Professional Documents
Culture Documents
São Paulo
2015
VANDI CORREIA DE BRITO NETO
ESPIRITISMO:
Uma Religião Brasileira
São Paulo
2015
2
SUMÁRIO
1. HISTÓRIA....................................................................................................... 02
2. FUNDAMENTOS BÁSICOS ........................................................................ 06
3. ESPIRITISMO NO BRASIL ........................................................................ 07
4. CONCLUSÃO................................................................................................. 11
3
1. HISTÓRIA
4
pedagogo Johan Heinrich Pestalozzi. Na volta, instalou-se em Paris em 1820 e, quatro
anos depois, começou a dar aulas. Lecionava matemática, física, química, astronomia,
anatomia e francês.
Foi na casa da senhora Plainemaison, na Rue Grange Batelière, número 18. Ali o
professor ficou impressionado. As mensagens tinham linguagem diferente da que os
médiuns usavam no dia a dia e com um grau de conhecimento da vida privada dos
visitantes que não tinham como possuir. O pesquisador então elencou uma nova hipótese:
a de que a realidade visível não é a única que existe. E que espíritos são tão reais quanto
o mundo microscópico e as forças físicas invisíveis, como a lei da gravidade (GASPAR,
2002).
Numa das sessões que presenciava, Rivail ouviu de um médium que ele já fora
um celta chamado Allan Kardec. E que, como Kardec, ele deveria reunir os muitos
ensinamentos e conclusões dos últimos séculos numa doutrina que propagasse os ideais
de Cristo e trouxesse alívio para os corações dos homens. Imbuído desse espírito, Kardec
começou a trabalhar na síntese que gerou o Espiritismo.
5
Por serem reais, apesar de invisíveis, os espíritos seguem leis, da mesma forma
que os seres de carne e osso. “Entrevi naquelas aparentes futilidades qualquer coisa de
sério, como que a revelação de uma nova lei, que tomei a mim investigar a fundo”, ele
relataria anos depois, para concluir que a força que movia aqueles móveis apresentava
perguntas que mereciam resposta. “Há ou não uma força inteligente? Eis a questão. Se
essa força existe, o que é? Qual será sua natureza e sua origem? Está além da
humanidade?” (KARDEC, 2001)
Em 1857, Kardec trouxe à luz O Livro dos Espíritos. É a partir dessa obra que se
pode falar em Espiritismo (a palavra, aliás, é um neologismo cunhado pelo próprio Kardec
para diferenciar a nova religião dos inúmeros espiritualismos que estavam na moda). E –
outro elemento de diferenciação com as demais religiões – tinha a retórica livremente
inspirada no vocabulário e no método expositivo dos livros de ciências naturais do século
XIX. Uma linguagem sintética, facilmente compreensível e nada hermética.
E também queria diferenciar seu trabalho pedagógico com essa nova vertente de
pesquisa. Daí Rivail ter adotado o pseudônimo que se lê na capa da primeira edição de O
Livro dos Espíritos: “Princípios da doutrina espírita sobre a imortalidade da alma, a
natureza dos Espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a vida presente, a
6
vida futura e o porvir da Humanidade – segundo os ensinos dados por Espíritos superiores
com o concurso de diversos médiuns – recebidos e coordenados por Allan Kardec”.
Kardec melhorou sua situação financeira com a venda de seus livros e trocou de
casa diversas vezes. A última mudança seria para um terreno que ele havia comprado na
Avenida Ségur para construir seis pequenas casas para seu sucessor e seguidores espíritas
de poucos recursos. A residência da família ficou pronta rapidamente, mas ele não chegou
a morar lá.
7
2. FUNDAMENTOS BÁSICOS
Para entender o Espiritismo, é preciso saber que a base de toda a religião está exposta
nas cinco obras seminais de Allan Kardec, que são: O Livro dos Espíritos (1857), O Livro
dos Médiuns (1861), O Evangelho Segundo o Espiritismo (1864), O Céu e o Inferno
(1865) e A Genese (1868). Desde esse nascimento na França oitocentista, o Espiritismo
reivindica não apenas um status de religião, mas também de ciência e de filosofia. Ou
seja: é uma fé e uma doutrina cujas manifestações – contato com espíritos, regressões a
vidas passadas e textos psicografados – poderiam ser comprovadas através do método
dedutivo herdado da ciência.
Criado simples e sem nenhum conhecimento, o espírito é quem decide e cria o seu
próprio destino. Para isso, ele é dotado de livre-arbítrio, ou seja, capacidade de escolher
entre o bem e o mal. Tem a possibilidade de se desenvolver, evoluir, aperfeiçoar-se, de
8
tornar-se cada vez melhor, mais perfeito, como um aluno na escola, passando de uma
série para outra, através dos diversos cursos. A isso chamam de reencarnação. Essa
evolução requer aprendizado, e o espírito só pode alcançá-la encarnando no mundo e
reencarnando, quantas vezes necessárias, para adquirir mais conhecimento, através das
múltiplas experiências de vida. O progresso adquirido pelo espírito não é somente
intelectual, mas, sobretudo, o progresso moral.
3. ESPIRITISMO NO BRASIL
9
em 1840, que aplicavam passes em seus clientes e falavam em Deus, Cristo e Caridade,
quando curavam.
O grupo mais antigo que se constituiria no Rio de Janeiro, para cultivar o fenômeno
espírita, foi o de Melo Morais, homeopata e historiador, por volta de 1853. Portanto,
quando da publicação de "O Livro dos Espíritos", já havia no Brasil meio favorável ao
seu entendimento e divulgação.
Araia (1996) conta que em 1863 o Espiritismo era comentado com seriedade e o
"Jornal do Commércio", maior órgão da imprensa da Capital do Império, que publicava
em 23 de setembro, artigo favorável à nova Doutrina. Os primeiros centros espíritas, nos
moldes preconizados por Kardec, surgem na Bahia (Grupo Familiar do Espiritismo), no
Rio de Janeiro e em outros estados, a partir de 1865.
O fato de maior significação nos anais do espiritismo foi, sem dúvida, a adesão do
eminente político, médico e católico, Dr. Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti, que
presidiu a Federação nos anos de 1888-89. A união dos espíritas, tão desejada por Bezerra
de Menezes, via-se prejudicada pela divergência entre "místicos"e "científicos".
10
Após a Proclamação da República em 1889, surge o novo Código Penal (1890) no
qual o espiritismo (PIERUCCI, PRANDDI, 1996) era enquadrado como " transgressão
à lei, em alguns de seus dispositivos dúbios".
Em 1897 são transferidos para a FEB os direitos autorais, para língua portuguesa, de
todas as obras de Kardec, fato importante para a difusão da Doutrina Espírita no Brasil.
No Brasil o embate sobre o lado científico e místico dentro do espiritismo foi vencido
aspecto religioso. E por dois motivos. Em primeiro lugar, o lado religioso funcionava
melhor para uma população ligada a um cristianismo que, em geral, convivia
tranquilamente com curandeiros, benzedeiros e cartomantes (ARAIA, 1996). A
preocupação científica e filosófica não o mesmo apelo para os brasileiros como tem o
lado religioso-ritualístico: tomar um passe, livrando-se das energias ruins se apresentaria
como mais conveniente do que adotar uma doutrina complexas e cheia de princípios
(PIERUCCI, 2001.
Em segundo lugar, o mais importante líder entre os espíritas depois de Allan Kardec
e antes de Chico Xavier, o ex-deputado Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti,
concordava com os místicos. Mas teve também o talento de não dispensar os científicos.
A Federação Espírita do Brasil, criada em 1884 pelo fotógrafo português Augusto Elias
da Silva, seria presidida duas vezes pelo doutor Bezerra e estimulou a publicação de livros
e textos de cunho acadêmico.
11
Atualmente, o trabalho iniciado por Kardec tem 13 milhões de seguidores no mundo.
A maioria, 3,8 milhões, está no Brasil.
CONCLUSÃO
O fato é que o mistério exercido pelo mundo espiritual, a capa de racionalidade vestida
pelos seus mestres e a possibilidade de se manter ligado a vida terrena através dos ciclos
de reencarnação, tem atraído os seres humanos no decorrer da história e, talvez sejam
estes os principais fatores que tornam o espiritismo uma doutrina tão atraente.
12
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
13