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UNIVERSIDADE BRAZ CUBAS

VICTOR LUIZ ADLUNG DA CRUZ

Do limpo ao distorcido: Análise de uma produção sobre jovens com altas


habilidades e sua correlação com o Heavy Metal.

Mogi das Cruzes – São Paulo

2012
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VICTOR LUIZ ADLUNG DA CRUZ 250937

Do limpo ao distorcido: Análise de uma produção sobre jovens com altas


habilidades e sua correlação com o Heavy Metal.

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Psicologia da
Universidade Braz Cubas como condição
para obtenção de graduação.
Orientador: Prof. Diogo Arnaldo Corrêa

Mogi das Cruzes – São Paulo

2012
3

VICTOR LUIZ ADLUNG DA CRUZ

Do limpo ao distorcido: Análise de uma produção sobre jovens com altas habilidades
e sua correlação com o Heavy Metal.

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Psicologia da
Universidade Braz Cubas como condição
para obtenção de graduação.
Orientador: Prof. Diogo Arnaldo Corrêa

Aprovado em ____/____/____

_________________________________
Prof. Nome Sobrenome
Instituição a que pertence
4

DEDICATÓRIA

A todos aqueles que respiram, se alimentam e se mantém de música, acima de


qualquer coisa.
5

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer em primeiro lugar ao Mr. Stuart Cadwallader, por ter


me concedido de tão bom grado sua pesquisa original, na íntegra, diante do meu
humilde pedido enquanto aluno de terceiro semestre de Psicologia. Thank you so
very much!
Em seguida à minha mãe e meu pai que, mesmo que indiretamente muitas
vezes, contribuíram para quem sou e ter chegado até aqui, neste dia. Amo vocês!
Aos meus amigos, sem os quais este trabalho não seria possível, nem minha
vida. Obrigado Hannah, Lizzie, Minnie, Maira B., Gabriel M., Fernando, Dami,
Alessandra “Freyja”, Izabela M., Gabi R., e todos os outros que ajudaram de forma
mais indireta, mas estiveram sempre presentes quando precisei. Vocês são o
máximo!
Aos meus professores Diogo Corrêa, Fábio Guedes, Marly Rosinha, Cláudio
Cobianchi e à psicóloga Cristina, que igualmente em muito contribuíram para que eu
estivesse apto a realizar um trabalho desse calibre. Meus mais sinceros
agradecimentos.
E, por fim, a todos aqueles que vieram buscar este trabalho e o usarão para
desbravar este magnífico campo que é o da música aliada à psicologia, duas
ferramentas sem as quais o ser humano não seria capaz de ter chegado tão longe e
que podem levá-lo ainda mais longe. Só depende de vocês, agora.

Aqui deixo meu legado. Façam bom proveito!


6

EPÍGRAFE

“ ‘Cuz ain’t nothing bothers me


Ain’t nothing can wight me down
As long as I got the music driving me
Ain’t nothing bothers me”
Sebastian Bach, As Long As I Got The Music
7

RESUMO

Do limpo ao distorcido: Análise de uma produção sobre jovens com altas


habilidades e sua correlação com o Heavy Metal.

Este trabalho tem como objetivo principal analisar a produção do Stuart


Cadwallader sobre jovens com altas habilidades cognitivas e o possível padrão por
ele descoberto de interesse por Heavy Metal, buscando investigar que razões
poderiam ter levado a esse resultado. Para isso, foi buscado como eixo teórico o
Humanismo de Abraham Maslow, bem como feita uma rasa pesquisa sobre o
desenvolvimento da música, desde seu surgimento na pré-história até os dias atuais.
Essa pesquisa foi feita a partir de um levantamento bibliográfico, de caráter
exploratório e buscou analisar não só os possíveis fatores que podem ter levado
esses jovens a tal identificação com o estilo, mas levantar hipóteses sobre os
possíveis resultados numa versão nacional da pesquisa, proporcionando a
possibilidade de confrontamento de resultados e validação daqueles encontrados na
pesquisa original.

Palavras-chave: Autorealização; Heavy Metal; Altas Habilidades.


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ABSTRACT

From clean to distorted: Analisis of an essay about talented youth and its
correlation with Heavy Metal.

This research has as main objective to analisethe essay of Ms. Stuart


Cadwallader about youngsters with high cognitive abilities and a possible pattern of
interest for Heavy Metal discovered by him, trying to investigate what reasons could
have lead to such results. For such, it has been used Abraham Maslow’s humanism
theoretical axis, as well as it hás been done a shallow research about music’s
development, since its appearance in pre-history until now-a-days. This research was
made based on bibliographic searching, of exploratory character and managed to
analise not only the possible factors that could have taken these youngsters to such
identification with this style, but consider hypotheses about a national version of this
essay, providing the possibility of confrontating data and validating those found on
the original research.

Palavras-chave: Self actualization; Heavy Metal; High Abilities.


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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ................................................................................................... 10

1 Maslow e os Autorealizadores ...........................................................................12

1.2 Psicologia Humanista e Autorealização .................................................. 13

2 O Lado Obscuro dos Estudantes Brilhantes......................................................16

3 Breve História da Música ................................................................................... 19

3.1 Surgimento e desenvolvimento ............................................................... 19


3.2 Povos antigos: Egito, Babilônia, China e Índia ....................................... 21
3.3 Povos antigos: Grécia e Roma Medieval ................................................ 23
3.4 Renascença Europeia ............................................................................. 25
3.5 Barroco, Classicismo e Romantismo ...................................................... 27
3.6 Séculos XX e XXI – Modernismo e Contemporaneidade ....................... 32

4 Objetivos ............................................................................................................. 43

4.1 Objetivo Geral ......................................................................................... 43

4.2 Objetivos Específicos .............................................................................. 43

5 Método ................................................................................................................. 44

5.1. Delineamento ......................................................................................... 44

5.2. Materiais ................................................................................................ 44

5.3. Procedimentos ........................................................................................ 45

6 Plano de análise de dados .................................................................................. 46

7 Discussão ............................................................................................................. 47

8 Conclusão ............................................................................................................ 54

REFERÊNCIAS

ANEXO 1 - TRILHA SONORA UTILIZADA PARA A COMPOSIÇÃO DESSE


TRABALHO
10

APRESENTAÇÃO

Este projeto de pesquisa pretende analisar a produção do pesquisador


britânico Stuart M. Cadwallader Título da Produção sobre estudantes com altas
habilidades e a possível relação dessas altas habilidades com o gosto musical
pessoal realizada na The University of Warwick. Nessa produção, Cadwallader
relata o desenvolvimento de sua pesquisa com estudantes da National Academy for
Gifted and Talented Youth (NAGTY), considerados jovens com altas habilidades, e
expõe como resultados a possível associação desses sujeitos com seus interesses
comuns com o gênero musical denominado Heavy Metal por uma quantidade
considerável dos participantes.
A partir do acesso em rede virtual da produção desse autor e dos estudos dos
auto-realizadores apresentados por Maslow (1968), este trabalho objetiva
compreender os resultados obtidos por Cadwallader em sua pesquisa relacionando
à teoria de Maslow, visando a possibilidade futura de uma pesquisa em teor similar
em versão brasileira partindo do mesmo objetivo de pesquisa que poderá vir a
elucidar se há, de fato, um padrão de interesse musical em jovens com altas
habilidades, no contexto nacional, seja esse interesse por Heavy Metal ou outro
estilo.
Este projeto traz a possibilidade de introduzir à comunidade científica
brasileira um campo pouco explorado – ou, ao menos, com escassa divulgação de
material – que é o de pesquisa em arte, considerando suas mais diversas
manifestações, e inteligência – ou altas habilidades cognitivas em geral –, permitindo
a quem o ler despertar o interesse pelo assunto e buscar desenvolver novas
pesquisas e projetos que venham a contribuir para a construção de um
conhecimento mais amplo a respeito.
Um trabalho dessa temática é de suma importância no que se trata de
desconstruir “estigmas” e preconceitos instituídos na sociedade quando se fala em
jovens portadores de altas habilidades, comumente denominados “superdotados” ou
“geniais” pela fala popular de senso comum, esclarecendo como é a realidade
daqueles que se encontram sob esses rótulos lidam com tais, como efetivamente se
vêem e no que diferem de como a maioria dos componentes do âmbito social
geralmente os vêem.
11

De fato, por meio dos resultados de pesquisas como essa poder-se-á passar
a entender melhor como é estar na condição de jovem portador de altas habilidades
e, igualmente, entender o que é fato e o que é mito a respeito essa condição,
desmistificando conceitos de senso comum que não condizem com a realidade e
que, frequentemente, trazem dificuldades de adaptação e convivência social a esses
indivíduos.
12

1 Maslow e os Autorealizadores

1.1 Biografia

Abraham Harold Maslow foi um psicólogo norte-americano nascido em 1908 e


é considerado o precursor da psicologia transpessoal. Filho de russos de
descendência judaica não-praticantes, nascido e criado em Nova Iorque e teve uma
criação rígida no que diz respeito a seus estudos, pois seus pais desejavam o
melhor para ele no âmbito acadêmico e, por conseqüência, Maslow se tornou uma
criança introspectiva que encontrava companhia em seus livros (BOEREE, 2006).

Boeree (2006) também revela que Maslow, para satisfazer seus pais, iniciou o
curso de Direito na City College of New York (CCNY), transferindo-se para Cornell
após três semestres, e retornando à CCNY por fim. Em compensação, para
desgosto de seus progenitores, casou-se com uma de suas primas, Bertha
Goodman, com quem teve duas filhas.

Após se casar, Maslow e seu novo núcleo familiar se mudaram para


Wisconsin, onde encontraram sucesso e estabilidade e também ele começou seu
interesse pela área da Psicologia, aumentando drasticamente sua produção
acadêmica. Trabalhou por algum tempo com Harry Harlow, famoso por seus
experimentos com filhotes da espécie Rhesus de primata e comportamento
condicionante.

Alcançou suas graduações em Bacharel, Mestre e Doutor em Psicologia na


Universidade de Wisconsin e, um ano depois retornou a Nova Iorque para trabalhar
com E. L. Thorndike na Universidade de Columbia, onde se interessou
profundamente pelas pesquisas sobre sexualidade humana.

Começou então a lecionar em período integral na Universidade do Brooklyn e


foi nesse período da sua vida que entrou em contato com alguns dos maiores
intelectuais da época, como Adler, Fromm, Horney e outros psicólogos Gestaltistas e
Psicanalistas, muitos vindos da Europa para residir nos Estados Unidos.
13

Entre os anos de 1951 e 1969, Maslow serviu como representante oficial do


departamento de Psicologia de Brandeis, quando conheceu Kurt Goldstein e dele
tirou o conceito de autorealização por meio de sua famosa obra O Organismo, de
1934. Foi a partir de então que começou sua jornada em busca de uma Psicologia
Humanista, o que se tornou mais importante para ele que suas próprias teorias em
si.

Seus últimos anos de vida foram na Califórnia, vivendo como um semi-


aposentado. No dia 8 de Junho de 1970 teve um ataque cardíaco, após anos de
saúde frágil (BOEREE, 2006).

1.2 Psicologia Humanista e Autorealização

Maslow pode ser considerado o precursor da Psicologia Humanista, de


acordo com Abreu (2010), sendo esta corrente da Psicologia considerada a Terceira
Força, depois da Psicanálise e do Behaviorismo, respectivamente Primeira e
Segunda forças.

A partir dele começam-se os estudos acerca da motivação humana e que o


termo passou a ser um termo imprescindivelmente relevante no campo da Psicologia
como um fator de grande influência no que diz respeito ao Ser Humano e suas
vivências (ABREU, 2010).

Dentre os estudos e teorias de Maslow desenvolvidos ao longo de sua vida,


destacam-se para esse trabalho os relacionados à autorealização. O termo pode ser
encontrado na obra Introdução à Psicologia do Ser (1968, p.184), onde o autor
propõe

Para começar, é como se, aparentemente, existisse um único valor


básico para a humanidade, um objetivo que todos os homens se
esforçam por alcançar. A esse valor são dados vários nomes, por
diferentes autores — individuação, auto-realização, integração, saúde
psicológica, autonomia, criatividade, produtividade — mas todos eles
concordam em que isso equivale à realização de potencialidades da
pessoa, quer dizer, à conversão da pessoa à sua plenitude humana,
tudo aquilo que ela pode vir a ser.
14

Dessa forma, um indivíduo autorealizador seria aquele que superou suas


necessidades básicas, não bastando elas para satisfazer sua existência com
sentimento de plenitude.

Essas necessidades básicas e de autorealização podem ser vistas nessa


mesma obra, divididas em cinco categorias: Necessidades Fisiológicas;
Necessidades de Segurança; Necessidades de Pertencimento/Afeto, Necessidades
de Estima; e Necessidades de Auto-Realização.

De acordo com o autor, o indivíduo só pode chegar à auto-realização estando


bem resolvido com suas necessidades fisiológicas (fome, sede, sexo, respiração,
temperatura, sono), de segurança (moradia, estabilidade, dispor de mecanismos e
ferramentas de proteção e da própria segurança em si), de afeto, também
conhecidas como de pertencimento, amor e sociais (ter um parceiro amoroso,
amigos, família, frequentemente filhos e uma boa convivência social em geral), e de
estima (reconhecimento de seu trabalho, de sua aparência física, de suas
habilidades em tarefas, no caso da baixa estima, e autoconfiança, autorespeito,
independência, liberdade, no caso da alta estima – ambas baixa e alta estima
relacionadas à autoestima do indivíduo).

O indivíduo deve ter essas quatro categorias básicas minimamente resolvidas


– estado também conhecido por homeostase, ou equilíbrio do organismo como um
todo – para que alcance o nível de auto-realização, no qual ele vai ter fomentados os
sentimentos de progredir e evoluir enquanto ser, buscando alcançar seu potencial
pleno e, ao contrário das necessidades básicas, uma vez alcançado esse nível ele
não regride. Ou seja, uma vez tendo entrado em contato com a necessidade de
auto-realização, o indivíduo pode estar com fome, morando em condições precárias
ou ainda isolado de convívio social, essa necessidade de auto-realização ainda se
fará presente constantemente em seus pensamentos e vivências.

O que não quer dizer que, com as necessidades básicas instáveis o sujeito se
encontre em condições de alcançar a auto-realização. Se ele estiver com sede,
cansado, com a autoestima baixa ou não se sentir seguro e protegido o suficiente,
ele não conseguirá manter o foco nem se dedicar à auto-realização eficientemente,
só conseguindo se preocupar efetivamente com a mesma após a resolução das
necessidades instáveis (MASLOW, 1968).
15

Os indivíduos considerados auto-realizadores foram denominados de várias


formas ao longo dos anos, sendo algumas delas superdotados, gênios, talentosos,
bem-dotados e indivíduos com altas habilidades (ABAHSD, 2012). Com o passar do
tempo, muitos desses termos foram caindo em desuso e o utilizado com maior
frequência nos dias atuais é indivíduos com altas habilidades, de acordo com
Virgolim (2007).
16

2 O Lado Obscuro dos Estudantes Brilhantes

A produção intitulada The Darker Side Of Bright Students, Gifted and


Talented Heavy Metal Fans é uma dissertação feita por Cadwallader (2007), na qual
ele apresenta uma enquete respondida por 1.057 membros da National Academy for
Gifted and Talented Youth (NAGTY) cuja proposta era listar cinco dos nove gêneros
musicais diferentes propostos – sendo eles Hip-hop, Erudito, R & B (Rhythm and
Blues), Pop, Rock, Heavy Metal, Jazz, Dance e Artista Solo – como de sua
preferência.

Seu resultado, considerado interessante pelo próprio autor, apresenta que 6%


desses jovens – entre 11 e 18 anos, com sendo a média de 14 anos –
demonstraram preferência por Heavy Metal, o que é um tanto incongruente com a
imagem que se tem de jovens com altas habilidades (Cadwallader, 2007). O
estereótipo de jovem isolado, com desenvolvimento cognitivo acelerado, interesse
por assuntos obscuros e dificuldade de interação social, conforme Gross (1998 apud
Cadwallader, 2007), é frequentemente associado à produção musical Erudita ou
dissociado de um cenário musical.

Cadwallader (2007) desenvolve então uma pesquisa para tentar encontrar as


possibilidades que levaram a esse resultado em sua enquete e usou quatro
questões fundamentais para delimitar as possíveis respostas: Qual é a popularidade
do Heavy Metal dentre estudantes com altas habilidades?; Aqueles interessados em
Heavy Metal possuem características diferenciais dos outros estudantes com altas
habilidades?; Como as características dos estudantes com altas habilidades fãs de
Heavy Metal se comparam às discutidas na literatura (componente de seu
trabalho)?; Como estudantes com altas habilidades ‘usam’ a música do gênero
Heavy Metal?

As hipóteses que o autor levantou seriam “1) Aqueles que apreciam o gênero
Heavy Metal apresentam menor pontuação em autoconceito para relações sociais e
parentais, bem como autoestima; 2) Heavy Metal é usado catarticamente por
aqueles que o apreciam, de modo a repelir emoções negativas; e 3) Estudantes com
17

altas habilidades apreciam o conteúdo obscuro, emocional e por vezes político do


Heavy Metal (CADWALLADER, 2007).

A partir dessa pesquisa e da literatura utilizada para seu embasamento


teórico, o autor utilizou métodos quantitativos e qualitativos para levantar hipóteses
através de comparação da análise estatística daqueles que responderam ‘Heavy
Metal’ como um dos cinco gêneros musicais favoritos com o resto do cohort (aqueles
que não responderam). As variáveis gênero sexual, classe socioeconômica,
autoestima/autoconceito (utilizando a escala de Mujis, 1997), e atividades que
buscam praticar em momentos de lazer “foram escolhidas para essa análise porque
provêm uma gama interessantemente variada de comparações que poderiam
sugerir pistas sobre identidade social e uso da mídia.

O autor também utilizou um grupo de membros registrados no espaço virtual


da NAGTY, que se utilizavam de fóruns de discussão, para comparar e agregar
informações e dados que poderiam enriquecer e contribuir com sua pesquisa. Ele se
disponibilizava para conversar com os alunos sobre Heavy Metal e explicava que
gostaria de refletir esses pontos de vista em sua pesquisa, tendo a possibilidade de
assim obter o ponto de vista dos indivíduos representado por sua própria linguagem
e termos, de forma a correr menor risco de uma interpretação errônea de um
possível dado baseado apenas no estereótipo e sua concepção pessoal sobre o
assunto.

Em seus resultados, o autor descobriu que o gênero Heavy Metal foi listado
em oitavo lugar dentre os nove gêneros musicais propostos pela maioria dos
entrevistados, mas está presente nos cinco favoritos de mais de um terço da
amostragem (36%) e o sexto dos gêneros a ser listado em primeiro lugar, com 6%
da amostragem favorecendo isso. A partir disso, o autor propôs que o Heavy Metal
pode não ser o gênero musical mais popular, mas é apreciado por uma proporção
substancial de alunos com altas habilidades, considerando os de sua amostragem.

De acordo com Hansen e Hansen (1991 apud Cadwallader, 2007), a


preferência por Heavy Metal tem sido conectada a tratos negativos, como
desrespeito, cinismo e Maquiavelismo em jovens, bem como influenciador de
comportamento antissocial, incentivador a uso de drogas King (1988 apud
18

Cadwallader, 2007) e à pratica de atos criminosos Arnett (1996 apud Cadwallader,


2007). Pensando em escala mundial, se a cada 1.057 indivíduos com altas
habilidades no mundo inteiro, 6% deles demonstrarem interesse por Heavy Metal,
isso pode caracterizar uma situação intrigante, pois tendo esse gênero musical uma
reputação tão negativa, não faria sentido que indivíduos com altas-habilidades
pudessem ter qualquer forma de interesse por tal, considerando que são
massivamente indivíduos com uma ampla gama de conhecimento e boa formação
de conduta.

Por fim, Cadwallader (2007) não conseguiu chegar a qualquer conclusão


efetiva sobre as razões pelas quais os 6% destacados da amostragem escolheram o
Heavy Metal como gosto predominante, principalmente devido à ausência de outras
pesquisas e obras de mesmo cunho (ou similar) para devida comparação de dados.
Porém, o autor vê seu trabalho como uma abertura de canal para novas pesquisas
nesse âmbito e como provendo evidências da diversidade do público com altas-
habilidades da Inglaterra, bem como evidência da diversidade de usos da música
por indivíduos em geral.

A respeito disso, seria igualmente interessante considerar a possibilidade de


jovens com altas-habilidades de diferentes regiões do mundo apresentarem
igualmente um gosto musical considerável exótico, atípico ou incongruente com a
imagem e o estereótipo de indivíduo com altas-hablidades, sendo ele o Heavy Metal,
outro gênero musical popular mundialmente ou um gênero típico de sua pátria.
19

3 Breve História da Música

Música, do grego mousiké, significa “das musas”, que eram entidades


místicas que habitavam as florestas, na cultura mitológica Grega, e seriam as
criadoras dessa arte do som.
De acordo com Alaleona (1978), é possível notar, principalmente na
antiguidade, se extendendo à era da música sacra medieval, que a música sempre
esteve fortemente ligada à concepção de divindade em diversos dos povos antigos,
assim como suas lendas e contos religiosos costumam abranger a música em
diversos momentos.

3.1 Surgimento e Desenvolvimento

Alaleona (1978) menciona que, de uma forma mais abrangente, a história da


música pode ser dividida em três grandes eras: Antiguidade, Idade Média e
Renascença, abrangendo esta última até as idades Moderna e Contemporânea.
Essa divisão por ele feita é compreendida sob o espectro da complexidade de teoria
e arranjo musicais alcançados por cada época.
O mesmo autor diz que a música surgiu, nos primórdios da espécie, a partir
da percepção do homem sobre a natureza ao seu redor e que, de alguma forma, a
música é apenas uma maneira artística encontrada de manifestar o ritmo e a
tonalidade já presentes, inclusive, dentro de nós. Nosso coração bate num
determinado ritmo, que pode se alterar dependendo da demanda de funcionamento,
assim como nossa respiração obedece igualmente a um padrão. De acordo com o
autor, diz-se que a interação entre a atividade do coração e dos pulmões obedece a
um padrão ternário – que tem por base três movimentos para completar um tempo
inteiro –, pois um dura aproximadamente duas vezes o tempo que o outro leva para
fechar o mesmo ciclo.
Quando alguém caminha, ou exerce alguma tarefa (especialmente de
natureza repetitiva), o faz seguindo um ritmo de que não frequentemente toma
consciência. Quanto à tonalidade, essa tem a base física (como o ritmo) junto ao
fenômeno conhecido por harmonia, sendo, portanto, um fenômeno físico-harmônico.
O homem sempre sentiu, de alguma forma, a natureza harmônica ao seu redor, seja
20

com o som das ondas do mar, do canto das aves, sons de cascatas e mesmo de
suas vozes e a de outros animais.
Ao contrário de conceitos como o de fisionomia, sensações inconscientes –
tais como a música – agem de forma sutil em interação com nossa apreensão,
sendo necessário refinar a habilidade de construir o conhecimento, como que
tecendo ou plasmando o conteúdo, de modo a conseguir expressar e reproduzir os
efeitos sentimentais que a música da natureza produzia no homem.
Alaleona (1978) acrescenta que é notável que a percepção do ritmo é
consideravelmente mais fácil do que o desemaranhar de componentes de uma
harmonia, indicando isso o surgimento da música rítmica anterior à música tonal,
sendo portanto instrumentos percussivos predecessores dos instrumentos de
entonação. Acredita-se na probabilidade da voz humana poder ser considerada o
primeiro instrumento de entonação da História, por ter estado à disposição do
homem desde sempre e, após experimentações rítmicas com a mesma, foi natural a
experimentação tonal, refletindo muitas vezes as sonoridades encontradas ao seu
redor na natureza.
Candé (2001) traz que desde os antropoides do período Terciário, de acordo
com registros de pinturas rupestres, já se praticava percussão corporal e em objetos
concutidos por meio de bastões ou entrechocados. Da transição do período
Paleolítico Inferior para o Médio foram encontrados registros que apontam um
desenvolvimento cognitivo que veio a propiciar o aperfeiçoamento da percepção e
da interpretação do ambiente ao seu redor, quando o já Homo sapiens começou a
reproduzir os sons que captava utilizando sua própria voz.
Já por volta de 40.000 a.C. começaram a ser produzidos instrumentos mais
complexos, ainda que rudimentares, feitos de materiais como madeira, ossos de
animais e pedras, como xilofones, litofones e instrumentos de sopro, além de
tambores de tronco maciço. Somente a partir do período Neolítico, por volta de
9.000 a.C., começaram a surgir os primeiros instrumentos afináveis, extremamente
complexos para a época, acrescentando aos já mencionados materiais o couro e as
tripas de animais, por meio dos quais surgiram os primeiros cordofones e
membranofones, instrumentos já classificáveis como entonantes por apresentarem a
possibilidade de emitir sonoridades que variavam na altura de notas possível de ser
alcançada. Por fim, a partir de cerca de 5.000 a.C., com o advento da metalurgia,
passaram a ser confeccionados os primeiros instrumentos de cobre e bronze,
21

permitindo uma execução mais acurada e sofisticada que seus predecessores. Isso
culminou no surgimento dos primeiros sistemas musicais das civilizações antigas,
que agora dispunham de recursos tecnológicos que propiciaram a fundação de
aldeias e técnicas agrícolas mais avançadas, além da divisão de trabalho,
resultando nos primeiros rascunhos dos moldes sociais que temos atualmente.
Alaleona (1978) sugere que, observando os povos da África e da Oceania, de
baixo desenvolvimento urbano, incluindo algumas comunidades tribais, não é
possível encontrar qualquer tipo de material documental que demonstre com
precisão ou fidedignidade o desenvolvimento da música de duas respectivas regiões
por seus ancestrais, mas em todas elas é possível encontrar instrumentos de
diversas naturezas. Nem todos possuem instrumentos tonais, ou que possibilitem
escalas muito complexas, mas todos eles apresentam uma grande variedade de
instrumentos percussivos de diversas espécies e mesmo as crianças dessas
sociedades não iniciam sua experiência em música por instrumentos possivelmente
complexos, como flautas ou instrumentos de cordas, mas batendo latas, potes,
pedras e outros objetos de natureza tendenciosa à percussão.

3.2 Povos Antigos: Egito, Babilônia, China e Índia

Uma das civilizações antigas que mais intriga quanto à musicalidade é a


Egípcia. Conhecemos muito de sua cultura pelos hieróglifos e monumentos
artísticos, mas pouco se tem registrado sobre sua música. Isso porque existem
pinturas, gravuras e até esculturas de pessoas com instrumentos, mas de acordo
com Alaleona (1978), não há qualquer registro de sistemas, mesmo que rústicos, de
notação musical e, como não se encontrou até hoje qualquer dispositivo que fosse
capaz de registrar sons naquela época, é impossível determinar como era a
musicalidade desse povo. Felizmente, outras civilizações como a Chinesa, a Indiana
e a Grega deixaram seu legado musical registrado, permitindo que pesquisadores de
musicólogos de nossa época pudessem resgatar esse conhecimento ancestral.
O autor traz que hieróglifos esculpidos em túmulos, paredes de pirâmides e
objetos, como vasos, retratam instrumentos de diversas naturezas, principalmente
harpas, flautas, alaúdes e percussivos. As flautas desses povos em geral, por
exemplo, não se assemelham ao modelo transversal contemporâneo, talvez mais
próximas do doce (frontal) – como o Aulos grego, que consistia em dois canos
22

ligados por uma das extremidades, formando um ângulo agudo entre si – mas havia
também modelos tocados horizontalmente – como as tradicionais flautas indígenas
dos povos nativos sulamericanos.
Os Assírios e Babilônios também foram civilizações notáveis, tendo
construído um importante legado cultural. Esses últimos, por exemplo, conceberam
um instrumento da família das harpas denominado Sambuca, que é como uma
harpa construída sobre uma caixa de ressonância e com um número de cordas que
permte supor uma escala.
Já povos como o Chinês e o Indiano perduram ininterruptos em seu progresso
cultural, reconhecendo a importância de manter suas tradições e transmitindo-as de
geração em geração até os dias de hoje. Nos primórdios, a escala chinesa se
assemelhava ao sistema de notação contemporâneo, exceto por possuir cinco notas
naturais em lugar de sete (excluíam-se as correspondentes a mi e si), sendo
agregadas posteriormente essas duas seminotas e outras cromáticas. Dentre os
inúmeros instrumentos chineses, destacam-se três: o Kim (lira de cordas de seda), o
King (instrumento composto de duas pedras suspensas por um fio horizontal que
eram percutidas) e o Txeng (espécie de órgão portátil composto de bambu, cabaça e
um chifre por onde se soprava).
Alaleona (1978) complementa que os Indianos, assim como os Persas e
Árabes, possuíam uma escala fundamental já iniciada com sete notas, semelhante à
nossa. Os graus da escala indiana eram denominadas, respectivamente, Sa, Ri, Ga,
Ma, Pa, Da e Ni e, entre eles, existiam intervalos menores denominados Sruti, sendo
sua notação compreendida por três letras e outros sinais característicos
complementares. Seu instrumento mais notável e típico era a Vina, uma espécie de
cítara grande de bambu com sete cordas e dezenove cavaletes dispostos em relevo,
de forma a remeter a um teclado dos dias atuais. Outros instrumentos populares
antigos da cultura indiana são a Sarinda, uma mistura de violino com alaúde; o
Sarangi, um instrumento de três ou quatro cordas friccionadas dispostas sobre um
braço largo e curto; o Magadis, uma espécie de lira de origem árabe; a Tambura, da
família das cítaras; e diversos tipos de flautas, incluindo a Basaree, uma flauta nasal
também popular nas Filipinas. Muitos desses instrumentos eram confeccionados a
partir de madeira, marfim, ossos, bambu e, em alguns casos, até metais como o
bronze.
23

3.3 Povos Antigos: Grécia e Roma Medieval

Com os gregos surgiu o sistema musical mais próximo do ocidental, dentre os


povos antigos. Eles foram os responsáveis pela criação dos chamados modos
gregos, que são determinadas formas de executar as sequências de notas para
compor uma música, que muito se assemelham às escalas musicais que temos hoje.
Esses modos foram batizados com os nomes das regiões ou povos gregos em que
surgiram. De acordo com Bennett (1986), esses modos podem ser encontrados
tocando-se as teclas brancas de um piano ou teclado, considerando uma oitava
qualquer. Oitava é o espaço percorrido de uma nota até sua próxima aparição no
instrumento. Por exemplo, iniciando-se pelo Do, temos a escala maior de Do, que
vai de um Do ao próximo passando por todas as teclas brancas, reproduzindo o
chamado modo Jônio (ou Jônico). De Ré a Ré temos o modo Dório (ou Dórico).
Cada modo tem suas próprias sequências de tons e semitons, bastando segui-las a
partir de qualquer nota inicial para reproduzir o modo em outras notas que não a sua
original.
Alaleona (1978) apresenta que, quando Roma conquistou efetivamente a
Grécia em 146 a.C., passou a absorver e integrar muito de sua cultura, tanto
religiosa quanto cultural, seja na escultura, no teatro ou na própria música.
Instrumentos como a Tíbia (flauta feita de osso homônimo), a Fístula (instrumento
palhetado de sopro) e diversos tipos de trompas – tais como os Lituos, as Tubas, os
Cornos e as Buccinas – já podiam ser encontrados, havendo inclusive
denominações específicas para seus executantes – tibicines os tocadores de flautas
e cornicines os de trompas.
Por volta de 800 d.C., de acordo com Bennett (1982), começa a tomar forma
o Cantochão, estilo de canto religioso – tipicamente Cristão – que emprega o uso de
melodias fluidas que se mantém dentro de uma oitava e se desenvolvem de forma
modal, ou seja, em intervalos de um tom. As melodias se construíam de forma livre,
baseadas nas entonações das palavras cantadas de modo antifônico – isto é, com
coros se alternando – ou estilo de responsório – com o coro respondendo a um ou
mais solistas, simultaneamente –, por exemplo. Alaleona (1978) comenta que
diversos ícones católicos (posteriormente considerados Santos) foram propagadores
do canto litúrgico, dentre eles São Clemente, São Hilário, São Basílio, São Silvestre,
24

mas acabaram por ter destaque Santo Ambrósio e São Gregório – do qual se deriva
o conhecido Canto Gregoriano.
O monge Guido D’Arezzo também tem seu nome marcado na história por sua
notória e fundamental contribuição para o sistema de notação musical como o
conhecemos hoje, tendo também criado o hexacorde (acorde de seis notas) e
aperfeiçoando os feitos de seus antecessores. Os nomes das notas foram atribuídos
por Guido no Hino a São João:

“UTquant laxis
REsonare fibris
MIra gestorum
FAmuli tuorum
SOLve polutis
LAbii reatum
Sancte Joannes”

Os nomes das notas foram atribuídos utilizando-se da primeira sílaba de cada


verso, exceto pela Si (o “j” de Joannes era pronunciado “i”). Também a nota Ut
passou a se chamar Do, com o passar do tempo. Expressões denominadas
acidentes musicais indicavam a alteração da natureza de uma nota, semitonando-a
acima ou abaixo na escala, e esses acidentes compreendem o sustenido (aumenta
um semitom), o bemol (diminui um semitom) e o bequadro (anula o acidente
anterior).
Por volta do século XIII surgem orações curtas, os chamados Motetos – do
francês Mot, que significa palavra e apresentavam palavras independentes do texto
original complementando as chamadas clausulas, que eram trechos da música,
como são o refrão e o verso –, e na segunda metade do século IX, surge o estilo
chamado Organum, que consistia na primeira amostra de que se tem registro de
música propriamente polifônica. Apresentou vertentes, com o passar do tempo,
como o Organum Paralelo, o Livre e o Melismático, cada qual com suas
características próprias.
Para Bennett (1986), mesmo durante a época monofônica, entre os séculos
XII e XII, já havia manifestações no campo da dança, geralmente acompanhando
canções entoadas pelos ditos trovadores – do francês trouver, descobrir – e duas
25

canções conhecidas da época são Kalenda Maya e C’est La Fin, ambas de autores
desconhecidos. De acordo com Alaleona (1978), na Alemanha eram conhecidos por
Minnesingers, provavelmente de onde se originou o termo menestrel. Menestrel
(também conhecido por Jogral) era um bardo (cantor ambulante/viajante) que
exercia essa arte de contar histórias ou poesias como meio de vida. Cantavam sobre
os nobres, sobre a natureza ou coisas do cotidiano, sempre atraindo a atenção do
povo em praças e centros comerciais, muitas vezes acompanhando trovadores. Os
principais instrumentos utilizados por esses artistas eram o Alaúde (parente próximo
do Violão), a Vihuela, o Rebeque, o Saltério (da família das Harpas), a Charamela e
o Corneto (instrumentos de sopro), a Cítola (ou Cistre, um instrumento de cordas), o
Galubé e o Tamboril (percussivo).
Graças a eles foi possível o desenvolvimento da poesia e da literatura nos
anos posteriores, mais notavelmente na Renascença. Canções, baladas, sonetos,
lamentos, entre outros, são formas poéticas nascidas da música desses artistas de
rua que eram cantadas sobre melodias com determinadas entonações baseadas
nos números de sílabas, acentos, número de versos e qualidade de rimas.

3.4 Renascença Européia

No final da Idade Média, de acordo com Alaleona (1978), não só a poesia


começava a tomar forma difundida pela música dos menestréis e trovadores, mas o
próprio teatro passou a incorporar elementos sonoplásticos para intensificar a
expressão emocional das cenas. Apesar de o caráter Sacro ser o mais difundido
cenicamente, haviam também obras consideradas profanas, e um exemplo típico é o
Jeu de Robin et de Marion, do autor Adão de La Halle, que foi executada em
Nápoles no século XIII e teve sua música e poesia devidamente conservadas, sendo
possível notar o contraste com as obras de caráter religioso mais áridas e densas.
O autor propõe que a Renascença Musical se deu, na verdade, em dois
momentos distintos: primeiro houve uma reação religiosa à renascença que ocorria
nas vidas e costumes dos povos europeus do fim do século XVI; e depois uma
renascença propriamente musical, que passou a se desenvolver harmonicamente de
forma mais intensa a partir do início do século XVII.
A Renascença foi um movimento que afetou tanto a cultura quanto os campos
científico e religioso da Europa dessa época, ocorrendo diversos tipos de reformas
26

políticas, religiosas, manifestações populares, rebeliões e, como alude o nome,


renascimento de estilos de vida como um todo. Martinho Lutero, fundador da Igreja
Luterana, era músico e não só revolucionou com a instauração do Protestantismo
(que se opunha ao Catolicismo em diversas questões) como no campo musical
sacro, alterando e simplificando determinados tipos e gêneros de composições.
Haviam ainda os nobres que, nesse movimento de se rebelar à tirania
religiosa cristã que veio se estabelecendo ao longo do tempo, buscaram resgatar a
arte dita ‘profana’ antiga, mais especificamente na cultura grega, o que serviu como
um efeito da renovação do amor pelas coisas mundanas e como um impulso para a
redescoberta artística e das coisas da vida em si, desligando-se da dedicação
exclusiva a um deus e uma vida de fé, repugnando esse tipo de pensamento de
certa forma. Encontraram na teatralidade grega, por exemplo, um novo modelo
melódico ideal, bem como novas perspectivas para uma união mais íntima de
música e poesia.
O autor ainda afirma que, no fim do século XVI, surgiu o que ficou conhecido
por Melodrama, um estilo que reflete esse resgate e nele começam a aparecer
peças que serviram para moldar o que viriam a se tornar as Óperas. Esse estilo
tinha por principal intenção expressar o sentimento humano musicalmente,
tornando-se popular com grande rapidez. Seu maior representante, apesar de não
ser seu fundador, foi Claudio Monteverdi, Esse compositor Italiano difundiu
amplamente o estilo em Veneza, chegando a ocorrer de o povo classificar um
Melodrama Monteverdiano, que apresentava como diferenciais o emprego de
técnicas como o trêmulo e o pizzicatto nos instrumentos de corda e arco, bem como
uma divisão dos instrumentos na peça baseados – e enfatizando – as expressões
dramáticas das personagens.
Entre os séculos XVII e XVIII, começaram a surgir muitos dos grandes
compositores eruditos de que se tem conhecimento hoje, fortemente influenciados
pela música sacra, dentre eles Heinrich Schutz e Johann Sebastian Bach, artistas
notórios por suas composições complexas e elaboradas, fosse para um instrumento
– como o piano, muito popularizado nos anos que viriam, fosse para mais de um –
como os chamados quartetos de cordas (composto geralmente de uma viola, um
violoncelo e dois violinos, mas apresentando um contrabaixo no lugar de um desses
em algumas situações), ou mesmo para orquestras inteiras.
27

Nessa época nasciam e, por vezes, já atuavam os que viriam a ser os


maiores nomes da música instrumental – conhecida atualmente pelo senso comum
como Música Clássica ou Erudita – no século XIX, como Ludwig Van Beethoven,
Wolfgang Amadeus Mozart, Joseph Haydn, Franz Schubert, Antonio Vivaldi,
Alessandro Scarlatti, Johann Sebastian Bach, para nomear alguns.
Percebendo que estava perdendo massivamente seus fieis para o
Protestantismo, a Igreja Católica Apostólica Romana reuniu o chamado Concílio de
Trento, na Itália, para revisar e modificar algumas de suas tradições, rituais e
musicais, admitindo, por exemplo, a execução do denominado Canto Figurado (não-
Gregoriano), por ser simples, mas não perder seu sentido. Com esses progressos
todos, o povo acabou interagindo e foi o responsável pela contribuição mais eficaz
da época, que era o incentivo e a propagação das novas manifestações musicais,
trazendo mais vida e energia às canções de cunho, muitas vezes, cômico ou banal
do final do século XV.
O autor destaca, como formas musicais notórias da Renascença, a Vilanela
(ou Frótola), a Canção (ou Cançoneta), o Madrigal (que originou o Madrigal
Dramático), o Intermédio, o Moteto e a Missa.
Bennett (1986) destaca como instrumentos surgidos e/ou enaltecidos na
Renascença o Alaúde, a Viola, o Trompete, a Sacabuxa, o Cromorne e o Cervelato.

3.5 Barroco, Classicismo e Romantismo

O Renascimento, como o próprio nome diz, foi um período de resgate e de


criação, geralmente propiciado por um pensamento revolucionário. Como em toda
revolução, foram gerados frutos que, para muitos músicos, pesquisadores e
historiadores, foi a época mais marcante da história da música ocidental, marcada
por grandes gênios da composição e do arranjo musical.
Esta época é, historicamente, dividida em três subperíodos, mas é
complicado determinar quando termina um e se inicia outro. Muitos desses grandes
compositores atravessaram mais de um desses períodos, deixando sua marca em
cada um deles. De acordo com Bennett (1986), esses períodos foram o Barroco –
que é convencionalmente marcado como o período desde o surgimento da Ópera e
do Oratório até a morte de J. S. Bach, em 1750 –, designado historicamente de 1750
28

a 1810, pegando boa parte da obra de J. Haydn, W. A. Mozart e as composições


iniciais de L. v. Beethoven – e o Romantismo – que vai de 1810 a 1910, sendo o
período mais intenso na composição instrumental e no qual os artistas e
compositores expressaram com maior intensidade seus pensamentos, sentimentos
e emoções mais profundos.
Para Alaleona (1978), o estilo Barroco nasce com o surgimento da Ópera, no
início do século XVII, por Claudio Monteverdi. A Ópera é uma forma de teatro que se
utiliza de canções para contar as histórias enquanto se encena, que só ganhou
notoriedade por volta do século XIX com compositores como os italiano Rossini,
Bellini, Donizetti e Verdi e os alemães Wagner e Strauss. Os cantores são
classificados de acordo com a altura que conseguem atingir com suas vozes, do
timbre mais grave ao mais agudo. São eles o Contralto (grave), Mezzo Soprano
(médio) e Soprano (agudo) para as mulheres e o Baixo (grave), o Baixo-Barítono
(grave-médio), o Barítono (médio), o Tenor (agudo) e o Contratenor (corresponde ao
Contralto, mas faz largo uso de falsetes).
As peças costumam seguir a seguinte ordem: Abertura, executada por uma
orquestra; Recitativo, que é o diálogo entre as personagens e, por fim o momento
cujos atores secundários cantam em coro, dando suporte ao solista, que canta a
Ária. A primeira peça de caráter operístico que se tem conhecimento é Eurídice dos
compositores Jacopo Peri e Giulio Caccini, composta em 1600, mas a primeira
considerada grande peça da história é O Orfeo, de C. Monteverdi, composta em
1607.
Algumas das principais características do período, de acordo com Bennett
(1986), são:

 Um breve retorno da Homofonia, logo passado para trás novamente


pela Polifonia;
 A presença marcante do baixo contínuo como base de praticamente
todas as músicas barrocas, impulsionando-as e embasando-as;
 As violas vão sendo substituídas pelos violinos, tomando notoriedade o
preenchimento do baixo contínuo com um teclado contínuo, geralmente
o cravo, e transformando-se em núcleo da orquestra a seção de
cordas;
29

 No fim do século XVII o sistema modal é totalmente suplantado pelo


sistema tonal;
 Formas como a Binária, a Ternária (Ária da capo), o Rondó, o
Ritornello, a Fuga e variações como a Chacona, a Passacaglia e o
baixo Ostinato passaram a ser as principais empregadas;
 Os principais estilos desenvolvidos foram o Coral, Recitativo e Ária, a
Ópera, o Oratório, a Cantata, aberturas francesa e italiana, a Tocata, o
Prelúdio Coral, a Suíte de Danças, Sonata da Camera, Sonata de
Chiesa, Concerto Grosso e Concertos Solo;
 A música assumiu uma postura exuberante, com ritmos enérgicos e
impulsionantes, melodias extensas e fluidas, frequentemente bem
ornamentadas e contrastes de timbres, intensidades e quantidades de
instrumentos nas peças.
 Diferentes estilos de peças tomam forma, como a Monodia (uma única
voz acompanhada por um baixo contínuo), a Ópera (teatro
orquestrado), o Oratório (semelhante à Ópera, mas de cunho religioso,
leva o nome do Oratório de São Felipe de Néri, onde foram
apresentadas as primeiras peças), a Fuga (técnica contrapontística que
gira em torno de um tema), a Suíte (grupo de peças para um ou mais
instrumentos, geralmente composta em forma de Rondó: A B A C A
D...), a Sonata (peças completamente instrumentais, se opondo à
Cantata, cuja intenção principal era a voz, não o instrumento) e o
Concerto Grosso (estilo confrontativo, que consistia de dois grupos – o
concertino, de solistas, e o ripieno ou tutti, uma orquestra de cordas –
contrastantes entre si).

Nessa época se destacam como principais compositores Georg Friedrich


Händel, Antonio Vivaldi, Domenico Scarlatti, Henry Purcell e Johann Sebastian
Bach.
Com a morte de Bach, de acordo com Bennett (1986) e Alaleona (1978),
inicia-se oficialmente o período dito Clássico, com ‘C’ maiúsculo determinando-o
como período, apesar de sinais da nova tendência já serem notados por volta de
1730. Muitos autores e mesmo não-estudiosos utilizam largamente o termo ‘música
30

clásica’ para se referir a todo esse período de música europeia orquestral,


instrumental, religiosa e operística, em contraste à chamada ‘música popular’, mas
ao se referir ao período, diz Bennett, faz-se necessário o uso da inicial maiúscula
como meio de referenciação.
Essas datas não devem ser tomadas de forma estrita e rigorosa, conforme
Bennett (1986), pois as mudanças entre os períodos não eram abruptas. Sinais e
indícios iam despontando entre os compositores de forma sutil, levando anos para
se consolidarem em algo possível de se recategorizar.
Por exemplo, aponta Bennett (1986), a Trio-Sonata Barroca (dois violinos e
um contínuo, como o baixo, o violoncello ou a viola) foi substituída lentamente pela
Sonata Clássica, em que era composta para instrumentos solistas – com grande
frequência para pianos – em três movimentos, que seguiam padrões mais rígidos:

 1º movimento: composto em Forma Sonata, ou seja, executa-se um


tema I, segue-se para um tema II com ritornello (repetição) para o tema
I e finaliza-se repetindo o tema II;
 2° movimento: era utilizada uma forma livre num andamento mais livre,
podendo ser um Adágio, um Andante, um Largo etc;
 3° movimento: a peça é finalizada com um Allegro ou um Scherzo em
forma de Rondó ou de Minueto.
Enquanto Johann Sebastian Bach persistiu no modelo Barroco,
contrapontístico, seus filhos Carl Philip Emanuel Bach e Johann Cristian Bach
aderiram cedo à modalidade mais leve e homofônica do Classicismo.
Para Alaleona (1978), Beethoven é o marco de ‘ascenção magnífica’ do
Classicismo, tendo composto o que muitos consideram ‘a Bíblia do músico’: nove
Sinfonias, dezessete Quartetos, trinta e duas Sonatas para piano, além de Sonatas
para piano e violino, Aberturas, Trios, Concertos para Piano e Para Violino,
consideradas suas obras primas.
O mais intrigante é que Beethoven compôs sua primeira peça aos onze anos
de idade e, por volta dos vinte e seis (em 1796), foi diagnosticado como surdos por
médicos de sua época, chegando a cogitar suicídio quando soube. Com o
agravamento da surdez, seu temperamento foi ficando mais áspero e excêntrico,
aliado ao alcoolismo, problemas no matrimônio e alcançando surdez praticamente
plena no auge dos seus quarenta e seis anos de idade, em 1816. Mesmo assim, a
31

grande maioria de suas obras-primas foi composta nessa fase, na qual ele
encostava seu ouvido sobre o piano ao tocá-lo para sentir as vibrações das notas ao
compor.
Bennett (1986) aponta como principais obras de Beethoven, consideradas
representantes do período Clássico, as Sinfonias da Terceira à Oitava, o quarto e o
quinto Converto para Piano, o Concerto para Violino, os três Quartetos
Rassumovsky para cordas, as três Sonatas para Piano – Sonata ao Luar, Waldstein
e Appassionata – e sua única Ópera, entitulada Fidélio.
Alguns autores apontam sua morte, em 1827, como o fim do Classicismo, ao
passo que outros indicam ser mais cedo, por volta de 1800. Consensualmente,
adota-se o ano de 1810, por ser um intermediário.
Quando teve início a era Romântica, de acordo com Bennett (1986), a cultura
estava fortemente disseminada na Europa, de modo que os compositores tinham
contato com escritores, escultores, pintores e diversos outros tipos de artistas e, não
raro, compunham obras inspirados em poesias e peças de artes plásticas. Outras
fontes de inspiração muito adotadas eram a natureza, o luar, rios, florestas,
paisagens paradisíacas, viagens longínquas e temáticas fantasiosas, misteriosas –
até ligadas ao ocultismo, por vezes – e sobrenaturais similares.
O autor ainda afirma que movimentos como o Lied (‘canção’ em alemão),
constituido de voz e piano, e a Música Programática, que ‘conta uma história’
(sendo, portanto, de natureza descritiva) emergiam, ao passo que outros estilos já
conhecidos, como o Concerto, o drama musical na forma de Óperas, se renovavam,
tornando-se cada vez mais expressivas e intensas no que diz respeito ao emocional.
Alaleona (1978) propõe que, enquanto o Classicismo apresentava sua intenção e
seu humor de forma ‘viril’ e ‘imponente’, o Romantismo se abandona a essa torrente
sentimental e seuge seu fluxo quase que desenfreadamente, assumindo uma sutil
deformidade, um sutil descontrole sobre suas representações e intenções. Conforme
o próprio autor, “Não é sem razão que os clássicos amam o esplendor do sol e os
românticos preferem o luar” (ALALEONA, 1978, pg. 130).
Bennett (1986) traz outro fator emergente que chama bastante a atenção
nessa época, que são os fortes sentimento e pensamento nacionalistas,
encontrados nas obras de inúmeros compositores, dentre os quais Nikolai Rimsky-
Korsakov, Antonin Dvorák e Edvard Grieg.
32

Além dos grandes nomes já citados como tendo marcado esta era, outros
como Fréderic Chopin, Niccolo Paganini, Carl Maria Von Weber, Gioacchino Rossini,
Hector Berlioz, Johann Strauss, Fanny Mendelssohn, Giuseppe Verdi, Johannes
Brahms, Camille Saint-Saëns, Pyotr Ilyich Tchaikovsky, Antonin Dvorák, Edvard
Grieg, Francisco Tarrega, Robert e Clara Schumann, Franz Liszt, Nikolai Rimsky-
Korsakov, Gustav Mahler, Isaac Albéniz, Sergei Rachmaninoff, Béla Bartók, Igor
Stravinsky, Sergei Prokofiev, Carl Orff e o próprio brasileiro Heitor Villa-Lobos
marcaram seus nomes na História com obras-primas mundialmente aclamadas até
os dias atuais.

3.6 Séculos XX e XXI – Modernismo e Contemporaneidade

Para Bennett (1986), seguindo o embalo da revolução conceitual desenfreada


ao longo desses três últimos séculos, a entrada no século XX foi marcada por um
movimento experimentalista, com inúmeros novos instrumentos surgindo – inclusive
os elétricos, que começam a alcançar notoriedade e popularidade –, ao passo que a
necessidade de se impor rótulos aos estilos emergentes passou a ter mais
importância do que jamais tivera.
Movimentos como o Impressionismo, o Dodecafonismo, a Atonalidade, a
Politonalidade, o Pontilhismo, o Serialismo, o Neoclassicismo, a Neotonalidade, a
Música Concreta, a Música Eletrônica e a Música Aleatória surgem quebrando todos
os padrões e rigores até então estabelecidos ao longo das eras, ousando e
experimentando a música e reconstruindo os coneitos de musicalidade em si.
A título de simplificação, serão citados apenas alguns dos estilos mais
notórios desse período, os quais alcançaram repercussão mundial com maior efeito:

 Blues: O Blues é um estilo de raízes Africanas, caracterizado por sua


dinâmica dançante e suas letras tristes e melosas, criado em meados
da década de 1920 pelos descendentes dos escravos negros levados
aos Estados Unidos da América na época da colonização. Consta de
um ritmo sincopado – isto é, uma nota é precedida e sucedida pela
equivalente à sua metade –, geralmente reproduzido por Guitarras
Elétricas, Contrabaixos (a princípio acústicos, como os orquestrais,
sendo sucedidos pelos elétricos, criados por Leo Fender em 1951),
33

Baterias e, frequentemente, instrumentos de sopro como Gaitas,


Saxofones, Trompetes e Trombones. Deu origem a inúmeros outros
estilos, dentre eles o Rockabilly, o Rhythm & Blues e o Rock & Roll.
Alguns de seus principais nomes foram W. C. Handy, Blind Willie
Johnson, Muddy Waters, B. B. King, Chuck Berry, Stevie Ray Vaughn e
Buddy Guy.

 Jazz: Surgido no início do século XX e similar ao Blues, um elemento


nitidamente presente no Jazz é a improvisação, método pelo qual os
músicos tocam sem ensaio prévio, desferindo as notas e escalas por
intuição baseados na tonalidade da música. Mais comum
instrumentalmente, é também um estilo dançante, que cativa por sua
‘levada’, também chamada de groove, e pelas linhas de contrabaixo
bem marcadas, denominadas walking bass. Os instrumentos mais
comuns são a Guitarra Elétrica, o Contrabaixo (Acústico, Elétrico e
Fretless – sem trastes), Instrumentos de Sopro (Metais) e Bateria.
Alguns dos principais nomes dessa cena foram Billie Holiday, Bobby
McFerrin, Charles Mingus, Charlie Parker, Chet Baker, Chick Korea,
Diana Krall, Dizzie Gillespie, Duke Ellington, Ella Fitzgerald, Frank
Gambale, Frank Sinatra, George Benson, Herbie Hancock, Jaco
Pastorius, John Coltrane, Joss Stone, Louis Armstrong, Miles Davis,
Nat King Cole, Peggy Lee, Ray Charles, Stanley Clarke, Thelonious
Monk e Tony Bennett.

 Rhythm & Blues (R&B): Um estilo familiar ao Jazz e ao Blues, datado


sob essa nomenclatura pela no final da década de 1940, quando
tornado mais popular entre os estadunidenses de etnia caucasiana,
com temática por vezes religiosa (fortemente influenciada pelo
protestantismo, emergente na época), sendo frequentemente
associado à Soul Music (tipicamente religiosa). Alguns de seus
principais nomes foram Aretha Franklin, Lauren Hill, Marvin Gaye,
Stevie Wonder, Toni Braxton e Whitney Houston.
34

 Reggae: O reggae teve origem na Jamaica e seu auge foi na década


de 1970. É uma mistura de gêneros musicais, como musica folclórica
da Jamaica, ritmos africanos, Ska e Calipso. Possui uma batida bem
característica, marcada no contratempo, e ritmo dançante. Os
instrumentos mais utilizados são Guitarra, Baixo e Bateria. As letras
falam sobre questões sociais e religiosas. Na sua formaçao, o Reggae
teve uma forte influencia do movimento Rastafari, o qual defende a
ideia de que os afrodescendentes devem ascender e superar sua
situação através do engajamento político e espiritual. Na década de
1950 já surgiam alguns nomes importantes no reggae Delroy Wilson,
Bob Andy e Burning Espear, porém só fez sucesso mundial na década
de 1970 com os cantores Jimmy Cliff e Bob Marley.

 Ska: O Ska nasceu na Jamaica no final da década de 50. O novo estilo


misturava a musica folclorica local com o Mento, o Calipso, o Jazz e o
Blues. Se tornou a raiz da moderna musica jamaicana e mais tarde
levou ao surgimento do Reggae e do Rocksteady. No início, a levada
do Ska se dava pela Guitarra acompanhada de um piano. As melodias
e letras inicialmente estavam ainda muito influenciadas pelo Mento
Jamaicano, um ritmo folclórico; somente mais tarde, em meados dos
anos 1960, o ritmo estaria consolidado dentro e fora da ilha caribenha,
com letras abordando temas próprios da atualidade, menos folclóricos.
É comum, além dos tradicionais Baixo, Bateria e Guitarra, encontrar
bandas de Ska com trompetistas e saxofonistas, sendo similar a uma
nítida fusão entre Reggae e Jazz. Os principais artistas do gênero
foram Don Drummond, The Skatalites, Byron Lee and the Dragonaires
e Laurel Aitken. Na década de 1970, jovens do Reino Unido
‘ressucitaram’ o ritmo do Ska Jamaicano e o movimento recebeu o
nome de 2Tone, que viria a influenciar o futuro Punk Inglês.

 Funk: Diferente da tendência brasileira do século XXI, o Funk original


descende diretamente do Blues, do R&B e do Jazz, criado na segunda
metade da década de 1960, porem notavelmente mais relaxado, forte
35

adepto de improvisações, fazendo largo uso de Metais e Teclados


Elétricos, mas com o foco voltado para o Baixo e a Bateria
intensamente ‘grooveados’ e considerado um dos precursores cruciais
do Rock & Roll. Não se pode falar em Funk sem mencionar nomes
como o de James Brown, Little Richard, Parliament, Funkadelic, The
Commodores, KC and the Sunshine Band, Kool & The Gang, Ohio
Players, Michael Jackson e Prince, para citar alguns. Também é
considerado o principal precursor dos estilos Hip-Hop e Trip-Hop, bem
como o recente Funk-Rock.

 Country: Equivalente ao Sertanejo brasileiro, a Country music é um


estilo regional, surgido por volta de 1920, muito comum nas regiões
rurais dos Estados Unidos (principalmente os estados do Tennessee e
do Alabama) e tipicamente acústico, a princípio, geralmente executado
apenas por Violões, Violas, Banjos, Bandolins e Vozes. Alguns de seus
precursores foram Jimmie Rodgers, Hank Williams, Willie Nelson e
Dolly Parton. Em 1955, Johnny Cash – considerado o rei da música
Country – lançou as canções Cry, Cry, Cry e Hey Porter tocando
Guitarra e cantando, acompanhado por Contrabaixo Acústico e Bateria,
inovando o estilo que saia dos campos e ganhava os centros urbanos.
Junto com ele, outros nomes como Jerry Lee Lewis, Patsy Cline, Alan
Jackson, Faith Hill, Shania Twain, Bob Dylan e Roy Clark marcaram o
nome do estilo na história da música.

 Rock & Roll: Surgido aproximadamente em 1940 como uma versão


mais descontraída e eufórica do Blues e do R&B, influenciado também
pelo Country e pelo Jazz, o Rock & Roll é um estilo mais dinâmico,
criado para um público mais jovem e voltado para temáticas fúteis e
cotidianas ou amorosas. Originou diversas outras vertentes, dentre as
quais o Rockabilly, o Heavy Rock, o Heavy Metal, o Glam Rock e o Pop
Rock. Utilizava-se de Pianos e Saxofones no princípio, mas com o
tempo estes foram caindo em desuso, mantendo-se apenas o padrão
Guitarra, Baixo (após os anos 50, o elétrico) e Bateria. Foi o primeiro
36

estilo a fazer uso, ainda que singelo, de efeitos de distorção nas


Guitarras, dando um ar mais agressivo e inovador, em contraste às
Guitarras ‘limpas’ do Blues e do Jazz. O termo surgiu em 1951 com o
Disc Jockey (DJ) Alan Freed, que tocava R&B para um público multi-
racial e descreveu a música dessa forma, até por ser uma expressão
presente em algumas das letras de R&B. Rock é frequentemente
associado à ação de se mexer, agitar, chacoalhar, ao passo que Roll
era uma gíria para sexo. Perdurou nesse modelo até meados da
década de 1960 e alguns de seus principais nomes durante esse
período foram Elvis Presley, Buddy Holly, Bo Diddley, Chuck Berry e
Jerry Lee Lewis.

 Rockabilly: Nascido do Rock & Roll com fortes influências da música


Country na década de 1950, o Rockabilly é notório por sua técnica de
slap-back no Baixo Acústico, típico desse estilo, tendo como pioneiros
Carl Perkins, Bill Halley & The Comets, Stray Cats, The Brian Setzer
Orchestra, The Cramps, The Crickets e The Million Dollar Quartet.
Originou, posteriormente, o Psychobilly – uma fusão do Rockabilly com
o Punk Inglês.

 Brit-Rock: Com o sucesso de Lonnie Donegan ‘Rock Island Line’ em


1955, a ‘invasão’ do Blues e do Trad Jazz na Grã-Bretanha ajudaram a
desenvolver uma nova tendência entre os jovens, criados em meio ao
Folk (estilo tradicional do país) e que não apresentavam a problemática
racial que existia nos E.U.A. Cliff Richard é considerado o precursor do
Rock Britânico em si, com a canção ‘Move It’ e, no início da década de
1960, o estilo se popularizou de vez com uma erupção de bandas
como The Beatles, The Kinks, The Who, The Smiths, The Pretty
Things, The Shadows, The Rolling Stones, tendendo ao
experimentalismo psicodélico – muitas vezes influenciada por drogas
como o LSD e a Cannabis – com o passar dos anos.
37

 Punk Rock Britânico: Surgido como um resgate do Ska Jamaicano, o


Punk foi se remodelando pela cultura local e acabou por tornar-se um
movimento de protesto político, marcado pela agressividade, pela
rebeldia e a forte crítica ao governo da época. Punk significa
‘vagabundo’, ‘traste’ em Inglês e era uma expressão usada para
designar os jovens que não se esforçavam para trabalhar, eram contra
o serviço militar e as normas sociais. O estilo musical é simplista,
executado utilizando-se de poucos acordes em Guitarras com alto grau
de distorção, denominados powerchords, executados num ritmo
acelerado e suas músicas não chegavam à duração de três minutos,
em sua grande maioria. Conforme o estilo alcançou grande alcance
público por parte dos jovens, a mídia tentou ‘comprar’ o estilo,
banalizando-o e fazendo com que perdesse sua conotação rebelde e
agressiva e se tornasse meramente moda. Os considerados
precursores do Punk Rock Britânico foram The Sex Pistols, The New
York Dolls e Crass. Enquanto ideologia, o Punk se dividia em Anarco-
Punk (anarquistas), Riot Grrrl (feministas), Straight Edge/Oi!
(vegetarianos e pacifistas) e Streetpunk (representavam a juventude
sem futuro dos subúrbios). Na década de 1970 surgiram alguns dos
que foram os maiores nomes do Punk Britânico, como The Adicts,
Discharge, Sham 69, The Clash e Wire.

 Punk Rock Americano: Nos Estados Unidos, o Punk emerge por volta
de 1974 com a banda Ramones, como um movimento de crítica e
revolta à cultura fútil do Rock & Roll, apesar de não ter uma conotação
tão fortemente política quanto seu homônimo Britânico. Seu mote
principal era o ‘Do it yourself!’, que significa ‘Faça você mesmo’, como
um ideal de independência instigado nos jovens, buscando de certa
forma despertar-lhes a rebeldia sem medo de retaliação de família e
governo, principalmente no sentido econômico. Muitos são os nomes
que dão fama ao Punk Rock dentre os estadunidenses, como as
bandas Bikini Kill, Dead Kennedys, Green Day, Iggy Pop & The
Stooges, Minor Threat, Misfits, MxPx, NOFX, Rancid, Rise Against,
Social Distortion, The Distillers, The Offspring, e Blink 182. O Punk
38

Americano serviu como influência para o surgimento de um novo estilo


que resgatava o Rockabilly, denominado Psychobilly (Psycho em Inglês
é uma gíria para insano).

 Hard e Glam Rock: Surgidos ao final dos anos 60, o Hard Rock
(expressão para Rock Pesado) e o Glam Rock (Glam como abreviação
de Glamour) vieram como resposta ao Punk Rock, promovendo em
suas letras, vestimentas e estilo de vida, uma busca incessante e
intensa pelo Hedonismo – o prazer como objetivo de vida. Com letras
que tratavam de sexualidade, abuso de drogas e uma vida desligada
de responsabilidades sócio-políticas, foi um estilo que ganhou forte
notoriedade entre os jovens da época e que ficou marcado pelo mote
‘Sex, Drugs and Rock & Roll’ ou ‘Sexo, Drogas e Rock & Roll’.
Passaram, basicamente, por três fases: as décadas de 70, com seu
surgimento; de 80, quando se tornou forte a questão da sexualidade e
os homens se travestiam e se maquiavam como mulheres, apesar de
muitos ainda serem heterossexuais, fazendo-o apenas como uma
crítica aos moldes sociais; e de 90, quando começou a tomar um
formato menos agressivo e mais puxado para a Pop Music, perdendo
forças para o recém-surgido Grunge. Sua sonoridade foi desde o seco
e direto (anos 70), passando pelo glamuroso e dançante (anos 80), até
o romântico e meloso (anos 90). Alguns dos nomes mais marcantes do
Hard e do Glam Rock foram AC/DC, Led Zeppelin, KISS, Mötley Crüe,
Whitesnake, Skid Row, Europe, Asia, Winger, White Lion, Bon Jovi,
Kansas, Bruce Springsteen, Alice Cooper, Hanoi Rocks, Queen,
Twisted Sister, The Runaways, Aerosmith, Cinderella, Danger Danger,
Dokken, Extreme, Nitro, Firehouse, Pretty Boy Floyd, Poison, Guns ‘n’
Roses, Mr. Big, L. A. Guns, Journey, Heart, Hardline, Quiet Riot, Ratt,
Tesla, Rush, David Bowie, Deep Purple, Scorpions, Van Halen,
W.A.S.P., Warrant e Nazareth.

 Heavy Metal: O Heavy Metal (literalmente Metal Pesado) surgiu


paralelamente ao Hard Rock, no fim da década de 1960, mas foi mais
39

presente na Grã-Bretanha, com temáticas mais voltadas à virilidade,


mas também ligadas a uma vida de festa e prazer. Temáticas violentas
não eram raras em suas letras, causando grande choque na população
tradicional da época e sendo inúmeras vezes associado ao Satanismo
por isso. Suas vestimentas tradicionais eram basicamente couro e
peças de metal, como correntes e spikes (espinhos de aço aplicados
nas botas, jaquetas, luvas e braceletes). Originou inúmeras vertentes, e
alguns de seus maiores representantes são o Black Sabbath, Iron
Maiden, Judas Priest, Uriah Heep, Saxon, Rainbow, Diamond Head e
Venom. Com o passar dos anos, se difundiu por toda a Europa e
chegou à Ásia e à América também, originando bandas como Stryker,
Ariya, Accept, Destruction, Crucified Barbara, Grave Digger, Viper,
Tang Dynasty, Manowar, entre outras.

 Melodic/Speed Metal: Vertente do Heavy Metal que faz largo uso de


Teclados, Baterias usando pedais-duplos para aumentar severamente
a velocidade das músicas e vocais extremamente agudos, classificados
como canto lírico. Alguns de seus representantes são Angra, Shaaman,
Vision Divine, Helloween, Edguy, Iced Earth e Avantasia.

 Thrash Metal: Agressivo e com uma sonoridade poluída, esse estilo


abusa de vocais rasgados e Guitarras altamente distorcidas, também
se utilizando de alta velocidade de execução e riffs marcantes.
Representantes são Pantera, Sepultura, Slayer, Motörhead, Megadeth
e Metallica.

 Black, Doom e Death Metal: Considerados estilos extremos do Metal,


oriundos da região Escandinava, estes estilos estão frequentemente
associados ao Satanismo por terem sido criados por povos cuja
herança pagã é forte, historicamente, e que resgatam isso por meio de
explícitas manifestações anti-cristãs. Alguns fãs e membros de bandas
são conhecidos por terem se envolvido em incêndios a igrejas e
assassinatos de outros membros, além do alto índice de suicídio.
40

Essas são, muitas vezes, as principais temáticas de suas letras,


cantados por vozes guturais e, em alguns casos (como no Doom
Metal), contrastados por vozes femininas líricas. Como alguns
representantes do Black Metal temos Burzum, Mayhem, Dimmu Borgir,
Satyricon e Gorgoroth. Algumas bandas famosas de Doom Metal são
Tristania, After Forever, Within Temptation, Candlemass, The
Gathering e My Dying Bride. Por fim, representando o Death Metal
temos Amon Amarth, Arch Enemy, Behemoth, Brujeria, Cannibal
Corpse, Dark Tranquility e Morbid Angel.

 Grunge: O Grunge é um estilo que se volta contra o Hedonismo do


Glam Rock e traz em suas letras uma visão pessimista e relaxada,
desesperançosa. Durou pouco, perdendo espaço para a Pop Music e
as evoluções dos estilos eletrônicos. Seus maiores representantes
foram Nirvana, Alice In Chains, Pearl Jam, Soundgarden e Drain STH.

 Post-punk/Synthpop: Remontando às inovações tecnológicas dos


anos 80, o Post-Punk foi um estilo que abriu mão da distorção e se
identificou fortemente com o Sintetizador, um equipamento com um
teclado e moduladores de frequência que davam um som característico
às notas. Seus principais representantes foram The Cure, Depeche
Mode, The Human League, Soft Cell, Kraftwerk e New Order, para
mencionar alguns.

 Techno/Electro/House: A Techno Music nasceu em meados dos anos


80 em Detroit, nos EUA, e de difundiu nos subúrbios dos centros
urbanos em festas que ficaram conhecidas como Raves, onde era
comum o uso de drogas como o Ecstasy e anfetaminas diversas, para
se manter acordado por horas enquanto se dançava. Teve ligação
direta com estilos como o Electro e o House, e sua principal
característica comum é que as músicas não eram criadas por bandas,
mas por DJs que progamavam as músicas sozinhos em computadores
e reproduziam discotecando os discos de vinil.
41

 Hip-Hop e Trip-Hop: Da fusão entre o Electro e as raízes


afrodescendentes nos subúrbios americanos durante a década de 1970
surgiu o Hip-hop, um estilo em que a música é gravada por meios
eletrônicos, muitas vezes sampleando (copiando trechos e executando-
os isoladamente) músicas de outros artistas, enquanto as letras são
praticamente faladas, em vez de cantadas (método conhecido como
rap). Suas letras eram marcadas por mensagens de revolta contra a
desigualdade social, a vida sofrida em meio à pobreza e à
marginalidade, inclusive tratando das gangues locais em algumas
delas. Seus precursores foram MC Hammer e Sugarhill Gang. Os
nomes mais conhecidos da atualidade são 2Pac, Eminem, Kanye
West, Karpe Diem, Wu-Tang Clan, 50 Cent, Akon, Busta Rhymes e Dr.
Dre., para mencionar alguns. O Trip-Hop surgiu como uma vertente do
Hip-Hop que, como o nome diz, proporciona a ideia de viagem e
experimentação sonora (Trip significa ‘viagem’ em Inglês). Alguns de
seus representantes são Gorillaz, Massive Attack, Portishead,
Morcheeba, Cocteau Twins, Röyksopp e Tricky.

 Pop Music: A musica popular americana contemporânea, denominada


Pop Music, segue tanto pela vertente do Rock, do Hip-Hop, quanto dos
requícios do Synthpop e Post-Punk. São marcados por melodias
simples, repetitivas e com letras que abordam diversos assuntos,
normalmente associados à vida cotidiana, amor, amizade e diversão.
Com o passar dos anos o Pop vem se modificando e remodelando de
acordo com as tendências sonoras e a evolução tecnológica. Nos anos
1990, os representantes da Pop Music eram Michael Jackson,
Madonna, Christina Aguilera, Mariah Carey, Five, N’Sync, Back Street
Boys, Westlife, Pet Shop Boys, Britney Spears, Thalia, Shakira, Jessica
Simpson e Jennifer Lopez. Com a chegada dos anos 2000, dando
início ao século XXI, a tendência mudou e passou a ser representada
por artistas como The Black Eyed Peas, The Jonas Brothers, McFly,
Justin Timberlake, t.A.T.u., Rihanna, Hillary Duff, Miley Cyrus, Demi
42

Lovato, Selena Gomez, Justin Bieber, Bruno Mars, Jason Mraz e The
Pussycat Dolls.

 Música Latina: Entre os estilos latinos, tanto luso-espanhóis quanto


latinoamericanos, pode-se destacar a musica Flamenca – composta
basicamente de violões executados com uma sonoridade bastante
característica, oriunda da Espanha –, o Fado – estilo tradicional
Português, com melodias e letras tristes e executada por instrumentos
acústicos –, a Salsa – mistura de ritmos afrocubanos, como a Rumba,
o Cha Cha Cha, o Merengue e do Calipso de Trinidad e Tobago – e por
fim a MBP, sigla para Música Popular Brasileira, que é uma mescla de
estilos caracteriticamente Brasileiros – dentre eles o Samba, o Choro, o
Pagode, o Axé, o Baião, o Forró e o Sertanejo.

Com a constante revolução tecnológica, novos instrumentos e estilos surgem


a todo momento, demonstrando sempre a capacidade do ser humano de se adaptar
e se expressar através dessa manifestação artística tão rica e próspera que é a
música.
Frente ao exposto, esse projeto de pesquisa problematiza a análise da
produção de Cadwallader acerca dos jovens com altas habilidades e um possível
padrão de interesse por gêneros musicais inusitados, bem como os fatores que
contribuem para o desenvolvimento desse interesse, de modo que essa análise
possa fomentar o campo de pesquisa em música e psicologia e revelar possíveis
descobertas relevantes para o meio acadêmico-científico.
43

4 Objetivos

4.1 Objetivo Geral

Efetuar uma análise da produção de Cadwallader que articula as relações


entre jovens com altas habilidades e possíveis padrões em seus interesses
musicais.

4.2 Objetivos Específicos

Analisar o método utilizado e os resultados obtidos no estudo em questão;

Levantar considerações acerca de seus possíveis reflexos numa eventual


versão nacional da mesma pesquisa;

Identificar as possíveis razões para a existência desse padrão de interesses


musicais, caso o mesmo seja encontrado.
44

5 Método

5.1 Delineamento

Este é um projeto de pesquisa que propõe uma pesquisa documental, sendo


de natureza exclusivamente qualitativa, e caráter exploratório.

Uma pesquisa pode ser definida como documental “quando são utilizados
documentos que ainda não receberam tratamento analítico, ou seja, quando a
pesquisa é elaborada a partir de fontes primárias” (Rodrigues, 2006, p. 46),
considerando que o occasional paper analisado nesse projeto de pesquisa é um
documento institucional sobre o qual não foram realizados estudos póstumos até o
presente momento por Rodrigues (2006).

A pesquisa de natureza qualitativa, de acordo com Rodrigues (2006), não


emprega o uso de dados estatísticos, sendo utilizada apenas para investigar
determinados problemas de pesquisa cujo grau de complexidade não pode ser
exprimido por meios estatísticos, por exemplo opiniões, atitudes individuais ou
grupais, crenças, comportamentos e afins.

O caráter exploratório, ainda de acordo com Rodrigues (2006), tem por


principal objetivo levantar informações sobre um campo inexplorado ou pouco
explorado, fomentando o interesse em pesquisas futuras acerca dos dados
levantados.

5.2 Materiais

Serão utilizados livros e artigos científicos, em sua disponibilidade física e


virtual, datados a partir do ano de 1968, nas línguas portuguesa e inglesa, sendo
esta última em função do documento Occasional Paper Nº 19: “The Darker Side Of
Bright Students: Gifted And Talented Heavy Metal Fans”, que é o principal material
que originou a idéia de realizar essa análise de projeto, e outros dos livros utilizados
para a fundamentação teórica, vista a escassez de material sobre o assunto escrito
em língua Portuguesa.
45

5.3 Procedimentos

Sendo o presente trabalho bibliográfico, serão feitas leitura e análise da


produção do pesquisador Stuart M. Cadwallader sobre jovens com altas habilidades
e possíveis padrões quanto a seus gostos musicais, juntamente com outros autores
– dentre os quais A. Maslow e R. Bernardes –, fazendo considerações a respeito
das obras, correlacionando-as e apontando as propostas e resultados que
apresentarem pontos interessantes a pesquisas de aprofundamento futuras.

Foram pesquisados livros, revistas, websites e artigos científicos em versões


física e virtual, utilizando-se de pesquisas na rede – no caso das versões virtuais – a
partir dos indexadores Google e Scielo, com as palavras chave autorealizadores,
Maslow, história da música no Brasil, altas habilidades e superdotação.
46

6 Plano de Análise de Dados

Os dados serão analisados por meio de análise interpretativa. A análise


interpretativa consiste em sintetizar os dados apresentados por um texto e buscar
compreender seus significados, bem como verificar as posições que são assumidas
pelo autor e no que esses dados implicam ou resultam (SEVERINO, 2007).
47

7 Discussão

Esse estudo objetivou efetuar uma análise da produção de Cadwallader, que


articula as relações entre jovens com altas habilidades e possíveis padrões em seus
interesses musicais.

‘Música expressa aquilo que não pode ser dito em palavras e que não pode
permanecer em silêncio’. Essa famosa citação do escritor francês Victor Hugo traz,
de forma poética, uma visão sobre essa que é, sem sombra de dúvidas, uma das
mais intrigantes manifestações artísticas que se conhece até os dias atuais.
Envolvente, inteligente e misteriosa, a música não dispõe de imagem que a
represente – exceto por tentativas que facilitam a possibilidade de reproduzi-la,
como a notação musical – e por milênios seu uso transcende meramente a condição
artística que lhe foi atribuída, sendo vista como ferramenta para diversas outras
situações.

Um exemplo é o conto dos irmãos Grimm, O Flautista de Hamelin, que conta


sobre uma cidade que tinha problemas com infestações de ratos, sendo com isso
constante vítima de pestes e doenças, até o dia em que um viajante misterioso
chega à cidade, conhece o infortúnio e diz ser capaz de acabar com o problema
utilizando sua flauta. O rei lhe promete uma grande bolsa de moedas de ouro caso
conseguisse de fato e, com isso, o viajante utiliza-se de seu instrumento para
encantar os ratos com sua música, levando-os para longe da cidade e afogando-os
num rio. Com a quebra da promessa da parte do rei, o flautista se vinga fazendo o
mesmo com as crianças da cidade.

Outro exemplo é encontrado no filme Harry Potter e a Pedra Filosofal, que


conta a história de um jovem bruxo que se vê numa complexa trama de mistérios e
enigmas e, num dado momento, utiliza-se de uma harpa encantada para adormecer
um cão guardião de um alçapão pelo qual ele precisava passar.

A associação entre música e usos místicos é feita também na vida real,


quando em várias civilizações era – e ainda é até hoje – usada em celebrações
religiosas, cânticos de invocação de entidades, orações pedindo proteção ou
agradecendo por alguma benção, acompanhamento para ritos fúnebres ou
48

casamentos e ainda, inclusive, simplesmente para enaltecer ou meramente cantar


glórias sobre divindades e personagens fantásticos no mundo todo.

De fato a música é intrigante por sua capacidade de influenciar no ‘estado de


espírito’, no humor e no emocional de seu ouvinte. Músicas com vibrações mais
graves e longas, frequentemente utilizadas em escalas menores, tendem a deprimir
ou embotar o ouvinte, ou trazer-lhe paz de espírito quando utilizadas em escalas
maiores ou aumentadas. Uma música mais agitada, com notas em maioria agudas,
utilizando-se de escalas maiores e ritmos dinâmicos, tende a trazer sensação de
euforia ou mesmo eliciar a agressividade em seu ouvinte. Muitos são os fatores que
podem alterar os resultados dessa influência sobre quem está a ouvir.

Northern e Downs (1989) revelam em sua obra que o feto humano já é capaz,
a partir da vigésima semana de vida, de perceber estimulação sonora extrauterina,
demonstrando isso através da alteração de sua frequência cardíaca e movimentação
corporal. Isso pode demonstrar como desde sempre a música é capaz de estimular
o ser humano, mesmo pouco após sua concepção. Matias (1999) inclusive aponta
em seu estudo que as vibrações graves se propagam mais fácil e profundamente no
meio intrauterino devido à sua frequência, mais intensa que dos sons mais agudos.

Mabille (1990) aponta que a estimulação musical na gravidez, em especial se


utilizando de música clássica, desenvolve a acuidade auditiva do bebê com maior
efeito e, não obstante, estimula o hemisfério encefálico esquerdo, bem como auxilia
na regularização do ritmo cardíaco da criança.

Muitos são os estudos acerca dos efeitos da música no ser humano e uma
importante ramificação da ciência surgiu por volta de 1944, como um programa de
pesquisa da Michigan State University e como curso de pós-graduação pela Kansas
State Univesity.

Em 1998 surge a American Music Therapy Association (AMTA) – como fusão


entre a National Association of Music Therapy (NAMT), fundada em 1950, e a
American Association of Music Therapy (AAMT), fundada em 1971 –, que usou
estudos realizados com soldados retornados da Segunda Guerra Mundial utilizando
música e observando os efeitos neles para aprofundar os estudos nesse campo tão
recente na época.
49

A musicoterapia se utiliza de recursos musicais, desde a audição até própria


execução, para atenuar as vivências estressantes e até mesmo estimular as
potencialidades e a concentração de seus pacientes. Frequentemente é
recomendado que os pacientes já possuam algum conhecimento musical, pois isso
facilita consideravelmente o trabalho do terapeuta, abrindo o leque de possibilidades
de atuação e aumentando o êxito de grande parte das técnicas e trabalhos
desenvolvidos. Mesmo quem não dispuser de conhecimentos prévios musicais pode
buscar esse tipo de terapia, pois há técnicas menos complexas, como a de
apreciação musical e identificação emocional com determinados estilos ou
instrumentos, que não exigem conhecimentos técnicos para serem empregadas.

Outro tema abordado nesse trabalho são as Altas Habilidades, termo utilizado
para os antigos superdotados, ou gênios, que são indivíduos com resultados e
processos cognitivos acima da média da população em geral. Grandes nomes como
Albert Einstein, Isaac Newton, Nikola Tesla, Galileu Galilei, Leonardo da Vinci,
Friedrich Nietzsche, dentre muitos outros, marcaram sua existência na história do
desenvolvimento humano, social, cultural e científico por meio de produções que
revolucionaram suas épocas e, até hoje, influenciam muitos estudiosos e artistas
contemporâneos. Obras de arte, descobertas científicas, postulados filosóficos e
visões de mundo muito além da compreensão de seus contemporâneos foram o
legado deixado por esses sujeitos, que hoje seriam denominados ‘indivíduos com
altas habilidades’ por convenção.

De acordo com Virgolim (2007), um indivíduo com altas habilidades é alguém


que possui diferentes padrões de interesses, formas de ver e reagir ao mundo,
meios de estímulo interior, características de personalidade, estilos de
aprendizagem e autoconceito. A partir disso, pode-se remeter à teoria de Abraham
Maslow, teórico canadense da psicologia humanista, sobre Autorealizadores.
Maslow (1968) discorre em sua obra Introdução à Psicologia do Ser sobre esses
indivíduos que despontam em suas atividades, cotidianas ou acadêmicas,
apresentando alto índice de rendimento e produção, o que se associa com facilidade
ao que se conhece sobre as personalidades supracitadas e tantas outras.

Muitos são os autorealizadores em nossos dias, pensando-se numa escala


mundial, apesar de ainda não serem uma maioria nas sociedades em que são
50

encontrados. Alguns são, inclusive, vítimas de chacota por parte daqueles que não
são capazes de compreendê-los, de alcançar suas linhas de raciocínio, apreender
seus dizeres e são, portanto, tachados de ‘loucos’, ‘burros’ ou até ‘retardados
mentais’. Outros ainda, de fato, acabam subjugados por suas perturbações
subjetivas em relação ao mundo e à forma como as coisas funcionam, dessa forma
cedendo a psicopatologias ou síndromes diversas. Maslow (1968) aponta que esses
indivíduos passam por um complexo e delicado processo de realização de âmbitos e
metas pessoais até se sentirem plenos, quando então atingem a denominada
autorealização, que nada mais é que um alcance da plenitude cognitiva e emocional,
não sentindo o indivíduo mais forma alguma de incompletude, como se todas as
suas necessidades tivessem sido atingidas – assemelhando-se ao conceito de
Nirvana do budismo, que é a ‘iluminação’ do indivíduo que supera os limites,
demandas e obstáculos do mundo físico, atingindo uma paz de espírito e
consciência profundas.

Tendo em vista esses dois âmbitos, musical e psicológico, este trabalho traz
uma revisão sobre o estudo feito por Stuart Cadwallader, pesquisador britânico que
publicou um ensaio para a University of Warwick sobre jovens com altas habilidades
e um possível padrão de interesses musicais entre eles. Em seu trabalho, ainda não
conclusivo por falta de materiais para comparação, Cadwallader (2007) encontrou
resultados que lhe chamaram a atenção, inesperados no momento da aplicação dos
testes que fez. Ao analisar os questionários que havia aplicado em uma amostra de
estudantes de uma escola especial para jovens com altas habilidades, encontrou
dados que apontam para uma tendência de interesse por música pesada, mais
especificamente o Heavy Metal, ao contrário do paradigma sustentado de que esse
tipo de indivíduos tem preferência por estilos como a Música Erudita, por exemplo.

O Heavy Metal é um estilo musical derivado do Rock and Roll, que por sua
vez surgiu com o Blues dos negros americanos da década de 1950, e tem por
principal característica instrumentos como guitarras e contrabaixos elétricos, baterias
e, por vezes, teclados, além dos microfones para as vozes dos integrantes de suas
bandas. Frequentemente são utilizados recursos como pedais de distorção – que
dão um efeito de peso e densidade aos instrumentos elétricos –, pedais duplos –
recurso que dobra a possibilidade de ataque ao bumbo da bateria, aumentando
também a possibilidade de velocidade e a diversidade de ritmos produzidos – e
51

andamentos acelerados, acima de 120bpm (batidas por minuto), o que torna o estilo
categoricamente agressivo e dinâmico. Suas letras são, não raramente, intensas,
críticas e de conteúdo irreverente, tratando desde críticas à política até canções
sobre conflitos emocionais e de identidade.

Cadwallader (2007) presumiu, pelos resultados encontrados, que essa


identificação com o Heavy Metal por parte dos alunos se deve a uma série de
fatores, dentre eles:

 Ambiente em que estão inseridos: O Heavy Metal é um estilo


tradicionalmente britânico, o que possivelmente explicaria sua grande
incidência sobre o público jovem estudado;

 Identificação lírica: O conteúdo das letras, não raramente crítico e com


considerável grau de complexidade e profundidade de conteúdo, pode
chamar a atenção desses jovens por se identificarem com os contextos
trazidos;

 Peso e velocidade: A dinâmica da sonoridade do Heavy Metal pode


‘mover’ esses jovens, emocional e fisicamente, e ajudá-los a se
expressar e enfrentar os estigmas que a sociedade lhes impõe e cobra
por sua condição, baseada nos paradigmas que contrastam com o
resultado encontrado.

O autor levantou estas e similares hipóteses baseado na análise dos


resultados do teste, mas concluiu que não poderia comprovar nada até o momento
por ser o único trabalho que se tem notícia tratando desse assunto.

Para que esse trabalho fosse realizado, o autor utilizou-se de uma pesquisa
documental, de natureza qualitativa e caráter exploratório. Dessa forma, entrou em
contato com Cadwallader via correio digital e obteve do mesmo o documento na
íntegra, em versão digital na língua inglesa, do qual fez livre tradução para analisar e
utilizar o conteúdo para a composição dessa análise. Não obstante, buscou outros
livros em bibliotecas públicas de universidades como a Universidade Braz Cubas,
Universidade de Mogi das Cruzes e Universidade Estadual de Goiânia, além de
diversos acervos e bancos de dados na internet, onde foi possível encontrar
diversos artigos científicos e livros digitais utilizados para a fundamentação teórica
52

desse trabalho, endossando sua natureza qualitativa (dados não estatísticos) e seu
caráter exploratório (busca de novos conhecimentos com intenção de ampliar
embasamento teórico do autor).

Dispondo desse material, foi possível encontrar que os jovens de uma forma
geral, em quaisquer culturas que sejam encontrados, estabelecem contato com a
música – seja por aprendizado de instrumentos ou pela mera apreciação musical –,
e outras manifestações culturais desde cedo e o ambiente em que estão inseridos
vai, muitas vezes – para não dizer sempre –, determinar suas escolhas e interesses
por determinados estilos, instrumentos e sensações proporcionadas por essa forma
de arte. Muitos acabam se identificando com estilos regionais, ou nacionais, pelo
frequente estímulo que seu meio social lhes proporciona, ao passo que outros, tendo
acesso a culturas de outros países e povos, acabam por esses desenvolvendo maior
apreço. De qualquer forma, é de comum acordo que a estimulação musical precoce
é crucial no desenvolvimento do sujeito enquanto cidadão, indivíduo e, até mesmo,
ser humano. Tanto a estimulação auditiva ritmo-melódico-harmônica quanto a
cognitiva, por meio do estudo da teoria e composição de letras e arranjos musicais,
aprimora o desenvolvimento do sujeito, seja fisiologicamente – como maior e melhor
estimulação de determinadas regiões cerebrais – ou culturalmente – ampliando os
conhecimentos do mesmo sobre diferente culturas, palavras, expressões, sensações
e outros –, independentemente da escolha do estilo por ele. É visível que cada estilo
proporciona diferentes experiências, mas é inegável que essas experiências são
experimentadas em todos os estilos que se tem conhecimento até os dias atuais.

O pesquisador deste trabalho corrobora, baseado no que leu e experienciou


musicalmente até a presente data, as possibilidades desse interesse dos alunos
com altas habilidades do trabalho de Cadwallader pelo Heavy Metal, assim como se
sabe sobre jovens da sociedade brasileira que compartilham do mesmo apreço pelo
referido estilo. A música possibilita um meio de expressão de ideias e crenças por
parte do indivíduo que, se ditas em palavras não musicadas a membros
conservadores ou inflexíveis em suas crenças políticas, religiosas e culturais da
sociedade, seriam rechaçados, escarnecidos e, por vezes, retaliados. Recursos
como a poesia, a metáfora, a sátira e a analogia são largamente utilizados em letras
de músicas com conteúdo tido como ‘ácido’, ‘crítico’ e ‘confrontador’, sendo inclusive
por vezes censuradas como transgressoras, imorais e pervertidas – denominações
53

essas que são igualmente atribuídas aos seus ouvintes pelos que não compartilham
dos mesmos interesses.

Não só o Heavy Metal, mas vários estilos – em especial dentro do Rock and
Roll – são criticados por algumas culturas por sua tendência liberal, confrontadora e,
em alguns casos, libertina. De fato, o Rock and Roll não é um estilo embasado em
cultura erudita, valores morais e códigos de boa conduta, com frequência, mas
existem ainda vertentes que pregam e propagam valores construtivos, em oposição
à destrutividade rebelde padrão, ao seu público, demonstrando que não é o estilo
que determina a conduta de um sujeito, mas cada artista por si próprio, o que
pregam e como seu público interpreta o conteúdo. Há casos em que letras irônicas
foram interpretadas ao ‘pé da letra’ por alguns de seus ouvintes e os levaram a
práticas transgressoras de fato, em contraste à intenção de crítica do compositor.

É possível encontrar, não tanto no Heavy Metal, mas em estilos como o Pop
Rock brasileiro, uma gama considerável de artistas que trazem letras interessantes e
com conteúdo dessa alçada, tais como as bandas Plebe Rude, Ultraje A Rigor,
Engenheiros do Hawaii, Legião Urbana, Titãs e Capital Inicial, que apresentam letras
de cunho político disfarçadas em metáforas e ironias.

Canções como ‘Música Urbana’, ‘Índios’, ‘Tédio’ e ‘Até Quando Esperar’,


clássicos dos anos 1980, são dignas representantes desse movimento, que teve
impacto similar na cultura brasileira ao obtido pelo Heavy Metal na Grã-Bretanha.

Considerando esse prisma e a importância do trabalho de Cadwallader, este


trabalho levanta a possibilidade da efetuação de uma versão adaptada à realidade
brasileira para comparar, confrontar e, possivelmente, corroborar os dados obtidos
pelo pesquisador britânico, possibilitando inclusive uma validação destes.

Numa eventual versão nacional desse questionário, haveria a possibilidade de


encontrar, igualmente, padrões de interesse musical entre jovens com altas
habilidades e verificar se estes influenciam, de alguma forma, nas atividades e na
condição destes jovens. Além disso, será possível encontrar resultados semelhantes
aos de Cadwallader em diferentes prismas, como por exemplo:
54

 Encontrar um comum interesse por Heavy Metal entre os estilos preferidos;

 Encontrar um estilo nacional ou regional ressaltado entre os estilos preferidos;

 Não encontrar um padrão relevante de interesse musical entre os jovens com


altas habilidades;

 Não encontrar grande interesse por música nos jovens pesquisados.

Essa versão nacional da pesquisa, inclusive, traria a possibilidade de


estimulação e interesse nos pesquisadores da atualidade em se aprofundar nesse
campo de investigação, levando-os a novas descobertas que podem elucidar muitas
das dúvidas que se tem a respeito da potencialidade da música enquanto terapia ou
ferramenta para desenvolvimento de habilidades nos indivíduos e contribuindo
imensamente com os conhecimentos da comunidade científica mundial, enaltecendo
o nome do Brasil no exterior pelo possível pioneirismo na área.
55

8 Conclusão

O pesquisador conclui que esse trabalho de análise documental sobre a obra


de Stuart Cadwallader é esclarecedora no que confere conhecimentos sobre áreas,
a princípio, distantes, mas que convergem para um interessante e intrigante ponto
comum. É curioso como a música e as altas habilidades cognitivas do ser humano
se entrelaçam em determinado momento de suas vidas, traçando padrões de
comportamento e pensamento que se destacam do padrão social que se encontra
ao redor, com grande frequência. Todos os grandes gênios da música são
considerados, não só pelos estudiosos de música dos dias atuais, mas por
historiadores inclusive, pessoas com grande capacidade intelectual, refletida
constantemente em suas obras, muitas de alto grau de complexidade e tidas como
de difícil execução por músicos experientes de nossa época.

Este trabalho contribuiu incomensuravelmente para os conhecimentos do


pesquisador, seja sobre a história da música – da qual se sabia pouco até a
presente pesquisa, especialmente acerca dos povos da antiguidade –, seja sobre
autorealização e altas habilidades, duas temáticas com as quais se identifica desde
sempre mas nunca se viu motivado o suficiente para se aprofundar nas mesmas.
Considerado desde a infância como apresentando resultados acima dos esperados
em grande parte das atividades, comparando-se com outros indivíduos da mesma
idade, e sendo desde sempre grande apreciador de músicas de diversos gêneros e
estilos – inclusive sendo instrumentista desde os quatorze anos de idade – o
pesquisador se identificou com o conteúdo encontrado por diversas vezes e, apesar
da dificuldade em conciliar a presente pesquisa com outras demandas de diversos
campos de sua vida social e acadêmica, pode se dizer satisfeito com os resultados
obtidos até o momento, já ansioso para empreitar novas pesquisas nas referidas
áreas e, caso possível, trabalhar com pesquisadores desse campo de conhecimento
num futuro próximo, incluindo o próprio Cadwallader, a quem ele é muito grato pela
contribuição feita de bom grado.

Na esperança de que este trabalho não seja em vão e que possa referenciar,
orientar e incentivar novas pesquisas, o pesquisador conclui que este campo – da
música e seu uso na psicologia – é amplo e permite muitas possibilidades de
56

pesquisa e informação, sendo uma ferramenta potencial para uma melhoria na


qualidade de vida do ser humano como um todo, sendo este trabalho um legado
deixado para a posteridade. ASASASASASASASASASASASASSASASASAS
57

REFERÊNCIAS

ABREU, Z. H. L. A. A Motivação do Agir Humano. Revista Eletrônica da Faculdade


de Santos Dumont. Santos Dumont, 1ª ed, p. 1-11. 14 mar. 2010. Disponível em:
<http://www.fsd.edu.br/revista eletronica/artigos/artigo4.pdf>. Acesso em: 22 mai.
2012, 00:47:26.

ALALEONA, Domingos. História da música desde a Antiguidade até nossos


dias. Tradução de João C. Caldeira Filho. São Paulo: Edições Ricordi, 1978.

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Oxford: Westview Press. 1996.

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(ABAHSD). Quem são as pessoas com altas habilidades? Disponível em:
<http://www.altashabilidades.com.br>. Acesso em: 22 mai. 2012, 00:36:52.

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música. Cadernos de música da Universidade de Cambridge. Rio de Janeiro: Ed.
Jorge Zahar, 1986.

BOEREE, C. G. Abraham Maslow. p.1-12, 2001. Disponível em:


<http://webspace.ship.edu/cgboer/maslow.html>. Acesso em: 22 mai. 2012,
00:22:44.

CADWALLADER, S. M. Occasional Paper: The Darker Side of Bright Students,


Gifted and Talented Heavy Metal Fans. Online Version. April 2007

HANSEN, C. H., & HANSEN, R. D. Constructing personality and social reality


through music: Individual differences among fans. Journal of Broadcasting &
Electronic Media, Vol. 35, Nº. 3, p. 335-350. 1991.

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MABILLE, V. Como despertar para a vida dos nossos filhos. Editora: Coimbra,
1990.
58

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1968.

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pós-natal. Centro de Especialização de Fonoaudiologia Clínica, 1999.

MUJIS, D. Self, School and Media. Leuven: Catholic University of Leuven. 1997.

NORTHERN, J.L., DOWNS, M.P. Audição em crianças. São Paulo: Ed. Manole
Ltda, 1989.

RODRIGUES, A. J. Metodologia Científica. São Paulo: Avercamp, 2006.

SEVERINO, A. J. Metodologia do Trabalho científico, 23. ed. São Paulo. Cortez,


2007.

VIRGOLIM, A. M. R. Altas Habilidades/Superdotação – Encorajando Potenciais.


Ministério da Educação: Secretaria de Educação Especial. Brasília, 2007.
59

ANEXO 1 – TRILHA SONORA UTILIZADA PARA A COMPOSIÇÃO DESSE


TRABALHO

BANDA / ARTISTA MÚSICA, ALBUM (ANO)

Todas, Angel Down (2007);


Sebastian Bach
Todas, Kicking & Screaming (2011).

Todas, The Sickness (2000);


Disturbed
Todas, Believe (2002).

Todas, Chocolate Starfish And The


Limp Bizkit Hotdog Flavored Water (2000);

Todas, Gold Cobra (2011).

Come Clean, Sonik Revenge (2012);


The Mayhemindz If You Were True, Sonik Revenge
(2012).

Todas, Requiem em D-Moll K626,


(n/d);
Wolfgang Amadeus Mozart
Todas, Sinfonia nº 40 em Sol Menor
KV550, (n/d).

Todas, Nightfall (1987);


Candlemass
Todas, Death Magic Doom (2009).

Morten Harket Todas, Vogts Villa (1996).

Todas, The Best Of (1988);


Johnny Cash Todas, With His Hot Blue Guitar
(1957).

Interpol Todas, Antics (2004).

Todas, Horror Wrestling (1998);


Drain STH
Todas, Freaks Of Nature (1999).

Electrical Storm, Electrical Storm


U2
[single] (2002).
60

Todas, All Eternity (1999);

To/Die/For Todas, Jaded (2003);

Todas, IV (2005).

A Girl Like You, A Girl Like You


Edwin Collins
[single] (1995).

The Cure Burn, The Crow [OST] (1994).

Voyage Voyage, Voyage Voyage


Desireless
[single] (1986).

Todas, Hearts For Bullets (2008);


Ayria
Todas, Planet Parkin (2008).

Weezer Todas, Make Believe (2005).

Viper Todas, Theatre Of Fate (1989).

Open Chequebook, Open


Maya von Doll
Chequebook [single] (2012).

Todas, Charango (2002);

Morcheeba Todas, Dive Deep (2008);

Todas, Blood Like Lemonade (2010).

Todas, Candyass (1995);

Orgy Todas, Vapor Transmission (2000);

Todas, Punk Statik Paranoia (2005).

Todas, Rett Fra Hjertet (2005);

Todas, Fire Vegger (2008);


Karpe Diem Todas, Aldri Solgt En Løgn (2010);

Todas, Kors På Halsen, Ti Kniver I


Hjertet, Mor Og Far I Døden (2012).

Todas, Hewers Of Wood And Drawers


Kiss The Anus Of A Black Cat
Of Water (2010).

Doctor Midnight & The Mercy Cult Todas, I Declare Treason (2011).
61

Todas, Gigahearts (2006);

Dope Stars Inc. Todas, Make A Star (2006);

Todas, Ultrawired (2012).

Todas, Out For Blood (2008);


PeepShow
Todas, Brand New Breed (2012).

Pitty Todas, Admiravel Chip Novo (2003).

Massive Töne Todas, MT3 (2002).

Madrugada Todas, Industrial Silence (1999).

Todas, Total (1994);

Seigmen Todas, Metropolis (1995);

Todas, Monument (1999).

Todas, Counterfeit [EP] (1989);


Martin L. Gore
Todas, Counterfeit² (2003).

Dave Gahan Todas, Hourglass (2007).

Todas, Facelift (1990);


Alice In Chains
Todas, Dirt (1992).

Todas, Holy Land (1996);

Todas, Fireworks (1998);

Angra Todas, Temple Of Shadows (2004);

Todas, Aurora Consurgens (2006);

Todas, Aqua (2009)

Bedemon Todas, Symphony Of Shadows (2012)

The Weeknd Todas, House Of Balloons (2011).

Stabbing Westward Todas, Darkest Days (1998)

Todas, Machine (2001);


Static-X
Todas, Shadow Zone (2003);
62

Todas, Cannibal (2007).

Postgirobygget Todas, Best Av Alt (2003).

Todas, Prologue (1972);


Renaissance Todas, A Song For All Seasons
(1978).

Todas, The Bed Is In The Ocean


Karate
(1998).

A Song For The Week, Promo [EP]


ToxicRose
(2012).

Selena Gomez Todas, Kiss & Tell (2008).

Todas, A Year Without Rain (2010);


Selena Gomez & The Scene Todas, When The Sun Goes Down
(2011).

Todas, Skambankt! (2004);

Skambankt Todas, Eliksir (2007);

Todas, Hardt Regn (2009).

Todas, Menschenbrecher (2003);


Terminal Choice
Todas, Übermacht (2010).

Todas, The Understanding (2005);


Röyksopp
Todas, Junior (2009).

Michael Monroe Got Blood, Sensory Overdrive (2011).

Todas, 200 Po Vstrechnoy (2001);


t.A.T.u.
Todas, The Best (2006).

Todas, 6.66 – Satan’s Child (2000);

Todas, 777 I Luciferi (2002);


Danzig
Todas, Circle Of Snakes (2006);

Todas, Deth Red Sabaoth (2010).


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Todas, The Best Of Buddy Holly


Buddy Holly
(1999).

Chromeo Todas, Business Casual (2010).

Pet Shop Boys Todas, Bilingual (1997).

Darkstar Todas, North (2010).

Elbow Todas, The Seldom Seen Kid (2008).

David Bowie Todas, Let’s Dance (1983).

Todas, Hot Cars And Spent


Contraceptives (1992);

Todas, Helta Skelta (1993);

Todas, Never Is Forever (1994);

Turbonegro Todas, Ass Cobra (1996);

Todas, Scandinavian Leather (2003);

Todas, Party Animals (2005);

Todas, Retox (2007);

Todas, Sexual Harassment (2012).


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