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MATEMÁTICA
Este trabalho teve sua origem na dificuldade que percebemos que os alunos apresentavam
em reconhecer os símbolos utilizados na Matemática. Começamos a utilizar a leitura oral
como estratégia para detectar estas dificuldades e motivar a abordagem nas aulas.
Percebemos então que o problema era mais profundo, os alunos não só não conheciam os
símbolos da Matemática como também os símbolos da língua materna, como pontuação e
acentuação, o que dificultava a compreensão do texto. O que dizer então sobre a
compreensão de um enunciado ou um problema que utiliza a simbologia matemática? O
problema se arrasta durante sua escolaridade com o agravante de que com o decorrer do
tempo o aluno tende a “ocultar” suas dificuldades, já que aluno e professor neste nível de
ensino, consideram a habilidade de leitura já foi adquirida. Acreditamos que a leitura em
voz alta pode propiciar a passagem da linguagem matemática para a linguagem materna e
vice-versa, apoiando-se em significados dos conceitos, além de contribuir para a leitura de
uma maneira geral.
Palavras Chave: Educação Matemática; Leitura e escrita; linguagem matemática.
Introdução
Ler e escrever no século XXI é essencial a qualquer cidadão para o exercício de sua
profissão e em sua comunicação, pois possibilita autonomia, inserção social e cultural. O
texto, oral ou escrito, possibilita a análise crítica dos discursos para que possam ser
identificados pontos de vista, valores e mensagens nele inserido. Ler é atribuir sentido, ou
significado, ao texto. E, é a leitura do texto matemático que dá sentido e significado aos
conceitos matemáticos, que ajuda o aluno a escrever em matemática, a clarificar o
pensamento e a comunicar idéias matemáticas.
A leitura dos símbolos, assim como, dos textos presentes nas aulas de matemática é
um processo que colabora para a compreensão dos conceitos matemáticos e se esta leitura é
feita de forma oral pelos alunos do Ensino Médio permite que seja detectada as dificuldades,
dando segurança ao aluno e ao professor quanto ao entendimento consensual dos símbolos
e textos, matemáticos ou não. O professor habituado aos termos e palavras utilizadas na
Matemática, muitas vezes, não percebe que para o aluno o mesmo termo ou palavra pode
não ter significado, ter significado diverso ou ser desconhecido.
Por sua vez, o aluno do Ensino Médio se sente inibido perante o grupo ou perante o
professor de fazer perguntas e atribui o não entendimento à dificuldade com o raciocínio
matemático. Muitas vezes não sabe nem o que perguntar e espera a orientação sobre “qual
cálculo deve ser feito”. Segundo Cândido (2001, p. 17) “a oralidade é um recurso de
comunicação simples, ágil e direto que permite revisões praticamente instantâneas,
podendo ser truncada e reiniciada assim que se percebe uma falha ou inadequações”.
Um texto escrito em linguagem matemática pode ser visto como uma tradução de
pensamentos matemáticos. De acordo com Vigotski (2000b, p.160), “o enunciado mais
simples, longe de refletir uma correspondência constante e rígida entre som e significado, é
na verdade um processo”.
Para Vigotski (2001b, p.150), “uma palavra sem significado é um som vazio” e em
Matemática um símbolo representa, às vezes, mais que uma palavra, representa muitas
vezes um processo. Quando é dada voz ao aluno para que expresse oralmente o que está
escrito de forma a detectar o entendimento que ele faz do símbolo o professor consegue um
entendimento consensual.
Trabalho desenvolvido
1. Leitura de símbolos
Os símbolos e (menor e maior), ≤ e ≥ (menor ou igual e maior ou igual), assim
como outros símbolos característicos da Matemática, causam confusão e desconforto
quando de sua leitura. Muitos alunos memorizaram o significado sem relacioná-lo com o
crescimento ou decrescimento da reta numerada, no caso do símbolo de maior ou menor,
esquecendo ou confundindo após algum tempo. Outros utilizam truques mnemônicos, sem
no entanto, saber o verdadeiro significado.
Considerações finais
A prática de leitura oral com os alunos de Ensino Médio não garante que o aluno
aprenda mais ou com mais facilidade, mas garante que haja um consenso de linguagem
entre aluno e professor, permite que o professor detecte falhas de comunicação, falhas de
compreensão da simbologia e definições. Além disso, alerta o professor se a leitura que ele
está utilizando gera ambigüidade ou incompreensões.
Referências
CÂNDIDO, Patricia. Comunicação em matemática. In: Smole, Katia S.; Diniz, Maria Ignez
(org). Ler, escrever e resolver problemas: Habilidades básicas para aprender matemática.
Porto Alegre: Artmed, 2001.