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2.

POLUIÇÃO SONORA

Com o crescimento desordenado das cidades, atrelado ao aumento da densidade demográfica


resulta no aparecimento de fontes de ruídos capazes de gerar grande dano à população. Tais
fontes quando em excesso, provocam o aparecimento da chamada poluição sonora que afeta
o habitantes, cujo agravamento merece hoje atenção especial, visto que diferentemente das
demais poluições são se acumula no meio ambiente, mas que já é considerada um dos
principais problemas ambientais dos grandes centros urbanos e uma questão de saúde
publica.

A diferenciação entre a sonora e as demais pode ser nos seguintes aspectos:

a) O ruído é produzido em toda parte e, portanto, não é fácil controla-lo na fonte como ocorre
na poluição do ar e da água;
b) Embora o ruído produza efeitos cumulativos no organismo, do mesmo modo que outras
modalidades de poluição, se diferencia por não deixar resíduo no ambiente tão logo seja
interrompido;
c) Diferindo da poluição do ar e da água, o ruído é apenas percebido nas proximidades da
fonte; d) Não há interesse maior pelo ruído nem motivação para combate-lo; o povo é mais
capaz de reclamar e exigir ação política acerca da poluição do ar e da água do que a respeito
do ruído;
e) O ruído, ao que parece, não tem mais efeitos genéricos, como acontece com certas formas
de poluição do ar e da água, a exemplo da poluição radioativa.

Por tais fatos, é uma forma de poluição considerada menos perigosa. No entanto, sabe-se que
a exposição repetida pode produzir efeitos crónicos e irreversíveis. Os efeitos da poluição
sonora são de resto ainda pouco estudados, porque é difícil estudar uma forma de agressão
que só se manifesta como resultado de uma exposição prolongada e que por isso sofre a
interferência de um elevado número de variáveis difíceis ou impossíveis de controlar.

2.1 Como saber quando o ruído se torna efetivamente danoso?

A ação perturbadora do som depende: De suas características, como intensidade e duração;


Da sensibilidade auditiva, variável de pessoa para pessoa; Da necessidade de concentração,
como estudar; Da fonte causadora, que pode ser atrativa, como uma discoteca.
A Organização Mundial da Saúde, relata que ao ouvido humano o limite conforto é de 50db, e
acima de 85 decibéis ele começa a danificar o mecanismo que permite a audição.
Como parâmetros têm: Uma conversa entre duas pessoas (50 a 55 dB), motor de ônibus em
aceleração (80 dB), casa noturna ou show (100 a 110 dB) e avião (150 dB).

Na natureza, com exceção das trovoadas, das grandes cachoeiras e das explosões vulcânicas,
poucos ruídos atingem 85 decibéis. O ouvido é o único sentido que jamais descansa, sequer
durante o sono. Com isso, os ruídos urbanos são motivos a que, durante o sono, o cérebro não
descanse como as leis da natureza exigem. Desta forma, o problema dos ruídos excessivos não
é apenas de gostar ou não, é, nos dias atuais, uma questão de saúde.

2.2 Danos à saúde humana.

 Deficiência auditiva

Dados mais recentes da Organização Mundial da Saúde estimam que 10% da população
mundial está exposta a níveis de pressão sonora que potencialmente podem causar perda
auditiva induzida por ruído. Em aproximadamente metade destas pessoas o prejuízo auditivo
pode ser atribuído ao ruído intenso.

 Distúrbios do sono

Estudos realizados em 1999 estimavam que 80% a 90% dos casos estavam associados a ruídos
exteriores ao local de repouso. Os problemas envolvem insônia, fadiga, falta de concentração,
mudança de humor e outros.

 Problemas cardiovasculares

Ambientes ruidosos são associados a ambientes estressantes, onde a permanência extensa


nesses locais leva o corpo a produzir hormônios que elevam a pressão arterial e os batimentos
cardíacos.

 Problemas psicológicos

O consumo de remédios para dormir é associado À exposição a ruídos constantes, sendo assim
um dos fatores contribuintes para o desenvolvimento de ansiedade, instabilidade emocional e
depressão.

2.3 Legislação

Assim, por se tratar de problema social e difuso, a poluição sonora deve ser combatida pelo
poder publico e pela sociedade. Individualmente com ações judiciais de cada prejudicado ou
coletivamente mediante ação civil pública, para garantia do direito ao sossego público, o qual
está resguardado pelo art. 225 da Constituição Federal, que diz ser direito de todos um meio
ambiente equilibrado, o que não se pode considerar como tal havendo poluição em seu
cotidiano.

Observa-se, no inciso VIII do art. 30 da Constituição Federal que incumbe ao Município


“promover, no que couber adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e
controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano”. Portanto é de competência
dos municípios medidas mitigadoras da poluição sonora, como a restrição ao uso de buzinas
em determinadas áreas e os horários e locais em que podem funcionar atividades
naturalmente barulhentas, como espetáculos musicais e esportivos, bares, boates,
danceterias, obras civis, entre outros.

Para controlar a poluição sonora, os Municípios e os órgãos ambientais e de trânsito valem-se


de normas técnicas editadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT e pelo
Instituto Brasileiro de Normatização e Metrologia – INMETRO, as quais definem os limites de
ruído, a medida é feita em decibéis.

O ambiente é protegido pela lei nº 9.605 de 12 de fevereiro de 1998 (Lei de Crimes


Ambientais), que determina as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e
atividades lesivas ao meio ambiente. Onde no Art. 54: “Causar poluição de qualquer natureza
em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem
a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora”. Tem pena de reclusão, de 1 a
4 anos e multa.

2.4 Mapeando o tamanho do problema

Dada à gravidade do problema é necessário englobar o ruído dentro de uma politica pública -
que contemple não só mecanismos de fiscalização e autuação, mas também de planejamento.
Portugal e Chile foram os pioneiros na adoção dos chamados “mapas de ruídos” como arma
contra o barulho excessivo.

Estes servem para medir o nível do que se emite e como se propaga pelas vias da cidade. O
trabalho na maior parte é realizado por computador a partir de levantamento de relevo,
estrutura de edifícios e do fluxo de trânsito.

Em 2002. A União Europeia determinou que cidades com mais de 250 mil habitantes
passassem a contar com mapas até 2007. A partir daí, criou-se um efeito dominó, onde mais
cidades tomando como base a União Europeia, aderiram a ideia.
No Brasil, começou um pouco tardio, apenas em 2016 a cidade de Fortaleza saiu na frente no
desenvolvimento de seu próprio mapa. Como aconteceu no exterior, o fato chamou atenção
de outras prefeituras, como Natal. Maceió, João Pessoa. Vale ressaltar que por não haver uma
legislação brasileira sobre tais mapas, seguiram a implantada no exterior.

 São Paulo:

A cidade com 11,3 milhões de habitantes é uma das mais barulhentas do mundo. Onde só no
ano de 2016 o órgão fiscalizador de ruído, o PSIU (Programa de Silêncio Urbano) contabilizou
31,5 mil reclamações.

Para ter uma ideia, os níveis de ruído no trânsito da cidade de São Paulo atingem de 88 a
104db. A Lei Municipal do Silêncio exige um nível máximo de 55db, mas, mesmo assim, as
áreas residenciais apresentam níveis que variam de 60 a 65db.

Pela Lei 16.499 - Mapa de Ruído

Art. 1° – Fica o Poder Executivo Municipal obrigado a elaborar o Mapa do Ruído Urbano da
Cidade de São Paulo, conforme diretrizes fixadas nesta Lei.

Art. 2º – O Mapa do Ruído Urbano é uma ferramenta de apoio às decisões para o


planejamento e ordenamento urbano com vistas à gestão de ruído na cidade, com
identificação de áreas prioritárias para redução de ruídos e preservação de zonas com níveis
sonoros apropriados.

 1º – O Mapa do Ruído Urbano deverá ser elaborado prioritariamente para a


Macroárea de Urbanização Consolidada, os Eixos de Estruturação da Transformação
Urbana, a Macroárea de Estruturação Metropolitana e para as Operações Urbanas
Consorciadas – OUCs.
 2º – O Mapa do Ruído Urbano deverá ser elaborado atendendo os seguintes prazos:

I – para a Macroárea de Urbanização Consolidada e para os Eixos de Estruturação da


Transformação Urbana o prazo de até 4 (quatro) anos a partir da publicação desta lei;

II – para a Macroárea de Estruturação Metropolitana e as Operações Urbanas Consorciadas –


OUCs, em prazo compatível com a implantação dos projetos e programas de desenvolvimento;

III – para as demais áreas da cidade, no prazo de 7 (sete) anos a partir da vigência desta lei.
Art. 3º – A elaboração do Mapa do Ruído Urbano deverá considerar a diversidade de fontes
emissoras de ruído responsáveis pela poluição sonora da cidade, nos períodos diurno e
noturno, visando à sua quantificação, considerando-se como essenciais as fontes oriundas de
veículos automotores, dentre outras.

2.5 Em busca da solução

Infelizmente, controlar a poluição sonora não é tão simples por não ser um assunto tão
debatido como o das outras poluições, encarando até como desnecessário combatê-lo.

A mais fundamental está ligada à construção de edifícios. Imagine um apartamento com


janelas para ruas barulhentas, propícios a ouvir ruídos de apartamentos vizinhos. Assim,
arquitetos, engenheiros deveriam seguir diretrizes nacionais que levem em conta a questão
acústica. O problema é que o Brasil não contava com esse guia até 2008, onde a publicação da
norma (NBR 15.575) pela ABNT foi um marco que estabelece parâmetros para a edificação ter
uma determinada isolação sonora.

Já da porta para fora, podemos destacar a redução da velocidade, como exemplo, um


caminhão que andava a 90 km/h e então diminui para 60 km/h emitirá 5 dB a menos. Um
veículo na cidade que reduz de 50 km/h para 30 km/h produzirá uma pressão de 7 dB a menos.

Há também a ideia de barreiras acústicas, onde já é bem comum em países europeus. Sua
função é impedir a propagação do som, por exemplo, de uma rodovia para um bairro próximo.
Sua estrutura pode ser de aço, vidro, policarbonato ou madeira.

No Brasil, temos a instalação de barreiras acústicas na Linha Vermelha, uma das principais vias
expressas do Rio de Janeiro. Onde tem 3 metros, iniciou a construção em 2010. Além de ter
sido alvo de polemicas, após acusações de que estaria funcionando como um muro, barrando
a visão dos turistas, por ser a principal via de acesso ao Aeroporto Internacional Antônio Carlos
Jobim, a Linha Vermelha registra diariamente um movimento de cerca de 140 mil veículos.
3. POLUIÇÃO VISUAL

A poluição visual é uma poluição moderna, onde o ambiente passa por um excesso de
informações visuais, afetando a qualidade de vida dos seres humanos. Podendo estar ligada a
poluição com luminosidade, geralmente se apresenta por excesso de propagandas, anúncios,
banners, fachadas chamativas, placas, outdoors, entre outros elementos, muitos fora do
padrão de publicidade, como fios de telefone e eletricidade, grafites e pichações, e até mesmo
lixo.

Ao serem expostos diariamente à tal poluição, foi comprovado que o ser humano passou a
adquirir um maior nível de estresse, cansaço visual, e até problemas de atenção, o que traz
como consequência acidentes de trânsito. Além disso, outros problemas como a danificação
da arquitetura original da cidade, o desmatamento de certas áreas para dar lugar a outdoors, e
até mesmo o incentivo exacerbado ao consumo, trazendo consigo a obesidade, o tabagismo,
entre outros.

3.1 A propaganda eleitoral

Em demasia, a propaganda eleitoral causa estresse e e incomodo. Além da poluição visual


causada por outdoors, cartazes colados em paredes e placas, ela também traz um problema
importante: o desmatamento de árvores e o gasto de água potável para produção dos
"santinhos", e todos os outros métodos publicitários. De acordo com Karina Bedran, mestre
em Direito Ambiental e Desenvolvimento Sustentável, para produzir 1 tonelada de papel, são
necessárias 20 arvores e 100 mil litros de água. Nas eleições de 2012, foram derrubadas mais
de 600 mil árvores e foi feito o uso de mais de três bilhões de litros de água.

Além disso, ao chegar no momento do despejo do lixo, o mesmo não é feito corretamente,
poluindo as ruas e avenidas de muitas cidades, entupindo bueiros e causando muitos
transtornos.

3.2 O controle

O controle dessa poluição é feito por cada município. Eles são os responsáveis pela fiscalização
da poluição visual de acordo com a lei 6.938/81 publicada em 31 de agosto de 1981. Ao
intermediar leis para regulamentação do uso de anúncios publicitários, controlar o local da
prática de grafites, apostar na educação popular sobre o assunto, dentre outras medidas.

LEI CIDADE LIMPA – SP

(Lei nº. 14.223/06), que entrou em vigor em 2007, implementada pela cidade de São Paulo,
proibindo esse descontrole visual na metrópole, potencializado pelas propagandas
publicitárias em outdoors, banners, letreiros, e também o grafite, trazendo conflito entre os
grafiteiros e a policia local.

O Código Eleitoral também diz, no art. 243, inc. VIII: “não será tolerada propaganda que
prejudique a higiene e a estética urbana ou contravenha a posturas municipais ou a outra
qualquer restrição de direito”

Já a Lei de Crimes Ambientais nº 9.605, Art. 65, regula e proíbe sobre a questão do
grafite/pichação.

Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano: (Redação dada pela Lei
nº 12.408, de 2011)

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. (Redação dada pela Lei nº 12.408, de
2011)

§ 1o Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude do seu valor artístico,
arqueológico ou histórico, a pena é de 6 (seis) meses a 1 (um) ano de detenção e multa.
(Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 12.408, de 2011)

§ 2o Não constitui crime a prática de grafite realizada com o objetivo de valorizar o patrimônio
público ou privado mediante manifestação artística, desde que consentida pelo
proprietário e, quando couber, pelo locatário ou arrendatário do bem privado e, no caso de
bem público, com a autorização do órgão competente e a observância das posturas
municipais e das normas editadas pelos órgãos governamentais responsáveis pela
preservação e conservação do patrimônio histórico e artístico nacional. (Incluído pela Lei nº
12.408, de 2011)

Para concluir, é fato que a questão da poluição visual traz muita controvérsia, já que o que é
bonito para uns, é feio para outros, então cabe a todos ter bom senso, respeitar os outros, e
principalmente respeitar o meio ambiente e preservar a história de cada lugar, pois é de
extrema importância saber de onde viemos, saber sobre o nosso passado.

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