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UNIG – Universidade Iguaçú

Professor: Laércio Martins


Turma: DRT 201
Aluno: Leandro Maia Bueno

Trabalho de Sociologia

Rio de Janeiro, Nova Iguaçú, 2017


Assunto complexo, debatido, pensado desde a antiguidade até por grandes
pensadores, o acesso à justiça é, por vezes, é por vezes, confundido com o acesso
ao poder judiciário. O primeiro pensador que se tem notícia a estudar o governo foi
Aristóteles (384 a.C – 322 a.C). Essas duas questões, justiça e governo estão
entrelaçadas e foram por isso, alvo de suas pesquisas e análises. Posto que, cada
forma de governo, com seus sistemas de governo e variações culturais vão trazer
sistemas particulares em relação à justiça.
Desde as sociedades àgrafas, modelos dos mais variados já foram
experimentados, testados e aplicados na tentativa de se ter um sistema mais justo,
ou não. Nas sociedades patriarcais hebréias, na Palestina, na região do Oriente
médio há cerca de 5 mil anos atrás, existia um protótipo de monarquia, que era
também hereditária. Eram essas áreas de maneira geral, sociedades patriarcais,
sem escrita de tradição oral. A justiça era administrada por anciões, que julgavam
conforme seus costumes. Os tribunais eram nas portas das cidades onde as
demandas litigiosas e acordos eram fechados.

Sistemas de governo

Com a evolução das sociedades, surgiram vários sistemas e formas de


governo, não trataremos de todos, mas somente de alguns. Devido a essa evolução,
o acesso à justiça também fora modificado. Instalando-se as monarquias, os
tribunais nas portas permaneceram, porém surgiu uma “corte superior” na pessoa do
rei. Questões mais relevantes, ou a critério do cidadão, uma audiência com o rei
poderia ser requerida, ao se inclinar perante o rei, que estendia seu cetro, dando
autorização para o requerente se pronunciar. A este tempo, o Rei incorporava em si
mesmo, aquilo que pós-revolução francesa passamos a chamar de “três poderes”.
Em sua análise sobre as formas de governo, ele chegou a conclusão que
havia 3 formas “legítimas” e 3 formas “ilegítimas”.

Quantos governam Legítimos Ilegítimos


Um Monarquia Tirania
Poucos Aristocracia Oligarquia
Muitos República Democracia

Aristóteles descreve um governo com critérios de justiça que objetivem o bem


comum. Quando ele define as formas de governo, ele o faz usando como critério a
intenção de ambos. Os legítimos são aqueles em que se busca o bem comum, os
ilegítimos, levam um peso de egoísmo.
Para outro pensador, Tucídedis, o sistema democrático é decadente por ser
incapaz de ser administrado seus problemas internos, e que os maiores cargos da
sociedade são públicos. Para ele a democracia só dá certo se todos tomarem conta,
que é o que chamamos atualmente de transparência. Investimentos geram muitas
riquezas.
Thomas Hobbes, um contratualista, quando se sai do Estado de natureza, se
assina um contrato social. Possuía uma visão absolutista, cria que o Estado deveria
ser forte, logo o regime mais próximo de suas idéias seria a Monarquia absolutista.
John Locke, considerado o pai do liberalismo político e de posição contrária ao
absolutismo monárquico. Para ele, os homens no estado de natureza gozavam de
relativa paz, e de seus direitos naturais, como por exemplo: direito à vida, liberdade,
a propriedade e a felicidade, porém a propriedade deveria ser do Estado. Na mente
liberal de Locke, o homem deve ser dono de sua própria pessoa e do seu trabalho,
que é o critério para aquisição de propriedade. Mas, se o trabalho é a base para
aquisição de terras, então ninguém será dono de grandes extensões de terras.
Porém o dinheiro é um segundo critério para adquirir terras. Logo, por quê criar o
Estado?
A resposta é a criação de um Estado através de um contrato social para que o
Estado atue como um juiz para:
1. Resolver conflitos de forma imparcial, isto é, com justiça.
2. Preservar os Direitos naturais;
3. Proteger a sociedade (de guerras internas e externas).

Para Rousseau, o homem era livre em seu estado de natureza. Porém, a


propriedade privada originou a desigualdade e o Estado de guerra.

O acesso à justiça
Em diversas situações o acesso à justiça se tem confundido com acesso ao poder
judiciário. Segundo o doutrinador Kazuo Watanabe:
“A problemática do acesso à Justiça não pode ser estudada nos acanhados limites dos
órgãos judiciais já existentes. Não se trata apenas de possibilitar o acesso à Justiça
enquanto instituição estatal, e sim de viabilizar o acesso à ordem jurídica justa”.
Ter acesso à justiça é muito mais do que um tribunal. È mais do que justiça estatal,
é questão de justiça social. O acesso à justiça, é ter seus direitos respeitados e
garantidos, não apenas na lei, mas na prática. O princípio garantidor do acesso à
justiça está consagrado na Constituição de 1988, artigo 5º, XXXV, enquadrado
dentro dos Direitos e Garantias Fundamentais, mais especificamente nos Direitos
Individuais e Coletivos.
“Toda pessoa tem direito de ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um
prazo razoável, por um juiz ou tribunal competente, independente e imparcial,
estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal contra
ela, ou para que se determinem seus direitos ou obrigações de natureza civil,
trabalhista, fiscal ou de qualquer natureza” (Artigo 8º, 1 da Convenção
Interamericana sobre Direitos Humanos - São José da Costa Rica).
O acesso à justiça está previsto no artigo 5º, XXXV da Constituição Federal que diz:
“a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito.”
Pode ser chamado também de princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional
ou princípio do direito de ação.

E qual é a importância do sistema e forma de governo neste processo?


Um dos princípios das demandas e injustiças que vem das relações humanas no
âmbito social é a propriedade. A desonestidade nas relações sociais, baseado no
pensamento de Locke, devem ser alvo da guarda do estado. Aristóteles expressou o
seguinte:
“Pois começou a sua queda, o Império Romano que foi a maior monarquia que o mundo já
viu, desde que a virtude entre eles começou a escurecer-se, e alguns começaram a desejar
as coisas dos outros, até chegar a dar uma queda tão grande que caiu completamente”.

Para ele, a tirania é o vício da monarquia. E quem é um mal rei faz-se um tirano. E
diz ainda que “dos maus governos da república, o menos mal é o governo popular,
porque se aproxima pouco de sua espécie de república”. E porque?
O direito é dividido basicamente em Direito Público e Direito Privado. Como exemplo
do direito público tomaremos como exemplo o Direito Penal, já como exemplo, de
ramo de direito privado tomaremos o Direito civil. No Direito Civil vemos a maior
liberdade, Já no âmbito do Direito Penal, a maior das opressões.
No Direito Civil, que é o direito das relações sociais, há igualdade nas mesmas. Já o
Direito Penal, é estatal. Uma vez que ao Estado é dado o monopólio do uso da
força. Segundo o advogado italiano Luigi Ferrajoli:

“no terreno da defesa que se mede, mais que em qualquer outro, a vigência das garantias
penais e processuais e, por outro lado, a desigualdade dos cidadãos frente a lei penal”.

É no Direito Penal, que será o indicador principal do termômetro do acesso à justiça.


As questões relacionadas ao acesso à justiça em uma monarquia, são
demasiadamente frágeis quando se concentra o poder nas mãos do monarca. Uma
vez que ele mesmo tem o poder de criar leis, julgar e executar uma pena.
E, de fato, assim era na Europa. Com o evento do Constitucionalismo, foi
criado o princípio da anterioridade da Lei, que diz que ninguém poderá ser punido
sem que haja lei penal anterior. O evento do Constitucionalismo e depois do
neoconstitucionalismo, conseguir limitar o poder do Estado, protegendo o próprio
cidadão, posto que a Constituição é, em suma, a Lei do Estado. Trazendo também a
garantia dos direitos fundamentais, chamados antes de direitos naturais
proprorcionando um espaço mais amplo para o livre desenvolvimento da sociedade.
Porém a burocratização e as desigualdades ampliam a lacuna existente entre
o judiciário e o povo. A crise das instituições, especialmente do Judiciário, é a praga
do Estado contemporâneo. O crescente acesso à justiça para a solução de conflitos
de interesse em áreas socialmente impactantes evidencia que o termo jurisdição não
pode mais se restringir ao clássico dizer o Direito, ou seja, não basta a garantia do
acesso à justiça, mas à essa liberdade pública deve-se agregar o direito a um
provimento jurisdicional idôneo a produzir os efeitos práticos a que ele se preordena.
Nesse contexto, a obsessiva produção de normas, muitas vezes de escassa
eficiência, que é símbolo de vários ordenamentos, acaba abrindo uma fenda abissal
entre o mundo do dever ser e o mundo efetivo e real do ser. A garantia do acesso à
justiça, que é um direito humano, consta na Constituição Federal, ainda que não
esteja plenamente eficaz, está em vigor. E uma das principais características de
nosso sistema de governo é a participação, de acordo com o pensador ora citado
Tucídedis, a democracia só dá certo se todos participarem. Entendemos todas as
mazelas da república democrática, porém de várias formas e sistemas de governo, a
que possibilita maior acesso à justiça, ainda é ela.
Referências Bibliográficas:

SPENGLER, FABIANA. BEDIN, GILMAR. Acesso à Justiça, Direitos Humanos &


Mediação, Curitiba: Multideia, 2013.
Kazuo Watanabe, Acesso à Justiça e sociedade Moderna, in Participação e
processo, São Paulo, Ed. RT, 1988.
Aristóteles, Ética. Edición Electrónica, Madrid Espanha. LIBROS EN LA RED: 2001.
Aristóteles. Política, EDITORIAL GREDOS, S. A. Madrid. España, 81, 1988.

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