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INTRODUÇÃO
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Acadêmico do curso de Direito da Unidade de Ensino Superior Dom Bosco – UNDB, São Luís, MA.
Membro do grupo de pesquisa “Direito e meio ambiente”. Membro do “Programa de Assessoria Jurídica
Universitária Popular” – PAJUP. E-mail: ruandidier@yahoo.com.br.
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A sociedade de risco remete a uma nova concepção nas relações sociais. Não
mais se calca a particularidade, mas sim a universalidade em relação às ameaças, ou
seja, supera-se a individualização e parte-se para a globalização dos danos. Remete-se
agora à incerteza proveniente do desenvolvimento industrial, necessitando de uma nova
formulação da cientificidade com o intuito de minimizar as degradações.
Por começo, a leitura do risco representa a releitura do mundo. O contexto das
mazelas sociais e ambientais traduz-se em um emaranhado de atos que a relação
tradicional de causa e efeito não podem abarcar. Não obstante, aceitar ou rechaçar as
atividades poluidoras provém de proposituras cognitivas, sendo estas científicas ou não,
influindo sobremaneira na sociedade.
Primeiramente destaca-se a substituição do contexto da produção da riqueza
social pelas características dos riscos produzidos pelo modelo técnico-científico (BECK,
1998, p. 25). Visualiza-se então a mudança de preocupações. O que é posto em pauta
agora são as conseqüências da evolução científica e tecnológica, resultando na
preocupação com a segurança.
Entretanto, não se podem olvidar as conseqüências advindas da produção da
riqueza social. Esta sem dúvidas remete ao contexto de desigualdade na exposição dos
riscos. Apesar do caráter global dos mesmos, atingindo até mesmo aqueles que os
produzem, parte da sociedade não possui as mesmas condições de superar certos danos
tais quais os detentores da riqueza e do poder.
Sobre tal fato, Leff (2006, p. 48) destaca:
Assim sendo, uma coisa não exclui a outra. A análise da sociedade de risco,
tendo em vista os problemas decorrentes do desenvolvimento, acarretando em uma
solidariedade das ameaças constantes, não pode excluir as conseqüências provenientes
das relações de produção na sociedade. As duas concepções complementam-se na
medida em que reconhece fatores como o cerceamento da liberdade e a seletividade dos
riscos.
Não obstante, a teoria da sociedade de risco traduz-se na tomada de consciência
da insuficiência do modelo de produção, abeirada pela insegurança e sustentada pelo
uso ilimitado dos bens ambientais, bom como outros fatores que englobam a crise
ambiental (LEITE; AYALA, 2010, p. 113). Neste viés, já é possível vislumbrar um
novo cuidado, com o intuito de instaurar o bem estar socioambiental.
A instabilidade presente na sociedade de risco é expressa, pois caracterizada pela
incerteza. Cotidianamente, os indivíduos e o meio ambiente são expostos aos efeitos,
por vezes invisíveis, resultantes da industrialização e dos avanços técnicos científicos.
Deve-se ter em mente que o risco não pode ser resumido à lógica simplista de causa e
efeito, mas sim analisado pela complexidade dos atos e danos.
Na visão ecológica da ação do indivíduo, esta começa a escapar de suas
intenções em razão do universo das interações e pelo apossamento por parte do meio
ambiente, freqüentemente acarretando no efeito bumerangue (MORIN, 2007, p. 80-81).
Ocorre exatamente o mesmo quando se trata da sociedade de risco, sendo que os atos
provenientes do desenvolvimentismo acabam refletindo em danos posteriores e
solidários.
O modelo de produção acarreta na utilização desenfreada dos bens ambientais,
bem como outros fatores que acarretam na protelação da crise ambiental. Observam-se
aqui os padrões da produção dos danos. Em relação aos bens ambientais, a retenção do
acesso e manipulação por poucos acabam determinando os ricos arcados por todos,
figurando-se um regime excludente e desigual.
Leite (2010, p. 115) destaca:
Como foi destacado anteriormente, trata-se agora de um risco global, não mais
individual, inserindo-se também as conseqüências relacionadas às gerações futuras.
Neste contexto, deve-se solapar a ausência de responsabilização daqueles que
concorrem com os danos. Tal fato é recorrente, logo que a autoria e a os efeitos são, no
mais das vezes, imperceptíveis.
O fato é que se protela a existência de uma injustiça presente e até mesma futura.
Poucos são aqueles que detêm os meios de produção, que influem no desenvolvimento
técnico-científico e que se beneficiam com eles. De forma desigual, as gerações futuras
e o restante da sociedade acabam arcando com os danos provocados pelo individualismo
e irresponsabilidade de certos particulares.
Não obstante, os indivíduos da geração atual possuem papel importantíssimo na
concretização da justiça socioambiental. Entretanto, nos riscos reconhecidos
socialmente presenciam-se os interesses daqueles que participam do processo de
modernização, atribuindo-se um nexo com efeitos dispares a tais riscos (BECK, 1998,
p. 33).
Por ser o conhecimento um dos pontos primordiais no que tange a relação com o
meio ambiente, é primordial que o mesmo não seja ditado pelos indivíduos que
produzem a maioria dos riscos presentes na sociedade. Caso contrário, impossibilita-se
o reconhecimento adequado das necessidades ambientais.
A democracia também possui um papel determinante. Esta é primordial para
debater, de forma pública, certos temas, mas é insuficiente para uma ação pública que
repercute na percepção dos problemas pela sociedade (BAUMAN, 1998, p. 83). Na
perspectiva do risco, a participação da população no que tange o reconhecimento e a
aceitação daquele resta defasada.
Neste compasso, presencia-se sobre maneira a existência de uma apatia social,
principalmente em relação ao meio ambiente. Não se constata uma conscientização, mas
sim uma reprodução de pensamentos conexos com as relações de domínio e poder. É
expresso o déficit de sujeitos com capacidade de superar a racionalização objetiva.
A inexistência de limites advindos da violência social resulta em uma
democracia sem sujeitos, sem cidadãos, sem conjuntura, que não encontram sua
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identidade e não sabem participar (WARAT, 2004, p. 255). O resultado deste contexto é
uma sociedade totalmente injusta e desigual. Não se propicia um meio de oportunidades
semelhantes, mas sim de dominação. Tanto a natureza quanto os seres humanos sofrem
pela impossibilidade das manifestações democráticas.
Tal é resultado da proliferação de um pensamento dominante que será abordado
mais adiante. Entretanto, cabe ressaltar desde já que a imposição da racionalidade
científica, tolhendo as manifestações da subjetividade, repercute no desconhecimento
das peculiaridades e necessidades do meio. Neste viés, presencia-se a inexistência de
um bem estar ambiental, logo que o homem mede o seu comportamento tendo em vista
a coisificação e o reducionismo imposto à natureza.
Na mesma senda, as desigualdades deste contexto de fragilidade democrática,
proveniente das relações sociais, proliferam-se na medida em que o Estado faz-se
ausente. Nesta concepção, as incertezas e vulnerabilidades provenientes do mercado são
redefinidas como assunto privado, devendo os indivíduos combatê-las com seus
recursos particulares (BAUMAN, 2005, p. 67).
Na sociedade de risco, no qual os mesmo são tidos como globais, é necessária
uma solidariedade para que se superem os problemas provenientes da modernização. A
ausência do Estado e a inexistência de instrumentos para combater as injustiças sociais
repercutem no contexto de uma resistência individualizada. Neste compasso, arcarão
com os danos aqueles que não detêm os meios de produção e que possuem sua liberdade
cerceada pelo mercado.
Neste viés, é evidente a satisfação de poucos em desfavor da saúde, da bem estar
e da qualidade de vida de todos. A opinião pública influenciada pelos interesses e
necessidades de um determinado grupo social acarreta na impossibilidade de pleitear
um meio ambiente justo e equilibrado.
Assim sendo, não se pode esquecer as influências que incidem sobre
conhecimento em razão dos interesses daqueles que derem o poder. No advento de um
saber e de uma sociedade calcada nas relações de domínio e opressão, dificilmente a
compreensão ambiental conseguirá superar o estado atual de crise ecológica.
Dessa forma, a constatação do risco deve ser uma simbiose, integrando
concepções diversas, tal qual a racionalidade do cotidiano e a racionalidade dos
especialistas (BECK, 1998, p. 35). Em uma sociedade do risco em que todos estão
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resultantes dos atos humanos. Neste viés, a reprodução por parte dos membros da
sociedade acarreta na impossibilidade de pleitear um meio justo.
Em tempos de desordem e desonra, da inconsciência das usuras, da necessidade
de memória e afirmação emancipatória, necessita-se de uma sensibilidade para efetuar a
experiência da esperança (WARAT, 2004, p. 259). O que se enfatiza é que, frete à
instabilidade do mundo, não se está mais diante do caráter determinável dos fatos, mas
sim em um contexto de expectativas.
Assim sendo, em relação aos riscos e ameaças provenientes da modernização, as
respostas da ciência antiquada não contemplam as necessidades sociais. A esperança
relaciona-se com a incerteza, com o improvável. Neste compasso, a racionalidade
científica, que tudo quer provar e comprovar, não abarca as necessidades de uma
sociedade constituída pela indeterminação e pela insegurança.
É de se notar como característica do conhecimento científico que o mesmo “é
antes aproximado que verdadeiro” (MARQUES NETO, 2001, p. 50). Entretanto, na
cultura moderna, a mesma era tomada como resposta de todas as coisas. O homem,
posto no centro do universo, atribui-se a capacidade de responder todas as questões do
mundo por meio da razão, tornando absolutos e inquestionáveis suas conclusões.
A importância da racionalidade científica é inquestionável, mas o modelo que a
mesma é embasada acaba desconsiderando as manifestações e a conscientização de um
agir ético mais adequado. Não é só por meio da ciência e da razão que é possível
compreender o mundo. Para uma visão sensibilizada do meio ambiente, deve-se ir
remeter ao âmago de algumas questões que só seriam presenciadas por outros meios de
manifestação do saber.
Um novo pensamento que visa aflorar a sensibilidade deve superar a redução do
conhecimento em um estudo teórico, com significações objetivamente construídas
(WARAT, 2004, p. 264). O conhecimento reduzido é totalmente impróprio para
contemplar os danos e os perigos da modernização, mas certamente é legitimado para
tal, produzindo uma consciência totalmente equivocada na sociedade.
É neste viés que se pretende instaurar uma nova consciência em relação ao meio
ambiente. Não se trata de coisificar a natureza, mas sim de compreendê-la da forma
mais adequada possível, ou seja, considerar a sua complexidade e a sua incerteza. Neste
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difundem seus interesses pela sociedade para fazer valer seus interesses. É na inversão
dessas concepções que se presencia uma efetiva mobilização social, calcada em uma
sensibilidade em relação aos problemas ecológicos.
Nesta senda, reconhece-se a opressão presente na sociedade e suas
conseqüências. Deve-se partir para um viés crítico, que busca superar os ditames da
uma racionalidade completamente parcial e destrutiva. Possibilitando um saber de
cunho ecológico, a sensibilidade determinará uma conscientização ambiental mais
satisfatória, ou seja, um resguardo mais pontual em relação ao meio ambiente.
É na superação desta cultura racionalista que se estruturará uma nova
consciência em relação ao meio ambiente. Pela mudança no âmbito do conhecimento
será possível incidentalmente uma mudança de comportamento na esfera jurídica.
Visualizar-se-á a superação dos preceitos da racionalidade moderna e econômica em
favor de uma sensibilidade em face das necessidades ecológicas.
Do contrário, A imposição de tal compreensão de mundo na sociedade impedirá
a conscientização das conseqüências dos atos humanos no meio ambiente, sendo que a
população pouco se importará em sanar os problemas ambientais. Os interesses
utilitaristas e econômicos da classe dominante acabam assim determinando a
conscientização publica, em razão de um processo histórico de domínio, submissão e
opressão na sociedade.
Assim sendo, destacada a necessidade de uma nova racionalidade, pautada na
sensibilidade, parte-se para a análise concreta dos efeitos e promessas desta inversão.
Para tal, analisar-se-á no âmbito do direito ambiental a necessidade de uma
interpretação mais condizente com as necessidades ambientais, constatando-se esta
virada no âmbito jurisprudencial.
considerar que sem essa sensibilidade frente aos gravames ecológicos certamente seria
observada a primazia dos valores econômicos.
Não se trata exatamente de se jogar ao acaso, mas sim ao perigo incerto e
determinado que, na medida em que os atos humanos distanciam-se de um
posicionamento ecologicamente sensato, resultará em resultados catastróficos. A cultura
moderna determinou um comportamento humano em relação à natureza totalmente
artificial e mecanicista, impedindo um comportamento mais delicado e humanizado.
Negocia-se o meio ambiente, seja por meios econômicos, seja pelos poderes
públicos (OST, 1997, p. 133). Neste viés, o comportamento antropocêntrico e utilitarista
está imiscuído nas decisões. Não se pode deixar de reconhecer aqui a inexistência de
cuidado com o meio ambiente, resultando em uma atitude incompatível, sustentada por
uma racionalidade científica insuficiente.
Assim sendo, na medida em que se encontram manifestações e interpretações
coerentes com as necessidades ecológicas é possível afirmar pela existência de um
comportamento mais sensível. O homem no centro das coisas, a economia como
instrumento de medida e do fator imediato dos desejos são superados para sustentar uma
racionalidade híbrida, para além da teoria racional da informação.
O conhecimento é mal formulado, pois pautado na distinção entre os saberes e,
quando considerados justos, são tidos como inadequados, mas quando separados, são
considerados convenientes (LATOUR, 2001, p. 11). Esta é a predominante
desconsideração do híbrido, pois se descarta as concepções tidas como incompatíveis,
advogando-se pela exclusão das manifestações de conhecimento de fontes diversas.
No entanto, quando se supera as barreiras das fragmentações e
incomunicabilidade do conhecimento, adentra-se na complexidade e, consecutivamente,
em um saber mais conciso e adequado. O diálogo e a intercomunicação de fontes do
conhecimento antes tidas como incompatíveis remete a uma nova compreensão do
mundo, é o que se pretende ao dialogar a sensibilidade e a racionalidade
Neste compasso, destaca-se:
Neste julgado, defendeu-se pela tutela dos manguezais, considerados como áreas
de preservação permanente. O primeiro ponto a ser destacado é o caráter negativo dado
a tais áreas. A mesma era tomada não pelas suais qualidades intrínsecas, mas sim pela
aparência. Tal concepção foi protelada pela sociedade, não havendo a preocupação em
destacar a sua importância para a manutenção da vida.
Por conseguinte, é de se averiguar novamente um foco de sensibilidade na
jurisprudência brasileira. Não obstante o fato de essas áreas serem de preservação
permanente, existe expressa flexibilização em tal caráter. Assim sendo, neste julgado
observa-se o contrário, pois os manguezais são tomados pelas suas qualidades em si, tal
qual deveriam ser as demais áreas de preservação permanente. O equilíbrio do
ecossistema, a biodiversidade, as fontes hídricas, dentre outros aspectos, devem ser
destacados, superando o produto de uma razão objetivada em desfavor da natureza.
A racionalidade jurídica ambiental deve “ultrapassar o olhar técnico, dogmático
e monodisciplinar” (LEITE, 2008, p. 131). Esta concepção nos leva à idéia de uma
sensibilidade ecológica. Presente nas jurisprudências já citadas, a superação das
fragmentações da ciência e exclusão das demais disciplinas conduzem para uma
compreensão mais precisa em relação ao meio ambiente.
Os meios para manifestar as sensibilidades são vários. No entanto, abordam-se
primordialmente as mudanças das estruturas do conhecimento para que se considerem
as complexidades presentes no meio ambiente. Nesta visão, a sensibilidade ambiental
busca uma compreensão que vai além da informação reproduzida e que adentra nas
considerações éticas e morais.
Considerar as complexidades ambientais repercute na necessidade de inverter o
estado de objeto atribuído à natureza. Na medida em que se considera o homem como
senhor das coisas, o mesmo faz-se valer de suas atribuições de significados para se
relacionar com o mundo. Tal fato resume-se em uma arbitrariedade e violência contra o
meio ambiente.
Ao se relacionar com a natureza, o ser humano deve utilizar de concepções que
transcendam a significância exclusivamente antropocêntrica. Deste modo, o dialogo
entre homem e natureza será evidenciada, sendo que as simbologias terão sentido não só
para o homem, como também serão conexos com as necessidades ecológicas.
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Para tal, a atribuição de sentidos deve ser determinada pelos mais diversos
âmbitos do conhecimento. Pretendendo superar a hierarquização presentes no conhecer,
tem-se como intuito uma nova concepção de saber ambiental, contemplando as
complexidades do meio ambiente e a participação popular.
É de se notar a insuficiência da racionalidade em prover uma visão da riqueza da
vida, sendo necessária a sensibilidade para compreender os fenômenos humanos
(FAGÚNDEZ, 2004, p. 245). Para adentrar na complexidade, antes invisíveis pelos
preceitos simplificadores da modernidade, é necessária a compreensão além do lógico,
partindo-se para o sentimento de cuidado e compaixão com o outro, com a natureza.
O sensível destacado nas ulteriores jurisprudências deixa claro um sentimento
intrínseco em relação à proteção da natureza, antes descartada e repudiada. Trata-se de
um avanço, levando em consideração que existe o predomínio da defesa de uma razão
motivada por padrões totalmente ilógicos no que tange a tutela de um bem estar
socioambiental.
A racionalidade pauta-se assim no objetivismo, extirpando do objeto a
sensibilidade, a razão e o sentido (LEFF, 2006, p. 125). Com o intuito de superar os
ditames desta cultura científica, a atividade judicial na esfera ambiental busca superar
essa ausência de sensibilidade e de sentido, bem como a inexistência de uma razão
sustentada pela complexidade e pela subjetividade.
A sensibilidade ecológica transgride para outra forma de conhecimento. Não
mais se cultua o conhecimento certo e absoluto, tal qual na modernidade. Pretende-se
integrar concepções que resultem na manifestação nas características mais humanizadas,
para que se possa adentrar em campos mais férteis da natureza. A ciência como
instrumento redutor impediu a comunicação entre os sentimentos de cuidado e a razão.
A necessidade de reconhecer a proteção do meio ambiente como necessária sucumbiu
em função desta racionalidade.
Há que se destacar que nenhuma ciência dispõe de toda a teoria para penetrar
aspectos da realidade (MARQUES NETO, 2001, p. 95). Diferente da modernidade
busca-se a complexidade, integrando e comunicando os diversos saberes, evitando o
descarte. Ser sensível também é reconhecer os problemas advindos do reducionismo,
logo que este considera a neutralidade como sustentáculo de seu desenvolvimento,
surgindo a indiferença em relação ao outro, à natureza.
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É nesse sentido que se pretende uma atividade judicial mais condizente com as
necessidades ecológicas. Na medida em que se instaura uma complexidade ambiental,
distancia-se da proposta de um meio ambiente ecologicamente equilibrado. A
sustentação das estruturas da racionalidade moderna não suporta mais os problemas da
contemporaneidade, sendo necessária a construção de um conhecimento híbrido que
abarque tanto o científico quanto o não-científico.
A sensibilidade leva ao reconhecimento dos gravames advindos dos atos
humanos. Para tal, é necessária uma reformulação do agir ético, logo que este
determinará as decisões que dizem respeito ao meio ambiente. O sentimento passa a
substituir os elementos da modernidade, considerando-os insuficientes para a
compreensão das ameaças e riscos. Destarte, a mudança do agir humano repercute
sobremaneira no âmbito da inserção da sensibilidade na relação com a natureza.
Portanto, analisados os focos de sensibilidade em relação ao meio ambiente,
pode-se auferir a e sua conseqüente eficácia para a persecução de um meio ambiente
ecologicamente equilibrado. A atividade judicial que supera as concepções insensíveis
da racionalidade científica advinda da modernidade é em si sensível, pois é condoído
pelos riscos, pelas ameaças e pelos danos causados pelos atos humanos, bem como
complacente com as necessidades ecológicas, com impressões éticas e morais.
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CONCLUSÕES ARTICULADAS
Referências
BECK, Ulrich. La sociedad del riesgo: hacia una nueva modernidad. Espanha: Paidós
Básica, 1998.
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FAGÚNDEZ, Paulo Roney Ávila. O significado da modernidade. In: In: LEITE, José
Rubens Morato, BELLO FILHO, Ney de Barros (Org.). Direito ambiental
contemporâneo. Barueri, SP: Manole, 2004.
LEITE, José Rubens Morato. Sociedade de risco e estado. In: CANOTILHO, José
Joaquim Gomes. LEITE, José Rubens Morato (orgs.). Direito constitucional
ambiental brasileiro. 2. ed. rev. São Paulo, 2008. p. 205-246.
LEITE, José Rubens Morato, AYALA, Patryck Araújo. Dano ambienta: do individual
ao coletivo extrapatrimonial. 3. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: RT, 2010.
MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo. 3. ed. Porto Alegra: Sulina, 2007.