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CORVO
Mas, senhores, nada prova que o general seja o chefe da
conjura.
Tudo o que se diz pode não passar de um boato…
5 D. MIGUEL
Cale-se! Onde está a sua dedicação a el-rei, capitão?
PRINCIPAL SOUSA
Agora me lembro de que há anos, em Campo d’Ourique,
Gomes Freire prejudicou muito a meu irmão Rodrigo!
10 D. MIGUEL
Se eu fosse falar do ódio que lhe tenho…
BERESFORD
O marquês de Campo Maior tem razões para odiar a Gomes
Freire…
15 D. MIGUEL
E, agora, meus senhores, ao trabalho! Para que o país não se
D. Miguel anda, no levante em defesa dos conjurados há que prepará-lo previamente.
palco, dum lado para Há gente, senhores, que sente grande ardor patriótico sempre
o outro, com passos que os seus interesses estão em perigo. Há que provocar esse
decididos. ardor. Há que pôr os frades, por esse país fora, a bramar dos
20 púlpitos contra os inimigos de Deus. Há que procurar em cada
regimento um oficial que se preste a dizer aos soldados que a
pátria se encontra ameaçada pelo inimigo de dentro. Há que fazer
tocar os tambores pelas ruas para se criar um ambiente de receio.
Os estados emotivos, Srs. Governadores, dependem da música
25 que se tem no ouvido. Para que se mantenham, é necessário que
as bandas não parem de tocar.
Quero os sinos das aldeias a tocar a rebate, os tambores, em
fanfarra, nas paradas dos quartéis, os frades aos gritos nos
púlpitos, uma bandeira na mão em cada aldeão.
30 (Começa a entrar povo pela direita e pela esquerda do palco.
Os tambores tocam sem cessar.)
Quero o país inteiro a cantar em coro. Lembrai-vos, senhores,
de que uma pausa pode causar uma ruína de todos os nossos
projetos!
(Entra pela direita do palco um púlpito a que o principal Sousa
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sobe. Começa a ouvir-se um sino a tocar a rebate.)
PRINCIPAL SOUSA
(Do púlpito)
Meus filhos, meus filhos, a Pátria está em perigo! Os inimigos
de Deus preparam, na sombra, a ruína, dos vossos lares, a
40
Os tambores entram em violação das vossas filhas, a morte d’el-rei!
fanfarra e o palco
enche-se de soldados. D. MIGUEL
Portugueses: a hora não é para contemplações Sacrifiquemos
tudo, mesmo as nossas consciências, no altar da Pátria.
PRINCIPAL SOUSA
45 Morte aos inimigos de Cristo!
D. MIGUEL
Morte ao traidor Gomes Freire d’ Andrade!
Associada a esta política de saque, Junot desarma o país tentando, em vão, silenciar
quaisquer manifestações de hostilidade e revolta.
25
1. De acordo com o sentido do texto, assinala a opção correta que completa cada
afirmação que se segue:
1.3. Com a expressão “Esta despovoação há-de continuar ainda até que os habitantes
se reduzam ao número proporcionado às circunstâncias” (ll. 7-8), o autor sugere que
a população continuará a abandonar Lisboa até
a) cessarem as inúmeras mortes na cidade.
b) o número de pessoas que ficar consiga viver em condições.
c) melhorarem as condições de vida na cidade.
d) o número de pessoas que ficar seja insignificante.
1.5. Nesta altura, os preços subiram incontrolavelmente (l. 15) por causa
a) do aumento da quantidade de bens à venda, da destruição provocada pela guerra e da
cessação da aquisição de bens do exterior.
b) do aumento da procura de alimentos, da destruição provocada pela guerra e do
cancelamento das vendas para o exterior.
c) do aumento da procura de alimentos, da destruição provocada pela guerra e da cessação
da aquisição de bens do exterior.
d) do aumento da quantidade de bens à venda, da intensificação da violência da guerra e da
cessação da aquisição de bens do exterior.
1.6. O excerto “entre as classes possidentes que ficam generaliza-se a tendência para o
entesouramento e a vertigem da venda de bens, a qualquer preço” (ll. 20-22) revela
uma tendência que as pessoas tinham para
a) arrecadar o máximo de dinheiro possível.
b) se despojarem dos bens de modo a poderem sair do país.
c) venderem os bens que tinham em boas oportunidades de lucro.
d) enriquecerem, aproveitando a situação de desgraça dos outros.
A B
1. Na frase “Antes de findar o ano de a) o enunciador recorre a um
1807 já Lisboa se despovoava.” (ll. 2- hipérbato para destacar uma parte
3) do enunciado.
SOUSA FALCÃO
“Durante meses, duas vezes dei comigo à berma de lhe chamar louco, para
desculpar a minha própria cobardia.
Há homens que obrigam todos os outros a reverem-se por dentro…”
Luís de Sttau Monteiro, Felizmente Há Luar!
COTAÇÕES
GRUPO I………………………………………100 pontos GRUPO II ………………………..……….50 pontos
A. 1.…………………………….…….….…..30pontos
2 …………………………….……………..15
(C=9+OCL=6)
Grupo III ………………………50
pontos(C=30+OCL=20)
3 ………………………….………………..20
(C=12+OCL=8)
TOTAL ……………………………..…200 pontos
4 ……………………………………………15
(C=9+OCL=6)
B. ………………………………………..30
(C=18+OCL=12)
BOM TRABALHO!
A DOCENTE: Lucinda Cunha
[2] “Dietário do Mosteiro de S. Bento”, in C. A. de Magalhães Sepúlveda, op. cit., Lisboa, pp. 310-312.
IA
1. O excerto apresentado localiza-se no fim do Acto I, depois de longas conversas entre o principal
Sousa, D. Miguel e Beresford, das quais surgiu um nome como o principal chefe da conjura.
Trata-se de um momento importante na ação, uma vez que as personagens refletem acerca do nome
indicado e revelam que realmente têm razões pessoais para desejarem a prisão de Gomes Freire,
exceto Beresford, que já o havia feito de modo dissimulado.
Assim, este excerto apresenta, precisamente, o final da reunião, que termina, de modo exaltado, no
acordo em torno do nome de Gomes Freire, o que irá condicionar o desfecho trágico da peça.
2. Esta frase pode ser interpretada nos seus sentidos metafórico e literal, pois ambos apontam para a
mesma direção. No seu sentido literal, expressa a ideia de que, ao fazerem tocar tambores pelas ruas,
criarão um ambiente de tensão, ansiedade, suspense, prenúncio de que algo importante irá acontecer,
colocando, assim, todas as pessoas em alerta. Metaforicamente, D. Miguel está a firmar que o povo é
perfeitamente manipulável, como já havia sido referido por Beresford anteriormente, e que,
dependendo do ambiente que se crie, assim o povo reagirá, mais ou menos exaltado, conforme a
vontade dos governantes.
3. As falas de D. Miguel neste excerto são, sem dúvida, um veículo de denúncia política. D. Miguel
expõe de modo claro e inequívoco a manipulação que o poder político exerce sobre o povo,
preparando-o previamente para que acolham bem as suas decisões mais controversas; aponta para o
patriotismo hipócrita e falso de certas pessoas, que só se lembram que são patriotas quando veem os
seus interesses em perigo; revela o modo como a esfera religiosa entra ao serviço da conjura para
defender interesses e atingir objetivos comuns; por fim, denuncia a falta de escrúpulos dos
governantes, que se dispõem a sacrificar as próprias consciências para manter a sua posição de
poder.
4. Os elementos cénicos que contribuem para aumentar a tensão dramática têm a ver com a
movimentação cénica das personagens e a sonoplastia.
Assim, verifica-se a movimentação de D. Miguel que, no início do excerto, “(…)anda, no palco,
dum lado para o outro(…)” (1ª nota à margem); a entrada do povo, simultaneamente “(…) pela
direita e pela esquerda do palco”; a subida do principal Sousa a um púlpito; a entrada dos soldados,
que enchem o palco, e a movimentação das personagens, que “(…) ficam na penumbra, agitando os
braços e erguendo bandeiras no ar.”.
Por outro lado, um elemento de extrema importância para criar o efeito em questão é o crescendo de
som que se verifica ao longo do excerto. Ouvem-se, com a entrada do povo, os “(…) tambores [que]
tocam sem cessar”; de seguida, ao mesmo tempo que o principal Sousa sobre ao púlpito, começa a
ouvir-se “(…)um sino tocar a rebate”; aumenta a intensidade do som, quando os “(…) tambores
entram em fanfarra (…)” (2ª nota à margem), sendo que o ato acaba, precisamente, ao som dos sinos
e dos tambores.
IB
II
1.1. D
1.2. B
1.3. B
1.4. C
1.5. C
1.6. A
2. 1-F
2- D
3-H
4-B
5-A