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Contabilidade

A Contabilidade sempre foi considerada como uma das principais fontes da


informação financeira. Através dela são tomadas decisões necessárias ao controlo, ao
planeamento e à organização da empresa com impacto na distribuição da riqueza
gerada.

Contabilidade:
“É a ciência que estuda a formação e variação do Patrimônio”;
“É a ciência que estuda, registra e controla o Patrimônio das Entidades com fins
lucrativos ou não”;
“É Instrumento de informações para a tomada de decisões dentro e fora da
empresa”.
É uma ciência social aplicada, com metodologia especialmente concebida para
captar, registrar, acumular, resumir e interpretar os fenômenos que afetam as situações
patrimoniais, financeiras e econômicas de qualquer ente, seja este pessoa de Direito
Público, tais como estado, Município, União e Autarquia.
A Contabilidade é um sistema de informação e avaliação que registra os
eventos que alteram o patrimônio de uma entidade, destinado a prover seus usuários
com demonstrações e análises de natureza patrimonial, econômica e financeira.
Objeto da Contabilidade
O objeto da Contabilidade é o patrimônio das entidades. Para a Contabilidade,
património é o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma entidade.
Objectivo da contabilidade
O objectivo principal da contabilidade é fornecer informação;
Económica e Financeira, das empresas para tomada de decisões.
A informação Económica é fornecida da demonstração de resultados. Nesta óptica pode-
se analisar a capacidade da empresa gerar lucros.
A informação financeira é representada no balanço, onde se pode analisar a capacidade
da empresa honrar as suas obrigações a curto, médio e a longo prazo,

Caracterização dos Sistemas Contabilísticos e Harmonização Contabilística


Internacional
Caracterização dos Sistemas Contabilísticos
Nobes (1996) classifica os sistemas contabilísticos em dois blocos distintos:
anglo- saxónico e continental.
Os Países de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), como Angola, Brasil, Cabo
Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe, apresentam
regulamentos contabilísticos de carácter público, tendo originado uma linha de
orientação jurídico- fiscal, ou seja, os documentos que regem a contabilidade provêm de
órgãos do governo, deixando transparecer uma forte influência da fiscalidade; a
contabilidade sustenta a sua afirmação através de diplomas legais que funcionam como
instrumento de política económica (Santos, 2006). O sistema contabilístico angolano
possui características latinas derivadas do processo de colonização, onde a fiscalidade
exerce uma forte influência sobre a contabilidade, enquadrando-se assim no bloco
continental.

Harmonização Contabilística Internacional De acordo com Pires (2010, p. 41),”


os instrumentos da contabilidade impõem que se adoptem critérios e práticas uniformes
e se fixem princípios válidos, conhecidos e aceites por todos os profissionais. Contudo,
as alterações conjunturais ou estruturais, as novas exigências e ainda os novos
conhecimentos, têm conduzido à reestruturação de conceitos. A evolução dos
fenómenos económico- financeiros ao longo das últimas décadas, fundamentalmente no
que respeita à progressiva abertura internacional e à queda de todo o tipo de barreiras,
fez com que a informação financeira, utilizada como ponto de partida nas decisões de
natureza comercial, de investimento ou de financiamento, tenha ultrapassado as
fronteiras nacionais, colocando a necessidade de comunicação entre empresas e
utilizadores de diferentes países e, consequentemente, a necessidade de analisar
demonstrações financeiras num quadro global”. De facto, o fenómeno da globalização
leva a que os países afunilem cada vez mais os seus laços económicos, no sentido de
aumentarem o volume de transacções, as actividades económicas e o crescimento do
investimento estrangeiro. Neste contexto, os agentes económicos deparam-se cada vez
mais com dificuldades relacionadas com o processo de compreensão de relatórios
financeiros, dada a diversificação contabilística internacional, condicionando a
credibilidade da informação financeira.
Segundo Soares, (2010, p. 14), „ ‟O processo de harmonização contabilística
visa harmonizar as práticas contabilísticas de diferentes países de forma a alcançar
alguma comparabilidade entre as demonstrações financeiras. Com a harmonização dos
diferentes sistemas contabilísticos pretendem alcançar a uniformidade e a normalização.
A harmonização visa alcançar a convergência, a nível internacional, das diferentes
normalizações de âmbito nacional”. O processo de harmonização contabilística pretende
assim eliminar ou pelo menos atenuar a diversidade contabilística, minimizando as
dificuldades decorrentes desta para os utilizadores da informação financeira. Podemos
dizer que a harmonização contabilística pretende eliminar as lacunas ligadas à
comparabilidade da informação financeira numa escala global. Ou seja, a harmonização
contabilística permite:
•Aumentar a aproximação das práticas contabilísticas dos países;
•Melhorar interpretação da informação financeira, diminuindo a ambiguidade na
comunicação empresarial;
•Facilitar a comparabilidade das Demonstrações Financeiras;
•Facilitar as transacções internacionais e diminuir o custo do capital.
Segundo Magro e Magro (2008, p.44) existem defensores e detractores ao
processo de harmonização contabilística, “os primeiros, alegam a vantagem das
demonstrações financeiras obedecerem a mesma estrutura conceptual, facilitando a sua
compreensão, o que vai ajudar a melhor tomada de decisões por parte dos investidores
que pretendam investir em países diferentes. Os segundos alegam que muitos conceitos
contabilísticos estão a ser perdidos com a harmonização encetada pelo IASB, dando
como exemplo: as designações como “Proveito” e “Custo” desaparecem para dar lugar a
“Rendimento” e “Gasto” e, acrescentam ainda, que o problema da contabilidade a nível
internacional, com esta tentativa de modificação, vai criar um efeito nefasto sobre a
qualidade da mensagem transmitida”.
De acordo com Ball (2006), a adopção das IAS/IFRS é inevitável e desejável, no
entanto o autor sugere que seja feita com precaução, uma vez que não existem dados
históricos ou estudos académicos significativos que suportem o seu sucesso,
nomeadamente no que diz respeito à contabilização do valor justo em detrimento do
custo histórico.
Normalização Contabilística em Angola.
Angola enfrentou duas grandes fases na sua evolução histórica com impacto
em termos de normalização contabilística: a fase colonial e a fase pós colonial.
Angola, enquanto província de Portugal, o que provocou uma evolução na
contabilidade do país colonizador (Portugal) através da criação da Direcção dos
Serviços de Fazenda nacional, realizando a contabilidade dependente de Portugal até
Março de 1976, a partir dessa altura passou a designar-se Ministério das Finanças até a
presente data. Na fase colonial eram aplicadas as normas e princípios contabilísticos que
vigoravam em território português, uma vez que Angola se apresentara como uma
colónia portuguesa. Os Bancos e os Seguros eram obrigados a utilizar o quadro de
contas, registando-se uma anarquia no resto dos sectores económicos.
A segunda fase, denominada de fase pós colonial, ficou marcada pela reforma
fiscal, mais precisamente no que respeita ao Código da Contribuição Industrial, assim
como a legislação criada sobre fiscalização de Sociedade Anónimas. De entre a
legislação de referência, destaca-se o Decreto-lei nº49381, o que consequentemente faz
com que se verifiquem grandes progressos no que respeita à determinação de Custos e
Proveitos de cada exercício e a elaboração da publicação obrigatória. Esta fase
prolongou-se até Fevereiro de 1977 com o POC. A nível contabilístico, destacam-se a
publicação do Decreto nº 250/79 de 19 de Outubro do conselho de ministros, que
aprovou um Plano de Contas Nacional.
Actualmente Angola encontra-se em fase de reestruturação e de reconstrução,
após um longo período de guerra. Paralelamente tem revelado um crescente
desenvolvimento, o que torna imperativo a criação da Comissão de Normalização
Contabilística de Angola com o objectivo de acompanhar e adaptar o actual PGCA à
nova realidade contabilística mundial. Angola não possui uma comissão de
normalização contabilística, devido à instabilidade política que se faz sentir no entanto
existe o Banco Nacional, o Instituto de Supervisão de Seguros de Angola, a Ordem dos
Contabilistas e Peritos Contabilistas e a Comissão de Mercados de Capitais. Dada a não
designação de uma entidade competente, compete ao Ministério das Finanças alterar os
elementos do PGCA através de um correcto decreto executivo, o qual deverá sugerir a
alteração de diversos elementos, como a nomenclatura do código e do conteúdo das
contas bem como, a introdução de novas contas e/ou eliminação das existentes.

No caso de Angola, a necessidade emergente de fazer convergir as suas práticas


para aquilo que eram as diretrizes internacionais concretiza-se com a publicação do
PGC, aprovado pelo Decreto 82/2001, de 16 de Novembro. Até esta data, a
contabilidade em Angola era predominantemente uma cópia daquilo que se passava em
Portugal. Como referem os autores Nobes e Parker (2012) a contabilidade nos países em
desenvolvimento é fortemente influenciada pelas práticas existentes nos países
colonizadores.

A Contabilidade Angolana em Contexto Internacional

Na introdução do referido decreto pode ler-se: “Face à crescente globalização da


economia mundial e à necessidade de harmonizar as práticas locais com as
internacionais, assume-se com especial relevância a aprovação do Plano Geral de
Contabilidade…”.

Daqui se pode depreender a necessidade que Angola teve em acompanhar a


evolução contabilística internacional. A verdade é que Angola apercebeu-se do seu forte
crescimento económico através quer dos seus particulares quer das suas empresas e,
como tal, fez questão de atualizar o seu sistema contabilístico na tentativa de abrir
vantagens exteriores às suas empresas, nomeadamente no que toca aos mercados de
capitais, bem como mostrar que estão receptivos a investimentos estrangeiros, sob pena
de perda de oportunidades e de competitividade (Decreto 82/2001, de 16 de Novembro).

Sendo um país em forte desenvolvimento, esta foi a decisão certa para mostrar
que estão abertos ao mundo e dispersos por todo ele. Principalmente pretende-se com
este novo sistema contabilístico melhorar a qualidade da informação contida nas DFs
que, assentes num plano de cerca de treze anos, se encontravam claramente
desajustadas, bem como permitir a comparabilidade desta informação no espaço global.

Com este decreto houve inevitavelmente algumas práticas que foram alteradas
face aquilo que se vinha até então a verificar. Esse é um ponto essencial da análise que
se segue: perceber o que havia antes do PGC e entender aquilo que existe presentemente
resultado da aproximação às normas internacionais.

As principais alterações do Decreto 82/2001, de 16 de Novembro

O novo PGC trouxe alterações profundas ao que havia à data em vigor para a
contabilidade das empresas angolanas, que estava publicado no Decreto nº 70/89, de 23
de Dezembro. Como já referido, essas alterações visaram ir ao encontro das normas
internacionais que, em 2001, eram aquelas que o IASC havia desenvolvido. Sendo
assim, Angola passou desde esse ano a refletir nas suas práticas contabilísticas
empresariais algumas orientações sugeridas por aquele organismo, com vista à
aproximação à harmonização internacional.

As principais alterações, relativamente ao decreto anteriormente em vigor


encontram-se assim refletidas no PGC e serão de seguida apresentadas.

Uma dessas alterações foi a direção do foco das DFs, ou seja, os utilizadores da
informação contabilística e financeira. Estas, devido ao crescimento das EMN e do IDE.

A contabilidade integra, hoje, um setor muito importante do conhecimento e


constitui parte do que se convencionou chamar “a ciência da informática “a ciência da
informática “. Ela não esgota, em si, todas as informações necessárias à tomada de
decisões, mas dispõe de recursos que lhe permitem registrar dados, levantar posições e
apresentar demonstrações do resultados de gestão das entidades.

O estudo da contabilidade vem passando por uma transformação acentuada, com


objectivo de transformá-la num instrumento eficiente de administração, sofrendo os
seus conceitos básicos uma evolução condizente com as atuais condições econômicas
do mundo.

Esse processo de modernização está expresso nesta “Contabilidade Introdutória


“pelo enfoque dado pelos autores a cada parte da disciplina lecionada e pelo método de
ensino adotado em mostrar a Contabilidade apenas como meio de registro dos fatos
administrativos.
O Plano Geral de Contabilidade de Angola (PGCA)
Em 1978 foi criado o Plano de Contas pelo Ministério do Comércio Interno e em
1979 surge o Plano de Contas Nacional aprovado pelo Decreto nº 250/79 de 19/10,
sendo este aplicado em todas as unidades económicas estatais, mistas e privadas. Em
1995 surge o PGCA, aprovado pelo Decreto-Lei nº 82/01 de 16/11, actualmente em
vigor, sendo um plano que obedece a uma normalização sectorial, exceptuando a Banca
e as Seguradoras, aplicando-se essencialmente às Sociedades Comerciais.
De acordo com o nº 2 do Decreto nº 82/01, o PGCA será obrigatoriamente
aplicado a Sociedades Comerciais e Empresas Públicas que exerçam actividade em
Angola ou que exerçam actividades noutros países, mas que tenham a respectiva sede
em Angola. O PGCA, teve como base as normas do IASB, sendo de destacar o que se
encontra descrito no seu ponto 1: Justificação:” …conveniência em substituir o carácter
legal actual por práticas geralmente aceites o que se prevê venha a acontecer de forma
progressiva”. De acordo com Rebelo, Brito (2008), o PGCA estabelece os critérios de
preparação e apresentação das Demonstrações Financeiras para os utilizadores externos,
tendo por objectivo ajudar os técnicos contabilistas e outros preparadores na aplicação
de normas em tudo idênticas às internacionais, na sua interpretação, e no suporte aos
auditores quanto aos princípios geralmente aceites, sem ferir os princípios básicos
internacionais. Em 2007 surgiu o Plano de Contas das Instituições Financeiras
(CONTIF), criado pelo instrutivo nº 9/07, do Banco Nacional de Angola, já sendo
padronizado com as directrizes das Normas Internacionais de Contabilidade (IAS) e
com as Normas Internacionais de Relato Financeiro (IFRS). Magro et al (2008, p. 48),
defende que ‟O Plano de Contas é um conjunto de normas e procedimentos, que servem
de guia e modelo para registar e também para a demonstração dos factos patrimoniais,
cuja constituição é a seguinte:

1. Princípios e políticas contabilísticas;


2. Elenco de contas;
3. Forma (balanço, demonstração de resultados e demonstração dos fluxos de
caixa) e âmbito das contas;
4. Reconhecimento das massas patrimoniais e valorimetria;
5. Notas”. O elenco das contas encontra-se dividida em classes.

Classes de 1 a 8 Classes que respeitam à Contabilidade Geral


Classes da Contabilidade Geral
1. Meios Fixos e Investimentos
2. Existências
3. Terceiros
4. Meios Monetários
5. Capital e Reservas
6. Proveitos e Ganhos por natureza
7. Custos e perdas por natureza
8. Resultados
Estas classes são de uso obrigatório ou seja, sempre que existam factos ou
acontecimentos que pela sua natureza, devam nelas ser registados. Como regra geral,
não devem ser efectuadas alterações na disposição, nomenclatura e códigos de contas
das rubricas constantes de cada uma destas classes, pois poderá originar uma
discordância nos objectivos com que foram criadas. Contudo, a título excepcional, são
permitidas alterações desde que daí não venham resultar quaisquer prejuízos para a
elaboração das Demonstrações nos termos definidos no Plano Geral de Contabilidade de
Angola. Podem ser efectuados desenvolvimentos de subornarias de acordo com o que se
considerar mais apropriado face a realidade da entidade. As linhas em branco constantes
destas classes podem ser substituídas pela nomenclatura considerada apropriada nas
circunstâncias.

Classe 9 Classe que respeita à Contabilidade Analítica


9. Contabilidade Analítica
Esta classe é de uso facultativo o qual dependerá da necessidade sentida pela
empresa, ponderando o binómio custo/benefício. Contudo, é recomendado o seu uso
para empresas industriais onde o apuramento dos custos de produção se mostre moroso
e de difícil execução.
Fonte: Plano Geral de Contabilidade
Segundo o PGCA (2001), as características qualitativas são atributos que tornam
a informação, prestada pelas demonstrações financeiras, útil aos utentes. As
características contabilísticas qualitativas da informação financeira dizem respeito: À
Relevância e à fiabilidade. Os princípios contabilísticos são: Consistência,
materialidade, não compensação de saldos e comparabilidade.

O PGCA contempla o Princípio da “Não compensação de saldos”. Este Princípio


defende que não devem ser efectuadas compensações de saldos entre Activos e
Passivos. A apresentação de rubricas deve ser feita no Balanço pelo seu valor líquido de
amortizações e provisões, não sendo considerada uma compensação de saldos”. Por
outro lado, o PGCA, não contempla o “Princípio da Prudência”, A característica da
prudência é definida na estrutura conceptual do IASB da seguinte forma:” os indivíduos
que preparam as Demonstrações Financeiras deparam-se com incertezas que rodeiam
muitos acontecimentos e circunstâncias. É neste sentido que é possível integrar nas
Demonstrações Financeiras um grau de precaução, ao fazer-se as estimativas exigidas
em condições de incerteza, evitando a criação de reservas ocultas, provisões excessivas
ou que sejam quantificados propositadamente Activos e proveitos por defeito ou
passivos e custos por excesso”. O princípio da prudência, é um dos mais antigos da
História da Contabilidade.

Campo de atuação da contabilidade

A Contabilidade, na qualidade de ciência social aplicada, com metodologia


especialmente concebida para captar, registar, acumular, resumir e interpretar os
fenômenos que afetam as situações patrimoniais, financeiras e econômicas de qualquer
ente, seja este pessoa física, entidade de finalidades não lucrativas, empresa, seja mesmo
pessoa de Direito Público, tais como estado, Município, União, Autarquia etc...tem um
campo de atuação muito amplo.

No século passado, serviu por outro lado como forte instrumento de controle nos
países que adotaram regimes políticos com economia controlada pelo governo de forma
centralizada. Hoje, o método tem aplicação a qualquer tipo de pessoa, física ou jurídica,
com finalidades lucrativas ou não, que tenha necessidade de exercer atividades
econômicas para alcançar suas finalidades, mesmo que tais atividades econômicas não
sejam atividades-fim.
Finalidade da Contabilidade
A Contabilidade tem como finalidade fornecer informações aos seus usuários,
por meio do registro, controle e interpretação dos eventos que alteram, qualitativa e
quantitativamente, o patrimônio das entidades. As informações fornecidas pela
Contabilidade permitem a realização de controle e planejamento. O controle é o
processo pelo qual a alta administração verifica se as diretrizes e políticas por ela
definidas e ou pelos sócios da entidade estão sendo seguidas. O planejamento é o
processo pelo qual a alta administração e os sócios da entidade decidem quais ações
serão tomadas para o futuro, considerando um segmento ou toda a empresa.
Usuários da Contabilidade
As informações geradas pela Contabilidade podem ser objeto de análise de
grande variedade de usuários, internos ou externos às entidades, com interesses,
conhecimentos e objetivos diversos. Os usuários podem apresentar interesses variados,
razão pela qual as informações contábeis devem ser suficientes para a adequada
avaliação da situação patrimonial e financeira, e das mutações sofridas pelo patrimônio.
Os principais usuários da Contabilidade são: Sócios ou proprietários (usuários
internos) avaliam o desempenho da administração e a rentabilidade de seus
investimentos; Investidores (usuários externos) – avaliam os riscos e oportunidades de
negócios;
Fornecedores (usuários externos) – avaliam as condições financeiras da empresa
e, assim, podem decidir se irão fornecer mercadorias e serviços;
Clientes (usuários externos) – avaliam se os fornecedores poderão ser os
parceiros ideais;
Empregados (usuários internos) – avaliam a continuidade da empresa, a
capacidade de pagar salários, oportunidades e condições de negociar salários, se a
participação nos lucros foi devidamente calculada etc.;
Governo (usuário externo) – importante usuário das informações contábeis, pois,
principalmente, verifica se a empresa está em dia com suas obrigações tributárias; .
Instituições financeiras (usuários externos) – avaliam se a entidade tem capacidade
financeira e patrimonial para realizar operações de crédito;
Concorrentes (usuários externos) – avaliam a capacidade financeira e de
negócios de uma entidade concorrente;
Administradores (usuários internos) – são os que demandam por informações
contábeis com maior frequência e profundidade. As informações contábeis subsidiam a
tomada de decisões e permitem avaliar as atividades da entidade.
Aplicação da Contabilidade
Portanto, são vários os usuários da Contabilidade, externos ou internos às
entidades, com necessidades e objetivos diferentes ao analisarem as informações
contábeis. Um usuário pode necessitar de informações contábeis que permitam avaliar o
desempenho da administração, outro podem necessitar de informações que permitam
avaliar a regularidade fiscal e tributária da entidade, outro de informações que permitam
avaliar os riscos de se emprestar ou aportar recursos em uma entidade.
Assim, tendo em vista que os usuários buscam informações diferentes, a
Contabilidade pode ser dividida em ramos, considerando a natureza e finalidade das
informações geradas. De forma geral, a Contabilidade aplicada a todas as empresas é
denominada Contabilidade Geral ou Contabilidade Financeira e baseia-se nos Princípios
de Contabilidade e nas normas que regem a Contabilidade Societária. Com o objetivo de
gerar informações mais específicas a determinados usuários, a Contabilidade pode ser
segmentada em Contabilidade Gerencial (normalmente destinada aos usuários internos),
Contabilidade Fiscal (o Governo é seu principal usuário) entre outras especializações.
TÉCNICAS CONTABILISTICAS
A Contabilidade estuda e controla o patrimônio das entidades por meio das
técnicas contabilísticas, que podem ser assim apresentadas:
Escrituração Os eventos que alteram o patrimônio das entidades e que,
consequentemente, são captados, estudados e avaliados pela Contabilidade devem ser
registrados. A escrituração é o registro desses eventos em livros (impressos ou
eletrônicos) apropriados, revestidos de formalidades intrínsecas e extrínsecas que
assegurem a confiabilidade e tempestividade dos fatos contábeis. Estudaremos mais
detalhadamente a escrituração contábil em capítulo específico.
Demonstrações financeiras
Demonstrações contabilísticas: é o conjunto de demonstrativos e quadros
técnicos padronizados por normas contábeis, com informações extraídas dos livros e
documentos que compõem o sistema contábil de uma entidade. As demonstrações
financeiras têm como objetivo evidenciar a situação patrimonial e financeira de uma
entidade. Também estudaremos mais detalhadamente as demonstrações financeiras em
capítulo específico.
Análise das demonstrações financeiras (análise de balanço) Consiste na
aplicação e cálculo de índices e coeficientes nas informações consignadas nas
demonstrações financeiras de uma entidade, com vistas a avaliar a sua situação
econômica, financeira e patrimonial.
Após o trabalho contabilístico efetuado é necessário passar à construção dos
quadros e mapas resumo que contêm a informação financeira sintetizada. Estes mapas
são as DF, que têm por objetivo representar a situação financeira de uma entidade.
Permite avaliar o seu prazo médio de recebimento, nível de endividamento e o
desempenho económico da empresa num dado momento, bem como alterações na
posição financeira, necessidade de capital de giro, liquidez e etc. (Rodrigues, 2010).
São estes mapas que contêm a informação que será divulgada publicamente e
usada por uma larga variedade de utilizadores.
Para uso interno, esta informação terá especial interesse para os órgãos de gestão
da própria entidade. Para estes, a informação representa um resumo do desempenho e
daquilo que é a empresa. Esta informação pode ajudar no planeamento de períodos
futuros ou mesmo para controlo do desempenho e avaliação dos desvios face ao
previsto. Por outro lado, esta será o input de informação necessário a uma correta e boa
análise financeira. Com esta informação detalhada será possível calcular uma
quantidade, tão variada quanto se queira, de indicadores econômico-financeiros que
permitirão avaliar inúmeros parâmetros da empresa, a curto e a longo prazo (Neves,
2012).
Para uso externo, a informação será pertinente para um grupo de utilizadores
bastante mais diversificado. Estes podem ser investidores anónimos, financiadores,
clientes, os próprios colaboradores ou o Estado.
Para os investidores esta informação pode dar indicações do retorno da empresa
e fornecer pistas sobre a viabilidade de investir naquela empresa. Para os financiadores
e outros credores, pode indicar a capacidade da empresa pagar e por isso condicionar a
decisão de emprestar. No que toca aos colaboradores, pode dar indicação da capacidade
da empresa em proporcionar um emprego estável a longo prazo e, quanto aos clientes,
pode indicar se a empresa continuará a operar sem colocar em causa possíveis
compromissos. Para além destes, também o Estado e o público em geral podem
consultar e usar pessoalmente estes dados. O primeiro maioritariamente para fins fiscais
e o segundo para uma variedade enorme de situações quer sejam elas com fins
académicos, pessoais ou profissionais (Neves, 2012).
Das DF que necessariamente são apresentadas pelas empresas, destacam-se neste
trabalho, o Balanço, DR e o Fluxo de Caixa. É sobre estas que incidirá a análise
seguinte, desta forma, mais úteis para os utilizadores da informação financeira.
O Balanço
Nabais e Nabais (2010, p. 64), cita que o Balanço “É um quadro que contém
informação referente a determinada data, acerca dos recursos (Activo) que a empresa
utiliza e da forma como estão a ser financiados pelos titulares da empresa (Capital
próprio) e por terceiros (Passivo). O Balanço deve evidenciar as contas que são
movimentadas na razão e nos diários de caixa, clientes, fornecedores e outros”. A
elaboração do balanço é obrigatória para Angola e para outros países.
O Balanço no PGCA apresenta as rubricas do activo organizadas pelo grau
decrescente de disponibilidade e do passivo pelo grau crescente de exigibilidade. O
capital próprio no PGCA apresenta 4 itens apenas, O mesmo acontece com o Passivo
não corrente.
PATRIMÔNIO
Patrimônio é o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma determinada
entidade.
Os bens e direitos de uma entidade, que correspondem à parte “boa”,
denominam-se activo na Contabilidade. Já as obrigações (dívidas) de uma entidade, que
correspondem à parte “ruim”, denominam-se passivo na Contabilidade. A diferença
entre o activo e o passivo de uma entidade denomina-se patrimônio líquido.
Activo Representa os direitos que a entidade possui junto a terceiros e os bens
pertencentes a ela. O ativo também pode ser denominado patrimônio bruto e
corresponde às aplicações de recursos de uma entidade. Ativo é um recurso controlado
pela entidade como resultado de transações passadas ou eventos passados e do qual se
espera que resultem futuros benefícios econômicos para a entidade. As entidades
normalmente obtêm ativos comprando-os ou produzindo-os, mas outras transações ou
eventos podem gerar ativos, por exemplo: um imóvel recebido do governo como parte
de um programa para fomentar o crescimento econômico da região onde se localiza a
entidade ou a descoberta de jazidas minerais. Transações ou eventos previstos para
ocorrer no futuro não podem resultar, por si mesmos, no reconhecimento de ativos; por
isso, por exemplo, a intenção de adquirir estoques não atende, por si só, à definição de
um ativo.
Bens Contabilmente, tudo aquilo que é útil à entidade e pode ser representado
monetariamente é denominado bem. Os bens podem ser classificados de diversas
formas. De acordo com sua natureza e finalidade, os bens podem ser assim
classificados:
Quanto à natureza:
Bens tangíveis: Bens corpóreos, que têm forma física, palpáveis. Exemplos:
veículos, máquinas, edificações, mercadorias, dinheiro etc.;
Bens intangíveis: Bens incorpóreos, que não têm forma física. Exemplos:
marcas, patentes, softwares, direitos autorais etc.
Quanto à finalidade:
Bens numerários: Bens que representam disponibilidades em dinheiro. Esses
bens são registrados na conta Caixa.
Bens de venda: ativos que pertencem à entidade e que há a intenção de sua
venda. Normalmente, os bens de venda são aqueles registrados na conta Estoque, como
matéria-prima, mercadorias, produtos em elaboração, produtos acabados.
Bens de uso: Bens que pertencem à entidade, mas que não há intenção de venda.
Esses bens têm como finalidade gerar benefícios para a empresa mediante o seu uso,
mas não mediante sua venda. Exemplos: bens registrados no ativo imobilizado
(máquinas, edificações, veículos, hardwares, imóveis, terrenos etc.) e no ativo intangível
(marcas, patentes, softwares, direitos autorais etc.);
Bens de renda: Bens que pertencem à entidade e que geram benefícios mediante
sua valorização ou locação. Exemplos: participações societárias em outras empresas,
imóveis para locação etc.
Direitos Contabilmente, direitos representam o poder de receber ou de
compensar alguma coisa em benefício da própria entidade. Representam créditos da
entidade junto a terceiros (governo, empregados, empresas etc.). Direitos representam
recursos da entidade em posse de terceiros. Assim, se a entidade tem direito a receber
algo, há um terceiro que tem a obrigação correspondente. Exemplos de contas contábeis
do ativo que representam direitos:
Clientes ou Duplicatas a receber: registra o direito de receber determinado valor
por venda de ativos ou por prestação de serviços para recebimento a prazo;
Adiantamento de salários: registra o direito de a entidade compensar o valor
adiantado a empregado quando ocorrer o posterior pagamento do salário;
Tributos a recuperar: registra o direito que a entidade possui de compensar o
valor do tributo pago a maior ou pago antecipadamente.
Duplicata é um título de crédito emitido pelo credor em uma transação de
compra e venda de mercadorias ou de prestação de serviços. A entidade vendedora ou
prestadora do serviço emite uma duplicata para cobrança da mercadoria vendida ou do
serviço prestado, a qual deverá ser aceita pelo comprador (devedor). Assim:
Duplicata emitida = vendedor (direito, ativo);
Duplicata aceita = devedor (obrigação, passivo). Nota promissória é um título de
crédito emitido pelo devedor em favor de determinada pessoa, com o objetivo de
representar uma promessa de pagamento. Assim:
Nota promissória emitida = devedor (obrigação, passivo);
Nota promissória aceita = credor (direito, ativo).
O sacador da duplicata é o emitente, ou seja, o credor. O sacado da duplicata é o
comprador, ou seja, o devedor.
Na nota promissória, o sacado é o emitente, ou seja, o devedor. Já o beneficiário
é o credor.
PASSIVO
Representa as obrigações (dívidas) da entidade para com terceiros. As contas do
passivo representam recursos de terceiros em posse da entidade. O passivo também
pode ser denominado passivo exigível ou capital de terceiros e corresponde às origens
de recursos de uma entidade. Passivo é uma obrigação presente da entidade, derivada
de eventos já ocorridos, cuja liquidação se espera que resulte em saída de recursos
capazes de gerar benefícios econômicos. Uma característica essencial para a existência
de um passivo é que a entidade tenha uma obrigação presente. Assim, por exemplo, a
aquisição a prazo de mercadorias ou de serviços resulta em contas a pagar, e a obtenção
de um empréstimo resulta na obrigação de liquidá-lo. São exemplos de contas do
passivo:
Fornecedores ou Duplicatas a pagar: registra a obrigação da entidade de pagar
determinado valor por compras ou contratação de serviços a prazo;
Empréstimos e financiamentos obtidos;
Provisões passivas – 13º salário, de férias, de contingências etc.;
Notas promissórias a pagar (ou emitidas)
Tributos a recolher (ou a pagar); Salários a pagar.

PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Conforme dito anteriormente, patrimônio líquido (pl) é a diferença entre o
activo e o passivo de uma entidade, ou seja, é o valor residual dos ativos da entidade
depois de deduzidos todos os seus passivos. O patrimônio líquido pode também ser
denominado riqueza líquida, capital próprio, passivo não exigível, situação líquida.
Também corresponde, juntamente com o passivo, às origens de recursos. No
patrimônio líquido são registrados os recursos aportados pelos sócios, o resultado do
exercício (lucro ou prejuízo), as reservas resultantes de apropriações de lucros (Reservas
de lucros) e as reservas para manutenção do capital (Reservas de capital). As contas que
compõem o patrimônio líquido serão apresentadas de forma detalhada em capítulo
específico.

EQUAÇÃO FUNDAMENTAL DO PATRIMÔNIO


A principal representação do patrimônio de uma entidade pela Contabilidade é o
balanço patrimonial.
O balanço patrimonial, apresenta, qualitativa e quantitativamente, os bens,
direitos e obrigações de uma entidade em determinada data. O balanço patrimonial é um
quadro no qual o ativo de uma entidade é apresentado do lado esquerdo e o passivo e
patrimônio líquido são apresentados do lado direito, conforme demonstrado a seguir:

Passivo=400.000

Activo=500.000

Patrimônio líquido=100.000

Os valores apresentados no activo, passivo e patrimônio líquido têm como finalidade

demonstrar o obrigatório equilíbrio (balanço) dessa representação do patrimônio, onde o

patrimônio líquido sempre terá o valor da diferença entre o valor do ativo e o valor do passivo.

Assim, partindo desse pressuposto de equilíbrio, chegamos à seguinte equação fundamental do

patrimônio:
ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Demonstração dos Resultados por Naturezas


A DR por Naturezas é uma DF obrigatória em Angola e que tem como objetivo
apresentar o resultado da empresa num determinado período, evidenciado as diversas
rubricas que o compõem, conforme se observa nos Quadros 15 e 16. A DR é composta
pelos Proveitos e pelos Custos sendo os Proveitos os aumentos de benefícios,
associados a aumentos de ativos ou redução de passivos económicos daquele período, e
os Custos as diminuições dos mesmos, associados a redução de ativos ou aumento de
passivos.

Princípios contabilísticos
Princípio da continuidade

Presume- se que a empresa continua as suas atividades, não tendo intenção nem
necessidade de entrar em liquidação ou de reduzir significativamente a sua atividade.

Princípio da consistência

As regras e procedimentos devem manter-se e generalizar-se em casos e


situações idênticas. É o aso dos critérios valorimétricos que não podem ser modificados
de um exercício para outro.

Princípio da especialização temporal ou do acréscimo

Os proveitos e os custos devem ser imputados ao respectivo período,


independentemente de recebimento e de pagamento.

Princípio da prudência

A escolha deve incidir sobre as alternativas mais pessimistas ou prudentes :


custos, sempre certos, proveitos, por vezes, incertos.

Princípio da substância sobre a forma

A contabilização deve atender á substância das operações e à sua realidade


financeira e não apenas á sua forma legal.

Princípio da materialidade

As demonstrações financeiras devem evidenciar todos os elementos que sejam


relevantes e que possam afectar avaliações ou decisões de terceiros.
Princípio da correspondência do balanço de abertura de um exercício com o de
encerramento de exercícios precedente.

Os saldos de abertura de um balanço de um exercício devem ser iguais aos


saldos de encerramento constantes do balanço do exercício precedente.

Critérios de Valorimetria Os critérios de valorimetria, em Angola, são abordados


no PGCA no seu ponto 7, no qual é definido como sendo o processo de determinação da
quantia pela qual as operações e outros acontecimentos devem ser reconhecidos,
registados e apresentados nas demonstrações financeiras. A valorimetria é apresentada
em bases globais e específicas. As bases da valorimetria globais, utilizadas em
diferentes graus e em várias combinações de modo a permitir a concretização das
valorimetrias específicas, consideram o custo histórico como sendo o valor original de
entrada no património de uma operação/ acontecimento, o custo corrente, como sendo o
valor actualizado de aquisição de activos e de liquidação de passivos, o valor realizável
(de liquidação), como sendo o valor de realização de activos e de liquidação de
passivos, e o valor presente (actual), como sendo o valor descontado dos futuros fluxos
de caixa. Portanto, o custo histórico é a base de valorimetria global genericamente
adoptada no PGCA.

Para valorizar as saídas de inventários serão utilizados os seguintes Métodos de


Custeio: Método do Custo de Identificação Específica dos Custos Individuais e o
Método do FIFO (First in, First Out) e o LIFO (Last In First Out). Quando não for
possível utilizar estes métodos deve ser usado o Método do Custo Médio como método
preferencial. Relativamente as existências não existem grandes diferenças entre os dois
normativos, salientando-se apenas a diferença sentida nos métodos de custeio das saídas
dos produtos LIFO. As contas a receber no PGCA são valorizadas ao custo histórico/
valor de realização, optando-se pelo mais baixo dos dois. As contas a pagar serão, regra
geral, valoriza

Utentes da informação contabilista

Tendo em mente as premissas traçadas no item anterior, é delinear resumidamente o tipo


e a qualidade da informação que a Contabilidade deve estar em condições de fornecer a
vários grupos de pessoas cujos interesses nem sempre são coincidentes, embora não se
chegue ao exagero de afirmar que sejam conflitantes.

Sócios, Acionistas e proprietários de quotas sociedades de Maneira Geral

Essas pessoas, interessadas primariamente na rentabilidade e segurança de seus


investimento, que muitas vezes se mantêm afastadas da direção das empresas,
necessitam de informações resumidas que deem respostas claras e concisas a suas
perguntas.

Exemplo: qual a taxa de lucratividade proporcionada a seu investimento em ações ou


quotas-partes da sociedades.
Para Esnault e Horau (1994) a contabilidade cumpre, de forma implícita, uma
função social, que consiste em fornecer aos agentes nas relações que estabelecem entre
si, a confiança necessária em todas as transações, confiança que tem a ver com a crença
na verdade das representações que ela fornece. Assim, a contabilidade facilita o diálogo
entre agentes com interesses contraditórios. Ela é utilizada como ferramenta de apoio
para justificar acordos e contratos entre os diversos atores sociais. Mais ainda, dentro da
empresa, a contabilidade serve para legitimar algumas posições tomadas por uns, face às
reivindicações dos outros.
Divisões da contabilidade
A primeira divisão da contabilidade refere-se aos espaços da empresa.
Espaço externo: as relações da empresa com o fornecedores, os clientes, os
bancos, estados e os sócios.
Espaço interno: os produtos e serviços que a empresa fabrica e vende, e como
são produzidos.
Assim, teremos:
• A contabilidade externa, geral ou financeira, que regista as operações da empresa com
o exterior, que fornece informações sobre a situação econômico-financeira
• A contabilidade interna, analítica ou de custos, que regista as operações realizadas
internamente e visa o apuramento de dos custos e proveitos por produtos e por
departamentos.

Fiscalidade
O estado necessita, para tal, de receitas que resultam dos impostos pagos pelos
contribuintes, segundo leis estabelecidas
Assim, atendemos a necessidade à definição de Imposto:
Impostos é a prestação pecuniária, definitiva e unilateral, estabelecida por lei, favor de
uma pessoa colectiva de Direito Público, para a realização de fins públicos.
Podemos classificar os impostos em:
Impostos Directos;
Impostos Indirectos.
Impostos Directos- aqueles cujos pressupostos correspondem à verificação ou
identificação concreta do contribuinte, o qual está dotado de património colectável ou
aufere rendimento tributável.
É o caso do:
Imposto Sobre o Rendimento do Trabalho;
Imposto sobre sucessões e doações;
Imposto Industrial;
SISA.
Impostos Indirectos – Aqueles que surgem com a ocorrência de certas despesas
ou aquisições de bens para o consumo ou fruição.
Neste caso destacamos:
Imposto de Selo;
Imposto de Consumo.
Impostos Proporcionais- Neste caso, a taxa é fixa. O imposto aumenta
proporcionalmente à matéria colectável.
Aqui destaca-se:
Imposto Industrial;
Imposto Predial Urbano.
Impostos progressivos- Nestes impostos a taxa aumenta a medida que cresce a
matéria coletável. Assim, o imposto aumenta mais que proporcionalmente, face ao
aumento da matéria colectável.
É o exemplo do:
Imposto sobre as sucessões e doações;
Imposto sobre o Rendimento do Trabalho.
O sistema fiscal angolano
A doutrina apresenta três grandes tipos de sistemas fiscais, que podem agrupar-
se segundo critérios que atendem quer ao grau de desenvolvimento quer ao sistema
socioeconómico. Assim, como bem nos ensina Sousa Franco, "existem os sistemas
fiscais das economias capitalistas desenvolvidas, das economias subdesenvolvidas e os
sistemas fiscais socialistas coletivistas".
São características dos sistemas das economias desenvolvidas de mercado a
pressão fiscal alta, elevada eficiência do sistema fiscal, elevado rendimento da
administração financeira e a complexidade do sistema fiscal. Os sistemas fiscais das
economias subdesenvolvidas caracterizam-se por um fraco rendimento, preponderância
dos impostos indiretos, peso excessivo da fiscalidade externa (em muitos países, e
particularmente entre os exportadores de matérias-primas, regista-se uma tendência para
fazer as receitas públicas dependerem quase totalmente das receitas de exportação, com
todas as vulnerabilidades que tal circunstância provoca) e má administração financeira.
De facto, normalmente existe nestes países uma administração pouco eficiente, por
vezes pesada em efetivos, ao que acresce muitas vezes a circunstância de as próprias
leis fiscais herdadas de situações coloniais serem inadequadas às estruturas económicas
e às necessárias políticas de desenvolvimento. Além disso, são sistemas com pessoal
técnico pouco especializado.
Finalmente, temos os sistemas fiscais das economias socialistas coletivistas, que
reúnem as seguintes características: são sistemas ligeiros, a fiscalidade está ao serviço
da planificação, predominam os impostos indiretos e são sistemas relativamente
simples. Já para Pierre Beltrame, Richard Musgrave e Manuel Henrique de Freitas
Pereira, existe outra classificação, que divide os sistemas fiscais em sistemas fiscais dos
países industrializados e sistemas fiscais dos países em desenvolvimento.
Podemos facilmente encontrar o sistema fiscal angolano. Nos sistemas fiscais
dos países industrializados, o nível de fiscalidade é medido pela relação entre receitas
fiscais e produto interno bruto. O sistema fiscal é constituído por vários impostos, cujo
peso no total se encontra relativamente repartido entre eles. Nestes sistemas, o imposto
sobre o rendimento das pessoas singulares assume grande importância, pelo facto de o
nível de industrialização e o fenómeno do urbanismo permitirem a existência de um
elevado volume de população activa trabalhando por conta de outrem e criando
importantes fluxos de aplicações de capitais. Do ponto de vista técnico e de
organização, são sistemas com certo grau de sofisticação. Já no outro prisma, nos
sistemas fiscais dos países em vias de desenvolvimento, o nível de fiscalização é baixo e
a estrutura fiscal assenta em grande medida nos impostos indiretos e sobretudo nos
impostos relacionados com o comércio externo, em especial a exportação. A
organização da administração fiscal é incipiente e a legislação fiscal, muitas vezes,
herdada do tempo colonial. Para os Professores Saldanha Sanches e João Gama, “a
importância da lei fundamental no domínio fiscal é incontestável, mesmo em Estados
dotados de constituições que não se debruçam especificamente sobre aspetos
económicos e fiscais. A partir dos seus princípios, como o da igualdade ou da
legalidade, é possível extrair todo um programa fiscal.
Angola é um Estado com uma Constituição pouco interventiva na área fiscal”. A
Constituição da República Popular de Angola consagrava uma orientação
socioeconómica de natureza socialista. A atual Constituição prevê, no art. 101º, uma
rotura com o sistema anterior, o que veio culminar numa melhoria do sistema, que só
não foi mais acentuada pelos seguintes fatores: ineficiência da administração fiscal, pela
ausência de técnicos qualificados, forte dependência do setor petrolífero e diamantífero
e um mercado informal muito forte.
a) Incidência- É a caracterização em abstracto dos elementos constitutivos da
obrigação do imposto.
A incidência pode ser:
Pessoal ou Subjectiva – Determinação das categorias de sujeitos a impostos com
diferentes tratamentos fiscais.
Real ou objectiva- Definição dos bens ou elementos do património que servem de base
á determinação do imposto a pagar.
b) Lançamento – operações que permitem identificar o contribuinte e determinar a
matéria colectável.
c) Liquidação – Determinação do montante do imposto pela aplicação á matéria
colectável.
d) Cobrança – Operações de pagamento do imposto
e) Contríbuinte – Pessoa, singular ou colectiva, em relação à qual se devem
verificar os elementos factuais do pressupostos do imposto e que é visada pela
lei como devendo sofrer um certo desfalque patrimonial a título de imposto.
TIPOS DE IMPOSTOS
Imposto sobre o Rendimento do trabalho;
Contribuição para segurança social;
Imposto de consumo;
O imposto do selo;
Imposto Industrial;
Imposto sobre a aplicação de capitais;
Imposto predial Urbano;
Imposto sobre o Rendimento;
Imposto sobre a Produção de petróleo ou Royalty;
Imposto sobre o Rendimento do Petróleo;
Imposto de transacção do petróleo.

IMPOSTO SOBRE O RENDIMENTO DO TRABALHO


De acordo com Sanches e Gama (2010), o imposto é uma prestação pecuniária,
singular ou reiterada, que não apresenta conexão com qualquer contraprestação
retributiva específica, exigida por uma entidade pública a uma outra entidade (sujeito
passivo), utilizada exclusivamente ou principalmente para a cobertura de despesas
públicas. O imposto tem como conteúdo um dever de prestar, que surge pela simples
verificação de um facto previsto na lei, dando origem a uma relação jurídica tributária.
Para muitos autores, para classificação dos impostos servem-se os tratadistas de
vários critérios: económicos, jurídicos e administrativos. No caso concreto do IRT,
sendo integrante dos impostos diretos, pois como cita Vítor Faveiro (1984), assentam no
carácter permanente da faculdade contributiva dos cidadãos. Os impostos indirectos, são
os que incidem sobre a matéria colectável directamente determinada (Oliveira C., 1993).
a) Incidência Real ou Objectivo
O imposto incide sobre os Rendimentos por:
Conta própria- Rendimentos auferidos de forma independente.
Conta de Outrem – Remunerações pagas por entidade patronal.
Imposto sobre os Rendimentos do Trabalho, segundo o artigo 1º do código do
IRT, “incide sobre os rendimentos obtidos por conta própria ou por conta de outrem”.
São definidos como rendimentos de trabalho os rendimentos em dinheiro e em género
sendo designados como “(…) salários, honorários, avenças, subsídios, gratificações,
comissões, prémios, senhas de presença, participações e outras remunerações acessórias
(…)”. São também designados como rendimento s as remunerações de membros de
órgãos estatutários, valores que os proprietários de empresas individuais auferem do seu
próprio trabalho.
b) Incidência Pessoal – Segundo o art. 3º do código do imposto sobre os
rendimentos do trabalho, são considerados rendimentos de trabalho por conta de outrem
“todas as remunerações atribuídas ou pagas por uma entidade patronal” e rendimentos
de trabalho por conta própria “Remunerações concedidas a título independente com
uma profissão de caracter científico, artístico ou técnico, ou pela prestação de serviços
não tributados por outro imposto”. O imposto é obrigatório para as pessoas singulares,
quer sejam residentes ou não residentes cujo seu rendimento seja obtido por serviços
prestados ao país. E são considerados rendimentos obtidos no país, os rendimentos
obtidos pelos tripulantes de navios e aeronaves pertencentes a empresas com residência,
sede, direção efetiva ou estabelecimento estável em Angola. São também considerados
os rendimentos auferidos por membros do órgão estatutários de empresas nas mesmas
condições.

Isenções
Estão dispensados do pagamento deste imposto:
a) Os agentes das missões diplomáticas e consulares e consulares, sempre que haja
reprocidade;
b) O pessoal ao serviço de organizações internacionais, depois de aprovado pela
AGT;
c) O pessoal ao serviço das ONTG, depois de aprovado pela AGT;
d) Os deficientes físicos e mutilados de guerra com invalidez igual ou superior a
50%;
e) Os cidadão nacionais com idade superior a 60 anos pelo trabalho por conta de
outrem;
f) Antigos combatentes, deficientes de guerra e familiares de combatente tombado
ou perecido, decorrente da actidade dos Grupos A e B;
g) Singulares que prestem serviço militar e paramilitar, mas apenas aqueles
derivados dessa prestação.
Grupo A
Determinação da Matéria colectável
A matéria colectável é constituído por todas as remunerações em dinheiro ou em
espécie, de natureza contratual ou não contratual, periódicas ou ocasionais, fixas ou
variáveis, independentemente da sua proveniência, local, moeda, forma estipulada
para o seu cálculo e pagamento, auferidas pelos trabalhadores por conta de outrem.
A determinação da matéria colectável faz-se pelas deduções à retribuição global pela
ordem seguinte:
a) As contribuições obrigatórias para segurança social;
b) As componentes remuneratórias não sujeitas ou isentas.
Não é aceite a transferência do encargo fiscal do trabalhador para a entidade
patronal, não podendo ser atribuído ao trabalhador rendimento líquido superior ao valor
do contrato, a título de remuneração.

Grupo B
O rendimento colectável destes contribuintes será 70% dos rendimentos pagos
entidades com contabilidade organizada.
Liquidação
Assim, a liquidação do imposto sobre os rendimentos aos trabalhadores por conta
própria é efectuada pela entidade pagadora desses rendimentos, por retenção na fonte
sobre 70% do valor pago, ou seja 10,50 (70% * 15%).
Taxas
A taxa do imposto do Grupo B é de 15%.
Cobrança
O imposto devido pela atribuição destes rendimentos deve ser entregue pela
entidade pagadora até ao fim do mês seguinte ao do respectivo pagamento, na repartição
fiscal competente.
Contribuição para segurança social
Caracterização
As contribuições para o sistema de segurança social estão definidas nos decretos
38/08, de 19 de junho, e 42/08, de 03 de julho.
Incidência Real ou Objectiva
Constituem base de incidência as remunerações devidas aos trabalhadores por conta
de outrem, nomeadamente:
a) O vencimento base;
b) A retribuição por trabalho por turnos e noturno com carácter regular;
c) A retribuição correspondente ao período de suspensão de trabalho com perda de
salário como acção disciplinar;
d) A indemnização por despedimento sem justa causa;
e) A quantia paga ao trabalhador em cumprimento de acordo de cessação de
trabalho;
f) A participação nos lucros da empresa;
g) O subsídio de regime de disponibilidade com caráter regular.
Incidência Pessoal ou Subjectiva
É obrigatório a inscrição dos trabalhadores e das respectivas entidades
empregadoras e dos trabalhadores por canta própria.
Isenções
Os estrangeiros residentes que exerçam a actividade por conta própria são excluídos
deste regime dede que provem o seu enquadramento em regime de protecção obrigatória
de outro país.
Taxas
as taxas de contribuição são:
a) 8% para as entidades empregadoras;
b) 3% para trabalhadores por conta de outrem;
Liquidação
A entidade empregadora tem de entregar mensalmente a folha de remunerações até as
10ª.dia subsequente àquele a que se refere o pagamento da remuneração, á entidade
gestora da Protecção Social Obrigatória.
Cobrança
O pagamento das contribuições deve ser efectuado até ao 10º. Dia do mês seguinte
àquele a que disserem respeito.
As entidades ou contribuintes que não cumpram com os prazos para o pagamento das
contribuições estão sujeitos a:
a) Multas de uma a seis vezes o salário médio mensal praticado na empresa.
b) Juros de mora à taxa mensal de 2,5%

Imposto de consumo
A compreensão da problemática deste imposto pressupõe um conhecimento
mínimo do seu funcionamento, das técnicas, dos efeitos económicos, sobretudo no
plano nacional, Saldanha Sanches e João da Gama, ob. cit., pág. 20. das questões
administrativas, da forma como ele se aplica e dos desafios que deixa à administração
fiscal, aos contribuintes e outros operadores.
Para o Professor Xavier Basto, "a expressão tributação do consumo cobre uma
larga gama de tributos, de natureza diversa, não sendo fácil abranger tão vasto e
diversificado conjunto com uma definição por compreensão totalmente satisfatória.
Corre-se sempre o risco, com essa definição, de excluir espécies que pertencem ao
conjunto e de incluir outras que dele não fazem parte. Com todas as cautelas devidas
quando se formulam definições deste tipo, poderá dizer-se que os impostos de consumo
são aqueles que se pagam no contexto da utilização de bens e serviços no país onde são
consumidos". A OCDE, na sua classificação decimal para efeitos de estatísticas fiscais,
coloca os impostos de consumo no grupo ou classe 5000 da lista, intitulada "Impostos
sobre bens e serviços". Ainda segundo Xavier Basto, na classe 5000, há que distinguir
entre os tributos que incidem sobre os próprios bens e serviços, e designadamente sobre
a sua aquisição (“taxes on goods and services themselves”, na expressão de um estudo
recente), e aqueles que cobram pelo uso de bens. Os primeiros incorporam-se no preço
dos bens e atingem o consumidor (imediata ou mediatamente) aquando da respetiva
aquisição; os segundos são cobrados pelo uso de bens, pelo facto da sua propriedade, ou
pelo exercício de determinadas atividades.

O IMPOSTO DE CONSUMO ANGOLANO


O fim da guerra, a estabilidade política daí decorrente e a aposta do governo
angolano na criação de um ambiente institucional apelativo para o investimento, quer
através do controlo da inflação (que, de cifras na casa dos quatro dígitos, há cerca de
dez anos, se fixa atualmente na ordem dos 10%), quer por via da remoção de obstáculos
à iniciativa económica e da consagração de incentivos, constituem um estímulo à
iniciativa privada e à captação de investimento externo, representando, de resto,
prioridade confessa do Executivo a reforma fiscal. Os diplomas que regulam o imposto
de consumo angolano são o Decreto nº 41/99 de 10 de dezembro, o Decreto Legislativo
Presidencial nº 7/11 e o Decreto Legislativo Presidencial nº 149/13, de 1 de outubro,
que aprovou o regime jurídico das faturas e dos documentos equivalentes. O Decreto nº
41/99 aprova o Regulamento do Imposto de Consumo, revoga os Decretos nº 24/98, de
27 de maio, 75/97, de 24 de outubro, 13/93, de 14 de abril e 20–M/92, de 15 de maio,
bem como toda a legislação que contrarie o disposto no presente decreto. O imposto
sobre o consumo angolano, diferentemente do que acontecia antes da atual reforma, já
prevê uma vasta incidência objetiva, resultante da reforma que está a decorrer,
abrangendo uma série de realidades, recaindo, nomeadamente, sobre a produção e
importação de mercadorias, independentemente da sua origem, no consumo de água e
energia, nos serviços de telecomunicações, nos serviços de hotelaria e outras atividades
a si conexas ou similares, entre outros.
A taxa geral prevista é de 10%, com exceção dos bens que se encontram listados
nas tabelas I, II e III anexas ao Regulamento do Imposto do Consumo, referentes,
respetivamente, aos bens sujeitos à taxa reduzida, às mercadorias importadas e de
produção nacional, e ao consumo de serviços, taxas estas que variam entre os 2% e os
30%. Mesmo assim, pensamos que o IVA é o melhor caminho para uma economia que
se quer ver menos dependente do petróleo, pois o IVA consiste em aplicar aos bens e
serviços a um imposto geral sobre o consumo proporcional ao preço dos bens e
serviços, independentemente do número de transações ocorridas no processo de
produção e de distribuição anterior à fase de tributação, o que se traduzirá
rigorosamente numa maior arrecadação de receitas.
O imposto de consumo angolano é caracterizado, essencialmente, como um
imposto monofásico e cumulativo, que atinge tendencialmente as transmissões de bens
ou serviços por si só, de forma cumulativa, no sentido de todos os intervenientes na
cadeia de consumo do bem ou do serviço pagarem, efetivamente, o imposto devido
(sem prejuízo, claro, de o repercutirem sobre o próximo adquirente). Não tem os
mecanismos de deduções do IVA. Como falamos acima, diferentemente do IVA, que é
um imposto que incide sobre todas as fases do processo produtivo, do produtor ao
retalhista, através do chamado método subtrativo indireto, das faturas, do crédito de
imposto ou sistema dos pagamentos fracionados, o imposto de consumo angolano é um
imposto monofásico, incidindo apenas no produtor ou no retalhista.
Caracterização
O imposto de consumo é um imposto indirecto que foi aprovado pelo decreto
legislativo presidencial nº. 3ª/14, de 21 de Outro.

A incidência Real ou objetiva


Não deixa, porém, de ser curioso o critério adotado pelo legislador angolano na
escolha dos factos tributários a abranger no Decreto nº 41/99, deixando de fora muitas
situações que deviam estar previstas, dentre as quais destaco as prestações de serviços
em muitos setores de atividade.
Assim, segundo o art. 1º do Regulamento do Imposto de Consumo, o imposto
incide objetivamente sobre:
a) a produção e importação de mercadorias, seja qual for a sua origem;
b) a arrematação ou venda realizada pelos serviços aduaneiros ou outros quaisquer
serviços públicos;
c) a utilização dos bens ou matérias-primas fora do processo produtivo e que
beneficiaram da desoneração do imposto;
d) o consumo de água e energia;
e) os serviços de telecomunicações;
f) os serviços de hotelaria e outras atividades a si conexas ou similares;
g) locação de áreas especialmente preparadas para recolha ou estacionamento coletivo
de veículos (aditado por Decreto Legislativo Presidencial nº 7/11, de 30 de dezembro);
h) locação de máquinas ou outros equipamentos, bem como os trabalhos efetuados
sobre móveis corpóreos, excluindo a locação de máquinas ou outros equipamentos que,
pela sua natureza, deem lugar ao pagamento de royalties conforme definido no Código
do Imposto sobre a Aplicação de Capitais (aditado por Decreto Legislativo Presidencial
nº 7/11, de 30 de dezembro); i) locação de áreas preparadas para conferências,
colóquios, exposições, publicidade ou outros eventos (aditado por Decreto Legislativo
Presidencial nº 7/11, de 30 de dezembro);
j) serviços de consultoria, compreendendo designadamente a consultoria jurídica, fiscal,
financeira, contabilística, informática, de engenharia, arquitetura, economia, imobiliária,
serviços de auditoria, revisão, revisão de contas e advocacia (aditado por Decreto
Legislativo Presidencial nº 7/11, de 30 de dezembro);
k) serviços fotográficos, de revelação de filmes e tratamento de imagens, serviços de
informática e construção de páginas de Internet (aditado por Decreto Legislativo
Presidencial nº 7/11, de 30 de dezembro);
l) serviços portuários e aeroportuários e serviços de despachantes (aditado por Decreto
Legislativo Presidencial nº 7/11, de 30 de dezembro);
m) serviços de segurança privada (aditado por Decreto Legislativo Presidencial nº 7/11,
de 30 de dezembro);
n) serviços de turismo e viagens promovidos por agências de viagens ou operadores
turísticos equiparados (aditado por Decreto Legislativo Presidencial nº 7/11, de 30 de
dezembro);
o) serviços de gestão de cantinas, refeitórios, dormitórios, imóveis e condomínios
(aditado por Decreto Legislativo Presidencial nº 7/11, de 30 de dezembro);
p) acesso a espetáculos ou eventos culturais, artísticos ou desportivos (aditado por
Decreto Legislativo Presidencial nº 7/11, de 30 de dezembro);
q) aluguer de viaturas, transportes marítimos e aéreos de passageiros, cargas e
contentores, inclusive armazenagem relacionada com estes transportes, desde que
realizados exclusivamente em território nacional (aditado por Decreto Legislativo
Presidencial nº 7/11, de 30 de Dezembro).
Incidência Pessoal ou Subjectiva
São sujeitos passivos os que:
a) Praticam operações de produção, fabrico ou transformação de bens;
b) Procedam à arrematação ou venda de bens em hasta pública;
c) Procedam à importação de bens;
d) Forneçam os restantes serviços incluídos na incidência objectiva.
O imposto constitui encargo dos adquirentes dos bens ou serviços sujeitos a Imposto
de consumo.
Não sujeição
Não se consideram tributáveis no âmbito deste imposto a produção dos seguintes bens;
a) Produtos agrícolas e pecuários não transformados;
b) Produtos primários de silvicultura;
c) Produtos de pesca não transformados;
d) Produtos minerais não transformados.

As isenções
As isenções estão previstas no artigo 4º do Regulamento do Imposto de
Consumo. Sendo assim, estão isentos de imposto de consumo: (art. 4º)
a) os bens exportados, quando a exportação seja feita pelo próprio produtor ou entidades
vocacionadas para o efeito, reconhecida nos termos previstos na lei;
b) os bens importados pelas representações diplomáticas e consulares, quando haja
reciprocidade de tratamento;
c) os bens manufaturados em resultado de atividades desenvolvidas por processos
artesanais;
d) as matérias-primas e os materiais subsidiários, incorporados no processo de fabrico,
os bens de equipamento e peças sobressalentes, desde que devidamente certificados
pelos Ministérios de tutela, com declaração de exclusividade (alterado por Decreto nº
29/02) de 21 de maio);
e) os animais destinados à procriação, mediante informação dos serviços de veterinária,
na qual sejam considerados como podendo contribuir para o melhoramento e progresso
da produção nacional;
f) os materiais subsidiários referidos na alínea d) serão objeto de relação discriminada, a
ser aprovada por decreto executivo dos Ministros da Indústria e das Finanças (alterado
por Decreto nº 29/02, de 21 de maio). Para se considerar que uma atividade é exercida
nos moldes artesanais, esta deve preencher os requisitos do art. 4º nº 2.
Obrigações dos sujeitos passivos No regulamento, podemos encontrar várias
obrigações às quais os sujeitos passivos de imposto estão vinculados, nomeadamente
obrigações declarativas, de faturação, contabilísticas e de pagamento. No art. 5º nº 1,
está previsto que o sujeito passivo deve apresentar na repartição fiscal da sua área, até
ao último dia de cada mês, uma declaração em duplicado, conforme modelo D, em que
proceda à liquidação do imposto de consumo devido relativamente ao volume de
operações tributáveis realizadas no mês anterior. Havendo ou não operações tributáveis,
a declaração citada anteriormente deverá ser sempre apresentada, tal como se vê no art.
5º nº 2.
Os sujeitos passivos referidos na alínea a) do art. 2º apresentarão um mapa, em
duplicado, onde conste os elementos referidos no nº 2 do art. 18º. Verificando-se a falta
de entrega da declaração prevista no nº 1 do art. 5º deste diploma, a fixação do valor
base para liquidação será feita pelo chefe de repartição fiscal competente para a
recepção da mesma, dando lugar a uma determinação oficiosa do imposto, como está
previsto no art. 6º nº 1. A mesma entidade procederá também a retificação das
declarações quando, com fundamento, considere que nelas figura um imposto inferior
ou uma redução superior ao devido, como se vê no art. 6º nº 2.
Aplicação da lei no tempo (art. 8º) Como está previsto no art. 8º, o imposto é
devido e torna-se exigível: a) na produção, no momento em que os bens são colocados à
disposição do adquirente; b) nas importações, no momento do desembaraço
alfandegário; c) na arrematação ou venda, no momento em que tais atos são praticados;
d) no consumo de água, energia, no momento da sua liquidação; e) nos serviços
previstos nas alíneas e) a q ) do nº 1 do art. 1º, no momento da sua liquidação (alterado
pelo Decreto Legislativo Presidencial nº 7/11, de 30 de Novembro).
Base de cálculo do imposto (art. 9º) O valor tributável sujeito a imposto será: a)
para os bens produzidos no país, o preço do custo à porta do armazém; b) para os bens
importados, o seu valor aduaneiro; c) nas arrematações ou vendas, o valor por que
tiverem sido efetuadas;
Determinação da matéria colectável
O valor tributável sujeito a imposto é:
a) O preço de custo para os bens produzidos no país;
b) O valor aduaneiro para os bens produzidos no país;
c) O valor por que tiverem sido efetuadas as arrematações ou vendas;
d) O preço pago pelos serviços previstos na incidência objectiva.
Considera-se preço de custo para os bens produzidos no país, os custos incorridos com a
produção, incluindo matérias-primas e produtos incorporados, mão-de-obra, tecnologia
e outros bens ou serviços necessários à produção.
Exigibilidade do imposto
O imposto é devido e torna-se exigível:
a) Na produção, no momento em que os bens são postos à disposição dos
adquirentes;
b) Nas impostações, no momento de desembaraço alfandegário;
c) Na arrematação ou venda, no momento em que tais actos sejam praticados;
d) Na prestação de serviço, no momento do efectivo pagamento da factura.
Liquidação
A liquidação do imposto cabe:
a) Aos produtores, nos casos dos bens produzidos no país;
b) Aos serviços aduaneiros, no caso da importação de bens;
c) Aos serviços que realizar a arrematação ou venda;
d) Às entidades residentes que contratem serviços a não residentes;
e) À repartição fiscal nos restantes casos.

Taxas
A taxa geral prevista para o imposto de consumo é de 10%.
Com ecepção dos bens que se encontram listados nos anexos 1,2 e 3.

O IMPOSTO DO SELO
O imposto do selo está regulado no Decreto Legislativo Presidencial nº 6/11 de
30 de dezembro, trata-se de uma matéria que já sofreu constantes revisões. Em países
como Portugal, tem sido discutida a manutenção ou abolição do imposto do selo, mas
este imposto tem resistido, por duas grandes razões: a primeira prende-se com a
relevante receita gerada pelo imposto do selo, e a segunda razão é a circunstância de
existirem manifestações de capacidade contributiva, consideradas relevantes pelo
legislador fiscal, que não estão abrangidas por outros impostos vigentes91. Em Angola,
infelizmente, ainda não tivemos esse debate, o que faz com que o legislador mantenha o
imposto. O imposto do selo angolano é um exemplo muito rudimentar de imposto sobre
as transações. Assim, o imposto do selo vai atingir, por exemplo, aberturas de crédito,
operações bancárias, emissões de cheques, constituições de sociedades etc.93. A relação
jurídica tributária, no caso em concreto, é constituída pela realização dos atos praticados
nos termos do art. 5º.
Incidência Real ou objectiva
Assim, segundo o art. 1º do Código do Imposto do Selo, objetivamente, o
imposto incide sobre todos os atos, contratos, documentos, títulos, livros, papéis,
operações e outros factos previstos na Tabela anexa a este Código, ou em leis especiais,
salvas as isenções aí previstas.
Incidência Pessoal ou Subjectiva
. Quanto a incidência subjetiva, são sujeitos passivos do imposto, nos termos do
art. 2º, os sujeitos aí previstos desde a alínea a) até a alínea l). Revela o legislador fiscal
pouca simplicidade e racionalização do imposto, esta é sem sombra de dúvidas uma das
questões que se coloca a este tributo.
Encargo do imposto O imposto constitui encargo dos titulares do interesse
económico, tal como está previsto no art. 3º. O imposto do selo incide sobre todos os
fatores e operações previstas ocorridos em território nacional, como dispõe o art. 4º, e
outras operações realizadas no estrangeiro, segundo o art. 4º nº 2.
Isenções
São muito numerosas as isenções de imposto do selo. As subjetivas, como as que
beneficiam o Estado e outros organismos, ainda que personalizados, excluídas as
empresas públicas tal como está previsto no art. 6º e as demais isenções previstas no art.
6º nº 2 e 3. Sempre que haja lugar a qualquer isenção, deve averbar-se no documento ou
título a disposição legal que a prevê (art. 7º).
Liquidação
a) É efectuada por meio de guia;
b) Compete aos sujeitos passivos referidos anteriormente;
c) Tratando-se de imposto devido por operações de crédito ou garantias prestadas
por várias instituições pode ser efectuada por qualquer uma das instituições, sem
prejuízo da responsabilidade, de cada uma delas em caso de incumprimento;
d) É efectuada pela Alfandega nas operações aduaneiras e pago até ao dia 15 do
mês seguinte;
e) Deve ser mencionada nos documento, ou seja, o valor do imposto e a data;
f) É feita e entregue pelas entidades residentes em Angola e que contratem
entidades não residentes, nas situações em que compete aqueles o dever de
liquidar;
g) É efectuada no momento do pagamento da prestação, nos contratos em que o
Estado seja parte, excepto nas empresas públicas e depositado nos cofres do
Estado até ao dia 15 do mês seguinte.
Taxas
As taxas aplicáveis no imposto do selo são muito numerosas e diversificadas.
Assim, temos:
Taxa percentual: 1%

Cobrança
O imposto do Selo é pago:
a) Mediante a apresentação do documento d liquidação de imposto;
b) Até ao final do mês seguinte àquele em que a obrigação tributária se tenha
constituído.
Obrigações Contabilísticas
Os contribuintes com contabilidade organizada nos termos do Plano Geral de
Contabilidade devem fazer um registo das operações e actos, de modo a possibilitar a
verificação do9 imposto selo liquidado, da seguinte forma:
a) O valor das operações e dos actos realizados sujeitos a impostos;
b) O valor das operações e dos actos realizados isentos;
c) O valor do imposto liquidado;
d) O valor do imposto compesado.
A documentação de suporte deve ser guardada durante 5 anos.
Garantias e obrigações dos sujeitos passivos
Se, depois de efetuada a liquidação do imposto, for anulada a operação, reduzido
o seu valor tributável em consequência de quaisquer factos de que tenha resultado
imposto liquidado e pago superior ao devido, as entidades referidas no art. 13º podem
efetuar a compensação do mesmo até à concorrência das liquidações e entregas
seguintes relativas ao mesmo artigo da tabela (art. 17º). Os sujeitos passivos ou os seus
representantes legais são obrigados a apresentar anualmente declaração discriminativa
do imposto do selo, assim como a dispor de contabilidade nos termos do Plano Geral de
Contabilidade (arts.19º e 20º nº 1).
Imposto Industrial
Lei 19/14 De 22 de Outubro
A aprovação do código do imposto Industrial visa proceder à actualização deste
imposto, cuja disciplina tributária vigente não permite, actualmente, responder à
complexidade das operações dos seus sujeito passivos, tão pouco permite uma relação
tributária justa e eficiente entre a administração tributária e os contribuintes.
A presente Lei comporta inovações que visam iniciar um novo paradigma no
tratamento fiscal dos rendimentos derivados de operações comerciais ou industriais e
por outro, aportar formalidade económica a essas mesmas operações, sem que seja
totalmente diluído o quadro regulamentar actual do imposto, assegurando-se assim uma
transição mais prudente para modelos de tributação mais evoluídos, a implementar no
futuro.
A Assembleia Nacional aprova, por mandato do povo, nos termos das
disposições combinadas da alínea b) do artigo 161º. Da alínea o) do nº. 1 do artigo 165º.
E da alínea d) do nº. 2 do artigo 166º. Todos da constituição da República de Angola, a
seguinte:
Incidência
O imposto industrial incide sobre os lucros imputáveis ao exercício de qualquer
actividade de natureza comercial ou industrial, ainda que acidentais.
É considerado sempre de natureza comercial ou industrial para feito do presente
código
A actividade de exploração agrícola, aquícola, avícola, pecuária, psicatória e silvícola:
a) A actividade de mediação, agência ou representação na realização de
contratos de qualquer natureza;
b) O exercício de actividade reguladas pela entidade de supervisão de seguros,
entidade de supervisão de jogo, pelo Banco Nacional de Angola e pela
Comissão do Mercado de Capitais;
c) A actividade das sociedades cujo objectivo consista na mera gestão de uma
carteira de imóveis, de participações sociais ou título;
d) A actividade das fundações, fundos autónomos, cooperativas e associações
de beneficência.

Ficam sujeitas a impostos Industrial, pelos lucros realizados as pessoas


colectivas, nacionais ou estrangeiras, que exerçam as actividades em Angola. (artg.2 da
lei 19/14)
As pessoas colectivas que tenham, sede ou direcção efectiva no país são
tributadas em Imposto Industrial pela totalidade dos lucros obtidos, quer no País, quer
no estrangeiro. (artg.3 da lei 19/14)
As pessoas colectivas que tenham sede ou direcção efectiva no estrangeiro e
estabelecimento estável no País, são tributados em Imposto Industrial.
Sujeitos Passivos
São sujeitos passivos do Imposto Industrial:
a) As sociedades comerciais ou civis sob forma comercial, as cooperativas,
fundações, associações, fundos autónomos, empresas públicas e as demais
pessoas colectivas de direito público ou privado, com sede ou direcção efectiva
em território Angolano.
b) As entidades desprovidas de personalidade jurídica, com sede ou direcção
efectiva em território Angolano, cujos rendimentos não sejam directamente
tributáveis em Imposto Industrial, quer estejam na titularidade de pessoas
singulares ou colectivas;
Designadamente, as heranças jacentes, as pessoas colectivas em relação ás quais
seja declarada a invalidade, as associações e sociedade civis sob forma comercial,
anteriormente ao registo definitivo.
c) As pessoas colectivas que não tenham, sede ou direcção efectiva em Angola mas
que obtenham rendimentos no País.
As isenções e benefícios fiscais resultantes de acordo celebrado pelo Estado
Angolano, ou outro ente público legalmente competente para o efeito, mantêm-se
em vigor, nos termos da legislação ao abrigo da qual foram concedidas, com as
devidas adaptações.
No Imposto Industrial há dois grupos:
a) Grupo A, com tributação incidente nos lucros efetivamente obtidos pelos
contribuintes e determinados através da sua contabilidade;
b) O Grupo B, com tributação incidente sobre os lucros efetivamente obtidos pelos
contribuintes e determinados através da sua contabilidade ou sobre os lucros que
presumivelmente os contribuintes obtiveram, quando não directamente apuráveis
através dos elementos contabilísticos disponibilizados pelos contribuinte.

Tributação pelo grupo A


São obrigatoriamente tributadas pelo Grupo A:
a) As empresas públicas e entes equiparados;
b) A s sociedades constituídas nos termos da lei das sociedades comerciais ou da
Lei das sociedades unipessoais, de capital social igual ou superior a
Kz:2.000.000,00 (dois milhões de Kwanzas);
c) As sociedades constituídas nos termos da lei das sociedades Comerciais ou da
Lei das sociedades unipessoais, com proveitos totais anuais de valor igual ou
superior a Kz: 500.000.000,00 (quinhentos milhões de Kwanzas).
Tributação pelo grupo B
a) São abrangidos pelo Grupo B, todos os contribuintes referidos no artg.5º. não
abrangidos pelo Grupo A, e bem assim, os que, da mesma natureza subjectiva, devam
imposto somente pela prática de alguma operação ou acto isolado de natureza comercial
ou industrial.
b) Entende-se por acto isolado de natureza comercial ou industrial a realização de
qualquer actividade comercial ou industrial, como definida nos termos do presente
Código, que de forma contínua ou interpolado, não tenha duração superior a 180 (cento
e oitenta) dias durante um exercício fiscal.
Determinação da Matéria colectável do Grupo A

IMPOSTO SOBRE A APLICAÇÃO DE CAPITAIS


Caracterização
O imposto sobre a Aplicação de capitais foi revisto e republicado pelo Decreto
Legislativo Presidencial nº. 2/17, de Outubro.
Incidência pessoal ou Subjectiva
Imposto é devido pelo titulares dos respectivos rendimentos, sem prejuízo da sua
exigência a outras entidades.
Incidência Real ou objectiva
O imposto incide sobre os rendimentos provenientes da simples aplicação de capitais.
O código divide os rendimentos sobre os quais incide o imposto em duas secções, A e B.
IMPOSTO PREDIAL URBANO
Caracterização
Foi aprovado pelo diploma legislativo n 4044/70, de 13 de Outubro, actualizado
pelas leis n 18/77, de 7 de Outubro, e 18/11, de 21 de Abril.
Incidência Real ou Objectiva
O imposto incide sobre os rendimentos de prédios urbanos quando estejam
arrendados ou sobre a sua detenção, quando o não estejam.
No caso de prédios:
Arrendados; o imposto incide sobre o valor da respectiva renda;
Não arrendados; o imposto incide sobre o valore patrimonial.
Incidência Pessoal ou Subjectiva
O imposto é devido:
No caso de prédios arrendados, pelos titulares do direito aos rendimento dos
prédios, presumindo- se como tais as pessoas em nome de quem os mesmos se
encontrem inscritos na matriz.
Pelo proprietário, frutuário ou beneficiário do direito de superfície relativos ao
prédio, no caso de prédio não arrendados.
Isenções
Ficam isentos deste impostos:
O estado, instituídos públicos e associações que gozem do estatuto de utilidade
pública;
Os estados estrangeiros, quanto aos imóveis destinados às respectivas
representações diplomáticas e consulares, quando haja acordos de reciprocidade;
As instituições religiosas legalizadas, quanto aos imóveis destinados
exclusivamente.
Liquidação
A matéria colectável é determinada em função da renda e deve constar na
caderneta predial devido ao depósito do contrato de arrendamento no bairro fiscal.
O rendimento colectável é igual ao valor das rendas menos 40% correspondentes
a despesas relacionadas com o imóvel, como.
a) Assistência técnica e energia para elevados, monta- cargo e elevação de água;
b) Remuneração de porteiros e pessoal de limpeza;
c) Iluminação de vestíbulos e escadas;
d) Administração de condomínio, quando o número de condomínio não for inferior
a 10;
e) Seguro do prédio.
No caso de prédio não arrendados, o rendimento colectável corresponde ao valor
patrimonial.

a) O imposto será liquidado anualmente;


b) Os contribuintes que disponham ou devam disponham ou devam dispor de
contabilidade organizada, a quem competir o pagamento das rendas relactivas a
imóveis, devem fazer a retenção na fonte á taxa de 15%, no momento do
pagamento da Renda.

Taxa
Para os prédios:
a) Arrendados; a taxa é de 25%. Mas não pode have4r imposto a pagar inferior a
1% do valor patrimonial.
b) Não arrendados; será:

Cobrança
O contribuinte que fez a retenção na fonte tem de entregar nos cofres do estado,
até ao dia 30 do mês seguinte, o valor retido.

Relações entre a contabilidade e a fiscalidade


Armandino Rocha afirma que, considerando a contabilidade como a ciência do
equilíbrio patrimonial, preocupando-se com todos os acontecimentos que o possam
influenciar, identificando-os, relacionando e analisando, ela não pode deixar de ter em
conta os que se relacionam com a fiscalidade. Os problemas da fiscalidade são importantes
e pertinentes para a contabilidade, devido ao facto de poderem influenciar o equilíbrio
patrimonial, e daí o seu interesse em se estudarem fora do contexto fiscal como contributo
para uma melhor actuação da contabilidade.
Quando se alude ao relacionamento entre a contabilidade e a fiscalidade estão
normalmente subjacentes os diferentes ângulos de apreciação entre o resultado
contabilístico e o resultado fiscal. O primeiro é determinado pela aplicação dos princípios
contabilísticos geralmente aceites e o segundo por regras fiscais analisadas numa vertente
dos impostos sobre o rendimento. As relações entre a Contabilidade e a Fiscalidade são
normalmente analisadas numa tríplice perspectiva:
A subordinação da Fiscalidade à Contabilidade (o resultado fiscal é o resultado
contabilístico, não havendo lugar a correcções extracontabilísticas); A subordinação da
Contabilidade à Fiscalidade (o resultado contabilístico é fortemente influenciado pelas
regras fiscais); A autonomia entre a Contabilidade e a Fiscalidade (o resultado
contabilístico é o ponto de partida para o cálculo do resultado fiscal e as divergências entre
ambos são tratadas extracontabilisticamente nas declarações de rendimentos).
As normas contabilísticas visam a obtenção de demonstrações financeiras que
expressem a “imagem verdadeira e apropriada” da situação financeira e dos resultados da
empresa. Porém, as normas fiscais perseguem objectivos de arrecadação de impostos e de
medidas de política económica do governo.
Nesta conformidade, o resultado económico não tem que coincidir com o resultado para
efeitos fiscais. Sérgio de Iudícibus observou que a Contabilidade sempre foi muito
influenciada pelos limites e critérios fiscais, particularmente os da legislação do imposto
sobre o rendimento. Esse facto, ao mesmo tempo que trouxe à Contabilidade algumas
contribuições importantes e de bons efeitos, vinha sendo um factor que realmente limitava
a evolução dos princípios contabilísticos ou, ao menos, dificultava a adopção prática de
princípios contabilísticos adequados, já que a Contabilidade era feita pela maioria das
empresas com base nos preceitos e formas de legislação fiscal, a qual nem sempre se
baseava em critérios contabilísticos correctos.
Alves da Silva compara a Contabilidade e a Fiscalidade a um casamento referindo que
nem sempre é perfeito, por dar origem a “arrufos” que muitas vezes conduzem ao divórcio.
Esta análise metafórica traduz, quanto a nós bem, o que hoje se passa em Portugal quanto
às divergências entre a Contabilidade e a Fiscalidade. Na verdade, ambas as disciplinas têm
características próprias, o que resulta necessariamente em pontos de convergência e de
conflito.
Rogério Ferreira defendeu recentemente uma conciliação “conveniente, útil e ética” da
Contabilidade com a Fiscalidade e condena as más práticas contabilísticas com vista a
obter aproveitamentos de opções fiscais legalmente consentidas ou baseadas em
interpretações controversas. Argumentou, ainda, que só deve existir uma Contabilidade
para a gestão e para a Fiscalidade, baseada em procedimentos de ética e tecnicamente
correctos que asseverem que as contas são sinceras.
Na mesma intervenção salientou: “Nem sempre tem existido convergência entre a
contabilidade e a fiscalidade e muitos até afirmam não ser isso possível, porque
divergentes são os fins dos respectivos apuramentos”.
A nossa opinião hoje é diferente: entende-se que são motivos pragmáticos e não de
ciência que provocaram as actuais divergências. Se a Fiscalidade pretende apurar e tributar
o lucro real, esse é igualmente o objectivo da contabilidade. “Se divergências existem é
porque se carece de elaboração doutrinal suficiente e de sinceridade na prestação de
contas...”. Por outro lado, Saldanha Sanches, sublinha que o balanço comercial constitui o
aspecto essencial da tributação das sociedades, mas é aceitável a criação de um balanço
fiscal autónomo como forma de preenchimento dos objectivos fiscais. Como vemos este
especialista de Direito Fiscal faz uma distinção entre o balanço comercial (contabilístico)
O mesmo autor afirma que, num mundo óptimo, a contabilidade comercial servia para a
fiscal. Era a mesma. Num mundo óptimo, as empresas amortizavam, faziam provisões,
calculavam o custo das existências sempre de acordo com o rigor e a verdade
contabilística. Deste modo, o balanço era tão exacto que o fiscal das finanças não tinha
dúvidas em aprová-lo, porque ele definia com verdade e transparência o lucro e o imposto
a pagar.

1.4- A importancia da contabilidade como ferramenta indispensável para o


comprimento das obrigações tributária
Sem informações contabilisticas adequadas, o planeamento tributário ficará dependente
de dados avulsos, não regulares, sujeitos a estimativas, erros e avaliações equivocadas.
Desta forma, a contabilidade, sendo um sistema de registros permanentes das operações,
é um pilar de tal planejamento.
Ressalte-se que a contabilidade será útil a obtenção de economia fiscal tanto mais
quanto for confiável, com as contas conciliadas e actualizadas. Uma contabilidade
desorganizada, sem conciliação, com lançamentos desactualizados e que não tenha todos
os fatos administrativos registados será mais um empecilho do que uma ferramenta na
gestão tributária.
Partindo deste pressuposto, as alternativas são vastas, permitindo aos administradores a
análise lógica e coerente para o caminho do menor ónus fiscal.
Como a contabilidade regista as operações de compra, é útil para verificar com os livros
fiscais o devido aproveitamento de impostos recuperáveis.
Toda e qualquer organização tem a necessidade de saber trabalhar com os tributos.
Independente da tributação, lucro real, lucro presumido ou simples nacional, as
organizações precisam ter o seu balanço contabilístico, assim como também necessitam
pagar os impostos devidos. Por isso, um óptimo escritório contabilístico se faz necessário
para auxiliar os clientes por ocasião das análises e cálculos para que fique tudo em
conformidade com a legislação vigente.

Controvérsia entre a contabilidade e a fiscalidade


1.5.1- Principais conflitos entre a fiscalidade e a contabilidade
Neste cenário, importa analisar os principais pontos de potencial conflito entre a
fiscalidade e o referencial contabilístico plasmado no Sistema de Normalização
Contabilístico (SNC), em particular na área dos activos não correntes, de modo a averiguar
os procedimentos de revisão/auditoria a adoptar pelo ROC para detectar e tratar as
situações em que esses conflitos podem colocar em causa a imagem verdadeira e
apropriada que as demonstrações financeiras devem apresentar da situação financeira e do
desempenho da Empresa. Os activos não correntes detidos para venda serão também
abordados, atendendo à sua conexão com os activos não correntes, em particular com os
activos fixos tangíveis.
1.5.2- Revaliação Legal
Porém, as depreciações só podem ser consideradas para efeitos fiscais se tiverem sido
contabilizadas como gastos no período corrente ou em períodos anteriores. Assim, para o
efeito, os activos objecto das referidas reavaliações devem ser mensurados por um valor
que corresponda, pelo menos, ao que resultou dessas reavaliações. Na verdade, mesmo que
a Empresa não opte pelo modelo da revalorização, nem por estabelecer, de acordo com o
valor revalorizado à data da transição como custo considerado, este não poderá
corresponder apenas ao respectivo custo de aquisição, mas, pelo menos, ao custo de
aquisição reavaliado segundo os referidos diplomas.
Neste sentido, o aproveitamento do efeito fiscal daquelas reavaliações (60% das
respectivas depreciações) poderá condicionar a quantia do custo considerado pelo qual os
activos fixos tangíveis são mensurados à data da transição, bem como o respectivos
modelo de mensuração após o reconhecimento.
1.5.3- Valor residual
As depreciações devem ser apuradas tendo por base a quantia depreciável do activo, a
qual corresponde ao seu custo ou similar menos o respectivo valor residual. A nível fiscal,
a dedução do valor residual ao custo de aquisição para efeitos da determinação do gasto do
exercício com depreciações não resulta claramente da legislação.

1.5.4- Custos de desmantelamento:


O montante inicialmente estimado dos custos de desmantelamento e remoção de
um activo fixo tangível e de restauração do local no qual o mesmo está localizado deve
concorrer para o seu custo, aquando do respectivo reconhecimento inicial.

1.5.5- Método de depreciação


A quantia depreciável de um activo depreciável deve ser imputada a gastos numa
base sistemática durante a sua vida útil, de acordo com um método que reflicta o modelo
por que se espera que os benefícios económicos futuros do activo fluam para a entidade.
“Activos Intangíveis” admitem, para o efeito, entre outros, o método da linha recta (o
montante da depreciação é constante e apura-se a partir da divisão da quantia depreciável
pelo número de anos de vida útil estimada), o método do saldo decrescente (o montante da
depreciação decresce ao longo da vida útil do activo, atendendo a que se obtém da
aplicação da taxa).

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