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PRISCILLA PEREIRA GONÇALVES

RELATÓRIO CRÍTICO ACERCA DAS APRESENTAÇÕES DO PROFESSOR


JOSÉ ANTÔNIO FRIAS NO CURSO DA DISCIPLINA “MÉTODOS
QUALITATIVOS DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO”

Relatório crítico apresentado à Disciplina


Métodos Qualitativos de Pesquisa em
Ciência da Informação ministrada Pelo
Professor José Antônio Frias no Programa
de Pós-Graduação em Ciência da
Informação da Escola de Ciência da
Informação da Universidade Federal de
Minas Gerais.
1 INTRODUÇÃO

O Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação ofertou a Disciplina


“Métodos Qualitativos de Pesquisa em Ciência da Informação” ministrada pelo Professor
José Antônio Frias no período de 17 a 21 de março de 2017. Cada palestra abordou temas
específicos: as duas primeiras trataram de métodos da pesquisa em Ciência da Informação,
a terceira apresentou um panorama sobre a formação em Ciência da Informação na
Espanha, finalmente, a quarta apresentação mostrou uma síntese dos resultados de
pesquisas do “Centro de Estúdios de la mujer” na Universidade de Salamanca na Espanha.
Este relatório apresenta uma síntese crítica das apresentações das palestras
ministradas em 17, 18, 20 e 21 de março de 2017 na Escola de Ciência da Informação.
Trata-se de um relato do conjunto de informações acerca de métodos de pesquisa, coleta e
análise de dados, quantitativamente em ambientes digitais e também qualitativamente nos
demais ambientes. É necessário ressaltar que em respeito aos conceitos trazidos pelo
próprio autor palestrante, em determinados momentos do relato serão preservados os
termos e conceitos utilizados pelo mesmo em seus slides de apresentação, além daqueles
que aparecem em sua fala.
Alguns pontos das apresentações receberam um olhar peculiar, devido ao
interesse pelas técnicas afins com aquelas estudadas para aplicação ao trabalho de
pesquisa desta interlocutora, quem pretende realizar uma pesquisa qualitativa no âmbito das
bibliotecas públicas e cujo tema apresenta-se, sob o olhar do Professor Frias, como
merecedor de uma análise mais aprofundada do contexto, em virtude do seu caráter
específico de analisar, o sujeito/objeto da pesquisa como parte integrante de um todo social,
e no qual pesam as condições desse todo, para construção da identidade da comunidade a
ser pesquisada. Desse modo, a construção crítica deste relatório se dá ao discorrer-se
sobre a técnica de coleta e de análise de pesquisa as quais elucidaram com maestria sobre
a metodologia que melhor se adequará ao problema de pesquisa proposto pela
interlocutora.
2 MÉTODOS DE COLETA E ANÁLISE DE DADOS EM AMBIENTES DIGITAIS

A primeira palestra do Professor José Antônio Frias tratou dos métodos de coleta
e análise de dados em ambientes digitais, os quais podem ser adequados à pesquisa
quantitativa devido a uma visão estatística no seu processo de coleta, síntese e análise. O
Professor Frias salientou a amplitude provável da capacidade das tecnologias atuais de
registro de dados que transitam pela internet atualmente, e a facilidade com qual esses
dados podem ser recuperados, inclusive, para fomentar pesquisas diversas a respeito do
comportamento das pessoas para com os dados, bem como a precisão de sua recuperação.
Inicialmente, o Professor Frias apresentou diversos aspectos que podem ser
medidos na análise das ações dos usuários da internet como: tempo de conexão e resposta,
persistência do usuário, buscas com satisfação e também com resultados sem registro
algum recuperado, ruído informativo, mas especialmente, os aspectos que compõem um
perfil de comportamento dos usuários nos ambientes digitais, entre outros.
Em seguida, o Professor Frias abordou as iniciativas que propõem livre acesso a
dados padronizados registrados nesses ambientes digitais para que sejam posteriormente
analisados, com objetivos diversos dentre eles: a disponibilização dos dados, em formato
padrão, produzidos pelo setor público para que sejam reutilizados; bem como a
disponibilização do acesso livre a tais dados com vistas a promover a construção de
cidadania através da publicidade da informação pública. Tais iniciativas são a RISP
(Reutilización de la Información del Sector Público), e Open data que trata do direito de
acesso aos dados, respectivamente associadas aos objetivos descritos anteriormente.
Na sequência, fora apresentado o conceito de Data set, o qual que remete ao
agrupamento dos dados em blocos indexados e classificados para facilitar sua recuperação,
sob os critérios de afinidade em sua descrição, frequência de sua utilização, formato e
licença de usos entre outros. Para que tais dados sejam agrupados e disponibilizados foram
apresentados alguns formatos de padrões de dados para esses ambientes digitais, a
exemplo de XML (Extended Markup Language), RDF (Resource Description Framework),
entre outros. A partir das iniciativas de acesso livre aos dados na Internet, o Professor Frias
apresentou um breve histórico da Informação pública, bem como dados abertos da
Comissão Europeia, as conjunturas que regulamentam o registro, acesso e recuperação dos
dados e um panorama da eclosão e impacto de tais políticas de informação no mundo.
No entanto, cabe ressaltar que a informação pública pode e deve ser utilizada
com diversas finalidades, haja vista o fato de que tem sido utilizada tanto para delimitar um
perfil de usuários de informação com vistas ao consumo, como enquanto meio de
“empoderamento” cidadão, entretanto, em vários países subdesenvolvidos não foram
apontados no mapa do Professor Frias como países que adotaram as políticas de
informação pública, demonstrando a pertinência das mesmas para o desenvolvimento
econômico, social, tecnológico, e político desses países.
Todavia, é possível inferir que foram enumerados argumentos sobre a
importância da Informação pública, tais como: as oportunidades de negócio e de expansão
do mercado, o fomento ao desenvolvimento de políticas públicas que promovem cidadania
através da transparência da informação, participação cidadã, e eficiência administrativa;
melhoria dos sistemas de Saúde; fomento ao avanço da Ciência e tecnologia, bem como
dos sistemas de aprendizagem; e finalmente, a fluidez na comunicação em todas as esferas
de governança. Entretanto, não foram apresentados os caminhos percorridos para se
construir e avançar na defesa de políticas de informação pública para os países menos
abastados, embora tenha apresentado uma cronologia para tal processo na Espanha, mas
ainda há uma lacuna sobre quem foram os precursores na defesa pela abertura de acesso
aos dados e através de quais processos os espanhóis alcançam avanços desta natureza na
esfera política.
Para finalizar a primeira parte, o Professor Frias apresentou o Big data, ou
volume massivo de dados estruturados e não estruturados, os quais ainda não são
armazenados e processados pelas tecnologias de que dispõem os países da União
Europeia; tratou de sua definição e de uma visão panorâmica das informações que se tem
acerca dos armazenamento e tráfego de dados na internet, e fundamentalmente quais
dados podem ser medidos e sua finalidade. O Big data Big Data pareceu numa visão mais
superficial estar voltado mais para sínteses estatísticas que nos levam a compreender e
prever os fenômenos do que explicar porque e como eles se dão, daí compreende-se a
adequação desses tipos de técnicas à pesquisa qualitativa. Ao final desta parte da
apresentação, foram apresentados os principais motores de registro de dados, os quais têm
ampla possibilidade de fornecer dados sobre o comportamento das pessoas na internet, a
exemplo do Google (Pesquisa e tradutor), Amazon.com, Walmart, entre outros. Por fim, são
descritos os riscos, as ferramentas, a importância, a possibilidade de análise e quais tipos
de dados é possível analisar, o diferencial, os motivos que tornam o Big data tão eficiente.
Para finalizar, o Professor Frias mostrou a possibilidade de explorar as
interações virtuais como objeto de pesquisa, as quais requerem técnicas específicas, e
cujos conceitos ele chamou de Etnografia virtual ou Netnografia. Segundo o Professor Frias,
Netnografia seria um método de estudar comunidades e relações que ocorrem na rede, cujo
objetivo seria de estudar ciberculturas e comunidades virtuais e explorar diferentes aspectos
das interações sociais na rede, bem como do próprio comportamento dos pesquisadores. Tal
metodologia passaria pela identificação dos fóruns eletrônicos afins aos objetivos do estudo,
que são de ordens diversas, desde estabelecer indicadores e índices acerca da participação
de membros da comunidade virtual em fóruns específicos, até a observar-se a relação dos
perfis estruturais de participação e os padrões que resultam da análise de conteúdo, que
atentam especialmente para dissidências e confluências no que concerne a ascensão e
distribuição das pesquisas científicas.
Em suma, esta síntese apresenta a percepção da interlocutora no decorrer da
apresentação da primeira parte do ciclo de palestras do Professor Frias, a qual embora não
apresenta a metodologia mais adequada ao desenvolvimento do projeto de pesquisa por ela
proposto, ainda assim, fora de grande contribuição por ter apontado caminhos possíveis
para que os métodos das pesquisas quantitativas complementem a pesquisa qualitativa
positivamente, haja vista, os resquícios do olhar positivista sobre a pesquisa qualitativa
inclusive impondo-lhe tal complementação como requisito de validação no âmbito
internacional.

3 Metodologias Qualitativas em Ciência da Informação

A segunda palestra ministrada pelo professor Frias tratou dos métodos de


pesquisa qualitativa, passando pelas suas fases no processo como um todo, explicando as
modalidades da pesquisa qualitativa, suas peculiaridades, as diferenças entre pesquisa
qualitativa e quantitativa, as suas principais características, os motivos que levaram a sua
incorporação pela Ciência da Informação aos seus estudos e pesquisas, breve histórico e
revisão de literatura sobre a pesquisa qualitativa, as fases do processo da pesquisa
qualitativa e sua descrição, a construção da amostragem e os critérios para sua seleção, a
coleta de dados, o trabalho de campo, a análise dos dados, a validação das conclusões, e a
triangulação. Todas as partes da apresentação desta palestra contribuíram
significativamente para o processo de repensar a construção da metodologia do projeto de
pesquisas, com vistas a escolha por um caminho metodológico que melhor represente a
pesquisa da interlocutora para com seus pares, e consequente validação de sua produção.
Quanto às modalidades de pesquisa qualitativa, foram apresentadas de
maneira resumida as seguintes possibilidades: Pesquisa ação, Estudos de caso, Análise
conversacional, etnografia, Fenomenologia, Interacionismo simbólico, Hermenêutica,
Pesquisa colaborativa, Pesquisa participante, Histórias de vida, Grupos de discussão,
Etnosciência, Observação participante e Análise de conteúdo. Tais modalidades levaram à
questão de “qual seria o critério para se optar por uma ou outra?”, ao que o professor Frias
esclareceu que exitem níveis conceituais distintos, bem como os níveis de profundidade e
complexidade de cada objeto.
Para explicar as classificações dessas modalidades de Pesquisa Qualitativa, o
Professor citou a autora Renata Tesch(1990), quem defende a classificação de vinte e sete
modalidades de pesquisa qualitativa em três grandes grupos distintos, de acordo como um
objetivo, que à primeira vista parece um objetivo geral comum, a saber: conhecer as
características da linguagem, descobrir regularidades ou padrões na experiência humana, e
compreender o significado de um texto ou uma ação.
Para além da categorização das modalidades, o Professor Frias citou Rousseau
y Saillant (1999) para caracterizar a pesquisa qualitativa, de modo a constatar as seguintes
particularidades deste tipo de pesquisa: heterogeneidade, a concepção da relação
intersubjetiva pesquisador/objeto, de modo que concebe a pesquisa com e não para as
pessoas que já estão imbuídas de um conhecimento prévio tal, incluindo-as como co-
pesquisadoras; este método se propõe a capturar imagens sociais, bem como contextualizar
e analisar os diversos significados culturais. E é apontado que justamente o interesse e a
persistência em analisar os sujeitos em seu contexto social é o que distingue
particularmente a pesquisa qualitativa, junto à peculiaridade de propiciar um olhar para o
fenômeno a partir do lugar do outro, o que requer a vivência de reconhecimento da
alteridade.
Entretanto, eis que neste momento da palestra, justamente quando as
características da pesquisa qualitativa são desnudadas, cabe indagar se esses mesmos
aspectos também não podem ser aplicados ao olhar da metodologia quantitativa, ao que o
Professor Frias logo esclarece, que a diferença da profundidade do método da pesquisa, em
que pesam as considerações de opção por um método e não outro, é notória quando se
pensa e constrói um objeto de pesquisa tal que fundamentalmente tenha mais importância e
riqueza de dados quando analisado em seu contexto social. É inerente à pesquisa
qualitativa a importância do contexto em que o objeto está imerso, bem como a riqueza de
detalhe com que são descritos os fenômenos, o interesse menos pelas projeções que
podem incidir sobre os fenômenos que o interesse pelos processos que o constituem. E
particularmente a perspectiva do olhar, a pesquisa qualitativa tem em sua essência a
possibilidade de deslocar o pesquisador de seu lugar de enunciação e observação, mas
também de levá-los a compreensão de múltiplos olhares, possibilitando um olhar
transcendental e uma vivência rica da alteridade.
Há uma abertura neste ponto para uma análise critica que possivelmente não
fora apontado pelo professor Frias diretamente, mas cabe ressaltar que embora a ciência da
Informação não tenha nascido com este interesse e finalidade específica, historicamente é
possível afirmar que ela passa a contribuir para a transformação da sociedade, passa a
apontar as lacunas do deficit de acesso informacional, na falta de um termo melhor do que
competência informacional, e mais que isso ela passa a consolidar-se como efetivo
instrumento de transformação da sociedade quando passa a deslocar o olhar da sua
produção, que no início de sua história incidia sobre dados mais quantitativos e menos
providos de detalhes sobre o contexto e as condições em que se dá o processo de
apropriação da informação pelos sujeitos, e passou desse modo, a compreender as
condições sociais, as lacunas, as diferenças, e os fatores humanos que afetam uma
pesquisa no âmbito da sociedade.
Ao que exemplifica o Professor Frias esclarecendo que a incorporação do
método da pesquisa qualitativa proporcionou maior flexibilidade nos métodos facilitando do
profissional compreender melhor os fenômenos mais complexos, melhorar e desenvolver
serviços de informação, complementar os estudos quantitativos, pois, fora do contexto
social, o que dizem os dados?
Quanto às etapas da pesquisa qualitativa, segundo o palestrante não é possível
em pesquisa qualitativa, estabelecer etapas estanques pois, não existe uma linearidade no
processo. Mas ainda sim, é possível pensar um programa cujas fases vão se entrelaçando,
tais fases podem ser enumeradas da seguinte maneira: fase preparatória, o desenho
qualitativo, a mostra qualitativa, a coleta dos dados qualitativos, a análise dos dados
qualitativos, a validação das conclusões e a escrita para comunicação científica.
Resumidamente, a fase preparatória constitui-se das revisões literárias e demais
contribuições para delimitação do objeto, o desenho qualitativo trata do cenário em que
surgem as hipóteses e problemas de pesquisa, o qual vai levantar os objetivos e diretrizes, a
seleção da amostragem é a fase em que se planeja e pensa a representatividade da
população a ser pesquisada sob alguns critérios específicos, a coleta de dados que implica
uma série de escolhas, basicamente, é a fase em que se vai a campo observar, entrevistar,
aplicar questionários, ou coletar documentos e depoimentos e diversos outros registros; a
análise dos dados seria o momento ou os vários momentos em que deve-se optar por uma
análise em maior ou menor profundidade dependendo do nível de especificidade do
fenômeno e que requer uma avaliação e classificação da pesquisa em uma das três
categorias de análises (Procedimentos analíticos, técnicas de para gerar teorias, ou para
constatar hipóteses); seguida da fase de validação, que implica em submeter a pesquisa ao
crivo dos pares, e finalmente, a fase da escrita para circulação na comunicação científica.
Particularmente, torna-se mais compreensível a importância fundamental do
olhar e da figura do Professor que orienta do pesquisador em suas escolhas, em primeiro
porque já possui uma bagagem de pesquisa e tem propriedade para nortear as escolhas em
função do tempo, segundo porque, o Professor orientador por ter passado e ainda passar
pelo processo de submeter-se a avaliação dos pares constantemente, conhece melhor o
grau de aceitação dos pares quanto a determinadas influências teóricas na construção do
objeto e na argumentação, em terceiro porque o orientador pode auxiliar nos pós e contras
de uma técnica e não outra em função do contexto. Entretanto, cabe mais uma questão que
é da ordem do planejamento prévio para a pesquisa, quais os fatores externos que incidem
sobre a tomada de decisão do pesquisador, quando da escolha pelas técnicas de coleta e
análise de dados? Esta pergunta é pertinente quando, observa-se que pode ocorrer que
determinada técnica de coleta é mais adequada ao tema proposto que outra, mas e será
que haverá tempo hábil, e quando optar entre entrevista aprofundada e grupo focal? Mas
será que se dispõe da infraestrutura necessária? E qual a melhor infraestrutura para cada
técnica? Tais questões deverão ser pesquisadas, a fim de estruturar um planejamento
mínimo, para que o pesquisador tenha diretrizes de ordem teórico ideológica e pragmática
sobre de onde dever partir, por onde e como deverá avançar e quais os recursos dos quais
deverá dispôr para sua pesquisa.
Para finalizar, o Professor Frias conclui que os interlocutores, ou nos dizeres
dele, os usuários são o centro de interesse de investigação da pesquisa qualitativa em
Ciência da Informação, corroborando com a ideia de que realmente houvera um processo
pelo qual ela passou e influências diversas que sofreu, até deslocar do centro de interesse o
pragmatismo e trazer o sujeito, finalmente compreendendo para qual fim se produz
conhecimento no seu interior.

4 Aspectos da Ciência da Informação na Espanha e exemplos de pesquisas

As duas últimas palestras ministradas pelo professor José Antônio Frias serão
aqui tratadas no mesmo tópico embora sejam igualmente importantes, tal como as duas
primeiras, no entanto, apresentam-se como complemento ou exemplo para a outra. Neste
sentido, no terceiro dia do ciclo de palestras foram apresentadas as peculiaridades do
sistema de formação Biblioteconomia e Ciência da Informação, e no quarto e último dia,
abordou-se alguns exemplos de suas pesquisas, sob a ótica da Ciência da Informação na
Espanha, porém, a partir de uma lente ainda mais peculiar que é o olhar do pesquisador do
Centro de Estudos da Mulher.
O Professor Frias apresentou-nos brevemente como se deu historicamente o
movimento da unificação do sistema europeu bem como as dificuldades encontradas diante
das diversas formas de conceber os cursos no campo da Documentação porque
peculiarmente na Espanha a Ciência da Informação esteve atrelada ao jornalismo, bem
como suas terminologias em cada país da União Europeia. Explicou como funciona o
sistema de Educação superior, bem como o modo como se organizam as universidades que
ofertam cursos convergentes para a Biblioteconomia e a Documentação. E explanou sobre a
saída que encontraram para conviver com as diferenças de um país para outro que foi o
sistema de valoração de créditos desde 2009, para os países da União Europeia.
Duas concepções que culminam em interdisciplinaridade foram apontadas como
abordada, a primeira, de que a Documentação deveria abarcar o que estivesse relacionado
ao documento, dai um diálogo entre Biblioteconomia e Arquivologia, e a segunda é a
possibilidade de uma formação polivalente, embora a área de Museologia não tenha ligação
direta , me termos de formação, com essas duas áreas. Entretanto, em dado momento uma
interlocutora cubana, apresentou uma situação extremamente nova, para a formação no
Brasil, quando relatou que em Cuba a formação é extremamente polivalente, de modo que o
bibliotecário permanece cinco anos estudando, mas qualifica-se para o exercício da
profissão seja em bibliotecas, arquivos ou museus, o que reafirma ainda mais a
interdisciplinaridade através de uma espécie de fusão, da qual forma-se um profissional que
é chamado de Bibliotecário. O que não se pressupõe almejado na realidade brasileira, mas
afirma uma identidade interdisciplinar entre as três Disciplinas.
Por fim, o Professor Frias Concluiu que embora as técnicas sejam distintas, as
Disciplinas ou áreas da Biblioteconomia, Museologia e Arquivologia compartilham o mesmo
princípio e confluem aos mesmos fins de prover de informação as comunidades seja quais
forem suas características e o tipo de informação, o princípio de tratamento e recuperação
da informação é comum.
Já no quarto dia do ciclo de palestras, o Professor Frias apresentou o resultado
várias pesquisas cujo aspecto comum foi conhecer o comportamento feminino e das
diferenças sexuais, bem como as relações intersubjetivas travadas no interior da
Universidade, na comunicação científica e outros. Foram apresentadas as fontes para o
estudo de gênero, a identificação da intolerância nas ferramentas de representação do
conhecimento e dos sistemas de recuperação da informação, a importância da leitura como
apropriação de informação para construção da identidade, a importância das bibliotecas
enquanto espaços simbólicos de representação para o combate a discriminação de Gênero.
O que considera-se primordial nos estudos apresentados pelo Professor Frias
neste último dia, foi a concepção que se tem da biblioteca ou dos espaços de informação e
cultura enquanto lugares de construção da identidade, de atribuição de valor e significação
de pertencimento a uma comunidade específica, e o processo de fazer uso e pensar esses
espaços como aparato de combate às discriminações de toda natureza, são e tornam-se
cada vez mais lugares de apropriação de bem simbólico para além da informação
acadêmica, utilitária, pedagógica, cultural, pois, constituem e consolidam-se como lugares
de ação política, de posicionar-se, de apropriar-se e construir uma imagem do outro, de si
mesmo e da comunidade a qual atribui sentido de pertença e de empenhar neste espaço
uma energia para o exercício da liberdade de escolhas e da cidadania para construção de
uma identidade individual que compõem uma identidade coletiva.
Desse modo, o ciclo de palestras do Professor José Antônio Frias encerra-se,
respondendo algumas perguntas, e provocando novas outras, apontando possíveis
caminhos para a construção de uma fazer científico, bem como, abordando várias
concepções sobre as metodologias de pesquisa e principalmente nos informando sobre
critérios de validação sobre os quais devemos ter clareza se queremos consolidar um
campo científico que visa transformações sociais, mas sobretudo primar pela qualidade dos
nossos processos e pela qualidade das nossas pesquisas.
REFERÊNCIAS

FRIAS, José Antônio. Métodos de pesquisa quantitativa em ambientes digitais. In:


Atividades Programadas I: Métodos qualitativos de pesquisa em ciência da informação.
Salamanca, ES: Unisal, 2017.

FRIAS, José Antônio. Métodos de pesquisa qualitativa. In: Atividades Programadas I:


Métodos qualitativos de pesquisa em ciência da informação. Salamanca, ES: Unisal, 2017.

FRIAS, José Antônio. La formación en Bibliotecología y Ciencias de la Información en


el Espacio Europeo de Educación Superior. In: Atividades Programadas I: Métodos
qualitativos de pesquisa em ciência da informação. Salamanca, ES: Unisal, 2017.

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