Antonio Cesar Salibe
Da Era do Petróleo Para a
Era Dos Biocombustíveis
O mundo vive hoje a revolução dos biocombustíveis,
era em que deixamos de ser totalmente dependentes do
petróleo para conquistarmos novas alternativas
energéticas, menos poluentes e renováveis.
Diversos fatores influenciaram essa mudança de postura
global, mas o principal deles foi mesmo a grande escalada
de preços do ouro negro, que saltou de um custo de 25
dólares em setembro de 2003, para os atuais 150 dólares o
barril praticados nas bolsas mundiais em meados do mês
de julho de 2008. Ou seja: em menos de cinco anos o
preço do petróleo cresceu 500%.
Soma-se a isso os problemas climáticos que começaram
a assolar o mundo em maior proporção e que de alguma
forma foram classificados como consequência de um
aquecimento global cada vez maior, que faz com que o
equilíbrio terrestre comece a ser abalado. Assim, buscar
alternativas energéticas menos poluentes, então, seria
preservar a vida em harmonia com o ambiente, já que a
emissão de CO2 pelos escapamentos de carros movidos a
combustível fóssil, é grande vilã nesse quesito.
Porém, os dois fatores juntos não ofereceram tanto
incentivo quanto o discurso do presidente norte-americano
George W. Bush em janeiro de 2007, ao afirmar que os
Estados Unidos, em 10 anos, precisarão de mais de 120
bilhões de litros de etanol, que serão misturados à
gasolina daquele país, maior consumidor mundial de
petróleo.
Com esta afirmação uma grande correria deu início em
todo o mundo, fazendo com que se buscasse alternativas
já consolidadas sobre o tema, que por consequência
envolvia sempre o Brasil, possuidor da maior experiência
sobre o tema, com um programa de uso de combustível
alternativo com mais de três décadas de excelência e que
tornou o país auto-sustentável no quesito energético.
Reflexo dessa corrida é a constatação de que já em
vários países o etanol tem sido amplamente utilizado, em
diversas proporções, desde sua utilização pura, como no
caso do Brasil, até misturas que variam de 5% a 85%.
Comprovadamente, o etanol se tornou o melhor aditivo à
gasolina.
Dentre os países que o utilizam em suas matrizes
energéticas estão o Brasil, Estados Unidos, Suécia,
Tailândia, Austrália, Canadá, China, Colômbia, Peru,
África do Sul, Paraguai e Índia, segundo dados do
Ministério da Agricultura do Brasil.
Em pelo menos outros 11 países a mistura de etanol na
gasolina está sendo estudada, o que pode tornar o
biocombustível numa commodity, objetivo, hoje, das
entidades que representam o segmento.
continued on page 7
6 | www.SugarJournal.com
From the Fossil Era
to Biofuels
Today’s world is in a transformation toward biofuels, in a
century that we will not be totally dependent on oil and at a
time that we conquer new energy alternatives that are less
polluting and renewable.
Several factors influenced this change of global behavior,
but the main one was the large increase in prices of the “black
gold,” that jumped from the cost of $US25 per barrel in
September 2003, to more than $150 as seen in the world stock
market during mid July of 2008. In other words, in less than
five years the price of oil has increased 500%.
Adding to this transformation are the climatic problems
that started to affect the world in larger proportions and were
classified as a consequence of global warming, each time
occurring ever larger which now affects the world
equilibrium. So, we must search for less polluting energy
alternatives aimed at the preservation of harmony with the
environment since the CO2 emissions from car exhausts
powered by fossil fuel is the largest factor responsible for this
matter.
Although, these two factors didn’t provide much incentive,
the speech of United States President George W. Bush in
January 2007 said that in 10 years, the United States will need
more than 120 billion liters of ethanol mixed with gasoline.
With this assertion, a big effort has started in the world to
search for new alternatives on this subject. Brazil has the
largest industry experience on this subject, with its excellent
program using renewable fuels for more than three decades
making the country self sustainable in energy.
The result of this effort is that several countries are now
using ethanol, in varying proportions, from 100% use, as in
the case of Brazil, to blends that vary from 5% to 85%.
Without any doubt, ethanol is the best additive for gasoline.
Among the countries that use ethanol in its energy mix are
Brazil, US, Sweden, Thailand, Australia, Canada, China,
Colombia, Peru, South Africa, Paraguay and India, according
to data of Agriculture Ministry of Brazil.
Studies are being conducted in at least 11 other countries
on a mixture of ethanol in gasoline that can turn this biofuel
into a valuable commodity.
Supplying the world demand is a big challenge, not only
for Brazil but for the entire world. For the first time in
history, we can observe, as well said by our former Minister
of Agriculture Roberto Rodrigues, a change in the North-
South axis of the planet. The Southern Hemisphere, always
considered less developed in various aspects can now supply
the energy needed for the development of the richer Northern
Hemisphere.
As this biofuel industry has grown, it has suffered harsh
criticism by many nations and entities, such as the
continued on page 7
SJ | August 2008
continued from page 6
Atender à demanda mundial,
crescente, é o grande desafio, não
apenas do Brasil, como do mundo.
Pela primeira vez na história
poderemos observar, como bem disse
o ex-ministro da Agricultura
brasileira, Roberto Rodrigues, uma
mudança do eixo norte-sul do planeta.
O hemisfério sul, considerado menos
desenvolvido em vários aspectos, vai
suprir, de forma inédita, a energia
necessária para o desenvolvimento do
hemisfério mais rico.
Todo esse crescimento, no entanto,
tem enfrentado duras críticas de
muitas nações e entidades, como a
própria OPEP – Organização dos
Países Exportadores de Petróleo, que
vê sua hegemonia, pela primeira vez,
ameaçada.
As mentiras criadas para forçar o
mundo a não aderir aos
biocombustíveis vão desde a
influência deste sobre os preços dos
alimentos, o que é totalmente
descartado ao observarmos que
apenas 1% das áreas agricultáveis do
mundo são ocupadas com matérias-
primas para a produção de
combustíveis.
No Brasil, por exemplo, de 366
milhões de hectares usados para a
agricultura, apenas 1,7% é cultivado
com cana-de-açúcar, sendo metade
dessa cana destinada para a produção
de açúcar e a outra metade para a
produção de etanol, ou seja, menos de
1% da área agricultável desse imenso
continued from page 6
Organization of Petrol Exporting
Countries (OPEC), that sees its power
being challenged for the first time.
The lies created to force the world not
to join the biofuels industry, like the
influence of biofuels on food prices, can
be discarded if we see that only 1% of
the arable land of the world is occupied
with raw material for biofuel
production.
For instance, in Brazil, from the 366
million hectares used in agriculture,
SJ | August 2008
país, de proporções continentais,
possui matéria-prima para o etanol.
Outra crítica absurda é o que
alguns organismos chamam de uma
ameaça dos canaviais brasileiros à
floresta amazônica, outra falácia que
nos faz crer que os interesses desses
organismos são meramente
especulatórios e sem base científica
alguma.
Para se ter uma idéia, os canaviais
responsáveis pela produção recorde
do Brasil estão a pelo menos 2,5 mil
quilômetros de distância do bioma
amazônico, sem contar a
incompatibilidade do solo daquela
região para o cultivo da cana.
O setor, todavia, se une para dar
respostas à altura, e conta com isso
com o apoio, inclusive, do governo
federal, através do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, grande defensor
do etanol como alternativa energética.
O crescimento do setor no Brasil se
concentra principalmente na região
conhecida como Centro-Sul do País,
abrangendo os estados de São Paulo,
norte do Paraná, Triângulo Mineiro,
sul de Goiás, e leste do Mato Grosso
do Sul, onde deverá estar mais de
80% da cana-de-açúcar a ser
processada nos próximos anos no
País.
No centro físico dessa região está a
cidade de Araçatuba, no estado de
São Paulo, onde grande parte dos
investimentos em empresas que darão
suporte às inúmeras usinas que se
instalarão no Centro-Sul têm se
instalado.
only 1.7% is cultivated with sugarcane
with half of this cane used for sugar and
the other half used for the ethanol
production. This would amount to less
than 1% of the arable land of this
immense country, of continental
proportions, having raw material used
for ethanol production.
Another absurd criticism is that some
organizations claim that the Brazilian
sugarcane cane area is a menace to the
Amazon forest, another lie that makes
us believe that these organizations are
Esse reconhecimento à
Araçatuba é consequência
da atuação efetiva da UDOP – União
dos Produtores de Bioenergia,
entidade que representa dezenas de
associadas espalhadas em seis estados
brasileiros, e que apóia uma das
principais vitrines do segmento, a
Feicana/FeiBio – Feira de Negócios
do Setor da Energia, realizada há seis
anos em Araçatuba, no mês de março,
onde milhares de empresários,
colaboradores de usinas e políticos se
reúnem, para a discussão dos rumos
do setor.
A atuação da UDOP está embasada
principalmente em três principais
frentes: a capacitação de mão-de-obra
para o setor, tendo para isso
qualificado mais de 60 mil
profissionais desde sua fundação; a
representação de suas associadas
junto a órgãos públicos; e o trabalho
voltado à área de comunicação,
trabalhando a imagem institucional do
setor, através de seu site, o mais
visitado do mundo no segmento.
Por tudo isto acreditamos que o
mundo efetivamente esteja
caminhando para uma nova era
energética, e que o Brasil, finalmente,
alçará o posto de vanguardista desse
desenvolvimento.
Antonio Cesar Salibe
Presidente Executivo da
UDOP
União dos Produtores de
Bioenergia
merely speculative without any
scientific base.
To demonstrate this fact, the
sugarcane fields responsible for the
record production of Brazil are at least
2.5 thousand kilometers from the
Amazon region, without considering the
fact that the soils of that region are not
compatible with the sugarcane
production.
The sector, although, is united in
giving true responses, and has the
continued on page 8
www.SugarJournal.com | 7
 continued from page 7
support of the federal government,
through our president Luiz Inacio Lula
da Silva, a big defender of ethanol as an
energy alternative.
The growth of this sector in Brazil is
concentrated mainly in the region
known as Center South of the country,
that includes the states of São Paulo,
North of Parana, Minas Triangle, South
of Goias and East of Mato Grosso do
Sul, where more than 80% of the
sugarcane will be processed in the
coming years.
At the center of this region is the city
of Aracatuba, in the Sao Paulo state,
where a large investment is being made
by companies that will give support for
these numerous sugar mills that will be
erected in the Center South.
This recognition of Araçatuba is a
demonstration of the effective
performance of UDOP, Union of
Bionergy Producers, an entity that
represents dozens of members spread
out in six Brazilian states. They support
the main effort of the segment, the
8 | www.SugarJournal.com
Feicana/FeiBio – Fair of Business of the
Energy Sector, held for the last six years
during March in Araçatuba where
thousands of entrepreneurs, mills
workers and politicians meet and
discuss the tendencies of the sector.
The activities of UDOP are mainly on
three fronts: the preparation of skilled
labor for the sector, having qualified
more than 60 thousand experts since its
foundation; the representation of its
associates on the public sector; and the
communication efforts working in the
institutional image of the sector,
through its website, the most visited of
the world in this segment.
We believe that the world is
effectively moving to a new energy era
and that Brazil will finally reach a
leading position in this development.
Antonio Cesar Salibe
Presidente Executivo da UDOP
União dos Produtores de Bioenergia
SJ | August 2008