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Relações Sociais na Sociedade Escravista Brasileira

Rosilene Costa Cardoso

Dossiê: Memórias e Representações dos Movimentos Sociais

Relações Sociais na Sociedade Escravista Brasileira

Rosilene Costa Cardoso


Mestranda do Programa de Pós-Graduação em História da UFJF
rosilleneoi@yahoo.com.br

Resumo: O presente artigo propõe uma discussão sobre a produção


historiográfica que trata das questões sociais do período escravista. A
escravidão, como tema privilegiado desta produção, era peça estruturante da
hierarquia social que ditava as diferenças e as desigualdades provenientes da
estigmatização sofrida. Dentro de tal perspectiva, os escravos são analisados
como indivíduos integrantes de redes de relações sociais, onde estabeleciam
laços de solidariedade e ao mesmo tempo sofriam com as tensões e conflitos
inerentes ao sistema. As tensões se davam dentro das relações sociais, fossem
com ou sem a presença de escravos, no entanto, o contexto em que os cativos
viviam era muito propício ao conflito, uma vez que a violência estava sempre
presente no seu cotidiano.

Palavras-chave: Relações sociais. Escravos. Hierarquia social.

Abstract: This article proposes a discussion of the historical production that


deals with social issues in the slavery period. Slavery, as the main theme of this
production was part of the structural hierarchy that dictated the social differences
and inequalities suffered from stigmatization. Within this perspective, slaves are
viewed as individuals members of social networks, which established ties of
solidarity and at the same time suffered from the tensions and conflicts inherent
in the system. Tensions get along in social relations, whether with or without
the presence of slaves, however, the context in which the captives lived was very
conducive to conflict, since the violence was always present in their daily.

Keywords: Social relations. Slaves. Social hierarchy.

Introdução
A história social no Brasil, referente ao período escravista, buscou entender a formação
da hierarquia e a diferenciação social dentro das redes de relações sociais, tanto vertical
quanto horizontalmente. Para se compreender como a hierarquia se formou e se manteve
naturalizada na sociedade brasileira, torna-se necessário analisar a produção dos estigmas
da escravidão, que era a base da estratificação social.
A categoria escrava sempre foi subjugada pelo sistema escravista, o qual procurou

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estigmatizar não somente o escravo, como também o negro livre e as pessoas com as
quais se relacionavam. No entanto os cativos desenvolveram formas de transpor as
barreiras impostas e conquistar direitos e espaços sociais. Nesse contexto as relações
sociais se mostraram bastante relevante no que concerne ao escravo enquanto indivíduo,
construindo sua realidade e atuando historicamente dentro dos espaços possíveis.
O presente artigo centrou-se numa exposição e discussão historiográfica sobre as
abordagens acerca da figura do escravo. Este enquanto ator social que agia e se manifestava
dentro dos espaços conquistados ou concedidos na ordem escravista. As ações dos
escravos foram analisadas dentro de contextos de redes de relações sociais. O contexto
social da escravidão condizia ainda com as relações de poder existentes entre os extratos
sociais, um poder que se mostrou instável, pois convivia com os conflitos e tensões que
lhe eram inerentes.
Dentro das relações sociais, os conflitos muitas vezes ganhavam forma de atos criminosos,
que se multiplicaram principalmente do decorrer do século XIX. Muitos foram os
historiadores que utilizaram como fontes os processos criminais para reconstituir as
relações sociais do período escravista. Tais fontes trazem os depoimentos dos escravos,
seja como réu, vítima ou informante.

O tema escravidão dentro da história social


O estudo sobre as relações sociais tem como objeto de estudo a ação humana de
socialização. Para tal é necessário a ênfase nos comportamentos do sujeito histórico e na
dinâmica social, cuja efetivação se dá dentro das redes de relações sociais. A sociedade é
formada por indivíduos que se relacionam através das interações de diferentes grupos.
Para o antropólogo Cliffod Geertz, toda ação humana é culturalmente informada para
que possa fazer algum sentido dentro de um determinado contexto social. De acordo com
esta perspectiva, é a cultura compartilhada que condiciona e determina a possibilidade
de sociabilidade dentro dos grupos humanos. A contribuição de Geertz, para os estudos
referentes aos comportamentos sociais, foi o de interpretar e contextualizar culturalmente
os acontecimentos1.
A história social buscou aproximação com a antropologia, o que possibilitou a ampliação
das fontes de pesquisa e a sua própria evolução. A nova história social busca resgatar a
dinâmica da sociedade, os eventos sociais e os fatores culturais variáveis.
A redução da escala de observação foi outro fator importante para a evolução da história
social. Sob a denominação de micro-história, buscou ir além da interpretação, conciliando
na história social, estrutura e experiência formulando de maneira clara a questão da
liberdade e inteligibilidade da ação humana na história2. A micro-história deu novas
possibilidades metodológicas bem como um caminho para a reconstituição (parcial) das
vivências de indivíduos ou grupos, em todas as instâncias, num determinado período.

1 CARDOSO, Ciro e VAINFAS, Ronaldo. Domínios da História. Rio de Janeiro: Campus, 1997.p. 52.
2 Ibid. p.54.

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Desta forma, a história social pôde formular novos problemas, a partir de novas fontes e
com uma metodologia mais apurada. No Brasil, sua expansão se fez de formas variadas,
mas sintonizada com as discussões a nível internacional. A Escola Sociológica Paulista foi
pioneira nos estudos das questões sociais, com temas voltados para o negro, a escravidão,
movimento operário e o mundo do trabalho.
Através dos estudos sociológicos, a escravidão tornou-se um dos temas mais trabalhados
pela história social no Brasil, acompanhando as novas abordagens e a evolução pela
qual passou. Temas como a família escrava, demografia, redes de compadrio e relações
sociais foram estudados. O que só foi possível com a reformulação no que tange ao
papel do escravo na história. O escravo deixou de ser considerado passivo ou uma massa
homogênea, e passou a ser visto pela historiografia como um ator social, capaz de gerir
mudanças, de adaptar-se ao sistema e transformar a realidade em que vivia.
A História Social da Escravidão foi bastante influenciada pela produção norte-americana
e inglesa, com destaque para E. P. Thompsom. Sob sua influência, os historiadores da
escravidão buscaram resgatar a luta e a resistência dos cativos ao sistema escravista. No
entanto tiveram de ver o cativo como sujeito histórico, realizando uma releitura das fontes
oficiais e incorporando novos documentos e metodologias3.
Segundo os diversos autores que buscaram entender a formação da sociedade escravista
brasileira, como Maria H. Machado (1987), Sidney Chalhoub (1990), Eione S. Guimarães
(2006), Hebe M. Castro (1995) entre outros, predominaram as relações coercitivas entre
senhores e escravos e o conflito esteve presente entre os diversos segmentos sociais,
explodindo, em determinadas circunstâncias em reações violentas. Contudo, ao lado
dos conflitos inerentes ao sistema escravista, transcorriam acordos e negociações que
equilibravam a sociedade, ao mesmo tempo amenizavam as tensões.
A sociedade brasileira, tanto no período imperial quanto no colonial, apresentava uma
hierarquia naturalizada dentro dos seguimentos sociais, as relações sociais se davam
tanto horizontal como verticalmente. Senhores, trabalhadores livres, sitiantes e cativos
conviviam e estabeleciam relações das mais diversas. Na segunda metade do século XIX,
a proximidade de homens livres e escravos, tanto no meio urbano como no campo, muitas
vezes trabalhando lado a lado, era comum 4. Esta proximidade entre livres e cativos tinha
uma dupla função, reforçava a hierarquia, pois os escravos se reconheciam como tal
dentro destas socializações, como também teciam redes de solidariedade em caso de fuga
e ajuda em momentos de tensão.
Maria H. Machado estudou as relações conflituosas da sociedade escravista brasileira,
destacou que
... Sendo uma sociedade desigual na qual uma camada detém o poder de
expropriar não só os frutos do trabalho, mas também a pessoa do próprio

3 GUIMARÃES, Elione S. Violência entre parceiros de cativeiro: Juiz de Fora, segunda metade do século XIX. São
Paulo: Fapeb, Annablume, 2006.p.31,35.
4 CASTRO, Hebe Maria Mattos de. Das cores do silencio: os significados da liberdade no sudeste- Brasil sec. XIX.
Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1995.p.49.

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produtor, a sociedade escravista baseia-se na violência que se manifesta na


subjugação de uma raça à outra, na coisificação social do trabalhador. A violência
subjacente ao sistema escravista, no entanto, não se restringe à consideração do
monopólio da força detido pela camada senhorial. Embora fundamental, este
não poderia sobreviver através, apenas, do continuado exercício da força como
única coesão. Antes, é preciso considerar a questão sob a luz de uma economia
da utilização da força capaz de proteger o extrato dominante escravocrata dos
constantes confrontos abertos com os escravizados. Isto levaria a um desgaste
do poder coercitivo, acarretando a perda da funcionalidade do próprio sistema
de dominação. (Machado, M.H. 1987, 17).

De acordo com tais reflexões, pode-se considerar que a sociedade escravista produziu
uma ampla rede de controle social, onde não apenas a força, mas a existência de um
censo comum capaz de gerir mecanismos de dominação diversos. Em todas as instancias
de poder estava presente a rede de controle social, seja na religião, política, no sistema
jurídico e na economia, o que tornou o sistema funcional e legitimo.
As demonstrações de força, todo o aparato jurídico e suas argumentações, os sermões
que pediam resignação, eram mecanismos através dos quais se assentava a estrutura da
sobrevivência cotidiana do sistema, direcionavam-se aos escravos e tinham o objetivo de
mantê-los em seu lugar na hierarquia. Assim, pode-se dizer que para a sociedade da época
o escravo era um agente social, cuja prova era a necessidade de produzir mecanismos de
acomodação para suas relações5.
O escravo vivia em sociedade como qualquer outro indivíduo social, dentro de uma rede
de relações sociais, no qual agia dentro de suas possibilidades e obrigações. O autor
Norbert Elias chama a atenção para a relação do indivíduo e a sociedade, levando em
consideração as relações e as funções desempenhadas6. As redes de relações sociais
nas quais os escravos atuavam, principalmente entre eles, não eram hierarquizadas no
que concerne à posição social, mas sim com situações de vivência cotidiana na qual as
pessoas se relacionavam independente da condição. As relações e as funções de cada
um compunham o universo social em que os escravos viviam ao mesmo tempo em que
era esse meio social que formava o individuo escravo. Uma relação compreendida como
dialética.
Portanto, concordando com a argumentação de Norbert Elias7, a relação entre o indivíduo e
a sociedade, a qual só pode ser compreendida a partir das relações e funções, constantemente
é permeada por tomadas de decisão onde se tem de fazer escolhas dentro de um espaço
possível. No entanto, as escolhas dependem das posições sociais ocupadas pelo indivíduo
nas redes de relações humanas, o que pode perecer a sua verdadeira natureza. Segundo o
autor, os indivíduos sentem-se incapazes de se transformar no que realmente eles queriam

5 MACHADO, Maria H. Crime e escravidão: trabalho, luta e resistência nas lavouras paulistas-1830-1888.São
Paulo: Brasiliense,1987.p.18.
6 ELIAS, Norbert. A sociedade dos indivíduos. Org. Michael Schroter, Trad. Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar,1994.p.25.
7 Ibid.p.33.

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vir a ser. Todas as pressões, restrições e conflitos sofridos pelos escravos, produziram
atores sociais que agiram dentro de um espaço de sujeição, mas que também lhe forneceu
as bases para lutar e negociar através das relações sociais estabelecidas.

Constituição da hierarquia social


Para se compreender a manutenção da hierarquia social e do próprio sistema escravista
no Brasil, é importante que se entenda como as desigualdades e as diferenças foram
moldadas na formação social brasileira. A compreensão de tal formação se torna mais
fácil através do intercâmbio de informações com os vários estudos realizados, dos quais
se pode retirar dados e conclusões contundentes.
Cacilda Machado ressalta que não se deve buscar um comportamento padrão ou
características típicas de uma sociedade, mas sim entender que as relações de poder e
o dinamismo de uma hierarquia social expressam-se nos diversos comportamentos
presentes8. Neste sentido, a autora compartilha da ideia proposta por Fredrik Barth, de que
a cultura é distributiva, compartilhada por alguns e não por outros, daí a necessidade ligar
um fragmento de cultura e um determinado ator à constelação particular de experiências,
conhecimentos e orientações9. O comportamento de um ator pode ser contrário ao
padrão ou mesmo ir contra as ações institucionalizadas, mas se interpretadas de acordo
com o significado particular e dentro de um apurado espaço de escolhas possíveis, o
comportamento ganha relevância.
Os comportamentos não podem ser padronizados pois os indivíduos são diferentes,
inseridos em uma sociedade cheia de desigualdades. Neste sentido é relevante a discussão
proposta por José D’Assunção Barros que sugere uma consideração a respeito das
diferenças e das desigualdades entre os seres humanos. O autor ressalta que a ocorrência
de diferenças de toda a ordem não pode ser evitada através da ação humana, uma vez que
a evento de diferenças no mundo social está atrelada à própria diversidade inerente ao
conjunto dos seres humanos, seja no que refere a características pessoais ou às questões
externa10.
A diversidade apontada pelo autor se refere às diferenças de sexo, etnia, idade, bem como
questões de pertencimento por nascimento a certa local, religião, cidadania de acordo
com o país entre outros. Existem diferenças que são próprias de cada indivíduo, não
importando a posição social que ocupa. Mas tais diferenças podem influenciar o tipo de
comportamento dos indivíduos, inseridos nos vários espaços possíveis de socialização.
Enquanto as diferenças dizem respeito à própria diversidade humana, a desigualdade
implica considerar os múltiplos espaços em que esta pode ser avaliada. A desigualdade

8 MACHADO, Cacilda. A trama das vontades: negros, pardo e brancos na produção da hierarquia social do Brasil
escravista. Rio de Janeiro: Apicuri,2008.p.18.
9 BARTH, Fredrik. O guru, o iniciador e outras variações antropológicas. Rio de Janeiro:Contracapa,
2000.p.128.6 Idem 1, p. 43

10 BARROS, José D’Assunção. A construção social da cor: diferença e desigualdade na formação da sociedade
brasileira. Petrópolis: Vozes, 2009. P.21.

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é sempre circunstancial, pois ela está necessariamente localizada social e historicamente


dentro de um processo, estando obrigatoriamente estabelecida dentro de determinado
espaço de reflexão ou de interpretação que a torna especifica11. Para se falar de desigualdade
implica se estabelecer critérios, se colocar num determinado ponto de vista, num espaço
de reflexão como social, político ou econômico.
Pode-se dizer que a diferença fica no âmbito do “ser”, enquanto a desigualdade pertence
ao “estar”. De tal maneira que para se refletir respeito da diferença ou a desigualdade
entre os seres humanos é necessário pensar sobre a diferença que o caracteriza ou sobre a
desigualdade que o atinge12. Assim as diferenças podem ser afirmadas ou rejeitadas e as
desigualdades poder ser contestadas ou sofridas passivamente.
Se pensarmos nas diferenças entre negros e brancos, é uma diferença que se dá apenas
no fenótipo do indivíduo, no entanto, na sociedade escravista brasileira obedecia a uma
dicotomia, criada culturalmente pelos europeus. Necessariamente surgiram duas essências
ambíguas as quais passaram por sistemas de classificação que tentaram estabelecer uma
tipologia fundada predominantemente na cor da pele13. A partir daí surgiram variações
como crioulo, pardo, mulato, todas resultante de uma classificação a partir de uma
diferença racial que se transformou em desigualdade social.
A construção da diferença “negro” se deu a partir da igualização ou indiferenciação
de uma série de outras diferenciações étnicas que demarcavam as identidades locais
no continente africano, resultado de um processo de quatro séculos que envolveu a
implantação, realização e superação do escravismo. Ou seja, foi a supressão e minimização
das diferenças tribais dos negros africanos. É necessário ressaltar que a África também
foi uma construção européia, suas regiões eram vistas pelos seus povos como regiões
geográficas e culturais bem diferenciadas14, foi o olhar do homem branco que transformou
os guinés, minas, benguelas, jejês e muitos outros em apenas negros africanos.
A interação dos europeus com a África resultou no tráfico de escravos. O traficante teve
de conhecer o continente de ponta a ponta. Chefes africanos começaram a organizar
expedições no século XVII e XVII para capturar homens de etnias diversas para serem
vendidos como escravos. Se antes a escravidão na África era um subproduto da guerra,
a partir da interação com o europeu, ela começou a produzir a guerra. De certa forma, o
europeu desconstruiu as diversidades étnicas e as realidades culturais africanas, inserindo-
as numa chamada raça negra localizada num espaço geograficamente homogeneizado15.
Luiz Felipe de Alencastro escreveu sobre o tráfico de escravos entre a África e os
portugueses, mais precisamente Angola e Brasil, procurando destacar uma lógica da
empresa colonial portuguesa. De acordo com o autor, o comércio negreiro se transformou
num elemento essencial de coesão da América portuguesa, fazendo com que os interesses

11 Ibid. p.22.
12 Ibid.p.24-25.
13 Ibid.p.27.
14 Ibid.p.40.
15 Ibid.p.44-45

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do colonato do Brasil se firmassem na África. De certa maneira a empresa portuguesa


tinha de reafirmar seus interesses nas feitorias do outro lado do oceano, para que
pudesse completar um comércio triangular entre colônias, feitorias e metrópole16. Nesta
perspectiva, o tráfico se insere como peça fundamental de uma política colonial no Brasil
e de feitorias na África.
A noção de uma África selvagem e a ideia de uma humanidade negra mais atrasada
começaram a se entrelaçar no imaginário que deveria dar suporte à empresa do tráfico
negreiro e à exploração impiedosa de uma nova forma de trabalho submetida às mais
degradantes condições de trabalho17, tudo a partir de um empreendimento que contava
com o dinheiro da burguesia, a autorização real e a bênção da igreja. Para que a empresa
obtivesse sucesso foi necessária uma adaptação do próprio conceito de escravo,
transformando-o em base do sistema de produção, e mais ainda, em peça central de um
comércio extraordinariamente rendoso.
O negro africano transformou-se em escravo, forçado ao trabalho compulsório em
um ambiente completamente hostil. A coação era baseada na violência física e morte,
além de ameaça de venda a qualquer instante e de piores condições de trabalho. Ainda
se deve considerar o fato de que ser escravo implicava ser propriedade de alguém, que
passava deter poderes de definir os destinos do individuo escravizado em uma totalidade
de aspectos. De certa maneira, o Brasil constituiu sua estratificação social fundada
no deslocamento imaginário da noção de desigualdade do conceito de escravo para a
perspectiva da diferença entre livre e escravos. Sob este ponto de vista, um indivíduo não
está escravo, ele é escravo18.
Silvia Lara ressalta que a presença estrutural da escravidão foi sempre apontada pela
historiografia como aspecto mais importante para caracterizar aquilo que distinguia o
mundo colonial do metropolitano. Todavia, a partir da segunda metade do século XIX,
não era apenas a escravidão, mas a presença cada vez maior da massa de homens e
mulheres negros e mulatos, livres e libertos, que impactava e gerava tensão nas relações
sociais e políticas na sociedade brasileira19. Ela aponta a presença maciça de negros e
mulatos libertos como um fator desestruturante da hierarquia social que tinha como base
de diferenciação a escravidão.
Embora a presença dos libertos fosse algo que ia de encontro à hierarquia imposta, o
status dos livres de cor não era determinado apenas pelas ações dos escravistas. Ele era
fruto da luta cotidiana entre senhores e ex-senhores de um lado, e de escravos, forros e
negros e pardos livres de outro20. É neste sentido que devemos pensar as relações sociais
no Brasil escravista, pois era uma sociedade onde existiam diferentes estratos sociais,

16 ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O trato dos viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul. São Paulo: Companhia
das Letras,2000.
17 BARROS, op. cit. p. 43.
18 Ibid. p. 31-34.
19 LARA, Silvia Hunold. Fragmentos setecentistas: escravidão, cultura e poder na América portuguesa. Tese de livre
docência, Unicamp, Campinas, 2004, p.17-24.
20 MACHADO, Cacilda. op. cit. p. 19.

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onde os atores agiam e interagiam entre si, respeitando a diferenciação imposta, sofrendo
com a desigualdade resultante.
De acordo com a proposta de Hebe M. Castro, as relações sociais entre escravos e livres
eram importantes para amenizar a violência e, para, além disso, estavam inseridas no
mesmo código cultural e social, pois

De formas diferenciadas e com objetivos culturalmente distintos, eram as


relações entre iguais que socializavam escravos, livres pobres e senhores para
uma convivência entre desiguais. Pode-se falar assim, como Blassingame,
numa comunidade escrava (formada por relações pessoais e familiares entre
os cativos), mas também numa comunidade de lavradores de roça (integradas
pelas práticas de reciprocidade entre a vizinhança e por estreitas relações
familiares e pessoais entre seus membros) e numa comunidade política, que
controlava negócios e poder (o comendador e seus familiares). Estas esferas
diferentes de socialização encontravam-se integradas por um mesmo código
cultural que reforçava o lugar social de cada um e as formas legítimas ou
possíveis (fuga) de se transitar entre elas. Neste quadro, a escravidão era a
única relação social efetivamente institucionalizada. A estabilidade deste
arranjo social não se construía apenas sobre a violência e a desigualdade de
recursos, mas principalmente sobre o costume, que abria atalhos e previa
recursos (sociais e culturais) para conviver com a realidade de violência e da
desigualdade (CASTRO, 1995, p. 69).

O universo de relações sociais, no qual o escravo estava inserido, era muito complexo,
pois era um espaço social no qual conviviam cativos e livres, assim como o próprio
senhor. Pessoas de diferentes estratos, proprietários de terras, viajantes, sitiantes,
vendeiros ou camponeses. Concordando com os autores Douglas Libby e Eduardo França
Paiva21, os escravos tinham redes de relações sociais dentro e fora das senzalas, com
familiares, agregados, vizinhos, famílias de outros cativos a até comerciantes com os quais
negociavam. Dentro dessa rede buscava-se ajuda em momentos de crise e dificuldade,
favores, dinheiro, obrigações de compadrio ou apenas por laços de amizade.
Segundo Leonam Maxney Carvalho, os escravos viviam num contexto cotidiano, não
somente de trabalho, mas também de convívio social entre a sociedade, que em muito se
assemelhava da realidade dos indivíduos livres. Valores de amizade, compromissos de
trabalho e com certas hierarquias funcionais, posicionamentos com respeito à formação e
manutenção da família e de todos estes valores. Enfim, o universo cultural na sociedade
escravista brasileira, no século XIX, era mestiço, social e culturalmente, possibilitando a
identificação de valores comuns a todas as categorias sociais, de livres a escravos22.

21 LIBBY, Douglas Cole e PAIVA, Eduardo França. A Escravidão no Brasil: relações Sociais, acordos e conflitos. 2
ed. São Paulo: Moderna, 2005. p. 11. 14
22 CARVALHO, Leonan Maxney. Africanos e crioulos no banc dos réus: justiça, sociedade e escravidão em Oliveira,
MG,1840-1888. FAFICH/UFMG. Dissertação de mestrado, 2009.

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Nas últimas décadas da escravidão, alfaiates, carpinteiros, lavadeiras, quitandeiras,


costureiras travavam complexas relações pessoais envolvendo alguns escravos, mas
principalmente libertos e livres. Estabeleciam, assim, verdadeiras comunidades, abertas
aos recém-chegados, mas capazes de oferecer alguma estabilidade a seus membros23.
Eram grupos profissionais e categorias sociais distintos, que permitia ao escravo uma
mobilidade espacial e interação social, que resultou na formação de uma sociedade
extremamente miscigenada em termos culturais.
A representação social, que separava homens bons e escravos dos outros seguimentos,
tendia a se superpor, pelo menos em termos ideais, a uma hierarquia racial que reservava
aos pardos livres, fossem ou não efetivamente mestiços, esta inserção intermediaria.
Desta forma, o qualitativo “pardo” sintetizava, como nenhum outro, a conjunção entre
classificação racial e social no mundo escravista 24. Para que os homens livres, descendentes
de africanos, se tornassem apenas “pardos” dependiam de um reconhecimento social de
sua condição de livres, construído com base nas relações pessoais e comunitárias que
estabeleciam.
A distinção social foi algo que se manteve, mesmo com toda adaptação por parte do cativo.
Os escravos eram classificados segundo a cor e o local de nascimento. Tradicionalmente,
uma divisão tríplice classificava os cativos na categoria de africanos, chamados de
negros, outra de crioulo que eram os nascidos no Brasil e uma última categoria de pardos,
constituída pelos mestiços 25. Esta classificação tinha a função de hierarquizar os escravos,
os senhores tinham a intenção de gerar conflitos tanto abstratos quanto concretos26, para
que ao arbitrar tais situações seu poder fosse reforçado cotidianamente.
Os grupos que ocuparam o poder no período escravista apresentavam um nível de conexão
que não se encontrava nos escravos. Ao contrário dos senhores, os escravos não formaram
grupos coerentes, ligados o suficiente para ir de encontro ao poder senhorial. Segundo
Norbert Elias, os grupos estabelecidos no poder apresentam um alto índice de coesão
e integração, que concede a eles um diferencial, e contribui para que reserve para seus
membros as posições sociais com potencial de poder mais elevado27.
Ainda dentro da argumentação de Elias, o grupo estabelecido no poder procura estigmatizar
os grupos inferiores, de tal maneira que estes se sintam inferiores. O maior estigma
lançado sobre os escravos era de sua cor negra, mesmo depois de livres eram chamados
de “pretos, pardos ou libertos” e não apenas livres, para que o estigma da escravidão os
acompanhasse para sempre. Era dessa forma que os senhores buscavam fazer para que o
escravo reconhecesse o seu poder, mas, mais do que vê-lo como senhor, era reconhecer
a si mesmo como ser inferior e, por isso aceitava sua condição escrava. Assumindo tal
posicionamento, é necessário ressaltar que poder baseado em tais condições apresentava-

23 CASTRO. Op. cit. p. 53.16.


24 Ibid. p. 35.
25 SCHWARTZ, Stuert. Escravos, roceiros e rebeldes. Trad. Jussara Simões. Bauru: EDUSC, 2001,p.184.
26 BARROS. op. cit. p. 94.
27 ELIAS, Norbert. Os estabelecidos e os outsiders. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000. p. 22.

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se com um equilíbrio instável, com tensões e conflitos que lhe eram inerentes28.
Mesmo com todo o estigma da escravidão o escravo soube adaptar-se e criar laços, fossem
eles sociais ou de parentesco. A formação da família escrava, tema muito pesquisado
pela história social da família, foi também um quesito importante para a ampliação das
redes sociais. Historiadores como Florentino e Góes (1997), Slenes (1999), Brugger
(2007) ressaltam que a família escrava foi realidade frequente no meio social colonial
e provincial brasileiro. Além de muitas outras conquistas, o matrimônio e a reprodução
familiar em cativeiro aconteceu, mesmo que sob o contexto de poucas opções devido à
grande desproporção entre os sexos ou sob violente repressão senhorial. Os obstáculos
impostos à formação de famílias foram muitos, mas os cativos lutaram de varias maneiras
para manterem seus laços unidos.

Relações conflituosas
As regras de dominação e a reprodução da ordem escravista, principalmente na segunda
metade do século XIX, encontrou muitos obstáculos, já que se intensificaram os conflitos
entre proprietários e escravos. Como demonstram as pesquisas sobre o sudeste brasileiro,
os últimos anos do escravismo caracterizado como um período de acirramento das tensões
entre senhores e escravos. Constatando um aumento do número de “fugas em massa
de escravos, destruição de propriedades agrícolas, ações cíveis movidas por mancípios
reivindicando liberdade e um crescimento exacerbado da criminalidade do escravo,
principalmente contra senhores e feitores” (Guimarães, 2006).
Os processos criminais se apresentam como importante fonte para se analisar os conflitos
da sociedade escravista. Nessas fontes é possível chegar ao depoimento do escravo, seja
como vítima, réu ou informante, através dos quais se chega à causa do ato criminoso.
Estudos que apresentaram como foco a criminalidade escrava demonstraram que a
análise dos autos criminais relativos aos ataques, contra a figura senhorial e os feitores ou
capatazes, sugeriu que a problemática da criminalidade repousa num conflito muito mais
complexo.
A utilização das fontes criminais na elaboração de uma história social requer uma
reflexão sobre o crime, enquanto evento histórico e realidade. De acordo com Maria H.
Machado, o crime tem estado presente nas produções da história social há algum tempo,
principalmente na Europa, interessada na reconstrução dos estágios da implantação das
fabricas e dos signos sociais.Também na Inglaterra o crime e outras fontes do aparelho
judiciário forma utilizadas como objeto de estudo29.
Maria Helena Machado ressalta que ao considerar o crime um produto da vida cotidiana de
determinado grupo historicamente localizado, o enfoque proposto pela corrente da história
social do crime afasta-se da tentativa de cotejar, através da análise da criminalidade, um
padrão psicológico individual e grupal. Para tais concepções, o conceito de crime social

28 Ibid. p. 23.
29 MACHADO. op. cit. 22.

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como um ato de consciente resistência ao sistema de dominação material e ideológica,


expressando suas percepções do justo e do injusto30.
As relações entre parceiros de cativeiro também se mostravam tensas e conflituosas,
em estudo feito por Elione S. Guimarães para a cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais,
utilizando-se dos processos criminais averiguou uma tendência crescente na criminalidade
à medida que se avançava o século XIX. O avanço da criminalidade foi explicado pelo
desenvolvimento e urbano na região31. Na região onde se desenvolveu um complexo
cafeeiro, houve um aumento populacional com a chegada tanto de homens livres quanto
de escravos. Os conflitos se deram entre pessoas de diferentes níveis sociais como
imigrantes, senhores e escravos.
As tensões se davam dentro das relações sociais, fossem com ou sem a presença de
escravos. No entanto, o contexto em que os cativos viviam era muito propício ao conflito,
uma vez que a violência estava sempre presente no seu cotidiano. Hebe M. Castro ressalta
que numa sociedade em que os processos de desenraizamento e as relações pessoais
exerciam papeis estruturais, o acesso às relações familiares não pode ser tomado como
um dado natural, nem a mobilidade como indicador de anomia. Ambos os processos só
encontram significado quando pensados em conjunto, como faces de uma mesma moeda
32
. A autora trabalhou com processos criminais e constatou que as testemunhas livres se
homogeneizavam exatamente em função de sua convivência com escravos, ao nível de
relações horizontais.
As interações sociais eram importantes para o contexto da escravidão, pois através delas
os conflitos se amenizavam, teciam acordo e negociações para que pudessem sobreviver
melhor dentro do cativeiro. Os conflitos se davam principalmente quando os acordos
eram rompidos ou quebrados, pois a ruptura dentro da negociação representava motivo
suficiente para que os atos criminosos entrassem em cena.
Silvia Hunold Lara (1988) utilizou os processos criminais para tentar resgatar a fala dos
escravos, verificou o envolvimento destes em vários casos, seja como réu ou como vítima.
A presença escrava foi bastante expressiva nos casos de morte e furtos, averiguando que
em boa parte dos casos, a agressividade escrava estava dirigida às pessoas livres. O que
chama a atenção neste trabalho é que já no inicio do século XIX, a existência de tantos
crimes envolvendo cativos. Estas manifestações de agressividade, muitas se dirigiam
contra feitores, que representavam um elemento de mediação entre senhores e escravos.
Apesar de ministrar os castigos em nome do senhor, era o feitor que figurava os excessos
de violência33. Os conflitos dentro cativeiro, se direcionavam para aquele hierarquicamente
mais próximo dos escravos, o feitor.

30 Ibid. p. 24-25.
31 GUIMARÃES. op. cit. p.85.
32 CASTRO, op. cit. p. 63.
33 LARA, Silvia Hunold. Campos da Violência: escravos e senhores na capitania do Rio de Janeiro- 1750-1808. Rio
de Janeiro: Paz e Terra, 1988. P165,170,273.

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Conclusão
As redes de relações sociais, nas quais os escravos estavam inseridos, compunham um
universo cultural valorativo comum a toda sociedade. Um amplo conjunto de diferentes
e diferenças, em movimento constante, misturando-se, mas também se chocando,
antagonizando-se em ritmos que as vezes são lentos e outras vezes são velozes, de
maneira harmoniosa ou conflituosa, dependendo de épocas e regiões dos atores e de
seus objetivos. Podem-se notar fusões, superposições e recrudescimento de diferenças,
tudo isso se processa numa espécie de via dupla. Isto é, esse processo não corre em um
único sentido, as é constituído a partir de intervenções dos vários grupos sociais que se
influenciam continuamente, mesmo que alguns entre eles imponham-se sobre os outros a
partir de seu maior poderio34.
A sociedade escravista brasileira apresentava uma notória hierarquia social naturalizada
entre os setores, o que não impediu a mobilidade social do escravo dentro das redes
de relações. Várias foram as maneiras que os cativos buscaram para alcançar o mundo
dos livres, mas os estigmas da escravidão nunca deixaram de existir. De certa forma,
persistiram durante a ordem escravista e se estenderam para a república, sempre com
desconfiança sobre tudo que emanava do negro.
Ao longo do período escravista, os escravos, africanos de diferentes etnias, jogados todos
na mesma senzala, buscaram novos padrões de sociabilidade e novas formas de expressão
cultural. O resultado foi a constituição de uma nova etnia transatlântica, uma configuração
de resistência, interação ou de acomodação cultural35. Esse processo pode ser visto como
forma adaptação ao sistema, para que pudessem transmitir aos descendentes um pouco da
cultura africana, no entanto não tinha a intenção de afetar o sistema que os oprimia.

34 CARVALHO. op. cit. 18


35 BARROS. p. 86-88.

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