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Integração de Estratégias e Táticas de Manejo

Jair Campos Moraes


Geraldo Andrade Carvalho

CAPÍTULO 1
1.1. Introdução

O Manejo Integrado de Pragas (MIP) é uma filosofia de controle de pragas que


procura preservar e incrementar os fatores de mortalidade natural, através do uso
integrado de todas as técnicas de combate possíveis, selecionadas com base nos
parâmetros econômicos, ecológicos e sociológicos. Visa manter o nível populacional
dos insetos numa condição abaixo do nível de dano econômico, através da utilização
simultânea de diferentes técnicas ou táticas de controle, de forma econômica e
harmoniosa com o ambiente.
Para cada tática de controle tem-se pelo menos uma estratégia de manejo, como
a seguir:
a) uso de variedades resistentes – tem como estratégia cultivar plantas que
desfavoreçam o crescimento, reprodução e sobrevivência dos insetos, devido às suas
características morfológicas, físicas e químicas;
b) rotação de cultura – plantar alternadamente variedades que não sejam
hospedeiras das mesmas pragas, para quebrar ou interromper o ciclo de
desenvolvimento das mesmas;
c) destruição de restos culturais – arrancar os restos de cultura para impedir que
o inseto-praga complete o seu ciclo de desenvolvimento, ou mesmo evitar que esses
resíduos vegetais sirvam de hospedeiros para outras pragas;
d) aração do solo – expor larvas, pupas e mesmo adultos de insetos-praga de
solo aos raios solares ou eliminar os insetos através da ação mecânica dos implementos
agrícolas,
e) adubação – provocar uma pseudoresistência, ou seja, o fornecimento de certos
nutrientes à planta pode provocar mudanças fisiológicas na mesma, tornando-a
desfavorável ao desenvolvimento do inseto. Além disso, uma cultura que contém a
maioria dos nutrientes necessários ao seu desenvolvimento, mostra-se mais resistente ao
ataque de pragas;
f) alteração da época de plantio e/ou colheita – fazer com que o período de
maior suscetibilidade da planta não coincida com picos populacionais da praga,
reduzindo os danos causados pela mesma;
g) poda ou desbaste – cortar e destruir, principalmente, os ramos de plantas
perenes atacados por brocas, para evitar que as mesmas alcancem o tronco e cause a
morte da planta;
h) irrigação ou drenagem – existem insetos que preferem ambientes secos, e
assim, uma boa irrigação pode desfavorecê-los e, outros se adaptam melhor em locais
úmidos, podendo ser controlados através de uma drenagem. No caso de insetos bastante
diminutos e de tegumento mole (pulgões, tripes, etc.), a irrigação através do sistema de
aspersão pode causar redução de suas populações;
i) cultura armadilha – plantar variedades susceptíveis ao redor ou mesmo no
interior da área de cultivo, para atrair os insetos-praga para as mesmas e, sobre elas
realizar o controle;
j) destruição de hospedeiros alternativos – eliminar plantas que estejam ao redor
ou no interior da área de cultivo, que possam ser utilizadas pelas pragas como fontes
alternativas de alimento e/ou abrigo;
k) destruição manual – catar ou esmagar ovos e lagartas encontrados nas plantas
cultivadas, evitando o seu desenvolvimento;
l) uso de barreiras – formar barreiras com vegetais e/ou mesmo sulcos no solo
para impedir que a praga alcance uma determinada cultura para se alimentar ou utilizá-
la como abrigo;
m) uso de armadilhas – realizar o monitoramento do crescimento populacional
da praga, auxiliando na tomada de decisão do seu controle;
n) manipulação do ambiente - reduzir ou aumentar a temperatura do ambiente,
tornando-o desfavorável ao desenvolvimento do inseto;
o) liberação, proteção e fomento dos inimigos naturais – utilizar parasitóides,
predadores e entomopatógenos no controle de pragas e procurar mantê-los no
agroecossistema;
p) feromônios – coletar o máximo possível de indivíduos do sexo masculino ou
feminino, evitando o seu acasalamento; impedir que o macho ou a fêmea encontre o seu
parceiro para cópula, devido ao saturamento do ambiente com feromônios sintéticos;
monitorar o crescimento populacional da praga para determinar o momento mais
adequado de seu controle;
q) esterilização de insetos – liberar populações de insetos estéreis para diminuir
os acasalamentos férteis, reduzindo a sua população a cada geração;
r) quarentena – prevenir a entrada de pragas exóticas e impedir a sua
disseminação;
s) medidas obrigatórias de controle – destruir os restos de cultura para prevenção
contra o ataque de insetos-praga;
t) fiscalização do comércio de produtos fitossanitários – auxiliar na escolha e na
utilização mais racional de produtos químicos; evitar fraudes em formulações e
estabelecer o limite de tolerância de resíduos tóxicos nos alimentos, bem como períodos
de carência;
u) produtos químicos – a estratégia mais racional é utilizar produtos químicos no
combate de pragas, somente em casos emergências, quando todas as outras alternativas
de controle foram utilizadas.
Pode-se observar que existe um grande número de táticas de controle que podem
ser utilizadas para redução do crescimento populacional de insetos-praga em diferentes
culturas. No entanto, somente algumas delas deverão ser utilizadas em casos
específicos, dependendo da praga, cultura e outros fatores ambientais, que serão
abordados dentro do manejo das culturas.

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