01

HIPÓTESES E TEORIAS ACERCA DO FUNCIONAMENTO DA


HIPNOSE

Afinal de contas, o que é a Hipnose? Diversas teorias surgiram


para tentar explicar esse estranho estado.
A hipnose é um construto complexo e na atualidade não existe
uma teoria predominante sobre a mesma ou que seja
consensualmente aceita, mas sim um contínuo de pontos de
vista teóricos; e se entende a razão... Estamos tentando
definir um fenômeno do cérebro, este órgão sobre o qual
conhecemos tão pouco e do qual utilizamos somente uma
parte mínima. As provas apresentadas a favor de cada uma
dessas filiações, desde os experimentos laboratoriais ao
conteúdo de verbalizações, fantasias, sonhos e
manifestações do comportamento, são em número deveras
impressionante.

O CÉREBRO DO HIPNOTIZADO

Com o avanço tecnológico, a hipnose vem sendo estudada


por meio de exames como eletroencefalografia digital (EEG-
D), mapeamento cerebral, potenciais evocados, ressonância
funcional e tomografia por emissão de pósitrons - PET
(Positron Emition Tomography), que possibilita a partir de
injeção de glicose ativada, identificar as áreas cerebrais ativas
em diferentes situações experimentadas em pacientes, mas o
importante é que estas avaliações acontecem de forma
dinâmica, não estática como acontece com os tomógrafos
convencionais. E se pode observar estrutura mais profundas
do que a limitação imposta pelos eletroencefalógrafos que
monitoram somente a camada cortical, podendo ser
estudadas estruturas mais profundas do sistema nervoso,
neste caso nos interessa o Sistema Límbico-Hipotalâmico e
suas relações com o estado alterado de consciência do transe
hipnótico. Estes estudos abrem novas perspectivas e outras
questões surgem como resultado.
Baseado nestes estudos de pesquisa de ponta há 8 anos
estão sendo realizadas pesquisas com o Pet Scan
direcionadas ao estudo do transe hipnótico como estado
alterado de consciência em renomadas e conceituadas
instituições norte americanas como Universidade de
Standford e Harvard e os Hospital Geral de Massachusetts e
Memorial Hospital de Neva York. Neurologistas, radiologistas,
psiquiatras entre outros profissionais estão tentando
desvendar os mistérios da hipnose clínica.
Em 1998, a hipnose saiu do campo da especulação para o
campo científico através de uma experiência coordenada pelo
psicólogo e neurologista da Universidade de Harvard,
Stephen Kosslyn, que contou com auxílio de psiquiatras,
radiologistas e neurologistas da Universidade de Stanford nos
EUA.
Dezesseis voluntários observaram imagens em cores na tela
de um computador. Depois de hipnotizados, eles foram
levados a acreditar que a mesma figura colorida, vista outra
vez no monitor, era toda em tons de cinza. Com o auxílio de
um equipamento de última geração na área da tomografia
computadorizada, eles foram avaliados pela tomografia por
emissão de pósitrons (PET), um exame capaz de mapear
áreas cerebrais e que aponta as áreas que são ativadas
durante atividades cerebrais específicas, verificou-se que a
área do cérebro responsável pela percepção das cores
permaneceu desligada. Em compensação, a chamada área
lingual foi acionada - ela é capaz de inibir informações
sensoriais, como os estímulos visuais provocados pela cor.
Ou seja, sem nenhuma possibilidade de farsa, o cérebro
passou a ver em preto e branco.

Mais tarde, os mesmos voluntários foram induzidos a ver


cores numa figura em preto e branco. Comprovou-se que a
região relacionada à visão das cores, próxima da nuca, era
especificamente ativada. Se eles não estivessem
hipnotizados e vissem uma figura em preto e branco, o
cérebro dos voluntários não apresentaria esta área ativada;
afinal, o nervo óptico não levaria à massa cinzenta informação
de cor. Os resultados preliminares desse estudo são
espantosos! Esta experiência foi um marco definitivo para a
validação da hipnose como método científico pela
Organização Mundial da Saúde em 1998.
A tese mais aceita é de que as palavras do hipnotizador,
processadas pelo nervo auditivo, alcançam a ponta de uma
rede, na base do cérebro (tronco cerebral), chamada
substância reticular ascendente (SRA) - a qual também é
responsável pelo estado de consciência desperta, assim
como pelas atividades do hipotálamo e sistema límbico - e se
espalham por toda a massa cinzenta. Por se tratar de
estímulos repetitivos, quando eles chegam ao lobo frontal,
região atrás da testa, concentram a atenção do paciente em
um único foco, inibindo tudo o que está ao redor. Quando
alguma coisa chama a nossa atenção, três áreas do cérebro
ficam especialmente ativas. Primeiro, a região parietal direita
aciona a nossa percepção. Logo depois, é a vez da região pré-
frontal direcionar nosso olhar para o alvo da atenção. Então,
uma outra área, conhecida como o giro do cíngulo, avalia: vale
a pena ou não continuar olhando para aquilo? O alvo interessa
de alguma forma pra nós?
Quando cai o nível de atividade na base do cérebro, muda a
predominância do externo (exteriorização) para o interno
(interiorização). Quando alguém dá menos atenção para a
informação que vem dos sentidos, mais atenção é dada para a
informação interna.
No estado hipnótico os fenômenos observados são
tipicamente de origem límbica. Os fenômenos de
rememoração (recuperação de memórias esquecidas ou
reprimidas) e revivificação (ressurgência da experiência
emocional vivenciada no evento rememorado), comumente
reunidos no termo "regressão"; as amnésias espontâneas
experimentadas quando se sai do estado hipnótico; a
aprendizagem acelerada que ocorre neste estado; as
analgesias; a estimulação do sistema imunológico; as
alterações subjetivas do esquema corporal e as vivências
alucinatórias induzidas por sugestão, são fenômenos típicos
associados à formação hipocampal do sistema límbico. Esta
região é responsável pela formação da memória, pela
aprendizagem, pela imagem do corpo (esquema corporal) e
pela regulação do sistema imunológico.
Compreende-se, agora, como a hipnose favorece a liberação
de emoções reprimidas juntamente com a memória do evento
que a gerou. A repressão de lembranças desagradáveis e as
defesas que impedem que elas aflorem é um processo ativo
do córtex pré-frontal (formação recente na evolução, sede da
personalidade e da vida intelectiva)* O sistema límbico se vê,
assim, impedido de descarregar a estase energética e regular
o equilíbrio e a distribuição da energia dinâmico-afetiva.
O córtex pré-frontal modula a energia límbica e tem a
possibilidade de criar comportamentos adaptativos
adequados ao tomar consciência das emoções. Por outro
lado, o sistema límbico através do hipotálamo pode exercer
um efeito supressor sobre o neocórtex (inibição momentânea
da cognição e também sobre o tônus muscular tônico, como
se observa nas fortes excitações emocionais).

(*) O lobo frontal é responsável pelo nosso temperamento,


nossa relação com as pessoas, nosso jeito de ser. É o que
nos faz indivíduos ímpares. A parte mais sofisticada do
cérebro.
Referência Bibliográfica: Revista SuperInteressante, Ano 12,
n. 5, Maio 1998, Cérebro "Visão Hipnótica", pág. 40 - chamada
de capa: HIPNOSE - Ela já foi condenada como um truque de
charlatães. Hoje, comprovada pela ciência, ajuda a Medicina
a curar muitas doenças.
HIPNOSE NA VIDA DIARIA

Segundo Marlus Vinicius as manifestações da hipnose ocorrem


na vida diária sem que a maioria das pessoas perceba:
1. Quando assistimos a um filme, no cinema ou na
televisão, e estamos realmente gostando, nós nos
emocionamos com as cenas do filme. Podemos rir, chorar,
ficar revoltados ou alegres com determinadas seqüências do
filme; pode ocorrer sudorese nas mãos, redução do ritmo
respiratório. Nesses momentos em que nossa atenção está
focalizada nas cenas, e segundo o conteúdo das próprias
cenas e de acordo com as nossas experiências passadas,
estamos hipnotizados. Durantes essas cenas, nosso juízo
crítico não se preocupa com a velocidade e número das
cenas, nem com a definição das imagens, ou até mesmo como
foram produzidas as cenas. Não pensamos tratar-se de um
conto, nos envolvemos com as cenas, sentimos as cenas com
todos os nossos sentidos, e muitas vezes deixamos de ouvir
ou de prestar a atenção num barulho estranho ao filme, como
o som da campainha da nossa residência;
2. Quando estamos interessados na leitura de um
determinado livro, reagimos emocionalmente às descrições
das situações interessantes sem estarmos analisando
criticamente o tamanho das letras, a ortografia, falhas na
impressão. Limitamos, desse modo, a nossa atenção visual
ao conteúdo do que estamos lendo e somos auto-
hipnotizados;
3. Quando estamos ouvindo com entusiasmo uma
música de nossa preferência, permanecemos sem analisar
criticamente a afinação do cantor ou a performance da
orquestra. Essencialmente, concentramos a nossa atenção no
som musical, permitindo que a música entre em nossa mente
e em nosso corpo, e até podemos ser hipnotizados pela
música, a qual pode nos fazer recordar de um acontecimento
passado, ocorrendo uma relembrança ou mesmo uma
revivificação;
4. Quando estamos dirigindo nosso carro de casa para
o trabalho, prestamos atenção consciente ao transito, contudo
a direção do carro é realizada em nível inconsciente. Nós não
ficamos, conscientemente, engatando as marchas e pisando
no freio. Assim mesmo quando dirigimos o veículo prestando
atenção ao transito, uma série de estímulos chega ao nosso
cérebro sem se tornar consciente neste exato momento e
pode ser armazenada em algum lugar do encéfalo;
5. Quando uma pessoa está aprendendo a dançar,
presta atenção ao compasso musical, presta atenção na sua
posição corporal, olha para os pés para saber aonde irá
posicioná-los. Enfim, procura seguir o professor ou o seu par.
Essa fase pode ser comparada às sugestões que o
hipnoterapeuta formula ao paciente durante o tratamento pela
hipnose. Posteriormente, quando a pessoa já sabe dançar,
simplesmente ouve a música, deixa-a entrar pelo seu corpo e
sai dançando automaticamente;
O Tratamento bem-sucedido, pela hipnose, pode ser observado
quando, por exemplo:
1. O paciente reprogramou seu modo de alimentar-se para
tornar-se e permanecer esbelto;
2. Quando, por meio da hipnose, ampliou sua capacidade de
aprender e relembrar o aprendido;
Quando, por meio da hipnose, eliminou uma fobia;
Durante uma conferência ou uma aula, quando o aluno se
interessa pela matéria e o professor é habilidoso, o aluno
permanece com sua atenção tão focalizada e limitada ao
assunto, isto é, está hipnotizado, que os ensinamentos são
gravados no seu inconsciente e mesmo no seu inconsciente.
Ao terminar a conferência ou a aula, o aluno sai satisfeito com
os ensinamentos compreendidos, sendo capaz de lembrá-los
durante uma prova. Alternativamente quando o professor é
chato, fala bastante e apenas lê os dispositivos projetados, o
aluno não se interessa pela matéria e se distrai com qualquer
coisa, não há focalização da atenção, nem hipnose.
Conseqüentemente, não há aprendizagem adequada. Muito
provavelmente o aluno será incapaz de lembrar durante a
prova, nem para o seu proveito durante a sua vida, o que esse
professor tentou transmitir;
Muitas sugestões indiretas ocorrem no cotidiano e conduzem
a respostas similares às ocorridas na hipnose formal. Quantas
vezes estamos passeando num “shopping center” com o
desejo de adquirir alguma peça para o vestuário quando,
passando pela frente de uma lanchonete, sentimos o odor do
café, recebemos uma sugestão sensorial olfativa direta, e
somos levados a entrar e saborear um cafezinho.
Da mesma forma uma sugestão direta aplicada na hora certa
com palavras corretas e poderosas, com tom emocional
adequado ao contexto, pode fazer uma multidão mover-se
imediatamente sem que as pessoas parem para raciocinar e
optar pela melhor alternativa de comportamento. Isto ocorre
quando num cinema durante a exibição de um filme alguém
grita: “Fogo! Está pegando fogo!”.
Quantas vezes ao tirarmos uma roupa descobrimos que nos
arranhamos num braço ou numa extremidade do corpo, sendo
que no momento do arranhão nada sentimos, pois estávamos
com a atenção concentrada em outra coisa, pois nesta hora
estávamos anestesiados.
Muitas vezes nos podemos entrar em hipnose, sem nenhuma
sugestão verbal, simplesmente dirigindo um veículo numa
estrada com longas retas ou numa autoestrada; outras vezes,
simplesmente assistindo a um programa de televisão.
Assim podemos compreender que a hipnose, na vida diária
ocorre mais freqüentemente do que imaginarmos, e contribui
para o entendimento de que não é necessária a indução
formal para obtermos a hipnose. No consultório do hipnólogo,
faz-se a indução formal de hipnose para obtê-la no momento
desejado e com finalidades específicas.

CONTRA INDICAÇÕES DA HIPNOSE


• O uso em Psicóticos, bordeline ou compensados, (mas
que podem ser tratadas por hipnoterapeutas e
psicanalistas bem treinado);
• Sem objetivo definido e construtivo, apenas para
satisfazer insistentes pedidos do paciente;
• Se o estado do paciente não está determinado;
• Satisfação do EGO do hipnotizador;
• Remoção de sintomas sem se preocupar com a causa
dos mesmos (o que alguns questionam dizendo que o
alívio pode ser permanente e que o paciente,
eventualmente, pode aproveitar esse período, sem
sintomas, para melhor adapatar-se a vida);
• Eliminar sensações (fadiga, por exemplo) o que pode
levar o paciente a ultrapassar os limites de sua
capacidade física.

CONSTELAÇÃO HIPNÓTICA (SEGUNDO JEFFREY K. ZEIG)1

1 Extraído da Apostila de Drª Sofia Bauer


- Economia de movimentos (catalepsia)
- Literalismo (interpretação literal)
- Demora para iniciar resposta
- Mudança nos reflexos de salivação e deglutição
- Diminuição na freqüência respiratória, pulso e
pressão sangüínea - há uma diminuição geral dos reflexos
- Relaxamento muscular
- Mudanças no comportamento ocular:
Mudanças pupilares
Tremor palpebral
Perda de foco
Olhar fixo
Mudanças na freqüência das piscadas
Mudanças no movimento lado a lado do olho (REM)
Lacrimejamento
- Redução dos movimentos de orientação
- Perseveração
- Assimetria direito / esquerdo
- Mudanças na circulação periférica
- Fasciculação
- Aumento da responsividade
- Aumento da atividade ideomotora e
ideossensória

FENOMENOLOGIAS DOS ESTADOS HIPNÓTICOS


Durante o transe hipnótico, de acordo com a sensibilidade
individual momentânea e segundo a profundidade do transe
alcançada, pode-se verificar ou induzir o surgimento de alguns
fenômenos psicossomáticos. Vejamos alguns deles:
RELACIONADOS À MEMÓRIA

• Amnésia :Esquecer-se de pensamentos ou de fatos


passados durante o transe (espontaneamente ou não)
ou em uma ocasião específica, o que pode dar-se
espontaneamente ou de acordo com orientações
sugestivas do hipnotizador.
• Hipermnésia: É a capacidade de lembrar-se de forma
nítida e com riqueza de detalhes de pensamentos,
sentimentos ou eventos ocorridos e completamente
esquecidos.
• Regressão de idade ( memória): O fenômeno de
regressão de idade é parcialmente baseado nos
mecanismos de hipermnésia e amnésia. É a capacidade
de reviver pensamentos e sentimentos passados como
se fossem presentes, como se a pessoa estivesse em
um momento específico de uma idade anterior, no qual
se comporta, pensa e reage de forma similar à idade em
questão, mas guarda todos os mecanismos de
aprendizado da idade atual [de forma que ela
apresentará todo o controle dos esfíncteres, e não irá
urinar nas calças quando "regredir" a uma idade em que
ainda não tinha o controle sobre esses músculos,
embora reproduza comportamentos infantis.
• Xenoglassia: Capacidade em relembrar e fazer uso
lógico de uma língua estrangeira que se ouviu na
infância, e da qual não se tem domínio conscientemente.
IDEOSOMÁTICAS (OU IDEOMOTORAS)
Há uma associação entre a postura e a fisionomia do indivíduo
hipnotizado: se o paciente for colocado em posição de boxe,
sua fisionomia adotará feição de ferocidade; se o colocarmos
de joelhos e com as mão unidas, sua fisionomia adotará uma
placidez de quem está a orar.

Estigmatização e Hematidrose - Em 1885 Focachon,


farmacêutico de Charmes produzia na presença dos drs.
Bernheim, Legeois, Dumont etc. vesicações sob sugestão
enquanto três médicos de La Rochelle obtinham algumas
gotas de sangue na pele de um hipnotizado.

• Catalepsia: Enrijecimento dos músculos sem a fadiga


durante o estado hipnótico, paralelamente à suspensão
das sensações. A catalepsia seria, portanto, a
permanência de pelo menos alguma parte do corpo em
determinada posição por algum tempo sem as dores
causadas pela constância.
• Movimentos "Alavancados": São movimentos
pausados, e na maioria das vezes lentos, como se o
indivíduo estivesse levando pequenos choques. Muitas
vezes ocorre durante o teste sugestivo da "levitação da
mão".
• Hiperpraxe: Aumento da capacidade muscular.
Tomemos como exemplo a força da mandíbula: todo
mundo tem aproximadamente 600 libras de pressão nos
músculos da mandíbula, mas poucas pessoas já
usaram-na. Não obstante, isto permite que os acrobatas
pendurem-se pelos dentes de um trapézio e executem
os feitos mais surpreendentes enquanto estão assim
apoiando o peso do corpo pelos dentes...

IDEOSENSORIEDADE

• Dissociação: É uma cisão, uma separação dos estados


psicológicos entre consciente e inconsciente, ou
separação entre emoções e os pensamentos,
comportamentos e sensações. É um processo mental no
qual sistemas de idéias são separados da personalidade
normal e operam independentemente. Na dissociação
uma palavra, símbolo ou lembrança deixa de estar
associada a certas idéias, lembranças etc.
• Alucinações: O detalhe mais impressionante da
hipnose é o fato do paciente vivenciar alucinações
sugestionadas; podemos alterar as percepções,
induzindo ilusões e alucinações positivas (ver, sentir ou
ouvir o que não existe) ou alucinações negativas (deixar
de ver, sentir ou ouvir o que existe) mesmo que a pessoa
mantenha seus olhos abertos durante o transe hipnótico.
E pode-se obter o mesmo efeito em sugestões
póshipnóticas, dadas durante a hipnose e executadas
depois, em estado de vigília, executadas horas, dias,
meses ou anos depois.
• Analgesia: É a sensação de dormência (diminuição da
percepção tátil) em alguma parte do corpo (estes
fenômenos são utilizados na terapêutica da dor).
• Hiperestesia: A hiperestesia é o aumento da percepção
das sensações, com a ampliação do limiar perceptivo a
níveis mais sensíveis de estimulação.
• "Transfert": A transferência de sensibilidade de uma
parte do corpo para a parte correspondente do outro
lado. Trata-se meramente do exagero de uma relação
normalmente presente em partes simétricas do corpo.

RACIOCÍNIOS SOBRE O FUTURO

Pseudo-orientação no futuro: pensar o futuro a partir do


presente. O indivíduo pensa o futuro, sabendo que é apenas
uma projeção, e através dos cinco sentidos pode pensar e dar
formas a situações que irá passar.
Progressão de idade: O indivíduo pensa estar num futuro.
Pode-se passar por uma situação antes dela acontecer para
saber quais serão as reações quando isso se tornar realidade
(isto não está ligado à previsão do futuro).
COGNIÇÃO

Signo-sinal: São comandos associados aos estados


hipnóticos, como uma palavra ou frase dita ao paciente
durante o transe e que funcionam como uma "chave" para
induções futuras. São usados normalmente para facilitar cada
uma das próximas sessões para que o trabalho seja iniciado
e conduzido de uma forma mais rápida.
Duplicação de sistemas de raciocínio: Duplicação é a
atividade psíquica onde duas linhas de raciocínio acontecem
simultaneamente e de forma independente uma da outra (o
que permite obter-se a Escrita Automática, popularmente
conhecida como "psicografia", a Escrita Ambidestra, em que
o indivíduo hipnotizado é levado a escrever ou digitar um texto
diferente lógico e coerente com cada mão, às vezes em
línguas diferentes).
Sugestão pós-hipnótica: É o estabelecimento de
comportamentos, atitudes, relações e formas de pensar que
terão efeito depois do processo formal de transe hipnótico,
sendo executados os comandos com o indivíduo em estado de
vigília. Refere-se à execução, no tempo de pós-transe ou a
algum tempo especificado, de sugestões dadas durante o
transe.
Alteração de consciência reflexiva: É a maneira como a
pessoa vê a si mesma, em estado de vigília e em estado de
hipnose. A percepção da área corporal fica notadamente
alterada, assim como a identificação com a massa corpórea
(alguns indivíduos referem-se a si mesmos na terceira
pessoa).

NOÇÃO DE TEMPO

A distorção da noção de tempo se divide em duas categorias:


• Expansão da noção de tempo: Tem-se a impressão de
que passou um tempo muito maior do que realmente se
passou. 20 minutos podem parecer 4 horas para a
pessoa hipnotizada, e muitas vezes segue-se uma noite
de "insônia" com muita vitalidade, uma vez que o transe
repõe o descanso fisiológico necessário.
• Condensação da noção de tempo: Ao indivíduo
hipnotizado se parece ter transcorrido menos tempo do
que passou. É muito comum após despertar de um
transe profundo o sujeito completar uma história que
estava contando minutos antes da indução, e perguntar
ao seu terapeuta quando este vai começar, e mesmo
negar que tenha estado em transe.

COMO SE DESENVOLVEM OS PROCESSOS MENTAIS2


Como funciona a mente
A mente funciona através de áreas cerebrais distintas, que
são: percepção, nãoconsciente (que engloba: subconsciente,
inconsciente, inconsciente coletivo, préconsciente, etc. . aos
efeitos de resumir e fazer uma divisão mais objetiva),
consciente e prémotora.
Zona A: Percepção
Através desta zona captamos as imagens e sensações que nos
chegam do mundo exterior, por meio dos cinco sentidos. Esta
zona está situada na região occipital.
Zona B: Não consciente (atividade automática)
É a mente subjetiva. Esta zona está integrada pelo tálamo, e
hipotálamo que são pequenas glândulas situadas abaixo do
corpo caloso, de onde partem e para onde vão parar
infinidades de ramificações nervosas, destinadas às diversas
áreas cerebrais. No seu interior está situado o centro da
memória.

2 PUENTES, Fábio, Hipnose: Markenting das Religiões, Editora Cenau – 2ª edição 2001 – São Paulo
Podemos dizer pois, que é um grande armazém de
experiências e vivências compiladas ao longo de nossas
vidas. No tálamo e hipotálamo se registram assim mesmo
todos os nossos conhecimentos e, portanto, nossos impulsos
básicos, sensações, instintos e hábitos. Tudo quanto
sabemos e conhecemos da vida, fica registrado e arquivado
em nosso subconsciente até o fim de nossa vida, pois nada
se apaga nele. O material recebido vai se acumulando e nada
é esquecido. O subconsciente governa o sistema nervoso
simpático, que tem sua sede na espinha dorsal e desta forma
controla os órgãos e músculos involuntários e suas diversas
funções no organismo, tais como: coração, fígado, pulmões,
rins, intestinos, glândulas, etc. Em ocasiões de perigo assume
um controle efetivo sobre os órgãos vitais, como por exemplo,
em um colapso, acidente, etc. Assim, a pessoa pode
permanecer em estado de coma profundo ou completamente
anestesiado, ou ficarem imobilizadas em certas partes do
corpo, apesar das quais, o organismo continua cumprindo as
funções vitais, tais como respirar, etc., de uma forma
totalmente automática, sem que aparentemente ninguém o
dirija. É muito importante lembrar que o subconsciente induz.
Seus movimentos são involuntários e não dependem da
consciência.
Zona C: Consciente - Mente Objetiva
Localiza-se na zona frontal e faz parte do córtex e sub-córtex
cerebral. Sua função é a de ordenar, analisar e discernir toda
a informação que recebe do subconsciente, e fazer com que
se cumpram as ordens que lá chegam. O consciente é a
mente objetiva, governa o sistema nervoso e tem sua base no
cérebro. Governa os músculos voluntários e os sentidos
(paladar, tato, audição, visão e olfato).
É a parte da mente que analisa, sintetiza, deduz, raciocina, etc.
A memória do consciente é imperfeita e nula, porque esquece
e não armazena informações.

Zona D: Pré-Motora
É a que recebe ordens do consciente e, ao estar conectada
diretamente ao sistema motor, transmite as ordens ao sistema
nervoso central, e este, por sua vez, aos diversos grupos
musculares, para que, dessa forma, culmine no processo
mental e a idéia se converta em ação por meio do efeito
ideomotor.
Zona B1: Inconsciente
É uma pequena zona que estaria situada debaixo do
subconsciente, na qual estão gravados todos os instintos
primários do indivíduo (sexo, perpetuação, defesa, etc.), ou
seja, todos os instintos elementares que acompanham o ser
humano, desde sua origem selvagem, perdido na noite dos
tempos. Estas gravações nunca chegam a ser conscientes
com facilidade.
O cérebro humano funciona com dois tipos de energia
diferentes que se complementam: a FÍSICA (ELÉTRICA) e a
PSÍQUICA (QUÍMICA). O cérebro está formado por células.
A célula principal se chama neurônio. Existem entre dez e
doze bilhões de neurônios, que são considerados células
nervosas, que estão localizadas no córtex cerebral (a parte
mais nova do cérebro) e existem configurações no sub-córtex
(o interior).
Um só de tais neurônios possui um número incalculável de
ramificações. Para se ter uma idéia podemos dizer que um só
neurônio está relacionado com outros dez mil neurônios.
A conexão dos neurônios se chama sinapse.
A sinapse se realiza através da liberação de substâncias
químicas (neurotransmissores) e que vão gerando estímulos
elétricos, chamadas de ondas cerebrais.
As ondas cerebrais são de diferentes intensidades, que se
medem em ciclos por segundo.
Estas ondas, na atualidade são de cinco; das quais duas
indicam estado de vigília e as outras três um estado por
debaixo da vigília, que vai desde um leve sono até o coma.
Para mudar uma resposta temos que reprogramar esta forma
de união desses neurônios. Isso se consegue modificando a
intensidade das ondas cerebrais. Muitos medicamentos
podem alterar o sistema neurotransmissor. Existem
elementos eletrónicos (como jogos de luzes e sons) que
chegam a mudar as ondas cerebrais. Há também outras
técnicas mais naturais que acabam por modificarem tais
ondas do cérebro. Ao mudar a intensidade se conseguem
diferentes estados de consciência. Entre esses estados estão
os chamados estados alterados de consciência, que são os
que concentram o foco da atenção, deixando sensações que
vão do êxtase contemplativo, até a excitação descontrolada.
Segundo o investigador Héctor González Ordi, professor de
Psicologia Básica da Universidade Complutense de Madri,
temos a seguinte explicação “tradicionalmente, tem se
definido um estado alterado de consciência como toda aquela
experiência diferente à vigília. Mas esta curta definição já é
antiga. Muitas vezes, atingir um estado alterado de
consciência depende das expectativas que cada um tenha do
fenômeno”. E alguns estudos realizados com consumidores
de drogas psicoativas reforçam esta opinião.
Sabe-se, por exemplo, que é possível sugestionar uma
pessoa para que experimente as sensações subjetivas
próprias do consumo de cannabis ou LSD, ainda que na
realidade esteja tomando um simples placebo.
Aqui está a chave do estudo dos estados alterados da
consciência. Existe muita informação segundo a qual as
drogas, a hipnose ou a meditação “levam” o sujeito a mundos
superiores mais criativos, mas a evidência científica parece
demonstrar o contrário. Não se tem achado variações nos
padrões fisiológicos próprios destas práticas, e se tem
demonstrado que seus efeitos subjetivos podem conseguir-se
por meio de outras técnicas muito mais simples, como é o
caso da sugestão.
O que acontece na realidade nos casos de estados alterados
de consciência? Na realidade, se pode dizer que as
excitações que se produzem no sistema nervoso central
causam um estado especial de percepção quando a
estimulação sensorial externa diminui.
Isso também acontece com o estado alterado de consciência
mais estudado: o sono, sempre que os estímulos do redor
descem de intensidade rapidamente, as pessoas
experimentam distorções de percepção e alucinações. Esta
redução dos estímulos pode-se conseguir por meio de muitas
técnicas fisiológicas, psicológicas e farmacológicas.
Há inúmeros acontecimentos naturais e artificiais que podem
modificar nossa experiência subjetiva. A mais famosa é o
consumo de drogas, mas os investigadores usam outros
truques para conseguir estes efeitos tão particulares. Por
exemplo, a atividade física tem uma conhecida repercussão
sobre nosso estado consciente, já seja por defeito (o
relaxamento e a meditação), ou por excesso (as danças rituais
que acabam com um suposto estado de transe ou os atletas de
maratona que perdem a percepção do redor quando superam
um certo nível de cansaço).
Também os estímulos externos têm resultados similares.
Uma voz sugestiva, o som de um gongo, o movimento
monótono de objetos ou a música podem nos transladar a um
estado alterado de consciência.
Por último, há situações clínicas que ocasionam alguns destes
estados. Entre elas a hipoglicemia, a febre ou a má nutrição,
que são, as vezes, indutores de alucinações.
Como podemos ver, não há nada de misterioso nestas
manifestações da mente sadia, simplesmente são
modificações de nosso estado de atenção. O xamanismo, o
transe religioso, as experiências próximas à morte, as
possessões e as visões místicas poderiam ser perfeitamente
explicadas por estes mecanismos físicos e psíquicos.
Segundo González Ordi, “um profissional da saúde pode
induzir um estado alterado da consciência como terapia para
certos transtornos, sobretudo para os relacionados com a
ansiedade e o estresse. Mas é muito perigoso pretender
atingir ditos estados por meio de drogas ou com práticas de
sugestão não controladas”. De fato não é estranha a aparição
de certos episódios psicóticos e transtornos mentais graves
relacionados com estas práticas, como o xamanismo, que
agora fazem furor nos círculos esotéricos – no abuso de ervas
e chás alucinógenos, que são usados com pretensões de
encurtar o caminho para sabedoria e a expansão mental, e
com “curas”, usando conhecimentos ancestrais. Ao entrar nas
ondas alfa, um pouco mais abaixo da vigília, entra-se num
estado de consciência alterado de meditação, contemplação
e abstração. Este estado segrega um hormônio chamado de
acetilcolina, que produz uma sensação de relaxamento
muscular. Isto se vê no tipo de auto-hipnose provocado nas
religiões orientais, como o Yoga.
Quando se aumenta a intensidade de beta, que é o estado de
vigília no qual você está agora, e as descargas elétricas se
aceleram, passa as ondas gamma, um estado de consciência
alterado, que provoca excitação, descontrole, e enquanto em
alfa o corpo pode estar relaxado e tranqüilo, em gamma, o
movimento é desordenado, com muito pouca coordenação.
Este estado alterado faz que a mente segregue um outro
hormônio chamado de adrenalina, que provoca uma
sensação-reflexo de luta ou fuga. Este fenômeno se vê nas
religiões pentecostais e nos rituais afro.
As duas ondas alfa e gamma, produzem uma dissociação
temporária, que provoca inibição cortical seletiva, e a atenção
é desviada intencionalmente. Então vemos que, quando
saímos da faixa de beta, tanto para cima (gamma) ou para
abaixo (alfa) entramos num estado de consciência alterada.
Sabe-se que a oração profunda, algumas danças (do tipo
dervixe) o jejum prolongado, o orgasmo, certas drogas, jogos
de luzes (como nas danceterias, os aparelhos como os “mega
brain“), a hipnose, a meditação transcendental, o yoga, etc.,
provocam variações nas ondas cerebrais.
Os instrumentos de percussão, também alteram a
consciência, provocando uma inibição cortical muito
importante. Isto é demonstrado durante as festas de carnaval,
onde se pula, se dança, num estado que vai além das forças
físicas, causando muitas vezes até a morte. Na guerra se usa
o tambor para ir marcando o passo, levando os soldados a um
estado de alteração, onde a atenção é desviada diante da
possibilidade do perigo. Os antigos barcos de remos,
possuíam um tambor que marcava o ritmo, conseguindo que
os remadores fizessem seu trabalho sem sentir tanto o
cansaço, conseguindo também um estado de consciência
alterada.
Existem duas formas de chegar a um estado de transe
hipnótico: a trofotrópica, que é uma maneira alimentadora,
maternal e a ergotrófica, que é mais autoritária, paternal. A
primeira: tem efeito sedativo, acalma. A segunda: excita,
levando às vezes a um estado de estupor.
Em qualquer das duas maneiras se produzem modificações
fisiológicas, como de respiração, alterações cardíacas, de
pressão arterial, alterações hepáticas e hormonais, aumento
ou diminuição do umbral da dor (analgesia ou hiperestesia),
perturbações musculares; e alterações psicológicas, tais
como alucinações e ilusões sensoriais (de tato, gosto, olfato,
visual e auditiva).
Quando uma criança, se machuca, e chega chorando até sua
mãe, esta simplesmente, a acaricia, fala suavemente e beija
meigamente no lugar da lesão, é o suficiente para produzir a
liberação de substâncias, chamadas endorfinas, que
alcançam um potencial analgésico muito superior ao da
morfina. Esta substância está naturalmente em nosso cérebro
e é liberada no estado de choque emocional. O toque
carinhoso e o beijo “mágico” foram determinantes e a dor da
criança “desapareceu”, por amor.
Quando essa mesma criança, chega machucada, chorando
até seu pai e este lhe acena com o dedo indicador, usando
um tom de voz grave, dizendo, “os homens não choram!”,
automaticamente a endorfina, liberada pelo medo, entra na
corrente sangüínea, e produz um estado de analgesia.
O efeito final é o mesmo, conseguindo chegar até a hipnose por
dois caminhos bem diferentes: o do amor e o do temor.
Em certos cultos ou ritos religiosos, se observarmos, vemos
que se usam os dois métodos, o autoritário e o maternal.
O padre na sua igreja com o silêncio, as luzes tênues e
dirigidas, o som grave do órgão, e as pregações com voz
pausada e de ritmo modulado, está usando o método
maternal. Ao igual que o budista ou o iogui que entram em
êxtase pela contemplação intensa, –ou concentração
exagerada que leva a uma hipnose- conseguindo um estado
de meditação profunda. Nestes dois casos se atinge a faixa
das ondas alfa.
Nos rituais afro-brasileiras se usa muito a percussão, os
movimentos convulsivos do corpo, cenas fortes com sangue e
animais. Isto produz um estado de excitação, provocando um
transe similar, para não dizer igual, ao transe hipnótico.
Em certos templos de modalidade evangélica, os pastores
começam suas orações e pregações com um ritmo monótono,
subindo de tom, falando permanentemente, “bombardeando”
com palavras, exaltações, para a platéia, repetindo cada certo
tempo reforçando, palavras que servem de apoio, estimulam
e excitam como a mágica “aleluia” . Ao sentir-se cansado este
pastor, outro o substitui, e o bombardeio continua.
De novo se produz a dissociação temporária, desvia-se a
atenção e provoca-se uma inibição cortical. Novamente
aparece o transe hipnótico, onde foi usado o método
autoritário ou paternal, atingindo em ambos casos a faixa das
ondas gamma.
É importante esclarecer que o transe hipnótico se produz mais
fácil e rapidamente por imitação. Isto explica a hipnose de
massas, por contagio psíquico.
Não devemos esquecer que no transe hipnótico atingimos a
parte “nãoconsciente” do cérebro, esta zona simplesmente
induz. A parte crítica do consciente, que é quem deduz, está
censurada, adormecida. Já veremos, no capítulo seguinte,
que esta censura se consegue com estímulos sensoriais e
com sugestões.
Mudanças fisiológicas
Dentre as mudanças fisiológicas que se produzem em
conseqüência do transe, figura geralmente uma baixa na
pulsação, ocorrendo quedas mais ou menos acentuadas na
presão arterial. Ao iniciar-se o transe costuma haver uma
vasoconstrição, e a esta segue-se uma vaso-dilatação, que se
vai prorrogando até o momento de acordar. Equivale a dizer
que no começo a pressão pode subir um pouco, mas, à
medida em que o transe se aprofunda, tende a cair. Observa-
se geralmentee uma mudança na temperatura periférica.
Aumento de calor na superfície e frios nas extremidades das
mãos e dos pés. A pessoa bem hipnotizada caracteriza-se
quase sempre pelas extremidades frias ( as mãos geladas),
conservando-as geralmente assim durante todo o transe.
Não será preciso acentuar que essas mudanças fisiológicas
durante a hipnose decorrem largamente as modificações que
se produzem no estado de espírito e no estado emocional do
indivíduo. As diferenças de reações nesse particular
obedecem a fatores muito sutis, que, dada a sua
complexidade, podem escapar, inclusive, ao controle dos
maiores peritos em matéria de psicologia.
ESTÁGIOS DA HIPNOSE3
LeCRON e Bordeaux, apresentam uma escala de graus do
estado hipnótico e as mudanças fisiológicas que se produzem
em conseqüência do aprofundamento do transe. sugere
cinqüenta estágios. Muito embora há uma tendência de
reduzir a cinco estágios, dos quais apenas três indicam
estados de hipnose propriamente dita:
INSUSCETÍVEL - Não apresenta características hipnóticas de
espécie alguma;
HIPNOIDAL – Corresponde ao estado de relaxamento – o
“sujet” mostra uma expressão de cansaço e freqüentemente

3Texto extraído do Livro O Hipnotismo de KAL WEISSMANN, Grande hipnotista que muito me
servi para a elaboração desta apostila.
um tremor de pálpebras, além de contrações espasmódicas
nos cantos da boca;
TRANSE LIGEIRO – o “sujet” sente os membros pesados,
experimenta um estado de alheamento, porém conserva
plena consciência de tudo o que se passa ao seu redor.
TRANSE MÉDIO - embora conserve alguma consciência do
que se passa o “sujet” está efetivamente hipnotizado. Não
oferece resistência às sugestões, salvo quando estas
contrariam seu código moral. Produz catalepsia dos membros
e do corpo, alucinações motoras e cinestésicas. Aqui se
consegue efeitos analgésicos e até anestésicos.
TRANSE PROFUNDO OU ESTADO SONANBÚLICO –
constitui-se no maior transe, no sentido de profundidade. O
“sujet” aceita sugestões as mais bizarras. Neste estágio pode-
se mandar o paciente abrir os olhos sem afetar o transe. Ao
abrir os olhos o paciente apresenta expressão fixa com
pupilas visivelmente dilatadas. A aparência é a de quem está
imerso em sono profundo, porém reage às sugestões do
hipnotista. É o estagio próprio às anestesias profundas. A
indução a este transe exige algumas sessões e cerca de 30 a
40 minutos de trabalho.

• Insuscentível – Ausência de toda e qualquer reação


• Hipnoidal – 1 Relaxamento físico, 2 - Aparente
sonolência, 3 – Tremor das pálpebras, 4 – Fechamento
dos olhos, 5 – Relaaxaamento mental e letargia mental
parcial, 6 – membros pesados.
• Transe Ligeiro – 7 Catalepsia ocular, 8 – Catalepsia
parcial dos membros, 9 – Inibição de pequenos grupos
musculares, 10 – Respiração mais lenta e mais
profunda, 11 – Lassidão acentuada ( pouca inclinação a
se mover, falar, pensar, agir), 12 – Contrações
espasmódicas daa boca e do maxilar durante a indução,
13 – Rappor ente hipnotizado e o hipnotista, 14 –
Sugestões pós-hipnóticas simples, 15 – contrações
oculares ao despertar. 16 – mudanças de personalidade,
17 – Sensação de peso no corpo inteiro, 18- Sensação
de alheamento parcial.
• Transe Médio – 19 – O hipnotizado reconhece estar no
transe e sente, embora não o descreva, 20 – inibição
muscular completa, 21 – Amnésia parcial, 22 – Glove
anestesia (anestesia das mãos), 23 – Ilusões
sinestéticas, 24 – Ilusões de gosto, 25 – Alucinação
olfativas, 26 – Hiperacuidade das condições
atmosféricas, 27 catalepsia geral dos membros e do
corpo inteiro.

• Transe Profundo ou Sonambúlico – 28 – O hipnotizado


pode abrir os olhos sem afetar o transe, 29 – olhar fixo,
esgazeado e pupilas delatadas, 30 – Sonambulismo, 31
– Amnésia completa, 32 – Amnésia pós-hipnótica
sistematizada, 33 – Anestesia completa, 34 – Anestesia
pós-hipnótica, 35 – Sugestões pós-hipnóticas bizarras,
36 – Movimentos descontrolados do globo ocular,
movimentos desordenados, 37 – Sensações de leveza,
estar flutuando, inchanddo e alheamento, 38 – Rigidez e
inibições nos movimentos, 39 – O desaparecimento e a
aproximação da voz do hipnotista, 40 – Controle das
funções orgânicas, pulsação do coração, pressão
sanguinea, digestão etc., 41 – Hipermnésia ( lembrar
coisas esquecidas), 42 – regressão de idade, 43 –
Alucinações visuais positivas pós-hipnóticas, 44 -
Alucinações visuais negativas pós-hipnóticas, 45 -
Alucinações auditivas positivas pós-hipnóticas, 46 -
Alucinações auditivas negativas pós-hipnóticas, 47 –
Estimulações de sonhos ( em transe ou
póshipnoticamente no sono normal), 48 – Hiperestesia,
49 – Sensações olfativas ( aeromáticas e odores).
• Transe Pleno – 50 Condições de estupor inibindo todas
as atividades espontâneas. Pode sugerir-se o
sonambulismo para esse efeito.
Dentro desse esquema tem de se levar em conta as variantes
das reações individuais. Assim, alguns dos sintomas do transe
profundo podem apresentar-se em certas pessoas já no
transe médio e até mesmo no transe ligeiro, ou não
apresentar-se de todo em outras pessoas. Mas de um modo
geral essa escala confere com os níveis acima indicados,
salvo em casos nos quais os sintomas, que acabamos de
indicar, se produzem por efeito de uma sugestão direta ou
indiretamente veiculada pelo hipnotista.

ALGUMAS REGRAS PARA AÇÃO HIPNÓTICA


(WEISSMANN, Karl )
REPETIÇÃO
Um dos grandes segredos da força sugestiva está na
repetição. É popular a frase de um dos maiores demagogos
da humanidade: “ Uma mentira repetida, uma tantas vezes,
torna-se verdade”, ou mesmo “ água mole pedra dura tanto
bate até que fura”.
Na psicodinâmica da personalidade a lei da repetição
representa uma das forças mais ponderáveis. Cada comando
a ser fixados deve ser repetido pelo menos três vezes.
A MONOTONIA
De modo geral as coisas se tornam hipnóticas pela
monotonia e monótonas pela repetição. Heidenhaim afirma
que “a hipnose resulta de um estímulo sensorial monótono e
suave”. A monotonia da voz costuma superar, em matéria de
ação hipnótica, a monotonia dos gestos e a monotonia do
olhar ou da expressão fisionômica.
Com relação à indução hipnótica contamos com o fator
monotonia sob as mais diversas manifestações, não
unicamente sob a forma mais específica da repetição, da
insistência, da perseverança e da persuasão, o que bastaria
para evocar a síntese emocional da experiência infantil,
consubstanciada na crença do inevitável, do irresistível, do
misterioso e do sinistro, sentimentos tradicionais e
indissoluvelmente associados às teorias e às práticas do
hipnotismo.
A monotonia hipnótica se produz por vias sensoriais e
por vias subjetivas, devendo haver uma sintonia perfeita entre
a monotonia do paciente, do hipnotizador e do ambiente. A
calma do hipnotizador, assim como a confiança que ele tem
em si mesmo e no alcance de seus objetivos são também
essenciais.

TESTES DE SUGESTIBILIDADE
O uso da hipnose é freqüentemente baseado nas idéias
de que só algumas pessoas são hipnotizáveis e que as
pessoas são hipnotizáveis em vários graus. Para os clínicos
tradicionais, os testes de sugestibilidade são vistos como um
modo desejável de avaliar se alguém é hipnotizável e, nesse
caso em que grau. Para Yapko, estes testes não
indispensáveis. Ao invés disso é preferível que o hipnotizador
assuma a presença inevitável de sugestibilidade por parte do
paciente, entretanto para o hipnotizador que não compartilha
desta perspectiva, ou para o hipnotizador que ainda não se
sente bastante experiente para avaliar comunicações para
dinâmica de sugestibilidade podem ser uma ferramenta muito
útil.
Testes de sugestibilidade em prática clínica são feitos
em mini encontros, onde são oferecidos blocos ritualizados de
sugestões de relaxamento ao paciente, seguidos por uma
sugestão para uma resposta específica. Se o paciente
responder da maneira sugerida, ele ou ela, “passou” no teste.
Se o paciente não responder da maneira sugerida, então ele
“falhou” no teste.
O objetivo principal dos testes de sugestibilidade é
determinar o grau de hipnotizabilidade do paciente. Porém,
testes de sugestibilidade também podem servir para vários
propósitos:
Primeiro, usando testes de sugestibilidade para medir
responsabilidade hipnótica, podem ser obtidas valiosas
informações considerando que a aproximação pode ser
melhor para um paciente em particular. Especificamente, a
aproximação deveria ser direta ou indireta? Sugestões
deveriam estar em uma forma positiva ou negativa? O
comportamento do hipnotizador deveria ser comandante,
autoritário, ou calmo, permissivo? Muita ênfase foi colocada
na dinâmica de relação entre o hipnoterapeuta e o paciente, e
testes de sugestibilidade podem ser uma ferramenta útil para
o ajudar a descobrir o estilo que você usará para um cliente
particular.
Segundo: um segundo propósito do teste é servir como
uma experiência de condicionamento para entrar em hipnose.
Experiências futuras envolverão muitas da mesma dinâmica a
um maior grau, e assim o teste de sugestibilidade pode ser um
“ensaio” para o paciente (Spiegel & Spiegel, 1987).
Terceiro: um outro propósito do teste de sugestibilidade
pode ser na sua habilidade para usar o pré-trabalho. Se os
testes de sugestibilidade são introduzidos como preliminar
para o que “real” trabalho terapêutico seja feito, pode ser uma
oportunidade para pegar o paciente fora da guarda e oferecer
algumas sugestões terapêuticas que podem ser menos
sujeitas a análise crítica do paciente (Bates, 1993).

EXECUTANDO TESTES DE SUGESTIBILIDADE

Introduzir e executar o teste de sugestibilidade requer


muita habilidade em comunicação como em qualquer outra
dimensão ao trabalhar com hipnose. São as questões de
cronometrar (quando na relação é oferecido) a resposta do
terapeuta para a resposta do paciente, e o fechamento e
transição para a próxima interação de fase. As instruções
dadas ao paciente sobre a maneira exata de executar o teste
devem cercar-se de certo ritual e solenidade e acompanhadas
de exemplo demonstrativo. Muitos pacientes são refratários à
instrução verbal, porém propensos à imitação.
Entre os testes de sugestibilidade conhecidos, os mais comuns
são:

IDEOMOTORES: servem para medir a ação motora da


sugestão
hipnótica.
O TESTE DAS MÃOS:
Ao propor o teste das mãos, por exemplo, mostro primeiro em
todos os detalhes os movimentos a serem executados. Digo:
“Faça” ou “Façam” como eu estou fazendo. Assim:
entrelaçando firmemente os dedos. As mãos, com os dedos
entrelaçados podem ser firmadas na nuca ou mantidas em
cima da cabeça, com as palmas voltadas para o operador. E
continuo a instrução: “Continue com as mãos nesta posição.
Quando eu pedir, inspire profundamente e prenda a
respiração até eu terminar de contar até cinco. Ao terminar a
contagem, soltará a respiração, porém as mãos continuarão
presas e cada vez mais presas. Não as conseguirá soltar.
Dada essa instrução, manda-se o paciente fechar os olhos, ou
fixar os olhos nos do hipnotizador. Ato contínuo, mando
respirar fundo e prender a respiração. Conto pausadamente
até cinco. Se ao terminar a contagem o paciente não
consegue separar as mãos, não está selecionado, senão
também profundamente sugestionado, quando não
hipnotizado”.
TESTE DA OSCILAÇÃO:
Um dos testes mais usados é o da oscilação. Havendo o
paciente reagido mais ou menos ao teste das mãos, passo ao
teste da oscilação. Este teste oferece, como o anterior, ensejo
para algum ritual e solenidade. O paciente é solicitado a
levantar e largar os objetos que porventura tenha nas mãos.
Recomenda-se em seguida, conforme o caso, não se apoiar
na cadeira ou na pessoa que esteja ao lado. Feita essa
recomendação, passo à demonstração, dizendo: A posição é
esta: os pés juntos. Os braços caídos ao longo do corpo. E
relaxamento muscular. Fique de corpo mole. Não em atitude,
militar. Olhe para mim um instante. Pode fechar os olhos. No
caso de utilizar-me de som digo: Quando a música começar,
você vai sentir um balanço... O balanço continua... Você
continua a balançar, etc. Em lugar da música pode-se recorrer
a um outro condicionamento qualquer com a mesma
probabilidade de êxito. Pode-se dizer também: vou contar até
cinco... Antes de chegar aos cinco, você sentirá um balanço...
O balanço não é considerado como um sintoma muito seguro
de sugestibilidade. O grau e o modo balanço indicam com
relativa margem de segurança a sugestibilidade. Para
certificar-me da legitimidade da reação costumo bater
inadvertidamente no ombro do paciente. Se o mesmo não se
assustar e se o ombro não cede à leve pressão da minha mão,
as probabilidades são mínimas. Se, ao contrário, o paciente
apresenta uma reação de molejo (alguns chegam a pular) é
índice de alta sugestibilidade.
Uma variante deste teste: é aquele em se colocam as mãos
sobre os ombros do paciente, o qual se mantém de olhos
fechados. Ao aliviar a pressão das mãos e finalmente suprimir
o contato físico, o paciente, mesmo sem sugestão específica,
oscila, acompanhando as mãos do operador, como se fora
atraído por força emanada do hipnotizador. O paciente que
reage satisfatoriamente a esta prova pode ser considerado
hipnotizado.

PENDULO DE CHEVREUL –
Com o cotovelo apoiado sobre a mesa, o paciente segura
entre o polegar e o indicador, um barbante, de cuja
extremidade pende um anel ou outro objeto qualquer. Sugere-
se ao paciente o movimento do pendulo, acompanhando uma
linha traçada sobre a mesa. Recomenda-se ao paciente não
intervir voluntariamente no movimento do pêndulo, limitando-
se a segurar o barbante. Na maioria dos casos, o movimento
sugerido começa por esboçar-se na direção indicada. Você
começa a usar sugestões para a ampliação do movimento de
vai e vem do pendulo. Quanto maior o grau de balanço do
pendulo, maior o grau de sugestibilidade. Confirmando o
efeito da sugestão, o terapeuta aproveita o ensejo para
prosseguir, convencendo o paciente que, de acordo com a
prova que acaba de dar, todos, ou pelo menos a maioria dos
pensamentos, tendem a traduzir-se em realidade, bastando o
paciente pensar com a devida vivacidade e intensidade. Ai o
“sujet” já entra em indução.
TESTES SENSORIAIS: indicam a ação sensorial
da hipnose. O “sujet” que reagem negativamente aos testes
motores podem reagir positivamente aos testes sensoriais e
vice-versa. Os testes sensoriais destacam-se pela sua
facilidade executiva e importância prática.
TESTE OLFATIVO: Mostra-se ao paciente meia
dúzia de frascos devidamente rotulados, contendo cada um
uma essência específica, condizente com o rótulo. O paciente
fecha os olhos, e o terapeuta, a uma distancia de dois ou três
metros, abre um dos frascos, anunciando ao paciente a
essência que o mesmo contém. O paciente não pode negar o
perfume anunciado, uma vez que o mesmo existe. O
terapeuta passa a anunciar a abertura do segundo frasco
contendo outra essência por ele especificada. Novamente o
paciente tem de confirmar o cheiro. Do quarto frasco em
diante, porém, a essência é ilusória, pois o conteúdo dos
últimos frascos não corresponde aos rótulos anunciados pelo
hipnotista. Contem água. Pode-se simplificar esse exercício
olfativo, utilizando um simples cartão de visita. À vista do
paciente tira-se o cartão do bolso, da gaveta ou de outro lugar
qualquer o cheirando, e fingindo constatar uma ligeira
impregnação de essências. Comenta-se: Quase
imperceptível! Realmente não há impregnação alguma.
Passa-se em seguida o cartão ao paciente, o qual, não
desconfiando da cilada poderá confirmar o cheiro.
TESTE TÉRMICO: Existem várias modalidades de
testes térmicos, pois, os mesmos podem variar de acordo com
a criatividade do terapeuta. Entre eles o de mais fácil
execução é o teste do dedo. O operador coloca o indicador
sobre o dorso da mão ou o pulso do paciente. Em seguida
recomenda uma forte concentração em relação à área que se
encontra sob a pressão do seu dedo.
Pergunta ao paciente se não sente alguma sensação
estranha, algum aumento de temperatura, uma espécie de
corrente elétrica ou formigamento. Respondendo
afirmativamente, o paciente está selecionado.
Os testes citados acima são métodos denominados
como métodos sugestivos, não se baseando em nenhum
expediente de cansaço físico ou sensorial. Note-se que
nesses processos, o cansaço físico, com todas as suas
características aparentes, é ilusório sendo sempre produto de
sugestão. É sempre produto de sugestão.
Observação importante: qualquer pessoa pode
permanecer de olhos abertos, quer numa leitura, quer na
contemplação de um objeto, horas seguidas, sem cair em
transe e sem ressentir-se sensivelmente da fadiga visual. A
fadiga se produz em função da fé e da expectativa. O paciente
espera, crê que vai e deve sentir os efeitos sugeridos para a
indução. E os sente, sem nenhuma necessidade específica de
demora. Respondem quase que instantaneamente.
MÉTODOS SUBJETIVOS DE INDUÇÀO HIPNÓTICA
MÉTODO DE BERNHEIM:
Inicia-se dizendo ao “sujet”
Acredite que grandes benefícios advirão para o seu caso,
através da hipnoterapia, e que é perfeitamente possível curá-
lo ou pelo menos melhorar o seu estado de saúde por meio
da hipnose;
Nada de penoso ou de estranho nesse processo que consiste
num estado de sono leve ou num estado de torpor que pode
ser produzido em qualquer pessoa, estado esse que restaura
o equilíbrio do sistema nervoso;
Ato contínuo diz-se: olhe para mim e não pense senão
unicamente no sono. Suas pálpebras estão ficando cada vez
mais pesadas, sua vista cansada, começa a piscar, seus
olhos, estão se fechando. Estão úmidos. Você já não enxerga
nitidamente. Seus olhos vão se fechando, fechando...
Fecharam-se;
Há pacientes que fecham os olhos e entram em transe quase
que imediatamente. Já com outros é preciso repetir e insistir.
Preste mais atenção nas minhas palavras. Preste mais
atenção. Mais concentração.
Às vezes pode-se esboçar um gesto. Pouco importa o tipo de
gesto que se esboça.
Entre outros, dois dedos em V. Pedimos ao paciente que fixe
os olhos nos dedos.
E incitando-o ao mesmo tempo a concentrar-se intensamente
na idéia do sono; Repetimos: As suas pálpebras estão
pesadas. Estão se fechando. Já não consegue abrir os olhos.
Seus braços estão ficando pesados. Suas pernas já não
sentem o corpo. Suas mãos estão imóveis. Vai dormir. Em tom
imperativo acrescento:
DURMA!
Em muitos casos esta ordem tem ação decisiva, e resolve o
problema. O paciente fecha imediatamente os olhos e dorme.
Pelo menos se sente influenciado pela hipnose. Assim que se
possa notar que uma das sugestões está sendo aceita
aproveita-se para formular a seguinte;
Pede-se ao paciente que faça um sinal qualquer: movimento
afirmativo ou negativo com a cabeça, levantar o polegar direito
para cima ou para baixo, conforme a resposta seja positiva ou
negativa. Cada sugestão a que o paciente responde
afirmativamente é considerada uma conquista e é preciso
aproveitá-la para outras consecutivas, dizendo ao paciente:
está vendo como funciona bem! Como está correspondendo!
Seu sono está se aprofundando realmente. Seus braços cada
vez mais pesados. Já não consegue baixar os braços, etc.;
Se o paciente intenta baixar o braço, eu lhe resisto dizendo:
Não adianta, meu velho. Quanto mais se esforça para baixar
o braço, mais o seu braço vai levantando. Vou fazer agora
com que seu braço seja atraído pela sua própria cabeça, como
se a cabeça fosse um imã.
Deixa-se o sinal hipnógeno e nas sessões subseqüentes fita-se
o paciente durante dois segundos e profere-se a ordem
DURMA FULANO!

MÉTODO DE MOSS
Consiste numa variante do método de BERNHEIIM. Este
método pode ser considerado Standard. É comumente usado,
com algumas variantes, pela quase totalidade dos
hipnotizadores contemporâneos por conter em boa proporção
sugestões básicas. Trata-se de sugestões que atuam
largamente, em virtude de seu caráter antecipatório e
confirmativo. Pois as sugestões que se vão sugerindo ao
paciente parecem corresponder às reações inerentes ao
próprio estado de hipnose. O paciente começa por sentir-se
cansado. Suas pálpebras começam a fechar.
Manifestam-se freqüentemente, tremores nas pálpebras e
contrações espasmódicas nas mãos e nos cantos da boca.
Observou-se que a hipnose afeta mais rapidamente a vista e
os músculos oculares. Mesmo estando o paciente de olhos
fechados, o terapeuta ainda pode observar o movimento
desordenado dos globos oculares, debaixo das pálpebras,
movendo-se em todos os sentidos, preferencialmente para
cima. É próprio do transe ainda uma sensação de peso nos
membros e uma dormência envolvendo o corpo todo, da nuca
para baixo, bem como uma sensação de estar a flutuar nas
nuvens e a impressão de que a voz do terapeuta, a princípio
poderosamente envolvente, se vai afastando cada vez mais,
até emudecer completamente, para efeitos de lembrança
hipnótica pós-hipnótica.
Dirigindo-se ao paciente diz:
Sente-se na cadeira da maneira mais cômoda possível;
Agora solte o corpo;
Fixe esse ponto (há um ponto qualquer para esse fim, situado
de modo a forçar um pouco a vista do paciente para o alto);
Enquanto seus olhos fixam esse ponto você fica ainda mais
descansado. Afrouxe os músculos rapidamente... Totalmente!
Recomenda-se esperar dez minutos, com o relógio na mão. Às
instruções são dadas em voz monótona, suave, sem titubear, e
pausadamente.
Suas pernas já estão ficando pesadas. Esperar dez segundos.
Muito pesadas. Seu corpo está se tornando pesado. Muito
pesado. Esperar dez segundos. Suas pernas pesadas. Todo
o seu corpo pesado. (pausa). Está descansando
comodamente, profundamente. Seus músculos continuam a
afrouxar-se cada vez mais... Mais... Mais... Pausa. Seus
músculos estão de tal forma relaxados que agora sente
também as pálpebras pesadas. Muito cansadas... Muito
cansadas. Você já está querendo fechar os olhos... Você está
querendo fechar os olhos. Ao fechar os olhos sentirá um
extraordinário bem estar. Entrará num repouso profundo.
( Pausa). Seus músculos estão num estado de perfeito
relaxamento;
Se os olhos do paciente se fecharem, omite-se a seguinte
sugestão. Caso contrário, continua-se dizendo: Seus olhos
estão se sentindo cada vez mais cansados... Estão
fechando... Fechando... Fechando; Repete-se isso quatro ou
cinco vezes. Se os olhos não se fecharem, dá-se a ordem:
feche os olhos, por favor;
Se os olhos do paciente apresentarem um aspecto vítreo, isso
significa que ele está em transe. Neste caso o terapeuta fecha
os olhos do paciente com a sua própria mão.
Agora você esta descansando profundamente; você esta se
sentindo maravilhosamente bem; sua mente não abriga
nenhum pensamento. Enquanto eu falo você vai entrando
num sono profundo. Você ouve a minha voz como se
estivesse vindo de longe... Muito longe. Sua respiração está
se tornando mais lenta, mais profunda. Seus músculos estão
relaxando cada vez mais. Você começa a sentir um
formigamento, uma dormência. Inicialmente na nuca e depois
envolvendo levemente o corpo todo, da nuca para baixo.
Você não sente mais nada. Nem a cadeira em que está
sentado. É como se estivesse flutuando nas nuvens. Continue
a afrouxar os músculos cada vez mais... Mais... Mais... Mais...;
Agora você está no sono profundo, agradável, sem
preocupação. Nada o incomoda. Já não quer acordar. Está
descansando, afrouxando os músculos cada vez mais. Seu
sono continua agradável e profundo. Nada o aborrece. Já não
há ruído capaz de despertá-lo. Você está totalmente surdo. Só
ouve a minha voz. Só obedece a mim. Só eu posso acordá-lo.
Durma... Durma... Durma profundamente.

MÉTODO DA ESTRELA
O método da Estrela, embora a sua autoria seja
desconhecida, desde 1949 já era aplicado pelo húngaro
Joseph Heller, citado por Akstein, foi utilizada e desenvolvida
por Karl Weissman. Método particularmente subjetivo e de
grande efeito simbólico, que foge um tanto da linha ortodoxa
dos métodos anteriormente citados. Muito dificilmente falha.
Eis o método:
Estando o paciente bem acomodado na cadeira, obedecidas
as instruções quanto à maneira de sentar e colocar as mãos
sobre os joelhos e recostar a cabeça, com todos os músculos
bem relaxados, ordeno: Feche os olhos; Em seguida inicia-se
com um apelo à sua própria capacidade de concentração,
apelo esse que é facilmente obedecido por ter um caráter
lisonjeiro às suas pretensões de homem de espírito forte; Digo
então: você vai agora usar de toda sua capacidade de
concentração no que lhe vou sugerir.
O paciente ainda não sabe o que lhe vou sugerir, e isso lhe
prende a atenção e aumenta a expectativa, dois aliados
indispensáveis à indução hipnótica;
Após uma pausa dizer: Uma estrela solitária no céu... Fixe
bem esta estrela... A estrela vem se aproximando
lentamente... Lentamente a estrela se aproxima de você. E à
medida que a estrela se aproxima seu brilho aumenta...
A estrela se aproxima cada vez mais. A estrela vem chegando
cada vez mais perto...
Há pacientes que nessa altura cobrem os olhos, embora
fechados, a fim de proteger a vista contra o deslumbramento.
Continua-se:
A estrela continua a se aproximar... Ela vem chegando cada
vez mais perto... A estrela se aproxima cada vez mais... A
estrela vem chegando, chegando cada vez mais perto;
Repete-se bastante a descrição da aproximação da estrela.
Pode-se observar, eventualmente, os movimentos oculares
dos pacientes por debaixo das pálpebras.;
Uma pausa deve marcar o término da aproximação da estrela;
Agora que a estrela está próxima, vai ocorrer o movimento
contrário... Agora a estrela se afasta para o céu distante...
Vamos agora acompanhar a estrela em sua fuga pelo
espaço... Até a estrela sumir de vista... Até a estrela
desaparecer completamente no céu. Tudo isso com pausas e
tom de voz monótono. Não se determina o momento do
desaparecimento da estrela. Isto fica por conta do paciente;
Agora, respire profundamente. Respire profundamente... A
cada respiração o sono se aprofunda mais... O sono se
aprofunda a cada respiração... A cada respiração o sono se
aprofunda mais;
Aguarda-se cerca de cinco segundos entre cada repetição;
Sugere-se agora a levitação dos braços: A primeira coisa que
você vai sentir é uma atração nas mãos e nos braços... Uma
atração nas mãos e nos braços... Leves. Lenta, mas
irresistivelmente os braços se levantam, lenta, mas
irresistivelmente...
Seus braços continuam a levitar... Uma força estranha puxa os
seus braços para cima. A sugestão pode ser dada para apenas
um dos braços.
Às vezes há pacientes auditivos que não conseguem ver
a estrela. Não tem importância porque a força da sugestão fica
centrada na voz do terapeuta.
ENTRADO EM TRANSE HIPNOIDAL LEVE PRÓPRIO PARA
HIPNOTERAPIA
Gostaria que você se sentasse da forma como eu estou
sentado, com as mãos pousadas sobre as pernas, os pés
tocando o chão, a coluna ereta, de uma forma que seja
confortável para você e, enquanto você se vai ajeitando, seria
bom que aproveitasse para ir-se voltando para dentro de você
e, aproveitando esse momento para estabelecer um bom
relacionamento com você mesmo, solucionando problemas e
aprendendo, confortavelmente, alguma coisa mais sobre você
mesmo.
Talvez você possa encontrar alguma forma de não
perder pessoas, fazendo amizades e usufruindo a companhia
das pessoas. Basta que você se volte para dentro de você
mesmo; e, com certeza, com os olhos fechados, fique mais
agradável para você este contato com você mesmo,
permitindo-se seguir aprendendo e desfrutando da própria
aprendizagem... Enquanto minha voz fica mais e mais
presente para você, que pode procurar ir desfrutando de tudo
que você pode ir aprendendo... Saudavelmente e, enquanto
sua mente consciente se volta para dentro de você mesmo...
Sua mente inconsciente pode ir encontrando formas novas de
relacionamento, porque é muito prazeroso saber-se capaz de
estar com as pessoas...
E... Enquanto você entra... Para dentro de si mesmo...
Eu gostaria que você imaginasse um campo muito grande,
gramado, de cor verde acentuado, com árvores próximas, com
flores de variadas cores, o céu... A água corrente por perto...
Onde você pode deixar-se ficar num ambiente calmo, seguro
e confortável para você. Onde possa soltar-se calmamente...
E você continua ouvindo minha voz, que se faz sua
companheira.
E enquanto eu estive falando com você, pude observar
que sua pálpebras se movem rapidamente e
involuntariamente, que o ritmo de sua respiração mudou e que
o fluxo de sua corrente sanguínea também ficou alterado;
também o ritmo de sua pulsação se modificou e sua cabeça
tombou levemente para o lado esquerdo, enquanto você
continua a aprofundar mais e mais o seu transe, voltando-se
mais e mais para dentro de você mesmo, pronto para
aprender, com você mesmo, dessa riqueza interior que você
trás com você. Suas mãos continuam pousadas sobre as suas
pernas e seus pés continuam tocando o chão, entretanto, suas
pernas mudaram um pouco de posição e eu pude perceber
que sua deglutição se modificou.
Enquanto tudo isso se passa você vai mais e mais e mais
aprofundando seu transe, voltando-se mais e mais para dentro
de você, preenchendo com amizade seu coração e buscando
seguir e prosseguir aprendendo confortavelmente e
saudavelmente com você mesmo. E você pode deixar que sua
mente inconsciente tome conta, porque você não precisa fazer
nada para isso.
Apenas você se volta mais para dentro de você mesmo...

MÉTODO DE BRAID (CANETA)


O paciente deve estar em posição confortável, com o terapeuta
à sua frente;
O terapeuta deve portar uma caneta que deverá ser mostrada
ao paciente e posicionada acima dos seus olhos,
permanecendo o paciente com a cabeça reta e olhos para
frente;
Pede-se ao paciente que, permanecendo com a cabeça nesta
posição, olhe fixamente para a ponta da caneta que é mantida
5cm acima da glabela e ligeiramente para trás, sem piscar e
nem mexes a cabeça;
Olhando fixamente a ponta da caneta, olhando fixamente a
ponta da caneta... (repetir três vezes). Sua vista vai ficando
cansada... Cansada... (repetir três vezes), suas pálpebras
estão pesadas... Pesadas... (repetir três vezes), sua vista está
ficando turva... Turva... Você está com vontade de fechar os
olhos... Fechar os olhos...
Vamos então baixando lentamente a caneta, seguindo a linha
média do dorso do nariz, em direção à linha média do esterno.
Se o paciente está olhando fixamente a ponta da caneta, ele
acaba fechando os olhos suavemente.

MÉTODO DE INDUÇÃO – Variante de Braid


Olhe para o seu polegar fixamente...Resista o máximo que
puder, mas seu braço vai ficando pesado... Seus olhos vão se
fechando na medida em que seu braço vai pesando...
Pesando... Pesando...Braço pesado... Muito
pesado...Olhando fixamente... Vai ver seu dedo duplo...
Olhos cansados... Pesados...Continue nesta indução até
verificar que a mão do paciente está quase tocando a perna,
então continue...
Assim que sua mão tocar sua perna você ficará em transe
profundo... Relaxado... Profundo... Só ouve a música e a
minha voz...E onde você for continuará ouvindo minha voz...
MÉTODO DO OLHAR FIXO NUM PONTO
1. Pede-se ao paciente que se sente o mais confortável possível
e que fixe o seu olhar num determinado ponto da parede ou
do teto;
2. Olhar fixamente, sem piscar... Sem piscar... Olhar fixo... Sem
piscar...
3. O ponto fixado parece que se mexe...Ou não... Parece que
embaça...;
4. Suas pálpebras estão ficando pesadas... Mais pesadas... E
poderão ou não se fechar... Pesadas... Mais pesadas...
Fechando... Fechando... Mais pesadas... Mais pesadas...;
5. Agora elas estão bem pesadas e fechadas... E é impossível
abri-las... Impossível...;
6. Colocar os polegares sobre as mesmas e mantê-las assim
por um tempo;
7. pesquisam-se os sinais que indicam que o paciente está em
transe;
7.1. Levanta-se o braço do paciente e fazendo-se isso se
diz, ao mesmo tempo, que ele (paciente) não tem
controle sobre o braço e que ao soltá-lo ele cairá
livremente e soltar-se-á;
7.2. Reflexo palpebral;
7.3. Face desabada, com musculatura solta;
7.4. Tremor palpebral, etc.

MÉTODO DO PESTANEJAMENTO SINCRÔNICO


Com o paciente sentado em posição correta para o
procedimento de hipnotização diz-se:
Eu contarei 1 e você abaixará e levantara suas pálpebras; direi
2 e você fará o mesmo e assim sucessivamente. Manterá sua
cabeça imóvel somente suas pálpebras é que se
movimentarão;
Geralmente conta-se até 30, no máximo 40. Isto já provocou
um cansaço nas pálpebras. Então, com um das mãos abertas,
toca-se suavemente os dedos na nuca enquanto com a outra
mão, mais suavemente ainda, aproveita-se de um dos
fechamentos das pálpebras, toca-se nos olhos do paciente
mantendo-os fechados ao mesmo tempo em que se diz:
Seus olhos ficarão fechados; seu pescoço está relaxado... E
repete-se várias vezes as palavras de ordem de indução.
MÉTODO DE AUTO-VISUALIZAÇÃO
Imagine-se, pois de olhos fechados, dormindo;
Mas, enquanto a sua imagem visualizada está de olhos
fechados, você continuará de olhos abertos, enquanto
puder;Você está conseguindo imaginar-se a si mesmo de
olhos fechados, dormindo? (O paciente responderá
afirmativamente com um movimento do polegar direito);
Você vai sentindo sono também...A exemplo de sua imagem,
você vai entrando também num profundo sono...Você está
sentindo sono, também...Você não consegue ficar com os
olhos abertos...Pensando em si mesmo de olhas
fechados...Você também vai fechando os olhos...
Já está querendo dormir também...Dormindo... Dormindo...
Dormindo...

MÉTODO DE ERICKSON E WOLBERG


Relaxe os músculos. As mãos sobre os joelhos...Vai prestando
toda atenção nas suas mãos;
Procure registrar tudo o que sentir em relação a elas;É
possível que sinta o calor ou o peso das mãos sobre as
pernas;Às vezes, um formigamento... Não importa qual seja a
sensação que experimentar. O que importa é registrá-las;Vá
prestando atenção no que sentir... Repare, agora, na
imobilidade das mãos...Como estão imóveis! Mas isso não vai
continuar assim... Em breve, um dos dedos começará a se
mover. Qual deles se moverá primeiro? O indicador? O
mínimo? O polegar? Não se pode prever;

Será primeiro um dedo da mão direita? Ou um dedo da mão


esquerda?Repare: Um já conseguiu se mover; Preste
atenção... Outro...Agora, os dedos vão se movendo mais e os
braços se levantam... Quando as suas mãos chegarem à
altura do seu rosto, você estará profundamente
adormecido(a), ou hipnotizado(a);À medida que suas mãos se
aproximam de seu rosto, o seu sono (ou hipnose) se
aprofunda; Ao tocarem no seu rosto, você estará em sono
profundo; Durma tranqüilamente... Nada o molesta, nada o
preocupa...Sua mente não abriga nenhum pensamento...
Você está perfeitamente à vontade... Está se sentindo
perfeitamente bem... É uma sensação agradável de perfeito
bem estar...Só ouve a minha voz... Só eu posso acordá-lo...
Etc. etc.

MÉTODO DA INTERRUPÇÀO DE PADRÕES


ESTABELECIDOS E
AUTOMATIZADOS

Alguns padrões de comportamento ou de atividades são


rigidamente estabelecidos por uma família ou cultura, e um
exemplo disso é o aperto de mão como cumprimento. O aperto
de mão é uma unidade de comportamento singular na
consciência de um individuo. Se eu estender a mão para
saudar alguém, essa pessoa responderá com movimento
similar automático. Pois bem, se na hora dela estender a mão
eu mudar meu movimento e pegar seu pulso entre dois dedos
e levantar suavemente seu braço, ela não terá mais o
movimento automático seguinte, que seria de apertar a minha
mão e sacudi-la 2 ou 3 vezes, este é um instante de transe e
pode ser aproveitado para propor:
Sua mão está solta no ar... Sem peso... Flutuando sem
qualquer esforço...
Com freqüência a pessoa chega a ter completa amnésia
dessa fração de tempo em que fica com o braço suspenso. Às
vezes, os olhos ficam abertos em fascinação; Se no instante
da interrupção nós estávamos sorrindo para ela e dizendo, por
exemplo: Muito prazer em... Ao suspendermos o transe, basta
pegarmos a mão, sacudi-la e dizer... Conhecê-lo, meu nome
é... A pessoa poderá ter apenas um instante de espanto, e
continuar a conversa como se nada tivesse acontecido.
Essa técnica foi descrita por Grinder e Bandler em Trans-
Formations. Eles dizem que isto pode acontecer com qualquer
movimento padronizado, como tirar um cigarro da carteira, por
exemplo.
Milton Erickson usava, às vezes, uma técnica semelhante: ao
sacudir a mão por mais tempo do que seria de se esperar e
depois, ai soltando a mão lentamente de forma estranha e no
último instante dava um ligeiro impulso para cima e o braço
ficava levitando em catalepsia.
Um estado de transe pode também se formar quando algo do
comportamento de uma pessoa se torna totalmente
incongruente e inesperado. Poe exemplo: Estou falando com
alguém e, sem qualquer aviso, continuo movendo meus lábios
como se formassem palavras, porém sem emitir nenhum som.
MÉTODO DO BALÃO E OUTRAS FANTASIAS
BALÃO
Outras vezes você pode propor à pessoa: Você é um balão,
sem peso, que está subindo lentamente no espaço até flutuar
lá no alto... Vendo a paisagem suave que fica cada vez
menor... Flutuando suavemente ao sabor da brisa... Sentindo
no corpo o calor do sol e uma sensação de proteção e
segurança; Isto é importante, pois pode haver acrofobia ou
insegurança. Na acrofobia previamente anotada, é melhor
usar outra fantasia.; Propor imagens genéricas de paisagens
sem, todavia dar muitos detalhes, pois não sabemos que
paisagens o paciente quer imaginar; Repetir várias vezes as
palavras segurança... Bem estar... Paz;
No final da sessão dizer: Agora você vai descer suavemente
para a terra aonde você é esperado com carinho por pessoas
que gostam de você;
Podemos sugerir fantasias de ser uma gaivota ou flutuando em
águas calmas.
MÉTODO DA AUTOSCOPIA
Uma outra técnica de indução baseia-se na autoscopia,
ou seja, imaginarse se vendo num espelho. Essa técnica é
proposta principalmente para aquelas pessoas que têm medo
de fechar os olhos com fantasias de morte ou de perda de
controle.
A proposta é:
Imaginar-se na frente de um espelho...Você está na frente
desse espelho... Mas enquanto você está de olhos abertos
sua imagem está com os olhos fechados...Aproxime-se dela
mentalmente... Seus olhos estão abertos... A imagem está
com os olhos pesados... Colados... Sentindo-se
agradavelmente relaxada...Veja isso claramente... Está
vendo? Sinaliza apenas com o polegar da mão direita se está
vendo...Sua imagem está com sono... Ela sente sono... Uma
enorme e agradável moleza... É impossível ficar
acordado...Continuar a falar da imagem como uma meta-
sugestão que, aos poucos, é absorvida pelo paciente;Agora
está entrando num suave estado de transe (sono), cada vez
mais agradável... Sono... Sono... Suas pálpebras estão
pesadas... Estão pesadas (suas é ambíguo);
O sono aumenta... Aumenta... Você dorme
profundamente...Ou, se for o caso, dizer: Você não precisa
dormir... Não precisa... Dormir... Dormir... Dormir...

MÉTODO DE HIPNOSE RÁPIDA


Existem, no mercado diversos tipos de metrônomos.
Qualquer deles pode ser usado para a indução do transe
hipnótico. Aqui usaremos um modelo digital, bem simples, que
emite um som e um piscar de luz vermelha. Regula-se para
uma freqüência de 60 ou menos e o mesmo é colocado na
frente do paciente, que deve ficar confortavelmente sentado
ou deitado. Induz-se o relaxamento da forma habitual e pode-
se deixar o metrônomo ligado durante o transe ou mesmo
desligado. A dificuldade que sentimos é a dependência que o
mesmo gera (se ficarmos sem o mesmo não conseguiremos
hipnotizar ninguém?)
MÉTODO DE MILTON ERICKSOM
Famoso pela capacidade de criar um rapport e uma
indução tão adequada que lhe permite dizer que não existe
uma resistência, pois todo mundo encontra de uma ou de
outra maneira o estado de transe.
É característico de sua metodologia o uso de truísmos,
ou verdades evidentes, que eram de tal forma misturadas com
novas propostas, que o paciente as aceitava também como
realidade.
Caracterizado pelos 3 Ms
( Motivar, Metaforizar, Mover) e 2 Rs (Responsividade,
Recursos ).
A terapia é única para um único cliente, construída para
as necessidades e situações daquele paciente.

MÉTODO DA LETARGIA
O paciente deve ficar de pé, com os pés paralelos e próximos
um do outro;
A mão esquerda do hipnólogo deve se posicionar na nuca e
coluna cervical do paciente enquanto a mão direita desse é
colocada no esterno, entre as linhas mamilares;
Apoiando firmemente a mão esquerda atrás da cabeça do
paciente e fazendo-se um movimento circular com a mão
direita,no esterno, ao mesmo tempo balançamos o paciente
para frente e para trás num movimento de vai e vem, enquanto
sugerimos ao mesmo que feche os olhos e durma, tranqüilo...
Repetir 3 vezes esta sugestão;
Ao perceber e testar que o paciente está em transe, colocá-lo
sentado e pilotá-lo como após toda indução hipnótica.
MÉTODO RESULTANTE DA ASSOCIAÇÃO DE VÁRIOS
MÉTODOS
Método de Braid + caneta que desce oscilando de um para
outro lado.
Método de Braid + metrônomo (no lugar da caneta)
Método de Braid + pestanejar sincrônico
Método do pestanejar sincrônico + metrônomo (olhar
fixo na luz) Outros.

HIPNOTERAPIA ERICKSONIANA
Milton H. Erickson foi habilíssimo no uso de estórias e
metáforas em terapia para aumentar a efetividade das
psicoterapias breves. Ele acreditava que, contando de um
modo indireto um caso semelhante ao do paciente, com uma
saída possível, ou uma estória que chamasse a atenção do
cliente sob certos aspectos semelhante aos seus próprios
problemas, faria com que o paciente pensasse em seus
próprios recursos de como também resolver seus problemas.
A metamensagem dessas estórias – uma mensagem
embutida sutilmente dentro do conteúdo das narrativas –
passa diretamente à mente inconsciente. O emprego da
hipnose tornava mais eficaz o uso de metáforas, afrouxando
a atenção da mente consciente e sua censura, que ficam
absorvidas através de técnicas hipnóticas, enquanto as
mensagens são dirigidas à mente inconsciente, que está
muito mais próxima do pensamento por imagens do que
daquele por palavras. Portanto, em hipnose o efeito é maior e
mais duradouro.
Eu poderia dizer resumidamente que Milton H. Erickson
dividia a mente em mente consciente e mente inconsciente.
Mente consciente seria aquela mente que pensa, julga, faz e
que toma conta da nossa consciência. E mente inconsciente
corresponderia àquilo que se passa fora da nossa
consciência, daquilo que estamos cientes, mas que tem um
papel em determinar fenômenos físicos e mentais. A mente
consciente é vista como uma parte limitada que não é capaz
de muitos pensamentos e atos simultâneos. A mente
inconsciente é sábia, ilimitada, capaz de fazer muito mais do
que a gente conscientemente imagina, um verdadeiro
reservatório de potenciais.
Desta maneira, o uso da hipnose na psicoterapia
serviria de ferramenta para distrair e absorver a mente
consciente, e levar à mente inconsciente, através de
meta/mensagens, sob a forma de sugestão (su, sub = por
debaixo + gestione = gestão, administração), novas
possibilidades de acessar os recursos internos de cada
pessoa e ressignificar aquilo que hoje é visto como
problema.
Para fazê-lo, Milton H. Erickson utilizava a linguagem do
próprio cliente, contava casos, estórias, usava metáforas
embutidas dentro de outras com o intuito de confundir a mente
consciente e assim levantar resistência.
O princípio do uso das metáforas era bem simples: falar
de algo que chamasse a atenção do cliente, como uma
ponte de ligação ao seu problema, ou que o levasse a agir
como um radar, captando o que lhe interessa. Por exemplo:
se você tem um problema em seu carro e conta a alguém o
que fez para consertálo, onde levou, o que trocou, etc., faz
imediatamente a pessoa se remeter a um estrago em seu
próprio veículo, onde levou, como consertou ou como poderá
fazê-lo, caso esteja precisando de ajuda. É o mesmo
princípio.
Deste modo, você não provoca atritos com a resistência,
o que ocorreria se dissesse diretamente vá e faça assim. Você
sugere (suggerere, su + gerere) ao outro uma maneira de ver,
de lidar, de experienciar algo novo e diferente.
Lembrando:
Metaforizar é essencial. É o meio de ser indireto, de
conversar a língua do inconsciente. A pessoa guarda com
mais facilidade casos, estórias, interpretações metafóricas do
que conversas e interpretações lógicas. As metáforas ficam
como uma ponte de tratamento. O cliente vai embora, mas
leva algo de que, se a metáfora foi feita de acordo e sob
medida para aquele sujeito, não se esquecerá.
Milton H. Erickson atendia pessoas dos Estados Unidos
inteiro, alguns estrangeiros e, numa terapia brevíssima,
precisava deixar o seu recado e sua ressignificação. Ele o
fazia através das metáforas que usava ou das tarefas
metafóricas.
Contar estórias metafóricas ajudava a pessoa a poder
mover-se de uma situação paralisada. O objetivo das
metáforas é guiar o cliente para um caminho de auto-ajuda,
em que ele próprio vai encontrar uma nova maneira de lidar
com o que antes não conseguia.
A própria levitação das mãos é uma técnica hipnoterapêutica
que tem como linguagem metafórica o significado da
mudança natural que vem de dentro, de uma força que se
pode acessar, como se coloca um novo programa no
computador, fazendo-o trabalhar numa nova inteligência.
A TERAPIA ESTRATÉGICA DE ERICKSON
Erickson tinha uma modalidade única e especial de fazer
terapia sob medida, por isso é impossível tentar sistematizá-
lo. Mas observamos que existem características específicas
em seu trabalho que os ericksonianos adotam como padrão
de abordagem. Elas são, em resumo, três modalidades de
abordagens:
1) Entrar pelo sintoma, modificando o padrão do problema
2) O uso de analogias e metáforas
3) Intervenções paradoxais
A seguir, estudaremos resumidamente cada um destes
itens.
Se você quiser aprofundar neste tema leia os livros de
William O’Hanlon como Raízes Profundas, Em Busca de
Solução, Guia de Terapia Breve e Hipnose Centrada na
Solução de Problemas.
1 – A intervenção no padrão que modifica a ação do problema
(Entrar pelo sintoma)
O que já foi visto por muitos terapeutas breves é que a
conduta de se trabalhar com a queixa que o paciente traz não
oferece resistência. Assim podemos ver que nas
psicoterapias tradicionais onde se busca a causa do conflito,
as resistências aparecem rapidamente.
Erickson trabalhava apenas com aquilo que o cliente
lhe oferecia mesmo que fosse somente a resistência. Sem
buscar algo mais no passado ou onde quer que fosse!
De acordo com Erickson, o interessante era mudar o
padrão de respostas automáticas que contém ou
acompanham as experiências ou condutas indesejadas
(sintomas).
Assim, é importante reunir o maior número de elementos
sobre a queixa do paciente e com isso MODIFICAR o sintoma.
Você deve
observar: a) a
linguagem
b) interesses e motivação
c) crenças e marcos de referência
d) condutas
e) o sintoma
f) resistência
Uma alteração qualquer da queixa modifica as questões
que rodeiam o problema e com freqüência a conduta/problema
desaparece.
O’Hanlon mostra 15 modalidades que ele observou no
trabalho de Erickson em INJETAR um vírus que MODIFICA O
PADRÃO DO
PROBLEMA. Vou colocá-las aqui, para que você possa
utilizá-las em seu trabalho terapêutico. No princípio, é difícil
acostumar a intervir no padrão, mas aos poucos você pega o
jeito.
Principais modos de intervenção no padrão:
1. mudar a freqüência/ritmo
2. mudar a duração do sintoma
3. mudar o momento (dia/semana/mês/ano)
4. Mudar a direção (no corpo/no mundo)
5. Mudar a intensidade
6. Mudar alguma outra característica ou
circunstância própria do sintoma
7. mudar a seqüência dos acontecimentos
8. criar um curto circuito na seqüência (do início
para o final)
9. interromper a seqüência, ou impedi-la de outro
modo
10. Tirar um elemento
11. Fragmentar um elemento unitário
12. fazer com que o sintoma se despregue de seu
padrão
13. fazer com que o sintoma se despregue do
padrão-sintoma com exceção do sintoma (comer muito
mas em pouco tempo)
14. inverter o padrão
15. vincular o aparecimento da padrão-sintoma com
outro padrão
( tarefa condicionada pelo sintoma )
Erickson utilizava destas modalidades para injetar vírus
no padrão do sintoma, às vezes sem ao menos questionar as
causas dos problemas. E o resultado? Excelente!
Assim, podemos dizer que numa terapia bem estratégica
e breve conseguimos modificar um padrão de conduta e
muitas vezes uma VIDA! Tornando-a mais adaptativa e feliz.
Os bons resultados em vencer um sistema trabalham
automaticamente as mudanças internas do sujeito e a terapia
se faz naturalmente.
Ex. 1) Policial aposentado obeso, tabagista e que bebia
muito.
Erickson interveio lhe dando uma tarefa: para comer,
comprar uma refeição por vez num supermercado à 1,5 km.
Para beber, uma dose por bar com uma distância razoável
entre um e outro. E para fumar comprar o maço de cigarros
do outro lado do bairro, indo a pé.
Ex. 2) Rapaz de 17 anos que levantava o braço direito 135
vezes/min.
Erickson fez com que levantasse 145 vezes/min e
seguiu aumentando e diminuindo alternadamente, com
aumento de 5x/min e diminuição de 10x/min até que
desapareceu por completo.
2) O uso de analogias e metáforas
Este já é um assunto bem conhecido por nós. Conversar
por analogias, contar casos ou estórias faz com que as
pessoas se relembrem de seus próprios problemas. Elas
sempre estão buscando uma solução de problemas. Se você
constrói estórias ou conta casos que contenham os problemas
dos pacientes, eles conseguem captar a idéia e/ou
metamensagem embutida em busca da solução de seus
próprios problemas.
Veja textos sobre como construir metáforas e leia Minha
Voz irá Contigo de Sidney Rosen; neste livro Erickson conta
muitos casos e muitas estórias em busca de solução para os
conflitos de cada um.
É bom lembrar que as metáforas são pontes de ligação do
problema para a solução.
3) As intervenções paradoxais
Creio que a essência maravilhosa de Erickson se
encontra no trabalho com o paradoxo. Vamos analisar de
uma forma sucinta, mas objetiva as estratégias de Erickson
para lidar com o paradoxo.
Todos nós temos conflitos. Por conflito podemos
entender que temos um “problema sem solução”. Por detrás
dos nossos conflitos se encontram os paradoxos de nossas
vidas.
Os quais todos temos, pois todos temos problemas. Quanto
maior a rigidez, mais fechado é o paradoxo, maior é o
problema. Tudo uma questão de volume como diz Teresa
Robles.
Por paradoxo entendemos duas ordens contraditórias
ditas ao mesmo tempo e assim não há como evitar o
fracasso, pois se você não obedece a uma, falha com a
outra. Tem aquele bom exemplo da mãe que presenteia o
filho com duas gravatas. O filho coloca uma para ir trabalhar
e a mãe diz “Ó meu filho, você não gostou da outra gravata
que mamãe te deu!” Como sair desta!!!
Um exemplo prático: mulher deprimida e obesa. Ficou
assim porque um dia descobriu que o marido ciumento, que
lhe exigia estar sempre linda, a traíra. Engordou para não lhe
dar mais prazer (1a ordem), e deprimiu porque havia ficado
gorda (2a ordem). O que fazer?! Chega dizendo que quer
melhorar da depressão, mas não pode emagrecer!!!
Erickson observava que todos os problemas tinham seus
paradoxos. Assim ele utilizava de uma maneira astuta técnicas
paradoxais com estes pacientes.
A estratégia:
Prescrever o Sintoma!
Ele queria com isso que o paciente fizesse
voluntariamente aquilo que antes fazia automaticamente
(inconscientemente). Normalmente prescrevia o sintoma
associado da emoção subjacente escondida na forma
automática de funcionar. A partir do momento que o sintoma
deixava de ser automático denunciava o que o sintoma
deseja “falar” ou “fazer” e com isto as pessoas se curavam.
A forma de empregar a prescrição
a) Por obediência – dá-se uma ordem de aumentar o
sintoma para depois
baixá-lo.
Pode ser feita com pessoas obedientes, permissivas, que
cooperam com o terapeuta e quando o paciente acha que seus
sintomas estão fora de combate.
b) Por desafio – espera-se que o paciente desafie, aberta
ou
encobertamente, o pedido do terapeuta.
O paciente resiste ou se rebela à prescrição.
Este tipo de prescrição de sintomas é dada a
pessoas controladoras e de grande oposição e vê seus
sintomas como potencialmente controláveis. Assim
podemos ver os paradoxos dados pelo terapeuta como:
de prescrição – roer unhas, chupar determinados dedos.
de restrição – não faça isso, vá devagar (quando é para
ir depressa) de posicionamento – trocar a posição de um
problema – (aceitando ou
exagerando uma afirmação do próprio paciente sobre seu
problema).
Para Fishen e Anderson os paradoxos podem ter 3
classes de estratégia paradoxical:
1. Redefinição – modificar o significado da interpretação
atribuído ao sintoma.
Ex.: Redefinir uma criança como extremamente sensível,
quando fóbica.
2. Escalada – é o intento de criar uma crise ou um
aumento da freqüência da conduta sintomática.
3. Reorientação – trocar um aspecto do sintoma,
prescrevendo circunstâncias particulares do sintoma. (Chupar
o dedo só na frente do pai, fazendo muito barulho para
assustá-lo muito!).
Por fim, deve lembrar vocês que Paul Watzlawick, a
Escola de Palo Alto, a Escola de Milão são as origens dos
trabalhos com paradoxos. Vale a pena ver textos destas
fontes.
Todos estes trabalhos de paradoxos são dados como
prescrição de sintomas, em outras palavras, como tarefas.

Bibliografia
William O’Hanlon - “Guia Breve de Terapia Breve”
“Raízes Profundas”
“Hipnose Centrada na Solução de Problemas”

INDUÇÃO DE RELAXAMENTO PROGRESSIVO


Quando vamos fazer uma indução, lembremo-nos de
alguns princípios fundamentais para o estabelecimento da
aliança terapêutica.
Motivação - é muito importante estar motivado para
querer algo novo que vai ajudá-lo. Desenvolva a motivação
antes. Vemos que é muito fácil colocar um queimado ou uma
pessoa com dor em transe; há uma motivação enorme para
sair do sofrimento.
Rapport - a segurança ao dizer “vem comigo”, para que a
pessoa possa segui-lo como um guia, um “lanterninha” de
cinema que indica os lugares onde o cliente possa se “sentar”;
ele precisa confiar, se entregar. Há pessoas com maior
dificuldade de entrega. Necessitam de controle. Dê-lhes o
controle e elas se colocarão predispostas para relaxar, porque
relaxar o corpo ajuda a relaxar a mente. Como diz o professor
Malomar Edelweiss: “A cada tônus muscular corresponde um
tônus mental, e vice-versa”.
Então estabeleça que o que vocês vão fazer é um
relaxamento e que ele é proveitoso de todas as maneiras.
Tire as dúvidas sobre o que a pessoa entende por
hipnose, se ela já foi hipnotizada antes, se já fez algum curso
de controle da mente, ioga etc. Você fará uma comparação
mostrando que o caminho é o mesmo. Tire as dúvidas quanto
aos mitos, caso a pessoa os tenha.
Assim, depois de motivá-la, estabelecer a confiança,
você pode colocá-la numa posição confortável. Sentada, de
preferência, pois nos dá maiores referências sobre a
constelação hipnótica, em que nível de transe o sujeito está.
Além do que, a pessoa percebe a diferença do estado alerta
para o transe. Muitas vezes, quando a pessoa deita, passa
direto ao sono.
Não há necessidade de ser uma poltrona
excepcionalmente confortável. Milton H. Erickson hipnotizava
em cadeiras bem desconfortáveis e todos entravam
prontamente em transe por sua motivação.
Posicione-se de frente ao seu cliente, de pernas e
braços descruzados, e peça a ele que faça o mesmo. Isto
porque se acredita que a postura fechada leva a não se abrir
ao novo. Se você for fazer levitação das mãos, a pessoa
estará com
os braços catalepticamente mais presos. Além do que, um
braço ou uma perna pesa sobre a outra, durante o transe,
por causa do fenômeno da catalepsia. Ao se posicionarem,
você já pode começar o transe não-verbal, respirando
profunda e suavemente e fechando seus olhos por alguns
segundos. Se a pessoa o seguir, ela já está responsiva.

Aqui começa o transe:


Você pode fechar seus olhos...
Permita-se respirar profundamente, calmamente e sinta
sua respiração...
Como é gostoso poder parar por alguns instantes... dar-
se algum tempo...
Um tempo para se voltar para você mesmo...
De olhos fechados para fora... Você pode abrir os seus
olhos internos... olhos que vão poder olhar (sentir) você lá
dentro...
Respire... inspirando calma... mente... solta... mente...
abrindo o peito para uma nova inspiração... abrindo o peito
apertado de sentimentos (sofrimentos / pensamentos)...
Trabalhar a angústia... angústia... é uma palavra que vem
do latim... significa peito apertado...
Sua mente consciente pode ir ouvindo estas palavras
que vão guiando você... enquanto sua mente inconsciente
pode sabiamente ir fazendo sua prória viagem de conforto...
Inspirando... abrindo o peito... um novo fôlego...
Expirando...
Ex/pressando... aquilo que fica preso lá dentro...
À medida que você faz esta respiração solta/mente...
gostosa/mente... você pode ir se soltando aí no sofá (cadeira),
sentindo o seu corpo, seus pensamentos... que partes estão
mais tensas...
Mas não faça força... nem mesmo força para não fazer
força... Deixe as coisas acontecerem naturalmente... Até
mesmo os pensamentos... sem julgamento.
A respiração vai ajudando você, digerindo, limpando...
levando oxigênio a todas as suas células... retirando o gás
carbônico e todas as toxinas que ficam presas lá no fundo...
Abrindo... Soltando... Protegidamente pelo seu
inconsciente...
E assim, enquanto sua mente consciente vai
percebendo pequenos ajustes, a sua mente mais profunda
vai fazendo as mudanças necessárias, buscando seus
recursos interiores; porque aí dentro de você há um
reservatório de bons recursos para ajudá-lo a se sentir bem,
agora!...
E você pode ir percebendo seu corpo... Ir soltando seus
pés... Sinta os seus pés no chão, dentro dos seus sapatos...
você pode apoiar seus pés e se deixar ir para dentro mais e
mais...
Enquanto você solta seus pés e os sente... Pode ir
soltando pernas... o pensamento calmamente... solta/mente...
aliviando cada tensão muscular...
Pode ir sentindo as pernas apoiadas ao sofá (cadeira),
deixando-as aí ficarem... Pode ir soltando quadris... abdômen...
soltando peso... tensão...
A mente consciente focaliza, localiza... A mente
inconsciente desliza, solta, relaxa... Porque é sua parte sábia
que ajuda você a descobrir algum conforto, paz e
relaxamento...
Vai soltando o peito... a respiração... Soltando as costas
nas costas do sofá ( cadeira), vértebra... músculo por músculo...
Você pode se deixar ir, soltando... relaxando... enquanto
sua mente inconsciente já trabalha sabiamente para ajudá-lo
em suas questões (...)...
Soltando... Relaxando...
E o corpo... pescoço... nuca... soltando, relaxando...
aliviada/mente.
E você pode sentir a cabeça, os músculos da cabeça,
da face... que coisa boa é poder se dar algum tempo...
Tempo de revisão... Tempo de soltar... Tempo de
aproveitar... Aproveite saudavelmente este momento...
A esta altura... eu vou observando mudanças em você...
Enquanto eu fui falando... sua pulsação mudou... seus
batimentos cardíacos se tornaram mais compassados... seu
rosto está com uma expressão mais suave...
(e assim por diante, vá colocando aquilo da constelação
hipnótica que você percebe e que ajude a pessoa a relaxar
ainda mais... observe bem antes de falar).
Como disse um professor meu, em suas induções: tudo
é questão de treinamento, quanto mais a gente treina, mais e
mais aprende... Desde pequenino, levou algum tempo no
aprendizado do caminhar, andar com suas próprias pernas.
Primeiro, foi ajudado pela mão de um adulto, que lhe deu o
apoio; depois a vontade era tão grande de andar, que você
foi querendo dar seus próprios passos sozinho. Às vezes
caía, mas levantava, caminhava lento e tropeçando, mas
queria aprender. Quanto mais você treinava, mais você
aprendia, até que você aprendeu a andar com suas próprias
pernas. Andou, correu, brincou, coisas que sabe fazer até
hoje. Sua mente inconsciente, hoje, não pensa para fazê-las.
Simplesmente o faz! Os aprendizados vão sendo
armazenados dentro do nosso inconsciente e este os guarda
como uma fonte de recursos, que pode ser processada
automaticamente, protegidamente... para lhe ajudar... em
qualquer momento de sua vida... Pois foi assim também
quando você foi para a escola aprender a ler e escrever...
Levou tempo treinando e aprendendo cada letra, seu som e
formato... juntando as letras... o m com três perninhas, o n
com duas... a diferença do p para o b... e juntando letras foi
formando palavras... e treinando você foi aprendendo,
automaticamente, a utilizá-las. Hoje, você lê e escreve
automaticamente, sem ter que pensar... Seu inconsciente
toma conta de seus aprendizados, daquilo que
saudavelmente, automaticamente, você pode utilizar em
seus aprendizados... E, como todo aprendizado, vai sendo
armazenado em seu favor, lá no fundo de sua mente, para
você utilizar quando quiser... Você também faz novos
aprendizados, todos os dias... Além de poder reaprender
muitas coisas boas e novas a cada dia. Quanto mais você
treina, mais você é capaz de ir aprendendo... e sua mente
inconsciente pode ajudá-lo com uma fonte inesgotável de
recursos que você tem. Aproveitando... relaxando... Um novo
momento de aprendizado... e você pode ir aprendendo a
respirar.... inspirando um novo fôlego... expirando as toxinas
lá de dentro... soltando o corpo para soltar a mente...
saudavelmente... e assim, das próximas vezes em que você
entrar em transe, você poderá se aprofundar ainda mais
nesta viagem de bem-estar.... agora, aqui, você levará a
saudável sensação de bem-estar para um resto de dia
(noite) agradável, assim como novos dias agradáveis... em
que virão pensamentos, sonhos, lembranças, que te
ajudarão, cada vez mais, a realizar o que você deseja:
equilibrar... restaurar... recuperar... aprendendo a cada
momento... mais livremente...
Assim, agora respire gostosamente e vá se serenamente
ativo, ativamente sereno, bem desperto aqui, de volta à sala...
ouvindo os sons ao redor... ouvindo a minha voz e se
orientando a este momento... mantendo o bem-estar...
... Se você quiser pode se lembrar do que foi dito, ou pode
esquecer de se lembrar... ou pode deixar por conta da sua
mente inconsciente ir lembrando você daquilo que for
necessário...

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