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Introdução ao Estudo
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1.1 Eixo: Artes Visuais
Todos nós obtivemos experiências com a Arte quando passamos pela fase escolar na
infância. Alguns de nós nunca mais nos esqueceremos das experiências marcantes, ou mesmo do
vínculo com a professora de arte, já que esta aula é uma das mais esperadas pelos alunos.
Esses momentos lúdicos e prazerosos, em muitos casos foram deixados de lado para
abrir espaço a outras disciplinas consideradas mais importantes para o desenvolvimento do aluno.
Enquanto na matemática e no português passávamos a infância memorizando, copiando,
reproduzindo, na arte era desenvolvido o potencial criador, a sociabilidade, a oralidade e a
capacidade de improvisação, além de inúmeras habilidades motoras, ainda que a Arte, como prática
educativa, tenha sido preterida em diversas situações.
Nem sempre a Arte era pensada com a devida importância no processo de formação do
indivíduo. Não era vista como uma contribuição ao desenvolvimento da inteligência pictórica nem
como benefício ao aspecto cognitivo, emocional, físico e social da criança.
Segundo o RCNEI, ainda hoje, em muitas escolas, a arte não é interpretada pelo educador
como deveria ser:
“Em muitas propostas as práticas de Artes Visuais são entendidas apenas
como meros passatempos em que atividades de desenhar, colar, pintar, e modelar com
massinha e argila são destituídas de significados. Outra prática corrente considera que
o trabalho deva ter uma conotação decorativa, servindo para ilustrar temas de datas
comemorativas, enfeitar as paredes com motivos considerados infantis, elaborar
convites, cartazes e pequenos presentes para os pais, etc. Nessas situações é comum
que os adultos façam grande parte do trabalho, uma vez que não consideram que a
criança tem competência para elaborar um produto adequado.” BRASIL (1988, p.87)
Essa idéia foi muito discutida, resultando em novos conceitos para o ensino da arte. Qual
era então a nova proposta? O desenvolvimento artístico da criança depende de complexas formas de
aprendizagem e não acontecem automaticamente, à medida que a criança cresce. Essas formas de
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aprendizagem envolvem tudo o que a criança vivencia dede seu nascimento. A cultura, as imagens,
o contexto familiar, as diferentes oportunidades experienciadas e diferentes estímulos recebidos.
Preparar os materiais que serão utilizados com as crianças deve fazer parte do planejamento
do educador. É possível produzir tintas utilizando diversos matérias primas. Essa experiência pode
ser realizada na presença da criança para despertar sua curiosidade científica e exploração de
materiais.
A confecção do papel artesanal é excelente atividade para ensinar a preservação do meio
ambiente. Com a massa de modelar caseira e composições tridimensionais com sucata, a criança
aprende a improvisar materiais e percebe que, nem sempre, precisa comprar brinquedos caros para
se divertir. Na releitura de obras de arte, aprende o respeito pela produção de profissionais da arte,
aprende contemplação e apreciação. Expressar-se através do fazer artístico é resgatar o
verdadeiro eu, descobrir o elo para a aprendizagem dos valores, sentimentos e
significações.
Objetivos – Crianças de 0 a 6 anos:
utilizar diversos materiais gráficos e plásticos sobre diferente superfícies para ampliar suas
possibilidades de expressão e comunicação.
Interessar-se pelas próprias produções, pelas de outras crianças e pelas diversas obras
artísticas (regionais, nacionais ou internacionais), com as quais entrem em contato, ampliando
seu conhecimento de mundo e da cultura;
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Na rotina da creche, pode ser incluída a música cantada em vários momentos do dia,
como hora da chegada com cumprimento, chamando cada um pelo nome; hora do lanche; hora da
brincadeira; hora da história.
Sempre que possível, deve-se realizar um momento de musicalização infantil, onde o
educador se programa para fazer uma abordagem musical mais significativa, utilizando os termos
adequados para falar da música, dessa forma, desenvolvendo a inteligência musical da criança
numa linguagem apropriada à idade.
Ouvir, perceber e discriminar eventos sonoros diversos, fontes sonoras e produções musicais;
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práticas educativas levam a criança a inúmeras descobertas e fascínio ao perceber o significado de
seus gestos pelo retorno na interatividade com seus pares.
O educador deverá proporcionar momentos lúdicos em um espaço desafiador, que
estimule a criança a superar obstáculos com segurança, o que fortalecerá sua auto estima,
conhecimento de si mesma e de suas capacidades em relação ao próprio corpo. Aprimorar o
movimento através do brincar, desenvolve habilidades que são pré-requisitos para a aquisição da
linguagem escrita.
Cada criança precisa aprender por si própria sobre o que o seu corpo pode
fazer, e como e onde ele está se movimentando. A aprendizagem poderá
apenas ocorrer pela experiência do fazer! O “fazer” deve ser guiado por
professores e pais perceptivos, informados e conhecedores. Qualquer criança
merece o direito de tornar-se “mestra de seu próprio físico”. Não há direito
mais fundamental do que o “direito de movimentar-se” com confiança e alegria.
(CAPON, 1989, p.6).
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Com a aquisição da fala, exercício dos esquemas motores e definição da coordenação
motora fina, a criança interessa-se pelo mundo da leitura e escrita iniciando sua construção a partir
das garatujas, rabiscos, movimentos circulares até a tentativa de registro das palavras. Essa
fascinante descoberta do mundo da leitura e escrita deve ser estimulada pelo educador, sempre
respeitando o ritmo de cada criança, sua especificidade, curiosidade e interesse.
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Aproximadamente aos três anos, é perceptível o interesse da criança na contagem
recitativa, ainda que não domine a seqüência lógica dos numerais na contagem dos objetos. A
memorização é fator inevitável nesta idade pela imaturidade na estruturação biológica da criança
nesta fase para a compreensão dos significados de quantidade, proporcionalidade e outros conceitos
matemáticos (RIZZO, 1985). No entanto não deve ser estimulada nos anos seqüenciais, pois o que
desejamos na formação do ser humano não é a repetição de idéias, mas sim a descoberta científica
pela iniciativa, reflexão e conclusão.
À medida que a criança vai amadurecendo, através da interação com o meio,
exploração e descobertas, adquire estruturas mentais e esquemas cognitivos que lhe possibilitam
compreender, comparar, analisar, interpretar e sintetizar. Nessa etapa, torna-se imprescindível que o
educador tome alguns cuidados com o fim de nortear suas ações: ofereça oportunidades; conheça
as necessidades e possibilidades da criança; evite uma linguagem que torne a compreensão
dificultosa; utilize jogos e materiais concretos para que haja significado na aprendizagem (NICOLAU,
1985)
Quando, na brincadeira, as crianças são as peças do jogo, a matemática acontece na
exploração do espaço; no ritmo da música e da dança; na organização dos brinquedos; na
classificação pelas características dos amiguinhos; na seriação de objetos, na fila para ir ao parque;
na hora do lanche comparando tamanho, peso, quantidade; e assim tudo coopera para que a
educação matemática seja um sucesso, pois o material didático coexiste com o ambiente nas
situações do dia a dia da criança na escola e o recurso que esse ambiente precisa é o educador.
MONTAGNINI, Rosely Cardoso; CAVA, Laura Célia Cabral; ANDRADE, Klésia Garcia Andrade.
Ensino das artes e da música. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009.