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Adoração

por

Arthur W. Pink

Uma das falácias mais solene e destruidora de almas nestes dias é a idéia
de que almas não-regeneradas são capazes de adorar a Deus.
Provavelmente a razão maior pela qual este erro tem ganho tanto espaço
deve-se à imensa ignorância espalhada acerca da

NATUREZA REAL DA VERDADEIRA ADORAÇÃO

As pessoas imaginam que, se elas freqüentarem um culto religioso,


forem reverentes em seu comportamento, participarem do período de
hinos, ouvirem respeitosamente o pregador, e contribuirem com ofertas,
então realmente adoraram a Deus. Pobres almas iludidas... um engano
que é levado adiante pelo falso-profeta e explorador do dia. Contra toda
esta ilusão, temos as palavras de Cristo em João 4.24, que são
surpreendentes em seu caráter restritivo e pungente: “Deus é Espírito, e
importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade”.

A VAIDADE DA FALSA ADORAÇÃO

“Bem profetizou Isaías acerca de vós, hipócritas, como está escrito:


Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim;
em vão, porém, me honram, ensinando doutrinas que são mandamentos
de homens” (Marcos 7.6,7). Estas palavras solenes foram ditas pelo Senhor
Jesus aos escribas e fariseus. Eles vieram a Ele com a acusação de que
Seus discípulos não se conformavam às suas tradições e práticas em
relação à pureza e lavagens cerimoniais. Em Sua resposta, Cristo expôs a
inutilidade da religião deles...

Estes escribas e fariseus estavam levantando a questão do “lavar de


mãos” cerimonial, enquanto seus corações permaneciam sujos perante
Deus. Oh, querido leitor, as tradições dos antigos podem ser
diligentemente seguidas, suas ordenanças religiosas observadas
estritamente, suas doutrinas devocionalmente guardadas, e ainda assim a
consciência jamais foi sondada na presença de Deus quanto a questão do
pecado. O fato é que a religião é uma das maiores obstruções para a
verdade de Deus abençoar as almas dos homens.
A verdade de Deus nos leva a um nível em que Deus e o homem são
tão distantes quanto o pecado é da santidade: portanto, a primeira grande
necessidade do homem é purificação e reconciliação. Mas a “religião” atua
na suposição de que a depravação e culpa humanas podem ter
relacionamento com Deus, podem aproximar-se dEle, e mais, adorá-lO e
serví-lO. Por todo o mundo, a religião humana é baseada na falácia de que
o homem pecador e caído pode ter um relacionamento com Deus. A
religião é um dos principais meios usados por Satanás para cegar a
humanidade quanto à sua verdadeira e terrível condição. É o anestésico do
diabo para fazer pecadores perdidos sentirem-se confortáveis e tranqüilos
em seu vil afastamento de Deus. A religião esconde deles Deus em Seu
verdadeiro caráter – um Deus santo que é “tão puro de olhos, que não
podes ver o mal, e a opressão não podes contemplar” (Hb 1.13).

Teremos muito esclarecimento em relação a este ponto de nosso


assunto se considerarmos atentamente o abominável incidente registrado
em Mateus 4.8,9: “Novamente o transportou o diabo a um monte muito
alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles. E disse-lhe:
Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares”. O diabo busca adoração.
Quão poucos na cristandade estão alertas quanto a isto, ou percebem que
as principais atividades do inimigo se mantêm na esfera religiosa!

Escute o testemunho de Deuteronômio 32.17 – ”Sacrifícios


ofereceram aos demônios, não a Deus; aos deuses que não conheceram”.
Isto se refere a Israel em seus primeiros dias de apostasia. Escute agora 1
Coríntios 10.20 “Antes digo que as coisas que os gentios sacrificam, as
sacrificam aos demônios, e não a Deus”. Que luz isto nos lança sobre a
idolatria e abominações do paganismo! Ouça mais uma vez 2 Coríntios 4.4
“Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos,
para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que
é a imagem de Deus”. Isto significa que Satanás é o inspirador e dirigente
da religião do mundo. Sim, ele busca adoração, e é o promotor principal de
toda falsa adoração.

A EXCLUSIVIDADE DA VERDADEIRA ADORAÇÃO

“Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em


espírito e em verdade.” (João 4.24). Este “importa” é definitivo; não existe
alternativa, não há escolha neste assunto. Não é a primeira vez que temos
esta palavra profundamente enfática no Evangelho de João. Existem dois
versículos notáveis em que isto ocorre anteriormente. “Não te maravilhes
de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo” (João 3.7). “E, como Moisés
levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja
levantado” (João 3.14). Cada uma dessas três “necessidades” é igualmente
importante e inequívoca. (N.T.: Em inglês a palavra sempre é “must”).
A primeira passagem faz referência a Deus Espírito, pois é Ele
quem regenera. A segunda refere-se à obra de Deus Filho, pois foi Ele
quem fez a expiação pelo pecado. A terceira faz referência a Deus Pai, pois
é Ele quem procura adoradores (João 4.23). Esta estrutura não pode ser
alterada: apenas aqueles que nasceram do Espírito, que repousam sob a
obra expiatória de Cristo, que podem adorar o Pai.

Citando novamente as palavras de Cristo à religiosidade de Seus


dias, “Este povo honra-me com os lábios, Mas o seu coração está longe de
mim; Em vão, porém, me honram” (Marcos 7.6,7); Ah, meu leitor, o
mundano pode ser um filantropo generoso, um religioso sincero, um
denominacionalista zeloso, um membro de igreja devoto, um assíduo
participante da comunhão, ainda assim ele não é mais capaz de adorar a
Deus que um mudo é de cantar. Caim tentou e falhou. Ele não foi
irreligioso. Ele “trouxe do fruto da terra uma oferta ao SENHOR.” (Gênesis
4.3), mas “Mas para Caim e para a sua oferta [Deus] não atentou”. Por
quê? Porque ele se recusou a aceitar sua condição incapaz e sua
necessidade de um sacrifício expiatório.

Para se adorar a Deus, Deus deve ser conhecido: e Ele não pode ser
conhecido a não ser por Cristo. Muito pode ser ensinado e crido sobre um
“Deus” teórico ou teológico, mas Ele não pode ser conhecido à parte deo
Senhor Jesus. Ele disse “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém
vem ao Pai, senão por mim.” (João 14.6). Portanto, é uma crença artificial
pecaminosa, uma ilusão fatal, uma farsa maligna, levar pessoas não-
regeneradas a imaginarem que elas podem adorar a Deus. Enquanto o
pecador permanece longe de Cristo, ele é “inimigo” de Deus, um filho da
ira. Como então poderia ele adorar a Deus? Enquanto permanece em seu
estado não-regenerado ele está “morto em seus pecados e delitos”. Como,
então, ele pode adorar a Deus?

O que foi dito acima é quase universalmente repudiado hoje, e


repudiado em nome da Religião. E, repetimos, religião é o principal
instrumento usado pelo diabo para enganar almas, ao insistir – não
importa que seja a “religião budista” ou a “religião cristã” – que o homem,
ainda em seus pecados, pode manter um relacionamento e aproximar-se
do Deus três vezes santo. Negar essa idéia é provocar a hostilidade e ser
censurado a ponto de ser uma oposição a todos os meros religiosos. Sim,
isto foi muito do que levou Cristo a ser odiado impiedosamente pelos
religiosos de Seus dias. Ele refutou suas afirmações, expôs sua hipocrisia,
e então provocou seu ódio.

Aos “príncipes dos sacedotes e anciões do povo” (Mateus 21.23),


Cristo disse “os publicanos e as meretrizes entram adiante de vós no reino
de Deus” (Mateus 21.31) e no final de seu discurso é dito que estavam
“pretendendo prendê-lo” (v. 46). Eles atentaram para coisas externas, mas
seu estado interno foi negligenciado. E por que os “publicanos e fariseus”
entraram no reino de Deus adiante deles? Porque nenhuma pretensão
religiosa obstruiu seu caminho; eles não tinham uma profissão de justiça
própria para manter a qualquer custo, nem uma reputação piedosa para
zelar. Pela pregação da Palavra, foram convencidos de seu estado de
perdição, então colocaram-se no devido lugar diante de Deus e foram
salvos. Algo que só pode acontecer com adoradores

A NATUREZA DA VERDADEIRA ADORAÇÃO

“Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em


espírito e em verdade” (João 4.24). Adorar “em espírito” contrastava com os
ritos humanos e cerimônias impostas do Judaísmo. Adorar “em verdade”
se opunha às superstições e ilusões idólatras dos perdidos. Adorar a Deus
“em espírito e em verdade” quer dizer adorar de uma maneira apropriada
para a revelação plena e final que Deus fez de Si mesmo em Cristo.
Significa adorar espiritualmente e verdadeiramente. Significa dar a Ele o
louvor proveniente de um entendimento iluminado e o amor de um coração
regenerado.

Adorar “em espírito e em verdade” se opõe à adoração carnal que é


externa e espetacular. Exclui toda adoração a Deus com os sentidos. Nós
não podemos adorá-lO, que é “Espírito”, observando uma arquitetura linda
e janelas de vitrais, ouvindo as notas de um órgão caro ou sentindo o
aroma doce de incenso. Nós não podemos adorar a Deus com nossos olhos
e ouvidos, ou nariz e mãos, porque eles são “carne” e não “espírito”.
“Importa que adorem em espírito e em verdade” exclui tudo aquilo que é do
homem natural.

Adorar “em espírito e em verdade” exclui toda adoração emocional.


A alma é o centro das emoções, e muitas das supostas adorações do
Cristianismo atual são apenas emocionais. Anedotas tocantes, apelos
entusiastas, oratória comovente de uma personalidade religiosa, tudo é
calculado para produzir isto. Hinos lindos cantados por um coro bem
ensaiado, trabalhados de uma forma que nos leva às lágrimas ou a êxtases
de alegria. Isto pode excitar a alma, mas não pode, nem jamais afetará o
homem interior.

A verdadeira adoração é a adoração de um povo redimido, unido ao


próprio Deus. Os não-regenerados entendem “adoração” como uma
observância daquilo que Deus requer deles, e que não dá a eles nenhuma
alegria como eles procuram demonstrar. Muito diferente disto é o que
acontece com aqueles que nasceram do alto e foram redimidos pelo sangue
precioso. A primeira vez que a palavra “redimido” ocorre na Escritura é em
Êxodo 15 , e é lá também, pela primeira vez, que vemos um povo
cantando, adorando e glorificando a Deus. Lá, às margens do Mar
Vermelho, esta Nação que foi tirada da casa da servidão e liberta de todos
os seus inimigos une-se em louvor a Jeová. (N.T.: Na maioria das versões
em português, a palavra em Êxodo 15 é “libertado”; a NVI se aproxima
mais ao usar “resgatado”).

“Adoração” é a nova natureza no crente levando-o à ação, voltando-


se à sua divina e prazeroza Origem. É aquilo que é “espírito” (João 3.6)
voltando-se a Ele, que é “Espírito”. É aquilo que é “feitura” de Cristo
(Efésios 2.10) voltando-se a Ele, que nos recriou. São os filhos, de forma
espontânea e grata, voltando-se em amor a seu Pai. É o novo coração
gritando “Graças a Deus pelo seu dom inefável!” (2 Coríntios 9.15). São os
pecadores, purificados pelo sangue, exclamando “Bendito o Deus e Pai de
nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos
espirituais nos lugares celestiais em Cristo” (Efésios 1.3). Isto é adoração;
assegurada de nossa aceitação no Amado, adorando a Deus porque Ele fez
Cristo estar em nós, e porque Ele fez nós estarmos em Cristo.

É digno de nossa atenção especial observar que a única vez em que


o Senhor Jesus chegou a falar sobre o assunto da Adoração foi em João 4.
Mateus 4.9 e Marcos 7.6,7 são citações do Antigo Testamento. Isto
certamente tocará nossos corações se percebermos que a única ocasião em
que Cristo fez alguma observação direta e pessoa quanto à adoração foi
quando Ele conversava, não com um homem religioso como Nicodemos, ou
mesmo com Seus apóstolos, mas com uma mulher, uma adúltera, uma
Samaritana, uma quase pagã! Verdadeiramente os caminhos de Deus são
diferentes dos nossos.

A esta pobre mulher nosso Senhor bendito declarou “Mas a hora


vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em
espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem”
(João 4.23). E como o Pai “procura” adoradores? O contexto inteiro não
nos dá a resposta? No início do capítulo, o Filho de Deus inicia uma
jornada (vv. 3 e 4). Seu objetivo era buscar uma de Suas ovelhas perdidas,
revelar-Se a uma alma que não O conhecia, livrar a mulher dos desejos da
carne, e encher seu coração com Sua graça suficiente, e isto, para que ela
pudesse encontrar a infinitude do amor divino e dar, em retorno, este
louvor e adoração que apenas um pecador salvo pode dar.

Quem pode não perceber que, na jornada que Ele tomou a Sicar
com o objetivo de encontrar esta alma desolada e ganhá-la para Si próprio,
temos uma bendita sombra da jornada ainda maior que o Filho de Deus
tomou – deixar a paz, o gozo e a luz dos céus, descer a este mundo de
conflito, escuridão e desventura. Ele veio aqui procurar pecadores, não
apenas salvá-los do pecado e da morte, mas concedê-los beber e deleitar-
se com o amor de Deus como nenhum anjo pôde prová-lo; que, de
corações transbordantes com a consciência de sua dívida com o Salvador,
e a gratidão ao Pai por ter entregue Seu Filho amado a eles, ao perceber e
aceitar Sua excelência suprema, possam expressar-se diante dEle como
aroma suave de louvor. Isto é adoração, e o reconhecimento do amor
irresistível de Deus e o sangue redentor de Cristo são a causa disto.

Uma dos mais abençoados e belos exemplos registrados no Novo


Testamento do que a adoração é se encontra em João 12.2,3. “Fizeram-lhe,
pois, ali uma ceia, e Marta servia, e Lázaro era um dos que estavam à
mesa com ele. Então Maria, tomando um arrátel de ungüento de nardo
puro, de muito preço, ungiu os pés de Jesus, e enxugou-lhe os pés com os
seus cabelos; e encheu-se a casa do cheiro do ungüento”. Como alguém já
disse, “ela não veio ouvir um sermão, apesar do Príncipe dos Pregadores
estar ali. Sentar-se aos Seus pés e ouvir Sua palavra não era naquele
momento seu objetivo, não importa quão abençoador isto seja em sua
devida circunstância. Ela não veio para encontrar os santos, entretanto
preciosos santos estavam ali; nem a comunhão com eles; mesmo sendo
uma benção, naquele instante não era seu objetivo. Ela não procurou,
depois de uma semana de trabalho, por descanso; mesmo sabendo bem
dos abençoados campos de descanso que havia nEle. Não, ela veio para
pôr diante dEle aquilo que ela tinha ajuntado por tanto tempo, aquilo que
era a mais valiosa de suas posses terrenas. Ela não pensou como Simão, o
leproso, sentado agora como um homem limpo; ela foi além ds apóstolos;
e, então, também, de Marta e Lázaro, irmã e irmão na carne e em Cristo. O
Senhor Jesus preencheu seus pensamentos: Ele havia ganho o coração de
Maria e agora tomou todos os seus sentimentos. Ela não tinha olhos para
ninguém além dEe. Adoração e homenagem eram, naquele momento, seu
único pensamento – extravasar a devoção de seu coração diante dEle”. Isto
é adoração.

O assunto da adoração é muito importante, ainda asim é um dos


temas que temos as idéias mais vagas. Lemos em Mateus 2 que os magos
levavam seus “tesouros” para presentear a Cristo (v. 11). Eles deram
ofertas caras. Isto é adoração. Não é vir para receber dEle, mas render-se
diante dEle. É a expressão de amor do coração. Oh, que possamos trazer
ao Salvador “ouro, incenso e mirra”, isto é, adorá-lO por causa de Sua
glória divina, Sua perfeição moral e Sua morte de aroma suave...

O alvo da adoração é Deus; e o inspirador da adoração é Deus. Só


pode satisfazer a Deus aquilo Ele tenha por Si mesmo produzido.
“SENHOR... tu és o que fizeste em nós todas as nossas obras” (Isaías
26.13). É somente quando o Cordeiro é exaltado no poder do Espírito que
os santos ão levados a cantar “A minha alma engrandece ao Senhor, e o
meu espírito se alegra em Deus meu Salvador” (Lucas 1.46,47). A ausência
generalizada e concupiscente desta adoração que é “em espírito e em
verdade” deve-se a uma ordem de coisas sobre as quais o Espírito de Deus
não guia, onde o mundo, a carne e o diabo têm toda liberdade. Mas mesmo
em círculos onde o mundanismo, em suas formas mais vis, nao é tolerado,
e em que a ortodoxia é tolerada, e onde a ortodoxia ainda é preservada,
existe, quase sempre, uma notável ausência desta unção, esta liberdade,
esta alegria, que são inseparáveis do espírito da verdadeira adoração. Por
que isto acontece? Por que em algumas igrejas, grupos familiares, uniões
masculinas, onde a mensagem da Palavra de Deus é ministrada, nós agora
mui raramente encontramos este transbordar do coração, estes
manifestações espontâneas de adoração, estes “sacrifícios de louvor”, que
deveriam ser achados entre o povo de Deus? Ah, a resposta é difícil de
encontrar? É porque há um espírito entristecido neste meio. Esta, meus
amigos, é a razão pela qual hoje existem tão poucos ministérios de Cristo
vivos, confortadores e que produzem adoração.

OBSTÁCULOS À ADORAÇÃO

O que é adoração? Louvor? Sim, e mais; é um amor fluindo de um


coração que está completamente seguro da excelência dAquele diante de
quem o coração ajoelha-se, expressando sua mais profunda gratidão por
Seu dom inefável. Aqui está claramente algo que é o primeiro obstáculo à
adoração de um filho de Deus – a falta de segurança. Quanto mais eu
retenho dúvidas quanto à minha aceitação em Cristo, mais eu
permanecerei em um estado de incerteza em relação à expiação por meus
pecados no Calvário. É impossível que eu, realmente, adore e louve a Ele
por Sua morte por mim; certamente não poderei dizer “eu sou do meu
Amado e Ele é meu”. É uma das ferramentas favoritas do inimigo para
manter os cristãos no “Cativeiro da Rejeição”, já que seu objetivo é que
Cristo não receba dos cristãos a honra de seus corações...

Outro grande obstáculo à adoração é a falha em julgar a nós


mesmos pela Sagrada Palavra de Deus. Os sacerdotes de Israel não podiam
ir de qualquer jeito até o altar de bronze no átrio exterior do tabernáculo.
Era necessário cuidar que, antes que entrassem no Santo Lugar, para
queimar o incenso, eles se lavassem na pia. Aproximar-se da pia de bronze
nos fala do rigoroso julgamento do crente sobre si mesmo (cf. 1 Coríntios
11.31). O uso de sua água aponta para a aplicação da Palavra a todos os
nosso atos e caminhos.

Agora, assim como os filhos de Arão estavam debaixo de pena de


morte (Exôdo 30.20) se não se lavassem na pia antes de entrarem no
Santo Lugar para queimar incenso, também o cristão hoje deve ter as
impurezas do caminho removidas antes que ele possa aproximar
apropriadamente de Deus como um adorarador. Falhar neste ponto leva à
morte, isto é, eu continuo sob o poder contaminador das coisas mortas. As
impurezas do caminho são resultado de minha caminhada através de um
mundo de “separados da vida de Deus” (Efésios 4.18). Se isto não for
removido, então eu continuo debaixo do poder da morte num sentido
espiritual, e a adoração se torna impossível. Isto nos é demonstrado
plenamente em João 13, em que o Senhor diz a Pedro “Se eu te não lavar,
não tens parte comigo”. Quantos são os cristãos que, ao falharem em não
colocar seus pés nas mãos de Cristo para limpeza, são impedidos de
exercer suas funções e privilégios sacerdotais.

Um outro obstáculo fatal à adoração precisa ser mencionado, e este


é o Mundanismo, que signifca as coisas do mundo obtendo lugar nos
desejos do cristão, seus caminhos tornando-se “conformados com este
mundo” (Romanos 12.2). Um exemplo disto é encontrado na história de
Abraão. Quando Deus o chamou para deixar a Caldéia e ir para Canaã, ele
abriu uma concessão: foi apenas até Harã (Gênesis 11.31, Atos 7.4) e
habitou ali. Harã foi uma casa à meio-caminho, uma área inóspita entre
ela e as bordas de Canaã. Mais tarde Abraão atendeu completamente ao
chamado de Deus e entrou em Canaã, e “edificou ali um altar (algo que
fala de adoração) ao SENHOR” (Gênesis 12.7). Mas não existe menção
alguma de ele contruir qualquer “altar” durante os anos em que viveu em
Harã! Oh, quantos filhos de Deus hoje estão comprometidos, habitando
numa casa no meio do caminho, e como conseqüência, eles não são
adoradores. Oh, que o Espírito de Deus possa trabalhar de tal forma sobre
e dentro de nós que o idioma das nossas vidas, assim como dos nossos
corações e lábios, possa ser “Digno é o Cordeiro” – digno de uma
consagração do coração por completo, digno de uma devoção imensa,
digno deste amor que é manifestado por guardar Seus mandamentos,
digno de uma adoração verdadeira. Que seja assim, por amor de Seu
nome.

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