A cultura na modernidade
O desenvolvimento urbano e comercial
ocorrido a partir do século XII na Europa serviu
de base para uma grande transformação de
toda sua cultura. Uma maior liberdade, os
contatos com os povos e civilizações
diferentes, as mudanças de mentalidades e de
costumes alteraram a cultura medieval
existente até então.
No século XII, o Renascimento
testemunhou o surgimento da figura do
intelectual, que tinha consciência de viver num
mundo bem diferente daquele que os séculos
passados considerava si mesmo como
moderno. Mas isso não impedia que muitos
deles se voltassem para a cultura clássica,
greco-romana, à procura e modelos e mestres,
como Platão, Aristóteles, Euclides, Ptolomeu,
Hipócrates, Galeno, Virgílio e muitos outros.
Nas palavras de um deles:
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[...] Somos anões empoleirados nos ombros de gigantes.
Assim, vemos melhor e mais longe do que eles, não
porque nossa vista seja mais aguda, ou nossa estatura
mais alta, mas porque eles nos elevam até o nível de
toda a sua gigantesca altura [...]
Bernardo de Chartres
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O renascimento foi um acontecimento
importante na história da Europa e do mundo,
do ponto de vista geral e cultural. As origens
do renascimento remontam à Idade Média e à
Antiguidade Clássica.
A Itália era, naquela época, uma colcha
de retalhos de cidades e principados. Suas
cinco potências principais eram o Reino de
Nápoles; Roma e os territórios controlados
pelos papas; a cidade Mercantil de Florença; a
grande cidade de Milão;e a cidade insular de
Veneza. Entre outras potências, interpunha-se
uma multidão de territórios menores, alguns
dos quais independentes, mas a maioria deles
de uma maneira ou de outra subordinados a
um vizinho mais poderoso, embora gozando
de ampla autonomia interna.
O foco do renascimento da Itália foi a
cidade de Florença, e os florentinos foram
seus líderes intelectuais e artísticos, como
haviam sido os atenienses na cultura Grega
Clássica. Florença foi dominada não
constitucionalmente, mas na prática, pela
família Médici. Os Médici eram banqueiros em
escala européia e o poder do dinheiro utilizado
de maneira inteligente.
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O membro mais famoso da família foi Lorenzo, o
Magnífico, um esplêndido e rico patrono de todas as
artes. Um homem que muito embelezou Florença.
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Em 1453, quando os turcos otomanos
tomaram Constantinopla, um centro da cultura
helênica, muitos estudiosos gregos fugiram
para a Itália, e assim influenciaram a definição
do movimento cultural renascentista.
A essência do Renascimento foi o
humanismo. O significado dessa palavra
modificou-se com o tempo. No Renascimento,
humanismo significava não mais ver Deus
como medida de todas as coisas
(teocentrismo), mas concentrar a atenção no
homem e em suas realizações potenciais.
O modelo da Vênus de Botticelli a deusa pagã nua que é
um símbolo do Renascimento era geralmente
reconhecida como uma amante de Lorenzo.
O Renascimento teve influencia cultural
grego-romana, num ambiente de cultura cristã.
Outro aspecto foi a difusão de um espírito
liberal de investigação e de um sentimento de
que o homem podia e devia pensar sobre o
mundo.
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O Renascimento proporcionou a atuação de estudiosos,
inclusive de mulheres que construíram novos
conhecimentos acerca do mundo e também das artes.
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Havia especulações sobre a verdadeira
natureza do mundo e sobre a finalidade do
 homem neste, livre dos ensinamentos
da cristandade que até então haviam inspirado
e limitado tais especulações.
O Renascimento valorizava o ser
humano como medida das coisas. A beleza e
a verdade estavam especialmente ligadas às
proporções do corpo e da mente humana, tal
como ocorrera na Grécia Clássica. Os
humanistas não se importavam se a forma do
corpo e as idéias eram antiéticas ou
indecentes segundo os padrões cristãos.
Na Idade Média, a pergunta fora se uma
coisa era certa ou errada; agora era se uma Astrônomo observa a terra. Avanço no conhecimento da
coisa era verdadeira ou falsa, bela ou feia, natureza.
eficiente ou inútil. Uma percepção sobre a vida Fases do renascimento
na terra e novas fórmulas científicas foram Século XIV – período em que ocorreram as
aplicadas à pintura e à política, à guerra e à primeiras críticas à cultura religiosa medieval e
arte do Estado. configuração do humanismo, valorização do
homem; naturalismo, valorização da natureza e o
______________________ racionalismo, valorização da capacidade de
discernimento.
Século XV – época de influência da cultura
Os humanistas do Renascimento, todavia, ao
Clássica, que regia à fé e moral defendidas pelo
desprezarem a cristandade medieval, encantaram-se
catolicismo.
pela Grécia e Roma antigas. Os homens nem sempre Século XVI – fase em que o movimento alcançou
viam com realismo aquilo por que se encantaram. Assim, um nível de originalidade, produzindo obras
os humanistas, que eram realistas em outros assuntos, representativas do humanismo, do naturalismo e
não o eram quanto à sabedoria dos antigos. do racionalismo.
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O caráter excitante, a animação e o

entusiasmo da descoberta do Renascimento
italiano pagaram um preço. O sentido de
liberação, a busca do realismo, da beleza, do
mundo clássico, eram a ocupação e o
interesse de uma pequena elite culta. Na Idade
Média, todas as pessoas, de príncipes a
camponeses, por mais diferentes que fossem
seus modos de vida, tinham em comum um
conjunto de crenças.
O Renascimento criou uma nova classe
culta, com valores diferentes das demais
pessoas. No entanto, o movimento produziu,
entre essa elite intelectual, uma nova unidade
de cultura, de finalidade e de técnicas; e à
medida que se espalhou para além dos Alpes,
na França e na Inglaterra, na Alemanha e na
Espanha, levou junto essa unidade criada por
esses novos valores constituídos.