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Caderno de Direito Civil – Cristiano Chaves de Farias

1 LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO

É uma lei de introdução a toda e qualquer norma, código sobre normas, norma
de como se elabora, se interpreta e se aplica toda e qualquer norma, lei sobre
leis.

Estrutura da LINDB:
Vigência das Normas Art. 1º e 2º
Obrigatoriedade das Normas Art. 3º
Integração das Normas Art. 4º
Interpretação das Normas Art. 5º
Aplicação da Norma no Tempo Art. 6º
Aplicação da Norma no Tempo no Art. 7º ao 18
Espaço (Direito Internacional Privado)

1.1 Vigência da Norma Legal


Com a promulgação a Lei existe, mas não tem aplicabilidade. Após promulgação
vem a publicação e daí o vacatio legis.

A vigência de uma lei só é alcançada após a vacatio legis.

Toda Lei precisa de vacatio legis art. 8º LC 95/98.

A vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a contemplar prazo


razoável para que dela se tenha amplo conhecimento, reservada a cláusula
"entra em vigor na data de sua publicação" para as leis de pequena repercussão.

§ 2º As leis que estabeleçam período de vacância deverão utilizar a cláusula


‘esta lei entra em vigor após decorridos (o número de) dias de sua publicação
oficial’”

Apenas as leis de pequena repercussão podem entrar em vigor na data da sua


publicação.

Se o legislador não estabelecer o período de vacatio legis, utiliza-se a LINDB:


Art. 1º “Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país
quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada.
§ 1º Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando
admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada.
§ 2º (Revogado pela Lei nº 12.036, de 2009).

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§ 3º Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto,
destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará
a correr da nova publicação.
§ 4º As correções texto de lei já em vigor consideram- se lei nova.

Ordinariamente, os prazos do direito são computados de acordo com o art. 132,


CC:
Prazos em mês/ano Data a data.
Prazos em dias Dia a dia, excluindo o primeiro e
incluindo o último
Meado do mês É sempre o dia 15.

Entretanto, a vacatio legis possui regra própria para o computo dos prazos,
contido no § 1º do Art. 8º da LC 95/98:

§ 1º A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam


período de vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último
dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua consumação integral.

Esse critério só servirá para a contagem dos prazos estipulados em dias.


Se o prazo estiver em mês ou ano se conta de data a data e entra em vigor
imediatamente (entendimento majoritário). Mas é um tema polêmico.

Uma lei em período de vacatio legis só pode ser modificada por outra Lei.

O período de vacatio legis recomeça a contar, mas apenas para a parte que foi
modificada.

Se a lei já cumpriu sua vacatio legis e está em vigor, apenas poderá ser
modificado por Lei nova, mesmo que erros materiais.

Princípio da Continuidade das Normas: salvo as leis que nasceram com


vigência previamente definida, toda e qualquer Lei nasce para perdurar – Art. 2º,
LINDB.

Revogação expressa: quando a lei nova faz menção sobre a revogação.


Revogação tácita: incompatível ou regule inteiramente a matéria.

A revogação será preferencialmente expressa:


LC 95/98, art. 9º: “A cláusula de revogação deverá enumerar, expressamente,
as leis ou disposições legais revogadas.”

Atenção para o § 2º do art. 2º, LINDB – Lei novas que estabeleça disposições
ao lado/a par das já existentes, não revoga nem modifica.
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Revogação total Ab-rogação.
Revogação parcial Derrogação.

Repristinação da Lei: proibido no ordenamento jurídico brasileiro – art. 2º, § 3º.

Lei A é revogada pela Lei B, após, vem a Lei C revogando a B, restauraria a Lei
A? NÃO!

Admite-se apenas os efeitos repristinatórios quando houver expressa disposição


nesse sentido.

Efeitos repristinatórios no controle de constitucionalidade concentrado – art. 27,


Lei 9.868 – quando houver a declaração de inconstitucionalidade da lei
revogadora, é como se ela nunca tivesse existido, significa que ela não produziu
efeitos, então ela não revogou a lei, cessando a sua revogação.
Permite a modulação dos efeitos da decisão em controle de constitucionalidade,
razão pela qual o tribunal pode declarar que a produção dos efeitos da
inconstitucionalidade será da decisão para frente.

1.2 Obrigatoriedade das Normas – Art. 3º, LINDB


Presunção relativa de conhecimento geral de todas as leis.

É possível alegar erro de fato e de direito, excepcionalmente:


Ex: Casamento putativo (art. 1.561, CC) – casamento nulo ou anulável celebrado
de boa-fé: casou com a irmã sem saber que era irmã = Gera efeitos.
Ex: Sabia que era irmã, mas não sabia que era proibido casar com a irmã.

CC, art. 139: “O erro é substancial quando: (...) III - sendo de direito e não
implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio
jurídico.”

Ex: pessoa comprar terreno e quando vai na Prefeitura retirar alvará para
construir é impedida, pois existe Lei Municipal impedindo de construir nessa
área. Comprador ingressou com ação de anulação de compra e venda, alegando
que se soubesse não teria comprado. Tribunal acatou a alegação.

Leis cogentes: não podem ser modificadas pela vontade das partes.
Leis dispositivas: permite que as partes modificar seu conteúdo – art. 490, CC.

1.3 Integração da Norma Jurídica


Preenchimento das lacunas pela analogia, costumes e princípios gerais do
direito.

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Vedação ao non liquit: o Juiz não pode se recusar a julgar alegando ausência ou
desconhecimento de Lei.

Analogia: compara-se uma situação não prevista em lei com outra situação
tratada em Lei.
Analogia legis: quando se compara uma situação não tratada em lei com outra
situação tratada em lei especifica.
Analogia Juris: quando se compara uma situação não tratada em lei com o
sistema jurídico como um todo.

Exemplo art. 499, CC – por analogia legis, aplica-se na compra e venda entre
companheiros em união estável.

No direito penal e tributário só se admite analogia in bonam partem, para


favorecer o réu/contribuinte.

Costumes: usos prolongados de um determinado lugar.


Costumes secundum legen: quando a própria lei manda usar os costumes.
Costumes contra legen: abuso de direito, além da lei, contra a lei, ato ilícito.
Costumes praeter legem: mecanismo de integração, a lei não manda, mas não
vai contra a lei.

Princípios gerais do Direito: não lesar a ninguém, dar a cada um o que é seu e
viver honestamente.

Não se confundem princípios gerais e princípios fundamentais.


Princípios Gerais Princípios Fundamentais
São meramente informativos, servem Tem forma normativa, previstos na
como regra de desempate. norma.

Equidade é aquilo que é justo, bom, que está no meio. Muito subjetivo.
Só pode ser utilizada quando houver expressa autorização na Lei.
A admissibilidade excepcional do uso da equidade.
A equidade judicial como método integrativo excepcional, em verdade
substitutivo (CLT 8º). A equidade legal (CF 194, Parágrafo Único, V, CC 944 e
413 – STJ, REsp.48.176/SP).

Exemplo: Processos de Jurisdição voluntária é permitido o Magistrado decidir


por equidade.
Importante – Art. 944 e 413, CC, muita atenção – Equidade.
Art. 944: A indenização mede-se pela extensão do dano.

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Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da
culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização.
art. 413: A penalidade deve ser reduzida equitativamente pelo juiz se a
obrigação principal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da
penalidade for manifestamente excessivo, tendo-se em vista a natureza e a
finalidade do negócio.

1.4 Interpretação da Norma Jurídica – Art. 5º, LINDB


Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às
exigências do bem comum.

Toda interpretação deve respeitar os fins sociais a que se dirige a norma (STJ,
REsp.41.110/SP).

Interpretação Ampliativa: quando se amplia o sentido da norma. Ex: direitos


fundamentais (CC 114, CC 819 e CCom 257 e STJ 214).
Interpretação restritiva: Fiança, aval, renúncia, privilégio
Interpretação declarativa: normas de direito administrativo.

1.5 Aplicação da Norma no Tempo – Art. 6º, LINDB


Irretroatividade da Lei: a lei nova se aplica aos fatos pendentes e futuros, mas
não pode se aplicar aos fatos pretéritos, a lei nova terá efeito imediato geral,
salvo expressa disposição em sentido retroativo.

Ato jurídico perfeito: É aquele que já exauriu seus efeitos, não está mais
pendente, já não produz efeitos.

Direito adquirido é aquele que já se incorporou ao patrimônio do titular, conceito


patrimonial, não há direito adquirido em situação jurídica existencial, sempre
patrimonial.

STF vem entendo que não há direito adquirido em face do texto constitucional,
seja o poder constituinte originário ou derivado. Nova ordem constitucional pode
modificar os direitos adquiridos. (a relativização da coisa julgada: STJ,
REsp.226.436/PR).

Coisa julgada é a qualidade que reveste os efeitos de uma decisão judicial


contra a qual não cabe mais recurso.

STF e STJ estão flexibilizando/mitigando a coisa julga nas ações filiatórias,


investigação de paternidade pode ser reproposta com base em prova nova.

Regra Geral Exceção

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É possível a flexibilização da coisa
Não se admite o ajuizamento de nova
julgada material nas ações de ação para comprovar a paternidade
investigação de paternidade, na mediante a utilização de exame de
situação em que o pedido foi julgado
DNA em caso no qual o pedido
improcedente por falta de prova. anterior foi julgado improcedente com
base em prova pericial produzida de
acordo com a tecnologia então
disponível.
Quarta Turma. AgRg no REsp 929.773-RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti,
julgado em 6/12/2012. REsp 1.223.610-RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti,
julgado em 6/12/2012.

Investigação de paternidade e novo DNA caso o primeiro tenha sido


inconclusivo
O resultado inconclusivo do laudo ocorreu devido ao fato de que o material
biológico do morto já tinha sofrido degradação. No entanto, o perito ressalvou
que a conclusão sobre a paternidade poderia ser conseguida se um novo
exame fosse feito com materiais genéticos coletados de descendentes ou
colaterais do falecido. Isso cria expectativa e confiança no jurisdicionado de
que outro exame de DNA será realizado, em razão da segurança jurídica e da
devida prestação jurisdicional.

Para o Min. Luis Felipe Salomão, é possível falarmos até mesmo que houve a
preclusão para o juiz sobre a pertinência da prova já que deferiu, ao deferir a
realização do exame de DNA, conferiu aos demandantes um direito à produção
daquela prova específica, não podendo agora voltar atrás e desconsiderar a sua
importância.
Portanto, uma vez deferida a produção da prova genética, seria mais razoável
que o magistrado determinasse o seu refazimento com o novo material fornecido
pela filha do falecido

Artigo 2.035, CC: A validade dos negócios e demais atos jurídicos, constituídos
antes da entrada em vigor deste Código, obedece ao disposto nas leis
anteriores, referidas no art. 2.045, mas os seus efeitos, produzidos após a
vigência deste Código, aos preceitos dele se subordinam, salvo se houver sido
prevista pelas partes determinada forma de execução.

Situação jurídica de trato sucessivo.


Existência e validade: ficam submetidas a norma do tempo da celebração.

Eficácia: fica submetida a norma atualmente em vigor.

Pessoas casadas no Código anterior que não permitia a mudança do regime de


bens? A mudança do regime de bens está no plano da eficácia, essa se
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submete a norma atualmente em vigor, então elas podem mudar seu regime
de bens.

1.6 Aplicação da Norma no Espaço

Regra Gera Exceções


Territorialidade – no território Territorialidade mitigada/moderada –
brasileiro só se aplica a lei do Brasil. excepcionalmente admite-se a
aplicação da lei brasileira fora do
brasil ou a lei estrangeira no Brasil.

1ª Exceção – estatuto pessoal: norma do domicilio da pessoa (não aonde


nasceu, mas aonde está domiciliada) casos de nome, capacidade,
personalidade e direito de família.

Em respeito à soberania do Brasil é feita uma filtragem constitucional para ver


se o ordenamento possui compatibilidade com o estatuto pessoal – Exemplo:
árabe que invoca o estatuto pessoal para casar no Brasil com mais de uma
mulher – VEDADO.

2ª Exceção – Exceções específicas: fogem à regra da norma do domicilio da


pessoa: bens imóveis (aplica-se a lei do lugar que estiver situado), bens móveis,
lugar dos contratos e lei sucessória mais favorável.

Laudo Arbitral, Cartas rogatórias e decisões estrangeiras podem ser cumpridas


no Brasil, a partir do exequatur no STJ.

Requisitos para a homologação de decisão estrangeira: trânsito em julgado.


Súmula 420 STF: Não se homologa sentença proferida no estrangeiro sem
prova do trânsito em julgado.

ATENÇÃO!!! – Se a dívida de jogo for contraída em país que permite a execução


de dívida de jogo, ela pode ser executada no Brasil. Nossa legislação proíbe
dívida de jogo contraída no BRASIL.

2 INTRODUÇÃO AO DIREITO CIVIL E DIREITO CIVIL


CONSTITUCIONAL

2.1 Evolução do Direito Civil

Do Direito Romano até a Revolução Francesa: divisão do Direito em Civil e


Penal – Tudo que não fosse Direito Penal era Direito Civil, o qual abrangia as
mais diversas áreas, como Empresarial, Processual, Administrativo;

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Revolução Francesa (Code de France, 1804): divisão do Direito em Público e
Privado – Burguesia queria a não intervenção do Estado nos contratos (pacta
sunt servanda) e a garantia da propriedade privada – Napoleão, ao chegar ao
poder, atendeu as reivindicações da Burguesia, mas em contrapartida
estabeleceu o Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o Privado,
mas onde não tiverem interesse Estatal, o interesse é privado e se aplicam-se
suas regras. Valores – Individualismo e patrimonialismo.

Constituição Imperial e o Direito Civil


O Código Civil de 1916 e a estrutura do Direito Civil: parte geral e parte
especial.
A neutralidade e indiferença das Constituições brasileiras em relação ao Direito
Civil
Pulverização das relações privadas e perda da referência (o ocaso da
codificação)

Constitucionalização é a interpretação do Direito Civil de acordo com os valores


da Constituição.
Publicização do Direito Civil/Dirigismo contratual é a presença do estado em uma
relação privada com a intenção de consagrar a igualdade das partes – Ex
Agências Reguladoras.

Tábua axiológica da Constituição de 88 - Dignidade da Pessoa humana,


liberdade, igualdade substancial e solidariedade social.

O Direito Civil está mudando seu paradigma do “Código” para se fundamentar


na Constituição.

Valores/Paradigmas do Código Civil 2002


Eticidade – Comportamento ético – boa-fé objetiva.
Operabilidade – Facilidade, os direitos devem ser de fácil acesso – distinção
entre prescrição e decadência.
Socialidade – Função social – função social dos contratos.

Os direitos e garantias fundamentais incidem sobre as relações privadas –


eficácia horizontal dos direitos sociais – art. 1336, § 2º e 1337, CC – devido
processo legal, ampla defesa, contraditório – Caso Geisy Arruda e associações
dos compositores.

Súmula STJ 302: É abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que limita
no tempo a internação hospitalar do segurado.
Súmula STJ 364: O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange
também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas.

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2.2 Eficácia dos Tratos e Convenções Internacionais sobre as
relações privadas.

Tratados internacionais que não versam sobre direitos humanos:


prevalência da norma especial interna. Ex: afastamento da Convenção de
Varsóvia para aplicação do CDC, STJ, REsp. 169.000/RJ.

Tratados internacionais que versam sobre direitos humanos e forma


aprovados na forma da EC 45 (2 turnos com maioria de 3/5) – Status de
Emenda Constitucional: Convenção de Nova Iorque (Decreto Legislativo 186/08)
– Ganhou concretude com o Estatuto da Pessoa com Deficiência.

Tratados e convenções internacionais que versam sobre direitos humanos,


mas não foram aprovados na forma da EC 45. A eficácia supralegal das
normas do Direito Civil (STF, RE 466.343/SP e STF, HC 87.585/TO). – Pacto de
São José da Costa Rica – não podem ser incorporados em sede constitucional
e não merecem o limbo da norma infraconstitucional – Acima das Leis
infraconstitucionais, mas abaixo da Constituição.

Prevalência do Pacto sobre o Código Civil (Norma Supralegal x


infraconstitucional)
Súmula Vinculante STF 25: “é ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer
que seja a modalidade do depósito”. Revogação da súmula 619, stf.

A Constituição permite a prisão do depositário infiel, na forma da Lei, que era


regulamentada pelo Código Civil, mas o Pacto, que declara ser ilícita a prisão,
está acima do CC, uma vez que é norma supralegal e o CC é norma
infraconstitucional. – A prisão é compatível com a Constituição, mas é ilícita.

Interpretação das Normas do Direito Civil e a possibilidade de diálogo das fontes.


Em regra, norma especial afasta lei geral (princípio da especialidade).
Aplicação da norma mais protetiva ao sujeito de direito mesmo que ela esteja na
norma geral. Exemplo – Vícios redibitórios CDC art 26/27 – Prazo de 30 dias;
CC art. 445, § 1º, pode ser de 180 dias a 1 ano – pode ser mais favorável em
vicio de difícil constatação.

Interpretação do Direito Civil: regras e Princípios


Norma Jurídica = Norma Princípio + Norma Regra
Todo princípio tem forma normativa, também vincula, norma aberta, conteúdo
casuístico, valorativa. Art. 442, CC
Regras são normas, mas de conteúdo fechado, solução apriorística, descritiva.
Art. 448, CC

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Colisão regra x princípio: aplica-se a regra por ser especifica, salvo se ela for
incompatível com o princípio (controle de validade). Toda regra nasce de um
princípio.

Princípio x Princípio: ponderação de interesses.

STJ, REsp.226.436/PR (relativização da coisa julgada na ação de


reconhecimento de filhos).

Súmula STJ 309: O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante
é o que compreende as três prestações anteriores ao ajuizamento da
execução e as que se vencerem no curso do processo. (art. 528, NCPC).

Regra x Regra: princípio da especialidade, salvo hipótese do dialogo das fontes.

Derrotabilidade (defeseability) da norma-regra: uma regra pode deixar de ser


aplicado no caso concreto quando a sua aplicação impuser a violação dos
princípios do sistema. Abstenção da aplicação de uma regra no caso específico.
Exemplo: CC impede casamento entre irmãos, baseada no princípio da proteção
familiar. Duas pessoas casadas a 14 anos, com 4 filhos, descobriram que são
irmãos. Aplicar a regra é dizer que esse casamento é nulo. A regra é válida, mas
nesse caso, aplicar a regra é desproteger essa família. EXCEPCIONALMENTE.

STJ, REsp 799.431/MG (reprovação de aluno com nota 7.955 ao invés da nota
mínima – 8.0)
STF, ADIn 2240/BA (caso criação do município Luís Eduardo Magalhães).

3 Direitos da Personalidade

CC/16 – Relações patrimoniais – toda pessoa tinha personalidade jurídica =


aptidão para ser sujeito de direito – capacidade jurídica era a medida da
personalidade.
Pontes de Miranda: denúncia a incoerência do CC/16 ao definir que a
capacidade jurídica era a medida da personalidade, uma vez que os entender
despersonalizados (sociedade de fato, condomínio edilício) possuem
capacidade jurídica, praticam atos jurídicos, mas não possuem personalidade.
CC/02 – Toda pessoa tem personalidade jurídica (relações existenciais), que
merece proteção fundamental, que se exterioriza através dos direitos da
personalidade.
CC/02 – Capacidade jurídica (relações patrimoniais) é quem tem aptidão para
ser sujeito de direito.
Nem todo aquele que é sujeito de direito necessariamente é uma pessoa.

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Quem ter personalidade também tem capacidade, mas nem todo aquele que tem
capacidade ter personalidade (entes despersonalizados, possuem aptidão para
serem sujeitos de direito, mas não possuem personalidade).

Abandona-se uma perspectiva patrimonialista para adotar uma mais


humanística.

Direitos da Personalidade são direitos subjetivos extrapatrimoniais,


caracterizando uma relação jurídica existencial e garantindo o exercício de uma
vida digna nas relações privadas. – Perspectiva privada.

3.1 Cláusula geral de proteção da personalidade


Não taxatividade dos direitos da personalidade – são exemplificativos e estão
ancorados na dignidade da pessoa humana – Art. 1º, III, CF.

Enunciado 274 da Jornada de Direito Civil: “Os direitos da personalidade,


regulados de maneira não exaustiva pelo Código Civil, são expressões da
cláusula geral de tutela da pessoa humana, contida no art. 1º, III, da
Constituição Federal”.

Conteúdo da Dignidade da Pessoa Humana – conteúdo mínimo da dignidade


humana.
a) integridade física e psíquica – Lei 11.356/06 – direito à alimentação adequada
(creches, hospitais).
b) Liberdade e igualdade – ADIn 4277/DF – reconhecimento da união
homoafetiva.
c) Mínimo existencial (patrimônio mínimo) – Lei 11.382/06 e o conceito de
mínimo para viver com dignidade; bem de família impenhorável – imóvel de
grande valor também é impenhorável – posição do STJ - REsp. 715.259/SP).

3.2 Direito da Personalidade x Liberdades Públicas


As liberdades públicas se apresentam como obrigações positivas ou negativas
impostas ao poder público para garantir o exercício dos direitos da
personalidade.

Direito de ir e vir – direito da personalidade – mas pode ser necessária atuação


do Estado para garanti-lo – Habeas Corpus – portanto, os direitos da
personalidade podem se relacionar com as liberdades públicas.

3.3 Aquisição dos Direitos da Personalidade

Pesquisar/Acrescentar as teorias natalista e afins

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A concepção é o momento em que se adquire direitos da personalidade (STJ,
REsp.399.028/SP).

A aplicação dos direitos da personalidade ao natimorto.


Enunciado 1, Jornada de Direito Civil: “A proteção que o Código defere ao
nascituro alcança o natimorto no que concerne aos direitos da personalidade,
tais como nome, imagem e sepultura”.

Direitos da personalidade são adquiridos desde a concepção, mas os direitos


patrimoniais estão condicionados ao nascimento com vida.

Exemplo: médico que usa indevidamente imagem de ultrassom de gestante, sem


autorização, para fazer propaganda. O nascituro já pode reclamar
imediatamente pelo seu direito de imagem (não utilizar sua imagem de forma
indevida e sem autorização), mas os danos morais decorrentes da utilização
indevida dependem do seu nascimento com vida.

Direito dos pais de receber indenização por danos pessoais causados pela morte
do nascituro (STJ, REsp 1.120.676/SC).

A tutela do embrião laboratorial. A Lei n.11.105/05, art. 5º e o Enunciado 2,


Jornada de Direito Civil: “sem prejuízo dos direitos da personalidade nele
assegurados, o art. 2º do Código Civil não é sede adequada para questões
emergentes da reprogenética humana, que deve ser objeto de um estatuto
próprio”.

Possibilidade de pesquisas com células-tronco e a inaplicabilidade dos direitos


da personalidade aos embriões congelados (STF, ADIn 3510/DF).

Alimentos gravídicos – titularidade tanto da gestante quanto do nascituro –


jurisprudência - A possibilidade de cobrar alimentos gravídicos (Lei n.11.804/08).
Dificuldade em relação à legitimidade.

3.4 Extinção dos Direitos da Personalidade


Com a morte extingue-se os direitos da personalidade

É possível a proteção jurídica da pessoa morta


Direto Penal – O crime de vilipêndio de cadáver (CP 212).
A legitimidade dos familiares vivos para requerer revisão criminal (CPP
623).

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Direito Civil – A sucessão processual. Art. 110, CPC: “Ocorrendo a morte
de qualquer das partes, dar-se-á a sucessão pelo seu espólio ou pelos seus
sucessores, observado o disposto no art. 313, §§ 1º e 2º.”
A transmissão do direito à reparação do dano. Art. 943, CC: “O direito de
exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança”.
A proteção dos lesados indiretos. Art. 12, Parágrafo Único, CC: Em se
tratando de morto ou ausente, terá legitimação para requerer a medida prevista
neste artigo o cônjuge ou companheiro sobrevivente, ou qualquer parente em
linha reta, ou colateral até o quarto grau.
A tutela dos direitos da personalidade da pessoa morta, em favor de seus
familiares vivos (lesados indiretos). O caso Garrincha (STJ,
REsp.521.697/RJ). (Legitimidade própria e não substituição processual).

No caso da proteção dos lesados indiretos não se aplica a ordem de vocação


hereditária – o rol dos afetadas indireto – rol não taxativo (Cristiano Chaves de
Farias) está baseado na afetividade e não na biologia, não é necessário ser
familiar para ser lesado indireto.

Direito de Imagem - Art. 20, Parágrafo Único, CC: “Em se tratando de morto ou
de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os
ascendentes ou os descendentes (ROL TAXATIVO)” – Colaterais até 4º grau
estão excluídos do rol.
Cristiano Chaves de Farias entende que o rol não é taxativo e se o colateral
provar vínculo afetivo seria legitimado – não é o entendimento majoritário.
O caso Lampião e Maria Bonita (STJ, REsp.86.109) – filha deles pode
ingressar com ação para discutir o uso indevido da imagem de seus pais, mas
os irmãos deles não poderiam por serem colaterais.

Jornada de Direito Civil, Enunciado 5: “1) as disposições do art. 12 têm


caráter geral e aplicam-se, inclusive, às situações previstas no art. 20,
excepcionados os casos expressos de legitimidade para requerer as medidas
nele estabelecidas; 2) as disposições do art. 20 do novo Código Civil têm a
finalidade específica de regrar a projeção dos bens personalíssimos nas
situações nele enumeradas. Com exceção dos casos expressos de
legitimação que se conformem com a tipificação preconizada nessa norma, a
ela podem ser aplicadas subsidiariamente as regras instituídas no art. 12”.

3.5 Fontes dos direitos da personalidade


Seria o jusnaturalismo – entendimento majoritário – ordem pré-concebida –
inerentes a condição humana – quase divina.

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Cristiano Chaves de Farias crítica esse entendimento, posicionando-se no
sentido que, se fosse jusnaturalista os direitos da personalidade, eles deveriam
ser universais, o que não ocorre – Entende o doutrinador que os direitos da
personalidade são positivos, representam uma opção cultural do sistema jurídico
– Pontes de Miranda se alinha neste entendimento – MAS NÃO É O
ENTENDIMENTO MAJORITÁRIO.
Exemplo: direito autoral é cultural e não natural –Lei nº9.610/98.

3.6 Os direitos da personalidade e a pessoa jurídica

Pessoa Jurídica não titulariza direitos da personalidade por estarem baseados


na dignidade humana.
Enunciado 286, Jornada de Direito Civil: “Os direitos da personalidade são
direitos inerentes e essenciais à pessoa humana, decorrentes de sua
dignidade, não sendo as pessoas jurídicas titulares de tais direitos”.

Embora não tenha direitos da personalidade, a pessoa jurídica merece a


proteção decorrente deles (atributo de elasticidade), no que couber naquilo que
a sua falta de estruturo biopsicológica permita exercer – honra, imagem nome,
mas não sobre integridade física e psíquica.

Art. 52, CC: “Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos
direitos da personalidade”.

Pessoas Jurídicas de Direito Público não podem sofrer dano moral.

Não é possível pessoa jurídica de direito público pleitear, contra particular,


indenização por dano moral relacionado à violação da honra ou da imagem.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.258.389-PB, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado
em 17/12/2013 (não divulgado em Info de 2013).

O Min. Luis Felipe Salomão ressaltou que o STJ admite apenas que pessoas
jurídicas de direito PRIVADO possam sofrer dano moral, especialmente nos
casos em que houver um descrédito da empresa no mercado pela divulgação de
informações desabonadoras de sua imagem.

Para o STJ, contudo, não se pode admitir o reconhecimento de que o Município


pleiteie indenização por dano moral contra o particular, considerando que isso
seria uma completa subversão da essência dos direitos fundamentais. Seria o
Poder Público se valendo de uma garantia do cidadão contra o próprio cidadão.

Súmula STJ 227: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”.

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3.7 Colisão entre direitos da personalidade e a liberdade de
comunicação

Liberdade de comunicação social = Liberdade de expressão x liberdade de


imprensa

Ponderação de Interesses/balanceamento
Jornal veiculou que determinado Ministro teria uma amante e que ela teria um
cargo de confiança no Ministério – na mesma edição, o Jornal informou que Dona
Nezinha, líder de associação de moradores, tinha uma amante e o marido não
sabia.
Havia interesse público na primeira notícia? Sim – Liberdade de imprensa
prevaleceu sobre o direito da personalidade; e no segundo caso? Não –
interesse privado e não público – a favor do direito da personalidade e não da
liberdade de expressão.

Eventual responsabilidade civil no caso concreto.


Súmula STJ 221: “São civilmente responsáveis pelo ressarcimento de danos,
decorrente de publicação pela imprensa, tanto o autor do escrito quanto o
proprietário do veículo de divulgação”.
Súmula STJ 281: “A indenização por dano moral não está sujeita à tarifação
prevista na Lei de Imprensa”. – Lei de Imprensa não foi recepcionada pela
CF/88 por ser incompatível.

A liberdade de expressão/imprensa não é absoluta – inadmissibilidade do hate


speech – manifestações de ódio, desprezo, intolerância.

O caso Ellwanger (STF, HC 82.424/RS) – Pesquisar Dizer o Direito

Bibliografia não autorizada – ver no Dizer o Direito

Direito ao esquecimento – técnica de ponderação de interesses estabelecida


pelo STJ, REsp. 1.335.153/RJ (Aída Curi) e REsp. 1.334.097/RJ (Chacina da
Candelária). – ver no dizer o direito

Direito de impedir que determinado fato pretérito que já exauriu seus efeitos
continue a ser explorado.

Pessoas Públicas/Celebridades – mitigação dos direitos da personalidade, vão


ser relativizados, pois possuem maior exposição por conta do seu
oficio/profissão – relativização.

15
Caso Chico Buarque – flagrado beijando mulher casada em local público – quem
anda com a pessoa pública também relativiza os direitos da personalidade.

3.8 Características dos direitos da personalidade

Indisponibilidade relativa (instransmissibilidade e irrenunciabilidade) – art. 11,


CC.
Enunciado 4, Jornada de Direito Civil: “o exercício dos direitos da
personalidade pode sofrer imitação voluntária, desde que não seja
permanente nem geral.” (Não pode ser genérico nem permanente).

Direito de imagem – prazo máximo de cessão de 5 anos – renovável várias


vezes.

Os limites aos atos de disposição voluntária de direitos da personalidade:


i) a questão do caráter permanente;
ii) a impossibilidade de cessão genérica de direitos da personalidade;
iii) a impossibilidade de violar a dignidade do titular.
Enunciado 139, Jornada de Direito Civil: “Os direitos da personalidade podem
sofrer limitações, ainda que não especificamente previstas em lei, não
podendo ser exercidos com abuso de direito de seu titular, contrariamente à
boa-fé objetiva e aos bons costumes”.

Outras características dos direitos da personalidade:


i) absolutos (oponíveis erga omnes),
ii) extrapatrimoniais,
iii) impenhoráveis,
iv) inatos,
v) imprescritíveis – Direitos da personalidade são imprescritíveis para proteger o
seu direito, mas o direito a pretensão (indenização) prescreve em 3 anos.
Exceção – (a imprescritibilidade da indenização por tortura. Art. 14 da Lei
n.9.140/95 e STJ, REsp.816.209/RJ).

3.9 Proteção jurídica dos direitos da personalidade

Art. 12, CC: “Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da
personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções
previstas em lei.”

Ruptura do esquema jurídica lesão → sanção (perdas e danos como


consequência única).

16
Novo esquema da proteção jurídica → Preventiva (tutela específica) e/ou
Reparatória

A despatrimonialização da reparação civil por lesão à personalidade (caráter


subsidiário do dano moral). As múltiplas formas de tutela específica (inibitória,
remoção do ilícito, subrogatória...) e o rol exemplificativo.

Enunciado 140, Jornada de Direito Civil: “A primeira parte do art. 12 do Código


Civil refere-se às técnicas de tutela específica, aplicáveis de ofício, enunciadas
no art. 498, 536/537, NCPC, devendo ser interpretada com resultado
extensivo”.

Possibilidade de decretação, alteração, ampliação e redução ex officio. O caso


do Pânico na TV. – Panico queria que a Carolina Dickman para calçar as
sandálias da humildade, mas ela não queria e o Pânico ficou perseguindo ela. O
Juiz concedeu a primeira tutela específica: multa diária. O Pânico pagava e
continua perseguindo. Juiz revogou a primeira e deu outra: mandado de
distanciamento. Foram 300 metros aéreos. Juiz deu nova, não poderiam se
aproximar, tocar, nem falar dela no programa. – Resultado prático equivalente.

Aplicabilidade da Lei Maria da Penha em qualquer relação afetiva, como namoro


(STJ, CC 103.813/MG). Fixação genérica, em metros, consideradas as
circunstâncias, sem necessidade de especificar o lugar a ser evitado (STJ, RHC
23.654/AP).

Possível impedir publicação de bibliografia não autorizada – ver dizer o direito.


Não cabe tutela especifica para impedir/tirar de circulação, mas gera
responsabilidade civil – STJ 221

Cabimento de prisão civil como meio de tutela específica – Marinoni e Didier


sustentam que sim, em casos gravíssimos – minoritária.

Tutela reparatória → indenização por danos morais (violação a direitos da


personalidade) Dissabor pode agravar, mas não é suficiente para caracterizar.

A autonomia do dano à personalidade. Prova in re ipsa (STJ, REsp.506.437/SP).

Cumulabilidade do dano moral com dano patrimonial.


STJ 37: “São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral
oriundos do mesmo fato”.
Cumulabilidade de dano moral com dano moral.
STJ 387: “É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral”.

17
Dano Moral → Violação da Personalidade (honra, imagem, integridade física e
outros – rol exemplificativo).

Dano moral no brasil não tem natureza punitiva. Natureza compensatória.

A possibilidade de recurso especial para revisão do quantum indenizatório,


excepcionando a Súmula 7, STJ (STJ, REsp.816.577, rel. Min. Denise Arruda).

A possibilidade de dano moral contratual (STJ, REsp.202.564). –


Descumprimento por si não gera dano moral.

Brasil aceita o dano moral difuso e coletivo (ambiental, consumidor).

Impossibilidade de condenação em danos morais de ofício e a legitimidade


residual do Ministério Público para as ações civis ex delicto (teoria da
inconstitucionalidade progressiva – CPP 68 e STF, RE 135.328/SP). – onde não
tiver Defensoria, mantem a legitimidade do MP, se tiver Defensoria, perde a
legitimidade que passa a ser da Defensoria.

3.10 Direito da personalidade à integridade física: direito ao corpo vivo.

Artigo 13, CC.

Tutela jurídica do corpo vivo, independentemente de sequelas permanentes


(STJ, REsp.575.576/PR).
Cumulabilidade do dano moral com o dano estético (STJ 387).
Possibilidade de atos de disposição:
a) que não gerem diminuição permanente da integridade física
(tatuagens/piercing’s);
b) que gerem diminuição permanente, quando houver exigência médica (cirurgia
de transgenitalização – CFM, Res. 1.957/10 e STJ, SE 1058 – Itália e STJ,
REsp.1.008.398/SP). – Pesquisar dizer o direito

Os wannabes – cortam partes dos próprios corpos

As partes separadas do corpo humano (STF, Rcl 2040/DF – caso Glória Trevis).
Cristiano Chaves de Farias entende que o fato dos policiais terem pego a
placenta para fazer exame de DNA sem autorização viola o direito da
personalidade sobre o próprio corpo, mesmo que separado, cabendo
indenização contra o Estado.

3.11 Direito da personalidade ao morto – Art. 14, CC.

18
Deixa o corpo para ser estudado por uma universidade ou então ser cremado
após a morte.

Para fins de transplantes não se aplica o CC, mas sim a Lei 9.434/97.
Se for em vida só podem ser doados órgãos dúplices ou regeneráveis, a título
gratuito a pessoa da família (se não for familiar precisa autorização judicial),
intervenção do ministério público (cidade do beneficiado). A família tem que
autorizar e o beneficiário é o primeiro da fila. Declaração da vontade da família
após a morte, se a família deixar pode haver o transplante de órgãos.

Enunciado 277, Jornada de Direito Civil: “O art. 14 do Código Civil, ao afirmar a


validade da disposição gratuita do próprio corpo, com objetivo científico ou
altruístico, para depois da morte, determinou que a manifestação expressa do
doador de órgãos em vida prevalece sobre a vontade dos familiares, portanto, a
aplicação do art. 4º da Lei n. 9.434/97 ficou restrita à hipótese de silêncio do
potencial doador.”

A questão da disposição do corpo para depois da morte e o testamento vital


(living will). Resolução CFM 1.995/10 – Declaração de vontade de não realizar
tratamento médico em determinadas situações (doenças graves, sem cura,
tratamentos degradantes).

3.12 Direito da Personalidade ao livre consentimento informado (autonomia


do paciente) – art. 15, CC.

A questão da internação compulsória – em regra não.


“É admitida, com fundamento na Lei 10.216/01, em processo de interdição, da
competência do Juízo Cível, a determinação judicial da internação psiquiátrica
compulsória do enfermo mental perigoso à convivência social, assim
reconhecido por laudo técnico pericial, que conclui pela necessidade da
internação. Legalidade da internação psiquiátrica compulsória. Observância da
Lei Federal n. 10.216/01 e do Decreto Estadual n. 53.427/0.8, relativo à aludida
internação em Unidade Experimental de Saúde.” (STJ, HC135271 / SP, rel. Min.
Sidnei Beneti, DJe 4.2.14)

A possibilidade de responsabilidade civil do médico por violação do dever de


informação.

O Testemunha de Jeová – acordos morais razoáveis – tema é controverso entre


jurisprudência e doutrina, que hora pensa que tem direito a se recusar a
transfusão de sangue e outros pensam que não – Cristiano Chaves de Farias
pensa que a Testemunha de Jeová tem direito a se negar – não se aplica a
Testemunha de Jeová menor de idade.

19
3.13 Direito da Personalidade ao Nome

Os pais apenas indicam um nome, a efetiva escolha do nome pertence ao titular.


Art. 56 ao 58 LRP – 6.015
Dos 18 aos 19 (ou emancipação) o titular tem direito a mudança imotivada do
nome.
Não podem dar nomes que exponham o titular ao ridículo.

Elementos componentes do nome – prenome ou sobrenome (patronímico)


(indicam a origem familiar)
Gêmeos com o mesmo prenome precisam de prenome duplo diferenciado.
Adnome partícula diferenciadora – Jr, Neto, Filho.
Pseudônimo – fins profissionais, não integram o nome, mas possuem proteção.
Distinção entre pseudônimo e hipocorístico (alcunha, apelido) (pessoal e
profissional – Xuxa, Lula, Cafú jogador).

A possibilidade de mudança (a inalterabilidade relativa, Lei nº6.015/73, art. 58).


Depois do prazo, admite- se mudança em casos justificados, previstos em lei
(STJ, REsp.538.187/RJ). Acréscimo de sobrenome de padrasto (Lei nº11.924/09
– Lei Clodovil) e mudança em virtude de danos psicológicos (STJ, REsp.66.643).
A mudança do nome do cônjuge no registro de nascimento dos filhos decorrente
de divórcio (STJ, REsp 1.072.402 / MG).

3.14 Direito a Imagem

A tridimensionalidade do direito à imagem: imagem- retrato, imagem-atributo e


imagem-voz (CF 5º, V, X e XXVIII, a, e CC 20).
Retrato – atributos físicos
Atributo – atributos de ordem psicológica
Voz – timbre sonoro identificador

A autonomia constitucional da proteção do direito à imagem e a relevante


crítica ao CC 20.
O caso Maitê Proença: “Fosse a autora uma mulher feia, gorda, cheia de estrias,
de celulite, de culote e de pelancas, a publicação de sua fotografia desnuda – ou
quase – em jornal de grande circulação, certamente lhe acarretaria um grande
vexame, muita humilhação, constrangimento enorme, sofrimentos sem conta, a
justificar – aí sim – o seu pedido de indenização de dano moral, a lhe servir de
lenitivo para o mal sofrido. Tratando-se, porém, de uma das mulheres mais lindas
do Brasil, nada justifica pedido dessa natureza, exatamente pela inexistência,
aqui,de dano moral a ser indenizado” (TJ/RJ Revista de Direito do Tribunal de
Justiça do Rio de Janeiro, n.41, p.184-7).

20
Relativizações do direito à imagem:
i) A função social da imagem: relativização dos valores previstos no CC 20
como justificadores da relativização da imagem (administração da Justiça,
manutenção da ordem pública).
ii) Cessão expressa e tácita e o uso em local público. O uso de foto em
contexto genérico (STJ, REsp.85.905). O top less na Praia de Camboriu (STJ,
REsp.595.600/SC). O desvio de finalidade e o uso de imagem de artista
conhecido com fins econômicos (STJ, REsp.74.473).
iii) Imagem de pessoas públicas (celebridades) – A imagem como um direito de
arena (imagem como direito autoral, art. 7o, Lei nº9.610/98). (STJ,
REsp.46.420/RJ, rel. Ruy Rosado de Aguiar Jr.).

3.15 Direito a Vida Privada – Art. 21, CC

Privatus: o que pertence à pessoa, estando fora do alcance de terceiros e do


Estado. Alcance da privacidade: estado de saúde, defeitos físicos, tratamentos
médicos, intervenções cirúrgicas, opiniões pessoais, sexuais, filosóficas,
religiosas, histórias sentimentais e afetivas, etc.

Estruturação: intimidade e segredo. Teoria dos círculos concêntricos – nem toda


privacidade é intima, mas toda intimidade é privada.

Exceções à proteção da vida privada: comportamentos públicos e consentimento


tácito (ex: entrevistas espontâneas).

Pessoas públicas e relativização, mas não perda. Impossibilidade de desvio de


finalidade ou exploração comercial.

Autonomia da proteção jurídica da privacidade. O caso de Garrincha (STJ,


REsp.521.697/RJ).

Desnecessidade de discussão acerca da veracidade, ou não, do fato (STJ,


REsp.58.101/SP).

A posição do TST com relação ao acesso do empregador aos email’s


corporativos dos empregados. (TST, Ac. 7ªT., AIRR 1542/2005-055-02-40.4, j.
9.6.08, rel. Min. Ives Gandra da Silva Martins Filho).

Exemplo de aplicação da privacidade: CC 1.301 e 1.303.

A questão da biografia não autorizada (STF, ADIn 4815).

21
4 Da Pessoa Natural

Pessoa natural é a pessoa humana, independentemente da sua origem


(biológica ou não biológica) (ou pessoa física = direito tributário).
Concepção artificial fertilização medicamente assistida –
a) fertilização in virtro – o médico trabalha com sêmen e ovulo, prepara o embrião
no laboratório, será implantado no corpo da mulher.
b) inseminação artificial – o médico trabalha apenas com o sêmen, prepara e
implanta no corpo da mulher.
Fertilização artificial (não sexual/não biológico)

Presunção de paternidade art. 1.597


“Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos: (...)
III - havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido;
IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários,
decorrentes de concepção artificial homóloga;
V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia
autorização do marido.”

4.1 Início da Pessoa Natural

a) Teoria natalista: a personalidade só é adquirida pelo nascimento com vida –


Silvio Rodrigues – nascituro não tem direitos, apenas expectativa de direitos.
b) Teoria Concepcionista: a personalidade é adquirida pela concepção uterina.
Com isso, o nascituro já titulariza direitos da personalidade, embora os
direitos patrimoniais estejam condicionados ao nascimento com vida –
Pablo Stolze, Flávio Tartuce, Cristiano Chaves de Farias
c) Teoria Condicionalista: a personalidade do nascituro é meramente formal e
condicionada ao nascimento com vida. Por esta teoria, os direitos patrimoniais
do nascituro estão condicionados ao nascimento com vida, malgrado já
disponha de direitos da personalidade – Washington de Barros Monteiro e Maria
Helena Diniz

Diferença da teoria Concepcionista e Condicionalista é meramente qualificação,


dizem a mesma coisa, mudam apenas o nome – teorias majoritárias.

A aplicação dos direitos da personalidade ao natimorto.


Enunciado 1, Jornada de Direito Civil: “A proteção que o Código defere ao
nascituro alcança o natimorto no que concerne aos direitos da personalidade,
tais como nome, imagem e sepultura”.

Nascituro tem legitimidade para promover ações


Indenização do filho por não conhecer o pai – dizer o direito

22
A incidência dos direitos da personalidade a partir da concepção (STJ,
REsp.399.028/SP). Proteção da personalidade do nascituro (relações
existenciais).

Indenização dos pais do nascituro morto.


Direito dos pais de receber indenização por danos pessoais causados pela
morte do nascituro (STJ, REsp 1.120.676/SC).

Responsabilidade civil da gestante – já existe nos EUA e Canada, Brasil não tem
precedente, mas já se defender essa tese. – Uso de substâncias pela mãe que
prejudiquem o nascituro – precisa provar a culpa.

A questão dos alimentos gravídicos (Lei n. 11.804/08)


Jurisprudência diz que a legitimidade é de ambos

A não aplicação dos direitos do nascituro ao embrião laboratorial. A posição


da Lei n.11.105/05 – Lei de Biossegurança, art. 5º, STF, ADIn 3510/DF.
Embrião fica guardado por no máximo 3 anos e depois é descartado ou
encaminhado para pesquisas com células troncos. – dizer o direito
Embrião laboratorial não tem direito da personalidade, mas pode ter direitos
patrimoniais, participando da herança, se nascer com vida.

A proteção ao nascituro e a possibilidade de aborto do feto anencefálico – STF,


ADPF 54/DF. – dizer o direito

4.2 Capacidade Civil

Personalidade: é o reconhecimento de uma proteção mínima fundamental


deferida pelos direitos da personalidade - todos que tem personalidade tem
capacidade, mas nem todos que tem capacidade tem personalidade (entes
despersonalizados – condomínio edilício, sociedade de fato).
Capacidade: é a possibilidade de titularizar atos jurídicos, consequência da
personalidade – de direito (gozo) ou de fato (exercício).
Legitimação: é o plus da capacidade, requisito específico exigido as pessoas
capazes para prática de atos específicos
Capacidade de direito e de fato = capacidade jurídica plena ou geral.

Teoria das incapacidades:


Capacidade de fato: pode ou não praticar pessoalmente esses atos.
Absolutamente incapazes – menor de 16 anos
Relativamente incapazes – Art. 4º, CC
“São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;

23
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos;
III – aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir
sua vontade;
IV - os pródigos.”

Rol taxativo (a situação jurídica dos idosos, pessoas com deficiência, ausentes
e dos indígenas – Lei n.6.001/73). ECA 28, §6º, e a colocação de criança ou
adolescente indígena em família substituta (respeito à identidade social e
cultural).

A questão da responsabilidade civil do incapaz


Art. 928, CC: “O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas
por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não
dispuserem de meios suficientes.
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser
eqüitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que
dele dependem.

Responsabilidade subsidiaria, se os seus responsáveis não puderem pagar


pelos prejuízos, aí o incapaz responder, ou seja, 1º responsável, 2º incapaz.

A maioridade civil e a não exoneração automática de alimentos (STJ, REsp.


442.502/SP).
Súmula STJ 358: “O cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu
a maioridade está sujeito à decisão judicial, mediante contraditório, ainda que
nos próprios autos.

Incapacidade etária – inciso I, art. 4º, CC.


Incapacidade psíquica – incisos II, III e IV, art. 4º, CC – exige decisão judicial
com laudo pericial – procedimento da curatela.

Legitimidade para a curatela – Art. 1.768, CC revogado pelo art. 747, CPC,
permanecendo apenas o inciso IV – própria pessoa.
“A interdição pode ser promovida:
I - pelo cônjuge ou companheiro;
II - pelos parentes ou tutores;
III - pelo representante da entidade em que se encontra abrigado o
interditando;
IV - pelo Ministério Público. + a própria pessoa (Art. 1.768, IV, CC).
Parágrafo único. A legitimidade deverá ser comprovada por documentação
que acompanhe a petição inicial.”
Ação de curatela inteiro Aula 05.3 Cristiano Chaves

24
Pessoa com deficiência que puder exprimir vontade – Tomada de decisão
apoiada – ver no livro do Tartuce ou Pablo Stolze – 1783-A, CC
Jurisdição voluntária que nomeia duas pessoas para ajudá-la, mas os atos
praticados sozinhos são válidos.

4.3 Cessação da incapacidade e emancipação.


Cessada a causa que causou a incapacidade.
Emancipação é a antecipação da plena capacidade – art. 5º
Emancipação voluntária/por outorga – concedida pelos pais ou por um só (se
o outro for morto ou ausente), por escritura pública registrada em Cartório (sob
pena de nulidade), independente de decisão judicial, maiores de 16 anos.
Judicial – estiver sobre tutela ou houver conflito entre os pais, pelo menos 16
anos de idade.
Legal – prática de um ato incompatível com a condição de incapaz, a prática
conduz a emancipação, quem prática o ato automaticamente conduz a
emancipação – casamento, exercício de emprego público efetivo, colação de
grau em curso de ensino superior, estabelecimento civil ou comercial, existência
de relação de emprego, desde o menor com 16 anos tenha economia própria.

Obtiva a emancipação, não se volta a incapacidade por cessão do ato que gerou
a emancipação.
Se o casamento foi nulo não emancipa = nulo não produz efeitos, exceto de boa-
fé (putativo)
Casamento anulável emancipa, porque produz efeitos.

Menor emancipado responde civilmente – depende do tipo de emancipação.


Voluntária ou judicial – pais respondem solidariamente com o emancipado.
Legal – cessa a responsabilidade dos pais.

4.4 Fim da pessoa natural

Lei 9.434/97 – critério estabelecido na lei de transplantes é a morte encefálica.


Efeitos da morte: suspensão automática do processo e dos prazos, extinção da
punibilidade, dissolve o casamento, abre a sucessão, extingue os contratos
personalíssimos, cessa o poder familiar.

Morte:
a) Regra Geral: morte real – morte declarada por médico – justificação do óbito:
quando uma pessoa foi sepultada sem a certidão de óbito – art. 77 LRP
b) 1ª Exceção: morte presumida sem ausência – morte sem cadáver – art. 88
LRP e 7º CC, declaração de óbito que alguém presumidamente morreu porque
estava em situação de perigo de vida – Guerra, Tsunami, Atentado Terrorista.
c) 2ª Exceção: morte presumida por ausência – procedimento especial de
declaração de ausência – jurisdição voluntária

25
Fases do procedimento especial de ausência
1ª Fase: meramente declaratória (independe de prazo)
2ª Fase: sucessão provisória (1 ano depois da sentença que determinou a
arrecadação do patrimônio do ausente ou 3 anos, se deixou mandato)
3ª Fase: sucessão definitiva (10 anos contados da decisão que determinou a
abertura da sucessão provisória).

Súmula 331 STF – incidência do Imposto de transmissão causa mortis.

Comoriência – art. 8º, CC


Presume-se que as pessoas morreram ao mesmo tempo quando não puder
definir quem morreu primeiro – cessa a transmissão entre eles.

5 Pessoa Jurídica

Função Social da Empresa – desdobrando da função social da propriedade.


A propriedade dedicada a empresa precisa estar conectada a função social, os
impactos decorrentes do exercício da sua atividade.
Função social externa da pessoa jurídica: meia entrada de estudante, garantir
acessibilidade para as pessoas com deficiência.
Função social interna da pessoa jurídica: participação nos lucros dos seus
empregados, direitos de minoria.

Julgado direito ser operado pelo médico de confiança em hospital

Violação da função social da empresa – torcidas organizadas


“O sistema jurídico autoriza a dissolução, para o bem comum, de associação
de torcedores que, perdendo a ideologia primitiva (incentivo a uma equipe
esportiva), transformou-se em instituição organizada para a difusão do pânico
e terror em espetáculos esportivos, uma ilicitude que compromete o esforço
do direito em manter o equilíbrio de forças para o exercício da cidadania digna
(CF, art. 1º, III, e 217). Incidência do art. 21, III, do CC/16 para selar o fim do
ciclo existencial do Grêmio Gaviões da Fiel Torcida” (TJ/SP, Ac. 3ªCâm.Cív.,
ApCív. 102.023-4/3, rel. Des. Ênio Santarelli Zuliani, j.17.10.2000, in RT
786:163)

Conceito: é a soma de esforços humanos (pessoas físicas e jurídicas) com um


objetivo específico e na forma da lei – corporação; pode decorrer a partir da
destinação de um patrimônio – fundações.

Art. 45, CC: “Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito
privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida,
quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo,

26
averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato
constitutivo.”

Possibilidade de AJG para pessoa jurídica – art. 98/99, NCPC


Direitos da personalidade. Direito autoral. A questão da gratuidade judiciária.
STJ, AgRg no AREsp 202.953/RJ

Pessoa física: presunção.


Pessoa jurídica: deve comprovar a necessidade.

Teoria da independência/autonomia – Autonomia, personalidade e patrimônio


próprio
Entes despersonalizados – sociedade de fato, condomínio edilício, espólio,
herança jacente/vacante – responsabilidade civil pessoal, solidaria e ilimitada –
não incide a teoria da separação – admitem o benefício de ordem: sócio
responde com seu patrimônio apenas após a execução do patrimônio da
empresa.

Classificação:

Quanto à nacionalidade – local em que foi registrada, independente da


nacionalidade dos sócios e a origem dos recursos financeiros.
Nacionais:
Estrangeiras

Quanto à função exercida: de direito público ou direito provado (critério da


exclusão) – art. 41, CC, - União, Estados, DF, Municípios, Autarquias,
Associações e demais entidades criadas por lei – Fundações.
Sociedade de economia mista e empresas públicas são pessoas jurídicas de
direito privado.

EIRELI: pessoa jurídica composta por um único empresário, empresa individual


de responsabilidade limitada, a pessoa física passa a ter seu patrimônio pessoal
e o patrimônio empresarial, separados.

Capital mínimo de 100 salários-mínimos – art. 980-A, CC


Não é possível usar direitos da personalidade do empresário (nome, voz,
imagem...) para a integralização do capital social da empresa individual.
Enunciado 473, Jornada.

Eirelis podem funcionar como microempresa ou empresa de pequeno porte (Lei


Complementar 123/06).

Nada impede a desconsideração da personalidade jurídica da EIRELI.


27
Para garantir interesses de terceiros, deve constar do nome social (ou razão ou
denominação) a expressão EIRELI, sob pena de ineficácia.

Empresa advocatícia pode ser formada por apenas um advogado – unidade


pessoal de advogados – mesma estrutura da EIRELIS

Simples
Sociedades
Corporações
Empresarias
Estrutura (Pessoas)
Associações
Interna Fundações
(Patrimônio)
5.1 Associações: grupos de pessoas humanas com finalidade social, altruístico,
cientifico, interesses de uma classe ou interesses de alcance coletivo.
Dinheiro apurado nas associações não deve ser repartido, mas reinvestido na
associação.

5.2 Fundações: pessoa física que dispõe de patrimônio destinado para uma
finalidade – não pode ter finalidade lucrativa – Finalidade Social apenas.
Quem cria é obrigado a indicar a finalidade da fundação – o modo de administrar
é facultativo.
Criada por escritura pública ou por testamento – finalidade vinculante – não pode
ser alterada.

Rol exemplificativo art. 62 CC – entendimento dos doutrinadores


Em concurso marcar taxativo

Instituição
(criação)

Elaboração dos
Estatutos
Fases Criação de Cabe ao MP
Fundação Aprovar
Aprovação dos
Estatutos
Se elaborado pelo
MP, cabe ao
Judiciário Aprovar
Registro

6.3 Teoria da Aparência e Pessoas Jurídicas

28
Proteção ao terceiro de boa-fé – presumisse que a pessoa tenha poderes e se
não tiver vai avisar quem tenha.
Atos ultra vires – excesso de poder – responsabilidade civil da empresa com
direito a regresso.

Responsabilidade Civil e Penal da Pessoa Jurídica


Penal – Crimes Ambientais – única hipótese
A desnecessidade de demonstração do dolo através da presença simultânea do
sócio da empresa no polo passivo da demanda penal ((RE 548181, Relator (a):
Min. ROSA WEBER).

Não cabimento do uso de HC, mas, sim, de mandado de segurança (STJ,


AgRgHC 244.050/PE).

Responsabilidade Civil
Direito Privado – responsabilidade subjetiva, responde se provada a culpa – 3
anos prazo prescricional
Exceções: dano ambiente, ao consumidor – responde independentemente de
culpa – atentado contra administração pública – responsabilidade objetiva.

Direito Público – responsabilidade objetiva – alcança as pessoas jurídicas de


direito privado prestadora de serviços públicos (concessionarias, sociedade de
economia mista) direito de regresso contra o seu agente, se provada a culpa.
Prescrição: 5 anos (STJ, REsp. 1.251.993/PR).
Inadmissibilidade de denunciação da lide (STJ, REsp.44.840-9/SP).

Desconsideração da Personalidade Jurídica – Art. 50, CC

Teoria Maior: elemento específico previsto em lei – culpa – objetivo (desvio de


finalidade ou confusão patrimonial) ou subjetiva
Teoria Menor: toda e qualquer atribuição de responsabilidade ao sócio (CLT 2º,
134 CTN).

CC teoria maior objetiva


CDC teoria menor

Teorias maior e menor (admissibilidade de ambas, em nosso sistema jurídico,


CC 50 X CDC 28 e Lei n.8884/94, 18 – STJ, REsp. 279.273/SP)

Jornada 51: “A teoria da desconsideração da personalidade jurídica – disregard


doctrine – fica positivada no novo Código Civil, mantidos os parâmetros
existentes nos microssistemas legais e na construção jurídica sobre o tema.”

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A simples prática de atos ultra vires (excesso de mandato ou poder) pelo sócio
não justifica, por si só, a desconsideração, mas viola a boa-fé objetiva e gera
responsabilidade da empresa – STJ, REsp.448.471/MG.

Desconsideração Inversa – desconsidera-se a pessoa do sócio e responde a


empresa.
NCPC Art. 133, § 2º Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de
desconsideração inversa da personalidade jurídica.

7 Teoria dos Fatos Jurídicos

Os acontecimentos jurídicos
Fatos Jurídicos: Acontecimento que interessam o direito, com potencial de
produzir efeitos jurídicos.

O que faz com que determinado acontecimento fato jurídico é a norma.

a) Previsão normativa;
b) materialização do acontecimento previsto na norma;
c) incidência;
d) juridicização.

Definição do fato jurídico:

“São acontecimentos em virtude dos quais começam, se modificam ou se


extinguem as relações jurídicas” (Caio Mário).

“São os acontecimentos de que decorrem o nascimento, a subsistência e a perda


dos direitos contemplados em lei” (Washington).

“São os fatos, ou complexos de fatos, sobre os quais incidiu a regra jurídica;


portanto, o fato de que dimana, agora, ou talvez mais tarde, talvez
condicionalmente, ou talvez nunca dimane eficácia jurídica” (Pontes de Miranda).

O fato jurídico não é o que produz efeitos, mas aquilo que pode produzir – Flávio
Tartuce, Pablo Stolze – inspirados no entendimento de Pontes de Miranda.

Norma Jurídica – incide sobre o suporte fático – que juridiciza oo Fato Jurídico –
que passa a existir – mas ele precisa se adaptar à a norma (validade) – para ter
eficácia.

Os diferentes planos/dimensões do fato jurídico – Escada Ponteana

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Eficácia
Validade
Existência

a) Plano da existência: plano do ser, é ou não é (ontológico) – pressupostos.


b) Plano da Validade: norma jurídica (legalidade) – requisitos (elementos
essenciais).
c) Plano da Eficácia: controle de efeitos (projeção da vontade sobre os efeitos)
– fatores de controle (elementos acidentais).

Pagamento putativo – 309, CC – é válido e produz efeitos


Casamento putativo 1561, CC – casamento é nulo, mas pode produzir efeitos –
não confere validade, apenas eficácia.

Classificação dos Fatos Jurídicos

Fatos Jurídicos (potencial de produzir efeitos) x Fatos Ajurídicos (meramente


materiais)
Fatos Jurídicos podem resultar em Fatos Lícitos x Ilícitos.
Fatos Humanos (atos jurídicos lato sensu) e Fatos Naturais (fatos jurídicos stricto
sensu)
Fatos Humanos podem ser Atos Jurídicos Strictu sensu (adesão a efeitos
previstos na norma jurídica) ou Negócio Jurídico (amplo poder de criar efeitos
jurídicos).
Atos-Fatos Jurídicos

Atos-fatos jurídicos: Art. 1.233, CC – descoberta – encontrar coisa móvel alheia


perdida – não tinha intenção de encontrar – Pontes de Miranda.
Ato jurídico em sentido estrito involuntário – Maria Helena Diniz e Orlando
Gomes.

Fato Jurídico em sentido estrito: são aqueles que o suporte fático é a atipicidade,
sem intervenção do homem, nascimento, morte – essencialmente naturais
Ordinário – são esperados, aguardados
Extraordinário – caso fortuito ou força maior – art. 734 e 936, CC.
Mais importante – decurso do tempo art. 132, CC

Ato Jurídico em sentindo estrito: são aqueles acontecimentos emanados da


pessoa humana, baseados na conduta humana, desejados, mas previsto em lei,
o homem não pode dispor dos efeitos legais – art. 185, CC.
Ex: reconhecimento de filho e as consequências legais do reconhecimento.

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Ato-fato Jurídico: corresponde a uma hipótese decorrente da conduta humana,
mas produz efeitos independente da vontade.

Negócio Jurídico: contrato, testamento, casamento – decorre da vontade do


comportamento do homem e os efeitos são desejados.

Importância da vontade nos negócios jurídicos

Regras de interpretação da vontade – art. 109 ao 116, CC


Regra Principal – boa-fé objetiva.
Acessórias – interpretação de casos específicos sem abrir mão da boa-fé
objetiva
Negócios formais (casos previstos em lei ou vontade das partes)
Reserva mental – (não ia cumprir) desconhecimento (boa-fé = valido)
Silêncio – art. 111, CC
Vontade – Art. 112, CC – intenção mais importante que o sentido literal da
linguagem.
Restritiva – Art. 114, CC (fiança, aval e sancionatórios), Súmula STJ 214
Autocontrato/contrato consigo mesmo – mesma pessoa figura em ambos os
polos do contrato (em nome próprio e no outro em nome alheio –
procuração/mandato) – art. 117, CC.

Boa-fé objetiva – comportamento – principiológico – varia


Boa-fé subjetiva – conhecimento – conhecimento psicológico (sei ou não
sei/conheço/não conheço) – proibição de alegação da própria torpeza.

Negócios Jurídicos processuais – art. 190 e 191, CPC – historicamente sempre


se permitiu negócios jurídicos processuais – Exemplo: suspensão do processo
por acordo das partes.

Os planos do negócio jurídico

a) Existência (o ser) – pressupostos – traz pressupostos para a validade (agente,


objeto, forma e vontade)
b) Validade (norma) – requisitos – qualificados pela norma – Agente capaz,
objeto lícito, possível, determinado ou determinável, forma prescrita ou não
defesa em lei e vontade externada livre e desembaraçada.

c) Eficácia (fatores de controle) – fatores acidentais

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