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Ex.

mo Senhor Presidente
da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária

Processo de Contra-ordenação nº. …

….[nome completo], arguido no processo de contra-


ordenação à margem referenciado, vem, nos termos e para os efeitos do disposto no artº 175º nº
2, do Código da Estrada, apresentar defesa escrita, o que faz nos termos e com os fundamentos
seguintes:

1. º
O arguido vem acusado de no dia ../../.., às ..h…m, na [identificação da estrada], conduzir o veiculo
ligeiro de passageiros de matricula ..-..-.., à velocidade de .. km/h, correspondente à velocidade
registada de .. Km/h, deduzido o valor de erro máximo admissível, sendo a velocidade máxima
permitida no local de .. Km/h.

2. º
A alegada velocidade foi apurada através do Radar .., aprovado pela ANSR em ../…/.., p/ IPQ
através do Desp. De Aprovação Mod. Nº 111.20.12.3.09, D.R. de 21 de Junho de 2012, verificado
em 2 de Outubro de 2014.

3. º
O arguido é um condutor cuidadoso e diligente, que, no âmbito da sua vida pessoal e atividade
profissional, percorre centenas de quilómetros por ano,

4. º
cumprindo escrupulosamente as regras de condução do Código da Estrada.

5. º
Conhece muito bem o local da alegada infração, por onde passa habitualmente, e tem plena
consciência de não ter causado, com o seu comportamento, qualquer perigo para terceiros.

6. º
Tem, ainda, plena consciência que, atendendo às características da via e do seu veículo, conjugado
com as condições meteorológicas existentes naquele dia e hora, conduzia em perfeita segurança,
tanto para si como para terceiros.

7. º
Não se pode deixar de duvidar sobre os factos de que é acusado, porquanto é seu apanágio
cumprir os limites impostos por lei.

8. º
Por outro lado, a descrição sumária dos factos constante no auto de notícia, não discrimina o rolo
fotográfico do qual consta o registo da alegada velocidade,

9. º
não refere qual o número de fotografia obtida, através do radar - elemento de prova
imprescindível do auto de notícia, conforme prevê o n.º 4 do artigo 170º. do Código da Estrada.

10. º
Nos termos do n.º 1 do artigo 170º. do Código da Estrada, o auto de noticia deve conter, entre
outros, “ …os factos que constituem a infracção, o dia, a hora, o local e as circunstâncias em que foi
cometida…”.

11. º
Já o n.º 3 do citado artigo, prescreve que o auto de noticia levantado nos termos do disposto no nº.
1, faz fé sobre os factos presenciados pela entidade autuante, até prova em contrário, o mesmo se
aplicando aos “elementos de prova obtidos através de aparelhos ou instrumentos aprovados nos
termos legais e regulamentares”, conforme o consagrado no n.º 4 do mesmo artigo 170º do Código
da Estrada.

12. º
Na descrição da infração cometida não se discrimina qual o número da fotografia obtida, através do
aparelho utilizado, elemento de prova imprescindível do auto de notícia, conforme prevê o n.º 4 do
artigo 170º do Código da Estrada.

13. º
Conforme a descrição dos autos, o radar utilizado foi o sistema Radar ….

14. º
Este sistema realiza o controlo do tráfego e monitoriza a velocidade dos veículos em determinados
locais das vias de rodagem.

15. º
A velocidade dos veículos é medida através de um feixe de radar que opera segundo o princípio
Doppler onde um sinal é emitido por uma antena parabólica acoplada ao equipamento e refletido
quando o veículo passa.

16. º
Sempre que o limite de velocidade estabelecido é excedido, o aparelho regista a imagem do
veículo, que será utilizado mais tarde como prova da infração.

17. º
Nessa imagem consta a velocidade medida (km/h), a velocidade regulamentada para o local
(km/h), número de identificação do equipamento, local, número e imagem, o dia e a hora da
infração.

18. º
Ora, na descrição do auto de notícia supra referenciado não se refere a existência de qualquer
prova fotográfica específica, tudo levando a crer que a mesma não existe.

19. º
Consagra o artigo 4 n.º 3 do DL 207/2005, de 29 de Novembro, que “Os dados obtidos através dos
equipamentos de vigilância, … podem ser usados, a partir dos respetivos registos, para efeitos de
prova em processo penal ou de contraordenação...” e o artigo 15º. n.º 1 do mesmo diploma que “
Os dados gravados e os elementos probatórios acompanham os respetivos autos e processos … “,

20. º
pelo que os registos obtidos através dos aparelhos de radar deverão acompanhar e inserir-se no
respetivo auto, neste caso a prova obtida através de radar e a prova fotográfica.

21. º
O arguido desconhece se no presente auto de notícia existe algum meio de prova que possa ser
valorado.

22. º
Inexistindo meios de prova significa que o levantamento do auto à margem identificado viola um dos
mais elementares direitos e garantias dos cidadãos constitucionalmente protegidos, devendo, por essa
razão, o presente procedimento por contraordenação ser considerado nulo.

Sem prescindir

23. º
Se porventura se vier a verificar a existência dos elementos probatórios referidos, cumpre
salientar, de qualquer modo, a necessidade de aferir da rigorosidade do aparelho de medição
utilizado, da sua conformidade metrológica, nomeadamente da sua calibração por entidade
competente, erro máximo admissível, incerteza e registos do controlo diário necessários para
limitar a existência de valores anómalos.
24. º
Relativamente à descrição sumária dos factos constante do auto de notícia, cumpre referir que a
mesma, pese embora contendo alguns dos elementos indispensáveis a que alude o art. 170º do C.
da Estrada, encontra-se formulada em termos conclusivos, vagos e genéricos, não permitindo ao
arguido o efetivo exercício do direito de defesa consagrado constitucionalmente.

25. º
De facto, a descrição dos factos não enquadra as circunstâncias em que foi cometida a alegada
infração, elemento essencial para a apreciação do caso em concreto, nomeadamente mas sem
limitar se aquele comportamento causou perigo para terceiros, quais as condições climatéricas
naquela data e hora ou qual o volume de tráfego.

26. º
Todas estas circunstâncias ou outras que pudessem ser verificadas pelo agente autuante são
elemento fundamental na descrição do auto de notícia não só para a justa defesa do arguido, como
para a determinação da medida da sanção a aplicar, conforme determina o n º 1 do artigo 139º do
Código da Estrada, encontrando-se tal acusação, por isso mesmo, ferida de nulidade.

Ainda sem prescindir

27. º
Na eventualidade, que não se admite, de não ser este o entendimento relativamente à falta de
elementos essenciais na descrição sumária do auto, caso o meio de prova exista e tenha sido
obtido de forma legal, o arguido, então, aceitará a contra ordenação de que vem acusado.

28. º
Quando notificado do auto de notícia, efetuou de imediato o pagamento voluntário da coima (cfr.
doc. 1).

29. º
Como já atrás se referiu, o arguido considera-se um condutor cuidadoso e diligente, que tem plena
consciência de não ter causado, com o seu comportamento, qualquer perigo para terceiros.

30. º
O arguido exece as funções é ….[inserir atividade profissional]..
14. Ora, as funções e as actividades exercidas pelo arguido, determinam que o mesmo necessita de
se deslocar diariamente, para vários pontos da cidade / do país, com vista a visitar …., tal como
decorre da declaração que se junta e cujo o conteúdo se dá aqui por integralmente reproduzido
para todos os efeitos legais (Cfr. Doc. n.º 2).
31. º
Dada a sua atividade profissional, tem, pois, necessidade de utilizar o seu veículo diariamente, seja
para se deslocar da sua residência para o local de trabalho, seja para cumprir as obrigações e
serviços inerentes à atividade que desempenha.

32. º
Ora, a necessidade de utilização diária do seu veículo é imprescindível para o exercício da sua atividade
profissional, pelo que a aplicação da sanção acessória de inibição de conduzir lhe trará avultados
transtornos e prejuízos, tanto a nível pessoal como profissional.

33. º
Com efeito, do seu trabalho provem o seu sustento e o da sua família, bem como os fundos
necessários e imprescindíveis para fazer face a encargos de natureza vária, nomeadamente às
despesas necessárias ao dia-a-dia, como renda de casa, água, luz, gás, alimentação, etc…

34. º
O arguido sempre conduziu, e conduz, com todo o zelo e diligência exigidos, sendo especialmente
atento, cuidadoso, prudente e sensato, nunca dando origem a situações ou manobras perigosas.

35. º
O arguido é primário, não tendo sido condenado, nos últimos cinco anos, pela prática de qualquer
crime rodoviário ou por qualquer contraordenação grave ou muito grave.

36. º
Assim, afigura-se-lhe que face às circunstâncias acima alegadas, relativas à sua personalidade,
atividade e condição de vida, às circunstâncias em que a infração foi praticada, deve concluir-se
que o pagamento da coima, a censura do facto e a ameaça da sanção realizam de forma adequada
e suficiente a finalidade da punição.

Pelo exposto,

37. º
Vem requerer a consulta à prova presumivelmente obtida através do aparelho Multanova MUVR-
6FD.
Mais,

Requer-se a V. Exas. se digne a proferir decisão de


arquivamento do procedimento por contraordenação e
consequente devolução ao arguido do montante da coima
paga, devidamente fundamentado na insubsistência de
acusação, dada:
a) A inexistência dos meios de prova obtidos pelo
aparelho de controlo e subsequente nulidade do auto
noticia;
b) A nulidade do auto de notícia por falta de elementos
determinantes na descrição sumária dos factos.

Sem prescindir, se tal não for o caso, vem


Requerer que, nos termos e para os efeitos do disposto no
artigo 141º, do Código da Estrada, e atentos às
circunstâncias da prática da infração, lhe seja aplicada a
suspensão da execução da sanção acessória de inibição de
conduzir, não condicionada ao cumprimento de outros
deveres legalmente previstos.

Junta: .. documentos.

Testemunhas:
-.. [nome], [morada], relativamente a toda a matéria de facto constante dos artigos ..º a ..º da
presente defesa.

O arguido

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