Professional Documents
Culture Documents
2012
2
2012
3
Do limpo ao distorcido: Análise de uma produção sobre jovens com altas habilidades
e sua correlação com o Heavy Metal.
Aprovado em ____/____/____
_________________________________
Prof. Nome Sobrenome
Instituição a que pertence
4
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
EPÍGRAFE
RESUMO
ABSTRACT
From clean to distorted: Analisis of an essay about talented youth and its
correlation with Heavy Metal.
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ................................................................................................... 10
4 Objetivos ............................................................................................................. 43
5 Método ................................................................................................................. 44
7 Discussão ............................................................................................................. 47
8 Conclusão ............................................................................................................ 54
REFERÊNCIAS
APRESENTAÇÃO
De fato, por meio dos resultados de pesquisas como essa poder-se-á passar
a entender melhor como é estar na condição de jovem portador de altas habilidades
e, igualmente, entender o que é fato e o que é mito a respeito essa condição,
desmistificando conceitos de senso comum que não condizem com a realidade e
que, frequentemente, trazem dificuldades de adaptação e convivência social a esses
indivíduos.
12
1 Maslow e os Autorealizadores
1.1 Biografia
Boeree (2006) também revela que Maslow, para satisfazer seus pais, iniciou o
curso de Direito na City College of New York (CCNY), transferindo-se para Cornell
após três semestres, e retornando à CCNY por fim. Em compensação, para
desgosto de seus progenitores, casou-se com uma de suas primas, Bertha
Goodman, com quem teve duas filhas.
O que não quer dizer que, com as necessidades básicas instáveis o sujeito se
encontre em condições de alcançar a auto-realização. Se ele estiver com sede,
cansado, com a autoestima baixa ou não se sentir seguro e protegido o suficiente,
ele não conseguirá manter o foco nem se dedicar à auto-realização eficientemente,
só conseguindo se preocupar efetivamente com a mesma após a resolução das
necessidades instáveis (MASLOW, 1968).
15
As hipóteses que o autor levantou seriam “1) Aqueles que apreciam o gênero
Heavy Metal apresentam menor pontuação em autoconceito para relações sociais e
parentais, bem como autoestima; 2) Heavy Metal é usado catarticamente por
aqueles que o apreciam, de modo a repelir emoções negativas; e 3) Estudantes com
17
Em seus resultados, o autor descobriu que o gênero Heavy Metal foi listado
em oitavo lugar dentre os nove gêneros musicais propostos pela maioria dos
entrevistados, mas está presente nos cinco favoritos de mais de um terço da
amostragem (36%) e o sexto dos gêneros a ser listado em primeiro lugar, com 6%
da amostragem favorecendo isso. A partir disso, o autor propôs que o Heavy Metal
pode não ser o gênero musical mais popular, mas é apreciado por uma proporção
substancial de alunos com altas habilidades, considerando os de sua amostragem.
com o som das ondas do mar, do canto das aves, sons de cascatas e mesmo de
suas vozes e a de outros animais.
Ao contrário de conceitos como o de fisionomia, sensações inconscientes –
tais como a música – agem de forma sutil em interação com nossa apreensão,
sendo necessário refinar a habilidade de construir o conhecimento, como que
tecendo ou plasmando o conteúdo, de modo a conseguir expressar e reproduzir os
efeitos sentimentais que a música da natureza produzia no homem.
Alaleona (1978) acrescenta que é notável que a percepção do ritmo é
consideravelmente mais fácil do que o desemaranhar de componentes de uma
harmonia, indicando isso o surgimento da música rítmica anterior à música tonal,
sendo portanto instrumentos percussivos predecessores dos instrumentos de
entonação. Acredita-se na probabilidade da voz humana poder ser considerada o
primeiro instrumento de entonação da História, por ter estado à disposição do
homem desde sempre e, após experimentações rítmicas com a mesma, foi natural a
experimentação tonal, refletindo muitas vezes as sonoridades encontradas ao seu
redor na natureza.
Candé (2001) traz que desde os antropoides do período Terciário, de acordo
com registros de pinturas rupestres, já se praticava percussão corporal e em objetos
concutidos por meio de bastões ou entrechocados. Da transição do período
Paleolítico Inferior para o Médio foram encontrados registros que apontam um
desenvolvimento cognitivo que veio a propiciar o aperfeiçoamento da percepção e
da interpretação do ambiente ao seu redor, quando o já Homo sapiens começou a
reproduzir os sons que captava utilizando sua própria voz.
Já por volta de 40.000 a.C. começaram a ser produzidos instrumentos mais
complexos, ainda que rudimentares, feitos de materiais como madeira, ossos de
animais e pedras, como xilofones, litofones e instrumentos de sopro, além de
tambores de tronco maciço. Somente a partir do período Neolítico, por volta de
9.000 a.C., começaram a surgir os primeiros instrumentos afináveis, extremamente
complexos para a época, acrescentando aos já mencionados materiais o couro e as
tripas de animais, por meio dos quais surgiram os primeiros cordofones e
membranofones, instrumentos já classificáveis como entonantes por apresentarem a
possibilidade de emitir sonoridades que variavam na altura de notas possível de ser
alcançada. Por fim, a partir de cerca de 5.000 a.C., com o advento da metalurgia,
passaram a ser confeccionados os primeiros instrumentos de cobre e bronze,
21
permitindo uma execução mais acurada e sofisticada que seus predecessores. Isso
culminou no surgimento dos primeiros sistemas musicais das civilizações antigas,
que agora dispunham de recursos tecnológicos que propiciaram a fundação de
aldeias e técnicas agrícolas mais avançadas, além da divisão de trabalho,
resultando nos primeiros rascunhos dos moldes sociais que temos atualmente.
Alaleona (1978) sugere que, observando os povos da África e da Oceania, de
baixo desenvolvimento urbano, incluindo algumas comunidades tribais, não é
possível encontrar qualquer tipo de material documental que demonstre com
precisão ou fidedignidade o desenvolvimento da música de duas respectivas regiões
por seus ancestrais, mas em todas elas é possível encontrar instrumentos de
diversas naturezas. Nem todos possuem instrumentos tonais, ou que possibilitem
escalas muito complexas, mas todos eles apresentam uma grande variedade de
instrumentos percussivos de diversas espécies e mesmo as crianças dessas
sociedades não iniciam sua experiência em música por instrumentos possivelmente
complexos, como flautas ou instrumentos de cordas, mas batendo latas, potes,
pedras e outros objetos de natureza tendenciosa à percussão.
ligados por uma das extremidades, formando um ângulo agudo entre si – mas havia
também modelos tocados horizontalmente – como as tradicionais flautas indígenas
dos povos nativos sulamericanos.
Os Assírios e Babilônios também foram civilizações notáveis, tendo
construído um importante legado cultural. Esses últimos, por exemplo, conceberam
um instrumento da família das harpas denominado Sambuca, que é como uma
harpa construída sobre uma caixa de ressonância e com um número de cordas que
permte supor uma escala.
Já povos como o Chinês e o Indiano perduram ininterruptos em seu progresso
cultural, reconhecendo a importância de manter suas tradições e transmitindo-as de
geração em geração até os dias de hoje. Nos primórdios, a escala chinesa se
assemelhava ao sistema de notação contemporâneo, exceto por possuir cinco notas
naturais em lugar de sete (excluíam-se as correspondentes a mi e si), sendo
agregadas posteriormente essas duas seminotas e outras cromáticas. Dentre os
inúmeros instrumentos chineses, destacam-se três: o Kim (lira de cordas de seda), o
King (instrumento composto de duas pedras suspensas por um fio horizontal que
eram percutidas) e o Txeng (espécie de órgão portátil composto de bambu, cabaça e
um chifre por onde se soprava).
Alaleona (1978) complementa que os Indianos, assim como os Persas e
Árabes, possuíam uma escala fundamental já iniciada com sete notas, semelhante à
nossa. Os graus da escala indiana eram denominadas, respectivamente, Sa, Ri, Ga,
Ma, Pa, Da e Ni e, entre eles, existiam intervalos menores denominados Sruti, sendo
sua notação compreendida por três letras e outros sinais característicos
complementares. Seu instrumento mais notável e típico era a Vina, uma espécie de
cítara grande de bambu com sete cordas e dezenove cavaletes dispostos em relevo,
de forma a remeter a um teclado dos dias atuais. Outros instrumentos populares
antigos da cultura indiana são a Sarinda, uma mistura de violino com alaúde; o
Sarangi, um instrumento de três ou quatro cordas friccionadas dispostas sobre um
braço largo e curto; o Magadis, uma espécie de lira de origem árabe; a Tambura, da
família das cítaras; e diversos tipos de flautas, incluindo a Basaree, uma flauta nasal
também popular nas Filipinas. Muitos desses instrumentos eram confeccionados a
partir de madeira, marfim, ossos, bambu e, em alguns casos, até metais como o
bronze.
23
mas acabaram por ter destaque Santo Ambrósio e São Gregório – do qual se deriva
o conhecido Canto Gregoriano.
O monge Guido D’Arezzo também tem seu nome marcado na história por sua
notória e fundamental contribuição para o sistema de notação musical como o
conhecemos hoje, tendo também criado o hexacorde (acorde de seis notas) e
aperfeiçoando os feitos de seus antecessores. Os nomes das notas foram atribuídos
por Guido no Hino a São João:
“UTquant laxis
REsonare fibris
MIra gestorum
FAmuli tuorum
SOLve polutis
LAbii reatum
Sancte Joannes”
canções conhecidas da época são Kalenda Maya e C’est La Fin, ambas de autores
desconhecidos. De acordo com Alaleona (1978), na Alemanha eram conhecidos por
Minnesingers, provavelmente de onde se originou o termo menestrel. Menestrel
(também conhecido por Jogral) era um bardo (cantor ambulante/viajante) que
exercia essa arte de contar histórias ou poesias como meio de vida. Cantavam sobre
os nobres, sobre a natureza ou coisas do cotidiano, sempre atraindo a atenção do
povo em praças e centros comerciais, muitas vezes acompanhando trovadores. Os
principais instrumentos utilizados por esses artistas eram o Alaúde (parente próximo
do Violão), a Vihuela, o Rebeque, o Saltério (da família das Harpas), a Charamela e
o Corneto (instrumentos de sopro), a Cítola (ou Cistre, um instrumento de cordas), o
Galubé e o Tamboril (percussivo).
Graças a eles foi possível o desenvolvimento da poesia e da literatura nos
anos posteriores, mais notavelmente na Renascença. Canções, baladas, sonetos,
lamentos, entre outros, são formas poéticas nascidas da música desses artistas de
rua que eram cantadas sobre melodias com determinadas entonações baseadas
nos números de sílabas, acentos, número de versos e qualidade de rimas.
grande maioria de suas obras-primas foi composta nessa fase, na qual ele
encostava seu ouvido sobre o piano ao tocá-lo para sentir as vibrações das notas ao
compor.
Bennett (1986) aponta como principais obras de Beethoven, consideradas
representantes do período Clássico, as Sinfonias da Terceira à Oitava, o quarto e o
quinto Converto para Piano, o Concerto para Violino, os três Quartetos
Rassumovsky para cordas, as três Sonatas para Piano – Sonata ao Luar, Waldstein
e Appassionata – e sua única Ópera, entitulada Fidélio.
Alguns autores apontam sua morte, em 1827, como o fim do Classicismo, ao
passo que outros indicam ser mais cedo, por volta de 1800. Consensualmente,
adota-se o ano de 1810, por ser um intermediário.
Quando teve início a era Romântica, de acordo com Bennett (1986), a cultura
estava fortemente disseminada na Europa, de modo que os compositores tinham
contato com escritores, escultores, pintores e diversos outros tipos de artistas e, não
raro, compunham obras inspirados em poesias e peças de artes plásticas. Outras
fontes de inspiração muito adotadas eram a natureza, o luar, rios, florestas,
paisagens paradisíacas, viagens longínquas e temáticas fantasiosas, misteriosas –
até ligadas ao ocultismo, por vezes – e sobrenaturais similares.
O autor ainda afirma que movimentos como o Lied (‘canção’ em alemão),
constituido de voz e piano, e a Música Programática, que ‘conta uma história’
(sendo, portanto, de natureza descritiva) emergiam, ao passo que outros estilos já
conhecidos, como o Concerto, o drama musical na forma de Óperas, se renovavam,
tornando-se cada vez mais expressivas e intensas no que diz respeito ao emocional.
Alaleona (1978) propõe que, enquanto o Classicismo apresentava sua intenção e
seu humor de forma ‘viril’ e ‘imponente’, o Romantismo se abandona a essa torrente
sentimental e seuge seu fluxo quase que desenfreadamente, assumindo uma sutil
deformidade, um sutil descontrole sobre suas representações e intenções. Conforme
o próprio autor, “Não é sem razão que os clássicos amam o esplendor do sol e os
românticos preferem o luar” (ALALEONA, 1978, pg. 130).
Bennett (1986) traz outro fator emergente que chama bastante a atenção
nessa época, que são os fortes sentimento e pensamento nacionalistas,
encontrados nas obras de inúmeros compositores, dentre os quais Nikolai Rimsky-
Korsakov, Antonin Dvorák e Edvard Grieg.
32
Além dos grandes nomes já citados como tendo marcado esta era, outros
como Fréderic Chopin, Niccolo Paganini, Carl Maria Von Weber, Gioacchino Rossini,
Hector Berlioz, Johann Strauss, Fanny Mendelssohn, Giuseppe Verdi, Johannes
Brahms, Camille Saint-Saëns, Pyotr Ilyich Tchaikovsky, Antonin Dvorák, Edvard
Grieg, Francisco Tarrega, Robert e Clara Schumann, Franz Liszt, Nikolai Rimsky-
Korsakov, Gustav Mahler, Isaac Albéniz, Sergei Rachmaninoff, Béla Bartók, Igor
Stravinsky, Sergei Prokofiev, Carl Orff e o próprio brasileiro Heitor Villa-Lobos
marcaram seus nomes na História com obras-primas mundialmente aclamadas até
os dias atuais.
Punk Rock Americano: Nos Estados Unidos, o Punk emerge por volta
de 1974 com a banda Ramones, como um movimento de crítica e
revolta à cultura fútil do Rock & Roll, apesar de não ter uma conotação
tão fortemente política quanto seu homônimo Britânico. Seu mote
principal era o ‘Do it yourself!’, que significa ‘Faça você mesmo’, como
um ideal de independência instigado nos jovens, buscando de certa
forma despertar-lhes a rebeldia sem medo de retaliação de família e
governo, principalmente no sentido econômico. Muitos são os nomes
que dão fama ao Punk Rock dentre os estadunidenses, como as
bandas Bikini Kill, Dead Kennedys, Green Day, Iggy Pop & The
Stooges, Minor Threat, Misfits, MxPx, NOFX, Rancid, Rise Against,
Social Distortion, The Distillers, The Offspring, e Blink 182. O Punk
38
Hard e Glam Rock: Surgidos ao final dos anos 60, o Hard Rock
(expressão para Rock Pesado) e o Glam Rock (Glam como abreviação
de Glamour) vieram como resposta ao Punk Rock, promovendo em
suas letras, vestimentas e estilo de vida, uma busca incessante e
intensa pelo Hedonismo – o prazer como objetivo de vida. Com letras
que tratavam de sexualidade, abuso de drogas e uma vida desligada
de responsabilidades sócio-políticas, foi um estilo que ganhou forte
notoriedade entre os jovens da época e que ficou marcado pelo mote
‘Sex, Drugs and Rock & Roll’ ou ‘Sexo, Drogas e Rock & Roll’.
Passaram, basicamente, por três fases: as décadas de 70, com seu
surgimento; de 80, quando se tornou forte a questão da sexualidade e
os homens se travestiam e se maquiavam como mulheres, apesar de
muitos ainda serem heterossexuais, fazendo-o apenas como uma
crítica aos moldes sociais; e de 90, quando começou a tomar um
formato menos agressivo e mais puxado para a Pop Music, perdendo
forças para o recém-surgido Grunge. Sua sonoridade foi desde o seco
e direto (anos 70), passando pelo glamuroso e dançante (anos 80), até
o romântico e meloso (anos 90). Alguns dos nomes mais marcantes do
Hard e do Glam Rock foram AC/DC, Led Zeppelin, KISS, Mötley Crüe,
Whitesnake, Skid Row, Europe, Asia, Winger, White Lion, Bon Jovi,
Kansas, Bruce Springsteen, Alice Cooper, Hanoi Rocks, Queen,
Twisted Sister, The Runaways, Aerosmith, Cinderella, Danger Danger,
Dokken, Extreme, Nitro, Firehouse, Pretty Boy Floyd, Poison, Guns ‘n’
Roses, Mr. Big, L. A. Guns, Journey, Heart, Hardline, Quiet Riot, Ratt,
Tesla, Rush, David Bowie, Deep Purple, Scorpions, Van Halen,
W.A.S.P., Warrant e Nazareth.
Lovato, Selena Gomez, Justin Bieber, Bruno Mars, Jason Mraz e The
Pussycat Dolls.
4 Objetivos
5 Método
5.1 Delineamento
Uma pesquisa pode ser definida como documental “quando são utilizados
documentos que ainda não receberam tratamento analítico, ou seja, quando a
pesquisa é elaborada a partir de fontes primárias” (Rodrigues, 2006, p. 46),
considerando que o occasional paper analisado nesse projeto de pesquisa é um
documento institucional sobre o qual não foram realizados estudos póstumos até o
presente momento por Rodrigues (2006).
5.2 Materiais
5.3 Procedimentos
7 Discussão
‘Música expressa aquilo que não pode ser dito em palavras e que não pode
permanecer em silêncio’. Essa famosa citação do escritor francês Victor Hugo traz,
de forma poética, uma visão sobre essa que é, sem sombra de dúvidas, uma das
mais intrigantes manifestações artísticas que se conhece até os dias atuais.
Envolvente, inteligente e misteriosa, a música não dispõe de imagem que a
represente – exceto por tentativas que facilitam a possibilidade de reproduzi-la,
como a notação musical – e por milênios seu uso transcende meramente a condição
artística que lhe foi atribuída, sendo vista como ferramenta para diversas outras
situações.
Northern e Downs (1989) revelam em sua obra que o feto humano já é capaz,
a partir da vigésima semana de vida, de perceber estimulação sonora extrauterina,
demonstrando isso através da alteração de sua frequência cardíaca e movimentação
corporal. Isso pode demonstrar como desde sempre a música é capaz de estimular
o ser humano, mesmo pouco após sua concepção. Matias (1999) inclusive aponta
em seu estudo que as vibrações graves se propagam mais fácil e profundamente no
meio intrauterino devido à sua frequência, mais intensa que dos sons mais agudos.
Muitos são os estudos acerca dos efeitos da música no ser humano e uma
importante ramificação da ciência surgiu por volta de 1944, como um programa de
pesquisa da Michigan State University e como curso de pós-graduação pela Kansas
State Univesity.
Outro tema abordado nesse trabalho são as Altas Habilidades, termo utilizado
para os antigos superdotados, ou gênios, que são indivíduos com resultados e
processos cognitivos acima da média da população em geral. Grandes nomes como
Albert Einstein, Isaac Newton, Nikola Tesla, Galileu Galilei, Leonardo da Vinci,
Friedrich Nietzsche, dentre muitos outros, marcaram sua existência na história do
desenvolvimento humano, social, cultural e científico por meio de produções que
revolucionaram suas épocas e, até hoje, influenciam muitos estudiosos e artistas
contemporâneos. Obras de arte, descobertas científicas, postulados filosóficos e
visões de mundo muito além da compreensão de seus contemporâneos foram o
legado deixado por esses sujeitos, que hoje seriam denominados ‘indivíduos com
altas habilidades’ por convenção.
encontrados. Alguns são, inclusive, vítimas de chacota por parte daqueles que não
são capazes de compreendê-los, de alcançar suas linhas de raciocínio, apreender
seus dizeres e são, portanto, tachados de ‘loucos’, ‘burros’ ou até ‘retardados
mentais’. Outros ainda, de fato, acabam subjugados por suas perturbações
subjetivas em relação ao mundo e à forma como as coisas funcionam, dessa forma
cedendo a psicopatologias ou síndromes diversas. Maslow (1968) aponta que esses
indivíduos passam por um complexo e delicado processo de realização de âmbitos e
metas pessoais até se sentirem plenos, quando então atingem a denominada
autorealização, que nada mais é que um alcance da plenitude cognitiva e emocional,
não sentindo o indivíduo mais forma alguma de incompletude, como se todas as
suas necessidades tivessem sido atingidas – assemelhando-se ao conceito de
Nirvana do budismo, que é a ‘iluminação’ do indivíduo que supera os limites,
demandas e obstáculos do mundo físico, atingindo uma paz de espírito e
consciência profundas.
Tendo em vista esses dois âmbitos, musical e psicológico, este trabalho traz
uma revisão sobre o estudo feito por Stuart Cadwallader, pesquisador britânico que
publicou um ensaio para a University of Warwick sobre jovens com altas habilidades
e um possível padrão de interesses musicais entre eles. Em seu trabalho, ainda não
conclusivo por falta de materiais para comparação, Cadwallader (2007) encontrou
resultados que lhe chamaram a atenção, inesperados no momento da aplicação dos
testes que fez. Ao analisar os questionários que havia aplicado em uma amostra de
estudantes de uma escola especial para jovens com altas habilidades, encontrou
dados que apontam para uma tendência de interesse por música pesada, mais
especificamente o Heavy Metal, ao contrário do paradigma sustentado de que esse
tipo de indivíduos tem preferência por estilos como a Música Erudita, por exemplo.
O Heavy Metal é um estilo musical derivado do Rock and Roll, que por sua
vez surgiu com o Blues dos negros americanos da década de 1950, e tem por
principal característica instrumentos como guitarras e contrabaixos elétricos, baterias
e, por vezes, teclados, além dos microfones para as vozes dos integrantes de suas
bandas. Frequentemente são utilizados recursos como pedais de distorção – que
dão um efeito de peso e densidade aos instrumentos elétricos –, pedais duplos –
recurso que dobra a possibilidade de ataque ao bumbo da bateria, aumentando
também a possibilidade de velocidade e a diversidade de ritmos produzidos – e
51
andamentos acelerados, acima de 120bpm (batidas por minuto), o que torna o estilo
categoricamente agressivo e dinâmico. Suas letras são, não raramente, intensas,
críticas e de conteúdo irreverente, tratando desde críticas à política até canções
sobre conflitos emocionais e de identidade.
Para que esse trabalho fosse realizado, o autor utilizou-se de uma pesquisa
documental, de natureza qualitativa e caráter exploratório. Dessa forma, entrou em
contato com Cadwallader via correio digital e obteve do mesmo o documento na
íntegra, em versão digital na língua inglesa, do qual fez livre tradução para analisar e
utilizar o conteúdo para a composição dessa análise. Não obstante, buscou outros
livros em bibliotecas públicas de universidades como a Universidade Braz Cubas,
Universidade de Mogi das Cruzes e Universidade Estadual de Goiânia, além de
diversos acervos e bancos de dados na internet, onde foi possível encontrar
diversos artigos científicos e livros digitais utilizados para a fundamentação teórica
52
desse trabalho, endossando sua natureza qualitativa (dados não estatísticos) e seu
caráter exploratório (busca de novos conhecimentos com intenção de ampliar
embasamento teórico do autor).
Dispondo desse material, foi possível encontrar que os jovens de uma forma
geral, em quaisquer culturas que sejam encontrados, estabelecem contato com a
música – seja por aprendizado de instrumentos ou pela mera apreciação musical –,
e outras manifestações culturais desde cedo e o ambiente em que estão inseridos
vai, muitas vezes – para não dizer sempre –, determinar suas escolhas e interesses
por determinados estilos, instrumentos e sensações proporcionadas por essa forma
de arte. Muitos acabam se identificando com estilos regionais, ou nacionais, pelo
frequente estímulo que seu meio social lhes proporciona, ao passo que outros, tendo
acesso a culturas de outros países e povos, acabam por esses desenvolvendo maior
apreço. De qualquer forma, é de comum acordo que a estimulação musical precoce
é crucial no desenvolvimento do sujeito enquanto cidadão, indivíduo e, até mesmo,
ser humano. Tanto a estimulação auditiva ritmo-melódico-harmônica quanto a
cognitiva, por meio do estudo da teoria e composição de letras e arranjos musicais,
aprimora o desenvolvimento do sujeito, seja fisiologicamente – como maior e melhor
estimulação de determinadas regiões cerebrais – ou culturalmente – ampliando os
conhecimentos do mesmo sobre diferente culturas, palavras, expressões, sensações
e outros –, independentemente da escolha do estilo por ele. É visível que cada estilo
proporciona diferentes experiências, mas é inegável que essas experiências são
experimentadas em todos os estilos que se tem conhecimento até os dias atuais.
essas que são igualmente atribuídas aos seus ouvintes pelos que não compartilham
dos mesmos interesses.
Não só o Heavy Metal, mas vários estilos – em especial dentro do Rock and
Roll – são criticados por algumas culturas por sua tendência liberal, confrontadora e,
em alguns casos, libertina. De fato, o Rock and Roll não é um estilo embasado em
cultura erudita, valores morais e códigos de boa conduta, com frequência, mas
existem ainda vertentes que pregam e propagam valores construtivos, em oposição
à destrutividade rebelde padrão, ao seu público, demonstrando que não é o estilo
que determina a conduta de um sujeito, mas cada artista por si próprio, o que
pregam e como seu público interpreta o conteúdo. Há casos em que letras irônicas
foram interpretadas ao ‘pé da letra’ por alguns de seus ouvintes e os levaram a
práticas transgressoras de fato, em contraste à intenção de crítica do compositor.
É possível encontrar, não tanto no Heavy Metal, mas em estilos como o Pop
Rock brasileiro, uma gama considerável de artistas que trazem letras interessantes e
com conteúdo dessa alçada, tais como as bandas Plebe Rude, Ultraje A Rigor,
Engenheiros do Hawaii, Legião Urbana, Titãs e Capital Inicial, que apresentam letras
de cunho político disfarçadas em metáforas e ironias.
8 Conclusão
Na esperança de que este trabalho não seja em vão e que possa referenciar,
orientar e incentivar novas pesquisas, o pesquisador conclui que este campo – da
música e seu uso na psicologia – é amplo e permite muitas possibilidades de
56
REFERÊNCIAS
MABILLE, V. Como despertar para a vida dos nossos filhos. Editora: Coimbra,
1990.
58
MUJIS, D. Self, School and Media. Leuven: Catholic University of Leuven. 1997.
NORTHERN, J.L., DOWNS, M.P. Audição em crianças. São Paulo: Ed. Manole
Ltda, 1989.
Todas, IV (2005).
Doctor Midnight & The Mercy Cult Todas, I Declare Treason (2011).
61