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ARQUIVOS DE ADALBERTO

PESSOA

Livro/Monografia (Parte 1) – A Quinta


Força (introdução)

ESTUDOS INICIÁTICOS DE PSICOLOGIA ESPÍRITA

Reflexões Históricas, Filosóficas, Científicas e Religiosas

Universidade de São Paulo (USP)

Instituto Pineal-Mind

Adalberto Ricardo Pessoa

Psicólogo Clínico

Curso de Pós-Graduação Lato-Sensu: “Bases Biofísicas e Epistemológicas da


Integração Cérebro-Mente-Corpo-Espírito”
Docente e Orientador: Dr. Sérgio Felipe de Oliveira

Introdução

Quando entrei em contato com o Espiritismo pela primeira vez, aos dezoito
anos, deparei-me com a sua definição enquanto integração de filosofia, ciência e
religião, com o objetivo de explicar diversos ensinamentos sobre o ser humano, o
Universo e Deus, por parte de exposições oferecidas por diversos Espíritos em
conjunto.

Em um primeiro contato, achei que muitas das revelações realizadas por


essas entidades pareciam ser bastante lógicas e coerentes, e (1) por um lado,
deduzi que esses ensinamentos poderiam ter conseqüências surpreendentes sobre
a maneira de enxergarmos o mundo e a realidade, juntamente com o seu poder
transformador e (2) por outro lado, questionei se realmente o Espiritismo poderia
ser definido como uma ciência, como era falado na referida obra – O que é o
Espiritismo, de Allan Kardec. Ao mesmo tempo, não entendia como idéias tão
transformadoras pareciam não fazer parte do debate científico atual.

Quando entrei na faculdade de Psicologia na USP, um dos meus objetivos era


aprender todos os parâmetros acadêmicos para se analisar quando um determinado
conjunto de conhecimentos pode ser considerado positiva ou negativamente como
legitimamente científicos. Prestei muita atenção às matérias de metodologia
científica, o discurso vigente, e os argumentos alternativos lançados.

Particularmente, sempre me interessei por assuntos que são de certa forma


“tabus” para a mentalidade acadêmica ortodoxa, tais como a Astrologia, as
Terapias Alternativas e o próprio Espiritismo.

Na faculdade descobri diversos parâmetros importantes para discernir


quando um material é científico ou não. Um dos aspectos importantes foi a
observação de que – diferente do que muitos pensam – não existe um conceito
único de ciência, mas sim pelo menos três conceitos vigentes (um experimental,
outro clínico e outro fenomenológico), entre outros conceitos ditos “alternativos”.

Cada conceito, por sua vez, precisa estar alicerçado em alguma corrente
filosófica predominante. Ou seja, a Filosofia ganha uma importância fundamental
para legitimar o que venha a ser uma ciência ou não. Esse campo de conhecimento
oferece o rigor epistemológico e a fundamentação consistente para cada definição
de ciência concernente. Em outras palavras, cada definição de ciência é
condicionada por uma teoria ou visão filosófica que lhe é peculiar. O conhecimento
da filosofia específica que define uma dada visão científica, bem como da referida
filosofia que embasa as outras visões científicas, é fundamental para que o cientista
se coloque de forma crítica e criativa sobre a sua própria área de saber. Porém, é
desconsolável observar que esse comportamento é apresentado por uma parcela
muito reduzida dos cientistas, fazendo com que a filosofia seja uma área de
conhecimento considerada por um grupo muito reduzido de intelectuais, dentro de
uma classe social que já é uma elite em termos de números percentuais na
população global. Ou seja, os poucos cientistas que possuem algum embasamento
filosófico (e que, portanto, desenvolvem uma capacidade de reflexão realmente
crítica) são uma elite dentro da já elitizada classe intelectual científica.

Quando se trata de analisar certos campos de conhecimento humano, isso


acaba gerando como conseqüência, muitos debates infrutíferos entre acadêmicos
de diferentes áreas, imprecisões conceituais de todos os tipos, e a geração de
obstáculos à produção de conhecimentos realmente inovadores. Devido a falta de
análise crítico-filosófica de determinados preconceitos, muitos pesquisadores
preferem manter suas “pesquisas” limitadas à “mesmice” de conclusões
exaustivamente já reconfirmadas, que se apresentam na visão desses cientistas,
mais seguras.

Quando a ciência realiza uma descoberta, leva-se um certo tempo para o meio
científico assimilar esse novo conhecimento. Mesmo com a tecnologia atual – por
exemplo, a Internet – que acelera o processo de divulgação do conhecimento,
devemos observar que quando se fala de sua aceitação e assimilação, a história é
outra. Depois de sua divulgação, outros pesquisadores precisam realizar novos
estudos para corroborarem ou refutarem essas novas conclusões, e a atitude de
resistência baseada no preconceito e falta de análise crítica dos cientistas muitas
vezes atrapalham todo o processo de produção e validação de conhecimento.

Tais argumentos não objetivam a defesa da idéia de que os cientistas devam


aceitar tudo o que é falado. Hoje em dia, muita coisa sem sentido é defendida como
verdadeira, sob a alegação fetichista de se tratar aquele conhecimento de um
postulado científico, apenas para lhe atribuir maior validade. Entretanto, uma
atitude pré-estabelecida de rejeição de novos conhecimentos, sem antes se fazer
uma análise cuidadosa dos argumentos que os embasam, não é realmente uma
atitude científica progressista, característica considerada implícita ao pensamento
científico.

Uma das áreas de conhecimento ainda rejeitadas pela ciência acadêmica, diz
respeito ao campo das chamadas “terapias alternativas”. Sabe-se que muita coisa
sem sentido é referendada nesse campo de conhecimento, e isso deve ser rejeitado
mesmo, pelo meio científico (de preferência com estudos que demonstrem para a
população, porque aquele “conhecimento” é pernicioso).
Mas há também, alguns estudos muitos bem fundamentados dentro do campo das
terapias alternativas, e muitas vezes a resistência arbitrária do chamado meio
científico “oficial” acaba sendo um obstáculo para a absorção de um conhecimento
que poderia ajudar muitas pessoas. Assim, muitas das descobertas que possuem
um bom potencial de serem válidas, úteis e eficazes, acabam caindo na mão de
profissionais desqualificados. Como esses últimos não estão preocupados com a
adequada fundamentação e desenvolvimento do conhecimento gerado, mais
alternativas de péssima qualidade permanecem sendo oferecidas à população
especialmente desavisada. Assim, com o seu ceticismo ideológico, o meio científico
muitas vezes ao invés de impedir, acaba contribuindo para piorar ainda mais a
situação.

Com essas idéias em mente eu entrei em contato com o Espiritismo, e


pesquisei as relações entre essa Doutrina e a Ciência formal. Concluí que existe
“dois tipos de Espiritismo”. Um falsificado e outro legítimo. Infelizmente, o
falsificado é o mais conhecido e difundido, e é constituído por sistemas, crendices e
“associados” que se baseiam em muitos postulados totalmente desconexos e sem
sentido, articulados especialmente pelo imaginário popular, leigos e enfim, pelo
senso comum. Aliás, na “tribo” da chamada “Cultura Alternativa”, para a maioria
dos seus participantes, é dessa forma que se processa a elaboração de idéias e
conceitos.

Há, porém, um outro tipo de Espiritismo, muito mais sério, fundamentado, lógico,
coerente… e enfim, válido. Do mesmo modo, no campo das culturas alternativas,
também são encontrados sistemas assim constituídos.

Certamente, o leitor deve realizar a pergunta sobre como distinguir então o que é
válido do que não é. E para tal resposta complexa, um primeiro elemento a
destacar é que a ciência propriamente dita, possui um papel analítico fundamental,
por possuir todo o ferramental para “separar o joio do trigo”, mas apenas quando
consegue se postar sobre uma atitude simultânea de abertura e de rigorosa análise
crítica.

Normalmente esse processo pode começar pela pesquisa da adequada


bibliografia bem fundamentada, e da visitação dos centros de pesquisa mais
confiáveis sobre tais assuntos. Um pouco de bom-senso, aliada à intuição,
racionalidade e disposição, são necessários. O treino e a experiência serão os
ingredientes de validação daquilo que é constatado. E talvez, até um pouco de
“sorte” seja necessário.

Descobri então que a Ciência Espírita realmente existe, e ela está inclusive
bem avançada, tanto em termos de repertório teórico quanto em termos de
tecnologia. Descobri elementos semelhantes no campo da Tecnologia aplicada às
Terapias (“ditas”) Alternativas, e observei o quanto esses dois campos de
conhecimento são complementares. Na verdade, a terminologia correta para as
“Terapias Alternativas” deve ser Terapias Complementares.

Duas instituições parecem se destacar no meio intelectual Espírita, como a


AMA (Associação Médico-Espírita) e a ABRAPE (Associação Brasileira de Psicólogos
Espíritas), esta última da qual, inclusive, faço parte. Boa parte dessa dissertação foi
produzida com base em conhecimentos produzidos nessas instituições.

Deparei-me com profissionais bastante articulados com a sua posição. Um


deles é o professorJosé Herculano Pires. Como afirma o jornalista Altamirando
Carneiro, no livro No limiar do Amanhã – Lições de Espiritismo, Herculano Pires foi
“um extraordinário talento, quer como jornalista e escritor, quer como filósofo ou
tradutor das Obras Básicas da Codificação Espírita, de Allan Kardec”. Em 1958
bacharelou-se em filosofia pela Universidade de São Paulo (USP), e pela mesma
licenciou-se publicando uma tese intitulada: O Ser e a Serenidade. Foi professor de
Filosofia na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araraquara, SP. Autor de 81
livros de Filosofia, Ensaios, História, Psicologia, Ficção, Poesia, Espiritismo e
Parapsicologia, a maioria deles foi dedicada ao estudo e à divulgação da Doutrina
Espírita, vários em parceria com o médium Francisco Cândido Xavier. Na década de
70, Herculano participou de inúmeros debates na televisão, inclusive na TV Cultura,
canal 2.

Kardec, como sabemos é o Codificador da Doutrina Espírita. A fundação da


doutrina não é o seu mérito, mas sim dos Espíritos que lhe ofereceram um conjunto
de revelações num dado contexto histórico. Como tal, Kardec organizou esses
ensinamentos (em outras palavras, os codificou para o entendimento público), e
lançou as bases da Filosofia, da Ciência e da Religião Espírita. Do mesmo modo
como uma ciência como a Psicanálise atual não pode ter o seu entendimento
restrito aos postulados do seu criador – Sigmund Freud – também o Espiritismo já
não pode ser limitado às considerações de Allan Kardec. Ambas as ciências,
progressivas como são todas as ciências, evoluíram muito desde a sua fundação.
Seus autores originais, porém, continuam com o mérito de serem geniais
fundadores de uma linha de pensamento clássico, que são a base para a
compreensão da literatura moderna sobre ambas as ciências. Herculano Pires é,
assim, o principal nome moderno da Filosofia Espírita Contemporânea no Brasil,
desenvolvendo e ampliando temas arrolados pela Codificação Original. Muitos
conceitos foram revisados, alguns modificados outros aprimorados.

Como afirma Zilli (2001), desde a sua implantação no Brasil, no século XIX,
o Espiritismo tem se constituído como um fenômeno de grande relevância,
destacando-se inclusive, em termos de mundo. A autora considera haver, porém,
uma deficiência de estudos teóricos do Kardecismo no Brasil, havendo a
necessidade de maior número de trabalhos acadêmicos que abordem o lado
científico da Doutrina. Como o Brasil é um país com fortes necessidades sociais, a
autora acredita que o aspecto de assistência social tenha sido priorizado em
detrimento do científico.

Porém, recentemente diversas iniciativas têm despontado para a solidificação


da legitimação da Ciência Espírita. Um desses eventos, envolvendo todo o país
(publicado na edição nº 315 de novembro de 2001 do Jornal Espírita – Órgão da
Federação Espírita do Estado de São Paulo, com 25 anos de existência) ocorreu no
dia 29 de setembro de 2001, no Instituto de Cultura Espírita, no Rio de Janeiro.
Tratou-se do I Concurso de Monografias das Mocidades Espíritas do Brasil – Projeto
Renascer. O 2º e o 1º lugares, respectivamente, foram conferidos aos trabalhos
“Os Militares Espíritas nas forças armadas” e “Em defesa de um Teatro Espírita”.

Três trabalhos receberam menção honrosa. Foram trabalhos de


encerramento de curso universitário, defendidos perante uma comissão acadêmica,
em ambiente não espírita. Os temas tratados foram:

1. “Espiritismo – Obra de Educação? Uma perspectiva Sociológica”, de Alexandre


Ramos de Azevedo, apresentada no Curso de Pedagogia, da Faculdade de
Educação, Centro de Educação e Humanidades da UERJ;
2. “A Psicografia como fenômeno de Comunicação”, de Leonardo Leopoldo Costa
Coelho, Leonardo Luiz Abreu, Letícia Almeida de Lima Bernardes e Renata Maria
Resende Duarte, apresentada no Departamento de Comunicação Social da PUC de
Belo Horizonte, Minas Gerais;

3. “Doenças e Curas na Perspectiva da Medicina do Espírito”, de Márcia


aparecida Lopes Amorim Silva, apresentada no Instituto de História da Universidade
Federal de Uberlândia em Minas Gerais.

Concluiu-se que os temas apresentados abordaram aspectos científicos, filosóficos e


doutrinários, desenvolvidos com clareza e profundidade, trazendo contribuições
relevantes ao Movimento Espírita Brasileiro.

Observa-se que cada vez mais, no meio acadêmico e científico formal, surgem mais
e mais teses de inspiração Espírita, corroborando a legitimidade da Ciência Espírita.
Outra contribuição importante e recente foi a da psicóloga clínica Ercília Zilli.
Mestre pelo programa de ciências da Religião pela PUC de São Paulo, e presidente
da ABRAPE (Associação Brasileira de Psicólogos Espíritas), publicou recentemente o
livro O Espírito em Terapia – Hereditariedade, Destino e Fé, originalmente uma
dissertação apresentada à banca examinadora da Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo, com aprovação agraciada com nota máxima.

O trabalho consiste – segundo palavras da própria autora (Zilli, 2001) – “no


estudo da psicologia szondiana no que se refere à hereditariedade, destino e fé,
comparando-a com os dados da Doutrina Espírita, contidos nas obras psicografadas
de um Autor Espiritual, André Luiz, destacando entre eles, o livro Evolução em dois
mundos. Nossa hipótese de trabalho sugere a existência de diferenças entre as
duas posições, bem como supõe convergência e até complementaridade entre
ambas, que podem resultar em um novo caminho de psicoterapia, ao qual
denominamos de Psicologia da Fé …” (grifos meus).

Outro autor que merece destaque na ciência Espírita é Núbor Facure.


Membro da Associação Médico-Espírita de São Paulo e do Brasil, formou-se pela
Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro, em Uberaba. Fez especialização em
Neurologia e Neurocirurgia no hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.
Lecionou na Faculdade de Medicina de Campinas – UNICAMP – durante 30 anos,
onde fez doutorado, livre-docência e tornou-se professor titular. Em seu livro Muito
além dos neurônios – conferências e entrevistas sobre mente e Espírito –
encontramos diversos textos muito bem articulados sobre os Novos paradigmas da
Medicina, a conquista do Corpo e da Mente, Inteligência e Comportamento
Emocional, Neurônios e atividades do corpo e do espírito, etc.

Não pode ser esquecida a contribuição de Carlos Toledo Rizzini, que entre
várias obras, publicou o livro “Psicologia e Espiritismo”. Rizzini formou-se em
medicina em 1947, pela Faculdade de Ciências Médicas do Rio de Janeiro. Dedicou-
se depois à Botânica, firmando-se como importante cientista moderno. Faleceu em
3 de outubro de 1992, um ano após a publicação do livro citado.

Um trabalho deve ser destacado pela sua impressionante perspicácia e


inteligência. Trata-se do estudo promovido pelo Bacharel em Ciências
Estatísticas, Djalma Motta Argollo. Em seu livro Possibilidades Evolutivas, entre
outras coisas, Argollo faz uma intersecção entre Física e Espiritismo, com
informações científicas bastante atualizadas; além disso, o autor foi eficaz pelo
pioneirismo de aplicar o raciocínio matemático à compreensão dos postulados
Espíritas, em seu dinamismo conceptual.

Hernani Guimarães Andrade, provavelmente é um dos maiores nomes da


Parapsicologia Moderna e da ciência Espírita. Com formação em Engenharia, fundou
o Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas. Elaborou a teoria do Modelo
Organizador Biológico (MOB), e realizou pesquisas teóricas sobre Psicobiofísica
através de modelos matemáticos, pesquisas de laboratório, etc., visando detectar o
campo biomagnético do corpo e o efeito Kirlian.

Por fim, merece ser citado o professor Sérgio Felipe de Oliveira, Médico
Psiquiatra e Mestre pela USP. Membro e um dos dirigentes da Associação Brasileira
de Médicos Espíritas e também fundador do Instituto Pineal-Mind, onde realiza
trabalhos de pesquisa sobre a glândula pineal, e a sua função na expressão do
comportamento espiritual. Sua tese de mestrado foi sobre a glândula pineal. No
Pineal-Mind ele também realiza atendimento clínico e coordenou durante alguns
anos, o curso de Pós-Graduação Lato-Sensu “Bases Biofísicas e Epistemológicas da
Integração Cérebro-Mente-Corpo-Espírito”, em parceria com a Universidade de São
Paulo (USP).
Essa dissertação é baseada na monografia “Estudos Iniciáticos de
Psicologia Espírita – Reflexões Históricas, Filosóficas, Científicas e
Religiosas”, de minha própria autoria, entregue após eu ter finalizado o curso do
professor Sérgio Felipe, que foi inclusive, o orientador do meu trabalho de
pesquisa. Espero dessa forma, também oferecer a minha contribuição ao progresso
da Ciência Espírita, através do estudo profundo, sistemático e consistente da Alma
Humana. Que esse trabalho possa abrir novos caminhos de pesquisa àqueles que
objetivarem a pesquisa das interconexões entre a ciência da Alma Humana – a
Psicologia – e a Doutrina dos Espíritos.

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a DEUS, pela maneira como ele me


forneceu Inspiraçãoe Providência para a conclusão desse trabalho. Diante de sua
ação, só posso promulgar uma fé que não cessa de crescer a cada dia,
acompanhado pelo Amor que Ele me desperta e pela confiança inabalável em seu
acolhimento. Agradeço a DEUS o privilégio que me concede, a cada dia, de poder
acessar sempre mais uma faceta sutil de sua Onipresença Transcendental.

Agradeço aos meus pais, por terem sido o veículo de Deus para a formação
de minha conduta vital, nessa encarnação. O amor e a conduta moral deles são os
modelos positivos de minha própria conduta, sem os quais eu não seria quem hoje
eu sou. Aqui, também lembro do meu querido irmão, que me anima em espírito de
otimismo e perseverança.

Agradeço ao Dr. Sérgio Felipe de Oliveira, orientador dessa monografia, cuja


atuação como mestre e professor, com suas lições tão profundas, influenciou
construtivamente um novo caminho de possibilidades ao meu desenvolvimento
pessoal e espiritual. A sua importância nesse contexto excedeu, em muito, o seu
próprio papel de professor, num nível desconhecido por ele mesmo, e para o qual
me fogem todas as palavras de gratidão e satisfação.

Agradeço aos Espíritos Amigos Desencarnados, que cumpriram um


importante e fundamental papel na conclusão desse trabalho.
Agradeço aos meus amigos encarnados que me apoiaram, e mesmo os que
desacreditaram, pois o ceticismo destes apenas me incentivou a desenvolver um
trabalho ainda mais rigoroso, aumentando a minha convicção na bondade de Deus.

Agradeço a Jesus, por quem tenho máxima admiração. O seu exemplo de


Amor, fé e persistência é um grande elemento de identificação, ao qual eu saúdo.

Frases e Citações

“A mais bela e profunda emoção que podemos ter é a sensação de mistério. Ela é a
semeadora de toda verdadeira ciência. O indivíduo a quem é estranha essa
emoção, que não mais se maravilha e fica arrebatado de espanto, está
praticamente morto. Saber que existe aquilo que é impenetrável para nós,
manifestando-se como a mais alta sabedoria e a mais radiante beleza, que nossas
débeis faculdades podem compreender somente em suas formas primitivas – esse
conhecimento, esse sentimento, está no cerne da verdadeira religiosidade”.

Albert Einstein

“Só uma vida vivida dentro de um determinado espírito é digna de ser vivida. É
um fato estranho que uma vida vivida apenas pelo ego em geral é uma vida
sombria, não só para a pessoa em si, como para aquelas que a cercam. A plenitude
de vida exige muito mais do que apenas um eu; ela tem necessidade de um
espírito, isto é, de um complexo independente e superior, porque é manifestamente
o único que se acha em condições de dar uma expressão vital a todas aquelas
virtualidade psíquicas que estão fora do alcance da consciência do eu”.

C. G. Jung

Estudos Iniciáticos de Psicologia Espírita

(Reflexões Históricas, Filosóficas, Científicas e Religiosas)

A Quinta Força (Parte 2) – História da Psicologia


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História da Psicologia

Um breve esboço crítico da história da Psicologia nos apresenta um percurso


evolutivo, que o Espiritismo facilmente identifica com o seu conceito de Lei do
Progresso. A Lei do Progresso, diz respeito a um movimento organizativo dos
acontecimentos no Universo, que postula que os mesmos tendem a se desenvolver
dentro de um percurso de constante progresso construtivo. Na esfera das relações
humanas, tal disposição se processa tanto no campo das suas relações sociais,
como do ambiente físico, e do seu desenvolvimento psicológico geral e espiritual.
Assim, de forma genérica, é possível apreender a Lei do Progresso em diversos
aspectos da natureza e da fenomenologia humana.

Segundo uma hipótese particular, a Lei do Progresso no percurso histórico da


Psicologia Científica Contemporânea, seria marcada pela transição gradual de uma
posição teórica e conceitual materialista da visão de ser humano, para uma
concepção espiritualista e transcendental do mesmo. A linha de raciocínio a seguir
objetiva clarificar essa proposição.

Tomando como pressuposto a classificação do percurso histórico da


Psicologia proposto por Abraham Maslow e seus colaboradores (Júnior, 1993),
temos que a Psicologia se desenvolveu e contemporaneamente se estabelece a
partir de 4 grandes correntes, ou movimentos articuladores de escolas ou, como
preferiram chamar esses estudiosos, 4 grandes forças. As 4 Forças da Psicologia,
de acordo com essa leitura, são o Behaviorismo (Primeira Força), a Psicanálise (a
Segunda Força), a Psicologia Humanista (Terceira Força) e a Psicologia
Transpessoal (Quarta Força).

Cada uma dessas escolas teóricas em Psicologia possuem uma linha de


fundamentação epistemológica e pressupostos filosóficos que as legitimam
enquanto ciência. No interior de seus corpos doutrinários subjaz uma concepção
específica do ser humano, sua natureza, constituição e organização. Para cada
escola teórica, encontra-se implícito uma visão de mundo, mais ou menos
condicionada pela visão pessoal de mundo e de seres humanos, dos autores que
lhes deram origem. Dessa forma, a Psicologia Científica Oficial não possui um
conceito único que a defina como ciência, nem tão pouco possui de forma
claramente demarcada o seu objeto de estudo.
Existe sim, diversas “Psicologias”, fundamentadas como ciência de forma
bem coordenada, a partir dos seus próprios pressupostos particulares de origem.
Cada qual legítima, segundo os seus pontos de partida, convivendo umas com as
outras, às vezes de forma competitiva e agressiva, outras vezes com contribuições
mútuas, e em outras vezes, fechando-se sobre si mesmas, formando “igrejinhas”
teóricas herméticas.

Para demonstrar que existe uma linha de progressão de uma visão


materialista para uma visão espiritualista na história da Psicologia, será necessário
discorrer brevemente sobre cada uma dessas tendências.

A moderna Psicologia científica em seus primeiros anos de existência


baseava-se num modelo quantificador, atomicista e mecanicista (Figueiredo, 1991).
Era um modelo que tentava concordar com os conceitos de ciências exatas e
naturais que surgiam como conseqüência de movimentos sócio-econômicos como o
Renascimento e o Iluminismo. Procurava-se fazer da Psicologia uma ciência exata e
natural.

Essa matriz de pensamento orienta o pesquisador para a busca da ordem


natural dos fenômenos psicológicos e comportamentais na forma de classificações e
leis gerais com caráter preditivo.

Na matriz de pensamento quantificadora as operações caracterizavam-se


pela construção de hipóteses formais (acerca de relações empíricas ou de
mecanismos subjacentes), a dedução exata das conseqüências destas hipóteses, na
forma de previsões condicionais (cálculo), e o teste (mensuração). Esse processo
encontramos nos primeiros esforços da psicometria de Christian Wolff (filósofo
alemão do século XVIII), que esperava elaborar a mensuração dos graus de prazer
e desprazer , perfeição e imperfeição, certeza e incerteza.

Também é característico, dessa fase, a obra do fisiólogo E. H. Weber (1795-1878)


que, pela primeira vez, efetuou medidas precisas das relações entre diferenças na
intensidade (objetiva) de um estímulo e a sensação (subjetiva e percebida) destas
diferenças.

G. T. Fechner (1801-1887) expandiu os trabalhos de Weber, criando um novo ramo


científico – a psicofísica, que é a ciência exata das relações funcionais de
dependência entre o mundo físico e o psíquico, em que o evento físico era medido e
controlado com os instrumentos da física, e o evento psíquico era indiretamente
registrado mediante o relato verbal dos sujeitos experimentais que recebiam como
tarefa discriminar da forma mais precisa possível as variações quantitativas a que
eram submetidos os estímulos em estudos paramétricos.

O estudo experimental das sensações – característico da matriz de pensamento


quantificadora na Psicologia – permaneceu na segunda metade do século XIX e
continua até hoje uma área de pesquisa muito ativa e rigorosa, onde tem-se
produzido os seus melhores resultados. Em acréscimo, a psicofísica tem estimulado
áreas adjacentes a adotarem métodos experimentais e de análise semelhantes, o
que contribui para a expansão do pensamento matemático na psicologia
(Figueiredo, 1991).

Ainda, seguindo uma matriz de pensamento quantificadora, temos a obra do


fisiólogo (convertido em psicólogo), W. Wundt (1832-1920) que muito contribuiu
para a Psicologia Experimental. Seu objetivo não era estabelecer as equivalências
comuns da psicofísica, mas sim o de medir os fenômenos mentais em si.

Já mais próximo ao final do século XIX, a aprendizagem associativa esteve


submetida ao estudo experimental quantificado por E. L. Thorndike (1874-1949)
em seus trabalhos com peixes, gatos, pintos, cães e macacos.

A partir da mesma época, mas numa linha de investigação completamente


independente, dois fisiólogos russos, I. P. Pavlov (1849-1936) e W. M. Bechterev
(1857-1927) iniciaram o estudo experimental do condicionamento por associação
entre estímulos.

Os trabalhos dos russos juntos com o de Thorndike estão na origem de toda a


psicologia experimental behaviorista nos EUA e representam o pleno
estabelecimento dos procedimentos quantitativos no estudo do comportamento e
dos processos mentais.

A Quinta Força (Parte 3) – A Primeira Grande Força: A


Psicologia Behaviorista
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A Primeira Grande Força na Psicologia:

A Psicologia Comportamental ou o Behaviorismo

O movimento da Psicologia Behaviorista que se organizou nos EUA a partir do início


do século XX representou a influência conjunta de várias tradições filosóficas e
científicas. O positivismo, aqui, se manifesta na condenação da pretensão em ir
além do observável e da elaboração de leis empíricas. Opragmatismo, por sua
vez, se faz presente em sua ênfase no caráter instrumental do conhecimento e na
produção do conhecimento útil. As primeiras vítimas, então, do ataque conjunto do
positivismo e do pragmatismo foram a introspecção e a “vida interior”, com o
“Behaviorismo Metodológico” de Watson (1878-1958), abordagem teórica e prática
da época que estabelecia como objeto da Psicologia o comportamento do
organismo como um todo (Figueiredo, 1991).

Notamos aqui, que nesse momento histórico inicial, o tipo de psicologia científica
que se propõe, é uma psicologia materialista, no sentido de que seja no
Behaviorismo Metodológico de Watson, seja em todo o apanhado de abordagens
quantificadoras em psicologia, que foram citados anteriormente, considera-se
aquilo que normalmente denominamos como sendo o pensamento, um resultado e
um produto essencialmente derivado da atividade das células do cérebro e do
sistema nervoso corporal. No Behaviorismo Metodológico de Watson,
especificamente essa visão materialista chegou, mesmo, ao cúmulo de negar a
realidade da subjetividade e dos estados mentais, pois em função de seu caráter
positivista, a abordagem de Watson considerava que a Psicologia só poderia ter
como objeto de estudo algo concretamente observável. Como o conceito de
“mente” é algo abstrato, não “possuindo uma realidade concreta observável”, ele
era rejeitado e negado em todos os sentidos. Concreto e valorizável era, portanto,
o comportamento observável, medível e descritível. O pensamento, enquanto tal,
só seria apreensível, enquanto atividade do funcionamento do cérebro (visão
materialista), com um conteúdo condicionado por variáveis ambientais. Tudo isso,
poderia ser medido, observado e/ou descrito, por isso era legítimo de ser estudado.
Segundo o próprio Skinner (1994), “…Watson fez importantes observações acerca
do comportamento instintivo e foi, na verdade, um dos primeiros etologistas no
sentido moderno. Entre os fatos de que dispunha, relativos ao comportamento,
estavam os reflexos e os reflexos condicionados, aos quais ele explorou ao máximo.
Todavia, o reflexo sugeria um tipo de causalidade mecânica que não era
incompatível com a concepção que o século XIX tinha de uma máquina. A mesma
impressão fora dada pelo trabalho do fisiólogo russo Pavlov publicado mais ou
menos na mesma época, e não foi corrigida pela psicologia do estímulo-resposta,
surgida nas três ou quatro décadas seguintes.

Watson naturalmente destacou os seus resultados mais passíveis de reprodução


que pôde descobrir, e muitos desses resultados foram obtidos com animais – os
ratos brancos da Psicologia animal e os cães de Pavlov. Parecia estar implícito que
o comportamento humano não tinha características distintivas. Para apoiar a sua
afirmação de que a Psicologia era uma ciência, ele fez empréstimos da anatomia e
da fisiologia. Pavlov adotou a mesma linha ao insistir em que seus experimentos
sobre o comportamento eram, na realidade, ‘uma investigação da atividade
fisiológica do córtex cerebral’, embora nenhum dos dois pudesse apontar qualquer
observação direta do sistema nervoso que esclarecesse o comportamento. Eles
foram também forçados a fazer interpretações apressadas do comportamento
complexo; Watson afirmando que o pensamento era apenas uma fala subvocal e
Pavlov, que a linguagem não passava de um segundo sistema de sinais. Nada, ou
quase nada, tinha Watson a dizer a respeito de intenções, propósitos ou
criatividade. Ele acentuava a promessa tecnológica de uma ciência do
comportamento, mas seus exemplos não eram incompatíveis com um controle
manipulador”.

Não poucas vezes, Allan Kardec, ainda no século XIX, postulou que tais
considerações seriam uma conseqüência natural de uma posição materialista, que
reduzisse o homem ao nível de uma máquina e desconsiderasse suas emoções,
anseios, e o que é ainda mais grave, seus comportamentos morais.

B.F. Skinner tentou, em momento posterior, oferecer uma solução para os


impasses desse tipo de psicologia, através de uma proposta bem mais elaborada e
complexa (embora tenha, no final das contas – como veremos – continuado
materialista). Refutando o “Behaviorismo Metodológico” de Watson, e expondo as
suas limitações, Skinner propôs a sua abordagem teórica ao qual denominou
“Behaviorismo Radical”.

O “Behaviorismo Radical” é, na verdade, a filosofia da “Análise Experimental do


Comportamento” ou da ciência (ou engenharia) do comportamento, criada ambas –
a filosofia e a ciência – por B. F. Skinner.

Skinner se esforçou, sobremaneira, para diferenciar o seu “Behaviorismo Radical”,


do “Behaviorismo Metodológico” de Watson. De fato, o seu materialismo baseado
numa visão funcionalista e organicista, avançou alguns passos em relação à visão
materialista mecanicista e positivista de Watson.

O principal avanço da Psicologia Comportamental de Skinner, em relação ao


Behaviorismo Metodológico de Watson é o seguinte: Watson opunha-se à realidade
dos conteúdos internos, o que em outras palavras significava que ele negava a
existência da mente e da subjetividade. O Behaviorismo Radical se distingue por
não negar a existência dos estados internos: o fato de que esses estados se situem
dentro do organismo e não possam ser observados senão pelo próprio sujeito não
põe em discussão a sua existência, como fazia pensar o positivismo de Watson.

Para o Behaviorismo Radical, o objeto de estudo da Psicologia – como no


Behaviorismo Metodológico – é o comportamento. Porém diferente de Watson, para
Skinner, o comportamento não é visto apenas como uma reação ao meio, mas
como o resultado da própria interação do organismo com o meio. O analista do
comportamento não está interessado em investigar o que o comportamento
significa, ou o que ele simboliza, mas sim, interessado em estudar as variáveis que
afetam esse comportamento, e de que maneira.

Em um primeiro momento, a Psicologia Comportamental de Skinner parece escapar


um pouco da abordagem materialista de Watson. Reconhece a existência de um
ente abstrato – a mente – os seus processos internos, e a realidade da
subjetividade.

Se reconhecermos que esse é um pré-requisito fundamental para a elaboração de


uma Psicologia que considere os aspectos espirituais do ser, seguindo a Lei do
Progresso (descrita pelo Espiritismo), observamos que o Comportamentalismo
também realizou um certo avanço.
Entretanto, o Behaviorismo Radical coloca tudo a perder e esbarra exatamente em
um dos seus postulados principais: o Comportamentalismo de Skinner considera
que embora a mente exista, ela não possui status de causa do comportamento em
qualquer nível de manifestação. Ou seja, a mente, a subjetividade e os estados
internos existem; talvez, a própria alma exista! Mas, nada disso explica porque
uma pessoa se comporta dessa ou daquela maneira. Assim, um psicólogo
comportamental, simplesmente não aceita a explicação de que uma ou outra
pessoa tenha se comportado dessa ou daquela maneira, “porque sentia isso ou
pensava aquilo”. A explicação estaria sempre na interação do organismo com as
variáveis do ambiente físico e social, e não no que a pessoa pensa e sente.

Apesar de toda a sofisticada elaboração skinneriana, o Behaviorismo Radical, em


função mesmo de sua posição em relação a influência do pensamento sobre o
comportamento, subestimando essa influência, não conseguiu evitar de atrair para
si críticas semelhantes às realizadas à abordagem mecanicista de Watson. Muitas
dessas críticas foram equivocadas, outras bem fundamentadas.

As críticas mais contundentes acusam que o Behaviorismo encara o ser humano


como essencialmente passivo, controlado por estímulos provenientes do mundo
externo, como se o homem fosse um mero autômato (Nagelshmidt, 1996). Essa
crítica é levantada tanto para o “Behaviorismo Metodológico” de Watson, quanto
para o “Behaviorismo Radical” de Skinner, mas a partir de uma leitura mais
imparcial, observamos que ela seria mais aplicável à abordagem de Watson. A
abordagem skinneriana surgiu exatamente como uma oposição ao pensamento
mecanicista da abordagem de Watson, que também era criticada por autores de
diversas outras abordagens teóricas.

A matriz de pensamento funcionalista subjacente ao modelo de Skinner enfatiza


três fenômenos característicos dos seres vivos, no universo dos eventos naturais,
que desafiam o poder compreensivo do mecanicismo e dos procedimentos
analíticos atomicistas: a reprodução, o desenvolvimento e a autoconservação.
Como afirma Figueiredo (1991), “… nenhum ser inanimado reproduz-se e nenhuma
máquina constrói outra máquina que se lhe assemelhe; uma máquina não se monta
sozinha; finalmente, a máquina estragada não se conserta nem tem a capacidade
de se modificar de forma a se manter em funcionamento apesar das variações do
meio ambiente”.
Skinner – ao contrário de Watson – tinha toda essa concepção em alta conta,
quando elaborou o corpo teórico e prático da sua abordagem comportamental. A
existência desses fenômenos – a reprodução, o desenvolvimento e a
autoconservação – indica a especificidade dos seres vivos que aponta para algo
“dentro” deles: superficialmente o ser vivo é matéria tão acessível como qualquer
outra aos procedimentos da física e da engenharia. Essas três características
sugerem, porém, a existência por debaixo da superfície observável, para lá da pura
anatomia, de processos e mecanismossui generis (Figueiredo, 1991). Essas
considerações que encontramos na literatura científica não-espírita, também foram
apontadas por Allan Kardec (1868), em seu livro “A Gênese”. Assim, observamos
que a intuição de todos esses processos e mecanismos também alimentou o
pensamento vitalista dos séculos XVII, XVIII e XIX.

Em Skinner, observamos que o tronco funcionalista de sua teoria parece caminhar


para retirar o Behaviorismo do materialismo restritivo de Watson, ao considerar a
existência da mente. Ele quase conseguiu rebater a crítica de que o Behaviorismo
Radical “… apresenta o comportamento simplesmente como um conjunto de
respostas a estímulos, descrevendo a pessoa como um autômato, um robô, um
fantoche ou uma máquina”. Porém, Skinner coloca tudo a perder quando insiste em
afirmar que as emoções e o pensamento não influenciam ou não explicam o
comportamento. Afinal, um ser vivo dessa natureza não nos transmite, novamente,
a impressão de uma concepção de ser humano similar a uma máquina ou um robô,
sem emoções?

A Quinta Força (Parte 4) – A Segunda Força na


Psicologia: A Psicanálise
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As Contribuições da Segunda Grande Força na Psicologia:

A Psicanálise ou a Psicologia do Inconsciente

A psicanálise, elaborada ao longo de investigações e reflexões ininterruptas de


Sigmund Freud (1856-1939) que se estendem da última década do século XIX à
terceira do século XX, apresenta tal riqueza e passou por tantas reformulações que
vem admitindo as mais variadas leituras e sendo objeto de um trabalho exegético
que muito se assemelha ao que os teólogos fazem em relação ao livro Sagrado
(Figueiredo, 1991).

Algumas dessas leituras sublinham e desenvolvem certos aspectos que revelam a


presença da matriz de pensamento funcionalista e organicista. Convém assinalar,
porém, que a obra de Freud é tributária de diversas tradições. Há tradições
filosóficas; há tradições filológicas, teológicas, e místicas(realçadas pela
aproximação da psicanálise com a hermenêutica e com a lingüística). Por fim, há
tradições científicas, que são as mais explicitadas.

· Resumo da teoria psicanalítica

É recomendável um resumo sumário da teoria psicanalítica clássica, apenas para


situar alguns dos seus conceitos nesse trabalho. Refere-se a Psicanálise a (1) um
padrão muito complexo de teorias sobre o desenvolvimento emocional dos seres
humanos e (2) a uma forma de tratamento baseado em parte nestas idéias teóricas
(Nagelshmidt, 1996).

A riqueza teórica da Psicanálise, pode ser apreciada – segundo Nagelshmidt (1996)


– através de sua proposta teórica de divisão da Psique (ou de divisão do aparelho
psíquico da mente) em três instâncias: o id, depositário do instinto sexual, o ego, a
mente consciente e racional, e o superego ou consciência moral. Nesse sentido, a
Psicanálise representa uma combinação de uma teoria de motivação, uma teoria
cognitiva e uma teoria sócio-psicológica: o id contém forças emocionais e
motivacionais básicas, o ego corresponderia ao sistema cognitivo e o superego ou
consciência moral seria a internalização dos valores da família e da sociedade em
geral.

Para a Psicanálise, os distúrbios mentais seriam causados por conflitos entre estas
três instâncias da vida psíquica. Assim, sendo, a terapia psicanalítica parte do
princípio de que se as pessoas pudessem ter acesso a idéias e conflitos reprimidos
em seu inconsciente, poderiam encará-los com mais objetividade e clareza. Para
recuperar o material reprimido, a Psicanálise fez uso de duas técnicas principais: a
associação livre e a análise dos sonhos.
A Psicanálise, portanto, seria essencialmente uma teoria psicológica e um método
terapêutico derivado dessa teoria, o qual visaria diminuir o sofrimento causado
pela não elaboração de certos conflitos. Tais conflitos fazem com que materiais
importantes sejam reprimidos e tornem-se inconscientes, sem por isso deixarem de
influenciar o comportamento e a experiência dos seres humanos.

A recuperação desses materiais, através do “insight” adquirido durante a terapia,


tornaria os indivíduos mais aptos a manejar sua vida psicológica e os conflitos
inevitáveis decorrentes de sua condição humana (Nagelshmidt, 1996). Deve-se
enfatizar, que esse sintético resumo, refere-se às concepções da Psicanálise
clássica freudiana. Desde a fundação da Psicanálise, por Freud, até os dias atuais,
muitos conceitos novos, influências e modificações fizeram dessa ciência, um
campo dinâmico de produção de conhecimentos.

· A importância da Psicanálise nesse estudo

O objeto de estudo da Psicologia, dentro de uma orientação psicanalítica, é o


inconsciente. A Freud coube o mérito de ser o primeiro a levar a sério a noção de
inconsciente e, assim, revelar-lhe a estrutura (Reis, 1984).

O inconsciente já era conhecido dos filósofos antigos e dos místicos. Freud não o
descobriu, por assim dizer; o seu diferencial, foi a operacionalização de recursos
teóricos e práticos, em contexto terapêutico, para lidar com o inconsciente, a partir
do estudo deste, e de sua maior compreensão. Freud sistematizou um método de
pesquisa do inconsciente compatível com as exigências da inteligibilidade científica,
abrindo um caminho novo para o estudo da Personalidade. Sabe-se, que ele
realizou esse projeto lado a lado com dois outros espíritos igualmente inovadores:
Carl Gustav Jung e Wilhelm Reich.

Juntos Freud, Reich e Jung centraram seus estudos da personalidade tomando


como ponto focal o inconsciente – fato esse, que une os três em uma identidade.
Isso, que hoje pode parecer banal representou para a Psicologia, uma revolução
equivalente àquela efetuada por Copérnico na Astronomia, e por Darwin na
Antropologia. Copérnico retirou o homem do centro do universo. Darwin destronou-
o, ao situá-lo na cadeia animal e Freud revelou o inconsciente (aquela parte que o
sujeito ignora de si mesmo), erigindo-o como predra fundamental sobre o qual se
apóia o edifício da Personalidade. Segundo Freud, essas foram “três feridas
profundas na auto-estima da humanidade” (Reis, 1984) – as três grandes feridas
narcísicas do ser humano.

O aspecto fundamental que acredito ser importante sublinhar nesse estudo, e que
de fato, parece ser o ponto central da contribuição Psicanalítica à elaboração de
uma Psicologia Espírita é o seguinte: ao tomar o inconsciente como objeto de
estudo da Psicologia (e com isso inaugurando um consistente estudo da Psicologia
da Personalidade, e mesmo da Psicologia Contemporânea como hoje a
conhecemos), a Psicanálise é a primeira das abordagens teóricas a dar um
passo decisivo para a Psicologia retomar o seu objeto de estudo original –
a alma humana – segundo os parâmetros que regem a conduta científica,
como compreendida na contemporaneidade.

Para entender essa hipótese, teremos que levantar todo um apanhado histórico da
Psicologia, tal como era entendida pelos gregos antigos, e ao mesmo tempo
penetrar rapidamente no complexo labirinto das tradições místicas e gnósticas que
estão na origem do pensamento aqui proposto, e que influenciaram parcialmente a
Psicanálise, especialmente no que diz respeito ao tronco judaico-cristão de Freud.

A Quinta Força (Parte 5) – Psicanálise e Gnosticismo


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Psicologia e Gnose:

Do misticismo à Psicanálise e à Psicologia do Inconsciente

Para o historiador de arte Aby Warburg (1866-1929), que desenvolveu, nas


investigações realizadas no início deste século, um trabalho interdisciplinar
pioneiro, a Alexandria tardo-clássica representava a essência do lado obscuro e
supersticioso do homem. Aqui, no antigo centro da cultura universalista grega em
solo egípcio, constituída por um amálgama de povos de várias raças, por colonos
gregos e romanos, por egípcios e judeus, convergiram nos primeiros séculos da era
cristã as linhas de todas as disciplinas individuais que formam o complexo da
filosofia hermética: a alquimia, a magia astral e a Cabala (Roob, 1997).
Os sistemas sincretistas complementares, de que se alimentam, formas híbridas de
filosofias helenistas e de religiões orientalistas e cultos de mistérios, são conhecidos
pelos conceitos de gnose e de neo-platonismo. Essa é base do campo de
conhecimento normalmente denominado como Misticismo. (…) Gnose significa
conhecimento, que os gnósticos adquirem por várias vias. O conhecimento
primordial e fundamental é a informação correta e diz respeito à natureza divina da
própria essência do ser, onde a alma surge como centelha de luz divina (Roob,
1997).

A Psicologia segundo a clássica concepção da Grécia antiga tinha como objeto de


estudo essa alma humana, de natureza divina. Hoje encontramos definições da
Psicologia como o estudo da mente ou da psique, dependendo da posição teórica
adotada. Já vimos que para Skinner, todos esses termos mentalistas retomam a
referência a um conceito abstrato, similar à noção de alma (por isso, o mentalismo
é rejeitado por uma concepção atual da psicologia como o estudo do
comportamento).

Porém Psique foi um termo amplamente utilizado por Freud e Jung, ao longo dos
textos que compõem suas complexas teorias; ela é a palavra grega que serve de
raiz do termo Psicologia, e significa alma, ou “aquilo que não é do corpo, mas é o
componente invisível de uma pessoa” (Halevi, 1990). Nenhum estudo sistemático
da psique foi empreendido no mundo ocidental antes dos antigos gregos (o mesmo
não pode ser dito sobre os orientais que já estudavam a realidade da alma no
psiquismo, milhares de anos antes). Reconhecia-se a presença da alma, mas o que
era conhecido estava limitado às escolas esotéricas ou fazia parte do folclore.

Essa fenomenologia poderia ser encontrada na observação das aparições dos


mortos, no significado dos sonhos ou nas histórias de aventuras entre os deuses.
Fragmentos de conhecimentos chegaram até nós, mas estão na maior parte das
vezes, na forma de alegorias que precisam ser interpretadas na linguagem de
nossos dias. Aliás, o Espiritismo tem oferecido a sua contribuição substancial para
clarificar o conteúdo desse material metafórico, e ir ainda mais além.

Seja como for, naquela época da história, o homem ocidental estava ainda na fase
supersticiosa do desenvolvimento, na qual os fenômenos incomuns eram
observados, mas não entendidos, de modo que o natural e o sobrenatural se
confundiam (Halevi, 1990). Esse fato é bastante sublinhado na literatura específica
sobre Parapsicologia (Andrade, 1990; Still, 1986; Aresi, 1917; Inardi, 1977) e
Espiritismo (Kardec, 1861). A partir de agora, será realizada uma descrição
histórica do desenvolvimento do misticismo até o surgimento da Psicanálise,
tomando como base os estudos e pesquisas de Halevi (1990), estudioso da Cabala,
e de suas conexões com a Psicologia. Durante essa descrição, aqueles que
conhecem bem o Espiritismo, observarão que muitos dos temas abordados por
místicos e cabalistas, também são abordados pelos Espíritas modernos, e
logicamente, também por psicólogos, justificando esse apanhado histórico.

Segundo Halevi (1990), quando os gregos entraram em contato com as mais


antigas e avançadíssimas civilizações do Oriente, em suas campanhas de conquista
e de comércio, ocorreu uma alquimia cultural, na qual a inteligência racional dos
gregos foi estimulada e fusionada com a experiência filosófica e religiosa da mente
oriental. Além dos contatos com as civilizações indiana e persa e a conexão com os
egípcios, houve também o encontro entre as culturas helênica e judaica, que deram
origem aos fundamentos da Cristandade e do Islã.

O impacto dessa interação estimulou não somente uma abordagem intelectual da


cosmologia como também a psicologia, quando os gregos começaram a examinar
seus próprios mitos, dando corpo a uma base lógica para a estrutura e a dinâmica
do macrocosmo e do microcosmo do Universo e do gênero humano,
respectivamente, conceitos comuns em disciplinas como a Cabala, a Astrologia e a
Alquimia.

Por volta do sexto século antes da era comum a.C., a ciência grega concluíra que
havia uma diferença clara entre sentido e razão, no sentido em que a mente
sintetiza o que o corpo percebe. Paralelamente, a noção de temperamentos
diferentes foi observada e relacionada aos quatro elementos em uma fórmula do
tipo “embaixo tal qual em cima”, tão apreciada pelos filósofos místicos.Lá pelo
quinto século a.C., a escola pitagórica diferenciou a psique do corpo, o qual era
visto por eles como uma prisão para a alma enquanto a pessoa estivesse
encarnada. Acreditavam que a vida fosse um processo de aprendizagem, durante o
qual a alma abria vagarosamente o seu caminho em direção à liberdade interior,
purificação e imortalidade, ao transcender o ciclo natural de nascimento,
crescimento, decadência e morte.
As escolas que não se ocupavam das questões ligadas ao desenvolvimento
focalizavam aspectos mais pragmáticos; aqui temos a grande divisão entre as
abordagens platônica e aristotélica, que partilham o estudo da psicologia
até os nossos dias (elemento longamente estudado por Jung, em seu livro
de 1920 – Tipos Psicológicos). Platão seguiu a linha mística, pois via o
Universo emergindo de um reino invisível para uma manifestação,
enquanto Aristóteles, o cientista, observava que esses reinos mais sutis
eram inerentes ao mundo material. Ele via a psique como a soma ou
essência do corpo vivo, enquanto Platão a percebia como um organismo
não físico que podia renascer várias vezes após a morte.

Em um nível mais detalhado de observação da mente encarnada, os gregos


preocuparam-se com a moralidade da psique em conflito com os vários impulsos do
corpo. O processo da vagarosa organização de impulsos primitivos em ações
conscientes complexas também foi observado, assim como o princípio do desejo e
realização nos sonhos, quando as faculdades superiores estão adormecidas e os
apetites mais básicos podiam ser desencadeados sem condenação social. Sabemos
que a psicanálise freudiana irá no século XX sistematizar ao conhecimento científico
esses postulados, que foram por ela redescobertas.

Isso porque, muitas dessas primeiras conclusões foram incorporadas aos vários
sistemas que surgiram da visão helênica da psique. De fato, o efeito do helenismo
sobre a visão judaica da psique, e mais tarde sobre as visões cristã e islâmica, foi
enorme. Isso ficou mais claro quando a Cabala saiu de sua tradicional reclusão no
princípio da Idade Média. A Cabala é um sistema filosófico-religioso que busca
compreender Deus, os mistérios do Universo e o destino do homem através do
misticismo. Enquanto sistema judaico-cristão guarda muitas relações de
similaridade e complementaridade com a visão espiritista moderna, de forma que
seu estudo sumário é importante para qualquer um que queira contribuir para a
pesquisa de um projeto de Psicologia Espírita.

Observamos, nesse contexto, que na crise entre razão e revelação, a psique foi
submetida a profundos estudos, quando vários místicos discutiam abertamente os
muitos componentes, funções, problemas e resoluções relacionados à vida interior.
Debates sobre a alma nas casas de estudo rabínicas, nas celas monásticas, nas
escolas sufistas e entre os cabalistas e os alquimistas gnósticos, bem como entre os
mais diferentes pesquisadores esotéricos e místicos (ocidentais e orientais)
exploravam cada aspecto e nível, até que o espírito criativo se abatesse e as
universidades se tornassem meros centros de repetição e informações baseadas no
que fora dito pelos mestres antigos e medievais, situação que só se modificou com
a Renascença, quando a psicologia voltou a mover-se, devido ao esforço de
pessoas inquisitivas que recomeçaram a estudá-la com uma nova visão.

Por exemplo, o trabalho do anatomista Vesalius, no século XVI, removeu muitas


idéias sobre a dependência do corpo pela alma, como sustentavam muitos antigos
pensadores; observadores sociais, como Maquiavel, varreram com o ideal
acadêmico de que as pessoas eram inerentemente nobres. Estava bastante claro,
naqueles tempos politicamente expeditivos, que o lado primitivo de um ser humano
podia perfeitamente predominar. Isso levou a uma reformulação da psicologia e das
suas implicações, com o estudo do efeito da sociedade sobre os indivíduos (Halevi,
1990).

Por outro lado, estudiosos como Thomas Hobbes tomaram outro caminho, e
desenvolveram uma abordagem mecanicista, alinhada com a influência de Galileu,
que havia destruído a antiga imagem do mundo e todo o seu mistério com a
mecânica celeste. A Idade da Razão, nascida desta perspectiva, foi combatida por
algumas escolas platonistas da época, mas até mesmo Newton, um místico de
primeira grandeza, se viu obrigado a ocultar o fato de que a maior parte de suas
anotações eram sobre questões religiosas. Aparentemente, durante os séculos XVII
e XVIII, poucos estudos psicológicos reais foram feitos, embora muito tenha sido
feito com o uso da abordagem mecanicista e teórica, o que levou a muitas
conclusões baseadas no método empírico. Por outro lado, o extremo racionalismo
dessa época produziu suas reações, através de edifícios téoricos complexos como
os dos processos magnéticos do mesmerismo, ou o surgimento de algumas novas
escolas protestantes no Cristianismo, ou ainda, o protesto dos filósofos românticos,
entre outros.

Em uma era obcecada com o estilo requintado e com o aperfeiçoamento do


maquinário, a loucura não era entendida, e era tratada do modo mais bárbaro. Foi
somente após o surgimento da consciência social que as pessoas pensaram em
examinar a psique do indivíduo. Por volta do fim do século XIX, surgiram
numerosas escolas de psicologia; algumas tinham um ponto de vista fisiológico,
enquanto outras consideravam os aspectos sociológico, funcional e
comportamental. Escolas como a gestáltica exploravam os efeitos do meio
ambiente sobre a psique, em contraste com os procedimentos analíticos que se
envolviam então para devassar as estruturas da mente.

De toda essa ebulição de estudos científicos surgiu Freud, que abriu o Mundo do
Inconsciente, com suas poderosas forças que permeiam a consciência, para
influenciar as pessoas sem que elas o percebam, causando neuroses, psicoses e
comportamentos ocasionalmente irracionais em pessoas consideradas normais. A
contribuição de Freud para a psicologia ocidental foi enorme. Ele não somente
redescobriu aquilo de que as escolas esotéricas falaram durante séculos como
também começou a sistematizar a mente de maneira científica, embora tenha
encontrado muita resistência em sua própria área profissional. Jung, seu colega
mais jovem, que estivera desenvolvendo sua própria visão de psique, adotou uma
postura platônica para a abordagem aristotélica de Freud. Jung notou que, embora
a mente tenha seus impulsos primitivos, está também sujeita a uma influência mais
profunda, vinda dos níveis mais altos do inconsciente. Desse modo, o ego da psique
inferior foi separado do Si-mesmo, que supervisiona o processo de
desenvolvimento, tal como descrito em textos e mitos espirituais (Halevi, 1990).

Como existe hoje em dia, no Ocidente, um grande interesse pelo esotérico, isso
levou muita gente a reconhecer que a psicologia é um pré-requisito necessário
antes de se passar para o estudo do Espírito e do Divino. É aqui que a
Psicologia e o Esotérico podem encontrar-se, adaptar-se mutuamente e dar origem
a uma alquimia para a nossa época. Antes que isso possa acontecer, porém,
temos, que considerar a idéia da revelação como fonte de conhecimento, na
chamadaepistemologia da intuição (Cabala, Parapsicologia e Psicologia
Profunda) e da mediunidade(Espiritismo): se tomarmos, por exemplo, a Cabala
como um dos referenciais a serem considerados, veremos que o seu ensinamento
tem sido sempre o mesmo ao longo dos séculos. Apenas a forma desse
ensinamento mudou com o tempo. O conteúdo da Torá, tal como é
tradicionalmente chamada, diz respeito à origem, natureza e propósito do Universo,
o lugar do homem em um processo Divino pelo qual Deus contempla Deus no
reflexo da Existência. Esse tema é recorrente em toda a Bíblia e em todos os
sistemas esotéricos que surgiram daquele círculo de seres humanos que
historicamente apreenderam a dimensão transpessoal da realidade. Uma
determinada cultura pode encobrir ou obscurecer o ensinamento, mas a presença
deste é sentida nos rituais, nas devoções e na metafísica por todos os que buscam
um sentido para a vida, e até mesmo por aqueles que têm somente uma
apreciação supersticiosa do que se encontra sob a superfície do mundo físico. Os
gnósticos originais, ou “os que sabem”, foram alguns dos que tiveram acesso direto
a um conhecimento “superior”. Tal acesso pode ter sido alcançado mediante ações
corretamente executadas, oração devota ou contemplação profunda. Pode também
ter sido revelado pela instrução de alguém que sabia, por uma experiência mística
pessoal, o que é que estava além da “mente comum”, e compreendia os seus níveis
superiores e o seu funcionamento. Infelizmente, como tem sido notado pelos
místicos, há sempre o problema de descrever o indescritível. Muitos, portanto,
foram obrigados a reduzir suas percepções a termos corriqueiros, de modo a
poderem passar adiante algo dessas dimensões mais refinadas e sutis.

Temos assim, que entre os pólos da simples consciência física e da total realização
está um amplo espectro de experiência humana. Tal espectro é dividido, por toda
Tradição esotérica em corpo, alma, espírito e Divino. A psicologia, segundo essa
visão, ocupa-se primariamente do mundo da mente, que tem acesso ao corpo,
contém a alma, é penetrada pelo espírito e tocada pelo Divino. Quando o estudo da
psicologia é colocado nos marcos do esquema da Cabala, é levado em consideração
a origem do ser humano e da sua composição física, espiritual e Divina. Sem
restringir a psique a um único caminho que conduz ao processo de aprendizagem,
antes a Cabala, a aborda como um microcosmo dentro do Universo, onde é possível
encontrar, em suas partes mais profundas, áreas inconscientes que possuem
lembranças não apenas desta vida, mas de toda a humanidade, permitindo ao
indivíduo um relacionamento melhor com as constantes mudanças de valores que
ocorrem não somente no mundo exterior, mas também nos processos corporais e
psicológicos.

Temas como a noção de reencarnação, carma e vidas passadas, e a influência


dessas existências anteriores sobre a psique, passam a ser importantes nesse
contexto. Os cabalistas acreditam que todo ser humano, antes mesmo de nascer,
possui uma linha seqüencial de desenvolvimento físico e psicológico pré-
determinada, em linhas gerais, já que modulada e flexibilizada pelo livre-arbítrio, e
dentro da qual cada um tem tarefas espirituais a cumprir. A este processo dá-se o
nome de Destino ou Sina, que deve ser vivenciado para que o indivíduo possa
alcançar a perfeição do Self. O simbolismo da Árvore da Vida é, tomado assim,
como base para uma viagem dentro do Eu, em que especial atenção é oferecida à
psique e à grande jornada do destino, que cada um de nós empreende ao descer à
encarnação, e ao voltar depois ao lugar de onde todos viemos.

Ao fundir disciplinas como psicologia, cabala e espiritismo, devemos examinar a


história da nossa atual situação a cada nível, extraindo elementos mais importantes
de cada tema e inter-relacionando as suas relevâncias, de maneira a compor uma
síntese que proporcione uma nova visão de ambos, considerando-se diversas
escolas de pensamento, não somente para obter um panorama mais amplo como
também para cobrir todos os estágios e níveis do desenvolvimento. Esse trabalho
que coloca o cabalista em contato com o psicólogo, descreve a Epistemologia da
Intuição, que é igualmente compartilhada com a Epistemologia da
Mediunidade, que fundamenta uma Psicologia de Orientação Espírita – Psicologia
e Psicanálise, Espiritismo e Gnose (Cabala e Alquimia), muito possuem a contribuir
um com o outro, temos que concordar. No futuro, isso poderá justificar todo um
trabalho de pesquisa a ser publicado e divulgado ao público. Por enquanto, porém,
tal ultrapassaria dos objetivos do material aqui tratado.

 Sobre as conclusões da contribuição Psicanalítica

Como observamos a Psicanálise redescobre em uma linguagem científica, muito do


que os gnósticos já conheciam sobre a Alma Humana e o Inconsciente. Com isso, a
Psicanálise fornece uma consistente teoria sobre a personalidade humana, ao
discriminar os elementos psíquicos relativamente estáveis de nossa individualidade,
e seus mecanismos psicodinâmicos.

Assim, com o conceito de personalidade e a descrição do aparelho psíquico, Freud


se tornou o primeiro autor a abrir caminho a um estudo profundo da Alma Humana,
com a fundação da Psicanálise e a popularização da Psicologia Moderna. Jung veio
logo em seguida, aprofundando e ampliando a contribuição freudiana. Nomes como
Alfred Adler e Wilhelm Reich também fazem parte desse percurso e, não devem ser
esquecidos nesse apanhado histórico. Um detalhamento de suas contribuições,
porém, excederia os limites dessa atual pesquisa.

Por fim, procurou-se evidenciar a influência do helenismo e do judaísmo


(especialmente, da Cabala) na formação do pensamento freudiano. Freud não
assumiu expressamente todas as implicações dessa influência, apesar de ter aberto
um grande caminho, muito bem aproveitado, posteriormente, por Jung…

A Quinta Força (parte 6) – A Terceira Força ou


Psicologia Humanista
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As Contribuições da Terceira Grande Força:

A Psicologia Humanista.

“Tenho certeza que nossas experiências terapêuticas e grupais lidam com o


transcendente, o indescritível, o espiritual. Sou levado a crer que eu, como muitos
outros, tenho subestimado a importância da dimensão espiritual e mística. (…)

… a grande vantagem da aprendizagem centrada na pessoa, que nos impele para


além do que sempre sonhamos, para áreas nas quais jamais havíamos esperado
chegar”.

Carl R. Rogers

A psicologia humanista surgiu na década de 50 e início dos anos 60. Os nomes mais
conhecidos da Psicologia Humanista são Carl Rogers, Abraham Maslow e Anthony
Sutich. No contexto desse estudo, a principal contribuição da Psicologia Humanista
para a Psicologia Espírita, é a valorização das características morais e éticas
criativas do ser humano, que num termo preciso são “qualidades e capacidades
humanas por excelência” (Nagelshmidt, 1996), entre as quais podemos citar:
valores, identidade, coragem, responsabilidade, criatividade e motivação para
atualizar os seus próprios potenciais positivos.
· Resumo Teórico da Psicologia Humanista

Segundo Nagelshmidt (1996) a psicologia humanista procura encarar o ser humano


como um todo complexo e organicamente integrado, propondo portanto uma visão
holística deste ser humano. Dentro desta visão holística, o ser humano seria como
que marcado pela necessidade – a qual, aliás, seria intrínseca a todos os
organismos vivos – de atualizar seus potenciais e tornar-se a totalidade mais
complexa, organizada e autônoma de que for capaz.

Talvez, afirma a autora, por causa desta ênfase na necessidade do


desenvolvimento das melhores capacidades e potencialidades dos seres humanos, a
Psicologia Humanista é também conhecida pelo nome de “Movimento do Potencial
Humano”. Daí decorre também uma característica muito interessante da Terceira
Força: ao invés de tentar descrever e elaborar teorias sobre distúrbios psicológicos
e seu tratamento, reservando à saúde mental a conotação essencialmente negativa
de ausência de doenças, os psicólogos humanistas irão definir a saúde mental
ótima como o desenvolvimento e aquisição de certas características
especificamente humanas tais como aceitação de si mesmo, espontaneidade,
empatia, capacidade de resistir a influências provenientes do meio social,
capacidade de manter relações interpessoais significativas, criatividade, etc. Por
isso, além da Psicologia Humanista se aproximar do Espiritismo pela via dos fins
morais e éticos construtivos, observa-se uma concordância com a noção humanista
de potencial para a auto-organização e para a auto-realização, e o conceito de “Lei
do Progresso” na doutrina kardecista e o livre-arbítrio na visão Cristã como um
todo. Nesse caso, observamos que para o homem progredir e exercer o seu livre-
arbítrio, há a necessidade de uma prontidão psicológica para tal, que na Psicologia
Humanista, é representada pelo conceito de “potencial para a auto-organização”.
Esse mesmo fato é observado na Psicologia Profunda de Jung, quando ele propõe
que a psique possui uma propriedade psicológica de auto-regulação.

Resumindo: Vimos que para o Behaviorismo, a Psicologia é a ciência do


comportamento e para a Psicanálise, a Psicologia tem como objeto de estudo o
inconsciente. Para a abordagem Humanista, a Psicologia é a ciência que estuda a
subjetividade humana. Os potenciais humanos aos quais se refere a Psicologia
Humanista irão, quando desenvolvidos, permitir que o ser humano possa vir a se
localizar melhor frente a certas perguntas essenciais que lhe serão colocadas e que
se referem ao sentido e significado de sua própria vida, bem como das metas
existenciais que se propõe atingir. Estas perguntas essenciais são
fundamentalmente três: (1) “Quem sou eu?”; (2) “De onde vim?”; (3) “Para que
direção estou me encaminhando?”. Temos assim, um terceiro ponto de contato
entre a Psicologia Humanista e uma Psicologia de orientação Espírita, qual seja, a
preocupação com o questionamento e a reflexão dos temas existenciais
significativos da vida humana. Não à toa, podemos afirmar que a Doutrina
Espírita é em essência uma Doutrina Humanista e Existencialista.

Na Psicologia Humanista, considera-se que o desenvolvimento dos próprios


potenciais pode fazer com que as pessoas venham a reconhecer a possibilidade de
se atingir a transcendência, ou seja, de se ultrapassar certos limites já conhecidos
da condição humana, permitindo um contato com “algo” que é sentido como se
encontrando além da experiência humana ou pessoal comum. É a partir desta
possibilidade de transcendência, ligada a uma busca de crescimento que
poderíamos denominar de “espiritual”, que surge a Psicologia Transpessoal, a qual,
pode ser considerada uma evolução natural da Psicologia Humanista (Nagelshmidt,
1996).

A Quinta Força (parte 7) – A quarta Grande Força: a


Psicologia Transpessoal
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As Contribuições da Quarta Grande Força:

A Psicologia Transpessoal.

“Devo também dizer que considero a Psicologia Humanista, ou Terceira Força em


Psicologia, apenas transitória, uma preparação para uma Quarta Força ainda ‘mais
elevada’, transpessoal, trans humana, centrada mais no cosmos que nas
necessidades e interesses humanos, indo além do humanismo, da identidade, da
individuação e quejandos (…). Necessitamos de algo ‘maior do que somos’ ”.

Maslow
Finalmente chegamos à abordagem teórica que toma como objeto de estudo da
Psicologia os aspectos da experiência humana relacionados à espiritualidade e à
ampliação da consciência (Júnior, 1993).

A Psicologia Transpessoal irá preocupar-se com temas como (1) estados alterados
da consciência, (2) experiência culminante, (3) ampliação e transcendência dos
estados ordinários da consciência, (4) experiência mística, etc (Nagelshmidt, 1996).

Segundo Júnior (1993), o interesse e o reconhecimento da importância desses


temas é imemorial nas culturas e sociedades humanas. Embora esse interesse,
assim como a visão de homem e universo a ele associada, sejam com justiça
habitualmente relacionados ao campo da Religião e da Filosofia, é igualmente justo
e apropriado, sob uma ótica mais atual, considerar grande parte da produção
cultural desenvolvida nessa área como pertencente ao campo do que hoje
chamamos Psicologia.

Ainda segundo o autor, abstraída uma leitura mais ingênua dos aspectos
mitológicos, doutrinários e ritualísticos específicos, a maioria das religiões e
tradições espirituais acabam propondo um modelo teórico-operativo da psique
humana (ou seja, uma teoria da personalidade) e tecnologias de mudança da
personalidade direcionadas ao parâmetro considerado mais saudável pelo modelo
adotado (ou seja, algo como um tipo de “psicoterapia”).

Este ponto de vista de aceitar as tradições espirituais como psicologias, e mais


ainda, psicologias transpessoais, é ponto pacífico dentro do Movimento
Transpessoal e, mesmo, fora deste, encontra larga aceitação, em grande parte
graças ao trabalho de Jung, que em suas pesquisas sobre a Alquimia e as religiões
orientais e ocidentais, revolucionou a concepção cientificista com que tais tradições
eram encaradas. Assim vemos, hoje, populares manuais acadêmicos de teorias da
personalidade, largamente utilizados fora do círculo transpessoal (como o de
Fadiman e Frager, 1979), e mesmo de autores não identificados com a perspectiva
transpessoal (como Lindsay e Hall, 1984), dedicarem capítulos às chamadas
Teorias Orientais.

Essas observações são confirmadas por Nagelshmidt (1996), ao acentuar que


“abstraídas certas diferenças quanto a conteúdos específicos, os modelos da psique
humana proposto pelas grandes religiões e tradições espirituais como o Judaísmo, o
Budismo, o Cristianismo, etc., apresentam grandes semelhanças quanto à forma
através da qual encaram o desenvolvimento do psiquismo, merecendo portanto
uma consideração mais cuidadosa por parte dos psicólogos”.

Como veremos, então, a principal contribuição da Quarta Força para a


formação de uma Psicologia Espírita, é a valorização dos aspectos ligados
ao objeto de estudo do Espiritismo, como a alma humana e a experiência
da espiritualidade. Como o Espiritismo, a Psicologia Transpessoal enfatiza
os aspectos que unificam as diferentes religiões e filosofias espiritualistas.

Os principais nomes da Psicologia Transpessoal são (1) o psiquiatra canadense


Richard Maurice Bucke, (2) o maior dos psicólogos americanos, Willian James – que
muito contribuiu com seus estudos sobre “As Variedades da Experiência Religiosa”
(título de seu livro de 1902) e (3) o genial e extraordinário Carl Gustav Jung,
fundador da Psicologia Analítica e realmente o primeiro psicólogo
Transpessoal,stricto sensu.

Jung foi um psicólogo adiante de seu tempo; em muitas de suas revolucionárias


concepções antecipou em décadas diversas tendências assumidas hoje pelo
Movimento Transpessoal, sendo um desafio, neste curto estudo, querer traçar ainda
que um resumo de suas contribuições ao estudo das dimensões transcendentes da
consciência – ou do inconsciente, como ele preferia dizer. Apenas para citar, noções
como arquétipo, inconsciente coletivo, psique objetiva, Self, sincronicidade, entre
outras, assim como seus já referidos estudos sobre Religião e Alquimia – e mais,
Parapsicologia, Astrologia, I-Ching e conhecimento Oriental – encontram-se, e por
certo se manterão por muito tempo, na ordem do dia para os psicólogos
transpessoais deste e do futuro século. A sua filiação póstuma como membro
honorário e fundador é disputada tanto pelo Movimento Humanista como pelo
Transpessoal (Júnior, 1993).

Segundo minha visão pessoal, Jung é o pesquisador que lançou as mais sólidas
bases estruturais para a elaboração teórica e prática de uma Psicologia
Transpessoal que considere a alma humana um importante aspecto do ser, a ser
compreendido.
A Psicologia Transpessoal, como um todo, é portanto a que mais se aproxima de
um modelo de Psicologia de orientação Espírita, e é portanto, a que mais tem
contribuições a lhe oferecer, segundo a minha hipótese pessoal.

Entretanto, quando tomamos propriamente todos os desenvolvimentos atuais da


ciência Espírita, observamos que uma Psicologia assentada nas bases dessa ciência,
ainda avança diversos degraus em relação às outras abordagens teóricas, e mesmo
em relação à Psicologia Transpessoal.

O Behaviorismo, ou a Psicologia Comportamental, como vimos, define o seu objeto


de estudo como sendo o comportamento do organismo como um todo. Num
primeiro momento (Behaviorismo Metodológico de Watson) seu conceito de ciência
é baseado num paradigma filosófico mecanicista, positivista e pragmático. Num
segundo momento (Behaviorismo Radical de Skinner) o paradigma mecanicista e
positivista, dá lugar a um funcionalismo operacionalista e, ainda, pragmático. A
primeira (Watson) é uma Psicologia Materialista em sua essência, enquanto a
segunda (Skinner) é materialista em suas implicações, já que aceita a existência de
um ente abstrato (a mente), mas não a sua ação sobre a realidade concreta.
Mesmo assim, essa Primeira Grande Força contribui com uma tecnologia
comportamental para a psicologia, útil à atividade psicoterapêutica. Além disso, o
seu modelo operacionalista ajuda a descrever e entender os mecanismos das Leis
de Ação e Reação, e de Causa e Efeito subjacentes aos conceitos de Carma e
Reencarnação (da Doutrina Espírita), dentro de um contexto funcionalista, mais
flexível a uma intervenção ativa por parte do homem, e compatível com o
dinamismo conceitual da visão kardecista.

A Segunda Grande Força – a Psicanálise – define o objeto de estudo da Psicologia


como sendo o inconsciente. É a primeira das Quatro Grandes Forças a oferecer as
bases de uma teoria consistente da personalidade, abrindo com isso o primeiro
caminho para a Psicologia retomar contemporaneamente a alma humana como o
seu objeto de estudo . Mas, faltou à Psicanálise assumir esse objeto de modo mais
expresso e definitivo.

A Terceira Grande Força – a Psicologia Humanista – ao compreender que a


Psicologia deveria ser o estudo da subjetividade humana, além de contribuir com a
compreensão e a pesquisa dos aspetos mais construtivos do ser, tornou-se uma
espécie de intermediária para o que veio depois, a Quarta Grande Força – a
Psicologia Transpessoal – que então assume, de maneira expressa o estudo da
dimensão espiritual do ser humano. Transpessoal, aqui, significa transcender o
meramente pessoal, para ir atrás “do que está mais além”.

Na Quarta Grande Força, a Psicologia está muito próxima de definir como seu
objeto de estudo a alma humana. Porém, acredito que isso só será realmente
realizado de forma consistente e sistemática com a contribuição do Espiritismo. É
nesse sentido que o Espiritismo tem a sua maior contribuição a oferecer à
Psicologia. Com o Espiritismo, a Psicologia retoma o seu objeto de estudo original,
como era definido pelos gregos antigos, ou seja, a alma humana, porém agora
contextualizada às mais recentes descobertas da ciência moderna.

A Quinta Força (Parte 8) – Resumo sobre Psicologia


e Espiritismo
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A Psicologia Espírita

A Psicologia Espírita se define como a ciência que estuda a alma humana. Enquanto
tal fundamenta-se nas contribuições conjuntas das principais pesquisas no campo
da Psicologia Contemporânea e na Ciência Espírita Moderna.

Algumas notações oferecidas por Facure (1999) podem ser úteis aqui. Para esse
autor, a Medicina lida muito de perto com o sofrimento e com o ser humano na sua
mais profunda intimidade, e por isso tem no seu próprio conteúdo a necessidade de
mais esclarecimentos para justificar a causa de tanto desajuste e o porque de tanta
complexidade na alma humana. Tomando isso como válido também para a
Psicologia, e retomando os argumentos do autor, observamos que “… A existência
de Deus e a identificação da Alma, reconhecida pela sua imortalidade e
suas experiências em vidas sucessivas, são paradigmas indispensáveis”
sempre que a Medicina e a Psicologia, pretenderem se esclarecer sobre o porque da
dor, sobre a desigualdade aparente dos sofrimentos, sobre quem somos e “porque
as nossas ações de hoje trazem repercussões no nosso amanhã, assim como o
nosso ontem nos trouxe a paz ou a intranqüilidade de hoje”.

É nesse sentido, que a Psicologia Espírita avança, ainda, alguns passos a mais que
a Psicologia Transpessoal, apesar dessa ser a abordagem – entre as “Quatro
Grandes Forças” – que mais se aproxima da visão espiritista. A Psicologia Espírita
realmente reconhece sem limitações, as implicações contingentes ao conceito de
alma, e à existência de uma dimensão espiritual com leis próprias de
funcionamento.

O Espiritismo, como costuma enfatizar a literatura específica (Kardec, 1868;


Argollo, 1994) , caminha lado a lado com a ciência. Assim, temos que
o Espiritismo ensina que a alma percebe as sensações, cria as suas idéias, elabora
seus pensamentos e transmite pela linguagem os seus desejos, e o corpo físico
nada mais é que o veículo que seguirá o caminho que a alma lhe determinar,
caminhando adiante ou tropeçando nas enfermidades de acordo com o controle ou
o desatino que nossos desejos exigirem. Paralelamente, a medicina
psicossomática das últimas décadas e a neuropsicoimunologia de hoje nos propõem
a cuidarmos da mente, selecionarmos os nossos pensamentos e a controlarmos
nossos desejos para aumentarmos as defesas e a proteção imunológica do nosso
corpo (Facure, 1999).

O Espiritismo nos esclarece que nossa alma se liga ao corpo pelo perispírito que lhe
permite transitar no mundo material e no mundo dos espíritos, onde podemos
vivenciar realidades diferentes em cada uma destas dimensões. Por sua vez,
a psiquiatria moderna, estudando pacientes terminais ou recuperados de estados
comatosos, catalogou inúmeros exemplos de experiências fora do corpo com
relatos vibrantes de uma percepção muito ampliada da realidade (Facure, 1999).
Esses dados também são confirmados por Halevi (1990).

Podemos então observar, segundo Facure (1999), que títulos novos estão
redescrevendo, por exemplo, na área médica, fenômenos que a literatura Espírita
relata com detalhes há um século e meio. Conclui o autor, “… A Parapsicologia fala
em fenômenos psigama, a Psiquiatria em experiências de quase morte, a Psicologia
em controle pela mente e a Psicobiofísica em estímulo do sistema
neuropsicoimunológico. São ainda versões acanhadas que tingem de leve um
conteúdo doutrinário extraordinário que vislumbramos ao abrirmos de vez as portas
para as realidades do mundo espiritual. Por enquanto, nos parece que estes
pesquisadores estão conseguindo apenas pequenas sondagens que lhes
proporcionam amostras miúdas de um universo de conhecimentos bem mais
amplo”.

O Espiritismo segundo o autor, no seu corpo doutrinário, contém todo o texto deste
novo Paradigma de Deus, da Alma e da Espiritualidade, que a Medicina e a
Psicologia, deverão ler por extenso com o decorrer do tempo.

Conceitos Básicos do Espiritismo

Tentar definir o Espiritismo e debater os seus conceitos, sem discorrer, mesmo que
resumidamente sobre o seu desenvolvimento histórico, pode ser um redutivismo
que impeça a adequada apreciação do alcance global da Doutrina. O Espiritismo
surgiu oficialmente em 18 de abril de 1857, com a primeira edição de “O Livro dos
Espíritos”, que viria a alterar muitos dos conceitos então vigentes, com relação a
Deus, à imortalidade da alma, à reencarnação, à comunicação com os mortos e,
principalmente, ao mundo dos Espíritos.

“Escrito na forma dialogada da Filosofia Clássica, em linguagem clara e simples,


para divulgação popular” – segundo o professor e filósofo José Herculano Pires – o
Livro dos Espíritos é um “verdadeiro tratado filosófico que começa pela Metafísica,
desenvolvendo em novas perspectivas a Ontologia, a Sociologia, a Psicologia, a
Ética e, estabelecendo as ligações históricas de todas as fases da evolução humana
em seus aspectos biológico, psíquico, social e espiritual”.

Em princípio, o Espiritismo é filosofia, com raízes profundas na própria tradição


filosófica, a partir das escolas gregas. Por esta razão, Sócrates e Platão figuram na
Codificação como precursores do Cristianismo e, por conseguinte, do Espiritismo. O
“Livro dos Espíritos” fora até mesmo escrito na forma dos diálogos de Platão:
perguntas e respostas. Nesse momento, Kardec propõe que a força da Doutrina
Espírita repousa sobre a sua filosofia, e no “apelo que faz à razão e ao bom senso”.

Ao publicar posteriormente, “O que é o Espiritismo”, Kardec afirma: “O Espiritismo


é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como
ciência prática, ele consiste nas relações que se estabelecem entre nós e os
espíritos; como filosofia, compreende todas as conseqüências morais que emanam
dessas mesmas relações”. E conclui definindo com precisão: “O Espiritismo é uma
ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas
relações com o mundo corporal”.

Amplia-se, portanto, nessa ocasião o conceito de Espiritismo, incluindo a sua


natureza científica, composta por duas partes: uma experimental, sobre as
manifestações em geral e outra filosófica, sobre as manifestações inteligentes.
Ambos os casos apresentam como base do conhecimento a fenomenologia
mediúnica, coroada pelo ensinamento dado pelos Espíritos, em sua ênfase da
análise das Leis Naturais que regem a relação dos Espíritos com o mundo dito
material.

Finalmente, como terceiro aspecto da Doutrina Espírita, surge o aspecto religioso,


que Kardec deixou para o final de sua missão. Neste aspecto, porém, o Espiritismo
é muito diferente das religiões tradicionais, institucionalizadas e com um sistema de
administração centralizador e hierarquizado. Na verdade, quando se fala
de Religião Espírita, o que se quer dizer ou referir é o sentimento religioso, de
ligação com a natureza transcendental de Deus, sentimento esse, correlacionado ao
exercício da razão – daí a idéia de fé raciocinada, reflexiva “que se apóia nos fatos
e na lógica e não deixa nenhuma obscuridade: crê-se porque se tem certeza, e só
está certo quando se compreendeu”. É incentivado um ceticismo saudável, relativo,
flexível e tolerante, que não exclui a assimilação de novos fatos, e é
gradativamente superado, por uma fé que é construída, pouco a pouco, com o
exercício da razão e o cultivo da sensibilidade – por isso mesmo, é uma fé cuja
convicção é obtida com o seu próprio amadurecimento e prática, e não através de
imposições levianas ou uma aceitação cega por qualquer postulado que se
imponha. O indivíduo não se fecha sobre sistemas dogmáticos. Não se trata,
portanto de uma religião caracterizada essencialmente por cultos exteriores,
sacramentos, idolatrias, e mesmo rituais, mas de “Religião, propriamente
considerada como sistema de crescimento da alma para celeste comunhão
com o Espírito Divino”, nas sábias palavras do Espírito Emmanuel.

De forma geral, o Espiritismo é muito mal compreendido pelo público em geral, e às


vezes, até pelos próprios Espíritas. A razão disso envolve desde amplo
desconhecimento dos fundamentos da doutrina dos Espíritos, até o preconceito, ou
simplesmente, o orgulho mesmo. Seja como for, o Espiritismo possui uma filosofia
que lhe oferece rigor e fundamento, uma fenomenologia empírica e experimental
que lhe confere o status de ciência, e uma série de implicações morais e sócio-
espirituais, que a legitimam como uma religião. A complexidade da doutrina Espírita
revela-se por vários indicadores; como costuma afirmar Allan Kardec, para se
conseguir uma adequada compreensão da doutrina Espírita, são necessários muitos
anos de estudo, reflexão e dedicação. Ninguém consegue compreender o alcance
das implicações espíritas, em apenas algumas horas, ou mesmo, alguns meses.

Allan Kardec foi o codificador da Doutrina Espírita. O verdadeiro nome de


Allan Kardec eraHyppolyte Leon Denizard Rivail. Allan Kardec, segundo supunha
Rivail, teria sido seu nome em uma de suas encarnações anteriores na Terra, como
sacerdote druida. Denizard Rivail, nasceu em Lyon, França, às 19 horas do dia 3 de
outubro de 1804. De família católica, sua mãe era prendada e afável e seu pai juiz.

Rivail foi uma pessoa que deu muito valor para questões como racionalidade, lógica
e intelectualidade. Foi, por exemplo, um escritor exímio. Muito disso, se deve ao
seu percurso escolar. Ele realizou seus primeiros estudos em Lyon, e aos dez anos
foi enviado a Yverdun, Suíça, para a escola modelo da Europa: o Instituto de
Educação fundado em 1805 pelo grande educador Johan Heinrich Pestalozzi (1746-
1827), cuja filosofia pedagógica pregava que “o amor é o eterno fundamento da
educação” e que “a intuição é a fonte de todos os conhecimentos”.

Convivendo com professores calvinistas e luteranos, Rivail aprendia que a


verdadeira essência da religião não se encontra em qualquer caráter institucional
ou na hierarquia de posição e poder, mas sim na qualidade subjetiva do amor, da
intuição, da fé e da moralidade, pilares do que hoje constitui a noção de “Reforma
Íntima” no Espiritismo.

Assim, Denizard Rivail começava a formar um objetivo pessoal de contribuir para a


realização de uma reforma religiosa, que tivesse o propósito de unificar as outras
crenças e religiões, oferecendo a chave para isso através da lógica e da razão, em
um sistema que respondesse às questões mais profundas e filosóficas da
humanidade. Integrar ciência e religião, fundamentado em consistente base
filosófica – esse era o seu objetivo… e de fato, ELE CONSEGUIU!
Em 1822, retornando da Suíça para Paris, em 1823, Denizard inicia-se nos
conhecimentos das teorias de Mesmer, Doutor da Universidade de Viena. Aos 50
anos de idade, como foi dito, Rivail era um talentoso escritor. Com 22 livros
escritos, era membro de Instituições Científicas, da Academia de ciência de Arras,
professor de cursos técnicos, e discípulo de Pestalozzi. Poliglota, conhecia bem o
alemão, inglês, holandês, tinha sólidos conhecimentos do latim, grego, gaulês e
algumas línguas neolatinas. Considera-se, porém, que o Espiritismo não é obra
realmente de Allan Kardec (ou Denizard Rivail). Segundo os Espíritas, ele foi
apenas o codificador da Doutrina Espírita, ou seja, ele apenas cuidou de organizar,
traduzir e tornar compreensível e acessível o conhecimento que lhe foi transmitido
pelas entidades denominadas Espíritos.

Como síntese de conhecimento humano, a Doutrina vem estruturada sob a forma


de ciência, filosofia e religião. Podemos, então, definir o Espiritismo como uma
complexa doutrina científica, filosófica e religiosa, proposta por Allan Kardec, na 2ª
metade do século XIX, como uma compilação de informações reveladas por
espíritos, através de comunicação mediúnica, e que tratam de assuntos profundos
relacionados ao homem, ao Universo e a Deus.

Entre os conceitos e idéias principais da doutrina, ensinam os Espíritos que somos


seres imortais, criados por Deus, sujeitos , como todos os seres da natureza, a um
processo evolutivo que visa o progresso incessante de todas as criaturas, sem
exceção e sem retrocesso, que se fundamenta nas leis de reencarnação
(Facure,1999).

A reencarnação, no estágio evolutivo em que nos encontramos, ocorre sempre na


espécie humana, em qualquer sexo ou etnia. O nascimento não representa o início
da vida, nem a morte o seu fim. Tanto o nascimento como a morte física obedecem
desígnios de objetivos superiores visando o aprimoramento contínuo, segundo
critérios da mais absoluta justiça. Prevalece para todos, de modo infalível, a lei
universal de ação e reação.

A natureza física do corpo é para o ser humano apenas uma de suas expressões. O
corpo físico nos permite interagir no ambiente material onde estamos inseridos.
Cada um de nós, no entanto, é uma entidade espiritual organizada e independente,
que sobrevive à morte e que se aperfeiçoa nos diversos corpos físicos que vai tendo
oportunidade de utilizar com as reencarnações (Facure, 1999). Trocando em
miúdos, pode-se dizer que não somos seres carnais que vivem experiências
espirituais esporádicas, mas sim que somos seres espirituais imortais, com milhares
de anos, que vivem em relação ao infinito, algumas experiências carnais,
representadas pelos finitos períodos de encarnação, até o estágio evolutivo em que
não precisemos mais reencarnar.

A união do corpo físico carnal com o espírito, que é sempre o senhor de nossas
ações, se processa através de um organismo intermediário de constituição
“semimaterial” chamado perispírito ou corpo espiritual.

Nas propriedades deste corpo intermediário (perispírito) justifica-se toda uma série
de fenômenos de intercâmbio entre nós e o mundo espiritual e nos aponta
para uma linha de pesquisa fundamental para o esclarecimento das doenças
humanas.

São chamados de fenômenos mediúnicos certas manifestações de efeitos físicos ou


intelectuais que os espíritos desencarnados provocam através de pessoas dotadas
de condições especiais, por isso denominadas de médiuns. O corpo espiritual
desses médiuns amplia sensibilidades específicas para possibilitar este tipo de
manifestação. Uma grande parte desta fenomenologia Espírita é estudada pela
Parapsicologia.

Os espíritos desencarnados habitam o mundo espiritual que, de certa forma nos


envolve, expandido porém, em dimensões inacessíveis às nossas limitações
materiais. No mundo espiritual, conservamos o perispírito que, na dependência da
nossa conveniência, repete a aparência do corpo físico que possuímos quando
encarnados.

Os espíritos convivem constantemente conosco, atuando sobre nossos


procedimentos, tanto física como moralmente, através de sugestões. Eles mantêm
uma atuação ou influenciação direta sobre nós, na dependência da nossa aceitação
e assimilação, conforme princípios dialéticos de sintonia e afinidade.

No mundo espiritual prevalecem também, para a afinidade e convivência entre os


espíritos, os mesmos princípios segundo os quais o que aproxima ou afasta os
espíritos entre si é o padrão vibratório (mental) que depende do grau de evolução
espiritual de cada um. Para cada estágio evolutivo corresponde determinado padrão
de vibração mental que, por sintonia, aproxima espíritos de padrão vibratório
semelhante.

Há em todo o Universo um elemento fundamental, que o Espiritismo denomina


“Fluido Cósmico Universal”, de onde se originam todos os elementos tanto do
mundo material como do mundo espiritual.

Uma vez criadas as condições físicas adequadas, a matéria orgânica preparada na


Terra recebeu o Princípio Vital que possibilitou o desenvolvimento da vida no
planeta. O Princípio Vital foi se expandindo em cada ser vivo, à medida que os
organismos iam se aprimorando sob os efeitos de seleção que a evolução exigia.

Ao mesmo tempo, o elemento espiritual primordial foi adquirindo complexidade até


o desabrochar da consciência e da inteligência que permitiriam a incursão da
espécie humana na Terra.

A energia emanante do espírito é o pensamento. Como fonte plasmadora de idéias


o pensamento é capaz de agregar elementos do Fluido Cósmico, construindo um
material “idealizado” que constrói o ambiente espiritual em torno de nós. As
imagens mentais produzidas pelo pensamento de toda a humanidade criam, em
torno do planeta, uma atmosfera espiritual condizente com o teor destes
pensamentos (Facure, 1999).

· Aspectos da Constituição Física e Espiritual do Homem

A literatura Espírita registra três elementos fundamentais na constituição do ser


humano, segundo Facure (1999):

1) O Espírito, nosso eu inteligente, dotado de competência para criar as idéias e


manter a unidade do organismo;

2) O corpo físico, estruturado a partir do aglomerado celular que o compõe e


que sustenta seu estado de vitalidade às custas do Princípio Vital que emana do
Criador;
3) O perispírito, um organismo intermediário que possibilita a atuação no corpo
físico, da energia que emana do espírito.

Kardec (1859), expõe esses mesmos três conceitos da seguinte maneira:

1) “A Alma ou o Espírito, princípio inteligente onde residem o pensamento, a


vontade e o senso moral”;

2) “O corpo, envoltório material que põe o Espírito em relação com o mundo


exterior”.

3) “O perispírito, envoltório leve, imponderável, que serve de laço intermediário


entre o Espírito e o corpo”.

Kardec faz uma distinção, porém, afirmando que é mais “exato reservar a
palavra alma para designar o princípio inteligente” e a palavra Espírito para o ser
“semi-material” (na verdade, o que chamamos de “Espírito desencarnado”)
constituído pela Alma e o corpo fluídico (ou perispírito).

Teríamos, então, o seguinte modelo esquemático:

· Espírito = Alma (princípio psíquico consciente e inconsciente)


+ Perispírito (corpo fluídico ou configuração energética complexa do homem).

O autor explica que como “… não se pode conceber o princípio inteligente (Alma)
destituído completamente de matéria (perispírito), nem o perispírito sem estar
animado pelo princípio inteligente, as palavras Alma e Espírito são, no uso comum,
indistintamente empregadas, originando a figura que consiste em tomar a parte
pelo todo…”; Kardec, então, conclui que “filosoficamente, entretanto, é preciso
estabelecer essa distinção”.

Essa distinção filosófica, inclusive é fundamental para distinguirmos a Psicologia


Espírita doEspiritismo propriamente dito, e também para realizarmos algumas
revisões conceituais: vimos que a união da alma (princípio inteligente, na acepção
de Kardec), do perispírito e do corpo material, constitui o homem. Após a morte do
corpo orgânico, o Espírito se liberta, e assim temos que separado do corpo, a alma
e o perispírito (ou corpo fluídico) constituem o ser denominado Espírito.
Assim, concluímos que:

1. O objeto de estudo da Psicologia Espírita é a alma humana, que Kardec


(1859) e Facure (1999) definem como um “princípio inteligente”.

2. O corpo físico, é objeto de estudo das ciências biológicas, de um modo geral.

3. O Espírito (=Alma + Perispírito), por sua vez, é o objeto de estudo do


Espiritismo. Essa demarcação geral, porém, não deve ser considerada “ao pé da
letra”, já que cada ramo de conhecimento, nas suas particularidades, estudam o
homem integral, relacionando-se entre si, e assim, cada área de pesquisa precisa
se interar do objeto de estudo do outro, em contexto interdisciplinar.

Há ainda uma observação a realizar. A conceituação da Alma como um princípio


inteligente, não é mais apropriada para o nível de conhecimento que a pesquisa em
Psicologia Moderna já fez avançar, já que seja qual for o conceito de inteligência
que se adote, esse é apenas um dos atributos cognitivos da Alma, e que não
expressam a totalidade de sua essência. Aliás, isso já era considerado pelo
Espiritismo, como podemos observar em O livro dos Espíritos (questões nº 23 e
24). A Alma seria melhor conceituada como o princípio psíquico do ser humano.
Sendo a psique, objeto de estudo da Psicologia, ficaria à cargo dessa ciência a sua
descrição e caracterização. Conseqüentemente, teríamos nas teorias de
Personalidade da Psicologia, o efetivo estudo da Alma Humana, pois o conceito de
Personalidade identifica aquilo que existe de mais relativamente estável na
subjetividade, demarcando a individualidade. Esses elementos estáveis da
subjetividade, portanto, permitem a associação entre os conceitos de
personalidade, psique e Alma; mas não esclarece ainda, a natureza íntima (divina)
da Alma, sendo necessário para tanto, a assimilação das descobertas Espíritas que
forem ocorrendo com o tempo. No mais, a complexidade do conceito de psique
(alma), é providencial o suficiente para assimilar o objeto de estudo de todas as
outras abordagens teóricas em Psicologia. Com o conceito de Alma, enquanto
princípio psíquico do ser, a Psicologia Espírita pode englobar o estudo do
comportamento humano (Behaviorismo), do inconsciente (Psicanálise), da
subjetividade (Psicologia Humanista) e da Espiritualidade (Psicologia Transpessoal).
Voltando à questão da constituição física e espiritual do homem, vamos analisar
uma série de aspectos, tomando um trecho de Allan Kardec (1868) em sua obra “A
Gênese”. Afirmou, o autor que:

“O Espírito…” (ou melhor, a Alma) “…pela sua essência espiritual, é um ‘ser’


indefinido, abstrato, que não pode ter uma ação direta sobre a matéria, sendo-lhe
necessário um intermediário; esse intermediário está no envoltório fluídico que faz,
de alguma sorte, parte integrante do Espírito, envoltório ‘semi-material’, quer dizer,
tendo da matéria por sua origem e da espiritualidade por sua natureza etérea;
como toda matéria, ela é haurida no Fluido Cósmico Universal, que sofre nessa
circunstância, uma modificação especial. Esse envoltório, designado sob o nome de
perispírito, de um ‘ser abstrato’, faz um ser concreto, definido, perceptível pelo
pensamento; ele o torna apto para agir sobre a matéria tangível, do mesmo modo
que todos os fluidos imponderáveis, que são, como se sabe, os mais poderosos
motores”.

Por isso, em outra ocasião (Kardec, 1857), já havia afirmado: “Os Espíritos não
são, pois, seres abstratos, vagos e indefinidos, mas concretos e circunscritos”.

O fluido perispiritual – continua o autor – é o traço de união entre o Espírito e a


matéria. Durante a sua união com o corpo, é o veículo de seu pensamento, para
transmitir o movimento às diferentes partes do organismo que agem sob o impulso
de sua vontade, e para repercutir no Espírito as sensações produzidas pelos
agentes exteriores. Ele tem por fio condutor os nervos, como no telégrafo o
fluido elétrico tem por condutor o fio metálico.

Quando o Espírito deve se encarnar num corpo humano em vias de formação, um


laço fluídico, que não é outra coisa senão uma expansão do perispírito liga-o ao
germe para o qual se acha atraído, por uma força irresistível, desde o momento da
concepção. À medida que o germe se desenvolve, o laço se aperta; sob a influência
do “princípio vital material do germe”, o perispírito, que possui certas propriedades
da matéria, se une, molécula à molécula, com o corpo que se forma: de onde se
pode dizer que o Espírito, por intermédio de seu perispírito, toma, de alguma sorte,
raiz nesse germe, como uma planta na terra. Quando o germe está inteiramente
desenvolvido, a união é completa, e então, ele nasce para a vida exterior.
Por um efeito contrário, essa união do perispírito e da matéria carnal que se
cumprira sob a influência do princípio vital do germe, quando esse princípio deixa
de agir, em conseqüência da desorganização do corpo, a união, que era mantida
por uma força atuante, cessa quando essa força deixa de agir; então o perispírito
se desliga, molécula a molécula, como estava unido, e o Espírito se entrega à sua
liberdade (lembremos, que aqui, o Espírito é constituído pelo “princípio psíquico”,
ou Alma, e pelo corpo fluídico ou perispírito).

A morte do corpo orgânico causa a partida do Espírito (o vice-verso, não é


verdadeiro), que em geral, não ocorre de imediato, mas sim de forma inconsciente
e gradativa, molécula à molécula. Esse processo de separação chama-se
desencarne, e não deve ser confundido com o conceito de morte, que é o desgaste
completo do corpo físico biológico, e precede o processo de desencarne.
Enfatizamos que a saída do Espírito, do corpo físico, não causa a morte, e mesmo
é um fenômeno comum, por exemplo, no sono, quando adormecidos, nós
sonhamos.

A extinção do “princípio vital” com a morte do corpo biológico, e a manutenção da


integridade do Espírito após a morte, é uma evidência de que o “Princípio Vital” e o
“Princípio Espiritual” são duas coisas distintas. Assim, melhor conceituando, temos
que a morte é o esgotamento completo do corpo biológico, até a extinção do
Princípio Vital. Já o Princípio Espiritual, é uma propriedade do perispírito, que regula
todas as suas capacidades e mecanismos de atuação, incluindo o ligamento e o
desligamento da Alma ao corpo biológico.

Vimos, então, que após a morte, o espírito desencarnado continua dispondo do


perispírito para a sua apresentação. Consultando a bibliografia Espírita moderna
(Facure, 1999), encontramos que embora tenha fundamentalmente a mesma
natureza, há diferenças na disposição orgânica do perispírito, no homem enquanto
encarnado, e no espírito desencarnado no mundo espiritual.

O perispírito tem natureza coloidal que lhe faculta propriedades


eletromagnéticas sutilmente sensíveis à energia mental emitida pelo
espírito que o controla. A ligação entre o perispírito e o corpo físico se
processa na intimidade das ligações de partículas subatômicas ao nível das
quais não se distingue os limites precisos onde termina o corpo físico e
onde se inicia o corpo espiritual.

A natureza do perispírito é dita “semi-material”, pela falta de terminologia mais


adequada, e não difere dos mesmos elementos fundamentais que organizam
nosso mundo físico. A diferença em comprimentos de onda em que se
expressa a matéria física e a matéria espiritual é que as expõe em
“realidades diferentes”, e é esse fato que legitima a observação defendida por
várias teorias gnósticas e adeptos do atual Paradigma Holístico, de que em
realidade, não existe separação entre espírito e matéria (sobre isso, voltarei mais
tarde, quando discorrer sobre Filosofia e Paradigma Holístico).

O corpo espiritual (ou perispírito) exerce um papel plasmador e estruturador da


forma física que o corpo humano assume durante a vida. Pelo conhecimento
espírita, sabemos que as mudanças evolutivas que foram transformando os
organismos vivos na Terra, foram programadas e articuladas primordialmente nos
corpos espirituais, antes de se processarem, por conseqüência inevitável, nos
organismos que a biologia terrena desenvolveu. Esse conhecimento também foi
assimilado na gnose e na Filosofia Holística, sob a designação de “Modelos
Organizadores Biológicos” (MOB) que são, em realidade, outra denominação para
os corpos espirituais que servem de “molde” para a aparência dos corpos físicos, e
teve tal terminologia proposta inicialmente por Hernani Guimarães Andrade, no
corpo teórico da sua ciência denominada Psicobiofísica.

Prevalece no perispírito (ou Modelo Organizador Biológico) do homem encarnado a


mesma composição celular e disposição dos órgãos físicos. Enquanto o corpo
humano atua como fator limitante da expressão plena do potencial espiritual de
cada um, o perispírito registra e acumula toda experiência de nossas múltiplas
encarnações, além de dispor, de forma expandida, de todas as percepções da alma
(sabemos que o Espírito, através do perispírito, pode ver, sentir ou ouvir com as
mãos ou com qualquer outra parte do corpo).

Como foi dito, o corpo atua como fator limitante da expressão plena do espírito.
Segundo a Psicologia Espírita, hipotetiza-se que a mente instrumentaliza o cérebro
para sua inserção no mundo físico e que o cérebro não pode conter toda a
potencialidade da mente, se a considerarmos como espírito que vivenciou múltiplas
experiências em vidas sucessivas. Assim, podemos conjeturar que, hoje, nós somos
apenas aquilo que nosso cérebro nos permite estar sendo, e não tudo aquilo que
nosso espírito é ou já foi.

Vale aqui, discorrer sobre as funções cerebrais que falam a favor da existência de
um espírito imortal: do ponto de vista neurológico, sabemos que as funções de
comando motor e de registro das diversas formas de sensibilidade já estão bem
desenhadas nos textos básicos de neurologia. Já conhecemos também as vias
principais de organização da linguagem em suas diversas formas. Identificamos
funções complexas como o circuito límbico para as emoções, a percepção gnóstica
dos objetos no seu contexto viso-espacial, a programação seqüenciada dos gestos
nas realizações de atos práxicos, automatizados e programados cronologicamente,
entre tantas outras funções de engenhosidade e complexidade deslumbrantes.
Ficam, porém, questões fundamentais sem respostas nos chamados circuitos
neurais. Assim, a simples identificação de funções específicas em certas áreas
cerebrais, bem como sua integração com áreas de associação, não tem sido
suficiente para propor um paradigma unificado para explicar a natureza da mente
(Facure, 1999).

Fatos corriqueiros que qualquer um de nós podem vivenciar escapam por completo
a uma justificativa exclusivamente física para a sua interpretação: (1) mal sabemos
definir o porque das nossas escolhas ou das nossas preferências no dia-a-dia; (2) a
todo instante somos envolvidos por pressentimentos com clara percepção de
acontecimentos futuros; (3) quando somos submetidos a uma certa expectativa, os
aparelhos de registro neurofisiológicos detectam, em nosso cérebro, um chamado
potencial de prontidão que ainda não sabemos de onde nasce ou que circuito
neurológico arma esta estratégia de antecipação; (4) a nossa mente organiza uma
imagem corporal que nos permite vivenciar experiências com o mundo físico de
maneira totalmente desapercebida por nós no dia-a-dia. A complexidade da relação
do nosso sistema nervoso com o restante do nosso organismo poderia, de alguma
forma, nos fragmentar em diversos departamentos e, no entanto, a mente
consegue estruturar-se dentro de um contexto em que somos um único indivíduo,
um Eu indivisível (Facure, 1999).

Mais do que isso, (5) periodicamente todos os elementos moleculares do corpo


biológico são substituídos no período de alguns meses, ou seja, em torno de um
ano e meio, em média, sempre formamos um “novo corpo”; apesar disso, sempre
conseguimos manter uma espécie de “essência” de forma e individualidade,
um Eu físico e psíquico, abstraível de algumas modificações flexíveis, dinâmicas e
adaptativas inevitáveis e contingentes à constituição estável apreensível. Em suma,
nós assimilamos modificações físicas e psíquicas, mas mantemos uma “essência
individual de identificação”.

Nossa visão do mundo e da realidade que nos cerca é egocêntrica, permitindo-nos


vivenciar as experiências de uma maneira individual, tirando dos estímulos que nos
atingem uma interpretação pessoal e criando um conceito das pessoas e das coisas
independentemente das mudanças que estas podem vir a apresentar. Assim, nossa
mente faz sempre uma composição da realidade com aquilo que pensa ter
percebido e não necessariamente com as qualidades das coisas ou das pessoas.
Não ocorre na mente uma simples recepção de estímulos, mas uma interpretação
subjetiva do que se percebeu.

Cada objeto que nos atinge nos impressiona não só pelo que nos imprime nos
sentidos, mas também, pelo que nos provoca na mente ao desencadear e florescer
imagens e idéias na mente. O mundo por nós vivido é essencialmente um mundo
“sonhado” e “imaginado” (Jung, diria, “fantasiado”) em nossa mente. Por isto,
podemos compreender que, quando nossa memória nos permite lembrar de um
objeto ou de um acontecimento, na verdade estamos recordando aquilo que
pensamos ter visto ou vivenciado e não o que realmente era ou realmente
aconteceu.

Esta complexidade de funções da mente justificam, dentro de certos limites


epistemológicos relativos, uma concepção dualista do cérebro e da mente,
reconhecendo-nos como espíritos imortais acumulando experiências que se
repetem em múltiplas encarnações obedecendo a um destino que nos predispõe a
evoluir sempre (Facure, 1999).

· Os Chacras no Hinduísmo ou Centros Vitais no Espiritismo

Para finalizar esse resumo sobre a caracterização da constituição Física e Espiritual


do homem, será abordado o tema dos centros vitais no perispírito, conceito que os
hindus conheciam como chacras. Essa matéria foi bem elaborada pelo Espírito
André Luiz, no livro “Evolução em Dois Mundos” psicografado por Francisco Cândido
Xavier e Waldo Vieira.

André Luiz designa o perispírito por termos sinônimos como corpo


espiritual ou psicossoma. Assim, sugere que os centros vitais ou chacras
(segundo a terminologia hindu) localizam-se no psicossoma, no qual existe “… todo
o equipamento de recursos automáticos que governam as bilhões de entidades
microscópicas a serviço da Inteligência, nos círculos de ação em que nos
demoramos, recursos esses adquiridos vagarosamente pelo ser, em milênios e
milênios de esforço e recapitulação, nos múltiplos setores da evolução anímica”
(Luiz, 1958).

É aqui, que o conceito de cadeias comportamentais (proposta pela visão


funcionalista da abordagem comportamental behaviorista em Psicologia) amplia a
noção evolutiva presente no Espiritismo, em sua conexão com o conceito de
evolução proposto por Darwin. Os mecanismos de ação e reação espiritistas são
compreendidos no contexto de um modelo skinneriano de seleção por
conseqüenciação, ao longo de infinitas reencarnações do princípio espiritual ou do
Espírito. Este se desenvolve ao longo de variadas cadeias comportamentais,
multideterminadas e multivariadas, interligadas dentro de cada encarnação e de
uma encarnação para outra, de modo infinito e ilimitado.

Os centros vitais, encontram-se, assim, nesse processo evolutivo infinito,


entrelaçados no psicossoma e, consequentemente, no corpo físico , por redes
plexiformes.

Os centros vitais, segundo André Luiz, são os seguintes:

1) Centro Coronário : rege a atividade funcional dos órgãos corporais. Instalado


– segundo o autor espiritual – na região central do cérebro, é a sede da mente, e
centro que assimila os estímulos do Plano Superior, orientando a forma, o
movimento, a estabilidade, o metabolismo orgânico e a vida consciencial da alma
encarnada ou desencarnada;

2) Centro cerebral contíguo ao coronário : possui influência decisiva sobre


os demais centros secundários, governando o córtex encefálico na sustentação dos
sentidos, marcando a atividade das glândulas endócrinas e administrando o sistema
nervoso, em toda a sua organização, coordenação, atividade e mecanismo, desde
os neurônios sensitivos até as células efetoras;

3) Centro Laríngeo : controlando notadamente a respiração e a fonação;

4) Centro Cardíaco : dirigindo a emotividade e a circulação das forças de base;

5) Centro Esplênico : determinando todas as atividades em que se exprime o


sistema hepático, dentro das variações de meio e volume sangüíneo;

6) Centro Gástrico : responsabilizando-se pela digestão e absorção dos


alimentos densos ou menos densos que, de qualquer modo, representam
concentrados fluídicos penetrando-nos a organização;

7) Centro Genésico : guiando a modelagem de novas formas entre os homens


ou o estabelecimento de estímulos criadores, com vistas ao trabalho, à associação
e à realização entre as almas.

Segundo André Luiz, temos particularmente no centro coronário o ponto de


interação entre as forças determinantes do espírito e as forças fisiopsicossomáticas
(ou biocorporais) organizadas. Dele parte, desse modo, a corrente de energia
vitalizante formada de estímulos espirituais com ação difusível sobre a matéria
mental que o envolve, transmitindo aos demais centros da alma os reflexos vivos
de nossos sentimentos, idéias e ações, tanto quanto esses mesmos centros,
interdependentes entre si, imprimem semelhantes reflexos nos órgãos e demais
implementos de nossa constituição particular, plasmando em nós próprios os
efeitos agradáveis ou desagradáveis de nossa influência e conduta.

A mente elabora as criações que fluem da vontade, apropriando-se dos elementos


que a circundam, e o centro coronário incube-se automaticamente de fixar a
natureza da responsabilidade que lhes diga respeito, marcando no próprio ser as
conseqüências felizes ou infelizes de sua motivação consciencial no campo do
destino (ou melhor, do seu caminho de vida).

É importante salientar aqui, a diferença dos conceitos de corpo mental e corpo


espiritual. Para definirmos de alguma sorte, o corpo espiritual, é preciso
considerar, antes de tudo, que ele não é reflexo do corpo físico, porque, na
realidade, é o corpo físico que o reflete, tanto quanto ele próprio –corpo
espiritual – retrata em si, o corpo mental que lhe preside a formação. O corpo
mental, assinalado experimentalmente por diversos estudiosos espíritas, é o
envoltório sutil da mente. Ocorpo espiritual, por sua vez, é
o perispírito ou psicossoma.

Segundo André Luiz, do ponto de vista da constituição e função em que se


caracteriza na esfera imediata ao trabalho do homem, após a morte (do corpo
biocorporal ou fisiopsicossomático), é o corpo espiritual (psicossoma ou perispírito)
o veículo físico por excelência, com sua estrutura eletromagnética, algo modificado
no que tange aos fenômenos genésicos e nutritivos de acordo, porém, com as
aquisições da mente (ou do corpo mental) que o maneja.

Todas as alterações que apresenta, depois do estágio berço-túmulo, verificam-se


na base da conduta espiritual da criatura que se despede do arcabouço terrestre
para continuar a jornada evolutiva nos domínios da experiência.

Claro está – segundo o autor – que é o psicossoma, o santuário vivo em que a


consciência imortal prossegue em manifestação incessante, além do sepulcro,
formação sutil, urdida em recursos dinâmicos, extremamente porosa e plástica, em
cuja tessitura as células, noutra faixa vibratória, à face do sistema de permuta
visceralmente renovado, se distribuem mais ou menos à feição das partículas
colóides, com a respectiva carga elétrica comportando-se no espaço segundo a sua
condição específica, e apresentando estados morfológicos conforme o campo
mental a que se ajusta.

Pesquisando assim, a estrutura mental das células (sabemos que a estrutura


“semimaterial” do perispírito é constituída por igual número de células existentes
no nosso corpo fisiopsicossomático, sendo que as células do perispírito, por não se
reproduzirem, não apresentam núcleo celular – as células do nosso corpo biológico
são, portanto, moldadas no plano perispiritual, antes de se manifestarem no nosso
plano físico sensível), André Luiz discorre acerca dos fluidos que integram o corpo
espiritual de manifestação, todos imersos no Fluido Cósmico Universal, essência da
matéria prima ou – segundo suas palavras – “Hausto Corpuscular de Deus”, de que
se compõe a base do Universo. Compete-se aqui assinalar, sobre o fluido cósmico
ou plasma divino, que esse é a força em que todos vivemos, nos ângulos variados
da Natureza, motivo pelo qual já se afirmou com toda a razão, que “em Deus nos
movemos e existimos”.

Nesse nível, outros aspectos do psicossoma e da relação geral de integração


Cérebro-Mente-Corpo e Espírito devem ser analisados. Antes, porém, passemos
pelo estudo da história das mais importantes conquistas recentes e conceitos da
física, da biologia e da Parapsicologia, bem como da filosofia, que apóiam toda essa
construção teórica.

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