Especificamente na sociologia, os estudiosos, como
Comte, Durkheim, Weber e Marx, nos apresentam pressupostos teóricos que carregam diferentes níveis de abordagem, resultando em modelos teóricos particulares revelando particularidades da realidade, oferecendo perspectivas diversas que se complementam. Bases do Pensamento de Karl Marx
A sociologia ,assim como é próprio das ciências, nos
permite olhar a realidade sob óticas variadas.
Uma das maiores riquezas que as ciências nos
proporciona é a possibilidade de levantar diferentes hipóteses, ter outras visões, buscar e testar novos caminhos, questionar. Karl Marx não se limitou a tentar entender o sistema capitalista, mas também propôs mudanças com a intenção de transformar a realidade no âmbito da política, da economia e da sociedade.
Lançou a corrente de análise mais revolucionária,
tanto sob o ponto de vista teórico como da prática social.
Karl Marx não escreveu de forma particular para
acadêmicos, mas para todos que desejassem assumir sua vocação revolucionária. Marx, acima de tudo, definia-se como um militante da causa socialista, por isso suas ideias não se limitaram ao campo teórico e científico, mas foram defendidas com luta como princípios norteadores para o desenvolvimento de uma nova sociedade em diferentes campos e batalhas, nos quais se confrontaram diversos grupos sociais desde o século XIX, quando o marxismo se organiza como corrente política (COSTA, 2005, p. 110). Segundo Chauí (2014), a variação das condições materiais de uma sociedade constitui a história dessa sociedade, e Marx nomeou de modos de produção. Mudança essa que não ocorre por um simples acaso ou por decisão e vontade livre dos homens, mas conforme as condições econômicas, culturais e sociais previamente estabelecidas. Essas condições podem ser alteradas de uma forma também determinada, graças à práxis humana frente às condições dadas.
Marx afirmou que: “os homens fazem a História,
mas o fazem em condições determinadas”, isto é, que não foram escolhidas por eles. Exemplificando:
• Quando alguém diz que uma pessoa é pobre porque
quer, ou porque é preguiçosa, ou ainda ignorante, está supondo que somos o que somos somente por nossa vontade. Não avalia que a estrutura e a organização da economia, da sociedade, da política tenham qualquer peso sobre nossas vidas.
• Quando uma pessoa diz ser pobre “por vontade de Deus”
e não dadas as causas das condições concretas em que vive. Ou, ainda, como nos alerta Chauí (2014), quando faz uma afirmação racista, segundo a qual “a Natureza fez alguns superiores e outros inferiores”. Alienação social
Chauí (2014) aponta, que a alienação social é o
desconhecimento das condições histórico-sociais concretas em que vivemos, produzidas pela ação humana também sobre o peso de outras condições históricas anteriores e determinadas.
A alienação é dupla: por um lado, os homens não se
reconhecem como autores e agentes da vida social e, por outro lado e ao mesmo tempo, se veem como sujeitos livres, capazes de mudar suas vidas como e quando quiserem, independente da história e das instituições sociais. Alienação social
A palavra alienação vem do latim “allienus”, que
significa “fora”, “pertencente a outro”.
Marx absorve o sentido de injustiça, de
desumanização e faz desse conceito peça-chave de sua teoria para compreender a exploração econômica que o capitalismo exerce sobre o trabalhador. Usa a palavra para descrever a falta de contato e o estranhamento que o trabalhador tinha com aquilo que produzia. A ideia de alienação na sociologia de Marx é também apontada como um momento, no capitalismo, onde os homens perdem-se a si próprios e a seu trabalho. O estranhamento, a alienação, é descrita por Marx sobre 4 aspectos
1-> O trabalhador é estranho ao produto de sua
atividade, que pertence a outro.
2-> A alienação do trabalhador relativo ao
resultado,ao produto de sua atividade é vista como alienação da atividade produtiva.
3-> Como consequência da alienação produtiva, o
trabalhador aliena-se também do gênero humano. 4-> o resultado imediato desta alienação do trabalhador da vida, da humanidade, é a alienação do homem pelo homem. Essa relação recíproca dos homens tem a manifestação mais concreta na relação operário-capitalista. A coisificação do mundo é promovida pela relação entre capital, trabalho e alienação. Quer dizer que as regras desse sistema são seguidas passivamente por todos os atores envolvidos. Segundo Marx, a tomada de consciência de classe e a revolução se configuram como as únicas formas para a transformação social.
Para Marx, o trabalho era a mais importante expressão da
natureza humana. Quando o homem perdia o controle sobre ele, entrava em um processo que conduziria a sociedade a uma ordem social alienada: desigualdade crescente, pobreza em meio à plenitude, antagonismo social e luta de classes. Reflita:
Lembrando do filme “Tempos Modernos” , em que
circunstâncias do filme podemos afirmar que o tema central do filme é a alienação? O filme mostra Carlitos, personagem principal, como prisioneiro do ritmo intenso da cadeia de produção que circula diante dele. O ritmo alucinante do trabalho é imposto pelas máquinas e o operário é quem tem que se adaptar. Como resultado, temos cenas inesquecíveis, cômicas e tristes ao mesmo tempo. Carlitos tenta alterar o ritmo da máquina, mas é inútil. Corre atrás das mercadorias que passam à sua frente em alta velocidade, mas sem sucesso. Precisa cumprir, dia a dia, a mesma função durante toda sua jornada de trabalho, todos os dias da semana, o mês inteiro. É um trabalho insano: aperta as porcas de um pedaço de metal que passa rapidamente, surgindo na esteira um atrás do outro. Carlitos não tem a menor ideia sobre o que está produzindo. Tópico central na crítica ao capitalismo, a alienação inicia no processo produtivo em que o trabalhador usa sua força de trabalho sem ter consciência do que está produzindo, sem ser envolvido na produção, sem ser consultado ou informado sobre o que sua capacidade de trabalho vai produzir, sobre para quem será destinada sua produção, a que preço, etc. Costa (2005) aponta a importância de outro conceito básico da teoria marxista, que é o de classes sociais, que desenvolve para denunciar as desigualdades contra a falsa ideia de igualdade jurídica e política.
“Para ele, os inalienáveis direitos de liberdade e justiça,
considerados naturais pelo liberalismo, não resistem às evidências das desigualdades sociais promovidas pelas “relações de produção”, que dividem os homens em proprietários e não proprietários dos modos de produção. Dessa divisão se originam as classes sociais: os “proletários” – trabalhadores despossuídos dos “meios de produção”, que vendem sua força de trabalho em troca de salário – e os “capitalistas”, que, possuindo meios de produção sob a forma legal da propriedade privada, “apropriam-se” do produto do trabalho de seus operários em troca do salário do qual eles dependem para sobreviver” (COSTA, 2005, p. 114). As classes sociais formadas pelo capitalismo – burgueses e operários- criam desigualdades instransponíveis que se estabelecem entre homens e relações que são essencialmente de exploração e antagonismo.
Por um lado o capitalista deseja garantir seu direito à
propriedade dos meios de produção e a máxima exploração do operário.
Por outro lado, o trabalhador luta contra a exploração,
reivindica melhores condições de trabalho, salários, direitos, participação nos lucros gerados pelo que ele produz. Marx vê a história humana como a história da luta de classes, da constante disputa de interesses que se opõem, mesmo que tal oposição nem sempre se revele socialmente sob a forma de guerra declarada.
O capitalismo considera a força de trabalho como
mercadoria, como a única capaz de criar valor. Para Marx, tudo que é criado pelo homem contém um trabalho passado e, por isso, “morto”, e só pode ser reanimado por outro trabalho. “Assim, por exemplo, um pedaço de couro animal curtido, uma agulha de aço e fios de linha são, todos, produtos do trabalho humano. Deixados em si mesmos, são coisas mortas; utilizados para produzir um par de sapatos, renascem como meios de produção e se incorporam num novo produto, uma nova mercadoria, um novo valor.” (COSTA, 2005, p. 117). Como se dá o lucro no sistema capitalista?
Na análise de Marx, a forma mais eficaz e estável
do lucro dos capitalistas é a valorização da mercadoria na esfera da produção. É fazer a mercadoria baratear no processo produtivo pela exploração do trabalhador. Mais-valia
O salário pago representa uma pequena porcentagem
do resultado final do trabalho, então essa diferença compõe a chamada mais-valia. Termo que Marx utiliza para designar a disparidade entre o salário pago e o valor do trabalho produzido.
Duas forças distintas: uma coisa é o valor da força do
trabalho – o salário- e outra é quanto o trabalho rende ao capitalista. O valor excedente produzido pelo operário é o que Marx chama de mais –valia. Situação-Problema Joel é funcionário de uma fábrica de calçados. Ele e cada colega da linha de produção produzem um par de calçado a cada duas horas. E é nesse período – de duas horas diárias – que Joel produz o suficiente para pagar por todo seu trabalho. Mas seu dia na fábrica compreende a jornada de oito horas diárias, o que significa que produz, por dia, quatro pares de calçados. O custo de produção de cada par de calçado continua o mesmo, assim como o salário de Joel. Parece que Joel e cada colega da linha de produção trabalham seis horas de graça, reduzindo assim o custo do produto. - Quem lucra com a produção de Joel? - A partir desse caso, como explicar o conceito de mais-valia? - Que é modo de produção? Como se revela no caso de Joel? - Qual a importância desse conceito para a análise que Marx faz das sociedades? Faça valer a pena! 1. A partir de nossas análises e estudos, preencha adequadamente as lacunas da sentença abaixo, na respectiva ordem: O desconhecimento das condições histórico-sociais concretas em que vivemos, produzidas pela ação humana também sob o peso de outras condições históricas anteriores e determinadas, compõe o que chamamos de ______________ social. A despeito das ______________ e das instituições sociais, os homens não se reconhecem como autores e agentes da vida social e, ao mesmo tempo, se veem como sujeitos livres, capazes de mudar suas vidas como e quando quiserem, o que compõe uma ______________ dupla.
A – alienação – mais-valia – condições históricas
B – relação – visão – possibilidades concretas C – cooperação – luta – classes sociais D – exclusão – alienação – classes sociais E – alienação – condições históricas – alienação Faça valer a pena! 2. Como se dá o lucro no sistema capitalista? Na análise de Marx, a forma mais eficaz e estável para o lucro dos capitalistas é:
I – A valorização da mercadoria na esfera da sua produção.
II – Fazer a mercadoria baratear no processo produtivo pela exploração do trabalhador. III – A mais-valia: que é o termo usado por Marx, na sua análise dialética, para designar a disparidade entre o salário pago e o valor do trabalho produzido. IV – Cobrar mais caro pelo produto do que o custo da sua produção total.
A alternativa que indica as afirmativas verdadeiras é:
A – III e IV B – I e II C – II, III e IV D – I, II e III E – II e III.