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RESUMO
O presente artigo descreve a aplicação de uma oficina educativa intitulada M.I.A - Mammalia
Investigação Animal- realizadano Jardim Zoológico de Brasília, Distrito Federal. Esta
consistiu numa atividade prática, no qual foi explanada a temática de mamíferos, adotando-se
a utilização de uma estratégia investigativa. Participaramda ação 10 alunos que cursavam a 1ª
série do Ensino Médio e que integravam o projeto de Iniciação Científica Júnior da
Universidade de Brasília.Para avaliar a aceitação das atividadesforam utilizados
questionáriose anotações no diário de bordo.Os dados obtidos salientam que a construção do
pensamento crítico e a elucidação do conhecimento científico podem ser estabelecidas fora do
espaço escolar, o que fortifica o processo da aprendizagem significativa.
Introdução
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Zootorna-se muito válido. Entretanto, o professor necessita traçar estratégias de ensino que
explore este ambiente de forma adequada, ou seja, que sejam promovidas atividades que
envolvam o campo visual, gestual, oral e escrito do aluno, contribuindo para o
desenvolvimentodo pensamento crítico, bem como da assimilação conteúdo em níveis
teóricos e práticos.
Sendo assim, visitas realizadas fora do espaço formal de ensino devem ser bem
planejadas e precisam seguir um roteiro, com objetivos pedagógicos a serem atingidos, e com
atividades bem elaboradas. Além disso, os professores devem dar continuidade ao trabalho
desenvolvido fora da escola, para que assim o conhecimento adquirido nas visitas a museus e
parques, não venham perder o seu significado. Nesse sentido Silva et al., (2010, p. 256) fazem
uma ressalva “as visitas não podem se transformar numa atividade de passeio, ou de simples
curiosidade do professor e dos alunos. Faz-se necessário um planejamento anterior, no
objetivo de orientar as atividades dos alunos durante e após a visitação”.
Mediante ao exposto, o presente trabalho teve como objetivo analisar a aplicação de
uma oficina no Jardim Zoológico de Brasília, dotada de um caráter investigativo, cuja
temática abordada foi o ensino de mamíferos.Buscou-se ainda evidenciar as possibilidades
existentes para desenvolver uma atividade educativa, que estimule o pensamento crítico e
criativo do aluno, em um espaço fora do ambiente escolar.
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Para que a estratégia possa atingir seus objetivos educacionais enquanto atividade
pedagógica, torna-se necessário que o professor realize a mediação do processo de
construçãodo conhecimento dos educandos. Este deve lançar o problema, de modo a incitar o
aluno na busca por respostas e/ou resolução de algum impasse exposto (AZEVEDO, 2004).
Esta premissa é destacada ainda por Carvalho et al. (1998), quando este aponta a influência do
professor em atividades que expressem características investigativas. Segundo este autor os
problemas a serem solucionados são apresentados pelo professor de modo que, os alunos
possam desenvolver ideias, oportunizando caminhos para reflexão e métodos colaborativos,
no qual os alunos unem-se a fim de levantar soluções para a empreitada apresentada.
Zompero e Laburú (2010) apontam alguns atributos passíveis de serem observados no
roteiro de atividade investigativa, que apresentam ampla correlação com a busca por uma
aprendizagem significativa, sendo eles: a) a existência de um problema a ser investigado; b) a
emissão de hipóteses pelos alunos; c) a percepção de evidências; d) o engajamento dos
estudantes; e d) conclusão e divulgação dos resultados obtidos. Mediante as características
apresentadas, torna-se possível potencializar a realidade dos estudantes, sendo plausível dar
significado as problemáticas lançadas, fomentado o processo de construção do conhecimento
científico.
Há que se considerar ainda que no ensino investigativo faz-se necessário “a
explicitação dos conhecimentos prévios disponíveis sobre a atividade, sem os quais se torna
impossível a sua realização” (FERREIRA, HARTWIG, OLIVEIRA, 2010, p. 105). Desse
modo, o professor deve mediar a formulação e reformulação de conceitos com uma
explanação introdutória do assunto, possibilitando aos alunos articular os conhecimentos
prévios às novas informações que vão sendo apresentadas (POZO, 1998).
Para alavancar o processo de aprendizagem significativa, temos que compreender que
esta se correlaciona com o conhecimento teórico e prático que está imerso diretamente na vida
do aluno. Para que haja um sentido daquilo que está sendo discutido em sala são necessários o
uso de diversos recursos que possam potencializar o aprendizado, facilitando sua construção.
Conforme Ausubelet al., (1980) as informações que são expressas simbolicamente estão
relacionadas ao acervo de informações já contidas na bagagem conceitual de cada aluno.
Desse modo, esses conceitos prévios são indispensáveis e fornecem base para a reelaboração
e reestruturação de novos conceitos. Daí nota-se a sua importância no ato de planejar
propostas de cunho investigativo.
Para que a estratégia de investigação possa ter significado, é indispensável que o
professor tenha domínio do assunto, de modo que seu conhecimento não esteja limitado a
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Delineamento Metodológico
O presente estudopossui abordagemqualitativa, que de acordo com Godoy (1995) é
construído a partir de um conjunto de características e essências, tais como estilo descritivo,
pesquisador como instrumento fundamental, e ambiente natural. Para tanto,caracteriza-se
como uma pesquisa participante, uma vez que os pesquisadores envolvidos ministraram a aula
e coletaram os dados. Segundo Gil (1999) a pesquisa participante implica necessariamente na
participação do pesquisador no contexto que está a estudar. Somadas as concepções de Rocha
(2004, p. 4) “o propósito desse tipo de pesquisa é trabalhar na perspectiva da práxis assim
como, da inserção da ciência popular na produção do conhecimento científico”.
A presente proposta pedagógica planejada e aplicada no formato de oficina contou
com a participação de 10 alunos que cursavam a 1ª série do Ensino Médio e que integravam o
projeto de Iniciação Científica Júnior da Universidade de Brasília no primeiro semestre do
ano de 2015 – sendo a oficina aplicada no presente período - projeto este desenvolvido no
campus da UnB de Planaltina, localizado a aproximadamente 38 km de Brasília, capital do
Distrito Federal.
A atividade investigativa foi aplicada em um único dia e teve uma duração de
aproximadamente 3 horas. Sendo esta organizada em etapas investigativas: i) percurso de ida
ao Zoo - durante a ida ao Zoológico em um trajeto que durou, aproximadamente60 minutos,
os alunos foram divididos em dois grupos denominados Zoo e Lógico - contendo cinco
componentes cada - e foram submetidos a um questionário (pré-teste) para identificar os
conhecimentos prévios dos estudantes acerca da temática de mamíferos. Após essa divisão, o
conteúdo foi explanado mediante a utilização de imagens, modelos e um vídeo de curta
metragem utilizado para explanar as principais características dos mamíferos; ii) nos
bastidores da missão: ilustrando a problemática a ser desvendada - na chegada ao Zoo foi
contada aos alunos uma situação problema que envolvia dois animais de espécies diferentes
da classe dos mamíferos e que se encontravam desaparecidos, foi utilizado um personagem
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para dar ênfase nas histórias, cujo nome era Fenel. A primeira história dava pista para o grupo
identificar um dos animais, sendo ele o mico-leão-dourado e a outra para identificar o homem,
conforme pode ser observado no trecho abaixo:
“Preparem-se para a missão secreta MIA (Mammalia Investigação Animal). Grupo Zoo tenho uma missão
importante e em nível mundial para vocês. “Um mamífero que está quase sendo extinto desapareceu, mas eu
recebi um informe dizendo que os sensores do Zoológico de Brasília haviam detectado a presença deste
animal. Encontrá-lo é de extrema importância para o equilíbrio ecológico mundial. Eles se movem muito
rápido e não conseguimos acompanhá-los. Triste... mas, eles felizmente deixaram pistas em todo o
zoológico. Sigam estas pistas e me ajudem a encontrar esses animais. Vocês estarão acompanhados por dois
agentes (cada grupo) e poderão pedir ajuda do Hint Máster (pesquisador expert em mamíferos) a qualquer
momento que tiverem dúvidas. Ah!! Sim, é claro ... Esse é o kit explorador, ele contém luvas, lupas, pá,
caderneta, e lápis.Lembrem-se, antes de iniciar vocês precisam achar o mapa de cada grupo para facilitar a
trilha. Agora, sem mais delongas, podem começar. Boa sorte a todos!”. A segunda história era a mesma,
contendo apenas uma frase diferente no lugar de “Um mamífero que está quase sendo extinto desapareceu”
sendo esta “Um mamífero muito importante no mundo inteiro desapareceu”.
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Resultados e Discussão
Após a coleta de dados, feita por meio de questionário e anotações no diário de bordo
foi realizada uma análise qualitativa dos dados obtidos com a participação dos alunos na
oficina.No pré-teste, ficou perceptível por meio das respostas fornecidas, que o conteúdo não
é trabalhado com detalhes científicos no contexto escolar, ou seja, o conhecimento prévio
mostrado indica informações comuns, sem caráter histórico-evolutivo e morfológico. Estas
respostas evidenciam um trabalho escolar marcado pela memorização e ausência da
construçãodo conhecimento frente ao conteúdo. Diante deste fato Vasconcelos e Souto (2003,
p. 94) apontam que “ao formular atividades que não contemplam a realidade imediata dos
alunos, perpetua-se o distanciamento entre os objetivos do recurso em questão e o produto
final”. Sendo assim, observa-se uma preocupação com a memorização de conteúdos
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Considerações Finais
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disso, foi possível observar que os alunos sentiram-se motivados e aguçados, questionando e
discutindo assuntos além daqueles que foram abordados.
Por fim, não podemos deixar de salientar ainda que práticas bem estabelecidas fora do
contexto escolar assumem um papel importante na desmistificação de lugares públicos (como
o caso do zoológico) apenas como espaços de diversão e visitas. Além do que, com atividades
bem orientadas, formuladas e planejadas é possível estabelecer uma ampla troca de
conhecimento e aprendizagens, tornando o processo educativo mais prazeroso e dotado de
maior significado para os alunos.
Referências
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