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santiago garcia
DirEitOS AutOrAiS
O presente ebook (livro digital em formato pdf) foi editado e publicado pelo próprio autor, a partir de
redes sociais online e blog próprios. É livre o compartilhamento desse trabalho apenas na íntegra, em seu
arquivo original, não sendo permitido o particionamento ou a utilização das imagens desvinculadas do
conteúdo aqui apresentado originalmente, sob possibilidade de sanções legais às quais o autor tem pleno
direito assegurado.
todas as imagens são de propriedade intelectual de Santiago Naliato garcia e foram registradas de sua
antiga residência, em São José do rio preto-Sp, entre o período de 17 de abril de 2011 a 09 de junho de
2013. Edição de “da janela lateral”: julho e agosto de 2013.
da janela lateral Exerceu no campo profissional atividade em assessoria de imprensa por seis anos, passou por jornais
e revista de pequeno e médio porte atuando como editor, redator e fotógrafo. Atualmente é professor
universitário, ministrando, entre tantas disciplinas, fotografia em diversas linhas: fotojornalismo, fotografia
publicitária, fotografia básica, linguagem e estética fotográfica.
realiza, ainda, aulas particulares de fotografia e cursos especializados em fotografia publicitária (gastro-
Santiago Naliato garcia santiagarcia@gmail.com
nomia, moda, still, book) na região de São José do rio preto-Sp.
E fotografa todo e qualquer tipo de coisa por paixão.
AgrADECiMENtOS
Aos meus familiares, em especial aos meus pais, sempre presentes e me apoiando.
tenho, ainda, a sorte de ter feito amigos competentes em diversas áreas, cujo profissionalismo e boa
COpYrigHt 2013 vontade sempre estão presentes e foram, em algum momento, importantes na construção direta ou indi-
todos os direitos reservados. É proibida reta dessa ebook, seja pelas ideias, seja pelo apoio. A eles meu muito obrigado: Alexandre Costa (pelas
a reprodução física não autorizada de conversas sobre essa paixão que é a fotografia), Dhay Oliveira (pelo release para a imprensa), Marcelo
parte ou total do conteúdo desse ebook. Arede (e as tantas consultas sobre diagramação), Marcos Andersen (um grande fotógrafo e amigo ao qual
sempre recorro), Marcos Antieli (pela revisão gramatical exata), renata Sbrogio (pelas dicas de composição
e publicação), Sarina lopes (autora da minha foto na próxima página).
minha janela lateral
Casei-me há exatos 30 dias. Nessas poucas semanas terminei a mudança do meu antigo apartamento
alugado, de solteiro, para um novo apartamento próprio, de casado. É uma nova fase na qual, aos
poucos, vou me adaptando. Acontece que há poucos dias fui fazer a vistoria de entregada daquele
apartamento e olhei, pela última vez, daquela janela lateral. E me dei conta que aquelas centenas de
pores-do-sol e tantas outras situaçãos que pude observar não se repetirão mais da mesma forma em
meu novo lugar. Bem que já nem se repetiam ali, mesmo eu sentado no mesmo sofá, na mesma cadeira,
deitado no meu colchão de solteiro ou tomando a mesma taça de vinho tinto.
E foi a partir desse movimento de ideias que algumas outras somadas a sentimentos foram surgindo
vagarosamente e se acumulando... até que não me sentia mais a vontade guardando tudo isso apenas
comigo e pensei: “Vou aproveitar tantas imagens e montar um ebook para compartilhar com quem
consegue ver o mesmo que eu me eduquei a ver”. Confesso que me empolguei com a ideia e corri para
o computador. Comecei agrupando no notebook todos os arquivos que fui encontrando e totalizei 1134
imagens em quase cinco gigas de HD. Mas acho que esse número ainda cresce.
Selecionei pouco mais de 35 imagens digitais e apenas uma fotografia analógica (que encerra esse
ebook) e juntamente com elas trarei um pequeno texto sobre as ocasiões dos cliques. É um relato das
minhas escolhas na ação do registro da imagem e não uma explicação do que é certo ou errado, até
porque essa discussão já acontece em outros âmbitos e não é meu objetivo realizá-las. Eu mesmo
muitas vezes tenho e trago mais dúvidas sobre minhas escolhas do que certezas. Não gosto de certe-
zas. E para não perder o costume de professor de fotografia trarei as informações técnicas, sugestões
e impressões sobre meu próprio trabalho. Mas não se engane: o que pode parecer uma simples aula é,
na verdade, um monte da minha saudade que registrei e que divido com vocês.
santiago garcia
22 de julho de 2013
iMAgEM DE ABErturA
A imagem é apresentada já com trata-
DAtA
Dia, mês, ano, hora, minuto e exatos se-
títulO DO tExtO gundos do registro segundo informações
Abre o texto. Alguns são indicativos, com do equipamento.
a demarcação do ano em questão.
Boa leitura!
2011, o primeiro ano
A primeira imagem AO LADO é o arquivo original; já a segunda é resultado do processamento digital. Fui
relutente em aplicar editores eletrônicos nas minhas imagens digitais no início da minha passagem para o equipa-
mento eletrônico, uma vez que busco sempre o melhor na imagem matriz. Mas hoje, aceito melhor esses recursos
e busco aplicá-los com bom senso, como creio ter feito na imagem que abre essa passagem pela minha janela.
Para conseguir o efeito que representasse melhor a cena que vi foi preciso aumentar a temperatura de cor,
acrescentar preto e escurecer as sombras. Nas áreas claras, aumentei a exposição, saturando, ainda, as cores
vermelho, laranja e amarelo. Alinhei o horizonte e, na imagem que ilustra a página anterior, fiz um corte para deixar
a imagem mais alongada. O resultado obtido ressalta o entardecer e delineia a cidade como uma contra-luz.
Chamando a atenção
A técnica aplicada
1/25”, F5.6, ISO1000, WB Auto, 18-105mm em 105mm
GRAÇAS A TECNOLOGIA DIGITAL, ALGUNS EFEITOS são fáceis para se reproduzir, como presente nas cores vermelha, laranja e amarela e não funciona se aplicado dessa maneira
um efeito mais frio na imagem que representa com satisfação a sensação de amanhecer ao conceito de tempratura Kelvin, já que de acordo com esse conceito uma temperatura
ou de frio em uma paisagem. No texto acima eu explicava que o tal pássaro me acordou Kelvin avermelhada é, na relação de temperatura, justamente a mais baixa. Mas isso fica
pela manhã. Portanto, a imagem deveria reproduzir a sensação correspondente (segunda para outro ebook. O que importa aqui é que graças à facilidade dos editores de imagem
imagem acima). Esse é um conceito cultural e localizado. Céu nublado em uma região foi fácil “esfriar” a imagem, ou seja, puxá-la mais próxima ao azul do que ao laranja/
fria vai naturalmente “esfriar” a temperatuda da imagem de uma fotografia enquanto um vermelho. Esquentar ou esfriar uma imagem transmite diferentes sensações para quem
amanhecer na África, naturalmente, já mostra um tom mais alaranjado, mais “quente”. observa uma fotografia e é preciso estar atento ao efeito que se quer alcançar.
Esse conceito está apresentado culturalmente, portanto, refere-se a sensação de quente
A mudança
A técnica aplicada
OPTEI POR ALTERAR POUCOS ELEMENTOS nessa imagem. Basicamente reduzi a exposição original para aumentar o efeito
de imagem noturna. Para reforçar mais essa sensação, escureci mais as sombras e acrescentei preto na imagem. Sobre as
cores, reduzi um pouco a saturação do amarelo, laranja e vermelho para que o prédio no canto direito não ficasse muito
destacado no geral, um efeito que atribuo ao balanço de branco (abaixo). Por último, aumentei um pouco a saturação do
azul que, juntamente com as outras escolhas na manipulação, resultou em um leve escurecimento do céu.
COMO ORIGINALMENTE ESSA FOTOGRAFIA seria um teste para uma longa exposição das estrelas, eu não me preocupei
com o balanço de branco, deixando-o no modo automático. Essa escolha certamente afetou a imagem em geral. Predo-
minantemente azul, a coloração do céu pode ter elevado a compensação das cores quentes, resultando na necessidade
de reduzir tal saturação na edição. Essa minha escolha técnica somente se tornou uma “falha” com o valor que essa
imagem adquiriu com o tempo. Incrível, não?
A relação do fotógrafo com o tempo é subjetiva: dos dois, apenas o segundo tem domínio sobre o primeiro, en-
quanto apenas o primeiro deles pode fazer um registro de sua passagem. A discussão é filosófica, a relação é cotidiana.
O grande feito dessa imagem é somente apreendido com sua relação com outra imagem, de anos depois, que trago ao
final desse ebook.
Fogo na Terra
A técnica aplicada
Para conseguir mais profundidade de campo, nessas tomadas eu optei por trabalhar com a lente bem fechada.
Com essa ação eu consegui foco em todas as áreas da imagem, que era o efeito que eu priorizei. Mas é possível fazer
diferente: as teleobjetivas têm como característica a formação de um bokeh (desfoque) acentuado e caso a distância
focal escolhida fosse algo em torno de 15 a 18mm. A abertura da lente em uma composição similar a essa não traria
diferenças grandes na relação área de foco e efeito de desfoque. Aproveitei esse incêndio para tomar algumas vistas
tendo as árvores e os pa´ssaros nela em primeiro plano focado e a queimada em segundo plano desfocado. Nesse
último caso, foi preciso regular o equipamento de outra forma, abrindo mais a lente para um F5.6 e usando um pouco
de zoom, algo como 35mm, para que o efeito leve de desfoque (bokeh) se formasse na imagem; leve, pois queria que
o caminhão de bombeiros, ao fundo, ficasse com sua forma reconhecivel (é possível forçar tanto o bokeh ao ponto
do desfoque transformar as formas presentes em simples manchas cromáticas. Esse efeito é reforçado aumentando
ao máximo a abertura da lente, aumentando a distância focal - zoom - e distanciando os objetos entre si).
Já em relação ao tratamento da imagem que escolhi, quis reforçar o queimado mostrando a área que sofreu
combustão. Para isso, acrescentei na edição bastante preto e aumentei o efeito das sombras (essa técnica tamb´´em
funciona muito bem em estúdio, quando a luz dos flashes invadem um pouco o assunto deixando-o um pouco opaco).
Subi um pouco a temperatura de cor, esquentando a imagem, e realcei um pouco mais a imagem em geral, saturando
as cores vermelho, laranja e amarelo.
Divirta-se fotografando
A técnica aplicada
TIVE ALGUMAS SURPRESAS NA PRIMEIRA experiência com Pinholle digital. Uma delas foi saber, de forma mais do
que nítida, a quantidade de sujeira que havia no meu sensor (imagem menor ao lado). Como toda imagem é um
trabalho e uma escolha, cuja mostra está carregada do anseio de que o outro reconheça na imagem aquilo que se
captou e quer demonstrar, escolhi por editar a imagem dessa experiência para um formato mais quadrado e sem
os pontos de sujeira do sensor. Aumentei, ainda, um pouco a claridade da imagem, o preto, clareei as sombras
e saturei apenas o azul e esquentei um pouquinho a cena aumentando a sensação de temperatura na edição,
coisa que poderia (e gostaria) de ter feito ainda na máquina. Não dei muita atenção na composição uma vez que
o meu foco era testar o Pinholle em si.
TREINAR AS TÉCNICAS, APRENDER COM AS FALHAS e reconhecer na aprendizagem os caminhos para sempre me-
lhorar aquilo que se faz é essencial para quem quer se tornar um fotógrafo consciente e conhecedor da fotografia
em todas as suas características e potencialidade.
Nuvens de mil megatons
A técnica aplicada
VALE A MESMA DICA PARA CONSEGUIR BOA profundidade de campo (fotos nítidas em todas as áreas) em imagens como
essa, ou seja: não é necessário usar pequenas aberturas como F11 ou F16 desde que use uma lente em grande angular.
Usando aberturas maiores a quantidade de luz que entra é maior (ou valores de aberturas menores: F1.8 representa uma
lente extremamente aberta enquanto F2 representa uma lente minimamente aberta), o que torna possível usar um ISO
menor e uma velocidade mais alta.
As nuvens e toda superfície mais escura tende a apresentar um ruído bem aparente. Tenho gostado de algumas
imagens com ruído aparente e me convencido que é o grão que não tenho mais. É a bola da vez nos efeitos de reforço
da imagem que, se bem usado, gera imagens belas. No caso desse registro acredito que reforçou a dramaticidade da
imagem, que era a sensação que vivi quando levantei meu equipamento nessa vez.
Na edição fiz algumas escolhas para reforçar ainda mais o peso que a nuvem deveria ter na imagem, que não era
muito apresentado na imagem original (acima, à direita). Aumentei o preto, escureci as sombras, tirei um pouco a satura-
ção geral e esquentei um pouco a temperatura de cor, embora parece justamente o oposto. Um erro meu nessa tomada
foi ter fotografado com o WB no automático, o que gerou por parte da máquina uma tentativa de balancear o branco
com a presença de um tom que ela julgou adequado. Ao puxar o contraste, o tom azulado (ao invés do cinza) apareceu.
Na hora marcada
A técnica aplicada
CONFESSO QUE ESSE PANNING FOI AO ACASO, já que eu não havia planejado aplicar essa técnica nessa ocasião. Eu
estava descompromissadamente fotografando as maritacas que estavam ali naquele dia quando a última delas voou.
Automaticamente acompanhei o movimento e fiz o clique, mas quase perco a ave no enquadramento.
PANNING É O NOME DADO A AÇÃO de acompanhar um objeto em movimento no mesmo sentido e com uma velo-
cidade de obturador suficiente para manter paralisado o assunto em primeiro plano e os demais planos borrados,
como nessa imagem.
A escolha do obturador, do ISO e da abertura não foram feitas para um Panning adequado com as carac-
terísticas que eu tinha no momento, mas foi o que eu estava usando e mesmo assim busquei o efeito. Na edição,
aumentei um pouco a temperatura de cor, a saturação e um pouco do realce da imagem. Ao recortar um pequeno
pedaço, o ruído apareceu demais, então o reduzi um pouco na edição buscando voltar ao da imagem original e sem
ultrapassar esse limite.
DE TODA FORMA, QUANDO RECORTADO o pássaro da sua imagem original, o efeito conseguido me agradou. Se
escapa da qualidade técnica o registro que a imagem pode alcançar hoje, sobra subjetividade em poder se parecer
com uma pintura digital.
O som que se vê
A técnica aplicada
Esse EXEMPLO vale muito para discutir algumas outras questões sobre fotografia ou registro de imagens do que para
discutir qualquer técnica em si. Não há segredo algum nessa tomada e o arranjo que fiz para obter a exposição só me deixa
alerta em relação ao balanço de branco que deveria ter feito manualmente.
OS EFEITOS CONSEGUIDOS NESSA EXPOSIÇÃO, basicamente, deram um ruído acentuado na imagem, e o ajuste automático
da imagem somado às configurações que fiz na máquina uma acentuada na saturação (observe a imagem original, mais
“forte”). Eu preferi reduzir um pouco a saturação para obter uma imagem um pouco mais suave, muito embora as cores
saturadas sejam uma preferência minha nesse momento. Acrescentei um pouco de preto, escureci as sombras e reduzi um
pouco o ruído na edição para dissimular as alterações entre os contrastes da imagem.
A ALTA VELOCIDADE DE OBTURADOR que usei mascara o movimento das folhas. Parece que não havia vento, mas havia
e estava forte. Ficaria lindo o efeito com um obturador muito lento, mas não adotei essa técnica pois, como disse, havia
avistado o novo ninho de passarinho e fiquei o restante de luz que havia esperando o passarinho entrar no ninho. Não
consegui boas fotos do passarinho e perdi a chance de fotografar com um obturador bem lento e conseguir aquelas fan-
tásticas fotos borradas com movimento.
2012, o segundo ano
A técnica aplicada
A REGRA DO TERÇO NÃO É UMA REGRA como é comum a gente encontrar escrito por ai. Está mais para uma sugestão
acredito. Mesmo assim ainda é uma dica de ouro para compor uma imagem com harmonia. Especula-se que deriva da
“divina proporção”, ou de números que regiriam harmoniosamente algumas coisas no universo.
MISTÉRIOS A PARTE, FUNCIONA MUITO BEM e é amplamente utilizada. Reveja algumas das fotos desse ebook com a visão
da regra do terço que é a seguinte: divida uma imagem em 3 partes (vide imagem inferior). Para cada terço haveria uma
indicação de como trabalhar essa harmonia. Eu usei a que coloca o objeto na linha horizontal inferior (como quem diz “olhe
para o espaço maior, o céu, que amplidão) e em um dos quatro pontos de cruzamento das linhas verticais e horizontais,
os chamados “pontos de ouro” ou seja, locais onde seguramente se pode encaixar o assunto da fotografia. Se pessoas, o
rosto; se pores-do-sol, o sol e por ai vai.
MAS MUITAS VEZES EU EXTRAPOLO ESSAS sugestões e encaixo os elementos um pouco mais além desses limites. É minha
forma de transgredir essas regras loucas do mundo sem maiores consequências. Por exemplo, ao invés de colocar o hori-
zonte na linha inferior do terço para mostrar um belo entardecer e o Sol em um dos cruzamentos das linhas eu o coloco um
pouco abaixo dessa linha e o Astro Rei bem no centro. Afinal regras existem para serem quebradas também, não?
Não falta, sobra luz
A técnica aplicada
Essa imagem foI FEITA no limite máximo de velocidade do obturador da minha câmera D90. E mesmo assim foi preciso
usar um ISO baixo para conseguir uma exposição adequada. Há dois fatores a ressaltar: o primeiro é a necessidade de
uma velocidade alta para que a lua não saia tremida. O que não é difícil, uma vez que o reflexo da luz do Sol é tão forte
que exige mesmo uma configuração assim. A segunda é a abertura; como usei uma grande abertura, tive que fazer o foco
manual para ir acertando o melhor contorno possível.
ALGUMAS LENTES PASSAM UM POUCO no seu foco da distância “Infinito” que supostamente focaria qualquer distância
acima da maior distância limite menor ao infinito. Isso é necessário para que o sistema interno da lente funcione, eu
imagino. Mas acarreta um problema técnico: pode passar o ajuste de foco. Portanto, nem sempre o automático vai ser
satisfatório nesse caso.
POR ISSO ESCOLHI uma LENTE MAIS FECHADA, para ganhar pontos no foco, mas ganhei alguns ruídos que não gostei e
não achei a imagem - nas circunstâncias que eu fotografei nesse dia - tão boa quanto com abertura grande e foco manual.
O recorte que dei na imagem mostra que nem sempre uma lente longa (como minha 80-200mm) é capaz de aproximar
tanto a Lua. Grande parte das fotografias ou imagens que vemos por ai tem uma edição, um recorte no tamanho do quadro
original (um zoom digital) para trazer a Lua mais para perto. Mas que fica linda mesmo assim, fica!
O olho, câmera extraordinária
A técnica aplicada
As três imagens mostram a prioridade que escolhi: a primeira eu priorizei o Sol e seus efeitos sobre o céu e as nuvens; a segunda aquilo que chamamos
na fotografia como médias luzes, (ou meio tons), ou seja, tudo que está entre o muito claro e o muito escuro. Por último, as formas e texturas presentes nas
partes mais escuras da imagens, dando a elas uma claridade que nosso olho enxerga, mas que o equipamento somente registra se for programado para tal.
FEITAS ESSAS ESCOLHAS, É PRECISO observar nas três imagens que conforme tomamos nossas escolhas renunciamos a outras: Na 1ª imagem, por
querer registrar de forma visível as informações do céu, eu perdi totalmente as informações das árvores e do pasto, recuperdas apenas na 3ª imagem.
Assim, em cada uma dessas imagens há uma prioridade e uma renúncia.
É A JUNÇÃO DESSAS TRÊS PERCEPÇÕES que leva o nome de HDR. Para conseguir juntar essas três imagens e formar a apresentada na página anterior,
recomenda-se a utilização de programas específicos, como o Photoshop e tantos outros que oferecem o recurso. É preciso, na tomada das fotografias,
que se use um tripé (mas alguns programas reajustam as variações longitudinais e latitudinais automaticamente) e registre-se a cena em um curto intervalo
de tempo (segundos de diferença).
Nesse dia, dado a velocidade que o Sol se punha, usei não mais do que 10 segundos entre um clique e outro. As configurações foram: ISO200,
F14, 18-105mm em 18mm e nos tempos de oburador: 1/40”, 1/15” e 1/6”, respectivamente (de cima para baixo). Não aconselho alterar a exposição pelo
ISO pois pode dar variação de ruído, e nem alterar a abertura para não ter alteração na profundidade de campo entre as exposições, mesmo esse efeito
sendo reduzido com a utilização desse escolha focal (18mm).
Emoldurando suas vistas
Confesso que das vezes que construi esse tipo de Foi então que vi, por entre os galhos, um dos
imagem a metade eu devo ao acaso. Mas a outra prédios emoldurado pela árvore. Havia parado de
metade é puro treino e percepção. O que algumas chover mas as nuvens pretas e pesadas continua-
pessoas veem como alguém na frente da lente eu vam no céu. Me lembrei de uma fotografia que ha-
enxergo a possibilidade de uma moldura, mesmo via visto em um livro, com o céu totalmente negro
que seja todo preto. Pessoas em um show, braços em situação similar a que eu via, e tentei reproduzir
erguidos, o que pode atrapalhar a visão “limpa” é isso em imagem digital. Em vão. Em todo caso,
para mim uma grande oportunidade. Certo dia eu esse clique rendeu um exemplo bom para uma 1/1000”, F5.6, ISO320, WB Manual, 80-200mm em 200mm
estava em casa em uma tarde preguiçosa. Nada breve explicação sobre composição.
A técnica aplicada
NESSA IMAGEM PRECISEI RECORRER a um programa de edição. Mesmo a exposição sendo boa, não tinha o impacto visual
que aquela vista dava. A atmosfera estava tão límpida que era possível ver todos os elementos da cidade de forma clara e
nítida, sem fumaça, sujeira ou poeira entre mim e os objetos.
Fiz a imagem com o balanço de branco no manual, mas mesmo assim as nuvens escuras sairam um pouco azuladas.
Foi uma falha, creio que se insistisse um pouco mais teria um resultado um pouco melhor, enfim.
Apesar das folhas NO PRIMEIRO PLANO terem saído claras e desfocadas, resultado da escolha da abertura utilizada,
preferi escurecê-las um pouco na edição. Essa medida direciona melhor o olhar diretamente para o prédio e não abre
espaço para leituras rápidas nas áreas iluminadas. Alguns estudos afirmam que os pontos claros chamam ligeiramente mais
a atenção em relação aos elementos escuros, vistos em um segundo momento.
DESSA FORMA, ESSAS ESCOLHAS tanto na tomada da imagem original quando na sua edição levam a uma imagem com
um impacto visual um pouco maior em relação a imagem original, cujo olhar se perdia na leitura geral da imagem igualmente
clara. Direcionar o olhar é possível e recomendado. Afinal, fazemos imagens com nossos valores agregados a elas e não
representamos a realidade pura e simplesmente, coisa impossível de se fazer.
Chá da tarde
A técnica aplicada
ESSAS IMAGENS tornaram-se MAIS UMA FERRAMENTa para discutir composição e enquadramento. De forma geral, apenas amenizei
a saturação do azul e acrescentei um pouco de temperatura na imagem, o que gerou uma pelugem um pouco mais amarelada nos
pa´ssaros.
A GRANDE DISCUSSÃO NESSAS IMAGENS, ao meu ver, concentra-se na adequação dos pássaros na regra do terço. De imediato há
duas opções básicas: Cruzamento dos terços nos pontos inferiores ou superiores. A minha escolha de reenquadramento no cruza-
mento superior tem explicação. A imagem original oferece ambas as opções, mas com um elemento que para mim é significativo: na
imagem do meio (que não é minha escolha final, vide imagem da página anterior ou imagem menor inferior) a colocação das aves
no cruzamento do terço inferior mistura as aves com muitos elementos na imagem (galhos, galhos e mais galhos). Minha escolha de
recolocá-los no canto superior parte da orientação de alguns profissionais em “limpar” alguns dos elementos desnecessários ou não
visualmente significantes para que o assunto principal em si tenho uma maior ênfase.
Isso ficar claro, na minha opinião, nos exemplos que trago ao lado. No reposicionamento que a imagem do meio oferece,
os pássaros perdem um pouco o destaque porque se misturam aos demais elementos da cena. Na imagem abaixo, porém, eles recebem
um pouco mais de atenção. Um pouco de destaque para essa natureza tão linda!
As suas vantagens
Nesse mesmo dia, segundo meus arquivos, outra Preciso confessar que nesse dia eu não havia
fotografia foi tirada: essa que trago nesse exem- pensado esses efeitos nas luzes, uma vez que
plo. Há algumas vantagens em conhecer algumas eu queria registrar esse prédio todo espelhado
técnicas e, para mim, talvez a mais importante e os reflexos que via nele. Aumentei a abertura
delas é ter a consciência do possível resultado da lente para não perder o foco e de imediato os
de nossas escolhas. Isso no sistema analógico riscos nas luzes apareceram. Tanto gostei que fiz
era fundamental, bem como na necessidade de apenas duas exposições. Estava seguro de que
uma rápida tomada de decisão para não per- uma delas seria a minha escolhida e a trago agora
der aquele clique. A intuição sempre ajuda, mas para ser vista.
é preciso conhecimento. E saber seguro. Esse 30’’, F13, ISO800, WB Manual 80-200mm em 200mm
A técnica aplicada
uma das técnicas que gosto em imagens noturnas é quando fecho mais a íris e esse efeito nos pontos de luz direta apa-
rece. Há uma outra forma de alcançar esse resultado: usar um filtro na frente da lente. Também é possível colocar em pro-
gramas de edição e vejo muitas produções de joias e semijoias com esse efeito, para dar aquele ar de brilho, polimento, etc.
NO ANTES E DEPOIS AO LADO, é possível notar algumas alterações de imediato e outras nem tanto. Estão aparentes:
a alteração no balanço de branco, o reforço na saturação da cor azul e verde. A mudança nos tons do céu derivada
dessas escolhas que fiz. Menos aparente está a redução do nível de ruído da imagem. Como alguns pontos mais escuros
acabaram mais claros na minha edição (como a faixa de árvores entre o prédio em construção e o prédio espelhado), os
ruídos apareceram demasiadamente naquele espaço. Eu particularmente não gostei do efeito e o reduzi cerca de 10% do
valor total possível. O suficiente para dissimulá-los sem começar a dar um efeito borrado nos demais pontos da imagem.
Se a sua câmera tiver controle de abertura da íris, faça o teste: fotometre a cena dando um valor maior (daí o
termo “prioridade”) para a abertura da lentes, como F13, usado nessa fotografia. Feito isso, faça a foto e veja o efeito.
Depois, faça o mesmo teste usando o menor valor para a abertura, como F3.5 - priorizando uma abertura maior na lente
- e compare os efeitos. Melhor! Me encaminhe as duas fotos para o email que publiquei na abertura desse livro e vamos
estudar os efeitos juntos!
Fogo na Terra
A técnica aplicada
FOI UMA DAS POUCAS VEZES QUE A TÉCNICA EM SI não era importante para mim. Dado parte do tempo, apenas seu brilho ou uma pequena parte dela exposta. Rapidamente
a representatividade que a cena tinha para minha vida, naquele momento essa seria a escolhi manter o registro do pinheiro e da cidade e sabia que poderia estourar a Lua
fotografia não tirada, guardada apenas em minha lembrança e contada como se fosse na edição. Coisa fácil, e daria o efeito que demonstraria com mais exatidão aquilo que
uma das coisas que sequer saberia como contar. Mas automaticamente tomei algumas eu estava vendo. Sabendo que uma íris bem fechada daria esses raios nas luzes, logo
decisões e é nesse ponto que a experiência é insuperável. Falamos sobre alcance di- escolhi uma abertura que desse o efeito desejado. Mais uma vez não me importei com
nâmico e seria impossível retratar a Lua e as sombras ao mesmo tempo. Um HDR não o balanço de branco, dado a velocidade que a Lua caia. Logo ela não estaria mais no
mostraria o satélite tão lindo como era, e não representaria de forma majestosa o que eu topo do meu pinheirinho particular...
via. Até porque havia nuvens no céu e elas encobriam a forma da Lua deixando, em boa
Foi, foi, foi
A técnica aplicada
A imagem do filhote foi coisa simples para se fazer. Como era um dia muito claro, mesmo com ISO baixo e um
pouco de fechamento da íris foi preciso usar um obturador bem alto. Essa lente 80-200mm é ótima, mas apresenta
algumas efeitos que não me agradam. Um deles é a dificuldade para conseguir uma imagem nítida com velocidades
médias. A outra é da focagem; por diversas vezes tive dificuldade no foco automático e manual, tendo recorrido a uma
abertura menor para ganhar um pouco de campo focal, mesmo perdendo definição e percebendo um efeito que se
assemelha à difração (ao olho nu, uma espécie de falta de nitidez) ou mesmo da instabilidade do foco.
ACRESCENTEI PRETO E ESCURECI, mais uma vez, as sombras em um esforço para direcionar o olhar para o Urutau.
Retirei um pouco a saturação do azul e de outras cores, como púrpura e magenta, na tentativa de diminuir a atenção
que o céu azul tomava e do contorno dos raios UVs que marcaram a ave, mesmo usando um filtro UV(c) Hoya. De
qualquer forma, está ai o animalzinho, tão belo e estático como ele realmente é.
2013, o último ano
A técnica aplicada
FIZ ESSE REGISTRO PENSANDO E VENDO EM PRETO E BRANCO. Desde o clique inicial até o último (73 disparos), fotografei observando
a imagem de forma diferenciada. É preciso treino para ver as coisas desprovidas de cores. Há até um exercício que vi certa vez em
um livro, que ensinava a cerrar os olhos levemente até ver apenas o contraste e as formas; isso eliminaria boa parte da percepção
de cores e ajudaria na coompreenção dos tons em PB.
A MINHA ESCOLHA EM DEIXAR ESSE REGISTRO sem cores deriva da necessidade que senti em mostrar novamente aquilo que eu vi,
ou seja, em reapresentar uma cena que fora vista por mim. Não é uma tentativa de mostrar a realidade, pois trata-se de um momento
passado no qual - a partir dessa fotografia - apenas eu me relacionei diretamente. Portanto, um dos meios que encontrei para
reforçar o sentimento de grandiosidade da imagem foi deixá-la sem cores, apenas com tons preto e branco. Isso reforça o tom de
sobriedade e de dramaticidade na imagem.
FIZ O REGISTRO E ADICIONEI na edição um simulador de grão para reforçar o drama. Acrescentei preto e eliminei as áreas de sombra
nos prédios. Nessa edição, optei por deixá-los pretos, em efeito de contraluz, pois não queria fazer dessa imagem um HDR e queria
reforçar o efeito que a luz impactava sobre a paisagem. Talvez tenha exagerado. Seria bacana um feedback dos leitores sobre isso.
Fevereiro é mês de brincadeiras
A técnica aplicada
Para variar um pouco as escolhas anteriores, resolvi apresentar essa imagem com a
cidade visivel abaixo do terço inferior. Na edição, alterei pouca coisa: precisei tirar um pouco
do preto e puxar para cima as sombras de modo que os prédios se tornassem visíveis.
RETIREI, AINDA, A SATURAÇÃO DAS CORES para que não tivesse invasão de azul e magente,
cores presentes nas médias luzes desse entardecer. O balanço de branco estava no auto-
mático, mas essa foi uma ação consciente, uma vez que, mesmo no WB manual, as nuvens
- nessa ocasião - não azularam como de costume. Portanto, resolvi desprender mais tempo
na composição do que na regulagem do branco. Uma decisão que tomei baseado em uma
aferência prévia.
É uma questão de luz
Para mim, o curioso nessa imagem é a tripla composição que podia ob-
servar: além da projeção majestosa da sombra subindo aos céus, havia
uma massa de chuva no canto inferior direito e uma pequena luz divina
no canto inferior esquerdo, local da imagem no qual o Sol se punha. Fiz
outras imagens, tanto verticais quanto horizontais, mas somente encon-
trei essa imagem vertical nos arquivos, devo tê-las movido para algum
HD e como a busca resultou em apenas uma imagem - e essa imagem
era uma de minhas favoritas mesmo - me dei por satisfeito.
Não estou certo se a imagem passa uma forte sensação aos leitores,
ou ao menos a sensação que me transmitiu no momento em que eu
notei tal formação. Foi mais uma das vezes em que saí correndo da sala
para buscar o equipamento no quarto, receoso de que tal situação não
se extendesse por muito mais tempo. É uma questão de não perder o
clique. E tudo era uma questão de luz.
NOVAMENTE REDUZI A TEMPERATURA DE COR para criar uma sensação de chuva. Deixando a imagem mais sualizado essa imagem com outras alterações significativas como, por exemplo, acrescentando muito preto
azulada, creio que ela fica mais coerente com uma situação de chuva. Poderia conseguir resultado similar, por na imagem. Entretanto, ela ganhou uma silhueta nas árvores que não existem devido a lógica falta de um
exemplo, com uma ventania de areia. Entretanto, a estética seria mais aproximada do tom amarelo devido à cor ponto de luz que fosse capaz de causar tal efeito. Decidi, a partir dessas leituras feitas na imagem matriz,
caraterística da terra local. Optei por não deixar dúvidas sobre a natureza da chuva ao aplicar essa pequena não alterar a essência da imagem e trabalhar com o controle que fosse possível na edição.
alteração, de cerca de 15% na variação para o azul.
UMA IMAGEM COM ALTERAÇÕES QUE AFETAM sua essência podem causar uma sensação de estranhamento
E NÃO REALIZEI MAIS GRANDES ALTERAÇÔES na edição de imagens, ficando praticamente com a redução do nos leitores daquela fotografia. Algumas vezes esse efeito é bem-vindo, outras, nem tanto. É preciso cuidado
valor da temperatura Kelvin para dar a sensação de redução da temperatura visível como a única alteração e sensibilidade para trabalhar nesse limite já que agradar a todos é coisa difícil. Por isso meu foco tem
feita. Não foi alterado nenhum valor de contraste, saturação, realce, preto, nada, muito embora eu tenha vi- estado em passar a informação que eu quero de maneira que seja recebida pelo maior número de leitores.
Fogo no céu
27 de março de 2013
Meu aniversário. Meu presente? Esse pôr-do-sol. minha comemoração ou sequer uma do bolo de
Foi meu último aniversário solteiro: me casaria chocolate. Não me lembro se fui dar aula nesse
em menos de três meses. Os preparativos para dia ou não, mas meu desejo era não ter ido. Nos
o casamento já estavam quentes: convites, fami- próximos farei de tudo para ficar em casa e come-
liares de outras cidades, logística para enviar os morar com aqueles que me cercam todos os dias
envelopes e explicar como se chega até São José e que estão comigo caminhando e escrevendo
do Rio Preto (e reforçar para que não confundam - essa coisa de vida. O aniversário me estimula
de novo - com Ribeirão Preto). Tenho a sensação a refletir sobre minha caminhada mais do que o
de que certas coisas acontecem somente na hora Natal. Final de ano, além de todo o contexto re-
certa. Exemplos disso são meu pinheiro de natal ligioso, é época de euforia no mercado: a cidade
iluminado pela Lua e esse final de dia em pleno se agita, é tempo de férias e muita gente viaja.
meus 32 anos. Já nesse tempo todo meu, posso sentar e parar
um pouco para pensar nessas pernadas que dou
Não sei se foi uma coincidência eu ter feito nes- dia a dia e entender melhor como estou levando
se dia exatos 32 disparos dessa mesma janela... o pouco tempo de vida que tenho, aquele, que
brincadeira, foram 37. Mas não fiz nenhum da todos nós recebemos.
1/30”, F4, ISO400, WB Auto, 18-105mm em 22mm, 19h36,53’’
A técnica aplicada
A IMAGEM ORIGINAL, da página anterior, NÃO É RECORTE DESSAS MENORES ao lado. Como não fiz nenhuma alte-
ração em nenhum editor de imagem eu não tinha porquê fazer comparativos, mantendo, assim, apenas a imagem original
registrada dia 27 de março, às 19h,38,16’’ para apresentação nesse ebook (página anterior) nas configurações: 1/30”, F8,
ISO400, WB Manual, 18-105mm em 105mm. Entretanto, decidi demonstrar a escolha da máquina pelo melhor balanço de
branco, apresentando ao lado esses dois exemplos de imagens registradas cerca de dois minutos depois.
NA PRIMEIRA IMAGEM ao lado, o balanço de branco estava programado para o modo automático e a imagem abaixo no
WB manual. Realizei entre essas duas imagens mais 3 cliques rápidos para conferir no visor a regulagem da temperatura
que mais se assemelhasse à opção automático. Não subi mais a temperatura para mostrar os efeitos de cada exposição
porque meu objetivo era apenas indicar qual temperatura Kelvin o equipamento estava aplicando no seu modo automático.
E foi dessa forma que cheguei em uma configuração bem próxima com a temperatura de 5560K. Note que, vi-
sualmente, as duas imagens estão bem semelhantes. É possível saber exatamente essas configurações do equipamento
utilizando programas leitores de EXIF - infos que toda câmera digital grava no arquivo de imagem - como o Opanda
(download gratuito diretamente no site do produtor: http://www.opanda.com/en/iexif/download.htm).
30’’, F11, ISO800, WB 3570K, 18-105mm em 22mm
A técnica aplicada
E sim, a hora está correta. tenho o hábito de dormir tarde de vez em quando. E numa noite assim eu vi as nuvens passarem baixas
e muito rápidas, então resolvi fazer essa longa exposição.
JÁ SABIA QUE O EFEITO DA LONGA EXPOSIÇÃO seria semelhante a um borrão no céu. Eu conhecia a técnica e já tinha visto fotografias e ou-
tras imagens assim o suficiente para formar em minha mente o resultado que esse trabalho daria. E saiu exatamente como eu havia pensado.
O EFEITO QUE PARECE UMA ÚNICA MASSA DE AR é, na verdade, muitas e muitas nuvens passageiras. Foi preciso 30 segundos para conseguir
esse efeito, que você pode ir testanto de 10 em 10 segundos e observando como o borrão vai se formando. Verá que as características vão
mudando, por isso é preciso praticar. A primeira imagem é a original, como foi captada pela máquina na exposição indicada na página. A
segunda imagem foi a imagem escolhida para ilustrar esse texto: Note que eu “puxei” as sombras (o que clareou bem a cena) e acrescentei
um pouco de preto para amenizar o ruído característico desse tipo de composição. Já a última imagem traz uma exposição igual à original,
mas com o balanço de branco em 4760K, o que resultou em uma fotografia mais quente.
Se você tiver a opção de ajustar a temperatura KELVIN (balanço de branco), faça esses testes e domine os acionamentos ma-
nuais da câmera. A grande vantagem disso é saber EXATAMENTE como seu equipamento funciona e aplicar no momento oportuno o efeito
que você quiser!
Meu rosto em contra-luz
A técnica aplicada
Flare nada mais é que um reflexo na lente, ou melhor, nas lentes, uma vez que até mesmo as máquinas
mais simples podem contar com vários conjuntos de vidro ou cristal na constituição da sua objetiva. Há ainda
algumas peculiariedades como o reflexo ser uma luz que não refrata, mas aí o assunto se aprofunda demais e
meu objetivo nesse ebook é falar de forma mais geral sobre captura digital.
Foi com base nesse sol direto que me lembrei em produzir uma imagem com bastante flare. Eu particular-
mente sempre busco esse efeito, conseguido com qualquer fonte de luz. Em show também é possível conseguir
um bom efeito e até mesmo com flash dedicados. Sempre são lindos!
AS IMAGENS AO LADO MOSTRAM O REALCE DO EFEITO DE FLARE na edição. Aumentando um pouco o contraste
da imagem, ganhei certa definição nos contornos dos raios que refletiram nas lentes. Note ainda um acréscimo
do efeito estrelado na fonte de luz, ou seja, no Sol, também decorrente da abertura pequena da lente em F13.
Com um pouco de prática e treino é possível ir combinando os efeitos conseguidos com os diferentes tipos de
lentes e suas configurações.
Voar, voar, subir, subir
A técnica aplicada
DUAS COISAS ME COMPROVAM QUE ESSES PÁSSAROS ACABARAM DE ACORDAR. A primeira delas e a mais lógica é a
leitura no EXIF do arquivo fotográfico. Uma combinação de zeros e uns que formam o arquivo digital. A segunda delas,
e para mim a mais gostosa, é saber que a represa municipal, local de descanso desses pássaros, estava à direita da
imagem, ou seja: no sentido oposto desse voo.
TODOS OS DIAS OS PÁSSAROS saíam da represa alçando voo para esse mesmo lado e somente no final da tarde re-
tornavam em direção oposta. Assim, se na imagem eles estivessem virados para a direita eu saberia - se estivesse do
ponto-de-vista em que eu estava - que eles estavam retornando para seus ninhos.
PORQUE ENTÃO EU GIREI HORIZONTALMENTE A IMAGEM NA PÁGINA ANTERIOR? Temos nosso sentido de leitura constru-
ído da esquerda para a direita, o que me fez optar por uma construção que acompanhasse esse sentido, o qual estamos
acostumados. Isso foi possível pois não há - nessa imagem - compromisso com questões espaciais e/ou geográficas.
Caso houvesse, eu manteria a direção do voo original. A ligeira inclinação das aves é para reforçar o sentido de alçar
voo, ou seja, subir aos céus. Ainda reforcei a saturação do azul, uma vez que a grande abertura da lente não privilegia a
saturação nesse caso. Realizei uma edição diferente da imagem das maritacas, nas quais retirei totalmente a saturação
do azul para construir um céu nublado ou cinza em pleno dia azul.
Estrelas em velocidade de dobra
Eu passo bastante. Pelo menos aponto minhas Há um observatório em Rio Preto. Nele, durante
lentes bastante para o céu. Olhando esses efeitos as seções de projeção, é simulada a retirada da
que a longa dá, me lembro dos filmes “Jornada claridade no céu gerada pelas luzes terrestres.
nas Estrelas”, cuja velocidade em dobra fazia todo O efeito visto é magnífico e nos deixa sem saber
o “parabrisa” da nave interestelar Enterprise se como mensurar o que é sabido: os olhos não
encher desses riscos. acreditam no que a ciência nos mostra. Mas basta
pouco tempo para perceber o quão impossível
Sempre que conseguia tempo para fazer essas seria abrir uma garra para cada estrela.
863’’, F14, ISO200, WB Auto, 18-105mm em 18mm
imagens eu abria um vinho razoável e aos poucos
A técnica aplicada
Por um longo tempo fui relutante em relação às grandes alterações em uma imagem que a tecnologia digital
oferece. Mas ainda bem que o tempo passa, como já falamos. Hoje eu não torço mais o nariz quando vejo uma imagem
alterada em sua essência ou com grande manipulação, desde que seja objetiva sua alteração, ou seja, desde que seja de
rápida compreensão. Permiti-me até acrescentar duas estrelinhas na edição, para reforçar a composição.
ESSA IMAGEM TEM 863’’ DE EXPOSIÇÃO, OU QUASE 14 MINUTOS. Fiz contrariando TODOS os conselhos que os entusiastas
da imagem digital deram nos fóruns e sites que pesquisei. Na verdade, não foi difícil. A opinião deles era praticamente
unânime: compre um controle remoto da câmera para conseguir exposição com mais de 30’’. Alguns outros diziam para
comprar cabo disparador, enfim.
NOVAMENTE VOLTEI MINHA PROCURA NAS BASES DO ANALÓGICO e lembrei de uma tecnologia essencial para rebobinar
os filmes antigamente: a fita crepe. Juntávamos as bobinas de filme e a película com durex ou com fita crepe, que fazia a
pressão necessária para puxar o filme. Juntando um mais um, vi que seria possível fazer a fita crepe segurar o botão de
disparo apertado pelo tempo que eu quissesse. E deu certo para acionar e manter o botão pressionado. Agora... como
eu interrompia o processo sem mexer na câmera? Conto no próximo ebook!
Ele sabe passar
Essa percepção está mais visualmente identificada nos limites do espelho; note que, com o anoitecer, a sombra vai sendo
projetada para cima e começa a tocar no canto inferior ao mesmo instante em que toda a lateral da direita vai saindo da sombra. Oito
segundos para tão pouca mudança. Eu ensinei meus olhos a observar esse movimento e a perceber o vagaroso passar do tempo.
Sobre still, técnicas e ruídos
A técnica aplicada
AS DUAS IMAGENS GRANDES AO LADO também não tem edição. São os arquivos
originais. O aparente efeito que a imagem tem é decorrência apenas das escolhas
técnicas e truques fotográficos que revelo agora. A única diferença entre as duas
é o fundo iluminado. Ambas foram tiradas sobre uma mesa, refletindo a luz que
entrava pela janela, uma mistura de luz de luar e de lâmpada incandescente. O que
gerava a sombra era a borda da janela. Conforma a abria ou fechava, ela deixava
passar mais ou menos luz.
JÁ O TOM AMARELADO FOI CONSEGUIDO com uma técnica muito simples: a colo-
cação de uma meia calça feminina esticada cobrindo a lente. A imagem menor é
apenas um recorte ampliado para demonstrar em maior escala o efeito que o ruído
apresentou. Belíssimo quando acompanhado da meia calça.
Quantos pores-do-sol você viu hoje?
A técnica aplicada
TIVE TEMPO PARA PENSAR E APLICAR DIVERSAS TÉCNICAS NESSE DIA. Mas como gostaria de apresentar uma diversidade
de imagens nesse ebook, trouxe essa silhueta como exemplo, embora não seja a imagem que mais gostei desse dia. De
todos os quarenta e três pores-do-sol possíveis, precisava escolher apenas um.
FOTOGRAFIAS DE SILHUETAS TEM, COMO PRINCÍPIO BÁSICO, uma forte iluminação em contra-luz. É graças a essa luz que
conseguimos escurecer totalmente os elementos entre a máquina fotográfia e a fonte de luz em questão. Nessa imagem
trabalhei apenas com a luz do Sol, a mais forte fonte de iluminação que existe em nosso sistema solar.
EM RELAÇÃO A COMPOSIÇÃO, todas as minhas tomadas horizontais não me agradaram a posteriori. Escolhi essa, pois
foi possível editar e realocar o Sol no cruzamento dos terços inferior horizontal e posterior vertical. Mas me incomoda
a presença de outro elemento no terço anterior. Mesmo assim, creio que um pouco menos de árvore na imagem trouxe
um pouco mas de harmonia estética. Na edição, eu acrescentei um pouco de preto para reforçar as silhuetas e aumentei
ainda mais a temperatura de cor para 5350K , o que esquentou um pouco a imagem.
Hora da Ave-Maria
O exemplo que trago nessa página foi registrado nos 1/200”, F18, ISO200, WB Auto, 80-200mm em
idos de 11 de maio, a quase 30 dias para meu casamen- 86mm, Flash SB900, Timer 10’’
to. A partir dali as coisas ficaram corridas para mim,
trabalhando na assistência da organização técnica do A técnica aplicada
Festival de Teatro de Rio Preto, ministrando as últimas
avaliações do semestre, organizando as últimas coi- Esse exemplo vale pela utilização do flash, recurso que até então eu pando a imagem para que nenhum elemento dispersasse a atenção do leitor
sas para receber os parentes e amigos de fora. Mas não havia utilizado nesse ebook. O mais importante é entender a resposta (compare as imagens e observe as diferenças).
eu queria esse registro. Faltava eu, o pôr-do-sol e o do seu equipamento com diferentes fontes de luz, com consequentes tem-
peraturas Kelvin diferentes. Já vi profissionais utilizarem cinco fontes de luz AS TRÊS IMAGENS REPRESENTAM MINHA SISTEMATIZAÇÃO PARA CONSEGUIR
pinheirinho juntos em uma mesma composição. Queria
diferentes ao mesmo tempo: flash dedicado, flash de estúdio, luz fluorescente UMA IMAGEM HARMONIOSA. A primeira foi meu primeiro registro. A partir
guardar uma imagem assim. dele me guiei para adequar a luz ao contexto em que eu estava. Para isso
e iluminação específica para estúdio de TV. Cada uma dessas luzes tem suas
próprias características e a máquina, por mais moderna que seja, vai enlou- adicionei um filtro de cor na frente do flash para esquentar sua temperatura
quecer na hora de priorizar um balanço de brando adequado. O resultado? apreendida. O resultado harmonioso somente foi possível porque foram
Creio que horas de edição em computador e um resultado pouco natural. respeitadas as características das diferentes luzes: do SB900 e do próprio
Sol. A temperatura do flash é balanciada para 5500K, próximo ao valor da luz
PROCURE USAR SEMPRE UMA OU DUAS FONTES DIFERENTES DE LUZ, como do meio dia, é branca. Já o pôr-do-sol está em 3100K e tem uma luz mais
nesse meu auto-retrato. A última imagem acima tem na edição um aumento alaranjada. Logo, era preciso equilibrar isso, priorizando uma fonte de luz e
na exposição e na claridade, com uma leve correção de ruído e da saturação. sua temperatura e adequando as outras fontes. Poderia ser feito via edição
Retirei alguns fios de cabelo que me incomodavam, um pedaço da blusa na no computador? Sim, claro. Mas eu não gosto de computadores tanto assim.
minha bochecha esquerda e alguns reflexos do flash na taça de vinho, lim-
Sem ela eu não vivo
FOI BACANA ESSE REGISTRO, POIS PUDE APLICAR um recurso comumente utilizado, que é gerar uma imagem da NOVAMENTE ALTEREI A TEMPERATURA KELVIN da imagem geral para um tom mais frio, induzindo a assi-
Lua e aumentar seu tamanho no programa de edição para que ela se pareça maior do que realmente estava a milação de uma imagem realizada de noite. Essa percepção de tempo é válida na medida em que a longa
olho nu. E é simples: recortei -a cerca de dois pixels para dentro da sua margem e depois a ampliei ligeiramente. exposição esquentou demasiadamente a cidade e se não fosse por ela não seria possível a imagem ser
O efeito é esse. Há alguns exageros nesse tipo de composição, mas eu prefiro um meio termo nesses casos. coerente com meu registro; em Rio Preto, às 19h, praticamente já está de noite nessa época do ano. Creio
que uma falha minha na escolha do balanço de branco correto para a exposição reforçou ainda mais essa
OUTRAS MANIPULAÇÕES FORAM NECESSÁRIAS, como eliminar os pontos verdes e vermelhos que se formaram coloração. Mas o saber entre essas relações permite ao bom observador refletir sobre sua atividade e buscar
no céu e são apenas reflexos das luzes da cidade nos vidros da minha lente: também são flare, mas por não alternativas para uma composição adequada e eventuais correções posteriores via software.
atuarem a favor da imagem eles se transformam no tipo indesejado.
30’’, F16, ISO6400, WB Manual, 50mm fixa
A técnica aplicada
A primeira imagem é a tomada original subexposta de forma proposital. Ao fotografar com o ISO tão elevado (máximo da minha
câmera), a lente muito fechada e uma velocidade baixíssima de obturador, eu procurei forçar o ruído e o efeito de difração (pequeno
desvio da luz ao passar pela íris) para conseguir uma imagem diferente. A ideia era uma imagem de sombras projetadas pela luz da Lua
sem ser uma mesmice, conseguida na segunda imagem com a adição de um pouco de claridade, contraste e nitidez.
A TERCEIRA IMAGEM ESTÁ ORIGINAL, SEM QUALQUER EDIÇÃO. A única diferença técnica é que a fiz com uma abertura bem maior do
que a primeira, deixando passar mais luz. Entretanto, o efeito gerado foi a falta de sombras, preenchidas pela iluminação constante e
pelo próprio reflexo da luz em outras partes da mesma cena. É uma imagem enigmática, pois não há sombra, mas há diferentes tipos de
fontes de luz. A primeira fonte é a luz da Lua; já a segunda vem dos postes da rua. Note uma parte na lateral esquerda mais alaranjada
que as demais partes. Essa luz vem diretamente dos postes, e tem uma luz mais quente. A grama seca e o pouco pedaço de terra ao
fundo também recebiam sombras, suavizadas pela constante iluminação e pela longa exposição. É uma cena que não conseguimos
enxergar com os olhos, mas o equipamento pode ver. É uma cena que não existe. Não?
Árvores de vivas cores
Acho que boa parte das pessoas que gostam de dar seus cliques tem
uma linda imagem na câmera que, depois de passada para o com-
putador ou impressa, perdeu a graça. Ou então um apartamento que
tinha uma bela vista...
Essa vista simples mostra a visão que ficou limpa Essa mudança nada mais é que um recorte den-
com a queda da árvore (que deu visada para o tro de um espaço de tempo no qual eu mesmo
pinheirinho visto ao fundo, à esquerda), os pré- determinei: 2011 a 2013. Findado tal tempo, eu
dios novos construídos ao redor daquele primeiro pude reestabelecer a conexão entra essas datas,
(canto direito), e os galhos típicos do inverno. A podendo datar um começo, meio e fim. Todo esse
minha ação fotográfica me deu mais uns 30 minu- material agrupado tornou-se o resultado da minha
tos ali, olhando a vista. relação com o tempo presente, registrado graças
a uma tecnologia qualquer que o homem pôde
O fim desse processo de mudança - dentro dessa criar. Esse tempo é, na verdade, minha relação
1/250”, F13, ISO1600, WB Auto, 18-105mm em 18mm
dilatação do espaço de três anos - me remete aos com o tempo: o tempo que vivo nesse instante,
instantes ali parado, de introspecção. Esses mo- olhando esses pássaros tão belos dessa minha
mentos têm voltado em meus sonhos, e me pego nova janela.
em plena janela construindo minhas imagens.
A técnica aplicada
ENTRE AS OBJETIVAS QUE PRECISO está a olho de peixe, que produz um efeito tipo bolha
na imagem, distorcendo as linhas e formas. Sei que a usarei em poucas ocasiões, mas ela
reforça algumas sensações que eu gostaria de passar em minhas imagens profissionais.
ESSE EXEMPLO TRAZ O QUE SÃO AS DISTORÇÕES DAS FORMAS. Os elementos (o pinheiro,
prédio e a árvore) são reconhecidos pelas suas formas e não pelas suas cores, por exemplo,
mesmo estando levemente distorcidos. Esse efeito que simula uma lente grande angular
com distância focal abaixo de 15mm, caracterizando uma olho de peixe, foi feito no programa
de edição. Nesta, aumentei o preto para caracterizar o efeito da silhueta e retirei boa parte
das sombras existente. E pela última vez daquela janela não me preocupei com o ruído
causado pela tecnologia que utilizo para captar algumas imagens.
da janela lateral
santiago garcia