O sofrimento não é novo na história do povo de Deus. Em Atos capítulo
8, a Igreja que amava a Jesus e se ajuntava em Jerusalém passou por uma de suas mais fortes provações. No primeiro verso desse capítulo, Lucas nos diz que a Igreja era “perseguida”, utilizando aqui um vocábulo grego – diogmos – que significa um forte e visível ataque. Indicava que o sofrimento da Igreja nesta época de dispersão era perceptível por todos. Homens e mulheres eram mortos, outros encarcerados, famílias partidas ao meio e aqueles que conseguiam fugir deixavam para trás suas vidas e história. Essa “perseguição” era, portanto, um terrível sofrimento físico, visível e violento. No segundo verso, Lucas nos diz que a Igreja “pranteava” a morte de Estêvão. O autor, inspirado, escolhe a expressão grega kopeton, que significa a dor da alma, ou bater no peito para expressar esse pranto. Mostra que a Igreja se melancolizava pelo caos ao seu redor e, assim, não havia apenas dor no corpo, mas também na alma. A Igreja chorava de forma visceral a morte de Estevão, e tantos outros, sofrendo tanto física quanto emocionalmente. No terceiro verso, somos levados a ler que Saulo “assolava” o povo de Deus, utilizando-se aqui a expressão elumaineto, que possui a mesma raiz da usada em João 10:10, ligada à destruição da fé e das convicções quando se refere àquele que veio roubar, matar e destruir. Trata-se de um sofrimento espiritual quando os alicerces das convicções mais profundas são atacados. Estes três níveis de sofrimento descritos em contexto de perseguição em Atos 8 (físico, emocional e espiritual) podem muito bem ilustrar as vias de dor da Igreja ao longo de sua história, bem como nos dias de hoje. Deve ensinar-nos que: (1) seguir a Cristo – e mesmo fazê-lo com devoção e fidelidade – não isenta o crente do sofrimento; (2) em meio a esses sofrimentos não estamos sós, pois maior é Aquele que está em nós; (3) o sofrimento é uma oportunidade de se alicerçar a fé – daquele que é provado no dia mau – e de expressar amor e sincera solidariedade – por parte daquele que pode estender a mão. Devemos orar e trabalhar para que: (1) Cristãos ao redor do mundo recebam exemplares da Palavra de Deus; (2) Os países e regiões onde há clara perseguição cristã possam experimentar abertura política, social e religiosa. É necessário nos juntarmos aos irmãos que estão sendo perseguidos, para chorar com os que choram e encorajá-los a seguirem este caminho estreito, que os leva à alegria que se renova pela manhã.