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Empresa A NOITE

Diretor :
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19-7-1946

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Edição especial
Homenagem a
CATULO DA
PAIXÃO
CEARENSE

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A 11 de janeiro de 1940, os intelectuais


maranhenses levaram a efeito uma bela e sig-
* nificativa homenagem ao grande seita-
.' ¦.Vti' &__h_1 S__k *»fst -'____!. _¦_£¦____ .SL^Bg&V^fl.- \ poeta
IM ___ko__yPi^_. ^_»^__kH_l ___. nejo, colocando na casa em que nasceu Catulo
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velho e pitoresco monumento da nona arquí-
tetura tradicional, com sua fachada coberta de
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* ." s^-___r _J-_--W-^^^--BsaM-g-----UttEi-"^^^^ azulejos — uma placa que assinala o feito, poro
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_. _. ....________B!fr_i_-.-.J »_ío*^\ conhecimento das gerações porvindouras. Na
"Nesta casa nasceu a 8-10-1863, Catulo da Paixão Cearense,
placa, lê-se:
o grande poeta que soube interpretar, em versos bem representativos da
inteligência maranhense, a alma popular brasileira. S. Luís, 11-1-1940."
A inaguração dessa placa compareceram as figuras mais representativas
da elite cultural do pais.
As fotos mostram, pela ordem: A velha caso em que nasceu Catulo,
a 8 de outubro de 1863; aspecto colhido por ocasião da inauguração da
í placa; detalhe da fachada da casa em que nasceu Catulo, todo coberta de
azulejos.
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\> crianças da vizinhança ><¦ reúnem.
curiosas-, oni tôrtio da placa ri*ccm«ctilocadn

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pela Prefpilura na rua Catulo Cearense.

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BI \ % X.3 ali, naquele tranqüilo recanto

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suburbano — a humilde rua Fran-
cisca Meyer, no nono distrito da ei-
I - ERAdade —
que vivia Catulo da Paixão
Cearense, o grande poeta do "Sertão em
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flor" e da "Mata Iluminada". Viveu numa
I \ \ casa pobríssima, que era menos uma casa
do que um barracão, e depois mudou-se para
outra habitação, um pouco melhor, mas mes-
mo assim ainda tosca. E foi nessa casa que
se finou, a 9 de maio, o grande poeta cuja
poesia maravilhosa tocou fundamente a alma
lÉ_ÉMàJB \ nnsàBn !¦ I«lf'llBlllllflalitl SBI^I^OaÍfl BNf!^ do povo, ao mesmo tempo que despertava
os louvores dos mais altos espíritos brasilei-
Mfc - __i_li KOr Sfc^^f^^—Ol BP"^ ros do nosso tempo. O prefeito do Distrito
Federal, Dr. Hiidebrando de Gõis, resolveu
dar o nome de Catulo à rua Francisca Meyer
— e com Isso ficaram contentes todos os mo-
'bst-tB ¦ -lasl radores que se habituaram a ver diariamen-
''¦¦¦¦¦¦'•' ¦'-¦'
___^B_flB'- íi-ialal | te o poeta e a se orgulharem da sua vizi-
fl ¦;'~'"-- ' i_BjpP_' fl ,A'fo BRn áfl['''B À nhança. Era Catulo quem fazia a rua se tor-
nar procurada e ilustre. De quando em quan-
Jvl gg;| fl fl BJ do, paravam automóveis à porta do poeta e
rfl fláfW ifl BR! K a'1 deles desembarcavam pintores, cantores, es-
fl Eflsswaa " mS^iJt^rW:*aBMSffiagMK^ftsi
'¦¦'•H^ÈS^M _" TsMpoI Lsrsf wflr''!' H' fl||É___| ^ critores, jornalistas de renome, que vinham
BaBJiBss^fl iPrliil'- SIO ___| S g> gozar o convívio de Catulo, entrevistar Ca-
tulo, ouvir versos de Catulo ou peças que o
____ LBBBàBf^B ^ Jl Br ^¦l-floBL^B l__il poeta executava ao violão, com uma mestria
LB BBk X tJbB LssV^BB_L__arIf j-Ba-BBo^Bom^B bSéboé-H oBI^LB^k^sbI Bb\ JaBBsfl que os anos não prejudicaram. Aqui estão
OsOr^OOMI OUs^fl /fSOO alguns aspectos dessa rua, que é hoje a Rua
bsWtbbfBTw^ssI bst^^^H t w|/1aj
Catulo Cearense. As novas placa» foram fet-
flaxi \^^1 Vlfl_|^gBn| ÀJafl EamJtl P tas imediatamente, despertando a aposição
fl Lar i BIB i das mesmas o interesse da criançada, que vai
aprendendo desde cedo a admirar o poeta
através dos seus poemas magníficos, apren-
didos às vezes na escola e, outras vezes, no
próprio lar..

Trecho da atual rua Catulo Cearense.


Nu. Meyer.

¦*
AaBflHfe >AG. 3 — 19-7-1946
3 •'-.".
José do Patrocínio foi amigo de Catülo — o Catulo
seresteiro do tempo da "Lira dos Salões". E Catulo
'--''-'''''-___! ámmmm ' ht ¦'¦¦¦' __c_P. _______ alegrou os últimos momentos do grande escritor
negro e campeão do abolicionismo, indo cantar ao
pé do seu leito de enfermo. . .

viril-* êle a cozinha dn sala de jantar e à


a sala de visitas do quarto de dormir. E den-
r.rn desse palácio todo branco, uma mulata
bem escora, transformado em dona de casa.
As vezes, o poeta convidava um grupo de
amigos para a feijoada. - Chegava em casa e
avisava: «
— "Caboca", domingo vem gente.
E ordenitva:
— Lava as paredes amanhã.
Ab paredes eram os lençóis.
E mais adiante, Humberto esclarece: "Foi
aí nessa casa que Salvador Rueda, o gr^n-
de poeta espanhol, tomou a maior carraspa-
na da sua vida e que Júlio Dantas, embai-
xador e ministro, apanhou a sua primeira in-
die«>B.ão". Eu mesmo pude apreciar com meus
_£° '______! x .
" /c ___r _ iS '^^fiak.'-
'^ÍSi olhos o que era o barracão. Homens llus-
três e cantadores humildes ombrcnrr-sn-se,
colocados no mesmo plano. E quem li fosse,
tim daqueles domingos que Be tornaram fa-
**«„ .¦ mono? na vizinhança, poderia ver o minis-
tro Pedro Lessa, glória da nossa cultura ju-
ridica, em amistosa palestra com Chico Sob-
sego ou com Bernardo Bentevi... Ah! o bar-
ração do Catulo. Li, escreveu o grande poeta
sertanejo "Promessa", «Terra calda" e ai-
Bumaa das obraa primas do nosso idioma:
"Basta de Pan, K
*^^. de Xetuno,
¦fl Bl--. deixa a Grécia, deixa a Itália,
deixa a Fonte de Castalia, ¦
que de há muito já secou,
B
4 , rl suo entrevisto
r-r Hrr*"""^-_fi U ;?í
—LJH |S

ent
das suas ^^
e sim para os que ficam. Comigo se perderá ___0 ''Yfscíã WF^ • ¦*-¦—• B___^_l __^__f*2
muito do meu tenipo, do tempo das serena- _P^___^8 B*^- ^^*B
'_'•/': j'
___£"*_ B___l_S_____ff—^___*__
' ~0^*tÉÊÈ _B^^ - a^^B
^^^H- "¦ " _T____!%_ E_i_ *J_r**^*3
tas... Nós caminhávamos — lado a lado ~ ¦m^^^^—Wt-"'-"¦" -.-:W^^^ \ ~m1nl -: "^W ^BBflflflflP^-Eü-flk - ^a_.
A vida de Catulo da Paixão por uma rua deserta de subúrbio e, então,
enquanto êle se calava, eu comecei a pensar
Cearense foi objeto de numero- na profunda verdade de quanto êle me disse-
ra. O Catulo que ali estava a menos de um ^^M_ Ba /
sas reportagens literárias. Pou- ^P^^ ^™fc £¦ __F ^^^B iffT
passo d. mim não era apenas um homem.
cas, entretanto, teriam sido tao Era o remanescente de uma época que se
interessantes quanto o trabalho fora. Sim, ali estava o passado vivo ainda.
K aquele tempo sem dúvida dos mais belos
de Clovis de Gusmão, publicado ia morrer para as gerações que viessem. 0 úl-
no jornal "A Gazeta", de São timo trovador nio teria mais forças para
Paulo, a 9 de fevereiro de 1941. escrever as buss memórias.
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_______—_' I ,!,*a!iA_»^_l
É esse trabalho, página viva e A GLÓRIA DE UM CASEBRE __J _F^'''9'"H__BB BB5 __*^ 'fl Bar I
brilhante de um repórter, que é,
Lembrei-me do pequeno casebre no meib do
também, um escritor, que a se- mato onde há anos me levaram. E vi em.pen-
guir transcrevemos. riamento esse mesmo Catulo ainda moço, m
rede armada entre duas árvores a tocar a can.
tar. Ah! o barracão de Catulo. No entrancei-
—• Nio; eu ji nío poderia escrever as ml- ro fala-se dele. Humberto de Campos imor-
tr.Ilzou-o numa página preciosa: "Fora do *-T_ _¦_________—_¦ '
nhas memórias, disse-me Catulo da Palxio caminho, no meio de um roçado, a casa de
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Bjrjij ¦ c 2Vt ¦* ^H Ia
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Cearense num desses últimos domingos. O Catulo passará i história. Feita outrora de
coração é o mesmo. Mas eu sinto que nio ¦ __r____________F__r f ^*_» ,,
um único compartimento, o poeta havia re- __¦_____[ B_r ^flflB__f_____! MMrJrf •**-•__'* b___S
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teria mais forcas para escrever tudo o que sorvido o problema da comodidade, dividia-
sp passou comigo nesses setenta anos de vida. do-a por meio de lençóis. Com quatro pre-
E é «ma pena Nio para mim que me von gos • alguns metros de pano de algodão dl-

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A edição comemorativa do Centenário das mWemvmT
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Obras de Eça de Queiroz F _»'tB


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As condições especiais desta valiosa publicação colocam esta verdadeira
jóia ao alcance de todos. ' ~~~_____H_________B
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LV-HÍ M________B_P^_r _i_____r__l

NESTA CAPITAL : A, N. MARTINS & CIA.


Rua São José, 47
PARA 0 INTERIOR: LIVRARIA H. ANTUNES
Av. Marechal Floriano, 39 — RIO CatMlo, à porta da casa humilde, a
que aludiu Humberto de Campos I
em crônica recordada nesta reportagem de Clovis
de Gusmão.

* ,-Jfè AiHflilE PAG. 4 — 19-7-1946


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As lembranças de Catulo da Paixão Cearense — "Perdão Emí- ¦" BafojB bbkbbB HL Li?
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lia..." —. Violão, instrumento maldito — A velha Escola de Cadê- pft$I§|§f


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*¦-"'¦' ¦bbvP*'''
aay^BWBSBT^^^^^^T

tes — Lira dos salões — Passos e a transformação do Rio — Ana-


eleto, Quincas Laranjeira e Cipriano de Niterói — Herculano em /¦ PiSI w% ' m >vÇ4 * i
vez de Camões... — Em casa de Melo Morais Filho e Lúcio de mim
tmw-n f*8m Mmitiâwm -P .ia» .<" *$£-;
• wf | jÊtâ-te
Mendonça — Desgraça e morte de José do Patrocínio
¦f-fr'- -Íbh Bv§*to9 Hly^f"siPt
(Por CLOVIS GUSMÃO)

vem beber as águas frescas o violão que me levou até a poesia... Lem-
"^bbbsI^-' '*' '
*ifi ,: sMv&mmm Hh -Tfc.^ã^HsHBa^H bsbbt^jvBb 9Bs *
de uma cacimba que é tua bro-me de Ignacio da Catlngueira, de Ma-
e onde i\ noite a luz
seus versos brancos
da lua
deixou".
noel do Riachão, de Jerônimo da Junqueira.
Aos 1Z anos, já no Rio, essa impressão do
''¦WsasaaW
sertão inda não havia se apagado. Tornei-
Aquele apelo havia tido o seu eco. E ho- me boêmio, aprofundei-me no violão e na
modinha. Havia, então, as Repúblicas de Es-
-- TTrrit jj[ ",1 ^ij| and '^^
nrens de todas as posições lá iam aos do-
mingos para beber as águas frescas da ca- tudantes. E havia, sobretudo, para mim a fi

. cimba maravilhosa. Escoli de Cadetes da Praia Vermelha. Era


fechar os olhos e pegar: pegava-se um poe- ?^«^b| I "SBPfci'»iiií :..-.-?ítt....;_ _„_.._^-ii
VIOLÃO, INSTRUMENTO MALDITO ta. Todas as noites eram noites de festa na
/ Catulo, de perfil. Fisionomia vincada, rústica, expressiva, a do grande
Vi Catulo de violão era punho à beira do CONCLÜE X \. PAGINA 38)
leito de José do Patrocínio cantando para. que poeta do sertão. Afirmação de personalidade e, também, de ta'enro.
êle sofresse menos naquelas ultimas horan
11 ! ¦li'J!!;í''K'íí/')K\'\\WW//yy/i
de vida que lhe restavam... E então as suas
palavras começaram a renovar-se por dentro
de mim — "Eu já não poderia escrever as ^REFIRAM OS CALÇADOS ECHÀP|0S ?77
minhas memórias"... "Papai, que era sobre-
tudo um emotivo, desde logo o adorou", ha-
via de contar anos mais tarde Patrocínio Fi. ^AysX;' ^^^^_^
' : AOS FREGUESES DO; t&^7?
lho. - flM ;| FAÇA OSEÜ i^^y^w^WX fWÍ
* * *
WÈ&& 5 PEDIDO PEL0 ^^/V-/iJpy^^|j\ : RIO TAMBÉM ATEN- ?WgW 'M
Não, nem sempre, o violão foi o que era
no meu tempo, começou a contar-me. Eu o
reabilitei e tornei o Instrumento amaldiçoa-
do pelos pnis de família num Instrumento
que podia entrar cm qualquer casa. Antes
de mim, o violão era do capadócio; depois
de mim, o violão passou a ser da poesia.
E o seu primeiro contscto com a poe-
sia?
Foi o violão que me levou até a poesia.
£u formara minha sensibilidade ao contacto
da natureza, 'amando o mar, em Ponta da
Areia, ou seguindo cota o coração aqueles
cantadores anônimos que passavam por mim,
em Mnranguape,. para onde se mudara meu
pai depois da estada em São Luiz do Mara-
nhão. Quando eles iam, meu pensamento ia
com eles. E o ritmo da viola que eles dei- - 0 rX, WP^HtFFS fJ£'^^rr^swsnf^^aaasãW «aB B^Bá.aãmM^W^^^*' dgÇ^MiE B8 i! .-"——,. ,-;"^^';%
xavám não morria de todo em mim. Mas foi

Jj | «d_T ^;L_stfÍJH IwVPMBBBa^BHKBnPflBBBB^. OÍ J^B^BfiQT !


];i BBBBnHw^BBBBl WÍ*aBBBBBaC»___^BMBBBBBffl^ -bU:^bRL*BP"LiJ

7(il=A Todo em pelica preta ou camurça 774 Em cromo marron, laranja ou pn i<
eom pelica preta, azul ou bordeaux.' com especial sola de peneu pintaõi
*--
¦*^-

792 «Jamurção 4e primeira com pelica impermeável. Muito resistente.


*<í<f preta, azul marinho, bordeaux ou 775 V|pa Francesa; feito a mão, com cha- 3ã'»« r '.00.00
b
90.00
"bbbH-
' ' ' '-^frS^^- *«"' CTj»»^^triy^M'"^ •-. 1 branco. O mesmo modelo em salto Ca- pas de aço e 3 solas, cromo laranja,
rioca 3 % ou Cavalier 6 #. marron, mulatinho ou búfalo branco.
763 Pelica com camurça preta, azul ma- 776 Em cromado preto com salto de bor-
rinho ou bordeaux com pelica sangue. racha e chapas de aço das lados e uma
764 Em pelica azul marinho, telha, camur- no bico. Sola dupla.
ça marron ou em búfalo branco com 777 Em camurção de primeira, preto, bor- "^^v-
^^VH
___r_{ —i»""»
BSBBBBBB__k_.
7*HS|
sola de borracha. deaux, azul marinho ou branco com 1Ê &Ê
BBS *S «!£*__¦» '^BBMBrV^BBsi
_V t ^^^^^B I^bb^^^^^B ^^^*-^5*aMÍ 765 Em pelica sangue, azul marinho ou pelica.
bordeaux com linda sola de cortiça. 778 Camurção extra de primeira, acaba-
;;Ví763Em
" ; pelica sangue, azul marinho ou mento esmerado, nas cores preta, azul
búfalo branco cóm entre sola e salto marinho ou bordeaux.
de cortiça, ns. 32 a 40. 779 Camurça preta, azul marinho ou em
767 Em pelica pérola com sangue ou com búfalo branco.
azul ou camurça com verniz preto. 780 Camurça preta, azul, sangue, verde ou
768 Em búfalo branco de 1», com pelica em búfalo branco.
azul marinho ou com sangue ou todo 781 Camurça ferrugem, telha ou em cro-
em pelica preta.. mo castanho, com resistente sola de 3J -3$ 'S 70.00
769 Búfalo branco com pelica laranja ou borracha.
com azul marinho ou todo em pelica 782 Pelica branca com azul marinho ou
preta. com sangue ou camurça com verniz
"Grande Moda", preto, com linda sola de cortiça.
770 Em vidro Americano,
preto, branco, verde ou sangue. 783 COLEGIAL — Vaqueta marron ou
*~" Mm\ íaB_l*_aB Sc iAh*^
771 Em vidro Americano, "Grande Moda", preta com chapas de aço e salto de
borracha.
preto, branco, verde ou sangue.
772 Em cromo marron, preto ou laranja, 784 Camurça ou verniz preto, búfalo
com especial solado de peneu pintado. branco ou "Pecari", havana ou azul
Muito uravel — impermeável. •¦' „> (saltos 5 e 7).
785 Búl i'o branco ou em camurç. prr.j,
775 Kp cromo laranja ou marron co^-. est. sangue,'azul marinho, verde ou làés,
«¦ _, 1* '^ií»—O»^ PaL^^^pKXBBi^K^B.
' ..crocodilo e lindo solado de bonfeoha. • saltos
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homens: CrS 4,00; de senhoras, CrS 3,00. PEDIDOS ^S CASAS ROULIEN, Expedição: RUA SÃO LUIZ
BbbbbbS^^^bP ^b^bbbbMbV^
GONZAGA, 52. Envie a importância.registrada, com *^olor declarado
pelo correio ou cheques que sejam pa-
gaveis no Rio. MATRIZ: RUA SÃO LUIZ GONZAGA, 46 e 45 - S. CRISTÓVÃO - FONE 48-4546 - RIO, Fi-
sf <-bbbbbbbbP,bIbb^bP*—^—ssslsBPÜ^^I^BBBPMtw/ÊB^Em****?^¦ «
liai: Rua Carvalho'de Souza, 310-312 — Madurcira — Telefone 29-9058 — Rio de Janeiro. FaBRICA
£^sbb^B'JPÍ Iss _ JrS^ilm^Sm^* f ^M bbbWE^EÉSbV¦-
¦ — i '¦assa!
B_BtMp^^^KpPI^H WbbbbSà' * ^obb^bbbbbÍ
PRÓPRIA: Rua São Luiz Gonzaga, 52 —- São Crstovão — Fone 28-8072 — Rio

A Catulo da Paixão Cearense, o maior poeta sertanejo, a homenagem das CASAS ROULIEN, as
casas que calcam meio mundo.
A.KflilE» PAG. 5— 19-7-1946 *

imiT.-,--¦¦¦-•v n«f
Catnlo da Paixão Cearense e seu grande
amigo, Proeópio Ferreira, a quem dedicou
o livra "Fábulas e alegorias", fenja primeira
segando
edição foi financiada por Proeópio, "Gazeta
; declaração do poeta em artigo na
— de Notícias"
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E OS ARTISTAS
Grande amÍ£o de Procó-
pio e de Beatriz Costa,
# w" não desdenhava
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-v Benjamiii de Oliveira,
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Truão de Deus e Palhaço J •.¦'•-'.4,
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mente os seus melhores poemas, entre os


,, '.^ quais "O Marroeiro". Quando Proeópio es-
tava no Rio, Catulo estava constantemente
ns. em sua companhia. E foi o ilustre ator um
dos maiores entusiastas da "campanha do
tostão", empreendida pel'A NOITE, para a
ereçáo do busto de Catulo no Passeio Pú-
blico.
Proeópio Ferreira conta muitos episódios
curiosos a respeito do grande poeta. Um
desses episódios se refere á estréia da co-
; I |flF''^H . ''^HvJEm jHfc ^* ^^w^»1 ^y «*
'
JfB rwT 'asssB^r£Í^^^fejassal;'aBlalB ' -I / média "Maria Cachucha", de Joracy Ca-
1 taJ^^aaBBaH ^«$lfcÍI SH&* ^ '" ' ItÊ "^F '. > ^E^^^^^bÍH "" s|t «| - 1 margo, no Teatro Serrador. Conta Procó-
9 KKflS — pio:
SPHb tBBBB ' aBaLaLaP**^ | — Estava eu me preparando no meu ca-
marim quando entrou Catulo com um
pequeno embrulho. Queria que eu o guar-
I wÊÊ$ * ÈkJL\mwmW'Bm* "fl - IB .^fl Be.-, .- ^y. A qE R^l ^H . "1 dasse. E esclareceu: "Tenha muito cuida-
do. São ovos. Mas fique tranqüilo, que
aan "'
* ' BKtJ| flfir jBKff ta^alaassal 1 eu não vou assistir ã peça..."
B^>riMi«iiiiiawiiMiiilsi»iiaiiiiiLjMuiiiiBsl
¦' ty
^"aaaaaaal aftáf^BK'*
MaTWii'
''iV "éa "1 Proeópio (refere também uma passagem
H Vaaaaaaal ataV^w ¦ " aa das suas relações com Catulo, a respeito da
estréia de sua filha, Bibi Ferreira, no tea-
tro. Como é sabido, essa estréia se deu
na peça de Cario Goldoni, "La Locandei-
ra", em que Bibi fazia o papel de Miran-
B bPÜ
'•''' "' BaftjBKrT*IBI LBr *
v1 ' '^ •^iaT sH-.lB ¦ riBl LB . !»lfi5
'i".wf #^ JU>*^^^ tÊB^mLXJ^nSr jfitJSjP Sã MM* > dolina. Mas deixemos que o próprio Pro-
copio conte o episódio.
Dias depois da estréia de Bibi no tea-
tro, ele me apareceu. Temendo que eu o re-
provasse por não te-lo visto na noite da
premiére começou a falar da porta como
uma criança assustada que tem pressa em
Justificar uma falta.
"Você está danado comigo, já sei. Mas
não me foi possível aparecer. Fiquei mui-
to emocionado. Fiquei com medo que a
menina falhasse. Não gosto de assistir coi-
H BI ¦aam1-*-*' M^Saã^asBaB *B "taaT^H aaaaP* ' R^aaHaS^ I
'! sas tristes. Mas agora estou satisfeito. To-
dos dizem bem da garota. Vou ve-la hoje.
Diga-lhe que estou na platéia. No final
Catulo entrou na caixa com os olhos ma-
rejados de lagrimas. "Ah! proeópio, pe-
Ia primeira vez senti no meu coração uma
í I . LBw*laaaaB. picada".
Que foi? peguntei-lhe assustado. "Senti
'

Inveja. Inveja de não ser você. Que fes-


ta não vai nessa tua alma. A vida Pro-
copio, é boa. Da-nos tantas compensações.
Devemos ama-la, muito, muito".
Pediu-me o álbum de Bibi e escreveu uns\
versos lindos que, infelizmente não tenho
de cór. Lembro-me que terminava com
Catulo mostra a amigos (entre eles o jorna- —aquele verso de uma das estrofes do Mar-

Farmácia São José


lista Barnabé de Campos e o palhaço Benja- roeiro •— "o pinto já sai da casca com a
min de Oliveira) soa magistral carlea- pinta que o galo tem".
tora executada por Monteiro Filho Entre as reminiscéncias de Proeópio a res-
peito de Catulo há também um episódio a
Artista boêmio, Catulo da Paixão Cearen- que estão associados esse grande ator e o
se tinha milhares de amigos, nos meios mu- autor teatral Joracy Camargo, que apare-
sicais, nas rodas teatrais, nos círculos lite- cem como autênticos reivindicadores da
rários do Brasil. Tendo se ligado a dezenas glória do grande poeta sertanejo. Proeópio
de compositores, que escreveram musicas refere esse caso interessante nas seguintes
para os seus versos, que pediram a sua cola- palavras:
Completo e variado sortímento de produtos buração consagradora e que, com êle, foram Uma noite, depois do espetáculo, eu,
pioneiros da indústria do disco no Brasil, Joracy Camargo, Gastão Pereira da Silva
químicos e especialidades farmacêuticas dos Catulo da Paixão Cearense escreveu duas
operetas, "O Marroeiro" (com Ignacio Ra-
e um outro amigo, poeta e romancista, cujo
nome não interessa citar, dirigiamo--
poso), e "Flor de Santidade". Era sócio eíc- nos para a casa da grande pintora Maria
melhores fabricantes nacionais e tivo da Sociedade Brasileira de Autores Tea- Margarida, onde passávamos grande par-
trais e, sempre que deixava o seu tranqüilo te de nossas noites em palestra com a no-
estrangeiros , subúrbio, não deixava de ir aos nossos tea-
tros e de visitar os seus amigos que fazem
tavel artista, o mestre Ismalovicth e Mo-
rei. Falávamos de poesia. A certa altura
da ribalta a sua profissão. como um tijolo que cai de súbito na cabeça
Entre as amizades de Catulo, o grande co- o tal amigo, sae-se com esta: "Não gosto

ASTOLPHO LOPES SOARES mediante Proeópio Ferreira foi uma das


maiores. Proeópio chegou a se fazer retra-
tar, pelo pintor Ismailovitch, num quadro
em que Catulo figura. Juntamente com ou-
de Catulo. Acho-o um poeta horrível *.
Nosso choque foi tão grande
um tempo estatelados olhamosque para ele.
"Nao
ficamos

tros dos seus amigos. O volume "Fábulas "eu seime olhem assim", continuou o tal
que vocês são amigos dele, mas em
RUA BERGAMINI, 45-A e alegorias", de Catulo, dedicado a Procó-
pio Ferreira, só veio à lume, na sua pri-
questão de arte, me parece que a amizade
deve ceder ao bom senso "JE desenrolou um
meira edição, porque esse festejado ator fl- novelo de conceitos sobre a arte em geral,
FONE: 29-2789—RIO nanciou a publicação do volume, hoje reedi-
tado pela terceira vez. Proeópio, nas suas
e métodos de critica, derramando uma eru-
dlçáo velha cheia de frases feitas. Eu, Gas-
festas artísticas, sempre prestigiou o grande
poeta sertanejo, interpretando admirável- (CONCLUE NA PAGINA 34
A NniTt r» * r* IO 1 \C\AC
_ , —_ ^.._ ,„—„ . — „, -^ ..„ ,|mF«' -i-,c""^v^^^^^j^i^^^^p^aaajSiíSHlB^f^gi^r» t

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CATÜLLO
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DA PAIXÃO
J ^IT^V^ a^WPyS^ilB^E^^' ' *Sl''^ySn$ff*^jç3 jB

CEARENSE
GLORIOSA TRADIÇÃO DO BRASIL
|BwÇ3MB .. MB . ¦ BaV bbbB •' lay*-*fe '&£—-' r^iv^v'•* .•'*/¦**. jflai BfâKSfr" '<" bbbB ¦ '¦''¦¦¦ ¦¦¦¦'.¦,-.':¦.¦.'¦ ^\
m

f
mais civilizado é um
povo, mais respeito e orgulho
tem à obra dos seus grandes LMe0 7/
QUANTO
Artistas, pois é a estes que se
deve essa Civilização. Pouco
se fez, até hoje, pelas nossas gloriosas tra-
dições, .que permanecem ainda no mais
triste esquecimento. Faltava-nos, entre-
é°l
Bentammo Gigli, o grande , tanto, uma oportunidade para despertar
era um admirador de Casulo da Pa . ..... em nossos corações esse sentimento mag-
rense . (e Catulo tombem dele). Gigli deu nifico, transfonnando-nos em orgulhosos
ao autor de "Meu Sertão" esta foto autogra- admiradores dos legítimos representantes
fada da nossa Cultura. Se hoje nfio podemos
ajuizar o que muitos brasileiros fizeram
pelo nosso Pais, não nos cabe a culpa,
mas compete-nos fazer com que nossos
filhos possam sentir melhor por que o
Beatriz Cesta era uma das grandes admira- Brasil é digno de tanto amor e respeito.
eèes e das amizades de Catolo.
A obra grandiosa de CATULO DA PAIXÃO CEARENSE é? sem
dúvida, uma das mais belas e ricas contribuições à música e à Poesia.
Para que possa ser sempre admirada, re-
solveu o brilhante vespertino carioca
"A N OIT E". em colaboração com
"A NOITE Ilustrada", "Carioca". Vamos
H
Ler!" e a "Rádio Nacional", dar aò Bra-
sil "A CASA DE CATULO", adquirindo
para esse fim, a casa em que viveu o
Poeta, ao mesmo tempo que trata da
construção do seu mausoléu. A esse mo-
*" *
vimento vem se juntar, a "EDITORA
\ \ ^B '*/*V w& \ BEDESCHI", que tem a honra de pos-
suir, entre outras valiosas edições, qua-
¦- "¦ ^Én \ idÈk $ÊÈ- b9bbSbW
'
* ÍI^SbbbT''
^íBwHí í?&a ¦ W''-";«|t r'-U-'r tro grandes livros do maravilhoso poe-
ÃwM t->\ >& u • \ ^v "^ •*-¥*- »>í^'";k*?
ta, músico e cantor. Numa delas, "MATA
ILUMINADA", encontrará o leitor a
mais bela canção da alma americana.
"Luar do Sertão";
e nas outras, "POEMAS
BRAVIOS", com prefácio de Ruy Bar-
bosa, "MEU SERTÃO", com prefácio de
José do Patrocínio Filho, e "SERTÃO
EM FLOR", com prefácio de Mario de
"nosso Catulo", na
*aV*r V Alencar, os inais opulentos e geniais Poemas do ex-
^Bfcl* 1üat^BH mm^t spA Ám t^^H
presão glorificadora de Ruy Barbosa.

"^BP^^Mta. áSal AW^r-Jmm*.


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Preço

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exemplai
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I ^SK'Jè. \ 10,00
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Zi:UO V AL VER 1)1
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7 — 19-7-1946
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OS MAIS BELOS
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a máde que parecia O vento manso da serra


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-uri ; ^^—', o xaquaiá de uma onda, vinha acordando os caminhol
que vem jupiando. redonda, Vinha.das mata chorosa
na praia se derramai um chêro de passarinhai
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^^Vfitam*__rr _^ÉB9l ,.., ,-,_-„, BBB mB -:
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¦ ^^^_^_^^^B^^t[_8*-v' \*" " ^^*- rf'""''Sk m };¦¦¦'¦-..;¦¦.t s.. :¦.';. :\
Hffa
Japiaçóca dos brejo, Lá, no fundão d'uma grata,
no arrastado do rojão, adonde um cargo gimia,
cantava cum tanta mágua. gargaiava as siriêma
cum tanto amô e paxão, cum o fresco nacé do diaJ
que ispaiava. no terrêro,
o ôrôma do coração!! Uma araponga,, a trepada
n'um braço de mato, im frô,
O coração dás viola gritava, cumo si fosse "N
aparava, de mansinho, os grito da minha dôl!
se os dois fióte de rola,
quando ela táva sambando, E a sabiá, lá nos gaio
pulava fora do ninho!... da tabibúia, serena,
Este marroeiro (moço) vai contar o que eu panhei uma chifrada farinava, cumo si fosse
seu caso a outro marroeiro velho, cen- que me deu esse taarditol Entonce, aqueles dois éio, uma viola de pena!
;
tenário, celibatário e tocador de viola, sereno, cumo o luá, Um passarinho inxirido.
- como êle. Nas marvadage do Amô vinha prá riba da gente, mardosamente iscundido
"Velho
O Marroeiro", novo poema não hai cabra que não caia. taliquá dois marruá. nas fôia de um tamburi,
em resposta a este, encontra-se no li- quando o diabo tira a roupa, sastifeito, mangoiando, . '
vro "Mata Iluminada". tira o chifre e tira o rabo Intrava dento da gente, de mim se ria, gritando
Esta a razão por que o autor subs- prá se vistí c'uma sáial cumo duas zelaçãol... lá de longe: "bem te vi"!
tituiu o vocativo — Sá dona — por — Mas porém, a gente via.
Marroeiro. Se adisfoiando no samba, no fundo daqueles óio,
E' a primeira vez que este poema é cantando uma alouvação, a hora da Ave-Maria.
publicado na íntegra, sob as vistas eu vi a frô dos cabórge gemendo nas corda fria Chegando na incruziada,
do autor. das morena do sertão I das viola do sertão!!! despois do dia rompe,
I A ALBERTO NUNES FILHO

PiflARRUÊRO. eu sou marruéro!...


Trazia dento dos óio
sipurtei o
n'um veio
meu segredo
tronco de ipél
istrépe e mé. cumo a abêial
Nacendo, cumo tinguí, Oióu-me cumo uma onçal... Prú máde daqueles óio, Donde essa hora. inté hoje.
fui .ruim, cumo piranha, E, ao despois, cumo uma ovêial dois marvado mucuim, eu conto as hora. a penal...
i mais pió que sucuri. um violêro, afulémado, Eu várto a sé marruéro!. ..
Aqueles óio xingôso, partiu prá riba de mim] Vou vive cum os marruál
i
: .
Pixúna daquelas banda,
véve a gente a campiál...
eu confesso a vasmincê,
ruia a gente prú dento Temperei minha viola, Eu tinha o corpo fechado
4-
Deus fez o hôme. marruéro. que nem dois caxinguélél intrei logo a puntiá, prá tudo o que é marvadezl
prá vive sempre a luta. e ambos os dois se peguémo. Sá de surúcucútinga
Sem mardade, um béjo dado num disafio, ao luá! eu fui murdido três vezl...
Mbu pai 'oi bixo timive naquela boca orvaiada,
e eu íui timive também I havéra de té, marruéro, Premiu" a Santo Antônio, Tândo cum o corpo fechado,
O pinto já sce do ovo o chêro das madrugadal se eu vencesse o cantando, prás feitiçage do Amô,
com a pista que o galo tem. de inieitá o seu filnho pensei que eu tava curadol
A fala dela. marruéro, cum um ramaiéte de frô li
Se meu pai íoi marruéro. era o geme do regato, Só despois que nestas corda" Dos marruá mais bravio,
- havóra de eu tá na toca, que vai bojando as iôiáge, fiz pinto cessa xerénx, que nos grotão derribeL
a rapa no caitetú que cai da boca dos matol vi que o bichão se chamava: muhta chifrada penosa,
— Manuó Joaquim do Muquêmi munta marrada eu levei!!
a massa da mandioca?! As duas rola morena,
¦

prú baxo do cabeção, Manué Joaquim era um cabra Prá riba de mim. Deus pode
Bebedô de madureba, tzimia. cumo a água fresca, naturá de Piancál... manda o que êlo quisél
pissuindo carne e caroço, quando o vento béja as água
eu nunca vi cabra macho Quando gimia no pinho,
das lagoa do sertãol... chorava, cumo um jaól O mundo é grande, marruéroI...
que me íizesse sobrôçol Grande é o amôl... Grande é a fél...
> Pruquê os dois peito alembrava Eu, marruéro, arrespundia
Nunca drumi uma noito dois maduro cajá-manga, nestas corda de quandú, Grande ó o pude de Maria,
imbaxo de tejupái... e a boca, toda vremeia,
Nací prá vive nas grota, e os acalanto se abria, ispôsa de São Josél...
parecia uma pitanga. cumo as frô do imbiruçú!
prá vivo nos mócósá. . O Diabo, o Anjo mardito,
prá drumi longe dos rancho. Chêrava as mão da cabôca, Foi despois do disafio, foi grande!... Cumo inda éll
prú-ríba duna gravata... cumo os verde maturll...
vendo a lua pulas íôia quando eu sal vencedô,
Era taliquá, marruéro, que os canto e os geme dos pinho Mas porém, nada é mais grande,
d'um férmoso iriribál dois ninho de jurutíi mais grande que Deus inté.
n'um turumbamba aabouli
que uma chifrada, marruéro.
Os pe-zinho da curumba, Imquanto nós dois cantava, dos óio duma muiéll!
quando dançava o baião, sem ninguém té dado ié,
Nos gaios da umarizéra, parecia dois pombinho, tinha fugido a cabôca VOCABULÁRIO
o canta do sanhassú; a marisca pulo chão
na boca triste da noite. cum o Pedro Cahitoréli!
Marruá — touro.
O gimido da inhabú... Eu me alembrol... A saia dela. Marroeiro — pastor do gado.
Tinha fugido a curumba
cô das pena da irerê, Tinguí — erva venenosa.
e as tuada da cabôca, cum aquele bode ronhêro, Piranha — peixe mordedor.
tinha a sedado dos mato. um tocado de pandéro
lavando n'água do rio. Sucuri — cobra.
quando vai anoiteceu e runiadô de zabumbai Pixuna — rato selvagem.
e os canto, prú via dela, Aqueles braço de fogo,
nos samba... nos disafio... Manduréba — cachaça.
(Deus não me castigue, não!!) Tinha fugido, marruéro, Campiá — andar a busca de gado, pelos
quêmava, cumo aa iuguéra aquela frô dos meus ai, campos.
nada disso, não, marruéro, das noite de São Joãol... Sobroço — medo.
me dava sastüação, cumo uma istrela que foge,
sem se sabe prá onde vailll Tejupá — cobertura de palha.
cumo o mugido bravio Marruéro!... Os cabelo dela Mócô"á — caverna.
dos valente barbatãol tinha o calo naturá Barbtitão — touro.
da pomba vüge dos mato, Alouvação — canto, louvando alguém.
Nada fazia, marruéro, Cabórge — feitiço.
quando cumeça a aninhai... Istrépe — espinho.
o coração me pula,
cumo uvi pulas varjóta, Caxinguelê — animal roedor.
Apois, os cabelo dela Baião — dança.
os berro dos marruál tão preto pré chão caia. • Irerê — ave
Na luz do Sá, que acordava, pattnipede.
que toda a frô que butava lá, no cará do Nacente, Japiacoca — ave ribeirinha.
Na pai de Deus eu vivia nos cabelo, a írô murchava» a máde que Deus, contente, Rojão — toque de viola.
nos brédo doa matagó, pensando que anoitecia li Zelação — estrela cadente.
cum a natureza sonhava!
tocando a minha viola Mucuim — parasita que se introduz na
só prá meu gado incuta. Afuieraado — raivoso. pele.
O suó que ela suava O canto alegre dos galo Puntiá — preludiar na viola.
no samba, chêrava tanto, nos capoerão amiudava!... Pinto cessa xerém — fazer bonito.
Lá, prós banda onde eu naci. que intó a gente sintia Nos taquara das lagoa Jaó — ave de canto melancólico.
Já ss falava do ama: um châro de ingreja nova. as sara cura cantava! . Maracanã — periquito.
todas as boca dizia um choro de dia tanto! Araponga — ave também chamada Ferreiro,
que era íarso e matado! Alegre, passava um bando de grito agudissimo.
As anca. as cadéra dela, das verde maracanãl Corpo fechado — aquele que meio de
Mas porém. íoi trazahtonte. surrupiando no coco. Formosa, cumo a cabôca, rezas e outras superstições, ficaporisento de
no aamba do Zé Benito. toda a se tamboriíá. vinha rompendo a minhãl mordeduras e feitiços.
Surúcucútinga — cobra venenosissima. A
raVCMlTF, PAG. 8 — 19-7-1946
"""'¦¦¦"
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____________________s_s___________________—_________
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'J* '" "*/\ ' —;¦¦
m_™^ _^*W8mwBBHI bmh Eu táva diseambimbado! (duas hora de.canoa...)
____-_ÍM____fl ____________¦
prá hí vê a curumim,
Na hora que toda gente • e só quatro mês fartava
**' ¦ '^Hffi^rfüi ¦¦ B-flE-—-^^^^B*^^^^^B_--Í ~^___>- '¦¦' B__r ______8''- I já táva se adispidindo... prás coisa chega no fim.
^^H BJjBBH^H " _B_r
a muié táva chorando!
^^P^fl_*^^^^^^fl B__>. N___^_K__BE W_W__r_-BBH-f-Í" -wBH fl^^Bflfll Vendo a muié saluçando... Zé Pacú dava um pagode
fui assuntando... assuntando. no dia oito, im dezembro,
| ^v JW ,_r_l_K_BBkk
-*^
BB ^^^^^^^^^™'l^p^B^BHfflSBf^.^r'"
—^__h_ '. PPf/{iJ|fj)|^^ ___^Ss_l
E_fM___r__fl . __W_-^_S_------^---- .
e... odespois, arresôrvi! que é o dia da Cunceição!
Wfl-B-r^ _fl__F
BB _#____i_P^__.b__i Pidí a mão de Maibí!
Cum rézão ou sem rézão,
Nos óio dos cunvidado João Capixaba, um caúchêro,
correu uma ispantação! das banda de Sairé,
me contou que a cabôquinha
A cara dos namorado numa festa, im Caetê,
de Maibf, naquele instante, no dia de S. João,
ficou taliqá se visse só cum caquêro dançou,
uma grande assombração! e prú via disso a festa
im tempo quente acabou!!!
Maibí ficou tão contente,
quando o pai, arrêzôrvido, Dei tempo ao tempo: isperei.
no meio de toda gente,
satisfez o meu pidido. O"Vamo
dia oito chegou!!!
vê", disse curnigo,
"se o cabra
Eu não quiria!.... E' verdade! não me inganou."
Mas porém, era mardade,
era mardade e perrice
não crê naquelas denguice
V____r_\ vCvBB^ -_B -_-P_-_-__^---Í' —-——-
n ^^BB^, _,B___j /yj
duma muié adorada, Naquele braço da costa,
nem nas coisa que jurava de todo lado se via,
cum a sua palavra honrada! atupetada de gente,
as canoa, as montaria.
Apois, ficou ajustado
^^BBBr^ __Flfi__/
Vi *T_B _____ "_, ^_______________'''VflflMV^Bjjfe^Mafl fl^Pr _M__B JBir 1 vWn
que, despois de mais dois ano Vinha decendo um Gaiola.
BL ^N. -Yi' ___9__B
de trabáio no roçado,
___P r ^b______ \ ^PVV /____F___flr tUfl. nós havéra de casa. Pequei na minha viola,
Despois da festa acaba, e decí pulo barranco!
a festa do seu Truamba,
uns prá aqui, outros prá lá, A lua, branca arupêma,
cada um siguiu viage. toda redonda e cheínha,
penêrava lá de riba!
A barraca do Paçú, E o rio táva tão branco,
do veio pai de Maibí, cumo um montão de farinha!
ficava lá da outra marge,
da outra banda do rio, Remando naquela hora
num bunito massapêz. prá barranca da outra marge,
Só de três mês im três mês, um bando de montaria,
eu fazia a travessia, carregando os cunvidado,
foi siguindo de viage.
O Pacú era quirido

OS MAIS BELOS POEMAS DE CATULO e cunhicido de tudo!


Vinha gente inté de longe,
lá das banda do Serudo.
Nunca vi tanta canoa
atupetada de gente!
./ As água mansa do rio
se ria inté de contente!
A noite táva bunita,
cum seus visti_o de chita,
da cô da frô dos ipéü
A noite infeitiça a gente,
pruquê a noite é uma miué!

AO INSIGNE MARIO JOSÉ' DE ALMEIDA Ansim, bunita e fermosa,


cum uma saia toda azú,
(Conclui na página 33)
este poema na noite em que o N'um terreno, im ribancêra,
grande violeiro — Chico Mindéllo, de
COMEÇA na bêra mêmo do rio,
volta ao Ceará, depois de uma ausência de despois d'um ano gastado
sete anos no trabalho dos seringais, no Ama- de trabaio cum o machado,
zonas, a pedido do povo do sertão, vai cop- prá aquelas árve gigante
tar o que se passou consigo, por aquelas pa-
ragens.
na derrubada quêmá,
incoivarei um roçado
e cumecei a prantá:
UM DELEITE PARA 0 ESPÍRITO DO LEITOR ^
:•*«. I

feijão, mio, mandioca,


Terra Caída são as terras que se desmoro- e fui filiz no lugá. ~—^~mmwMMMmMMMMmwmmmmm^^y////7mm
nam, à margem do rio, com fragor, levando "Coleção
grande extensão de frente e fundos. A terra era munto bôa Os Livros da Azai" (0 LIVRO DE BOLSO DflTBRASIL)
prá fazê um roçadão:
tão bôa, que era percizo flS homenaAgens prestadas a CATULO DA PAIXÃO CEARENSE
TERRA CAÍDA A^if?}**
vive cum a inxada na mão!
??riS_S • «vqUe ^aboraçáo com "A NOITE Ilustrada"
Ao insigne Mário-José de Almeida Se um hôme mamparriasse, Vâmos %A,N0ITE;.f_?
LJrl. e a Rádio Nacional, iniciou com o fim de construir
a imbaúba, a gitirana, onP2E £
seu mausoléu e adquirir a casa em que residiu o maravilhoso poeta, mú-
Faz hoje sete janêro o mata-pasto, a caíva, C COmp,?.ltSr' A "E°ITÔRA AURORA", que se orgulha
que eu dêxei o Ciará, K _n*nt°r
suir entre as suas edições "O TESTAMENTO de pos-
o taxizêro danado,
e rumei lá prô Amazonar o taquarí... n'um instantinho, arvore secular, não poderia deixar passar esta DA ARVORE", fruto de uma
a terra dos siringá. tudo cubria o roçado. aos que concorrem para o maior brilhantismo oportunidade
da mesma
sem se associar
N'aquelas mata bravia, "Cabôco Onça" era do 9ue há de melhor na literatura universal.
lá, nos centro arritirado, ansim a «wnT^1?AfafÍVíK_,*1»itura
'f,«i. j
que eu ali era chamado. AUI?0RA .empreendeu o lançamento "Coleção Azul", em
as arve tem munto leite, volumes de formato portátil. O valor e a variedade da
.
das obras escolhidas, a
mas nós já tâmo cansado! Apois, no fim de dois ano, Dem cuidada confecção, o acessível, são requisitos que fazem desta
cumpade, eu já pissuía coleção um motivo de suave preço
entretenimento, no aconchego do lar ou a cami-
O inverno, n'aquele inferno, umas cabeça de gado! nno do trabalho.
é uma grande internação!
No inverno não se trabaia, VOLUMES PUBLICADOS
Mas porém, meu veio amigo,
que é o tempo da alagação. tudo o que hoje o hôme faz, 1 - "Amores do Diabo", de Jacques 4-"O último Dia de Um Conde-
n'outro dia Deus disfaz! Cazzotte, trad. de Camilo Cas- nado", de Victor Hugo (Ro-
Isperei. Veio o verão. telo Branco (Romance). mance).
E' mais mió não fala!...
2-"O índio Afonso", de Bernardo 5- "Noites Brancas", de Dostoie-
Guimarães (Romance). vski (Novela).
Tú qué sabe, meu amigo, Ouve. Um dia, Zé Pacú, 3-"O Correio de Lyon", de Pier-
o que é os siringá?! re Zaccone (Romance). 6-"Acuso", de Emile Zola, trad.
indo a Igarapé-Assú. de Elifis Davidovich (Documen-
E' trabaiá... Trabaiá! onde tinha um ajurí, tário).
E' um hôme se individá! levou cum êle uma fia, 7-"Luz Interior", de Honoré de
E' vive n'uma barraca, qué se chamava — Maibí. Balzac (Romance biográfico).
n'um miserave casebre 8-"O Corcunda de Notre Dame",
* e sê ferrado da febre, O pagode, a festa, o sambo, de Victor Hugo (Romance).
. que anda danada prú lá! era im casa d'um rocêro 9-"O TESTAMENTO DA ARVO-
de nome: — Antônio Truamba. RE", de CATULO DA PAIXÃO
CEARENSE (Poesia). Contendo
E' trabaiá, trabaiá, No pagode do Truamba, uma poliantéia de juizos-críti-
dênde que rompe a minha, • chorei tanto na viola, cos sobre o Poeta, .organizada e
prá de dia sê chupado de noite inté de minha, anotada por Guimarães Mar-
pulo piúm, que é marvado, que a fermosa cunhatã tins e várias caricaturas.
e de noite sê sangrado teve uns caído prá mim! 10-"O Sonho", de Emile Zola (Ro-
pulo tá carapanãü mance).
óia, a coisa foi ansim. 11-"Senhor e Servo", de Tolstoi
E' um hôme dá todo o sangue (Novela).
prô mardito do piúm, A cabôca fez premessa 12 - "Catarina, a Grande", de Otto
e vortá mais disgraçado, de nunca mais me isquecê! Schneider (Biografia).
cumo eu — o Chico Mindélo, 13-"O Castelo de Eppstein", de
duente, feio e amarelo, Alexandre Dumas.
cumo a frô do girimúm. Que pena não sabe lê! 14-"A Dama de Companhia", de
Ela disse tanta coisa, J. Saud.
Ansim, lá dos siringá, tanta palavra bunita, 15—"A Sepultura de Ferro", de H.
no fim de três, de três ano, que eu, inté, nem sei dizê! Consceuse.
sem um vintém ajuntá, •
ia vortá prá Manáu, Nunca tive tanta pena Cada volume da "Coleção Azul"
tãndo fixe na tenção e tanta malincunia custa, apenas, Cr$ 6,00. Em todas
de Manáu vim prô sertão de não sabe inscreve! as boas livrarias do Brasil. Pedidos
do meu quirido Ciará. pelo Serviço de Reembolso Postal à
"EDITORA AURORA"
Apois!... siguindo os consêio Agora váíncês me diga: RUA VINTE DE ABRIL. 16
o que havéra eu de fazê?!
que me dava o coração, Rio de Janeiro.
arrêzôrvi não vortá! A festa tinha acabado!

ifti*\nf _ !¦¦_ 19-7-1946


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í_-/ rtáaW Nenham crítico brasileiro fez


UMA PÁGINA QUE JOÃO RIBEIRO W-

^Mr reservas à poesia de Ca-


maiores
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da
de
Paixão
João
Cearense. Um ar-
Ribeiro sobre "Meu
LOUVOU SEM RESTRIÇÕES
I IP? "M*t1
1 trasse
Sertão" fez com que Catulo en-
em azeda polêmica com
"* . . lf João Ribeiro. Este critico, entre
outras coisas, dixla dele: "Catulo
Íí ÊM
S Dá II
I
Cearense é um poeta nacional, não
O ilustre poeta e crítico confessou haver sido
dúvida; mas tão artifícios©^
$w^
'
F
II iria* II
II f Talllf
tenho os
como outros poetas cultos e superado nesse tema pelo grande Catulo da
ffj mm talvez, mais do que eles". A des-
'I•Hfff Hwf dessa opúuão, respeitável,
peit0 isolada,
João Ribeiro desta-
Paixão Cearense
v 7'ljBrM mais
| j IMsWáM con» na sna crítica» ° poema uO "
¦¦*»

Infcfii Pv Lenhador", do qual disse:


_B Br \
¦Bar*^---—:. _1_^^BF__*^^^# -¦
w^&?-'7*" éMmMmMr __a.
?ores, não por desffastio como Gla- que entrasse nela nenhuma inspi-
W _f /XV- ^_> detone, mas por necessidade de
carvoeiro e proprietário". Depois de
citar trechos do poema, João Ei-
beiro escreveu: Tis um belo poe-
ração
-muito sertaneja. A de Catulo é
melhor, mais perfeita, me-
nos artificiosa e sem o pedantis-
mo de fórmulas métricas exóti-
ma cuja inspiração literária é cvi- cas; entretanto, é ainda uma cria-
dente. De mim, se ouso falar, es- ção erudita, disfarçada'sob a fra-
crevi também uma poesia bárbara seologia inculta de idiotismos, vo-
e imperfeita, — a "Vingança da cábulos e locuções sertanejas".
Arvore", que sofre da injustiça Aqui vai transcrito o poema de
cruel do esquecimento; e não creio Catulo, louvado por João Ribeiro:

"Não há mais literário


que o for
moso apólogo "O Lenhador", que
O LENHADOR
\^^P^_i_^ ' ) »T_S_S™^j_3_i?,
fabulação é bem feita; o homem
À MEMÓRIA DE PAULO SILVA ARAÚJO
iânH3^3rrT\ __x' __r que matava as árvores encontra
numa delas a sua redenção e a Um lenhadô derribava Mas porém, quando o tinhoso
mmWiàmf aw ¦ vida comprometida. Não há na as árve, sem percizão,
e sêmpe a vó li 1
isgaiava o grande ipê,
viu uns burbuio de sangue
poesia popular, que eu conheça,
um tema de tal ordem, mesmo en- "Meu fio: tem dó dizia
das árve, do ttronco veio iscorrè !
.. \^ A'" S tre os casos de totemismo vegetal que as árve tem coração!"
Sacudiu fora o machado,
que a etnologia registra. O poema
* // é bem arquitetado. E' a história O lenhadô, n'um muchôcho, e deu de perna a vale!
i ;_. _r^ \ de um lenhador que derriba ar- e rindo, cumo um sarváge,
:.-'" ..dizia quedos seus consêio E foi correndo!... correndo!!
não passava de bobage.
> Cada tronco que ia vendo ¦

'.. i As vez, meu branco, o marvado, v das árve que ele torou, v ...
¦

"fc^fcT^ acordando munto cedo, era um braço alevantado


Hujx __fe_fc__________s________T' • •" pegava no seu machado, d'um hôme, melo inteirado,
yj
e levava o dia intêro, a grita: "Vai-te, marvado!...
iscangaiando o arvoredo. Assassino !... Matado f
E a vó, supricando im vão, Foi Deus quem te castigou!"
sêmpe, sêmpe li dizia: E foi correndo !... correndo!!
"Meu fio: tem dó das árve,
que as árve tem coração!" Cada vez curria mais!
-^í!_^_____^^^ N'uma minha, o mardito, Mas porém, quando, já longe,
,__^^B___t^^
inda mais bruto que os bruto,
sem fazê caso dos grito uma vez ôiou prá-traa,
da sua vó, que Já tinha vendo ipê alevantado,
mais de noventa Janêro, cumo um hôme insanguentado,
l'V-1
"¦'
I O maravilhoso Sabiá do Brasil vai cantor. Esta formidável Seleção dos botou no chão um ingazêro, ::• cum os braço todo torado...
ter a sua casa, graças à brilbanie cam- grandes Poemas de CATULO foi or- carregadinho de frueto. cada vez curria mais I
patina iniciada pela A NOITE, em co- ganizada e anotada por GUIMARÃES Na barranca do caminho,
laboração com "A NOITE Iluslrada", MARTINS e revista pelo próprio au- D outra feita, o arrenegado
abandonado, um ranchinho,
>Carioca", "Vamos Ler!" e a "Rádio tor. Contém juizos-criticos de diversos fez pió, munto pió 1
entre os mato entonce viu! ;«7 .'¦

Nacional". Visando adquirir a casa em intelectuais, vários inéditos e caricatu- Disgaiou a laranjêra
ras do Poeta, feitas pelos nossos me- da pobrezinha da vó, Qué vê se iabarra e discansá
que Catulo viveu e, também, construir uma veia laranjêra, e o ranchlnho, prú vingança,
o seu mausoléu, tem o grande vesper- lhores desenhistas. Foi tirada .uma edi- im riba d'ele caiu!
donde ela tirou as írâ
tino' carioca o apoio de todos os brasi* ção de 150 exemplares no formato prá leva no seu vistida,
leiros#que aliam a Cultura à Arte de 24 x 17, em papel especial,' numerada E foi correndo e gritando!
quando, virge, si casou E as árve. que ia topando,
saber distinguir entre os ArtiMas os e rubricada por CATULO. Custam os cum o veio, que tanto amou,
exemplares desta edição especial, os e que má pudia vê,
que mais dignos são da Admiração do cum o difunto... o falicidoU
Pais. A esses brasileiros, a "LIVRARIA
EDITORA ZELIO VALVERDE S. A."
vem se juntar, o que -az com o justo
seguintes preços:
— Brochura, Cr| lOtM»; encaderna-
ção comum, Crf 150,00; e encaderna-
E a vó, supricando im vão,
sêmpe, sêmpe ii dizia:
cumo se fosse arrancada
cum toda a raiz da torra,
n'uma grande adlsparada
ia atraz d'ele a corre l!
4
"Meu fio: tem dó-das árve, .
-ii: :.¦¦'¦
orgulho de quem é responsável pela ção de luxo, Crg 230,00.
magnífica edição de "POEMAS E8CO- que as árve tem coração \" Na boca da incrustada
-íúsico e vendo uma gruta fechada
LHIDOS". do imortal poeta, Do lado do caplnzá, de verde capuangá,
I
Acaba de sair a 2.* edição comum adonde pastava o gado, o hôme introu pulos mato,
de "POEMAS ESCOLHIDOS", aumen- táva um grande e veio ipê, que logo que viu o ingrato,
tada de novos poemas e caricaturas de , que o avô Unha prantado. de mato manso e macio,
ficou sendo um ispinhá!
Catulo, feitas por diferentes artistas ' Despois de leva na roça
f^^ \ c'uma taxada a iscavacá»
debaxo d'aquela sombra,
E foi outra vez correndo,
cansado, pulos caminho!...
A venda cm tôdat as boas livrarias. nas hora quente do dia,
Pedidos pelo Serviço dt ReembÔI- vinha o veio discansá. Toda a pranto que íncontrava,
so Postal ã o capim que ele pizava
*áfí__í táva crivado de íspinhoü!

^ \\ I Se era noite de luá,


ali, num banco de pedra,

____\ \WÊÊSMNBSk c'uma viola cunversando,


o veio, já caducando,
rasgava o peito a canta.
Curria... e não aparava!!!
Ia correndo, sem tino,
cumo o marvado, o assassino,
Apois, meu branco, o tinhoso, que um inocente matou !
OO OUVIDOR, 27 o bruto, o máo, o tirano,
\è\ s^ÊF^ TRAVESSA a fera disnaturada, Mas porém, na sua frente,
um dia jogou no chão o que ele viu, de repente,
aquela árve sagrada, que, de repente, ünpacou ?!
que tinha mais decem anal (CONCLUI. NA PAGINA 34
AMQITE. PAG. 10- 19-7-1946 í
nau mi ¦¦
n~1MmTBMMiiiii_i|i^^ wniBliiiiiiiii 11 um i mmmmmwiBÈínam
""' *:<c"'
I i :'"--"..."¦ .:¦ -•¦ •¦•¦--•.•¦; A dor mandou que eu chorasse, Omeu amor, que é de fogo,
para alivio dos pezares, não dá flores entre o gelo...
mas já não tendo mais lágrimas, O coração das mulheres
A estou chorando cantar es. é escasso para contel-o.
Muita imagem lá na igreja Esses teus olhos formosos
/ sorri, com um sorriso etereo ! de um azul limpido e leve,
Mas quando sais lá da igreja, s&o como dois beija-flores
/ a igreja fica tão triste
*-j&>£~ •— . ^-^ que parece um cemitério!
u'um ninho feito de neve.
t >_____>r Não tenho mais uma lagrima Tu remoças dia a dia,
no cofre do peito meu! e eu vivo mais alquebrado:
Quantas pedras preciosas dá-me o beijo prometido,
o coração derreteu! para eu morrer descansado.
^fe^ Quis contar a minha vida

Hg ffâiil^ dhá flores á mais formosa,


mas de pronto arrependi-me...
fiquei com pena? da rosa.
Quando passas
acendendo mil
atrás de ti vais
um doce cheiro
pela estrada,
desejos,
deixando
de beijos.

AS MAIS BELAS TROVAS DE CATULO m ¦¦¦*

íf.X........ .
'"¦¦
. . ..*..... ".,t.T- ....... ..
'•¦ M EU ¦jMiélm&íiWíiÉi'ái
O
H ¦;

fflÊ
m
•'¦

Quando foges do meu lado, tudo, tudo, tudo chora !...


minh'alma ansiosa te espera, Se alguém canta, é a minha dor !!
. como a roseira, sem rosas, Um sabiá doce e ameno
a yolta da Primavera. nos seios da tarde fria,
rorejado de sereno,
Se vejo as tuas roseiras descanta uma Ave-Maria.
por essas manhãs cheirosas,
tenho a ilusão de estar vendo As tuas mãos candorosas
um grande incêndio dfe rosas. e o teu I
rosto, 6 feiticeira,
parecem mesmo três rosas,
Meu coração é uma fera,
¦'¦ um leão esfomeado, e tu — o hastil da roseira.
que, a rugir, vai devorando Trindade do coração,
o cadáver do Passado. em que minh'alma descansa, .v/Ç ^-^ // D
é minha religião: —
Do teu anel primoroso amor, saudade e esperança.
a pedra viva, encarnada,
/IX -$/,
é um grande pingo de sangue
n'uma flor amorenada.
Qualquer frase acerba e dura
que ela me atira, eu sorrio:
//¦
pois encerra tal doçura
Pedi! Chamei por teu nome! que parece um elogio.
Tu te fizeste de mouca !
Dei-te um beijo, e então ficou-me O cego implora, chorando,
um mel de fogo na boca. um farrapo de ilusão, Tu partes hoje, querida !... Tu queres crucificar-me?
e eu vivo a ti mendigando Muito a noite já chorou !' Abre os braços ! Forma a cruz !
TJma Venus tão somente um farrapo de ilusão. Para te dar os adeuses, Dá-me o fél que tens nos lábios!
existe nos céus serenos até o sol madrugou. Morrerei, como Jesus.
e em teu rosto alvinitente Tão cruel é minha sina
vejo sempre duas Venus. que eu vivo esta vida austera, No luar deste silêncio. Quando passas pelas rosas,
como uma flor na campina, d'esta noite abençoada, soluçando os teus odores,
Morto, eu peço-te esta esmola, de luto na primavera. parece andar pelos ares eu ouço os jardins rezando
uma trova enfeitiçada. um Padre-Nosso de flores.
peço, em nome de Jesus,"
que partindo esta viola, •Do inverno adoro os rigores!...
faças d'ela a minha cruz. Todo o azul do firmamento, Prefiro a Dor ao Prazer,
Minh'alma, que nada espera,
nada tem que ver com as flores, quando em meus olhos te miras, por esta razão somente:
Vive o homem doido e vário corre doido em tuas veias, todo o Prazer vai-se embora,
nada tem com a primavera. como um bando de safiras. toda a Dôr fica com a gente.
por ter mais ouro na mão,
e eu seria um milionário, Por que em lugar de um poeta Juntando
se encontrasse um coração.. não me fez Deus um banqueiro ? os lábios á tsrra. Não há nada neste mundo
teu nome eu disse baixinho, que mais me possa inspirar
Tu viverlas repleta,, e quando o dia brotava,
Quando suspiro a teu lado, não de versos... de dinheiro. - que um cemitério de noite,
não julgues que é brincadeira, brotou da terra um espinho. sonhando á luz do luar.
pareço um mocho pousado "Quais são as cores do beijo ?"
No deserto do teu peito, Quando mais com uma ferida
na rosa de uma roseira. ela a mim me perguntou! dia e noite perfumados,
— Os teus — lhe disse — são tu me feres... eu não choro ! ¦

se levantam, veludosos, E' mais uma boca aberta, :í.f


Se me volves do sobrado [verdes i dois montes acaboclados. f
um teu olhar divinal, Maduros — os que eu te dou. para eu dizer que te adoro.
vejo um lírio debruçado Quando me negas um beijo,
sobre um verde pantanal. No meu livro de orações Tu és feia, mas contudo,
sacodes os meus pezares, vejo em ti muita poesia:
guardo uma rosa sombria, como o vento das procelas se teu rosto é um lírio murcho,
Nestas campinas, agora, que das preces do meu livro na branca areia das praias,
a relva, cheirando a flor, è a mais bela Ave-Maria. tua alma é uma Ave-Maria.
sacode a espuma dos mares.
(CONCLUE NA PAGINA 25

Sim! A surdez é um problema que pode e deve ser resolvido! Mas,


para que V.
possa resolvê-lo satisfatoriamente, deve obter anles a resposta exata para esta
per-
gunta: Em que oitava V. ouve bem, quais as que deixa de ouvir ? - Nisto estará a solu-
cão do seu caso de.deficiência audifiva, pois só com este conhecimento básico será
possível encontrar o aparelho otophônico que o fará ouvir de novo! - O Centro
>
Otophônico do Brasil - a única organização em seu gênero no
país - está aparelhado
parajhe prestar este serviço. Representando uma grande quantidade de aparelhos
otophônicos, para todos os preços, indica cientificamente e fornece ò aparelho
rigorosamente se adapta ao seu caso individual de surdez. que
-_™P teta_bÉ__P____fl____! WÊF-s^ -__/£___-_____É_r ¦'..,/////JÊÊ _9P
Comunique-se hoje mesmo, sem o menor compromisso de sua
parte, com o Centro
Otophônico do Brasil, e receba explicações mais detalhadas,
preenchendo o cupom abaixo:

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Rio de Janeiro - Av. Franklin Roosevelt, 84, s/202 - S. Paulo - Rua
General Osório pequeno,
188 - 10» s/1002 - Esq. de Sta. Efigônia Belo Horizonte - Rua Carijòs, 561, s/308 com 4
Queiram remeter-me. sem nenhum compromisso, maiores detalhes
a respeito de como válvulas,
poderei obter o aparelho otophônico que melhor se adapta ao meu caso de íurdez. 95 gramas
de peso,
| NOME filtro de
ENDEREÇO \
1 CH>ADE som, iso-
Poror*. ESTADO.^*. lado contra ruídos.

AJS&WL PAG. 11 - 19-7-1946


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«3
|v V
1 Catalo da Paixão Cearense
foi também
' prosador. Escreveu artigos, inclusive de po-
lêmica, tendo como contendores João Ribei- ,\
ro, Agrippino Grieco, etc. E também escre-
oeu contos, como "O Curandeiro", e "O olho
d'água", que estampamos em nossas páginas
nesta edição, como amostra dos dotes de
prosador do grande poeta do sertão. Os con-
tos regionais de Catulo, como muitos dos seus
poemas, eram seguidos de glosários, para
¦melhor facilitar aos leitores a exata com-
preensáó do texto.
<f

Antônio Cobra era, por esse tempo, o para que se efetuasse o ideal dos dois çom- tela mágica do cinematógrafo. Poupemos
mais reputado curandeiro do sertão. Ainda padres e de suas esposas, comadres tam- a suscetibilidade do coração do leitor. Dei-
não se tinha dado um caso letal em sua bem. Quando ò jovem futuro doutor saiu xemos os pormenores e, assim, fitemos a
clientela. Era, de fato, prodigioso. Âs ve- do sertão, já não levava o coração, que estrada real e veremos dois cavalos verti-
zes, mesmo de longe, se lhe era impossível pertencia a sua futura consorte — D. Vio- maçando a todo galope, em direção da casa
vir à casa da vítima, de longe mesmo, com leta, que o adorava também com toda a do Coronel. O ©r. Bento, galopando verti-
m os seus processos caba lis ticos, efetuava a fonmosura de sua alma. ginosamente, e mais t mais esporeando o
maravilha da cura. Antônio Cobra, em se Dentro de um mês, o casamento seria ce- seu Pégaso, esquecia-sç, talvez, de que o
tratando do tóxico segregado pelas suas ho- lebrado pelo capelão da Fazenda do coronel seu velho colega, setuagenário como era, já
mjõnimas, era um semi-deus daquelas para- e, segundo era corrente, com extraordinários não podia perpetrar aquelas brãvuras. Mas
gens. Quem deixaria de o respeitar e ad- deslumbramentos, para que permanecesse na o amor é violento nas ocasiões, supremos
mirar, se ele representava para aqueles ho- memória de todos os coévos, c, depois, na da desesperação. ,
mcns rudes o eminente Pasteur, imortali- tradição, a majestade daquela festa núpcial.
zado pelos seus trabalhos sobre a profila- Neste comenos, deu-se uma catástrofe de-
xia da raiva e de outras moléstias conta-' (CONCLUE NA PAGINA 36) ^f^vv
soladora.
giosas ?! Ninguém; e por uma simplissi- Um dia, pela manhã, D. Violeta borbo-
ana razão: — as provas irrefutáveis qne a leteava pelos matos, a colher flores silves-
todo momento via com seus olhos. Mil a- três, quando foi surpreendida pela presen-
gre, Magia, Feitiçaria ? O caboclo, que já ça de uma terribilissima Salamanta, que,
orçava pelos noventa, era digno de acurado avistando-a primeiro, formou-lhe o bote e
estudo dos homens de ciência. cravou-lhe os dentes na perna direita.
O coronel Chico Francisco de São Fran- D. Violeta esvaia-se em sangue, quando, por
cispo era o proprietário de uma Fazenda de
gado do sertão da minha terra natal. Ho-
¦níem rico, laborioso e fino cavalheiro, fa-
felicidade, passava pela estrada um boiadei-
ro, recolhendo ao curral um boi tresmalha-
do. 'E' desnecessário descrever ao leitor a
*.*
r/
zia-se estimado por todos os corações que
auscultassem o de sua alma, sempre dese-
josa de fazer bom. Sua mulher, D. Chica
Francisca de São Francisco, era o reflexo da
individualidade moral de seu esposo. O co-
revolução nas duas Fazendas com a noticia
daquela desgraça. Prefiro deixar à sua ima-
ginação, que, por menos fértil que seja,
bem pode com vantagem dispensar-se desse
trabalho*.
m ,/<5>
ronel era homqnn de uns setenta invernos Que dizer da amargura do Coronel, da
primaveris e D. Francisca, de pouco me- aflição de sua esposa, do profundo abalo do *"
nos. Tinham apenas uma filha de 15 anos, outro casal e do desespero do noivo, o Dr.
D. Violeta, tão formosa e modesta, como a Bento Luiz ? 1 Quem, mesimo sem ser pai
sua irmlã floral c era, por sua vez, o re- nem noivo, não sofreria com aqueles pais e
flexo de sua progenitora. D. Violeta era aquele noivo, e, finalmente, com todos os
a estrela polar do coração daqueles dois corações que extremavam D. Violeta, diante
velhos felizes. daquela perspectiva funérea ? D. Violeta, a
 pouca distância da Fazenda do Coro- violeta de todas aquelas almas, estava com
nel, .havia outra, cujo dono, o Capitão Viei- o pó' no catirel do abismo da morte 1! I
ra Martins, seu amigo e compadre, não lhe O jovem recem-formado, médico, e, por
era inferior na riqueza nem na bondade. isso, conhecendo o perigo como ninguém e
/Casado também e quase da mesma idade do confiado na terapêutica provecta do sen co-
seu velho a&niigo, tinha um filho já forma- lega o Dr. Fortunato Bocayuva, o velho
do em medicina, o qual chegara há um mês clinico daquelas cercanias, sem perder um
do Rio de Janeiro. O Dr. Bento Luiz, o segundo, montou no seu Faisca, o cavalo Ws
filho do Sr. Martins, vinha realizar um mais corredor de todas as duas Fazendas,
contrato feito entre os dois fazendeiros, no e rumou, para a casa do antigo esculáipio.
dia do seu natal. E qual fora esse contrato ?
O Dr. Bento faria os seus estudos de hu-
manidades, completaria o seu curso aca-
dêmico na Capital e voltaria ao sertão,
Os episódios desta narrativa devem ser
rápidos comb os de uma representação na
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.aVKfliIfi pAG. 12 — 19-7-1946


Méu nome?! — Sem Nome.
Vassuncê não_yâ jurgar que eu tôu npuian-
do. E' assim que eu sou chamado lá prá
aquelas banda da minha terra.
Saberá Vossa Senhoria que me casei na
premera soca do roçado do João Mucuiin,
despois da morte do Imperado nas Orópa,
cum a Maricota Mucuim, que é hoje — a
Maricota. Sem Nome.
João Mucuim há três ano tinha perdido
o ferro, mas porém,, graças a Deos, tinha sar-
vado a semente. A roça do páe de minha
•muié não tinha parêia pulaqueles brêdo. Tô-
da a prantação que ali fosse sameada, vinha
logo saindo, verdinha, daquela terra. Era só
o trabaio do cacumbú. O veio gostava da
minha pessoinha, como preguiça das fôia da
gagaúha.
:OJoão vivia contente,-que seu douto nau
magina! Lá pul'um ano não se cuiê tudo
cumo sempre havéra de sê, o veio não se
qnêxava, cumo os outro fazia. A sua muié,
a Maracanã, quando táva cum a macacôa, era ^BL \ ^Blaasa^sZ^"*" Vi BB H BS 'ffiPaLaflHEssrHM f^** S^ .é^M^^^S^^ ÊJ
unia merunhanha; mas porém, não tándo
cum a estalicida, era mais doce que um caju
castelo. -_
Prá não tá cum mais niapiage, eu digo a
Vossa Senhoria, seu douto, que nós tudo vi-
via ali dento daquele mucambo, coberto de
capim de coco da praia, munto mais mió
que o seu Perzidente, no seu Palaçò, aqui na
Corte.
Faz cinco dia que chegêmo nesta Vinida da
sua Capita e «u já tôu ardendo prá cai na
madêral ^^¦P^P^^^BBBBaBaã^BBaaaHBiwi -*- £¦* ^^"'^W\k%^Se\. \ «15 '
Se o João Mucuim, que veio aqui prú mó- ^LVmim "iJ^7^L\ bPBkB f"j¥ÉÊPf JbB^IMBm
de d'uns negoço, não quisé dizóvá desta por-
quéra inté o fim deste mês, que é o més da
mutuca, eu lhe falo cum léardade que abro
os pano, sozinho.
O seu Macuüm tá lambendo os beiço, cumo
onça, quando, arada de fome, vê uma anta,
se remexendo dento d'um capoão! E sabe
vassuncê pruquê o páe da Maricota tá se
danando de satisfação? Eu vou dizê prá seu
douto.
Eu já disse a vassuncê que o roçado do
seu João era uma fermuzurá de terra prá se
prantá. No dia que a muié deu na quarta e
nasceu à Maricota, o seu Mucuim fechou o
trato cum o seu Capitão Pacova, o dono da-
quelas terra. Apois a minha Maricotinha tá
cum 25 ano, que pulas conta justa do ajus-
tado, quê dizé que faz 25 ano que êle é dono
daquelas beleza. O cabôco já tinha prá vive.
Mas porém o Tinhoso de vez era quando gos-
ta de mardá cum a gente!
Sem se sabe pruquê, .(pois isto foi no méa
das água...) um dia secou as duas cacimba
daquele terreno, donde se tirava prá bebê
e fazê a regação. O hôme ficou cumo Corre
Campo, quando perde o veneno I Creia vas-
suncê que êle era bom e tinha um coração
de fogo^pagouü
Cum setenta dezembro em riba das costela,
ainda tinha os cabelo preto, cumo pena de
anum. Mas porém, despois da seca das ca-
cimba, os cabelo do hôme ficou mais bran-
co do que prual... Tanquáll Eu fiquei pe-
naroso de vê o pai de minha muié naquele
a vexame.
Êle, que tinha uma cara cô de ovo de gema
de guiné, andava chupado, cumo pinto choco! '
Seu douto: faz um ano e quatro mês que
se passou este cauzo que eu tôu contando
prá a vassuncê.
O veio andava tonto pulas suas terra, adon-
de a prantação € a mímica já cumeçava a
senti a farta d'água, apois não chovia dendê
a segunda soca daquele ano. A água prá se
bebê, a gente ia busca na cacimba do Si-
nhozinho, que era um estirão de viage, inté
lá !A mãe de minha Maricotinha táva na im-
bira, cumo cachorro que come longe. Era
uma maüncunia que nem posso dizê prá seu
douto! O veio e a veia não comia, quáge não
bebia e, cum perdão da palavra, nem havia J^Jj-PjaJS
aada prá discumè! f BBW Xiv ^kr&^ m^£*^^£^:~-W0^^m\\\*^^£r^^4l^^^ -—aaT^fSal' aaaaaâaaaV^aataaaaV ^^ ..-—*l2£É3&ÊÊkmA B^^ -*';*'*
Faz amínhã um ano e quatro mês
robei o ôio d'água do Antônio Carrapato que eu
e
quatro mês que o seu João Cucuim viu aquele
bnante d'água mo seu roçado, lá embaxo
da coitezêra, adonde eu inteirei o coité. E'

despois de bem limpo, a gente enche d'água


da nascente que qué róbá.
O coité pode sê prantado, ou mió, inter-

OLHO D'AGUA
rado no lugá que a gente iscuiè, à vontade.
!Um ano despois, à meia noite, vassuncê vai
vê. A nacente tá pipocando! A água tá ma-
dura, que o seu douto diz que a bacia do
ôio d'água tá .vazfia! Despois vassuncê vai vê
a outra, que foi rábada. Tá seca, cumo fu-
gão que não leva fogo a munto tempo!!
Apois foi ausim que róbei o briante do Car-
rapato, à meia noite, na véspera do santo
e interrei o coité debaxo da coitezêra, no
terreno do marido da mãe da minha cara
ametade, cum premissão de Vossa Senhoria.
Dendê o dia que se interro o coitê, ninguém
mais deve anda puTaquelcs lado. E' ansim
prú via disso que eu disse a vassuncê que Vassuncê sabe o que é a casa da gente, que se faz.
êle tá se cocando de contente. sem nada. Foi, cumo já falei prá vassuncê, Agora, seu douto, faca uma hpóte, e mági-
quando entra a izordre! na véspra de S. João. nc que já se passou um ano, despois doi;
Vassuncê me escute. Mas porém eu sempre uVi dos mais veio — A casa do mixiriquêro, ficava um tanti-
iHá munto tempo que o Carrapato, um be- roubo, e que hoje é vespra do santo mais
que mais vale quem Deos ajuda do quem nho longe. Mas porém, prá que é que eu pis- festejado aqui neste mundo. E* meia noite.
bedô de dismancha-samba, vivia rexando cedo madruga. suia o Pincé? AmunteS no pé de passarinho
cumigo. Saberá Vossa Senhoria que ou mm- A festa lá dentro, lá no terrêro, já tá ron-
O Antônio Carrapato era um cabra cafun- e abri prós lado do amardiçoado. Um dia in- cando. Venha oumigo inté lá prás banda da-
ca pude istruviá cum a rézãó daquela impi- goso cumo quê. E vêje agora, meu sinhô! têro não botei uma migáia de inhame nesta
licança do cabra. Nunca fiz má prá ninguém. Um gororóba daquele era dono d'um cha- quelas capoêra. Vassuncê tá vendo ali?!
boca. Cheguei à boca da noite. Marrei o ca- — E' o ôio d'água, cráro, cumo as noite de
Minha vó dizia a toda hora que eu samias- vasca, que nem bahuge tinha!! Agora, pul'- valo n'uma tabatinga, me mofumbeti na ma-
se o bem, sem çfiá prá quem. uma coisa que as terra pissuia, não tinha luá da minha terra! .Apois, quando o João
taria inté chega a hora di fazê o trabaio. Mucuim viu o bichinho correndo pulos mato,
Eu não ia preguntá a rézão daquela réxa, pul'aquelas parage terreno que valesse mafis Fiquei ali sem respiro! Vassuncê uáo se es-
prú via de eu não querê que o mardrto mar- na baxada do varjadão, entonce é que foi uma
que as terra daquele meganha. queça que era vespra de São João. Naquele alegria que fazia o veio se distròcê, que nem
dasse que eu tinha sobrôço dele! E sabe vassuncê onde táva a riqueza? N'um ano não quis sabe de festança. Minha Teíta
Agora é que foi o pió. Vassuncê tá me es- ôio d'água, que dava mais água que a ca- cabrito macho, quando a mãe não qué mais
era a vingança. dá de mama! O diabo do hôme não credi-
cutando? Apois bem. O diabo do ingaço não cimba do Totônho Barriga de Sapo! Vas-
mandou a sua muié me intriga cum a Ma- Quando um galo tambiscou uma rizada, sar- tva no que táva vendo! Fui pércizo chama sá
suncê se quisé vê que eu não tôu mentindo, vando o santo milagroso, quebrei pró rc-
ricota, dizendo que eu andava tirando linha cape pr'aqueles mato de Deos, e pregunte Maria Maracanã e a minha costela, pró seu
manso da nacente. Eu levava um coité que íoão crê naquela maravia!
cum a neta do Tio Chanca? àqueles monte e àquelas mataria virge, se tirei d'uma coitezêra, c que já táva aprepa-
E não é que a Maricotinha creditou na- não é verdade o que eu lhe tôu contando! Ah!... seu douto!!*Que festa! Nunca
rado prô serviço, que eu vou ixpricá prá
quela mixlda do fecha-bodega?! Foi um ba- Alouvndo sêje Nosso Sinhô Jesú Cristo, que vassuncê. guem festejou uma véspra de São João cum
fafá, que en nem lhe conto! Saberá Vossa eu nunca fui marombêro. tanta fuguéra e tamanha sastifação! A vim-
A gente fura um buraco em riba da cuia do nhança de 2, 3, 4 e 10 légua, táva ali, prá-
Senhoria que Sá Maria Maracanã me quis inté Apois, seu douto, um'dia eu me vinguei coité, pega n*um pauzinho, arremexe, arre-
^ijá c'nm qairim que o Pedro Gavião me daquele punga, sem fazê estrupiço, sem per- mexe inté tira toda a carne que tá dento, come os cabeca-báxa, as batata assada, a ca-'
a no dia que eu e a sua fia se casêmo! nambucana, sem bacamarte, sem garruncha... inté fica ôco, cum perdão da palavra. Ao
CONCLÜE NA PAGINA 37)
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ANflITF. 13 — 19-7-1946
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Catulo nos braços do povo, no dia da gran
de festa do jardim do Monroe.

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NHA DO TOSTÃO"
fins de 1939, A NOITE iniciou um rial. O escultor Honório Peçanha modelou o
movimento popular, no Rio de Janei- busto de Catulo, magistralmente, e esse tra-
ro, com o fim de erguer, em um dos balho foi passado para o granito pelos mcs-
EM
nossos logradouros públicos, um mo- três canteiros Ramalhão e Augusto de Almei-
numento da admiração dos cariocas -a Ca- da. E o prefeito de então, Sr. Henrique Dods-
tulo da Paixão Cearense. Ficou estabelecido, worth, despachando um requerimento de
desde logo, para dar um cunho realmente A NOITE, designou o Jardim do Monroe
pcpular ao movimento, que as -contribuições como o local em que devia ser plantada a
seriam apenas de um tostão. Caixas para re- herma de Catulo. No dia 11 de janeiro de
colher donativos foram colocadas no saguão 1940, foi inagurado o monumento ao grande
de A NOITE e pequenas barrlcas na Galeria cantor. Bandas de músicas tocaram no jar-
Cruzeiro. Ali, homens, senhoras e crianças, dim do Monroe o "Luar do Sertão'', sendo
de todas as condições sociais, iam depositan- calorosamente aplaudidas pela multidão que
do os seus níqueis, a fim de colaborar na ali se comprimia. A Rádio Nacional fez a to-
homenagem ao grande poeta. Logo, a "cam- cante cerimônia repercutir através de todo
panha do tostão" se tornou o caso do dia, o o Brasil e foi Castelar de Carvalho, o nota-
assunto de todas as conversas, a preocupação vel repórter da cidade, quem primeiro falou,
de toda gente. Pessoas ilustres e homens hu- exaltando a significação da homenagem e da
mildes davam a mesma contribuição, que "campanha do tostão". Disse,
então, o nosso
Catulo agradecendo a homenagem que lhe mais valia pelo testemunho de apreço ao saudoso companheiro:
'prestada "Dezenas de milhares
por iniciativa de A NOITE. poeta do que mesmo pelo seu alcance mate- de pessoas, entre hu-
mildes e ilustres, concorreram para que, nes-
te granito, se modelasse a Imagem do cantor
excelso, mestre da música popular, da rima
Sfl*iF -BBBBBBsBt'''*
"
» —OkL ¦
'^^flÊliSE' '* '" e da eloqüência, cujos poemas refletem a
AbBII'Af~' ' !í JUL ^¦flÉfcs/^^lêaflfl'^' :«JLw#~IJoto' _^^_Oflfls_ÉO_. paisagem do pais e ressoam as mais ricas
harmonias de sua natureza. Êle representa,
portanto, uma conjugação simbólica de lou-
vores: — nele se manifesta, pelo primor de
uma Intenção de arte, a alma brasileira. O
ato, que no momento se realiza, com tão ex-
pressivas presenças, assinala o termo de um
movimento nacional pela gloriflcação do
poeta que dobrou os anos cantando, para
graça e honra da pátria."
Terminou Castelar de Carvalho ofereeen-
_FJfcíS_3 18 í^^\í*!^^hbwb^BbbbH BB • SÉ^Í-^i'" do o monumento à cidade, em nome de
¦fl fl' "¦ £_fisflP LflHsflff ^^ A NOITE. Outros oradores se fizeram ouvir:
Herbert Moses, em nome da A.B.I.; Jordão
de Oliveira, em nome dos pintores; o Sr. Go-
dofredo Viana, em nome do governo do Ma-
ranhão; o poeta Murilo Araújo; o poeta Ar-
naldo Damasceno Vieira; o 8r. Melo e Silva,
em nome do Estado de Pernambuco; o Sr.
Thomaz Aivim, pelos portugueses admirado-
res de Catulo; o Sr. Salvador Caruso, em
nome dos auxiliares da imprensa; o estudan-
te Francisco Mendes Xavier, e ainda, Ran-
dolpho Medeiros dos Reis, servente da por-
taria da Alfândega, dando uma nota eminen-
temente popular à homenagem. Catulo, com
Hanório 1'eçanha trabalhando a voz embargada pela emoção, fez um to-
cante discurso de agradecimento. E a cada
no busto do poeta. frase verdadeiras ovaçóes se fizeram ouvir,
BMBflflBflsflflO
mostrando ao poeta o alto conceito em que
o povo o tinha.

.Al...M.WmmJük. PAÍZ 14 1 Q "7 ÍO/IC


y

rente foi reverenciada de maneira


" H:' ''"-'
altamente expressiva pela Assem- ' '^^^' ' '' _ff flff-A 4(fflBl '**%& 1
blêia Constituinte Nacional, que fez
uma pausa nos trabalhes da elaboração da
nova Carta, para exprimir o seu profundo
pesar pelo desaparecimento do grande poe-
ta sertanejo. Aqui transcrevemos do "Diário
da Assembléia" a parte da sessão de 10 de
maio de 1946, dedicada a Catulo:
.;•*' ^^*>^^BBj
O SR. PEREIRA DA SILVA — Pela or- R_l ^^rS—B—iSraôi—w lil ' fli_-S-« '¦'''•'VYiii
dem) — (Lê o seguinte discurso) — Sr. Pre- _&______! H_-4;__Tb _rfÜ_^__ '
sidente: Étt_ jmmm&àÊ&mmmmmmKÈ
_ij±Lji4j||BB KTj *^:.íi^<J
WF&QÈM™mBÍ í™?_______
Morreu Catulo da Paixão Cearense! Desa- ¦___« • . . - '
Baf
'fl ____s=5a~-JI 1%
"-^-—H W
pareceu o maior cantor da alma do Sertão' B—K ^MB——————Í£_ 1_B-I_üf JPBp-tJiJK -i Y BF j_c ! I
fi exatamente na antemanhã de um dia de
maio, o mês de Nossa Senhora, o mês das
flores, o mês das promessas, na sua musa
cheia de brasilidade, ingênua e encantadora,
como o sorriso das cabrochinhas brasileiras
que foram sempre o motivo de seus poemas
inimitáveis e eternos!
Esta Assembléia Nacional Constituinte é
um cenáculo de homens austeros, votados
ao estudo de assuntos políticos os mais im-
™Eli
11 i ,;! - ;'*¦ RII I I
portantes para os nossos destinos nesta hora» -_-'-* ¦-•_, ¦"jjÊÊK,-"- **(*" . ,^/V* -_ __I BflflBHB • Ba'
'¦ -•*__ ¦

íhSIwl PR? I ili-JIBi


__¦_.* _B—i flfl ' ¦__>'< ¦': _BS i» _i I —BB _i \__ I
Mas os homens que aqui estão, sentem nas
veias e no pulsar do coração esse Brasil bra-
sileiro que Catulo cantou e glorificou na sua
musa brejeira como nos seus poemas de exal- ' •
tação, à bravura da raça! v 4_ü ___Ü^_ü__l
riMMJ --J-faeBa__^-_^--S---jJS5---í¦'--_--&---..Y
rS__^* t ~^t^^^^iC—^-^—;
Sfcç ~ •l'i*wir^tr?^^^T_l;: v&g-*v'^
^:^r,^_____B__sY^ _M_ s - jffl
^2H Bl ____¦¦_ •-'¦¦:¦ i
Não acredito que a morte do autor do
"Luar do Sertão", a canção imortal da be-
leza de nossas noites românticas não tenha
soado como uma tristeza em cada coração,
iBB^^85^P^i^^ltei;í^^^^JHSk' # g^ÉÉ_iiifl^ i
entre os homens que compõem esta consní- - fl Bír " i*^#i***>'--F«fe_i 4__5__^_^S_-S_^__^__?_____ís^í^_r^^^í__-ISí ¦ ." ~5séB1 n
Y ¦£ M^^^V^á^-lpi^ ^_g!**^fn^*^^5_-S__iSSa?a__-__r. > -ja-y^-ls '., "^it -"saaiMl k
cua Assembléia!
_HP^^^'^_í_k__w—^—_____!—_**»_!!*fe-^si^s!s5r*^^__^______y ^?à_lBB—-' _. '-• ¦ 'yy-t?*__. *~__H !
Realmente, o Brasil sentimental, o Brasil [HR^'*., ^I_n_3__^^'": ^'*~~~',"^^<*^^«--?_'*'«S^*£fa!Ê-^^ 11
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-i I «___ J'-'-"'^^__- __fffllB }
sonhador, está de joelhos em frente ao seu
túmulo!
Sr. Presidente: Eu sou nesta hora como-
vida, neste recinto, a voz do Gigantesco Ama-
BP9^11
K*.'-. ' "jHH ;Y-;'"y^SKí-^,"^?'?^'ͦii^-^M
v'íK___B__l_?iY-r'.:' ^^**^522_l- ,-_'»?•_ •YY^i^B 'llflflfl
Br l__I¦ I
zonas; o pranto imenso das águas turbilhen- í
tas do Rio Negro, derramado à beira do tú-
mulo do maior poeta brasileiro destes- cin-
quenta anos. Sinto, neste momento, toda a
imensidade da tristeza que não é minha,
apenas, mas de todos os homens de pensa-
mento do Brasil e também de todos os poe- ^V^^-y^^^^s. - ¦•¦^\'5 I I

RENDE HOMENAGEM A MEMÓRIA DE CATULO


$c^t° °E '_. " "_L0' °S. FERREIRA
MA^A^nnn^ .DE!.TADÕS. DA SILVA, BENJAMIM FARAH. OTaVIO ^.p,.,,,,
NOSSA TERRA
DAS BELEZAS DA

tas e violeiros sonhadores desse nordeste en-


cantador que Catulo imortalizou, entre os Sr. Presidente, depois dos momentos de agi- inigualáveis, tantas vezes cantadas por Ca-
tação por que passou esta Assembléia, na ses- rito. O poeta, que passou toda a vida de boê-
acordes de seu violão plangente! tulo Cearense. mio, de notivago, desaparecendo hoje, levou
Peço portanto, a V. Ex. se digne mandar são de hoje, quero pedir um instante de se- Sr. Presidente, cumpria-me, entrefanto, o
submeter a aprovação da Casa, o voto de pe- remdade, de. tranqüilidade, para evocar a dever de aqui comparecer, porque Catulo para o túmulo, o último representante da
memória de um conterrâneo que, há mais de nasceu naquela terra privilegiada da poesia. poesia do século passado, poeta boêmio que
f?J Sue. em nome do meu Estado e do Par- meio século, aportou a esta terra trazendo êle foi.
tido Social Democrático, requeri e enviei à Era ainda dentre os vivos, um daqueles re- E morreu, Sr. Presidente, com as suas
Mesa; como a expressão da saudade do Par- apenas aquela sua lira magnífica e. debaixo presentantes que deram a São Luís do Ma-
do braço, um violão. musas, com a sua poesia e com as suas mais
lamento Nacional pela morte do grande can- ranhâo e ao meu Estado toda aquela tradi- brilhantes evocações. Ainda há
Evoco a memória daquele vi re-
tor boêmio, que a estas horas, como irmãos tombou ná
estrada da vida, na inadrugadaquede hoje, após Çâo tão acentuada nas letras brasileiras, e ferida, no "O Globo", notícia apouco
respeito de
dos Deuses, está em caminho do Céu, na têo da qual tanto nos orgulhamos, a tal ponto uma entrevista de Catulo, feita há dois ou
ansiada conquista das bem-aventurancas di- ter conseguido, na época contemporânea, ser que fomos, durante longo período de tempo,
o maior poeta popular do Brasil. três anos, na qual o poeta assinalava: "Vivo
vinas! * e ainda hoje, cognominados os filhos da Ate- entre estas quatro paredes, no meu tugúrio,
Era o que tinha a dizer. (Muito bem: mui- «claro que me feriro, Sr. Presidente, a nas Brasileira. *
Catulo da Paixão Cearense, ainda há pouco, a recordar, hoje, quatro amantes prediletas,
to bem; Sr. Presidente, o poeta tombou octogená-
'O SR. palmas.)
PRESIDENTE — Sobre homenageado... *~«w. no, mas ainda em plena mocidade de espí-
assunto
há.outros requerimentos que iria osubmeter
á deliberação da Casa, mais tarde, sendo o
primeiro deles de autoria dos Srs, Represen-
O 8r. Adelmar Rocha — Rui Barbosa o
considerava o maior poeta brasileiro.
O SR. UNO MACHADO - ...pela
vra de um digno Representante do Amazo- pala-
(CONCLUE NA PAGINA 25
~1
tantos Lino Machado, Adelmar Rocha, Do-
mingos Velasco e outros. O nobre Repre-
sentante Sr. Pereira da Silva antecipou as-
nas. FARMÁCIA CENTENÁRIO LTDA.
sim, a discussão do assunto. Dou a palavra _í>ri?rt0' «^«ia SJ Ex. ter precedência,
nesta tribuna, para lembrar o poeta,
ao Sr. Representante Lino Machado, que as-
smou em primeiro lugar o requerimento que
congratulo por assim ter acontecido, eporoue.
eu me
pela voz do poeta que é o Sr. Pereira da
. De Antônio José de Almeida
antecedeu aos demais.
O SR. LINO MACHADO (Pela ordem) — Silva, falavam aquelas florestas interminá*
veis, aqueles rios sem fim, aquelas paisagens RUA BERGAMINI, 345
E_P_______r^^fl __________ __r^^^9_F^ _____BB___B____Í B ¦TflflflB-B-fl_-___________________BBB-r" __BflBB_______B FONE: 29-3153
Engenho de Dentro — Rio de Janeiro

í - MT _B f
«ijuii HiiKUtM 4 _^J ¦flfl
IMS e__t BB •'- à_^SI
FARMÁCIA FREI GALVAO LTDA.
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¦ JBJ ¦ ¦ ¦¦gs^asv :-:" -j .^'^..k'
fl-_BE» .Jr7
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De Antônio José de Almeida


RUA BERGAMINI, 364
FONE 296722
___i B_____sL
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I 4eB ' _BB—BBJB
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Engenho de Dentro — Rio de Janeiro
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JMB
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¦ . ¦ » I m f i B
__¦ JH _B _^iflB ___r«-_______F _________ ¦ CASA MESQUITA
Coroas de flores naturais e artificiais — Velas de cera — Caixões fúnebres
para todas as classes — Armam-se Ecos, Altares e Câmaras Ardentes
_¦_______! Mm tf EB ¦: ___l
fl___Bfl ________b ¦ ¦'•• _L ________! HflT ^f flBH

A B Bl Bi.
Alfredo da Silva Mesquita
^^^"^"^ eB_b_jjmmmmmmmmmj BB flfl IB
Catulo do Paixão Cearense, ao lado do então ministro da Aeronáutica, RUA BERGAMINI, 73 . TEL: 29-3239 ENGENHO DE
Sr. Salgado Filho, oo batizar o avião civil de treinomento que DENTRO RIO DE JANEIRO
"Canção aue recebeu on
nome de Brasileira", na campanha dos "Diários Associados".

&Mm, P*G- 15 _ 19-7-1946


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RICATURA
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prc forneceu precioso assunto para os cari-


catunstas. Lom sua tisiqnomia expressiva, seu nariz adunco, seu crânio po-
lido e cuidadosamente raspado o navalha — às vezes com uma série de
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pequenos cortes, a que o sangue ofluia — Catulo da Paixão Cearense foi J-MAWOC.

fixado por dezenas de artistas do lápis. Para publicar todas essas caricatu-
rãs, seria necessária uma edição especial, dedicada apenas à contribuição I. ,
FLORIANO dos artistas do lápis. Na impossibilidade de publicar tão grande número de
¦u ;

trabalhos, reunimos nestas páginas uma seleção que não representa, entre- '

tanto, mais que uma pequena amostra dessa contribuição da caricatura


PACHECO ¦
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ARMANDO ACQUA
A.MPtTi; PAG. 16 - 19-7-1946
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o V*»**™^ ins- «dades e cap»ífl,s desia Capital
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então Muito
flautista. Aqui, ^^S»«o.
\ ^fcftá jf ^BMaS^HBaa^^^^^^^S^BaB^Ss^BSB^BaBal as mov-
cada orgulho, fj^T^ a0 justo
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menosde-
¦ bbbV **"**^^ÍkIP^ _fl 11 S>.Mas nao ^^^enfe. o mais, a
rense que o resuWad0^Liodias. vez
de m***** cada ^ an
1\ 'HS»|r a?» impregnando de mcio«°r,P°<^™ZLção do seu mau-
JÉ I diu Catullo e para
a
soléu- .

CATUU.O DA PA.XAO ÇEABENSE

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A MOCIDAD
DA PAXAO CEARENSE
^K^ V ?V* '"* f\ ' \ í BBBBBB - ' ' A,''í T""* ! José de Almeida foi um dos grandes
amigos de Catulo da Paixão Cearense. Foi um Mario José de Almeida, a
quem Catulo dedicou ''Terra
MARIO dos amigos dos velhos tempos e não um dês-
se* que w ¦cercaram do poeta jã alquebrado
pelos anos, no período crepuscular de sua vida. Co- Caida", um dos seus maiores
nheceu o Catulo do pastado, o Catulo boêmio, o Ca-
tu Io seresteiro, o tocador de violão c autor de letras
de canções populares, antes da publicação dos seus poemas, evoca em Catulo o
primeiros livros de poemas. E, em conversa, Mario professor e o cultor das le-
José de Almeida nos mostra que Catulo não era ape- trás clássicas
nas um boêmio, mas igualmente, um homem de tra-
balho, sincero, honesto, cumpridor dos seus deveres.
E um homem que, mesmo naquela época,..já se dlo-
Especial para "A NOÍTE
tinguia como um cultor das letras clássicas. Escrivão Ilustrada" —
criminal, Mario José de Almeida S, também, um an-
* escritor vigoroso, cujo primeiro livro, Por R. Magalhães Júnior.
%rf».w>
Rodapés', - mereceu
--¦ — *«a honra de ser
¦ ..^-Ba.M vi« prefaciado
ovi fji ciawflcáuo pelo
mais ferox dos nossos críticos llterãrios, o terrível Peto

^ht^íntereSíssío^ d%8,he^k Holmes», contendo aponta-


cínlo Filho. O livro permàhece iSdíS^menbíW^*0* datc'dade> ^ prefaciado por José do Patro-
autor, ma. o prefácio maSnWco át, j&éTS Pat?oc^f0Vpi]^de dS* ««toro. do-que por modéstia do
uma das páginas vibrantes dé^^óS^a?«^0^y^^^rn0l, """««ido do público, como
bosa, Claudino Victor, Franklln PalmelrT e oStro. w« À Fu"daíop "«" Amadeu Amaral, Alves Bar-
cotn aA B I Marf» j„r^d<A,CfrfJU,° na,° «de S imP™*> 1"e depois se fundiu
ae real merêclmento mas tamhílme,da J,penM um hom«'n d« Imprensa

f*ÍC" - B Marl° Jo,s d« Almeida,


auSJ^aV1*
gurna coisa de finteressante a dizer sabre a vida c
m.os de outrora— Llrrfa Barreto, José do Patrôc
âeR!.HaU^arret0 (Joáo d0 R,0> e "."«to. maü?
Ponc^mta^ Catulo, ainda há

í;| ..¦¦:/&% &$^&fá^&j?~~¥$

o Vasco limo, o quem

¦'' V'^>v-P:-''S"¦<-¦":' ' '¦"' chamo de "meu


li" . V:í':*í;;^; i padrinho". dos de políticos de orestíalo « ^* ™«I!^ fí "*""*« de famílias ricas, afilha-

*° d« um «-«"es empregos. Foi colocado como "trabalha


' "r Perf0d0 dlffc" ^Ta vida MaV,
hoíneí ES * "'l061*;' conr,Pare«« ao Cais do Porto
í fta^. E£* t*ref\?ue.'!*• ,Ô8se distribuída. Seu
únlS ÍL^m^-U ° or9u,ho «terárlo.
«r»»»(4°^U,h0 aera E trabalhou, ir-
aosJJutr°8,<'Perâjlos, carregando fardos pesadl.si.
mí lt F°' a° de,xar «"• emprego que Catulo
S? f,?„%f08ta" P^qaUen° CO,69,°' na rua Martins Costa
no IrfíSr «° !*ü
Mario José de Almeida faz antes d* mai<
nsda, de desmentir a balela de que questão
Catulo da Paixão Cea
rensa era um poeta puramente intuitivo,
em linguagem sertaneja por não ter meios' que escrevfa
'EM',-. ,*<Jr&'*- mafs adequi*
^^"y^^- 5í "Poemas
de «â;.eXpreÍ8â0',Fa.2: que"tã0 de salientar que o autor
Bravlos" era um
sô ...o, mas( ainda um cultor dasartista consciente e ' não
stu —e- K^z^&Gr- /^^rrh letras clássicas
r
-Í3P •— uatuio — diz-nos o
rio José de Almeida é também
be,mltoraanizada
autor de

SítóvTndo Colégio Teles decultura


notável
"Asas no azul'' íM».
um fino"poeS Í-«
literária e foi aluno
Menezes, onde tirava nêtaa
que lhe conferiam o direito de lentir-te no -banco d*
honra'. Dedicou-se, principalmente, ao estudo c"S.l£
do. Id.omas de Camões e de Racine. Cito
•"
, ./• l>^!^^mmWÊumWSmi; ' dois poetas porque a leitura predileta de de preferencia
O pequeno colégio de Catulo, nc Pie- dUâ^ Catulo era!
dade (n. 31 da rua Martins Costa). r^ItSSSS - eximlamente,rtér,a.8' port«fl"«»
no «eu
e francês êle vi
Piedade- (CONTINUA pequeno co églo da
&Í.J? NA PAGINA 36)

¦ wM\ ' ** * Tff VT ^ jAW . \; úm\wm\^Êm\ W\ fe! m^fêÊÊÈtír 1h£é ^^m^mmi

íSbI^^^^^^^ ^^tófeKjÊ W^Ê m£M bbbSbb9b!

li ^^H| Wm
B^^^HBI bwÍÉÍSI m\mW
^BW&^inTBPOWBBW HHnKSBHa^aai
BBffl^HllBBaB^ESaWaBJi yaP^TBBWaftrSaílfe'^^!??^
jBjgBjB flHR^^I^^VkSBSafl HaV^^^^^^VWV^B^^fl
BBbbbbbEíWs^EWÍ^wB^bbbb!

fipww^aSI-^B bW.-^Wv-¦-íWMot^sI bb¥W^sBkS^


HE a^aBBBBBfl íaflK- '- V^S fg- ;$$8$3)M ms -'^^Í^Mm%y^:S^B mWfi$$M m%8&

H^^^^affiai
^mX^^^^SSMEwSXMi
aa^^Bi a^^^Hl B^a^^BB^BB^ÉM^^ S< M
¦ya^^jrM bk!&8b£&§SI Bhv^^^^H BK^^^^H BBÍÍ**"''-'«BB

Mario José de Almeida, quando fala va sobre Catulo. (Foi


a êle oue Carola ™
A "elha caM da rua de São Clemente,
dedicou o poema Tert. Caído", M° onde morou . f.^.. * Catulo Re-
P«d«çáo de um velho jornal.
mmfUkmTt pag. ia
!ílp!W)SSK'#^>&S,SífiW nggmm mm - -^——, -^--"jjw^." -- =—:-.— _

CATULO, não foi apenas o grande e tão


humano poeta do povo brasileiro.
Êle foi o maior poeta do BrasiL
Seus poemas, de um lirismo tão puro, de
uma beleza e simplicidade comovedoras,
despertando a alma e os corações de
quantos o escutavam, ganharam uma tão
alta notoriedade que haveriam de o cre-
deliciar à admiração de todos.
Os luares dos seus versos são os mais be-
los do mando.
Ninguém, no Brasil, o sobrepujou como
poeta do povo.
Da alma simples dos nossos sertanejos, do
homem do povo.
Foi um cantor admirável de missas bele-
zas panorâmicas, do nosso folclore, dos
sentimentos bons de nossa gente.
Acompanhando com simpatia esse movimento,
O DRAGÃO se associa à homenagem que ,\-h

"A NOITE -lustrada" tributa à -sua memória


^^****__ ^^^^-. ___.
imperecivel.
^^^***_. ^^^B ¦ ¦' Bro. ....

V^^O DRAGÃO ^B_à ^^^^ ^^V. ^^^B_______^ ÍW

REI DOS BRRRTEIROS


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## s QUI "casa viveu o mais brasileiro dos nossos poetas" eis a legenda -_-_[";fl flflí í - —— _-%" ¦ ..:. . fl . : f-ff |;j;- j i;.- I ¦§ 1 I •'?•¦¦
-A^HHbBBBB IH'""^^^. J A em que, no dltimo perícdo"dê"7ua^VÍda TÒrou rSS^JV'^^ que poderia Ser
ser 00,ocada
colocada à ^ente
frente da
f BB flfliMfn __Hj_ '^'-''.''X^ '• f(â<<íftta naquela posição emiuente o grande ^ASoTal* -que situa í -B _K_B bb í '¦ ¦¦'"i*^/^^BH''¦'""*?''
'Mlmm. ' BflágNBBÉfllM
^ dos mais entusiastas, dos versos
mirador, magistrais foíuí<Lrã «ÍT
mITZJÍT™'
o -S6^?'
Í^T^r
me8tre da crItica e ad" I fl iS fli '-¦ mmm%': ''
... I¦ n|HB Hj
flj
nha de uma existência modesta, quaseTrancfsfana de n«í wf "6U, Sert?> * A>Ca8a de Catulo> testem°-
conhecia uma espécie de orgulho - o ortSTrtlfimSi ^^^&Colheáor' ^ só
mas em tudo o mais de uma excessiva humüdade - élrTJSÍ S *T*
fmos Ia'ores lpoétícos *»Ue Produzia, HB_H__£S^H -7 - 7 í " ¦

vada tal como era quando o seuTlorioso rnorador des Ja^ulS-T-^r sentimentaJ'/evendo ser preser- fl^H 7-1B;-
Cearense documentam a sua simplicidade, o seu ^ de .Catul° fc Paixâo
figuras ilustres do mundo artístico, literário c Juase Esmo^ AÍS'/0 £Tal vieram
científiSf Z* -â ^rbana, ter muitas
naturalíssímo, de conhecer a figura dominante d_ S ~^„SS*fí^, ^?. ^
í^ ao. desejo insopitável, mas ';
§0 _B_aP-'.,r"''*-'i''"' nome internacional, pintores e íti&_S^^ brasileira. Aqui vieram cantores de re- I -friBfi.1' -,%<s Bflsat-nnm,I fifi.f.;- ^,"'ifi
-., «&^fl^BP'^(MpW«flflB_|çp>" --.-^¦^•. ' 'f"tír ww 1
_H___S^B_ ¦Hg';V °'—M-_B ¦"¦"¦'¦—**-'-7 BBpprr-f liaAia, ,M-J
tolo recebia com deferência e apreço, »as^?í__,_^ diplomatas - aos quais Ca- éjaí'si* Ví&íãu^Mm*. .¦ ¦ - Jfll flUS
de vida boêmia, fossem estes simples tocadores de viS oí D8JWn?l^^m °8 *T .VeIhos camar^as «tdíTW ^"flj ll,,ill«ia«a_a_Sa_-l BB_U
Amando o subúrbio, nâo querendo, jamais ^trocá-lo pS cidade cltfn d» p»—' n°m° Ben>min d« Oliveira. ¦¦bj B«__H___Íy____
üàÉ»«<aàk ^i^ il*''4
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Sá__. s4ÊÊk ^B- *^^ ' _B IB --i

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Um dos papagaios de Catulo. flflflflflBB-» ^JTf -jj^ iípS->jIk Mki
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7.- __^fe'TBÍ: ¦'¦_^1 O autor do "Evangelho das
cflÉHÉ
.BE B Aves" adorava os seus louros. ,3__í_____^-uí 1
_|R I ,..0 fi „,' .L->.'"j_a__t _ a
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Km a ftilhinha ficou parada, na C|uinta>
" MHB|Jp .VflS^*11! ¦{
Itira. .{(» de abril, por d.-ii-à.) do
poeta.
i|üe gueria. (jt">vt. m,ir]()i dcivar a--itiala- B I Br fll Jm I" ^B
'Ia¦ ;i \i>ita gue lh.- fi/i-ra o fl _l __B nfl ^S _-_-a_----H_S_H_3K' fl ^^K^^SP B_Ü____S '
grande can». fl 7-9 ' '-flB
I ¦' I ¦
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tor mexicano Urtiz Tirado. fl-B ^ //BE Srfi Sü
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FTfH BHf7| fl»---Br' <_» I Ivi _B //fl-fl fl-l I /
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1 .. B-P—> v- flfl^ flflfll
A cadeira em que Catulo esta.
•a sentado quando teve o co- Detalhe da casa de í'atuiu.' vèndo.se Deitado ainda na «ma. ao amanhecer, rfl : W^m v" • *éÁ\
o Detalhe dn modesto interior
lapso Ta tal. ^t-u radio, os sciís Catulo arrancava, to-os «s dias. a pági-
quadros gref-Üdos t da residência de Catulo. Na fl ^B
um busto do poeta. na da folhinha. No dia H> de maio, o seu oarede. um quadro rom a imã-
£# ^^Bfl_a______g> s flr
braço não mais t'^v *<*,?
S| ftm
ais sf j f«Hiin! Item de São Jorge.
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extraordinário poeta. O aroma selvagem da parida dois pemblnho


terra e da mulher, embriagou-me. E foi com a marisca puto ehaol
saudade que lhe deixei o convívio rústico,
para mergulhar de novo na civüizaçSo. Ca- Sã dona! Oa cabelo «fala
íulo da Paixão Cearense reviveu; ao sol da tinha o chãro naturã ¦ -jjsBjB&iÉf,
América, a musa radiante de Tagore. Êle da pomba vlrça de*
realizou em arte o milagre do rapsodo indú. quando cumeça a nln
Irmanou no mesmo ritmo cheio de juven-
tude a paisagem e a mulher. Haverá um A poesia do primeiro, a despeito do seu
mais puro ideal estético? Eu, de mim para ítiitio popular, é essencialmente filosófica; a
mim, ouso dizer que nao.**"Catulo do segundo, caracterizadamente irônica; a
Sob o titulo singelo de Cearen- do terceiro, francamente amorosa e —sensual.
se", escreveu Júlio Dantas
"Os a crônica cinti- Relendo os dois livros de Catulo Meu
lante que figura em Gaios de Apoio" Bertão e Sertão em Flor — impressionaram-
e que foi, antes, publicada em jornais de me as analogias existentes, na delicadeza
Portugal e do Brasil. E' esta a"Ainteressan- da emoção e na predileção dos motivos, en-
te página em que o autor de Ceia dos ire as suas admiráveis composições e os i£í».
Cardeais" compara a poesia de Catulo com lios da velha literatura indiana. Para Ca-
dos maiores troveiros portugueses:
a "Três <ulo, como para o rei Súdraka, para Cali-
poetas podem considerar-se hoje. os dasa. para Bhavabhuti. para os poetas hin-
mestres da redondüha na língua portugue- r7ús do século III ao VII, a poesia límita-se,
sa: Antônio Correia de Oliveira, Augusto ouase exlusivamente, i adoração da pai-
Gil e Catulo da Paixão Cearense. «agem e da mulher. As opulências da nature-
Antônio Correia de Oliveira, reminiscên- 7a e as emoções do amor enchem a obra
cia lírica de Crisfal, dá-nos, como ninguém, de Catulo, como enchem esses doces poe-
a quadra popular dos campos: mas escritos em sânscrito e em prácrito, de
cuja sutil volutuosidade o poeta hindu con-
Bino, coração da aldeia, temporáneo Rabindranath Tagore parece
Coração, sino da gente: ter herdado o segredo, e onde, na luz cor
Um a sentir quando bate, de rosa dos céus de Indra. príncipes gla-
Outro a bater quando sente... bros como mulheres enlanguescem de pai-
xSo acocorados sobre .tronos de ouro ma ei-
Augusto Gil, em cuia poesia tão sutilmen- co. Quando pela primeira vez li o "Meu
te original se adivinha o sorriso amargo de Sertão", as figuras delicadas de mulher
Heine, é inexcedivel na quadra popular da criadas pela imaginação de Catulo Cearen-
se, sobretudo a Haíby — encantadora Sa-
lomé cabocla? —. a Viruea, a Lindinha, a
Maria da Graça 6 Tudinha. a Lionô, fizeram-me lembrar a
Cachepa de olhos em braza: graça volutuosa e dormente das amorosas
Vive sozinha, não fuma, da literatura indiana — a Sacountalá. a Va- '
E tem cinzeiros em santasena do "Carrinho de Barro", a Our-
vasi ciumenta que se transforma em árvo-
Catulo Cearense, Virgílio caboclo que can- re da floresta, ou às ligeiras Priamvadá e
ta a floresta em éclogas ressumantea, sabo- Anousoyá. pequeninas deusas de bronze, c'e
rosas, doiradas e selvagens como os frutos olhos semi-cerrados, resplandecentes de pei-
do mato, representa hoje, na literatura bra- torais argênteos e coroadas de lótus azuis. m
Fileira, o máximo fulgor da poesia popular Numas e noutras, a sensualidade mais ar-
do sertão: dente reveste formas duma adorável can-
dura infantil; umas e outras exercem sobre
Os pezihhos da cabôea
quando dançava o baião, mNCLÜE NA PAGINA 37

*"" ^i\fl

*
,„ , Severa" •
de
o P**»
, dramaturoo
i; li.-." ¦ sé manifestar sobre a intelectualidade bras?-
í jOIio Dantas,
$'¦'•
leira,' citou depois dos nomes de Machado
"A Severa" não r!e Assis. Bilac, Afrftnio Peixoto. Coelho
poeta e dramaturgo de Neto, Alberto de Oliveira e Oliveira Lima
O perdia ensejo para louvar a poesia de o nome de Catulo da Paixão Cearense, acen-
Catulo da Paixão Cearense, a quem, num
'Virgílio tuando a impressão que os poemas do gran-
rasgo de entusiasmo, chamou de de bardo sertanejo haviam produzido em
caboclo. Isso, o escritor português) o fez sua sensibilidade, nos seguintes termos:
¦ff numa deliciosa crônica, incluída no seu li- — "E deixe-me agora que eu lhe fale, — ¦.
_^B_Oj& -!.': '^^ufwMMMwÈÊtSk W< ".^'.íflfl .'7__^__SJLji'' ? TmW jf£'
'

vto "Gaios de Apoio"."Correio


Noutra oportunida- continuou Júlio Dantas, — de um poeta,: cuja
de, em entrevista ao da Manhft", sensibilidade tanto me comove. Deixe-me
í.o chegar ao Brasil em 1923, para fazer uma fale de Catulo. Ah, você nfio
que eu lhe "frisson"
série de conferência, o ilustre poeta e dra- Imagina o delicioso com que eu
maturgo, ainda a bordo do "Almanzora", ao penetrei um dia, no sertão bárbaro desse

^^^¦HHRTTl^^^mpi MELHOR QUIUDIDE

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1m\mm\m\mm\m^m\w^ _¦ '-'•al^B ^Swa^-i TmW- ^aflfef. ¦¦-. *5' '*í* ~i< ^^^B

^^" PELOS MEMORES PREÇOS


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j^-é^jP IfMMa HaneW Ftarian, MS - (1b lata á_ UifliW
^*—***^
l* - 23-ttS e 43-785 - Estrito - 41-1741 I ÍHB. — W ^
Catulo da Paixão Cearense, o poeta sertanejo que JÜIlo Dantas chamou de Virgílio
bodo e comparou • Tasjera, um Taesre revelada ao ad da America..:
Ja NOITE PAa 22
'éÊmÊmèiitmààm
Wmmw. .--

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CADA VEZ MAIS VULTOSAS 4S ATI-


VIDADES DA CAIXA ECONÔMICA
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO,
CON-
SD3ERADA, COM JUSTIÇA, COMO
SENDO O "BANCO DO POVO"

mmuHü^1^
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FeAer*} d? Ri0 * ,lweiro *•*•
atividades vem alcançando uma proeressãn aua
realmente um i»d.dodb quanto i
podeTna^^es!
<LSeMJP*»*** «lementoà e recursos. A
?ZL3L fo-
toF&SPPlP™" nma tapresaao do movimento
da Agencia Carioca, que é o principal departamento mf ^•asal¦ ' Jí^wi." ¦ ^^ *Jp5ji*"* assai A assV " ' bbbbb BB ¦'• BaBa^aBOBV ¦&¦! fisrfc^^"^Ba BEZ^t^^íaHi.

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rí*5"*,d.e da Caixa Econômica
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de Jwie"-o
^° è o departamento que
Z*&* assistência ao funcionalismo
presta conce-
dendo-lhe empréstimos de acordo com apúblico,
Tabela Price
Na Bravura acima temos um aspecto da atividade
nessa Carteira.

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Sn/iS. Federal
pI?M, T d„° ***** de S*"* d» Cai»
Econômica do o^l0
Rio de Janeiro, a cuja inspeção são
submetidos os pretendentes a empréstimos na
Consignações. • Carreira de

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o grande poeta nao quis ser acadêmico -


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Não houve até hoje poeta que, no Brasil, bicões nos cinemas, onde se pode ganhar •TlBll iülí IBMSi
ive&se tido a popularidade de Catulo, pro- sem pedir, e onde ganho, recebendo os vo- l|iy_âo___ii_ia
"Petit Trianon' o acadêmico tos de aplausos, que são as palmas ardoro-
Viriato Comia. sas que temos recebido, eu, o Porco Espi-
nho, e o meu companheiro, o Maracajá.
Catulo da Paixão Cearense poderia, pelo Ganhar alguns cobres num cinema, can-
seu alto merecimento como poeta, ter sido tando ou dizendo coisas brasileiras, que sem-
um dos membros da Academia Brasileira pre entusiasmam as nossas platéias, é nobre.
de Letras. A-NOITE, que tornou vitoriosa Miséria é bajular um Imortal, decheios joelhos,
de
a candidatura de Santos Dumont, liderando com as mãos postas, e os olhos I' 'rW&
um movimento em favor da "imortalidade" lágrimas, esmolando-lhe um voto 1
|do*"^Pai da Aviação", quis também patro- O que eu espero de A NOITE é que o
isinar a candidatura de Catulo. Mas o gran7 seu coração esteja sempre aberto ao Catulo
de poeta não quis aceitar o lançamento de trovador, ao Catulo boêmio, ao Catulo poe-
candidatura, apenas para não se colo- ta, e, principalmente, ao Catulo mendigo, se
sua dar-me-ei por fe-
car na situação de pedinte. E, nessa oca- Deus assim o quiaer, pois
sião, Catulo trabalhava no Cinema Central, liz se continuar a escrever as minhas obras
alias, a crônica de cantando e recitando nos palcos dos cine-
Pr-' fato que provocou, da imortalidade acadêmica
Rosalina Coelho Lisboa n'A NOITE e a de mas, esquecido a À NOITE e a imprensa bra-
Monteiro Lobato n,aA Manhã", publicadas desde
em outro local. Catulo escreveu, nessa
sião, a seguinte carta à A NOITE:
oca- sileira
que
não se esqueçam do
fl
ro", que tanto já lhe deve. — Catulo Cea-
velho "Marroei-
u^.^>'>u ir~ ^^^^ -1— 8
rense".
«A ilustrada redação de A NOITE — Pro-
fundamente comovido, agradeço & A NOITE Carlos, Coelho Netto, Humberto de Campos e Luiz
a honra de lembrar à Academia de Letras quizeram também induzir Catulo a *
se candidatar ã Academia de Letras, mas
a aceitação da minha candidatura, na su- em vão. O seu único orgulho, — o orgu-
posição de que um dia me candidatasse. ¦ I (_**! /¦
intelectual, — o impedia de pedir votos.
Essa honra muito me exalta, porque pro- lho
cede de um dos mais conceituados perió- HOMENAGENS DA ACADEMIA BRASI-
dicos da nossa imprensa e pela esponta- LEIRA DE LETEAS A CATULO
neidade do gesto, que tanto me dignifica.
Essa homenagem, que só o coração do ge- Na primeira quinta-feira, depois da morte
neroso órgão poderia prestar-me, tem um de Catulo, a Academia Brasileira de Le-
valor inestimável para mim.
£ Quantas zumba-as não faria um homem homenagem dereunião trás, em sua semanal, prestou uma
rico e poderoso para merecer de A NOITE poeta, de quem se ocuparam alguns dos mais
mereci. Mas
excepcional relevo ao grande
(jl^^j^ ^^ -¦¦" o cam. B^
a gloria e a vitória que ontem notáveis acadêmicos. Inicialmente, falou o
vnão nos iludamos. Deixemos em paz a ilustre dramaturgo Viriato Correia,
Academia, que nada tem que ver com os que pro-
feriu as seguintes palavras:
trovadores e poetas populares, como os poe- \s^~c*-* i
tas do sertão nada têm que ver com as Aca- "Sr. Presidente: na madrugada da ülti-
demias. Continuarei a escrever os meus nu- ma sexta-feira, o poeta Catulo Cearense fe-
mildes trabalhos, enquanto Deus me der ener chou para sempre os olhos. E fechou-os aos
gias para empunhar um violão, abrir a gar- 83 anos de idade, em plena pujança da sua
ganta num desafio com João Pernambuco, surpreendente inspiração poética. Não há,
num teatro ou num cinema, como o Central, nesta casa, quem desconheça o valor do
cuja platéia tão delicada e bondosa se mos- grande morto. Não foi êle uma figura de
tra para rr»i"\ aplaudindo-me todas as noi- grupinho, um fruto de coterie, uma inven-
tes com as risadas e as suas palmas ani- ção de panelinhas literárias, foi um legitimo
madoras. Benditas as barbas de bode com poeta, a mais exuberante floração do nosso
que me exibo no palco do Cinema Central, lirismo sertanejo, a verdadeira expressão
pois, por elas e com elas, já mereci da emi- cósmica da poesia popular. Catulo foi o
nentissima poetisa D. Rosalina Coelho Lis- mais incorrigivel dos boêmios que já houve
boa a crônica que foi publicada pela A NOI- no Brasil. Com a imensa carga de oitenta
TE, que é para mim um tesouro maior que e poucos janeiros sobre os ombros, na idade
todos os tesouros de todas as Academias do em que todos os homens se recolhem á vida
mundo. A divina poetisa, esquecendo-se, tal- pacata que a velhice exige, tinha ele ainda
vez, da alta responsabilidade que tem no um amor irreprimível pela vida solta de
mundo das nossas letras, exagerou. Mas que rapaz. Doente, alquebrado, gostava ainda de
importa ? Uma simples frase da sua pena ir para a rua, para as noitadas ao luar, en- ¦V e**>*. l>*~y
"CV *^-*^-
já me fora uma consagração. Mas não nos tre moços, cantando modinhas ao repinicado Cfh **"** 1j***- p.
iludamos, repito. Nem a Academia pensa em de violões. Foi o mais incorrigivel dos bar-
mim, nem eu nela. Tudo poderei fazer neste dos brasileiros. Poeta da ponta dos pés à
vale de lágrimas, menos uma coisa: apre- ponta dos cabelos, nunca foi outra coisa, não
sentar-me candidato á Academia Brasileira quis nunca ser outra coisa sina o poeta.
de Letras. Nunca os meus lábios se abri- Acreditou na poesia a vida inteira e acre-
riam para pedir um voto! Essa indigência ditou tanto que já octagenário e no fim dos
moral ultrajaria a riqueza das minhas exi- seus dias, tinha por ela o mesmo enlevo e
o mesmo entusiasmo dos tempos dá adoles-
cência. Nunca se incomodou com as galas
^M flk
do mundo, mas fez sempre questão fechada
de ser poeta. Nunca quis saber de riquezas, /¦-_»': l Jk*' \
mas não admitia que o deixassem de con- _____ÍH4l_f
siderar um nababo da inspiração. Nunca
entrou num banco para depositar ou para
¦
retirar dinheiro, mas teve sempre conta cor-
^ i^*^, ^ «>--—,
Éi-L ri___ ^Vr
rente com as Musas e delas sacava verda-
deiras fortunas poéticas.
Não houve até hoje no Brasil poeta que
B /
tivesse tido a sua popularidade. Ele era, de
fato, o poeta do povo. Sentiu, como nin-
guém, o povo, e o povo o sentiu, amando-o
até á ternura, até ao fetichismo. Catulo era
na verdade uma figura excepcional. Era êle,
sempre êle, não se parecendo com qualque:
outro poeta ou mesmo com qualquer outri
homem. Em Catulo tudo era singularidade.
Sigularidade nas maneiras, singularidade
no vestir-se, singularidade na condução de
M.y
sua vida, na concepção dos seus poemas, na
maneira de versejar, na vestimenta bizarra
de suas imagens. Singular até na modali-
dade poética, que escolheu para celebrizar-se
a modalidade sertaneja. Singular porque êle
'r~^^ii3JJJJH_____________j____________í_____J^_t_l^ ._* ¦ <l^B__f^; "-ÊmW' ^MmM*w^wS£ÈÈÊÊmm
não era um sertanejo. Nasceu numa das
o-v-
ruas mais centrais de São Luiz, no Mara- íV^u, v'^-> ^r° B
nhão, cidade plantada á beira mar. Na sua
CONCLUE NA PAGINA 37 fl ^ • 9o fl
l_1 —— "--ü-r^-Sl Carta do grande poeta Manuel Bandeira ao Px»^ ^H

A Academia Brasileira de Letras, onde foi grande poeta sertanejo, a quem dá o nome
prestada grande homenagem a Catai* de "Catulo da Paixão Brasileira"

IÍ»l-LTnf,-..l-.h r/Av_J. ÍT1

«BgMJrÇTS
' _¦¦' SW8SII
r
Í,SS<VSr- Presidente, a Bancada Traba-
.,??r declara °*?RbÒI??^N - (Pela ordem)
Ihiste ¦- z>t. Presidente, S0ARES
ÍA Assembléia Consti- on SIk.508
que Catulo da Paixão Cearen-
rL^°in0ríeu r\-contfauarf
^deu-os,
cantando ao co-
desde a choupana até
palácio; continuará a cantar,
seu povo, para glória de sua para glória de
te, ou, pelo menos,
no nosso meio indiferen--
coisas do espínto, a pouco
interessado
obra de Catulo da pelas
xão Cearense constitui um exemplo de Pai-
voto de
mento do poeta Catulo da Pesar
mR«fquSrem0SxUm
uLdM W «*•~ em 10 de maio de 1946
mingos v.aChad°'
min™.
Pelo faleci-
Paixão Cearense
Adc|mar Rocha. _ d0.
Velasco, — Plínio Pompeu.
bem.)
terra! (Multo deza moral, de persistência invencível,gran- de Gomes. - Aureliano L^ite. - Aiarico — Stênio

tuinte rende homenagem O SR. OTÁVIO MANGABEERA -


Presidente, peço a palavra, pela ordem. Sr.
SS?mnPftr°
S de
dívida
e
,,0 gratidão
ííf
Io engrandecendo aquela
acendrado amor à nossa
Maranhão deve-lhe uma grande
pelo muito que fèz Catu-
terra, e no momen-
checo. - Fernandes Tãvora. - Jofga

^.J
"°r
HuaAntcCarneiro-
J0
Roy Almeida.
,B°sêa-
- Benjami^Farah
— Guaracy
Amí

- Barreto Pinto. -Silveira.


Pa

-
O SR. PRESIDENTE Tem a palavra o e& máximo representante no A impri-
íl,!ra Vei!
a memória de Catulo nobre Representante.
O SD. OTÁVIO MANGABEERA -
ordem) — Sr. Presidente, no meio de (Pela
tanta
cenário literário! Desde o ano transato, a
mocidade do Maranhão vem desenvolvendo
uma campanha, cada vez
ma pelo numeroquedas adesões, mais em
se àvolu-
Nós, abaixo assinados, membros da Banca-
da Maranhense, requeremos à Egrégia Mesa
da Assembléia Constituinte seja lançado na
aridez em que vivemos cercados, é simpáti- um monumento que lhe perpetue favor de
o nome.
Ata dos nossos trabalhos de hoje um voto
co que a Assembléia Constituinte se curve de pesar pelo falecimento do grande poeta
(Conclusão da página 15) respeitosamente diante do túmulo de Catu- Mas pergunto, Sr. Presidente; a obra maranhense Catulo da Paixão Cearense
Io da Paixão Cearense, esse pobre homem ae Catulo não será mais pereneprópria do ocorrido na madrugada de hoje.
'únicas do povo que honrou a poesia brasileira e bronze — aeres perenius, como diria Ovídio.o
que Sala das Sessões, 10 de maio de 1946 —
que tenho a esta altura da vida- a compôs tão lindas trovas que toda a nação Odilon Soares. — Pereira Júnior. — José
amanhã, a tarde, a noite e aTaudáde'' Tenho para mim a obra ainda não foi Neiva. — Crepory Franco. — Luís Carvalho.
repete. avaliada no devido que A imprimir.
| Foj assim que morreu Catulo, recordando nos consola_ do pouco
apreço. E esta convicção
bÍ'êmÍ0 e da Voe**- a cantar as Não costumo freqüentar a tribuna em ma- lhe fêz o Estado Tendo ocorido, na madrugada de hoje o
WtaS.
saudades, ísaudades evocadas teria de votos de pesar. Abro, hoje, uma ex- do Maranhão durante que a sua vida, entrecor- falecimento do. grande poeta brasileiro Ca-
tantas vezes tada por tantas vicissitudes!
jppr outros representantes daquele berço P ceção, associando meu voto pessoal e o da tulo da Paixão Cearense, requeiro a inser-
vilegiado que é o Maranhão. S ori- União Democrática Nacional às homenagens Agora, porém, Sr. Presidente, ção na ata de nossos trabalhos de hoje um
que a Assembléia Constituinte presta ao ho- morto esse espírito, verdadeiramenteque já é Voto de profundo pesar, pela perda que so-
EnSlL^t í0raumeminstante,
.quero pedir
que nos «unimos aqui,
mem que melhor cantou as coisas de nossa atenien- fre a poesia brasileira com o desaparecimen-
um minuto de sau- se, e nao pulsa mais esse coração magnâni-
mha? dos Poetas, ^los verda- terra, sobretudo o nosso luar. mo, resta-nos chorarmos sobre o seu cada- to do maior cantor das belezas de nossa ter-
nS?rLPara*° ra e dos sentimentos puríssimos da gente
Ç°pulares> Que tombou na ma- e aqui estamos, não só,
affiS?^^
drogada de.hoje, e um voto de pesar da As- Era o que tinha a dizer. (Muito bem.) nossa bancada, mas de todo o em
Xer' nome da
Maranhão, a
sertaneja.
ásembléfci Constituinte de 46. (Multo bem- , O SR. ODILON SOARES — Senhor Pre- v,°t0 de pesar Pel° seu falecimen- Sala das Sessões da Assembléia Nacional
I muito bem. Palmas.) ""' sidente, peço a palavra, pela ordem. fto. Ím"™ Constituinte aos 10 de maio de 1946 — Fran-
' » (Muito bem.) cisco Pereira da Silva.
lúS -JF*; BENJAMIM FARAH - Senhor
~ O SR. PRESIDENTE - Tem a palavra o O SR. PRESIDENTE - Os Senhores que

ImmSmJSSSr T<m ' palavra •


l^flSF^mttámSSS^ peIa ordem O SR. PRESIDENTE - Vou submeter
nobre Representante. votos os requerimentos: a os aprovam, queiram levantar-se. (Pausa.)
Estão aprovados.
UsSJ^ CBENJAMIM FARAH - (Pela or.
ml da" bancada3^*6' PeÇ° permissão *ara
Subscrevi o requerimento de um
Pesar ^cantor Peregrino que veio voto de
do lon
d?S*S^':"'>W*2 mesmasteíras
dia
Piramí TrlnT dos J2 Címtor onde de "Y-J«ca
H iiptfa"t0J Jamoios, nasceu
SSerSt Camposnde "^ ° ********
A«£ Ir«?CaÍa ^abalhistahomenagem está solidária com
ae
d? Meu Sertão,
Se^^T ao aut£
Sertão em F or, Mata lluml-
"^
£«"«« Bravios (prefácio de Ru Bar-
So lL'Sr:UpBra8,,',Fabu,a« e Alegorias, Alma
rtxâ°' Evanoelho das Aves, O Testamen-
1 fda Arvore, Um Boêmio
to no Céu, O Mi|a-
8Eiíe Iâ0 ,J,°f0' Poema« Escolhidos, Um Ca-
Brasileiro, Os Pescadores, Oração
^ocl°
Bandeira Um Boêmio na Terra à
(épfcódios de
^sua vida) e Contos Verídicos do Serfâo
°L P™ ÇK-nde trabalhador, a
lai2m nü\ Rui, fez as melhores re-
SSS2r.i?UK0 genial ^
mclusive
ffvío no
iivro nl; qual consagrara Prefácio de um seu
miorredoura - Poeta mlravilhos? esta exoressão
enfeitiça e parece recriar. cuTSa
IIi é, Na verdade, o cantor do "Luar do Sertão"
o cantor de todos os brasileiros. Suas can-
¦j ções bem poderiam figurar entre as
mais em-
polgantes de todos os países.
Evocamos o grande Catulo da Paixão Cea-
rense, porque soube auscultar a alma brasi-
áleira e traduzir seus sentimentos através de
canções. Devemos, realmente, evocá-lo nesta
^ hora
| saibamque" tanto carecemos de brasileiros que
I amar as tradições de nossa terra nes-
ita hora em que a brasilidade precisa de ser
3; retemperada.

(Conclusão da página 11)


Zl
A Primavera é tão bôa,
preza tanto as nossas dores,
que até mesmo o cemitério
enfeita todo de flores.

Tu bem sabes toda a historia


deste amor, hoje desfeito: »
nasceu dentro de mirúYalma
e sepultou-se em teu peito.

Quem dormir sobre teu peito


uma noite bem dormida,
há de acordar no outro dia
com a illusão apodrecida.

Meu ideal era ver-te,


formosa, como tu és,
amando a todos os homens
e eles todos a teus pés.

Tens tanta flor na janela,


que mais um jardim parece;
no entanto, só quando chegas,
é que a janela floresce.

A "Que flor tuquerias


ser",
se um dia me perguntasses,
— um mal-me-qucr — eu diria,
para que me desfolhasses

Para mim, a maior gloria,


mais sublime e ambicionada,

; íRnTRRCTICH
era eu ser a sepultura
onde fosses enterrada.

Sou como a flor. E os brilhantes


que trazes, de alto valor,
não são pingo de sereno,
que mata a sede da flor !
if Coramraail

AlHfllTft PAG. 25 — 19-7-1946


mi-

não eo»hecesse o maior poeta de minha


pátria: Catulo da Paixão Cearense i

Episódios pitorescos e O imortal autor do "Loa? do Sertão" su-


biu até as nuvens, tornou a descer, con-
seriou os óculos e agradeceu deste modo:
—Agripino, este simy é inteligente...

anecléticos na vida de
Oh t rapaz traze uma garrafa do melhor
vinho que tiver na casa.
Ao defspedir-sç, Catulo bateu nas costas
do Juvenal, dizendo-lhe:
-—Juvenal, paga a conta, e dá uma bôa
gorjeta ao "garçon", que êle é "nosso" ad-
Catulo êã Paixão Cearense mirador...

Por GUIMARÃES MARTINS UMA SERENATA... AS DUAS DA MANHÃ


Especial paca A NOITE ILUSTRADA ,<- Voltando do Teatro Lírico, onde tinham
ouvido a "Boêmia", cantada por celcbrida-
des mundiais, o Sr. Júlio Soares e a sua
Exma. esposa, já recolhidos, ouviram, ás
duas da manhã, sons de instrumenstos à
distância. ~
Levantaram-se e. abriram a janela. A
noite ejstava diva colmo a espuma do mar.
Era Catulo.. o imenso Catulo, que vinha
cantando uma serenata, acompanhado peles
músicos Anacleto, Irineu, Luiz de Souza,
Chico Borges, Olímpio, Lica e Gonzaga. :ÍL
Catulo tinha na voz uma doçura de óleo
Catulo, numa "charge" de V 1. santo. Todas as janelas da vizinhança se
abriram.
Os músicos pararam á porta do Sr. Soa-
O ENCONTRO DOS "CARDJAIS" rés tocando. Tocaram tocaram e Catulo,
gemendo uma valsa, foi caminhando com
Encontravam-se certa vez, nas imedia- os seus companheiros de boêmia.
ções do Meier, três bambas nacionais da Relembrando o episódio, o Sr. Soares
poesia regional: afirmou:
. '— Catulo da Paixão Cearense, Agripino — Que me perdoem os que me ouvirem.
Grieco e Juvenal Fontec. Mas, diante do espetáculo daquela serenata,
Ao que parece, todos três discutiam o ao clarão da lua, com o céu alfinetado
^respectivo grau de popularidade, cada qual de estrelas, eu me esqueci dos cantores do
dizendo-se o "enfant gaté" do público. À Lirico e, orgulhoso de ser brasileiro, beijei
certa altura, porém, como não chegassem a a fronte de minha ariulher.
um entendimento Grieco propôs que o caso ^SST /ÀBi '^BBBBBBBBSr^ ^^BbI
fosse submetido a uma espécie de plebis-
cito "sui-generis". E tocaram-se eles ru/mo
ao primeiro "café", nas proximidades da Catulo, quando cantou na casa do gene-
residência do reformador da critica literá- ral Pinheiro Machado causou-lhe tal im-
ria no Brasil.
Em lá chegando, perguntou Grieco ao pro- pressão pela beleza do verso e pela corre-
prietário do "café", um luziada amável: ção de sua dição encantadora, que o grande
O Sr. me conhece, a mim, men ca- Catulo, ao lado de Agripino Grieco e de Guimarães Martins, que recolheu o Chefe político exclamou., entusiasmado:
— Como é belo o nosso dioma !
rissimo amigo ? seu ane dotário
O interrogado respondeu prontaknente:
Conheço. V. Excia. passa por aqui tô- Faltava ainda um candidato, Catulo, que
das as manhãs, com esse seu bengaião. Você me conhece:
Griecco antegosava as delicias da
teve a mesma sorte do Juvenal. Catulo O "garçon" respondeu DACTILÓGRAFO SEM MAQUINA...
não se conteve e disse:
ridade, e, envaidecido pela certeza popula-
da vi- — Vamos embora que este é burro...
Conheço, sim senhor.
tória. voltou para o luzitano: .E, sabe o meu nome ? Em 1922, o Dr. Pires do Rio, ministro
E qual o meu nome ? A cena repetiu-se noutro "café" situado O "garçon" pousando as duas cafeteiras da Viação nessa época, conversando com o
O nome não sei, Sr. doutor. pouco distante, mais perto ainda da casa sobre a mesa, fez um largo gesto de en- poeta Lniz Carlos, soube qne o autor do
de Griecco. Houve As Imesmas perguntas "Marroeiro" vivia apenas do produto da
Coube a vez ao Juvenal, a quem o inter- tusiajsmo e admiração e declarou com ên-
aos dois primeiros. Mas, quando chegou a fase: venda dos seus livros.
locutor negon peremptoriamente conhecer. vez de Catulo, este inquiriu: Eu seria um brasileiro indigno se
(CONTINUA NA PAGINA 32

mmmdUmWy
^B bb^Z"'"bbt-» tàmo./r/í//i/arffá iz/do
Bg^-gft Todos lutamos a procura do êxito. Todos desejamos
triunfar na vida. A maioria dos homens, entretanto, esbar-
ram no meio de sua carreira profissional, sem conhe-
cer os motivos de seu insucesso, simplesmente porque des-
conhecem os métodos modernos que conduzem ao cami-
nho do êxito. Caro Leitor! Quereis conhecer um original
método de comércio e industria? Adquira então um exera-
plar deste livro.
Vi O COMERCIO MODERNO E INDUSTRIAS

m
1

J Êle dirá o que farer aproveitar lucrativamente


as suas horas vagas, com para negócios inteiramente scuiTo-
da a pessoa que tiver ambição de ganhar dinheiro e melho-
• iar*>ja*ijt_>»4«
PRIMEIRA PARTE: Método pratico de vendas por corres-
i
ssidadede •.,- pondencia. podendo> V. S. .trabalhar nas horas vagas, sem
empregar grandes capitais. Métodos práticos de veadas por anúncios e
Ul"anu"c* num^ra,l.„ma^d^l««lp,„«
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BAPTISTA & DURÃO


AfilMÉ, PAG. 26- 19-7-1946
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: I 0:^\ ENGANOU!

— CATULO
"Quereis conquistar
a mu-

w f
lher? Enchei-lhe a cabeça
de ilusões! 0 conquistador
1 /#5 •'•*•» • precisa mentir desbragada-
y:1 *o *
mente. Elogiai-lhe a beleza!
Os olhos, os cabelos, a boca, o corpo, o vestido...
tudo o que ela não possuir. Nunca lhe deveis
confessar a verdade".
111 '' ¦'¦ >f--S
— GRANFINO — Não, meu caro Catulo, você
llt J'/' que compreendeu tão bem e soube traduzir em
versos magistrais a alma f as belezas do sertão,
I &í '/¦'¦
/• \
não conhece a mulher.

Ir Para conquistá-la, precisamos dizer-lhe a


i verdade, elogiar a sua beleza, seus olhos, seus
cabelos, sua boca, seu corpo e aconselhar, para
que conserve esses dons divinos, o uso do perf u-
me Narciso Azul de Gally.
Sim, Narciso Azul de Gally enriquece ain-
da mais a beleza e a juventude dá mulher.

Água de Colônia, Brílhantina, Ex-

m 1 li*
trato. Loção, óleo perfumado, Pó
de Arroz, Sabonete e Talco.
—ivy yv\ r! ______________ bT^BB :t.y\ ^^v_/"^

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1fl. -'jb %l™Kí^ ^%i CATULO


da Paixão Cearense e o gran-
de cantor mexicano Ortiz Tirado fi-
zeram uma grande amizade, amiza-
de quase de irmãos, embora tivessem
i_flfl %1lW* <_*_ J- se conhecido há pouco tempo. Quando vinha
ao Brasil, encantar o nosso público com sua
Büf flfSS mjyffifl
arte admirável, Ortiz Tirado logo procurava
Catulo, de cujas canções se fizera intérpre- ER. JB af
'¦-"¦¦'¦¦.¦ .-•'«iSsbHbI mWlL^êl MaíSÊ
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te, em suas excursões através de todo o con- BBoB R 7V C__sofl
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sflt isafl
tinente. Poucos dias antes da morte de Ca- OnBOjHR: gÊ ¦ S"'mi33^\ í*"'/Oj ..
tulo, a 30 de abril, o grande cantor mexi- Mas Wã.18 £V ifi ,Bakl
cano passara o dia com o grande poeta ser- II JMflE
tanejo. Catulo reunira em sua casa alguns «SlSBl flPi Iflofl ' BELrNP
amigos e oferecera uma feijoada ao ilustre .W íii. BrFVfl - 'fl •
visitante. E não se cansava, depois disso, de '¦
exaltar a simplicidade de Ortiz Tirado, a fal- I i&^v,! fB*^ vS S^-IB *
_BB _H**S_r • V*H^bbBebbbbbbObf flflsV
ta de luxos do cantor mexicano, que não fi-
zera cerimônia alguma e o tratara como se
fossem pertencentes à mesma família.
— Que homem simples! Que delicadeza de
sentimentos! Que modéstia encantadora — fc, ."áfelHÉí-^lk 'S ¦' vtWi
Lonas listadas, lisas e repetia Catulo aos seus amigos.
^^^m^^àéMMMMv%. -"m
ansPfl-fl. I%1 '/
^'. lllr
\\n#. > <
y L^* lOOOKi iOObbSSoB OObm ¦ 3flODV OBJtV 1^1 '¦• 9Af m
Uma das folhinhas da modesta casa do fl 'ovflk tol La -W f
BK^^IHflL-^fl-u ^' "-^^^-lo^oofc^
impermeáveis. Toldos e poeta ficou parada no dia 30 de abril. Catu-
Io determinara que não fosse desiolhada,
T^Otue] Wt jflà

porque ficaria sendo um marco comemorati-


encerados. Aneios e ar- vo do dia que Ortiz Tirado passara em sua
^Or_âT '¦i'J^*' ¦J^MÉÉfl*^£^^'^K5f'*2^Mf" "*¦>•"ív'"*"^.^v,; '¦ 'i/r'-' fefl
casa. Apaixonado pela música mexicana, gos- nf3í^
JA\ «;. •ye' JmT^SmV^^f^^^^mrw^^i'^'^'^"¦
tigos de montaria em tando particularmente das canções de Agus-
4^WM*%
J^^^CTB^S^sfcSifltl m
tin Lara, Catulo se deliciou com as intérpre-
tações de Ortiz Tirado. E também dedilhou
'*át/ •¦"*** " ^^SsS^^^OOiOBCTjfl fltM,É|fl
,* ^gflslBBB ¦ BBB
geral. Malas, pastas e o violão, ora acompanhando o artista mexi- /'^^^aí- èi5r-:"."''-fl BB
cano, ora cantando para êle suas próprias BP_% .^^^ÍB_i_fl_.A» \.
"'
Oooflo_flL BBlB^rM

artigos de viagem. canções. Quis o destino que Ortiz Tirado es-


tivesse, ainda, no Brasil, quando Catulo cer-
B_l *jfl sBt?-' -Ü flfl__^lfeBBO_Kr^

rou os olhos para sempre. E o grande can- OP^THWlS^l


¦
tor do México não só velou o corpo do ami-
go morto, como cantou, no cemitério de Ca-

casa uns lonas ,4


í
tumbi, o "Luar do Sertão", ao pé do túmulo ¦-íf' 7:4: í:7-; 5
:
BHPsSr^^Ss^^KHÉBOBOooouri^fl
MIO_F^_iPs^|^_R__9ln___^__^__B__BB_fl_
de Catulo. Ortiz Tirado rendeu, ainda, um
tributo da sua admiração a Catulo, partici- 9'^^__Hfl__BÉnPfl

Rua S. iosè, 8 e 10 pando da grande festa que A NOITE reali- '\flrd_B


: '- _rawB "
_É___^__H____^_Hk^^nI^y__s
zou no Teatro Municipal, como o passo ini-
lei.: 42-3S25 Ri» de laneiro^ ciai da grande campanha popular em prol
da ereção da herma do poeta e da aquisição
sino da casa em que êle viveu e morreu.
BflHeHBoV9 ;"3
^—^^naasaasw!%^|
*3
•fl AJSflHÊ PAG. 28 — 19-7-1946
--*""¦¦'; -.;¦¦¦--¦ -,'¦¦-¦¦ ¦¦.-,-';:-.
— ¦ -¦'. '¦T'r'T^^^-^'7'"-:.-
.'/;..

AMIZADE
''•~
epois da morte de Catulo, Ortiz
em'
ampanhi-a de Guimarães. Martins,Jirado,
Barnabé
'. '-'mÊ
MÊmmWmWÈÊÊÊiÊM ¦
uefoi èle surpreendido pelo ataque
que
qüe o matou.

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— UMA EXTRAORDINÁRIA COINCIDÊNCIA
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Catulo apresenta o seu papagaio de-estima-
ção a Ortiz Tirado.

Sá'

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ENO

\ \ \ \ \ \
CATULO
*
««.ta seria
serUnlsU Catulo da
n0 poeta
canwr
Paixão Cearense,
- de tSdas as nossas
»-*-«-
tiairr*— BNO -•
^S.ld.Fr.U

*\%r
Flagrante expressivo de Ortiz Tirado e Ca-
tulò, autografado pelo artista mexicano e
por èle ofertado a Alberto Nunes Filho.

iiVWHT.E PAG. 29 — 19-7-1946


.,-J

Vista' parcial''
' _©' ^.-Hospital' SÜo ¦ _
. construído pela Companhia Nacional de teMcia, dirurgi%:.1^»^^ÍbT|_|^SppwBp:
'•!_•
Estamparia, para atender aos operários das 'gks, otorrinolaringologia, ¦;. pediatria* pré-.
Fábricas Santo Antônio, Santa Rosália nupcial, pre-iatal é maternidade, laborará*
São Paulo. Dotado de modernos aparelhos, rio de análises médicas e serviço fisio*;
com médicos especialistas e clínicos, é terápico.
moderna instituição hospitalar dotada de ¦'-__
._.

_. •••
. í!.
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WllBlill
_S§|l_lSSlS8_6í_»_ '
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S*V» 111 li li liTiluiííiii] -^^T t- ¦;.-¦'.vf:'fr;í\'Y*.' >¦¦ •' mÜiiii

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«'««a^JKiMííE,

**\!%i?#*a?^;'"" -Y^^.Wj^yiyJ :V";!'í;;;*í' y-

i, . v- ..
¦^ST?*-^*--» Este prédio de aspecto tão agradável é a dietética, gabinete médico, lactário, sala de
tet.TTTf- L

Creche Santa Rosália. Verdadeiramente amamentação e sala de repouso as se-


modelar, possui amplo berçário, cozinha nhcras que amamentaram os seuspara filhinhos.

•W * í * *, - '''ílísfeé do Hospital há nm isotam^ToStinado C°ntaffÍ°S*8'


aos *¦ *»»**
^^g***

sbS^w^?' iM______m
«Si ¦_M___a_____-S^;-?
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roca-
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chaminés fume-
íSàM *=* BBM___«IM.MBBÜ»B_BW»M :M.:- i*

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ciais são imagináveis
Outro aspecto da Creche da Fábrica Santa Rosália.

OROCABA ê o maior centro Indus- AS FÁBRICAS SANTO ANTÔNIO, posto de gêneros alimentícios e outras pe-
S trial do interior paulista, além de
ser, também, município de grandes
possibilidades agro-pecuárias.
8ANTA ROSÁLIA E SAO PAULO
Sáo elas pertencentes ã Companhia Na-
cional de Estamparia, magnífica organiza-,
quenas coisas que seriam difíceis enume-
rar. Eis a síntese magnífica das maravilhas
que o Sr. Severino Pereira da Silva criou
das do Hospital Sáo Seyérino 153 crianças;
188 passaram pelo serviço radiológico, 167
pelo serviço fisiotorápico e 90 pelo laboratõ-
rio.
Cognominada a "Manchester Paulista", a para os seus obrelros, para a sua cidade, para
ção industrial que obedece ao comando do orgulho maior do Estado bandeirante e do
próspera cidade ê um verdadeiro ninho de gerente industrial, Sr. Severino Pereira da Brasil. São obras assim, tio expressivamente Entregues aos cuidados de onze médicos,
chaminés fumegantes, centro de operários Silva. Têm oito mil operários.. Verdadeira reveladoras do sentido humano que as ins- clínicos gerais e especialistas, foram interna- krY*^i ¦'_*__1t ' _9H BB—B •- ^4M_fl eV ________¦ jBH Bb At flBK-_____¦ * . «_BJ _MBJ£s>m___í ¦ B_L' y_. ___r~_BB__T^B_
trabalhadores e ordeiros. colmeia de abelhas humanas que trabalham dos no Hospital São Severino 742 emprega- *5^ ¦^*B_r'C jiflL T_B '-_B____6r^_i BB^tt^^^ \--OT-^j B—T*!—B*___rN
sem agitações estéreis. Vivem satisfeitos com pira, que consagram a vida de um adminis- dos, tendo se verificado ainda 43_S3 cônsul-
Poucas cidades brasileiras têm, como So- trador. Daí, também, 6 que se originam a
~"_______t_B 11" "r* ^w_r^___r'' rocaba, tão perfeito aparelhamento de assis- o que ganham, reconhecem o desvelo, o ca- °P«rárlos das fábricas Santo An- tas, sendo aplicadas 47444 injeções e feitos
B__^_7_M__3_rr' __fl__t "*~__l ':'_J«PtJB __Bt_B_l rinho com que a direção da Companhia Na- ?_c_rl|,.-Joi
tônio, Santa Rosália e Sao Paulo, a harmo- 56-861 curativos e 341 intervenções cirúrgi-
tência social aos operários e suas famílias. cional de Estamparia cuida dos problemas cas. Na Maternidade foram internadas 83
Magníficos hospitais, de construção sólida e nl» entre os pontos de vista entre o empre-
higiênica, com aparelhos de alto custo, e nu- da sua assistência, da assistência às suas es- gador e o empregado. Nestas organizações gestantes, tendo-se registrado 67 partos nor-
meroso corpo clinico, prestam inestimáveis posas, aos seus filhos. Neste ligeiro comen- Industriais, não há luta de classes. Capltale mais e 13 intervenções obstétrieas. Os ser-
tário, faremos uma resenha do que é a as- viços de radiologia prepararam 486 chapas
serviços aos trabalhadores. As creches, as sistência médica que as fábricas Santo Antô- | trabalho se juntam para melhor servir à radiográficas e _389 radioseoplas. Fizeram-
" maternidade» e outras iniciativas de amparo grande Pátria que firma os seus alicerces '
^^^_Sífi/J S_BJ_ |fô__!_i___H ____^^- ^V| Mr ' _L <__§!___-_•,f ___a _______ V___k.__! i
à infância são outros tantos documentos con-
nio, Santa Rosália e Sáo Paulo proporcio- de uma grande nação industrial. se 1.873 aplicações de ralos infra-vermelho, \ *'bS BeeB ___¦[¦ *' í *j'' _f*-i' •¦'S
nam ao seu pessoal. As ilustrações sáo bem ultra-violeta e de dlatermla. ¦ ¦ ' "
soladores para os que muito justamente se
preocupam com o Brasil de amanha.
eloqüentes. Mostram aspectos do Hospital 8. • s_ : _h^5
li _B . ?.-9/¦ fl——. m\ fl_1 V I " ' i _i __
Severino, verdadeira obra prima de arqui- Orientados por três assistentes sociais
81NTESE DOS SERVIÇOS DE
Sorocaba é, sobretudo, uma cidade trepl- tetura, onde os mínimos detalhes foram con-
ASSISTÊNCIA SOCIAL cionam grêmios literários e dramáticos, fun-as-
dante. O rumor dos mancais insaciáveis por siderados pára melhor aproveitamento ao nociações desportivas e cursos de educaçàc
Óleo, os apitos das sirenes das fábricas, o vai- fim a que se destina. é a harmonia da ciên- doméstica que reúnem numerosos operários. i
e-vem constante dos caminhões que trans- cia do engenheiro com a ciência do médico
portam para a boca das grandes indústrias a ditar o conforto humano, o conforto dos Para se ter uma idéia da extensão dos be-
a matéria prima, e dessas para as estações que buscam repouso, dos que necessitam de J nefíclos gratuitamente prestados, basta aflr- Isto é um pouco da vida das fábricas per- _HB «rã__M_
> __pf}
B__fl_____B__B___B____i
ferroviárias e rodoviárias a matéria já ma- fazer cessar as suas dores. A moderna vila 1 mer-se que, em 1945, foram matriculadas, tenceptes ft Companhia Nacional de Estam- __¦_

nufacturada, a onda humana vestida de ma- operária, com residências confortáveis, tô- *; nas creches e Escola Maternal, 722 crianças paria, onde o gênio administrativo de um - BBr^H :v BflH__r "^J_B
'
BB. BB b_B ' I
cacóes que entra e sal para o trabalho en- das com Instalações sanitárias e higiênicas; que receberam cerca de 245.0&0 refeições. O homem nio foi perturbado pelo seu coração 1
chem os olhos e os sentidos do visitante de serviço médico aplicou, nestas crianças, estuante de bondade, de amor ao próximo.
duas creches; estádio para aporta, cinema, _ _. ~"***™""*"' — BB______HB _t^íh . *_____... w/ . *i .^_jP*
justificado orgulho. Sorocaba é um símbolo maternidade, Grupo Escolar, Escola Senai, 4.580 injeções e 7.933 curativos, dando-lhes As assistentes sociais da Companhia Na-
ainda 5.112 consultas. Isto é a obra do Sr. Severino Pereira da crianças matriculadas na Creche Santa Ro-
Mantida pela Companhia e fiscalizada pelo nos. prepara a juventude de Sorocaba para do progresso paulista e da capacidade dos serviço médico de assistência domiciliar, ser- cional de Estamparia, orientadas pelo ser-
Indus- nossos operários e administradores. viço de visitadoras sociais e nutricionistas. Silva, É orgulho de Sorocaba, a "Manches. viço médico especializado do Hospital São
sália. O flagrante acima documenta elo-
SEN AI, a Escola de Aprendizagem o trabalho do Brasil-industrial de amanhã. Foram internadas nas clínicas especializa- ter Paulista". fluentemente os inestimáveis serviços que a
trial, com a matrícula de mais de 200 alu- Severino, organizaram um concurso de ro- Companhia presta com a sua assistência à
bastes infantil no Natal de 1945, entre as infância.

______!__¦ __¦_' _^_f r _____ p_ib _BQ I ______ ¦ _8_t¦ *" j—s , i SBíbí j-'*-^^™**^™'B_Bfl' í.-___^t_—' ^^^ ¦¦ _r^^¦ __ET *¦ "*"-* _3S_k ^__3 _i \_bs °- ^_ _-' ¦ _________¦ --*ls^ * *" ¦ ^_^^ ^_ » __r ¦ _,-'_-'' -

Bb___sã^_____________! '' ___ ¦"'*_ B———*-—¦—^-. ___B____I Bfl_____^_Í_B___B_l ^^**4 I _Pfl_l BflBJ v _l \ ¦ * -B_L. __jmm_é__B_I ^Y^___(flfl __¦_¦ "^^^_b_ Bb~BIP__ • jb_______m__e» ^___B_^^fl__F _S__ 9& _F

tal pizo de tacos, instalações sanitárias, mensais. ;';_r",,We Natais felizes. &_ 1945, como nos t„ iafaatfl.

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Repercute, ainda, em todas as carhaaâs so- campanhas políticas atingem aô auge do,en-f
ciais a morte de Catulo da Paixão Cearense, tusiasmo. Patrocínio eletrlza multidões com'
o grande bardo sertanejo. As manifestações a arrogância das suas palavras. Rui Barbosa

TULO
de reverência à memória do cantor do "Luar enche de orgulho a nacionalidade com o fui-
do Sertão" continuam a se fazer sentir. Jus-
to, portanto, que se rememore, em pincela- _____r ' gor da sua inteligência e com o fascínio da
sua cultura.
das largas, o fim do século XIX e o alvore-
Que é isso se não o Rio de Janeiro, centro
cer do século dos nossos dias, quando Catulo, irradiador da cultura nacional, de braços
integrando a notável equipe de boêmios, de abertos para o progresso, para as maravilhas
menestréis que escreviam os seu» poemas de do conhecimento humano, berço de um pais
angústia, de amor, de esperança e vida nas

MODERNIZAÇÃO
em marcha para as conquistas universais?
noites trepidantes de boêmia, sentia, como
todos da roda alegre, as vestes e as fronte
banhadas pelo orvalho da madrugada.
O Rio de Janeiro, então, com os seus ca- Hoje, o, Rio de Janeiro é a cidade mara-
fés repletos, povoados de mocidade, com or- vilhosa. Suas avenidas bem traçadas, a ma-
questras animadas, refletia perfeitamente a jestade arquitetônica dos seus prédios, o ren-
agitação de uma cidade que se fixava nos dilhado das suas praias, seus pontos pitores-

DO RIO DE JANEIRO
alicerces de um grande futuro. Os últimos cos arrancam exclamações embevecidas dos
dias do século dezenove e os primeiros do visitantes.
século XX estabeleceram o meridiano que Cultua-se a memória dos seus líderes do
separaria o Rio de Janeiro — cidade antiga, pasado, dos construtores da nossa cultura,
dos quiosques, das ruas estreitas e pouco dos menestréis boêmios que dissipavam a sua
ventiladas; para o. Rio — cidade moderna, inteligência nas noitadas alegres.
estuante de iluminação, de largas avenidas, Desapareceram os quiosques, os bondinhos
enfim, o Rio — cidade maravilhosa. E foi de burros, os armazéns iluminados peto can-
nesse período de transição, quando as picare- •subalimentados, dieiro fumegante onde os caixeiros esquãli-
tas do progresso enchiam de poeira sufocan- de mau humor permanente vorecer do século vinte vinham as esperanças
dos sentiam a apavorante aproximação da
te os gritos dos conservadores epicamente e doentio, corriam de um lado para outro sob do progresso, das conquistas da sabedoria tuberculose.
retrõgados, ê que Emilio de Menezes. Olavo o comando vigilante e inamistoso de patrões humana. Resta uma pergunta. Quem sabe se O Rio é, atualmente, uma grande cidade.
Bilac, Patrocínio, Pardal Mallet, Paula Ney, suarentos e bem nutridos.que aconchegavam não foram nas calçadas das ruas do Ouvidor Que diferente é o seu comércio de hoje da-
Coelho Neto, Catulo e outros cantavam os ao peito, com requintes maternais, o peso e Gonçalves Dias que os reformadores se ins- "onça"! Tem organiza-
quele do tempo do
seus poemas maravilhosos, ostentando a púr- fraudulento, o amigo maior da sua prosperi- piraram, ou melhor, se imbuíram da necessi- de trabalho, atenção para com o público,
dade. Não havia horário certo para o fun- dade de rasgar novas ruas, de decretar guer- ção
pura divina da inteligência cintilante, sob as ra aos lampeões, ao comércio imundo dos honestidade nas transações. Quem nâo se em-
aclamações dos admiradores que os cerca- cionamento do comércio. Altas horas da noi- bevece, por exemplo, com a ordem e a aten-
vam. E quase sempre a madrugada tranqüila te, sob a luz bruxoleante de lampeões fuma- quiosques, etc?
rentos, o pobre caixeiro ainda se desdobrava ção das graciosas vendedoras das Lojas Ame-
e sangrenta de luz os vinha surpreender nas
ricanas, que foram, praticamente, as pionei-
mesas dos cafés transformados em berços da em energias na arrumação das prateleiras,
ras do trabalho feminino, entre nõs, propor-
inspiração poética. Alguns deles mais vividos, atendendo fregueses retardatários. Nos salões de Botafogo, nas grandes man-
Naquela época não se admitia ó trabalho cionando à mulher vencer as barreiras dos
outros ainda iniciados na longa carreira das soes de São Cristóvão e Laranjeiras o piano
letras e na fugaz aventura da boêmia,' porém feminino no comércio. Mormente no balcão. mantinha o seu preconceitos sociais e conquistar mesmo, em
Dentro da noite vários pontos, a preferência para certos, car-
todos irmanados num só desejo: viver, viver Devia dedicar-se, exclusivamente, aos miste- calma os acordes prestígio. do "minueto", da "polka"
res do lar. Esgrimindo as suas agulhas de
boemiamente, construir algo de belo tomando "tricot" gcs. Sempre amáveis, prontas a sugerir e a
como tema a própria vida que eles dissipa- das vidraças passava a carioca a espiar através ecoavam. Já nesse período o violão, instru- esclarecer as conveniências da compra da
a agitação de uma cidade atra- mento considerado violador dos princípios freguesia, são verdadeiras sentinelas em de-
vam ao sabor das noitadas alegres. sada e onde o comércio era o seu melhor da boa ética familiar, tangido dos meios da
alta sociedade, era dedilhado nos bailes pú-
fesa da boa ordem, do conceito do nosno co- 4
reflexo. mércio. Assim como nas Lojas Americanas,
Afora as casas de modas das ruas do Ou- blicos, nos bares, etc. Foi aí que surgiu Ca- outras casas também mantém uma equipe de
vidor e Gonçalves Dias, nas confeitarias, ca- tulo da Paixão Cearense. Cantando modi- jovens alegres e graciosas para atender o pú-
Enquanto o pequeno grupo traçava diretri- fés, livrarias ali também localizadas,
tudo o nhas, rimando com perfeição, trouxe até o blico. Nas formosas e ricas vitrinas do cen-
zes para a literatura nacional, enchendo as mais era
i a verdadeira antítese do que hoje Rio de Janeiro a poesia dos nossos irmãos tro da cidade o transeunte percebe o dedo

I
prateleiras das livrarias, povoando de ane- se compreende por comércio. Aquelas vias sertanejos. Seu nome foi se tornando conhe- mágico e feminino do bom gosto na arruma-
s! dotas e trocadilhos magníficos a cidade, os e mais os largos de São Francisco e ei do e pouco a pouco conseguiu penetrar,
públicas ção, na apresentação da mercadoria exposta
centros do mundanismo, havia, desgraçada- Carioca, eram os
mente a se firmar no atraso, a modalidade pontos preferidos para o com o seu amigo violão, os umbrais das gran- à venda.
des casas residenciais. Há exceções, sem dúvida, que são anoma-
de comércio. desfile da elegância feminina. Senhoras e se- O Rio de Janeiro vive essa época o mo- lias que o tempo há de corrigir.
A cidade era suja e monótona. As rodas nhoritas, de saias rodadas e leques pompo- mento decisivo da sua evolução. Água em
das vitorias, dos "tilburys" e dos "troleys" sos, de gigantescos e complicados chapéus, abundância é colocada ã disposição da
popula-
riscavam as lages que constituíam o calça- faziam o "footihg" durante a tarde, enchen- ção. Cientistas incompreendidos traçam os
mento das ruas. O bondezinho puxado a bur- do o ar daquelas ruas do aroma inebriante rumos da higiene da cidade. As co- Catulo, autor do "Marrueiro", poema en-
ros era um convite ao sono. Nas sinuosas de essências raras. A porta das confeitarias, meçam a tarefa da demolição daspicaretas casas anti- cantador de ternura cabocla; cantor do "Luar
vielas, nas ladeiras imundas, os indolentes dos cafés, ao longo das calçadas os rapazes higiênicas e sombrias. Rasgam-se novas do Sertão", síntese maravilhosa das belezas
ave-
e alcoólatras inveterados estabeleciam as da época, e também os senhores de atitudes nidas. Os trilhos dos bondes elétricos são da nossa terra, foi um grande amigo da ei-
as-
bancas do baralho onde tinham começo e graves, de cabelos grisalhos e colarinhos sentados. O asfalto cobre de negro o calça- dade de São Sebastião do Rio de Janeiro.
fim o vício, a deliquência, a honra... "guilhotinescos", assistiam ao desfile mun- mento de paralelepípedos. Os teatros anun- Aqui repousam os seus restos mortais. Por
O comércio daquela época... Com raríssi- dano da alta sociedade. ciam grandes companhias. O "Lírico" recebe isso, pelo grande amor que devotou a esta
mas exceções, era profunda e paradoxalmen- Estava o Rio de Janeiro vivendo os últimos a visita dos mais famosos cantores do mun- cidade, é que seus filhos cultuarão através
te pouco comerciável. Atrás dos balcões in- lances do século dezenove. O calendário des- do. Claudia Muzzio, Caruso, Titã Ruffo dos tempos a sua memória, a memória do
e ou-
diferentes à higiene, rapazolas esquálidos, folhava-se monotonamente, porém, com o ai- tros arrancam aclamações frenéticas. As grande bardo sertanejo.

Catulo que fugisse dali enquanto era tempo, cantando a "Ave-Maria" de.Tosti, por êle Bem, Sr. ministro I Eu
concorreria
(Continuação da página 26) pois senão seria preso com aquela bomba. traduzida. com uma "Singer".
O homuem tremia e só se acalmou quando Algumas senhoras não compreenderam ...O ministro, recuperando a calmja, per-
O cantor insigne já ia avançando na Catulo, abrindo a misteriosa caixa, mostrou bem a intenção do autor de "Ote olhos guntou:
idade e naturalmente via suas energias de- o seu inocente e glorioso violão. dela" mas, o Dr. Hermenegildo chorava de Mas a "Singer" não é
de costura?
crescerem.-. Os dois amigos combinaram en- Catulo foi recebido em Palácio pelo pre- emoção. Catulo de joelhos, só se levantou E Catulo, rapidamente, senhor de si:
tão ajudá-lo e de fato conseguira,!., a no- sidente, pelos ministros, chefe de Policia, quando a procissão já ia ao longe. •— Mas eu não disse
a V. Excia. que não
meação de Catulo da Paixão Cearense para presidentes da Câmara e do Senado e ou- tenho preferência ? I...
o lugar de dactilógrafo daquele Ministério. trás autoridades. Meia hora depois, com a
O autor da "Caboca de Caxangá" atra- sua arte prodigiosa, Catulo transformava
vessou o governo Epitácio Pessoa, o do aquele ambiente solene c convencional nu- POETA, ETERNAMENTE l
presidente Arrhur Bernardes, e continuou ma verdadeira festa do espirito, alegre, es- O ministro
conservado pelos ddmais. O Sr. Arfhur pontânea, intima. Dactilógrafo, para escrever seu liuro de ^"Terra caida" Pedro Lassa considerava a
Terminada a tertúlia, o Dr. Bernardes "Memórias" ! como um dos trabalhos mais
Bernardes quis, porém, saber do próprio Ca- \ belos saído da inteligência humana. E disse,
tulo há quanto tdmlpo era dactilógrafo,. sen- disse ao ministro Francisco Sá: "Catulo, também, que a divina canção de Catulo,
do de admirar que exercesse essa função um — Nunca pensei que esse homem fosse genialmente, Luar do Sertão", era o hino nacional do
grande poeta, Catulo não teve dúvidas e tão aciodcsto. Quanto à bebida, penso ser procura uma rima eimi "inger" sentimento brasileiro. Quando no Supremo
uma das cabeças unais fortes do mundo ! "rimar" suas "Memórias"
informou: pra Tribunal Federall foi relator contra uma
— Sr. presidente, sou dactilógrafo, mas na sua máquina "Singer" l oçao de terra caida disse terminando a
sem máquina 1... (Do Folc-lore carioca). leitura:
r— "Se fosse a "Terra caida", de Catulo,
Um dos violinistas que durante alguns
anos acompanharam ao violão o genial autor .eu dava o meu voto a favor".
A MODÉSTIA DE CATULO do "Luar do Sertão", organizou, certa vez, O caso é verídico e aconteceu ai pelas ai-
uma festa em seu beneficio, em um cinema turas de 1930, depois que o Sr. Getulio
"Vargas
Convidado pelo presidente Epitácio Pes- alssumiu o governo da 'República.
-soa para cantar e recitar no Palácio Rio de Niterói, na qual seria figura principal
o cantor da natureza do Brasil. Todos se ltiiubram daquele período de Catulo cantando e recitando am casa t?»
Negro, cm Petrópolis, Catulo, encontrando transição entre os dois regimes, quando Dr. Silva Mello, médico notável, o qual
o Palácio todo iluminado, não entrou, pen- Erma 20 horas c o bencficiadS saiu como
louco à iprocura de Catulo. Foi encontrá-lo ainda não podiam estar bem definidas as promoveu uma festa em homenagem ao
sando haver alguma reunião solene. tendências da revolução de outubro. Em grande sábio francês "O Ceorgcs Dumas, reci-
Depois, foi informado de que o presi- em casa de i_in_ amigo. Fez-lhe ver, aflito,
que a caísa estava cheia e não havia' teimpo todos os Ministérios notava-se uma ativi- tando o seu poema sol e a lua" des-
dente, nessa noite, o esperava no salão dade febril no estudo da situação de cada pertou desse ilustre intelectual esta frase:
a perder, pois o espetáculo começaria às 20 — "Este
principal, dm companhia de aimigos. O au- horas. Catulo bateu o pé e disse que não funcionário. Revendo a lista de dactiló- poema é uma obra-prima c vai
tor do "Talento e Formosura" caiu das nu- do seu departamento, fazer com que eu leia toda a obra de
vens e no outro dia aparecia em Palácio iria porque estava comprometido para uma grafos o então mi- '"
serenata. Repetindo-lhe o recitalista que o nistro da Viação, José Américo, encontrou Catulo". "
.de violão em punho. • um nome que lhe despertou todo o inte-

íà
O Dr. Epitácio riu-se muito da encan- poeta era a única figura de real interesse
e o motivo único da grande enchente do rêsse:
tadora modéstia do aédo maranhense, pois ¦— Catulo da Paixão Cearense l
havia mandado iluminar o Rio Negro espe- cinema, Catulo deu-lhe esta resposta que
cialmente para recebê-lo. define a sua incomparável vocação artls- S. 'lixeia. admirou-se e perguntou ao Passando às duas ihoras da madrugada
tica: seu diretor geral: pelo largo de São Francisco, Catulo viu
— Senhor, se a "Sua" casa está cheia, Êstc Catulo será o nosso grande Ca- um hdmem na sua frente dar um enorme
a "Minha" lua, esta noite, também está tulo, o nosso grande poeta nacional, o ma- pontiiipé num cachorrinho que passava. O
Catulo foi convidado para uma grande cheia... E entre a "Sua" casa cheia e a ravilhoso violonista e cantor ? I bêbedo, vendo Catulo, tirou chapéu, di-
lua... eu prefiro a lua, que é a minha Ouvindo a reisposta afirmativa, o minis- f. endo-ühe:
festb, mas às tantas da noite disseram-lhe tro (mandou chamar Catulo, que não se fez — "Mestre, perdão".
suprema inspiradora !
que o dono da casa, Um médico cujo noWe O beneficiado saiu pegando fogo 1 As 22 esperar.
silenciamos, havia esbofeteado a própria Então — indagou S. Excia. — o Sr.
esposa. horas, cansada de esperar, a platéia rompeu
nufreia vaia estrondosa a êle enquanto Ca- é mesmo dactilógrafo ?
Catulo improvisou um lundu alusivo ao tulo cantava numa serenata, à rua da Ca- Sim, Sr. ministro. Estando Catulo na Estação da Piedade,
caso e acabou partindo sumariamente o vio- Qual a imáquina da sua
lão na cabeça do médico valentaço. Ca- pela, na Piedade, tecendo elogios à beleza preferência ? entre vários amigos, dentre os quais se
da lua cheia I... Não tenho preferência. destacavam o jornalista fluminense Mario
tulo era mesmo valente e mestre na ca- Mas, — insistiu o ministro, com bom José de Almeida, o tenente José Tiburcio
poeira I... humor, antegozando as dificuldades dacti- Gonçalves Ca|moz e o Sr. José Bandeira
lográficas do imortal autor do "Luar do Brandão, recebeu um do general
. Boêmia ? Sim I Mas boêmia que, às vê- Sertão'? — todo dactilógrafo tem preferên- Pinheiro Machado, que portadorlhe disse:
zes, era um surto religioso da' alma pura cia por tipo de máquina. "Seu Catulo, o general mandou cha-
i-j-ti plena revolução, o presidente Arthur —i Mas eu sou mestre cm uma I má-lo".
Bernardes mandou convidar Catulo para re- do grande trovador maranhense. '— Diga-me, então, o nomequalquer
da máquina Catulo perguntou:
citar e cantar no Palácio do Catete. Mas foi Mssim que êle me mandou
O afalnadissimo e popuiarissimo violo- Querem a prova ? qm| que concorreria a um campeonato dactl-
Na tarde de uma sexta-feira santa, ao lográfico, universal. chamar ?
nista, músico e cantor, tomando um au- passar a procissão do Senhor Morto, em Catulo pensou, cismou, rememorou Foi, sim. Sr, disse-lhe o portador.
tomovel no largo da Lapa, com o seu inse- Jacarepa*uá, r_umo à igrejinha da Pena, Ca- to- Catulo retirando-se com seus amigos para
dofs os nomes de máquinas de todas as "farra" artística,
parávcl violão na caixa, dirigiu-se ao Ca- tulo que estava cantando em casa do Dr. espécies, deste (planeta e fora dele e, se- uma Diga respondeu-lhe:
tete. Somente no largo da Glória é que Hermenegildo de Morais, na Porta d*Agua, reno e impávido, ajeitou os óculos, firmou ao general que não vou porque
o "chauffcur" notou a caixa do violão. O saiu à rua, empunhando o seu -maravilhoso o olhar penetrante e respondeu; pensando não soa soldado.
bom rapaz assustou-se deveras e suplicou a violão e, alma em prece, soltou a voz, até c/m locomotivas : (Conclui na pagina seguinte)

A.KfllTE PAG. 32 — 19-7-1946


mmmmmm$*r~ ^-n-*-•--¦¦*--- . — - - -

tJ (CONCLUSÃO DA PAGINA ANTERIOR)

Pinheiro Machado, homem de espírito


^^èla^ilhlP^ "Díim Carlos"
em t$??*?'
*
Jnei"-nojltef mandou bater
•Discutiram. E tais foram os argumentos
apresentados por Catulo,
cedor dos^ clássicos, q,ue oprofundo
conhe-
gramático in-
cussão medonha a propósito do verso~dà
canção "Sertanejo enamorado":
"Como eu sou rico se floresce
fino, compreendeu bdm, o alcance da d? certiaUmTír essa ™™ signe acabou concordando com o ca-
res- *i q- C ?"°curando
foi encontrada. Ca- a regência fezal". I
, posta do poeta, músico e cantor e con- tiil« 7&
tuio í*ínal
já havia bebido de tudo, mas C castiça empregada pelo autor da "Cabôca
Capistrano de Albreu disse a Catulo:
SEu ItTf? Vra s»»^S Pre-
cordou: de Caxangã". —-' "Na sua zona — o Maranhão —
— "Êle tem razão". fim da fe(sta- Saindo às não
tJ» a. a aua- pode haver cafezal".
Após trêb dias, Catulo recebeu do "Mas o meu
gene- aisse ao Dr. Manoel Bonfim: SEM AS INTERJEIÇÕES DAQUELE pereonage/m é do Brasil.
ral uma carta muito polida, convidando-o E nômade, é um repsódo andando
uma festa em sua casa, prova de que se B?nf*n\nunca °"vi um SENHOR pelo
Brasil, e a canção fala das sua's recorda-
para canlar ifü homem
arrependera do modo seco do ções", respondeu-lhe Catulo.
"convite". pri/meiro : Dona Joana Leal, a autora de "Queixu- O velho historiador ajeitou o chapéu cin-
mes", tocava esta valsa ao piano, na chá- zento desabado e, negligentemente,
Ao chegar Catulo à casa de Pinheiro Ma- cara do conhecido leiloeiro Assis Carneiro, derou: pon-
¦ohado, repleta de convidados o na Piedade. Catulo dizia, exclamando: "Tem razão ! O cantor
general dis- Bravos, bravissJtmo ! é do Norte
se-lhe: O CATULO ESTARÁ' DOIDO INDO TANTO mas quem nos diz qm qUe ponto do ter-
"Sr. Catulo temos em casa O conselheiro Magalhães Castro, respei- ritono nacional levantou sua choça,
.—• todas as A REPARTIÇÃO ?
espécies de bebidas. Que deseja tomar ?". tável amigo do exilado imperador, pediu seu cafezal e recordou o sen plantou
"bis", recomendando: passado?"
Catulo respondeu-lhe: Kermes da Fonseca nomeando
ro?..'ím«c!haí
Catulo fiscal geral da Imprensa Nacional "Sem as interjeições daquele senhor".
ficou estupefacto quando soube Catulo levantou-se, com a sua indignação
que durante
sete meses, Catulo havia ido três' artística tão conhecida dos presentes: 0_ major Bernardo Mariano de Oliveira^
(Conclusão da pagina 9) S "íMas, V. Excia. sabe o
que significa irmão do principe dos poetas brasileiros!
esirSida:E ^^^ a° qUe 1,he de« a interjeição na evolução da alma humana? Alberto de Oliveira, foi chamado ao
gabi-
cheguei a pensa que a noite, Diante das estréias, em • pleno Paraíso, 'por-
a noite da Máe de Cristo,
i tinha sido cunvidada
repIrtTçSn» *?# doMo'- ÍDd° tanto * prilmfeiros^ seres tiveram interjeições,
os nete do ministro da Viação, Sr. José Ame-
rico de Almeida, a fim de verificar, com
que interjeições representam uma expressão este, o nofme na lista dos funcionários...
prá festa do Zé Pacü! do idiomà-universal, de todo e qualquer E foi lendo o autor da "Bagaceira". A certa
povo... altura perguntou:
Sartei no barco velêro, Há, entre as inúmeras modinhas E citou exemplos maravilhosos de éru- •—- "A não ser que seja o
e a viola temperando, de Ca- dição e de talento... grande poeta
tuio, uma que diz: nacional, que quer dizer este nome aqui —
bejei as águas do rio, Alguém disse ao conselheiro: Catulo da Paixão Cearense ?"
e fui cantando e cantando: fazes fiem *?uerer os anjos "Este é Catulo..."
pa- "Mas é o grande
..decer."/? "O senhor é Catulo da Paixão Cearen- ..."Então poeta, é Catulo !
Sinhô, quando andava Ora, em certa residência, Catulo poderá o major dizer-lhe
^«Nosso tíizerto, a referida modinha na presença cantava se ? Oh ! queira * perdoar-me, eu não o co- que enquanto eu for ministro, êle
pulos a reza, do notável nhecia pessoalmente... pode dis-
gostava de uví São Pedro Wólogo maranhense Hametério
José dos por da minha equidade. Tudo farei para
na viola puntiá. Sá?»?.»., seu conterrâneo. O E com uma interjeição, o conselheiro foi prestigiá-flo, é uma glória do Brasil !"
professor He- abraçado pelo maravilhoso autor de "Ontelm E Catulo, admirador e amigo literário de
qUC a frASe deVla Ser assira ao luar". José Américo, nunca solicitou nada, conti-
^São Pedro diz que a viola wnst1uJ<hf!naVa
foi feita, num disafio, nuou a assinar o ponto, tal qual seu con-
.7* fazes Bem «uerer os anjos
da canoa im que êlè andava
cum o Cristo a pesca no rio.
„r~c rti
et* . pade- terrâneo Arthur Azevedo, Machado de Assis, m
Com Capi&trano de Abreu houve uma dis- Agripino Grieco, seus colegas de turma bu-
rocratica.
^NSo foi feita da canoa,
mas porém da sua cruz!
^A viola ainda sofre
"tudo
"Quando
o que sofreu Jesus! I
Deus fez a viola
e cumecou a canta,
Mseu coração ficou roxo,
cumo a frô do mánacá'!...

^TJeus é o rei dos violêro


quando canta o seu amo,
Mnas corda santa da lua,
cnie é a viola do. Sinhô!"
E fui remando,.. remando..
E há duas hora eu remava
e um bom cigarro
de paia de tauarí, pitava
quando abispei a barraca
do veio pai de Maibí.
Miais umas* duas remada
"e,
entonce, filíz, cheguei!
No porto, entre as canarana
a igarite amarrei!
Ali, na bêra do rio,
manso, cumo uma làgôa,
os cunvidado da festa
vinha chegando e sartando
duma prução de canoa.
Nunca vi tanta cariôa,
atupetada de gente!
As água mansa do rio,
todo inrugado, increspado,
se ria inte de contente!
A casa táva no arto!
Pulo um caminho insombrado,
assubi pulo barranco!...
fcvisguei pulo terrêro!...
Quebrei do lado da mata,
onde tinha um assacuzêro!...
A barraca do cabôco
táva toda inluminada
e quage toda afogada
numa moita de abiêro!

[êi táva no meio


das vela, ]}zv*4^Jt^0' ^StWtj /V%/^lA_T m * M /4<AA 1/ **
morena e toda istreladà, g££-^-- ém^S&gk PSSÍ "^
rezando, cumo uma istrela, \\\%LíA
™ OkVáfxX -V -_•
— . %— b^**8bbEEw! Irm* • N*' wWWlJ^W W W^mjf I —"

Era o samba e era ela, 1/Ljajl^ ^^ W


^^^^""^"^^^^t sú ^^P

M Do lado da caiçara, m *9 *^
¦U •% éW-Ti
*M â â - 111 1 mJ%Jv*
na quina da ribancêra, Vu\ _v ¦ A U m}m^s*m'
_lá áfú mmJm\j\/WMrmr
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me iscundi atrás do tronco ^bbb—^^-f^bíA^'
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| /MàfuM Ê M MWV^ ^_sb___I
duma veia piranhêra. ^*««asat»»^
li^íf W\JwWW _^__«__ií»^^^í
Quando avistei a cabôca, Q ^^
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Ai, meu Deus, cumo é bunita ^^«sã_i ^^^^^
^*~^~~~~~ —^-i^"^**
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a morte duma sôdadeü ^^^^^ '0*^ ~~

JL immWkVL PAG. 33 - 19-7-19467


¦'¦ ¦ ,>,mÉmm!sÊÊÊÊÊa
'^Ctearease"'.
fru» da Paixão O imprudente rava os seus compromissos e as suas ami- __ que pede entrada no eéo", fil-
amigo ficou arrasado. Titubeou para se jus- zades. O grande poeta do sertão hão era, tíma criação do grande catulo, é, a meu ver,

CATULO tiíicar, alegando por fim que conhecia coi-


sa esparsas, que lhe não davam liem a idéia
da grandeza desse poeta admirável. Aliás,
diga-se de passagem que esse cavalheiro, não
possuo a justa medida de suas atitades. Um
entretanto, amigo apenas dos artistas vito- uma notável peça teatral.
riosos, prósperos, feuzes, na sua profissão. essa qualidade por possuir as virtudes ,má-
Era amigo também dos humildes, dos mo- ximas do teatro: — carpintaria e simplici- ,
destes, dos obscuros. Benjamin de Oliveira, dade de expressão: Além disso, o tema esco-
o velho palhaço negro, que foi uma figura lhido pelo poeta enquadra-se dentro do mo-
Recohheço^lhe

dia ofereceu-me um livro com uma dedica- ppmüaiSssima da vida circense brasileira, demo espirito da dramaturgia, que é numa-

E OS tória na qual confessava que devia a mim


a realização daquela obra e, tempos depois,
entrevistado por um Jornal do Sul, aietia-me
a ronca a mais não poder.."
era um desses amigos que Catulo cultivava. nisar os .deuses ou divinizar os homens. Ne-
Quando Benjamin de Oliveira (eompletou nhum assunto, mais importante do que sête>
meio século de atividade no pkadetro, Ca- preocupa tanto o pensamento do "vale
tulo da Paixão Cearense lamentou náo po- atual. Diante de tanta dor neste
der comparecer, por motivo de saúde, á f es- lagrimas", o homem espera ansioso a res-
mundo
de .
Outra grande amizade de Catulo era a bri- ta do velho palhaço, em que gostaria de posta que há de vir do infinito ou de den-

ARTISTAS Ibante e popular artista portuguesa Beatriz


Costa, há cerca de dez anos radicada no
Brasil. Nos papeis de Catulo há a copia
de um bilhete por êle dirigido a Beatriz
Costa, deplorando um desencontro havido
entre ambos. Catulo havia combinado vê-la,
tomar parte, com o seu violão. Mas, im-: tro de si mesmo. Afinal, os olhos divinos
pedido, Catulo náo deixou de se associar ainda estão voltados para nós, ou os San-
ao acontecimento, enviando a Benjamin de tos já se esqueceram da terra ? No encontro
Oliveira esta vibrante saudação: do homem com os Santos, Catulo mostra-
nos claramente a diferença entre a terra e
Benjamin: o céu, dando ao nosso semelhante a glória
no teatro, não a encontrando, porém, por se TJm imprevisto rouba-me a satisfação de de ser tão grande quanto eles. O animal
(CONCLUSÃO DA PÁGINA* 6 achar enferma a artista. Zangou-se e, dai, está contigo na tua festa de jubileu, em humano, evoluindo dentro do sofrimento,
o bilhete. Com toda a zanga, mesmo amea- que se vê como um artista popular pode apresenta razões indestrutíveis perante a di-
tão e Joracy, continuávamos calados. Dei- çando nunca mais procurar a amiga, Ca- tocar o coração dos intelectuais, qué vão re- vindade. Os Santos • espantam-se a princí-
xavamos o homenrinbo falar. Na casa de tulo náo deixa, entretanto, de frisar mais cordar nesta noite as noites que passaram pio; depois compreendem; e terminam por
Maria Margarida, Joracy me chamou para uma vez a grande estima em que a tem. E' na mocidade, aplaudindo as tuas pilhérias, admirar esse mesquinho ser que anda cá por
um canto e disse-me: "Desconfio que este este o interessante bilhete, datado de 1937: num picadeiro da circo, — o palco dos teus baixo, como um micróbio. Resta agora sa-
malandro não conhece, nada de Catulo*'. triunfes de outrora. ber se os Sanots se humanizarão. O homem,
Quando julgares oportuno recita o "Tes- Beatriz: Boje, que perfazes meio século de vida cir- no poema, fala-lhes de maneira tão convin-
tamento da Arvore'', mas não.digas de qeum Fiz um enorme sacrifício para estar aí, ás cense, recebendo tantas palmas de amigos cente que é de esperar este —fenômeno. Eis r
é. Assim fia Depois do chá que nos ofe- 3 horas, segundo foi combinado. Vi que, de e apreciadores, envio-te, espiritualmnte, um a grande virtude da obra o embaraço
redeu a pintora, anunciei versos de um fato, estavas doente. Mas.senti e senti muito abraço, abraço de saudades, pois que a tua da divindade ante o raciocínio do homem.
poeta' nosso. O tal amigo, tomou logo uma e muito que náo me tivesses telefonado, hoje, juventude é irmã gêmea da minha juven- Esta é a idéia. Agora, a técnica. Catulo fê-la
pôsje catedratica de jexaminador. Recitei de manhã cedo, para o 22-6946, dizendo esta- tude de boêmio. em verso. Porém soube fazer seus persona-
o Testamento da Arvore. Ao terminar, ele res enferma, justificando a tua ausência, que Ês feliz, porque estou certo de que, quando gens falarem a sua própria linguagem. O
ansioso perguntou emocionado: "Quem seria, neste caso, muito natural. Náo dese-
é esse grande poeta! Que maravilha! Que jando mais importunar-te e melindrado com terminares a tua última representação nos humano usa a linguagem desalinhavada, por
do nosso pia-
circos da terra, irás logo para o céu, onde vezes irreverente, do habitante linguagem
imagens I Que espontaneidade !" Joracy essa falta, que considero grave, pois confesso levantarás um circo definitivo, para fteares neta. Os Santos utilizaram a se-
respondeu-lhe que só no fim diríamos o no- que sou de uma sensibilidade doentia, peço- sendo eternamente o Truão de Deus e o Pa- rena, bela, perfeita, como deve ser a lin-
me. O homenzinho estava nervoso, irrequie- te que náo estranhes náo procurar-te mais, maço dos Anjos I guagem do céo. Por vezes parece chocarem
to, mexia-se na cadeira, formigava de. an- o que náo impede que te deseje todas as E quando Dteus te perguntar: — Benja- certas expressões do homem. Pensando, po-
ciedade pelo nome do vate. Continuei a felicidades que um eoracáo humano min, que fizeste de bom, de e nobre rém, na sua condição, concluímos pela lo-
declamação, como o "Sol e'a Lua", "A lagoa", sejar a outro coração.. pode de- grande
ainda uma vir-
e algumas fábulas. Ao terminar, Joracy le- entre os teus compatrícios, tú lhe respon- gica de tais vocábulos. Há nunca é desres-
Catulo. deras, dançando uma chula e cantando uma tude a assinalar. O poeta
vanta-se e diz solenemente: "Meu caro ami- Rio, a-VHI-37. Não há idéia de sátira no seu poe-
go, nunca mais faça o que fez hoje. Não toada brasileira. pèitoso.
2 de agosto de 1M2. ma. Esta poderá nascer no espirito do espec-
arrisque juizos sobre o que não conhece. Os Esse bilhete é bem um retrato da Catulo Cearense tador, conforme o ponto de vista em que
versos que você acabou de ouvir, são de Ca- Catulo, da seriedade com que êlealma de
enca- êle se coloque. As reações de riso que o
Era assim Catulo... Uma alma generosa. poema -possa provocar, serão de inteira res-é
Um artista e um amigo dos artisttas... portabilidade de quem o ouve. O poeta
sincero. O personagem o é também na sua
"UM BOÊMIO NQ CÊO"
TÀRR ACHAS - MACHOS - AL ARG ADORES Por PBOCOPIO FERREIRA
argumentação. Os Santos são complacentes.
Todo3 estão no seu lugar. E a humanidade,
que anda desde o princípio do mundo ü
DE TODOS OS TIPOS E n procura da verdade, dirá por fim se "a alma
A propósito de "Um boêmio no céo", Pio- que pede entrada no céo*' deverá ficar lá,
copio escreveu as seguintes linhas que, ao ou se os deuses deverão descer á terra para,

CARDOSO & SOUZA lado de outras impressões, figuram na in- de hoje em diante, se sentirem melhor pe-
tradução dessa obra de Catulo: rante os homens''.

IMPORTADORES
FRÉZAS, MAQUINAS, ESMFRILHADORES
CAMERINO N. 20 TEL. 43-0550
0 LENHADOR
(CONCLUSÃO DA PAGINA 10 e ás vez, inté artas libra,
ficava, ali na jinela,
Era um rio que passava,

FARMÁCIA ALMAIA
uvindo o sonho das frôí
ali, n'aquele lugá!!
O rio tinha uma ponte, De minha, de minha ceda,
que nós chamemo — pinguela. lá ia sabe das rosa,
dos cravo das sêmpe-viva,
O hôme foi travessa! das manguinolla chêrosa,
Poz ò pé... Ia passando... se tinha drumido bem!
E a ponte rangeu, quebrando.,
e toca o bicho a nadáü! Tinha cuidado cum as rosa
:«...
DROGARIA — O bruto tava afogando,
que munta vó carinhosa
cum os seus netinho não tem!
v. ¦•
mas porém, sêmpe gritando:
"Socorro,
PERFUMARIA "Soccorro, meu
que
Deus, soecorro!
eu vou morre!!
Dizia a uma frô: "Bom dia!
"Cumo tá hoje vram*»!...**
<•]
"Eu juro a Deus, supricando, Dizia a outra: "Coitada!
"nunca mais na minha Tida
-• \ "Perdeu
m. "uma só árve ofende !!!
"Já sei seu foi!...
méí... Foi róbadaí
Foi a abêia!"
V Entonce, um verde ingazêro /
quem

Rua Bergamini, 104 - Tel. 29-3219 que táva im riba das água..,
isticou um braço verde,
dando ao hôme a sarvação!
Despois, cum pena das rosa,
que parece que chorava,
batia leve no gaio,
e as rosa dlsavexava
O hôme garrou no gaio, daqueles pingo de orvaio!
Engenho de Dentro Rio de Janeiro no gaio cum os .dente aterra.
foi assubindo... assubindo... Ia apanhando do chão,
_?D
e quando firmou im terra, as frô que no chão cala!
chorava, cumo um jobão!
Despois, cum as costa da mão,
Bêjando o gaio e chorando, alimpandç os pingo d'agua
dizia: "Munto
"Deus te faça, obrigado!' que vinha do coração,

IRMÃOS SILVA & CIA. LTDA.


abençoado,
"todo o ano tô verdô! batia im riba do peito,
"Vou rebenta meu machado I cumo quem fas cunfissão.
"Quero isquecê meu
"Náo serei passado! Quando no sino da ingrêja
mais lenhadô ! " tocava as Ave-Maria,
nos cantêro, ajueiado,
pidla a Deus pulas arma
das frô, que naquele dia
no jardim tinha interrado!
FERRAGENS, TINTAS, LOUÇAS, MADEL Despois d'esta jura santa, E agora, quando passava
prá tê de todas as pranta
RAS, MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO, PAPE- , a graça, o perdão intêro
junto das árve, cantando,
cheio d'agua carregando
i dos crime de hôme ruim, o seu veio regado,
LARIA E MIUDEZAS EM GERAL foi se fazê jardinêro, as árve, filia, contente,
e não fazia outra coisa que o lenhadô perduava,
slnão trata do jardim. no jardinêro atirava
as suas parma de frô!
À vó, que já carregava
mais de noventa janêro,
dizia que neste anulo NOTA: — Deste mesmo poema
RUA BERGAMINI, 352 - Fone: 294345 nunca viu um jardinêro, existe uma outra versão, mais ex»
que fosse tão bom ansim I tensa e em linguagem erudita,
Engenho de Dentro — Rio de Janeiro versão essa que foi incluída no vo-
Drumia todas as noite, lume intitulado "Poemas bravios"
dêxando a jinela aberta, e, posteriormente, em "Fábulas e
prá iscutá todo o rumo. alegorias".
A.flfllIE PAG. 34 — 19-7-1946
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dos episódios mais curiosos da vida dos bardos deste país habituado ao embalo de Rosalina Coelho Lisboa, a
de. Catulo foi a sua aparição, no palco, cantos esplêndidos. poetisa de "Rito
Pagão": — «o lugar de Catulo é na Acade-
UMno antigo cinema Central, vestido de
Nós dizemos dos adornos da pátria magni- mia".
vaqueiro, declamando e cantando os
seus prórrios versos,
"de três e quatro vezes' ao dia,, fica, de seu pujante esplendor, do heroísmo de DR. AUGUSTO LINHARES
num programa variedades que servia de seus filhos, da valia de sua gleba fecunda... sob o pseudônimo de "João, apenas", se ocu-
file quis mais. Desvendou-lhe os segredos do pou do caso no "Meu Bilhete", do extinto Jor-
complemento a um film. Catulo, quê era po-
bre, precisava ganhar a vida. Foi-lhe' ofereci- coração virgem e a pátria inteira estremeceu nal "A Pátria". E Monteiro Lobato escreveu, OUVIDOS — NARIZ
do um contrato, naquela casa de diversões, mas à salvagem magnificência, de vozes vitoriosas, na "a Manhã":
o empresário fazia questão de apresentá-lo libertadas por esse feiticeiro do verso e da E GARGANTA
vestido de couro, como um autêntico "cabra" imagem. Raros, dentre os capazes de sentir a CATULO — VOZ DA TERRA
harmonia e compreender a beleza, os que lhe
do Nordeste. Catulo capitulou. E sua apari-
ção como cantador, encourado e de barbas não sabem, nesta terra esplêndida, versos de O Brasil existe e insiste. Tem uma alma R. México, 98, 8.° —
postiças, despertou muitos comentários, entre cór... Por que não lhe buscam defender a caótica, Isto é, em formação, caos não signifi-
os quais os de Rosalina Coelho Lisboa, na quase velhice da necessidade de trabalhar para ca apenas desordem. Tem a carne sensível, Tel. 22-0515
A NOITE, e o de Monteiro Lobato, na "A Ma- viver?... O mais belo trabalho das cigarras é apesar dum sistema nervoso rudimentar, como
nhã", (incluído, mais tarde, no seu livro "Na o canto... O lugar de Catulo Cearense, um o das baleias. O Brasil é imenso. Desdobra-
Antevéspera'*). dos poetas máximos do Brasil, é na Academia se por 8.525.000 quilômetros perfeitamente RIO DE JANEIRO
Brasileira de Letras e não num palco de cine- quadrados, e até já passa disso, em virtude do
ma. aplastamento do morro do Castelo. Possui ter-
ras feracíssimas, como as roxas de S. Paulo,
e carrascals piores que os desertos da Líbia.
Foi este o comentário de Rosalina Coelho Zonas onde tudo são águas, pirarucus e Jaca-
Lisboa, então redatora da "Vida que pas- Esse comentário da poetisa de "Rito pa- rés truculentos, ao lado de zonas onde a seca Dr. Rizzo Assunção
sa...", na seção mundana de A NOITE: gâo" despertou vários outros. Diniz Júnior, periódica "Nesta sóterra
poupa as cactáceas.
se dá tudo", disse Vaz Cami-
Quando êle chegou á cidade orgulhosa, a cl- nha; "mas a formiga come tudo que se plan-
TRATAMENTO MODERNO. SEM
dade orgulhosa prostrou-se, rendida a seus OPERAÇÃO, DAS DOENÇAS DOS
pés, enamorada de sua arte, da voz estranha ta", acrescenta o Jeca, de cócoras na filoso-
fia da sua velha experiência. Talvez seja por OLHOS
que lhe dizia de estranhos prodígios... isso que na terra que dá tudo quem quer uma
Se Euclides da Cunha trouxe o sertão até
nós e nos fez sofrer a epopéica evocação de fruta adquire, a peso de ouro, nas joalherias, POLICLÍNICA
Canudos, esse cantor sertanejo nos levou em pêssegos da Califórnia, maçãs da Argentina,
uvas de Alicante.
sonho, até o sertão, levou os brasileiros arro-
gantes da civilização e do progresso ao como- Mas que dá tudo. dá. Dá café, cacau, coco R. Buenos Aires. 140.
vido orgulho dos brasileiros, filhos das selvas
bravias, das regiões de esplendor fabuloso on-
babaçu, mandioca, besouros enormes, coronéis
ainda maiores; dá papo, maleita, revoltosos. 3." andar — Das 8 às 12
legalistas, doutores, anofelinas, casebres de so-
de fremem, na glória da opulência e no tor-
mento da seca, o valor da gleba e o valor das papo e arranha-céus, academias de letras e e das 14 às 18 horas
gentes. reformas de ensino; dá Impostos e c ar rapa tos
Os poetas e escritores consagrados pela ma- devoradores de impostos; dá o algodão, com o
gia de arte abrolhando em renome, reuniram-
bbbbbI LbbbbbV --"* ^^HbBPSbH^¦¦'*f*: Jb^.*^l£ljBb2B-^Bb^B Bbk curuquerê ao lado; dá sempre o pró rente ao
se, entre euges e louvores, para exaltar seu
irmão de ideal. E ás mais longínquas cidades
contra, um pró magro e um gordo contra aue
o inutiliza. Músicas? Cordas?
desta pátria imensa chegou seu nome, aos Só não dá justiça.
mais tímidos espíritos como aos espíritos mais Desse, e o grande poeta nacional, esse Ca-
vaidosos falou a doçura dos seus versos e com tulo que ninguém ouve sem sentir dentro de CASA MOZART
êle chegava um pouco do encantamento ser- si o arrepio da raça, não estaria de barbas pos- 7 8et 65 (Em frente à Trav. Ouvidor)
ttnejo, e neles cantava, radiosamente, o mil a- tiças, num teatro, a trocar o arrepio de seus
gre do Brasil desconhecido. versos pela magra subsistência.
Catulo da Paixão Cearense... Rosalina Coelho Lisboa, voz harmoniosa
Vimo-lo ontem, de barbas postiças á face desse algo superior que paira sobre os homens, AOS TRÊS BRAÇOS
envelhecida, á meia-luz de um palco de cine- denunciou a profanação e apontou para o Estabelecimento fundado em 1895
^mw*^ Bl* ' ' *¦*¦*--*—^»>^^ ''-"•'' JbbP- ai- -^ Trianon:
ma, cantando, cigarra extraordinária num — É na Academia de Letras CASA DE ARTIGOS DE ILUMINAÇÃO
triste mister de formiga... que êle deve TRE8 BRAÇOS LTOA.
E pensamos na sorte dolorosa desse alto -. ¦tnMHBnsjag BJS^^Cg^^>''*?r
estar. Sucessores de
poeta.
iBí^ Não sei. As Academias têm mergoe e Catu- GOMES NEVES & CIA
De nossos grandes poetas nenhum cuja poe- Io é o que há de mais livre e boêmio. Só mes- GRANDE OFICINA para concertos de
sia reflita melhor o fausto dessa natureza de- Saí--'-'' »•"*•¦ ^SL. ^*& ^¦l\'Si -^BbW mo onde deve estar estará bem: no coração Fogarelros, Lampeoet, Ferro» de engomar
Urando em prodígios do que um poema de seus
BaaaaaU-» a ¦ i m. iiaJaJjBalfciBBW—-—¦¦ -rir- ¦—JBBbEBbW—-.—».
dum povo.
^^^"^^^^""'¦""T^n^tiMTilrllJ
e aparelhos elétricos.
primeiros livros. Monteiro Lobato, contista de "Unipôs* Catulo é o grande poeta nacional. RUA SETE DE SETEMBRO, 161
Esse bardo simples é o mais representativo "Casulo é o grande poeta nacional". TEL. 43-2680 — RIO DE JANEIRO
(CONCLUE NA PAGINA 38
?5^K§S1bS

pesarosamente, que a sua ciência tinha em- à Virgem Maria, é foi tirando de dentro, teria vitimado, fatalmente- àquele anjo de
botado ás armas nas arestas impenetráveis primeiro —uma Jararacuçú, depois uma candura. •
do grande mal ! Nada mais tinha a fazer! Cobra-Raiima, uma Malha de Fogo, uma Agora é que eu juro ao. leitor que nunca '
Dito isso, abraçou o seu jovem colega, imoii- Cobra de Oco, uma Corre-Campo, uma Su- atfi afoitaria a descrever esta cena, porque
tou na eguinha e com um — "Paciência, seria debalde. Duas palavras apenas. j

Curanoeiro
fl I I . meti amligo" — volatizou-«e na recurva do
rucucutiuga, e, ipor último, uma Salamanta.
¦Depois de "trocar língua" cóm elas, di- Quando se, enfrentaram os dois, lado a
caminho, aureolado por uma tremenda nu- zendo-lhes' qualquer coisa apocalíptica, or- lado, ao transporem a primeira portçira da
vem de poeira. denou-lhes que se retirassem para o mato, Fazenda, Antônio Cobra, o Hipócrates da
O Dr. Bento Luiz vagava pelo terreiro, o que todas fizeram, sem a menor vacilação. natureza, tirou, respeitosamente, o seu cha-
como um alucinado, quando foi solicitado Uma para aqui; outra para ali; outra para péu encourado e, com a serpente anelada em
para dar uma palavra à tia SanfAna, uma lá; outra para acolá, cada uma tomava a seu pescoço, seguiu em caminho da sua .
sua ama
preta centenária, que tinha sido a"vovó" direção que o curador lhe determinava. guarapeira. ¦
de leite, e que era chamada a de Daí a poucos momentos, saiu do mata- O Dr. Bento Luiz empalideceu e, não
todo aquele' sertão. No auge do seu des- gal a primeira das que soltou. Vinha só. tendo âniimo de corresponder àquele cum-
vario, relutou; mas, assediado pelos rogos É ele, persignando-se, dizia baixinho: não él priinento, tocou de leve com o chicote na
CONCLUSÃO DA PAGINA _-}• de seu pai, consentiu. Veio a 2.", a 3.', e as outras, até que apare- anca do seu cavalo, prosseguindo, nervoso
Tia SanfAna, que achava de vir do ceu a Salamanta, acompanhada de outra pela ansiedade de ver o seu arcanjo, a sua
quarto da infeliz D. Violeta, varou a por- Salamanta. Violeta reflorescida e também pelo prenún-
Passemos, eu e o leitor, um rapidíssimo teira e atirou-se súlplice aos cio da tempestade, que ia desabar. .
volver de olhos na chegada dos dois galopa- pés do moço, Então, o curador, voltando-se para a mui-
pedindo-lhe que mandasse chamar, sem tidão, que ^presenciava aquele espetáculo, De há mluito que a tarde plumbeava-sc,
dores, na ansiedade de todos do lugar, no disse, vitoriosamente: "Foi esta!" na iminência do aguaceiro. A poucos me-
reboliço labirintieo da casa, na amargura única perda de ura! minuto, o velho Totonho, a ,
que podia arrancar das ga- Mas, quando alguns homens, novos no tros do pátio da Fazenda, estrondou um fu-
dos dois casais, na angústia do noivo, e danhas pessoa da morte aquela adorada criatura. sertão, levantaram os seus cacetes de mas- rioso trovão e uma salamanta esbrascada,
no exame da enferma, feito pelo sapientis- A resposta foi um grito doloroso, que saranduba para matar o horrendo rdfpfil, saindo do veludo de um cúmulos, atirou-se
simo Dr. Fortunato Bocayuvà. repercutiu pelas, hocâinas daquelas inata- Antônio Cobra, solenemente, gritou que, se nervosa pela vastidão do espaço, como se
Concluído o exaliwe e receitados os me- rias enflorescidas. A tia, porém, não de- "nectar"
o fizessem, com um pequeno gesto enfurece- tivesse perdido o precioso da sua
dicamentos para o veneno da mordidela ofi- sanimou. Atirou-se de novo aos pés do seu riam! todas aquelas "inocentes" criminosas, •crueldade, o veneno matador.
dica, retirou-se o Dr. Fortunato Bocayuvà, filho de leite, chorando como uma criança não se responsabilizando pela morte da fi- O Dr. Bento Luiz, que trazia impressas
comunicando aó seu colega que o caso era de três anos. Ouvindo todo aquele berreiro, — a
lha do bravo Coronel Chico Francisco de na retina a imagem das duas serpentes /'_
sério, mas muito longe de 6er desesperador. acudiram todos, na previsão da morte da São Francisco e pelo resultado daquela im- natural, que o curador levava enrodilhada
A ciência já era possuidora de armas pos- filha do Coronel. em seu pescoço, e a celeste, que acabava de
prudência.
santes para destruir a virulência do tóxico Pedidos, rogos, súplicas, iinplorações dos Obedecido, c pronunciado o nome de cada riscar a nuvem do céu, — fitou a serpente
das sala mantas e outras que tais. Que fi- pais, dos futuros sogros, do capelão e, final- uma, ia ordenando que, uma por uma, fos- de ouro que se quedava imóvel c inofensi-
casse, pois, descansado e que uo outro dia mente, de todos, fizer.ilm com que ele con- sem as serpentes entrando no saco, que va em seu anel simbólico, e, com um sorriso
voltaria, pois não julgava que sobreviesse sentisse no pedido de Tia SafAna, di- abria com as suas imãos. Todas cntra"ram, de descrença, galopou, em caminho do san-
algum acidente que obrigasse a um chama- zendo, porém, que, além daquilo ser uma co- ficando apenas a nova Salamanta, a ofen- tuário dos seus amores.
do, antes do dia seguinte. mjêdia, e, no seu caso — um desrespeito à sora de D. Violeta, esperando as ordens do Pouco depois, surgia a noite, como se fos-
Previno ao leitor, mais uma vez, que ga- ciência, retirava-se da' Fazenda, indo para curador. se um dilúvio de cobras pretas, se destor-
lopo nesta história, sem fazer caso da suas longe, para não presenciar aquela patacoa- Antônio Cobra, penetrando no aposento cendo pelo espaço a fora e envenenando, de
minudèncias, que, talvez, fosse o mais inte- da e esperar o golpe da fatalidade sobre o da enferma por uma porta que dava para negro, os últimos soluços da agonia lu-
ressante. Além disso, insisto: — nunca po- seu coração de amante e desgraçado. o terreiro, retirou o paletó da ferida, sobre minar !...
deria ser um "conteur", porque fujo de Meia hora depois da retirada do Dr. ela verteu ura líquido verdoso que trazia
toda a descrição, am que o sofrimento é o Bento Luiz para a outra Fazenda, chegava nuin frasquinho, rezou, dqpois fez-a doente VOCABULÁRIO:
protagonista. Continuemos, pois, a fazer" o portador do chamado ao Antônio Cobra, jurar que não mataria nem consentiria que
vista grossa às particularidades que esta trazendo o paletó do curador, o qual, segundo outra pessoa matasse uma cobra, fosse qual Jararacuçú: — cobra venenosa, que perse-
narrativa devia conter, se fosse traçada por as suas ordens infalíveis e imperiosas, tinha fosse. Por fim, persignando-se outra vez, guc a presa, até alcançá-la.
pena de mestre. de ser, imediatamente, envolvido em toda a saiu do quarto, atravessou o terreiro, de Cobra-Rainha: — cobra muito venenosa,
- não obstante ser
Conquanto os medicamentos do Dr. Bo- perna, vitimada pela serpente. E, ao enca- extremo ja extremo, proferindo, a todos que pequeiia. E' encarna-
cayuva lhe houvessem atenuado as dores, o minhar-se para o quarto da enferma, ia lhe perguntavam pelo estado da enferma, da, com a cabeça preta. Dizem os ser-
estado geral da enferma agravou-se ao anoi- afirmando a todos que o curandeiro lhe esta frase redentora: "Está salva". tanejos que, quando morde, esconde-se
tecer. Novo chamado ao Dr. Fortunato; havia assegurado que as dores haviam* de E de fato. D. Violeta estava salva ! debaixo da cama de suâ vitima, só sain-
novo exame; novas prescrições, nova des- cessar dentro de poucos minutos, depois do A tarde caminhava cotm pressa de quem do dali depois de sair o corpo da mes-
(o que é pior!...) que ordenara que fizessem com o paletó
pedida, e, infelizmente,"... se quer ir embora. ma, no enterro.
sem aquela frase: — longe de ser de- enquanto ele, ô curandeiro, se ia preparar Como já havia partido um portador para Cobra de ôco; — venenosa tamibein. Dizem
sesperador". e se pôr em caminho da casa da sua nova comunicar ao Dr. Bento Luiz aquela notí- que só ataca c morde nas encruzilhadas.
, Quem fosse do sertão, já perceberia, cliente. cia imprevista e decisiva, pois durante todo Malha de fogo: — E' cor de fogo e venenosa.
àquela hora, que a Natureza, tinha ânsias de E assim, sucedeu. Em menos de 20 mi nu- o dia não tinham' cessado as viagens de vai Apaga uma luz, um facho que o cami-
amanhecer..-- Eram. três e meia da madru- tos, o alivio era considerável. Tinham de- e vem para levar-lhe novas de D. Violeta, nhante levar aceso.
gada. As prescrições do esculápio tinham saparecido as dores cruciantes. A doente já (naturalmente, tomo esperava o doutor, a Corre Campo: — igualmente venenosa, ç
sido observadas rigorosamente, e, mais, re- sentia menos a adustão do esôfago e as do- do seu falecimento), — naqiiple momento, também corre atrás da sua presa até
ligiosamente observadas. Mas... nada de res do epigastro, quando, pela tarde, chegou no limiar da porteira da Fazenda, eucon- alcançá-la, como a jararacuçú.
melhoras l Bem ao contrário !... o Antônio Cobra na Fazenda do Coronel, traram-se òs dois: — o jovem clinico, que Surucucutinga — cobra venenosissima, para
Novo chamado às 6 horas da manhã. tranqüilo e calmo, trazendo sobre os om- vinha açodado, na impaciência de ver a cujo veneno não existia antidoto. Tam-
Nova vinda. Novo exame. Novas cerimô- bros um grande saco, onde se aninhava mis-' realidade, — c Antônio Cobra, o Pasteur do bem se chama — surucúpico-de-jaca.
nias, novas torturas de saber o estado da teriosamente ujmia multidão de cobras de sertão. O curandeiro, com o saco cheio dos Salamanta: .— cobra muito venenosa. E'
enferma e... (maldição!!...) o desen- várias espécies. Antes de entrar no casa- terríveis reptis sobre os ombros possantes, branca, preta e amarela. O seu veneno
gano ! rão, pousou- o saco no empedrado do ter- levava enrolada no pescoço a nova Sala- faz a vitima deitar sangue por todo o
O Dr. Fortunato acabava de confessar, reiro, descobriU-se, fez uma pequena prece manta, que, sem a sua terapêutica sibilina. corpo.

convidou-o para lecionar a seus filhos, Car- preconizado pelos novos métodos de ensino.

A MOCIDADE DE CATULO tos e José Júlio da Silveira Martins. Certa Teve Catulo alunos que se distingui--
vez, Silveira Martins, com os óculos na tes- sem na vida prática?
ta — Catulo repetia muito este pormenoc — v — Em todos os círculos sociais —, respon
ficou na biblioteca, percorrendo com o olhar de (Mario José de Almeida — aparecem de
a lombada dos livros, como se estivesse ab- vez em quando ssus antigos «ilunps, èm posi-

DA PAIXÃO CEARENSE sorvido na busca de um volume deslocado


do lugar. O que êle queria era tomar o pul-
so do professor. Catulo continuou tranqüila-
mente a lição, explicando aos alunos um
ção de destaque na vida prática. E muitas
vêsrs Catulo, nas ruas e reuniões públicas,
recebeu abraços e tributos de reconheclmen-
to desses alunos. Deixe-me contar-lhe um
caso de infinito flexionado, colhido em "Eu- episódio interessante... Havia na rua Joa-
DA PAGINA 1J.) do falecimento de seu pai, embora a dois rico, o presbítero", de Alexandre Herculano quim Silva, na Lapa, uma casa de bebidas
(CONTINUAÇÃO
passos da Praia de Botafogo. A rua de São
— o único romance que Catulo leu e releu denominada "Bar Olímpia". Era na esqui-
Clemente tem uma grande influência na vida durante quase toda a sua vida. Herculano era na da rua Morais e Vale. Aí entrou um dia
O grande amigo de Catulo narra-nos a se-
de Catulo. Ai iniciou êle a sua vida no Rio o clássico de sua predileção. E como a lição Catulo, de violão ao braço, com vários ami-
guir o início da vida do poeta do sertão no fosse magistral, Silveira Martins bateu pai-
Rio de Janeiro o qual foi o seu primeiro ga- de Janeiro. E meio século depois, pouco gos também dados à música popular. O dono
adiante de sua antiga residência, do lado mas e retirou-se satisfeito. Mais tarde ao da casa não gostou das expansões do grupo.
nha-pão.
— Vou contar-lhe... Foi assim: era êle oposto, viria êle a impressionar prefunda- partir para o Rio Grande do Sul, disse o ve- E tocou o telefone para o então décimo ter-
mente o espírito de Ruy Barbosa, prefaciador lho tribuno gaúcho ao futuro autor de "Meu ceiro distrito, à rua Conde de Lage n. 15.
rprendiz de ourives-reiojoeiro, na oficina de
seu pai, Amâncio José da Paixão Cearense, dos seus "Poemas Bravios". Mas preciso fe- Sertão" que se voltasse a ter influência po- Queria que acabassem com aquela cantoria.
char esse parênteses e voltar ao assunto... lítica na capital da República, Catulo podia O comissário Antônio da Silveira compare-
na casa número 33 da rua São Clemente,
Tendo perdido seu pai e sido fechada a ofi- centar com êle para o que quisesse. "Neste ceu ao "locai do crime". Mas parou na por-
cuja demolição acaba de ser terminada, sen-
ocupado cina do velho Amâncio, Catulo foi chamado momento — declarou Silveira Martins — a te do bar e, chamando o dono, disse-lhe: "O
do o local presentemente pelas
obras da construção de um aranha-céu. Por pelo famoso tribuno gaúcho Gaspar Silveira política brasileira me colocou à margem. senhor devia sentir-se honrado com a pre-
Martins, o primeiro dos seus amigos nota- Mas eu nâo o esquecerei se voltar à tona". sença de Catulo da Paixão Cearense na sua
uma circunstância verdadeiramente singular,
v/eis. O estadista do império era velho conhe- Silveira Martins voltou para o seu Estado. casa. Êle foi meu professor e eu nunca o in-
para a qual Catulo nunca encontrou explica- E nunca mais se encontraram. Mas ficou na timaria a calar-se. Vou é dar-lhe um abraço
cido da casa comercial do pai de Catulo e
ção, essa casa nunca mais foi habitada depois
gratidão de Catulo uma recordação impe- de discípulo agradecido". E, entrando no an-
recivel desse episódio. tigo bar da Lapa, mestre e aluno se abraça-
«FAimeA m balçad© O casamento do poeta foi, mais ou menos,
por essa época. A uma pergunta nossa, no
sentido de elucidar esse ponto', di_: Mario
ram com grandes efusões, demonstrativas
de uma velha e funda saudade. Foram ser-
vidas várias cervejas e Catulo mais uma vez
José de Almeida: '. recebeu dos presentes os aplausos a que és-
^few^É PB!-— smTzM^Afri&^lí)™ VT"!/ í/ "**
Sim. Foi mais ou menos por esse tem- tava tão habituado... Eram assim os discí-

V \^m\V QlO) /ftjW/T ALJ///' ™5


V____m___. m^^"^ ______..^_____r/x-_-_r/ ___¦/ #.
po. Não havendo harmonia de gênios, sepa- pulos de Catulo — amigos dedicados daquela
rsram-se depois. Nunca, 'porém, se desquita* alma iluminada de poeta e daquele amigo
WW/s^jzs/iíJyAVAVy^0y v^ *- r.-im. Ignoro quaisquer outros porrnenores

I1
como raros.
__»/ __r^^^€_LÍ^V-___r/ mwr^ _____*/ JMWt^S ^^^^/ ___r/
~4-
desse fato, que, de resto, é apenas um epi-
sódio da adolescência de Catulo.
Mario José de Almeida nos adverte de que,
se continuasse a desfiar recordações de Ca- m
¦/ rkL
¦/ mmmw
J Wm^mm^^~^
^i-^v' ^^M^/
_____________^ -O*33 Falando sobre o colégio do poeta, em Pie-
dade, Mario José de Almeida faz o elogio de
tulo, levaria horas e horas, talvez dias intei-
ros a falar... E acrescenta:
¦ / Y^V' ^~^ _^^mMmmMm\
^ Catulo como professor:
Para mim, é êle o verdadeiro criador
É natural... Através dessas reminlscên-
F-. ,1
WÊ1 , i ¦¦ 11 ir ITTvTir da escola ativa, mesmo antes do famoso pe-
cias falam uma amizade e uma convivência
de 37 anos. Conheci Catulo quando eu era
^üAÍ?ezende(osta>6
R/O dagogo Decroly. Catulo, nesse terreno, foi revisor do "Correio da Manhã" e trabalhava
DEjANEJRO um precursor. Lecionava ora no interior da cqm Cravo Júnior, Azambuja Costa, Costa
O L.ITTA.IN O casa, ora sob um laranjal. Recortava caixas
de papelão. Escrevia ai letras do alfabeto e,
Ramos, Raymundo Silva e o fino poeta Al-
berico Lobo, autor do "Ex-Cortic" e também
também, a composição sintática das frases. amigo e admirador de Catulo. Por «3e tem-
E, em plena eufora — dele e dos alunos, ar-

COMPRAM-SE LIVROS
po, Catulo »ó escrevia poesias musicadas. E
remessava os cartões no meio deles, pedin- foi a pedido de Alberto de Oliveira que ini-
do-lhes que compusessem vocábulos e fra- ciou a sua nova fase literária, que viria a
ses. Muitas vezes a aula começava pelo re- culminar bem depois, com a publicação dés-
creio e, então, os seus discípulos, cansados se livro bem marcado (na frase de Agfiplno
de brincar, estudavam com maior interesse Griecco) que é "Meu Sertão".
compro todo e
A Tfkl/- X /"M I I A UVRARIA QUARESMA e atenção. Lecionava à noite francês a alu- Aí estão algumas das notas por mim colhi-
das com Mirlo José de Almeida. A Impres-
Al lNLAU quolqufr quantidade de livros, por maior nos mais adiantados e a adultos até então
são que eu tenho I a de que êle é o homem
M,W ou menor que Mjo: BIBLIOTECAS DE Dl-
auto-ditadas, que procuravam tardiamente o
mais indicado para escrever uma história
modesto colégio da rua Martins Costa. Gos-
bem rica de informações sobre a vida de Ca-
REITO, 1ITERATURA BRASILEIRA, PORTUGUESA, FRANCESA, IN- tava muito de lecionar lições de coisas. Nes-
se setor, dava preferência a um livro de Cal- tulo. Mas, quem quer que tente fazer a blo-
GLESA, etc; livro» antigos ou moderno» — OBRAS SOBRE O BRASIL, kins, traduzido por Ruy Barbosa. Aritmética grafia do grande poeta do sertão, não poderá
deixar de ouvir o autor de "Jorr.sf de Sher-
enfim, qualquer livro, qualquer quantidade, qualquer assunto. Paga-se e geometria experimental -eram, também, ca-
deiras da predileção de Catulo. Unia a geo- lock Holmes", sob pena de cair em omissão
bem. RUA S. JOSt, 71 E 73 — RIO. Telefone: 22-6946. metria ã aritmética multo antes de ter itso e de reallwr obra Incompleta e vacilante.

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A.KflllE. PAG. 36 — 19-7-Í946
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sí em volta de

CATULO
f
imagens. Nesse ponto, então, ninguém o e»

n^Q a ^«S&í
cedeu. Foi um perdulário, o maior esban-
^jftsadT^
ja passaaa de madura, jador de imagens que houve no Brasil.
que é quandor-á Criou-se e espalhou-se pela poesia sertaneja

CATULO
com a mesma abundância que a Natureza
^naní °o ad0Tle,fente figureta de Myrina, espalhou constelações no céu.
cneiro
chefro ouenfi^?"6 6Xala na *»** "um
quente de fogo e um gosto fresco de
es?fs morenas inspiradoras
EA Faltou à sua poesia a forma erudita. Mas
era tal a força do seu estro que a beleza
se conservava intacta, sem que a falta a pre-
da 'V^aiiwas rusticana"
^i~?aval!na dos cangaceiros
S ^j^-atuio, como a graciosa MaiáH ni,
ACADEMIA Judicasse. E a beleza era tanta que os ho-
mens mais eruditps (o exemplo de Rui Bar-
bosa é edificante) se sentiam tocados pelo

Visto por tunto


íuSteA
A/nim*tra. chefas
dos gmecêus. tremem ?SSmórbulo
uaucasa. Catulo ??ni0
Calfdasírttf,0
«-
de sensualida
d« BhavabhuTou de
BRASILEIRA seu encantamento. Catulo, meus senhores,
com a sua curiosa maneira de versejar, mos-
trou aos çue não crêem na poesia que a
Cearense
nessa inimitável saga d? é ímo^f™ *
4Í8S"ivB
paisagfcta assombrou, inthfd^ofulca™
w
DE LETRAS poesia é suprema, que a poesia vale tudo,
que está acima de tudo, de qualquer ma-

Júlio Dantas te, a magnífica natureza


A^em
brasileira
0SJ>inc«s de Batiste da Costacomn n
ou de
CONCLUSÃO DA PAGINA 24
teria não saiu da sua cidade. Do sertão
neira que ela se apresenta vestida de bro-
cardos ou vestida de trapos. Os mais im-
pressionantes poemas que escreveu são em
linguajar matuto, sem concordâncias grama-
conheceu apenas, ainda menino, durante ticais, com toda a coorte de teratologias
dois ou três anos, um pedaço do sertão cea- que a sintaxe condena. No entanto não há
rense. Nada e nada mais. O sertão foi quem não se sinta sacudido pela emoção
na rude que eles transferem e pela beleza bár-
di um relâmpago. E no entanto é o
im°™^rm™^l f~a l
grande bardo sertanejo do Brasil. E o é na bara que eles encerram; E também pela '
CONCLUSÃO DA PAGINA 22 "P1H
?aUe-hiá° *$*
hoeiÍ°^r
maior. muito maior do oue os verdade No seu estro o sertão brasileiro brasilidade que neles rescende do primeiro
J>A adrnirador« ao último verso. Porque o autor do Meu ser-
gura deÓPa o supõem. Ná £ palpita, vive e fulge, como nunca viveu, nun-
tão, do Sertão em Flor, de Mate iluminada,
nápura, ou o cangaceiro Silvino Sapiranga, violeiro- sen- ca fulgiu e nunca palpitou no estro de
íé-2 a sS llíff0 oC!0' *cabra ou- etc; foi antes de mais nada uma poeta bra-
um dommío absoluto que se traduz numa nassa QuÍ i^Lardeníe ne,ve e namorada que tro bardo. E' de fato sertão em toda a su*
adoração muda e estática; dumas e doutras, ihe cubra rude- simplicidade, em toda a sua beleza sileiro. Brasileiro em tudo: no arrojo de
ofcabeloS a^P°/taHque*a suas imagens, na doçura do seu lirismo, na
tnnagras amarelas da floresta, se exala a rara*ítÍTá brávia, em todos os dramas que a natureza
mesma morna volúpia e o mesmo prestígio ^Te.*^^^ dolência de suas modinhas, na rudeza dos
lhe desencadeia e em todas as suas tragédias
sensual 6 ^SwB**
Catulo ra°,rna a*ura. S
««PMtualiza e exal- passionais. Ninguém melhor do que êle des- seus motivos poéticos, no excesso do seu ro-
mantismo, até mesmo na desordem dos seus
te o s^ntimS6 creveu em versos o tropel das boiadas pelos
E' verdadeiramente admirável a manei- ir ^ sentimento amoroso dos homens v campos em flor, e indômita bravura dos va- versos.
ra por que, no "SertSo em Flor", Catulc SítlníífTf0 qUe ° ói^ abraçado àv'ioll Sr. Presidente: pelo desaparecimento dês-
baíer queiros, nos seus gibóes de couro, pelos car- se bardo excepcional, desse poeta "sui-gene-
a?ríçfiot 8 Jl° peito« a°s setenta anos
S d SSe gfal° velho"> que é °
descreve- alguns tipos de .mulher, caboclas ™*Sft rascais adustos, atrás dos garrotes.
dos matos cearenses que endoidecem os ses- Nin- ris", desse surpreendente faiscador das be-
sente anos do violeiro Brás Macacão. A Xi- guém descreveu, tão ao vivo, o chispar de lezas bravias da nossa terra, eu peço à Aca-
duas facas na mão de dois campônios que
xi da Grota, de ancas redondas como uma Sempre a muié! A muié! brigam pelo amor de uma só cabocla. Nin- demia um voto de pezar".
e chinelas pequenas como ovos Vassuncês diga o que é
Xww
df„£ija"fl0í; a Maria Rita' "««e fica chei- guem sentiu tanto a profundeza da paixão O St. Roquete Pinto disse que desejaria
um coração de home veio, amoroso de um marroeiro que levou no co-
55m cobr,a,5uando dança"; Inhatuca, a ração a chifrada dos olhos de uma dona. ter sido o primeiro a referir-se ã morte de
^a canela",
flor de que quanto mais veio fica Catulo Cearense, no qual o ligava uma ami-
alta, arisca, andando como mais aprecôla a miué! Ninguém realizou em rimas, nem mesmo em
prosa, a grandeza trágica das terras caídas zade de 30 anos. Associando-se às palavras
Ninguém descreveu com tanta e tanto fogo do Sr. Viriato Correia, queria apenas acres-
centar que em seu entender fora Catulo uma
no meio da ""^ com v»0las, ca- das maiores expressões poéticas do Brasil
S^k*3
vaquinhos, moças, danças e ronqueiras.
Nin- em todos os tempos''.
guém viu com tanto lirismo e tanta emoti-
E o samba frevia!! vidade a magia embevecedora do luar O Sr. Pedro Calmon, lembrando a glória
O violêro arrespondeu: do
jartao Ninguém cantou com tanta vidn. de Catulo, comparou-a à de Gregório de
Eu tombem vou me embora, tanta fulgiaez e tanto frenesi sensual
nao tarda a jáfesta emação das matutas bonitas. E cantou-se
a fas- Matos e Caldas Barbosa. Referindo-se ao
Aqui, dento de min'arma,
acaba! . trovador e ao poeta, disse que "é a imorta-
de norte a sul, todas elas, as tabarôas de lidade, essa poesia, que continua na memó-
tá gemendo um Minas, as caipiras de São Paulo, as capu-~
sabiá! — ria dos contemporâneos, e leva nos seus ecos
Ivinha rompendo dia!.. reiras do Maranhão, com os seus vestidos de a música da terra brasileira".
A?tonao de Aguapaba, óiando o chita, com as suas rendas de bilro, os chi-
vp£*
vrêmêio da minha, purriba da montanha,.deu nelos de pelica e com a fava de baunilha eu-
um viva prá Sao João, e cantou estes Os Srs. Adelmar Tavares, Gustavo Bar-

OLHO
últi- fiada nos cabelos. E cantou tudo isso com roso, Mucio Leão e Manuel Bandeira refe-
mo pé de verso; um fogo que parecia um verdadeiro incên-
"óo canan riram-se também à personalidade e poesia
da serrania, dio. E cantou tudo isso com uma exalação de de Catulo, relembrando fatos da vida do
("prú ditraz da mataria, seiva que, às vezes, deixava a gente sur--
batendo as asa, cm papgo poeta, recitando versos e citando imagens
'jante preendida pela profusão e originalidade das do autor de Meu Sertão.
d'êlc aparece,
Sô' ° gal° de foSo'
u?jl
lá no céu já tá cantando
prá Deos, que já tá rezando,
"prô dia r

D'A<5UA
pude nasce!!
(Sou douto! O Só nacendo entre os
d Km fermoso frôbauáan, era taliquá gaio
ranja madura, que, em lugá de cai umachão, la-
ia assubindo prá riba!!!
Desci pula baxada, toqueii
dos mato, rasgando a mataria, pulas
pé da coitêzêra.
prô
rebotêra
inté chega ao
CATULO DA PAIXÜO CEARENSE
O ôio d'água táva tão cráro, que parecia COMPOSITOR, MÚSICO, POETA E CANTOR DA ALMA BRASILEIRA
que tinha tomado banho!!!
CONCLUSÃO DA PAGINA ia VOCABULÁRIO: ;
Apuiando — enganando. A "CONSTRUTORA SU-
Soca — a colheira do fumo op cana. PERLAR DE SAO PAULO
Perder o ferro — perder o
ninha ao.c<?. os inhame e bebê o alua cheroso demia. gado pelar epi-
e /resqumho no pote de barro, feito Salvar —
. S. A." não poderia ficar indi-
pulas a semente salvar algumas cabeças
mao sagrada da minha muié,
que Deos con- do mesmo. - ferente à justa homenagem
serve prú muntos ano! Bredo — mato.
iíí''
O samba táva arriliado! Abasta eu di- Cacumbú — enxada. mhmt-tm&Q&^Ê que o grande vespertino
: zê que 0> ca^rj, que táva charaudo na lhe ^^q. Gajíaúba — árvore urticacca. mAsYéW^wwÊÊÊM "A NOITE", em colaboração
| na era o Chico Taquaratinga! Hacacôa — doença nervosa. "A
K> que távn
— era o fio dogemendo nas cordas da viola Morunhanha — mosca qiue persegue os bois com a NOITE Ilustrada",
Manoé do Riachão!... E o e cavalos. m\ H*mw!* WkÚÉ "C A RI O C A", "VAMOS
que saluçava na rébeca cra o guriatã mais Eatalicida — névralg(ia.
famanado de todo aquele sertão, esse ne- Mapiage — falação. LER'» e a "RADIO
gro safado, cum perdão de seu douto, esse
disgraçado que disgraça o coração das mo-
rena, quando grojêa naquele instrumento —-
o Bcnedicto Antônio de Aguapabd!!!
Mocambo — choça.
Cai na roadêra — meter-sc nos matos.
Abro or pano — vou-me embora.
Deu na quarta — deu á luz.
m\SmW?*M
M ^*»>^\>>x Jmm
NACIO-
NAL", rende à memória do
maravilhoso Artista, concor-
E o samba cada vez borbuiava mais! Tinhoso — diabo. rendo, assim, para a cons-
Pula madrugada, quando o galo sortou um Corre-campo — cobra.
gemido, cumo que arrespondendo à rébeca Prüa — algodão descaroçado. trução do seu mausoléu e a
do marvado, que saluçava no terréro Guiné — galinha d'Angola.
Cniquinha-Côme-Frô so discunjuutá n'um prá
Miunça — creação miúda.
aquisição da casa em que re-
miudinho, a lua ficou tão crára, seu douto,
que parecia uma patinha toda branca, nadan-
Na inibira — magra. sidiu o grande Poeta mara-
Maiincunia — melancia.
do Já em nba, no meio dos patinho cô de Discumê — defeear. nhense.
ouro, que era as estrela, esparramada
toda a lagâa azú do céu!!! pru Coitêzêra —árvore, cujo fruto é o coitê. A "Casa de Catulo" será transformada em Monumento Na-
Fogo-paa-ou — rola.
E a festa cada vez frevia maisl! Dismanchaaamba — parati — desordeiro. cional e nela as gerações futuras poderão conhecer toda a obra
O Riachão tava roendo coiraraa, Sobroço — medo.
.tf; Taquaratinga prú via do
anda cum uns caprixamento Ingaço — bagaço, coisa ruim.
daquele que tanto amou o Sertão, imortalizando-o nos seus
com a Luiza Bemtevi, a xibança d'aqueles
mato!
Tirando linha — namorando. versos geniais.
Fecha-bodega — desordeiro.
A cabôca, quando passava
abria aqueles dente de cachorropulonovo Riachão, Bafará — barulho, confusão de vozes A "CONSTRUTORA SUPERLAR DE SÃO PAULO S. A.",
e ria Faxiá — bater.
pró violêro, fazendo babuagcl! A viola pa- Quirim — cacete.' cooperando em grande parte para a construção de um Rio de
recia o coração do cabra, se dispenando Cafangoso — cheio de defeitos.
tanto gemo! A Luizinha táva c'uma saia cô de
Gororóba — sujeito.
Janeiro inteiramente novo e moderno, sente-se profundamen-
de fôia seca o chorava a barboleta! O Água- Chavasca — terra estéril. te sensibilizada em poder, deste modo, concorrer, também,
paba táva frio, mas porém tinha uma fu- Babuge — primeira vegetação depois das
. gufira quômando dento da rébeca! Tudo
ôioda Bemtevi, que parecia os caminhopulos
chuvas. para um Rio de Janeiro cheio de tradições, dentre as quais a
"Casa
do Morombêro — mentiroso, rmbromador. de Catulo", pelo seu cunho eminentemente sertanista,
sertão, cheio de cruz, morte que já Estrupiço — desordem, barulho.
pulas
tinha feito!! A sanfona gemia!... A viola Pernambucana — faca. será, sem dúvida, a maior de todas.
tf norava!... E a rébeca ealucavaU
Foi pntonce que o violêro cantou ansim: —
Inhame — planta de raiz farinhenta.
Sem respiro — sem movimento.
Tu véve akgre, marvada,

m
e eu, triste, me consumindo!
^— Enquanto o céu tá chorando
—- a prantação tá se rindo!! —
Mofumbei — ocultei.
Pipocando — saltando ou estalando como
pipoca.
Tabatinga — árvore silvestre.
CONSTRUTORA SÜPfRLAR Df SÃO PAUtOs.A.
O Taquaraünga dôxando
de samba cum
isuntcvi, passarinhou as mão no tecrádo
Hypothe — hipótese.
Cabeca-baxa — porco.
RUA DO ROSÁRIO, 77 — LOJA
da
ufoiia e cantou: Alua — refresco de milho.
"Eu vou
"E levo me embora, cabôca! Guriatã — gaturamo. TeL: 43-1660 — Rio de Janeiro
"Aqui, pena de ti... Roendo coiraraa — com ciúme.
dento de minh'arma, Canan —
tá cantando um bemtevi 1'» "rôhanán cume.— flamboiant.

PAG. 37 — 19-7-1946
•:•'-.'• «i?::;.. V:-.
-«."i:.'->>¦- s>jv- í,*:-:;-x;i;;sr,*-w;|«íi

w0 cantor começou sem grande cerimônia.


Primeiro uma modinha popular de um per-
fume suave de bosque, de um cândido bu-

^WE7
ROMANCES
^V\^
O TEMPO DAS coTismo pagão. Depois, uma outra na qual se
acentua a doce e esquisita originalidade da
musa anônima e, boêmia. A assistência está
entre o espanto e uma curiosidade ansiosa,
dir-se-ia pungente. Há nos olhares como uma
interrogação de mistério. O homem levanta-

f CHEIOS DE EMOÇÃO

SERENATAS
se e vem para o melo do salão. E deade aque-
le Instante, — digam oa que tiveram a ven-

I
E ENCANTAMENTO I

1
lura de catar ali — foi senhor daquelas ai.
• mas como se fosse a alma de todos nós. E
quando o vulto do cantor minguou na sala,
Em todo «i livraria» ou deixando escapar-se dos lábios o último ver-
pelo reembolso postal.
£0, houve uma verdadeira explosão de de-
lírio, cão espontânea, tio vibrante como se
(Conclusão da página 5) E não houve santo que desse Jeito, até que um formidável tufão barafustassé por aquele
«-Jõ me procurou: Catulo, só voe*- é qué pode ambiente".
Praia Vermelha. Eu era estudante nesse dar um jeito . ".
tempo; e o meu grupo natural era aquele. -• Você era amigo do Prefeito? JOSÉ' DO PATROCÍNIO
Bastava que se visse nm carregador passar Não; mas mandei-o no Pedro de Car-
com um peru. Ia saber-se a casa para onde valho com uma carta. È o Pedro disse ao A modinha havia vencido..'.
ia. De noite, lá estávamos todos. Matos apenas Isso: —i "86* admirador do Sim, a modinha havia vencido nos mei>?
E as modinhas desse tempo? Catulo e, se fôr humanflttsnta possível, eu intelectuais. Não ainda na sociedade.inteira.
Ah!.O tempo áureo das modinhas ainda o farei para êle". E lá está * Livraria Qua- As moças cantavam em segredo as minhas
não chegara. Cantava.se **A Princesa do Im- resma de pé. E de pé continuará por mui- modinhas; mas não tinham a coragem de
"Um dia louco". "A Prima- tos anos...
pério Chinês"; repetir na frente' dos paio. Também ensaia-
vera" e "Perdão Emllia". vam em segredo o "passo do jocotó" e o
HERCULANO EM VEZ DE CAMÕES "balão caldo" e não tinham coragem de dan-
#;-;¦ E tomando o violão enquanto se sentava var em público... A vitória da modinha, vi-
na velha rede de fibra: De que vivia V. então Catulo? De suas tória mesmo, foi no Instituto Nacional de
modinhas? De seus livros? Música em 1907. A sala estava cheia do que
"A Não. A glória, toda essa glória que V. havia de melhor. Diplomatas, escritores, ml,
EDITORA DO BRASIL»S/A primavera é uma estação florida vê nunca me deu nada. -Tenho é verdade,, nistros, poetas... Propôs o grande tradutor
»VM C*«MftWttaO HÍBlJl »•' CAI** POliat. I«M
cheia de imenso, divinal fulgôr, uma estátua em praça pública. E construi-' de Ibsen, Francisco Braga, Alberto Nepomu-
l. PAULO
de flores enche o coração da vida da mediante uma contribuição popular de ceno, ao ceder a casa e quando soube qu •
m\&\i&T'¦'¦¦?**' ¦'¦ ví'".'1'""" i íí enche de vida o coração de flor". to?tão por indivíduo. Mas das minhas 300 mo- eu ia cantar teve um peso sobre o coração
. . «¦rr*^-' -'^-^.:<-^———7 dinhas famosas eu nunca tirei mais ftue E ec eu fracassasse? Que vergonha para o
O tempo dos lundus ainda se arrastava. E uma verdadeira miséria. Eu era professor Conservatório... Mas eu não fracassei. Foi
apenas o Bente-vi, de Melo Morais, preconiza- na Piedade. E o meu Colégio se tornou cé- essa a primeira grande vitória da minha vida.
va um novo rumo .para a música popular. lebre porque lá os jovens analisavam Her- Daí por diante foi o sucesso social. Agora
Em 1890 eu comecei escrever e a cantar. culano em lugar de Camões... Meus diccl- a modinha entrava no salão das famílias e
DR. MATTOS FILHO Meu pai porém era, contra aquela vida, uma pulos aí estão. No Colégio da Piedade eu eu era convidado para cantar nas casas mais
vez que ela estava fortemente vinculada à conciliava o boêmio que era com o homem ilustres do Rio. Casas de Pinheiro Macha-
bebida e ao desemprego. Um dia, meu pai que precisava ganhar o seu pão. Éramos um do, de Ruy, de Pedro Lessa, de Coelho Neto.
Clínico médica — Doenças internai me viu cantar em Real Grandeza. Eu es- grupo homogêneo. Eu, ò Irineu, o Gonzaga, Em 1908, cantei na Exposição, apresentado
tava com Cantalicio, que fora companheiro o Severino Lopes. Um dia a morte levou um por João do Rio...
Horário: 2.as, 4.as, e 6.as, das 8 de Pereira da Costa, antigo violinista da do grupo: o Lopes. Nós havíamos combi. . E as suas relações com José do Patro-
Corte. Foi a primeira sova que apanhei.. nado que, quando um morresse, os outros einio Conheci ?
às 10, e dos 18 às 20 horas; 3 .as, Hoje, porém, eu compreendo meu pai. Na. iriam í casa dele e sobre o pranto dos pa- Patrocínio na casa de Goulart,
5.as e sábados, das 14 às 16 horas. rentes, em cima do cadáver romperiam a se- nm compadre dele. No tempo em que o co-
quele tempo, o violão era um instrumento renata. E assim fizemos com o Lopes. En- nheci êle inda tinha "A Cidade do Rio".
• maldito...
tramos em casa dele com os instrumentos Lembro-me que lhe perguntei antes de can-
Consultório : escondidos. Aproxlmamo.noa do corpo e en- tar:
RUA DIAS DA CRUZ, 818 LIRA DOS SALÕES tão os violões romperam em aurdlnn, pri- De qúé gênero mala
Do belo, êle me respondeu. gosta?
meiro; depois mais alto, cada vez mais alto.
Fone: 29-2876 A sova foi tamanha que me escondi du- Passamos por heregeB e por bárbaros. Mas Mais tarde acompanhei-o nos momentos de
rante semanas em Copacabana em casa de nós havíamos prometido; e cumprimos a desgraça. E não sou eu quem o diz. Veja
Engenho de Dentro — Rio nm velho preto de nome Oliveira, reforma- nossa promessa... Outro episódio que se esse depoimento do Zéca:
do do Paraguai. Naquele tempo, Copacaba- tornou falado nesse tempo, foi quando eu —¦"Ouvi-o durante dois anos à cabeceira
na era um areai sem fim E dizer alguém, toquei, a "Ave Maria" de Tosti na Procissão da cama em que papai agonizou, Catulo foi
como eu digo, escondi-me em Copacabana do Senhor, em Jacarepaguá. o sibiá desse ocaso. Quase todas as noites
BAZAR SÃO JORGE era o mesmo que falar: ninguém me encon-
traria. Meu pai queria nu>ter-me na ma.
Você tocou violão numa procissão? vinha ele ao casebre em que, — vanitas va
Sim, e como poderia alguém dizer que nitatun, — o Herói da Abolição Ia morren-
Sedas* perfumaria», novidades, linha para curar-me do violão. Mas minha eu era um ateu, quando eu cantei uma mú- » ™°«8 P00*08» esquecido, apagado, sozinho.
mãe me defendia. Antes de morrer, porém, pica especialmente traduzida por mim o to- Acolitavam-ao mala dois ou três boêmios,
brinquedos, linhas, etc. êle me pediu: quei cheio de fé e terminei de tocar de joe- irmãos da opa", corações de ouro, como
E. MIGUEL MARTINS lhos? rrtistas: o Irineu, Ophelyde, um mulato êle,
Vem cantar para eu ouvir, filho. E o violão? do qne quando tocava fechava oa olhos gor-
Tomei do violão e comecei a cantar. Quan. Bem, o violão eBtava subindo comigo. em
RUA BERGAMINI, 361 do terminei, êle estava com os olhos cheios Onde eu entrava, êle entrava também. Nos emoção; o Lulaque
papuçadoa de lhe escoriam lágrimas de
Sousa, piaton, que do
esquina da rua Dias da Cruz - Rio de lágrimas. E todos em volta dele chora— niflos mais cultos do Rio, como na casa do agudo instrumentode tirava sou
vamos também... A êsae tempo, eu morava Lúcio de Mendonça e de flauta e
"Talento e a de Melo Morais Filho violino e o famoso Mario Cavaquinho. E Ca
na Piedade. Você conhece o •»u era recebido. Veja essa página de Rocha tulo cantava! Catulo cantava... Era uma
Formosura"? Pombo, sobre a minha visita a casa de Melo clearra embalando outra cigarra "na tormen-
CAFÉ E LE1TERIA Se eu conhecia o "Talento e, a For- Morais Filho: "Tínhamos ouvido, — diz o
mosura"... Quem não conhece essa Jóia da rutor da História do Brasil, — estrofes deli- com os olhos rasos dágua*.
tosa estação. A noite passava, papai ouvia
BELO HORIZONTE poesia brasileira: ciosas, macmfficas, borbulhantes. como cata-
Eles iam Be
bora, continuando a cantar e a tocar aa em-
rua
Refeições ligeiro*. Bebidas finas, "Tu «'nnap de lava vindas da alma de Alberto de deserta".
podes bem guardar os dons da formosura
nacionais e estrangeiras que o tempo, um dia. há de implacável iru-
[cidar.
Manoel F. Corrêa Tu podes bem viver ufana da ventura deiros de 'açúcar, bandeirantes tropeiros que
RUA BERGAMINI, 361 que a natureza cegamente quis te dar...". acabaram barões do império, açodem homens
Fone: 29-3986
Engenho de Dentro — Rio
A esse tempo eu morava na Piedade, e
"O Talento e Formosura" foi cantado pela
primeira vez numa daquelas serenitas.
btiquei o meu primeiro
ro Popular". Velo depois a
livro:
"Lira
Pu-
"Cancionei-
dos Sa.
CATULO de garimpo, caçadores de onça, senhores de
escravos, sinhás-meças e sinhás-velhas — tô-
da essa gente passada que viveu, amou, cho-
rou e com as armas que pôde foi tirando da
floresta imensa um pais.

NO
famoso. Todos ¦¦/'.¦¦ Açodem em tumulto para ouvir a língua que
lões", que se tornaria o mais "Novos foi a deles e ouvir as imagens, únicas que lhes
esses nomes, — e mais cíntares", t-

WALDEMAR SILVA "Lira Brasileira", "Choros ao violão", —


foram dxdos pelo meu amigo José Fernan-
sugerem coisas vistas e vividas. E enquanto o ,
poeta geme seu desconte ao violão permanece-
ílrs de Matos, atual proprietário da Livraria mos assim, obstruídos de raça, no êxtase de
CONCERTOS DE RÁDIOS, íncubos atravancados de veneràvels súcubos
Quaresm*. que nesse tempo ainda não era

PALCO
VITROLAS E INSTRUMENTOS o abstêmio e o homem sério de hoje. A Qua- avós.
resma, se está em pé, deve a este seu criado. O Brasil dá tudo, menos justiça. O Brasil
ELÉTRICOS K note-se nio sou su quem o digo. E" o recompensa tudo, menos o mérito. Que há de
esperar Catulo da sua pátria senão umas bar-
RUA BERGAMINI, 163 Jn«é Fernandes de Matos.
E como lhe perguntássemos o começo da- bas postiças?
a contar: Há dele um poema lindo onde se narra o
Fone : 49-0111 - E. de Dentro quela histeria, pôs-a*
Foi no tempo do Passos e da transfor- amor dum papagaio de estimação pela cachar-
nvção do Rio. Um dos projetos do dita- CONCLUSÃO DA PAGINA 35 rinha Sauna, "Mártir, velha, escorraçada,
Rio no extremo da vida, andava sempre es-
dor atingira em cheio a Livraria Quaresma. O Brasil possui poetas em barda e alguns quase condida e não morria esfomeada porque às ve-
magníficos; mas são poetas universais, que zes lhe tocava um frangalho de comida que a
jogam com imagens vindas de Anacreonte a outro cão sobejava". Seus olhos, salva a hc-
Veriaine. Poetas que tanto seriam brasileiros resia, lembrava os olhos da Virgem. Maria. A
Padaria e Confeitaria Ghave de Ouro como mexicanos, franceses ou russos. sim melancolia era saudosa e macia como a
Catulo, porém, é o poeta da. terra, a harpa sombra do luar.
Quanta dor, quanta poesia,
COMPLETO SORTIMENTO DE DOCES, EMPADAS, BISCOITOS, ETC. — cólea que ressoa ao menor arfar da terra.
quanta filosofia chorava naquele olhar I"
Amores, anseios, sofrimentos humildes, eis-
PÃES DE TODAS AS QUALIDADES — BEBIDAS NACIONAIS Desprezada por todos, só o papagaio a cs ti-
mas vagas, o vedadelro sentir da nossa gente mava. "Quando lhe faltava um osso para o
E ESTRANGEIRAS só nele encontra voz. E que vozl Com que
vigor se exprime! Com que inaudita riqueza jantar era belo, era sublime ver aquele papa-
ÁLVARO EUGÊNIO de imagens novas, sem eiva de reflexo euro- lhe
I
galo, como quem comete um crime,
ofertar alguns bocados gostosos do seu gos-
às ocultas
peu
RUA BERGAMINI, 349 — ENGENHO DE DENTRO Catulo é bem a voz da terra brasMca. Vos toso manjar". E repetiadebaixo vinte vezes o nome de
— Sauna, só porque ela, do seu poleiro,
FONE : 29-3270 RIO DE JANEIRO das coisas e voz das gentes. Tanto fala nele
o amor do vaqueiro como a angustia brace- se quedava extática a ouvi-lo.
Um dia Sauna . morreu. Encontraram-na
Jante da peroba que a queima da floresta dei- com a barriga inchada à porta do curral, rigi-
xou semi-carbonizada no viso do espigão. da e fria, mas nos seus olhos inda "se lia
Aos demais poetas ouvimo-los com o cérebro. aquela filosofia da dor irracional. E só porque
São filhos da cultura geral, sáo traduziveis.
OFICINA MECÂNICA já fedia foi que o vaqueiro Zé Marco enterrou
A Catulo ouvimos com o coração, e ouvimo- a pobrezinha ao pé dum velho pau d'arco".
Io tomados dum estranho transtorno interno. Quando o soube da morte da tris-
DE Uma coisa grande, uma coisa vagr., informe, te sarnenta, papagaio emudeceu e nunca mais repetiu
monstruosa cresce dentro de nós, expulsa o o nome de Sauna.
M. SANTOS MARTINS moderno de importação que está ali e nos dei- Catulo conclui o poema com um grito d'alma
xa sozinhos com a raça. Nosso peito Be enche verdadeiramente sublime.
Materiais para construção em geral de avós, como um albergue tomado de assalto
por sombras ambientes.
Meu Deus!... Por que n&o fizeste os homens
irracionais?
Escritório e depósito: RUA BERGAMINI, 168, fundos Açodem tupinambás de pedras verdes nos Quem grita assim, quem atinge tais alturas,
lábios dos que comiam portugueses com tripas merece castigo. Merece como ganha-pfto no
Engenho de Dentro—Fone: 29-4234 — Rio de Janeiro e tudo; açodem velhos lusos de barba em co- fim da vida, não uma, mas duas barbas postl-
lar; açodem iracemas que se cruzaram com ças.
"wr, barbadões iniciais; açodem avós fazen- MONTEIRO LOBATO

ArSfifflk PAG. 38 - 19-7-1946


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(CONCLUSÃO DA PAGINA 31
As viola gemeu de novo,
e ela se-pôs-se. a brinca,
3 da boca dum bizerrinho,
quando acaba de nacê. A barraca mluminada,
cum a musga, que inda se uvia.
Os périnho da cafuza, longe, longe... munto longe
tremendo num miudinho, que se tu visse, chorava, «uno uma istrela... muntóí
sem se arredá do lugá! não dançava, parpitava,
taliqua dois coração! O céu, de todos os lado,
DR. FERNANDES MHRELLES
Ao despois, a sala toda Tão leve, que parida parida uma tigela
correu num sapatiado,
disafiándo prá dança
num roda de carapêtâ, '
um casa de barbuleta,
S cum o fundo azú imbórcado,
todo ismartado de novo,
CLINICA DE CRIANÇA
os pobre dos cunvidado, brincando rente do chão! adonde a lua, tão bela,
que logo baxava os óio, ia boiando, amarela, Consultório:
ansim cumo ínvregonhado. Os óio, que tinha o fogo cumo uma gema de ôvo!
As caboquinha, inciumada,
das tarde, quando se intôna, RUA BERGAMINI, 45
tinha no fundo a beleza Já trazia de viage
já não pudia mais, náo! de toda aquela tristeza duas hora, bem puxada. Sobrado — Fone: 29-2789
que tem o rio Amazona.
Quando os noivo se assanhava, Lá, prás banda do Nacente,
elas ferrava nos braço Não tinha boca!... Era a boca entre as suas cumpanhêra,
dos seus noivo um biliscSo. uma gaiola de sangue, noutra festa inluarada,
adonde, quando falava, sambava a mais feiticêra
Maibi quebrava no coco a gente logo imitava, das istrêla amorenada,
cum tanta requebração,
que se a Mae de Deus sambasse,
saluçando, um irachué!
Mas porém, quando calava,
essa Malbí dos incréu!...
Essa cabôca do —
FARMÁCIA RH) GRANDENSE
tarvez que váincês jurasse pidindo, tarvez, um bojo, — A istrela da céu:
madrugada!
que quem sambava era Ela!... ficava a boca mais roxa Farmacêutico S. J. Ordine
A Virge da Cunceição!... do que a frô do mururé.
A Mãe de Deus, do Sinhô!!!! Entonce, peguei do remo,
Nisto, um roquête de parmas
Um bêjo naquela boca rasguei as água do rio,
que, fazendo um arripio,
Trava Tasques» OrtSne & Cia.
era um má, que não tem cura!
im toda sala istrondou! Se tinha a doce frescura do sono dágua acordou. Avenida Amaro Cavalcanti, 2.065
da sombra das quizabêra, Remei!... Remei!... Fui remando!.. Fone : 29-1252
Foi quando, entonce, um vaquêro tinha a frevura do bêjo, E..'. não cheguei!... Foi somentes!
ainda moço e temêro ' que o rio, vindo dos cume, a canoa que chegou!... ENGENHO DE DENTRO — RIO
prá riba dela imbicou!!!! arrebenta no ciúme
da boca das cachoêra! Neste sertão do Ciará,
De camisa toda branca, Ai! os cabdo!... Os cabelo, onde naceu nossos pai,
filizmente, ninguém sabe
cum o peito todo arrufado, que às vez, num riviramento,
no pescoço examurrádo tapava a cara da dona que coisa é terra que cai!... CAFÉ, BILHARES E
um lenço cê de limão... naquele adivertimento,'
butão de ouro nos punho!... era preto, cumo o sonho Aquele instrondo, de longe,
que lá na festa se uviu,
LETTERIA GAROTA
Purriba das carça nova dum cego de nacimento! foi quando a terra, essa ingrata, BEBIDAS NACIONAIS E
um pezado correntão... Quando um momento aparava, a minha terra adorada,
O cabra, remunhentando, fardou!... tremeu!... caiu!...
ESTRANGEIRAS
castanholando cum as mão, desando o suo moreno, João da Rocha & Silva
imbigando prá morena, cumo os pingo de sereno,
requebrava as suas perna, pru todo o corpo corre, Os juai, as bacabêra, RUA BERGAMINI, 174
no requebrado das perna, a sala ficava cheia os coité, as laranjêra,
zunindo, cumo um pinhão!!! desse ôrôma que se sente as moita de cacáuéro, , Fone: 29-3693
do chêro da terra quente, os verde ginipapêro,
Quando o vaquêro cansava, quando cumeça a chuvê. os grande canarassú, Engenho de Dentro — Rio
ela ia arrecuando. adonde todas as tarde
que nem si via os seus pé!.. . Ansim, quando ela sambava, cantava um iapurú...
Quando o vaquêro avançava, uma rosinha amarela, as fermosa mongubêra,
ela ia arrecuando que táva ainda im butão as monbugêra inda im frô...
fugindo, cumo a marreca caiu dos cabelo dela,
amachucada no chão.
a juruparipirêra, TINTÜRARIÂ IDEAL LTDA.
da boca do jacaré!!... que táva im frente da choça VENDAS DE ROUPAS FEITAS
a criação... gado.., roça...
Se o vaquêro abria os braço, Os musgo, tudo suado, tudo o rio me levou! A PREÇOS 40 % MENOS QUE
atirando uma laçada, cum os óio de urúiáuára,' Mas, que isso, minha gente?!
Maibi fugia do laço, os instrumento aparou! Váincês tudo ficou triste, QUALQUER CASA
sortando uma gargaiadá!
Entonce, o cabra sarado despois que a históra acabou?! Evencio Paes de Oliveira
de venda de ripolêgo, Tristeza não dá vantage!
E agora é que ela dançava
do chão a rosa panhou! O que passou, já passou! RUA BERGAMINI, 337-A
e os musgo a musga apressava
e ela sambava, sambava, Fone: 29-4375
sem um momento apara!... A cabôca, óiando os musgo
"Ai, meu tempo!" que ainda táva cansado, Engenho de Dentro — Rio
num gimido cum as língua toda de fora
gritava as veia aculá! de tanto e tanto toca, Deus, que um dia fez o hôme,
Xingava as veia os marido, deu um muchôcho brejêro pula sua santa image,
que alevantando os pescoço, fez um ixe — prô vaquêro, fez o nosso coração,
xingando tombem as veia, cumo as frorésta bravia
dava parma, cumo os moço.
vendo o demônio ródá!
e introu de aovo a samba,
cumo a fôia do trapiá, das terra virge... sarvage! Tapeçaria Bela Vista
que o vento brabo da serra
vai rolando, pula terra, Virge, im suas mataria!... "VITORIA"
Deus me perdoe a hirizia! num curupio inferna! Sarvage, im saa grandeza!... Poltrona-Cama
Mas porém, eu vi a Santa Mas porém, qde tem bdeza
eu vi a Virge Maria, E as parma ainda istralava, prá quem aprêcêia as coisa Tobias Zajdenweber
batendo parma .do artáü no meio da cunfuzão, mais grande da natureza! RUA BERGAMINI, 175
quando se uviu um baruio
O vaquêro, arenegado,
ficou num canto, isbarrado, que parida um truvão! Um dia, vem a muié! Fone : 29-5335
Capíongo, discunchavado, Todo o mundo prá barranca A muié pega um terçado, Engenho de Dentro — Rio
sem quáge pude fala! naqude instante correu!... pega uma foice, um machado,
disgaia o mato fechado
Tinha cansado o marvado! A noite táva mais branca ¦ das terra do coração!
Já náo pudia samba! que Jesus, quando morreu! E aos despois da derrubada,
despois do fogo — a quémada •
E o pai, óiando
e achando a fia
prá ela,
mais bela,
O cabra, fazendo infuca, a muié pega uma inxada,
cava a terra, bem cavada...
Armazém São Pedro
acendeu o seu pruvdtando a cunfunzão, e saméia!... E* a prantação! Especialidade em líquidos e comes-
cachimbo, fez um bico prá cabôca,
e... era pai... pôs-se a chora! e deu um bêjo na boca, HVeis finos. Gêneros de primeira I
um bêjo!... Sim!... Mardição!! Tudo quanto é frôração,
,M
toda a frô que a terra cria, qualidade, nacionais e estrangeiros
João Capixaba, o cauchêro tudo nace, ali, num dia, Pinto Ribeiro & Santos
Entre as nuve de puêra, não mintiu!... Tinha rêzão']... onde táva a mataria
a cabôca parida Era o vaquêro mardito no fundo do coração! RUA BORJA REIS, 203
taliquá dos capuêrão, da festa de Caeté,
doida, ás tonta e às marrada, Se a muié sabe' que é ingrata, Engenho de Dentro, esquina da rua
da festa de São Joio!... Catulo Caarãnau
fugindo entre os ispinhêro, prá quê vai mexe nas mata FONE: 29-0527 -
dum valente boiadêrb, "O e quêmá, cumo um brinquedo, Rf0 DE JANEIRO
que foi, gente, o que foi?!M o mato virge, cerrado,
pulos mato do sertão. todo o mundo preguntava
prô pai, que lá da barranca, iscuro e sempre fechado,
Entonce, currupiando, já sastifeito vortava, adonde não tinha intrado
sem toma forgo na dança,
a móde cumo criança,
¦_
"Vamo!... Vamo! a Minha
grita:
a luz do Só, que é o Amô!? DR. RERHRA BA CUNHA
abria a boca dengosa, Não dêxa a festa isfriá!gente! E' prá despois, sem rezão,
e entonce a língua trhnia Não foi nadai... Não foi nada!... derruba prá toda a vida
entre os dente da cabôca, Foi coisa munto sabida! o jardim do coração, « CLINICA GERAL
querendo saí da boca,
cumo uma cobra de.rosa.
Arguma Terra Caída!...
Toca a ri!... Toca a samba!"
sem um tíquinho de dô! RUA BERGAMINI. 332
Maibi!... Maibí me inganouü Fone: 29-5673
Os dois copuassú moreno, Na verde guarapiranga Engenho de Dentro — Rio
maduro, fresco, fermoso, chorava um camétaú! O rio,, numa trelção,
dois curumim vregonhoso, o trabaio de seis ano,
que ninguém pudia vê, Agora é que se isquentava as terra da prantação
pru báxo daquelas renda, a festa óo Zé Pacúl... im suas água levou!
tinha o chêro, inda quentinho.
Maibi!... Maibi me inganouü
SAPATARIA CRAVE DE OURO
Saindo detrás do tronco Calcado «para criança,
da fermosa piranhêra, senhora e
rumpi pula tacaniça!... Bem ícito! Fui castigado! cavalheiro. Secèo de
Nõo há FERIDA que resista ao uso Foi praga da minha Serra! concertos.
Dicípula ribancêra!
da Uma tuada sôdosa
E praga de Deus infe! Horário da Silva Reis
nos gimido das viola
se misturava em:: o chêro
Mas peço à Virge Maria, RUA BERGAMINI, 343
CALÊNDULA CONCRETA que, cumo Muié divina Engenho de Dentro — Rio
des fulô do jasminêro, e Mãe de Jesus, perdoe
que vinha lá da janela. Maibí, que é tombem muié!!
A melhor pomada para feridas,
Arguem cantava!... Era ela!... Tuuo fd uma inluzão!
queimaduras a «lestas rebeldes.
Rasguei cum o quicé a corda ' Do jardim que ela pranto,
POSTO ÉDEN
I Farmácia Alberto Lopes da igaríté!... Imbarquei!...
Baixinho disse um segredo
nas maís do coração,
só véve agora uma frô!...
GASOLINA, LUBRIFICANTES E
ACESSÓRIOS
RUA BERGAMINI, 30 prô rio!... E remd!... remei!... Só a Sôdade tem vida!!!
Cada vez rema?- m^j
Firmino José do Nascimento
Engenho de Dentro - Rio de Janeiro E o que é, meu Deus, a Sôdade?! R. Bergammi, 168. Fone: 29-6933
Só A!L*çols de munto tempo. ' Sôdade é a Terra Caída de Dentro — Rio
-parei... e ôiei prá traz! de um coração, que sonhou!
m Ia* mm m 0m% -a-.

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SILEIRO DOS POETAS BRASILEIROS.


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O ENTERRO DE CATULO
i acontecimento
de excepcional significação. Serviu, antes de mais nada,
para mos-
trar quanto o grande poeta era
querido e quanto a sua poesia tinha
penetrado na alma popular. Escritores, músicos, artistas, deputados, mem-
bros da Acaderjiia Brasileira de Letras,
Jornalistas — e sobretudo gente do
povo, acompan|iou-o à sua última morada, no cemitério de Catumbi. Foi
comovente a dèspedidç a Catulo, quando o
grande cantor mexicano Ortiz
Tirado entoou o "Luar do Sertão':, acompanhado, no estribilho,
por todos
os presentes. "Adjripino Griecco, o apreciado critico literário,
e o acadêmico
Viriato Correia,|tor'oferiram sentidas de adeus aonórável poeta ser-
palavras
ranejo. Foi tão Wensa a emoção dos muitas
presentes que pessoas não pu-
deram conter asjsuas lágrimas, ao ouvir a melodia do "Luar
do Sertão" e os
palavras de saudade, proferidas à beira do túmulo de Catulo. As fotografias
reunidas nesta página dizem mais do ORTIZ TIRADO, GRANDE AMIGO DE
que meras palavras o que foi a verda- H.HI
C 1J "tíÉ "tERrTcaíD.
deira apoteose ao grande cantor
popular, que encheu o Brdsifcom as divi-
HOMENAGEM PRESTADA AO AUTOR
rias harmonias do seu verso.

BOB."'*.'!.-1.'.''.' -..ts* vl^p^PBOEX ' -j hí.^, »asrua—¦jij__ ^^^^^^^^^^^^^oH ¦-' ••¦ BBsi^^

TI
BÉÉ-k BBssfl flw^D ''«BB_í7iIaÍBB tFr*> t .-ÍM-t;.-!. I
ÍO\ OBBBO -—aXHX -ZmwmBnjF BPfir'—in BBbJOB^sssmT' ¦ ímSftm \\V I Í*fJ
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À ENTRADA DO CEMITÉRIO A MASSA DE POVO COMPRIME-SE


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0 ÚLTIMO ADEUS' 4 CATULO.


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