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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

Instituto de Ciências Humanas


Curso de Pós-Graduação em Antropologia

Pré-roteiro de vídeo etnográfico.

ANTIQUITÉ - MEMÓRIAS, PESSOAS E COISAS

Pesquisadores- Leandro Barbosa e Cícero Oliveira

Pelotas, 08/06/2018
PRÉ-ROTEIRO

Antiquité - Memórias, Pessoas e Coisas

RESUMO

Antiquitéé a proposição da constituição de um vídeoetnográfico que terá como ponto


de partida as memórias sociais e narrativas que são produzidas no espaço, enfatizando a
duração da memória dos e sobre os objetos. Partindo de da percepção de que á memória
coletiva é representada na fala do antiquarista, pretendemos ressaltar as diferentes formas as
quais pessoas interpretam, representam e imaginam os objetos antigos. O antiquário também
se manifesta como um espaço de compartilhamento de reminiscências, onde o antiquarista se
evidencia como guardião das mesmas, compartilhando memórias através dos objetos e
manifestando o imaginário coletivo da cidade. A proposta é a reflexão sobre os objetos para
além do consumo na perspectiva capitalista, onde se indica que a memória social demonstra-
se desde o momento da obtenção de objetos antigos, acima de tudo pelo valor simbólico que a
eles são agregados através do acesso ás reminiscências, por meio de diferentes temporalidades
manifestas. Esta relação que é constituída com o objeto eleva sua valoração a um ator não
humano, constituindo diálogos entre diferentes atores, produzindo vínculos sociais e gerando
formas particulares de solidariedade, confiança e sociabilidade fundamentais para a vida
social.

OBJETIVO

O objetivo desse é a constituição de um breve registro que torne possível compreender


a agência dos objetos, atentando-nos para a vida social das coisas. É a proposição da reflexão
sobre a relação homem/objeto através da cultura material que esta dispostano antiquário
Santonome.
JUSTIFICATIVA

A propostas tem como base tencionar os diferentes atores e narrativas, transformando


o enfoque da narração dos interlocutores para os atores não humanos, que serão postos em
transição com a narrativa em cena. O etnográfico se ressaltará na memória e imaginação, em
principal em todo um conjunto de falas que são produzidas sobre os atores/objetos. Nossa
proposta destaca-se em principal por desafiar os expectadores a pensarem os objetos para
além da percepção material pautada no capitalismo, ressaltandoa memória social através do
consumo de objetos antigos, e todo o imaginário que os circunda.É também o estímulo a
compreensão da relação constituída com a memória que comunicada nas antiguidades, que
manifesta aspectos do passado da cidade e produz vínculos sociais, gerando formas
particulares de solidariedade, confiança e sociabilidade fundamentais para a vida social.

PRINCIPAIS GRUPOS A SEREM CONTEMPLADOS

Pensando a agência dos objetos aqui pesquisados, em especial neles enquanto imagem
da memória da cidade, acreditamos ser esse trabalho fundamental para reflexão do público em
geral, independente de qual classe social, haja vista que em maior ou menor grau todos
estamos envolvidos pela perspectiva do consumo deobjetos, produzindo relações sociais a
partir dos e com os objetos que nos cercam, estabelecendo um constante dialogo com histórias
e memórias no entorno deles.

METODOLOGIA A SER APLICADA

A metodologia adotada no percurso dessa pesquisa será organizada a partir da


narrativa do antiquarista sobre os atores não humanos (objetos) atentando para as memórias
que despertam ou não, em humanos que frequentam, vendem, compram ou apenas visitam o
antiquário santonome. Também iremos recorrer a observação flutuante, ao nos deixar flutuar
através do olhar em cena, não se munindo de nenhum conhecimento prévio sobre o lugar,
histórias e pessoas que o circundam e freqüentam. Estaremos abertos e nos deixaremos
conduzir pelo inesperado, pelo modo como as pessoas se apresentam num dado momento
neste determinado lugar da cidade, cuja destinação de uso pode parecer insuspeitada. Também
haverá a composição de uma coleção etnográfica através de fotografias que serão feitas no
local, e estas serão adicionadas parcialmente no registro fílmico. Os objetos alocados no
antiquário Santonome acabam compondo uma coleção que evoca a memória da cidade, onde
os objetos são de predominância ou aparência Européia, ressaltando o imaginário eurocêntrica
e colonialista que esta presente nas falas. Este imaginário ao mesmo tempo que ressalta o
desejo da constituição de uma cidade glamorosa e organizada, evoca e denuncia a
invisibilidade de grupos que, descendem de pessoas que foram escravizadas, descartando
estes como fundamentaispara entendermos as relações dos objetos com a formação de
Pelotas.Assim, propomos aqui a interpretação da cultura material do santonome através de
interpretação do movimento exunêutica. A exunêutica é a forma filosófica africana de
interpretação. Parte de princípios alicerçados na afroteologia, que lhe garante uma visão de
mundo centrada no esforço de reflexão teológica sobre a religião de matriz africana. Busca na
afrocentricidade, na negritude e no pan-africanismo a noção de localização das formas de ver
o mundo e de se ver no mundo, dando voz às formas africanas de questionamento, concepção
e reflexão. É a experiência africana que proporciona a exunêutica. (SILVEIRA, 2014, p. 124
– grifo nosso). Nesse sentido enquadraremos essa pesquisa no pluriverso do mito, da
oralidade e da agência dos objetos como portadores de memórias e histórias sinequa non para
as relações humanas.

METODO A SER APLICADO


Por meio de entrevista com o antiquarista, utilizando-nos de duas câmeras faremos
dois registros, um no espaço onde ocorre o atendimento aos clientes. Neste uma das câmera
ficara presa ao tripé, e a outra será controlada por um dos pesquisadores. Em um segundo
momentos, atentando para a perspectiva da observação flutuante, o câmera seguirá o
interlocutor através do estabelecimento, onde o mesmo estabelecera diálogos com o
pesquisador e com os objetos.serão feitas fotografias no local pós registro fílmico a fins de
composição de ensaio. O método a ser aplicado dialoga com uma proposta de antropologia
compartilhada onde o entrevistado é também autor do trabalho a ser realizado.Nessa
perspectiva etnográfica visual usaremos câmera fotográfica e filmadora como meio de registro
da experiência.
Referências

DEBARY, Octave. La finduCreusot ou l’art d’acommoderles restes. Paris:CTHS, 2002.

HALBWACHS, M. A memória coletiva. São Paulo: Vertice, 1990.

LATOUR, B. Reassembling the social: an introduction to actor-network-theory.New York:


Oxford University Press, 2005

PÉTONNET, Colette. L’observationflottante: l’exemple d’un cimetièreparisien, L’Homme,


oct-déc. 1982, XI (4r), p.37-47

SILVEIRA, Hendrix. Não somos filhos sem pais: história e teologia do Batuque do Rio
Grande do Sul. São Leopoldo: Faculdades EST, 2014. 134 f. Dissertação (Mestrado em
Teologia – área de concentração Teologia e História) – Programa de Pós-Graduação em
Teologia, Faculdades EST, São Leopoldo, 2014.

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