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Prefácio ............................................................................................................................................ 7
introdução .............................................................................................................................. 15
primeira parte
o diSPoSitiVo de enunciAção
A adaptação ao auditório .............................................................................................. 51
o ethos discursivo ou a encenação do orador ................................................ 79
segunda parte
oS fundAMentoS dA ArGuMentAção
o fundamento da argumentação: as evidências compartilhadas ......... 107
os esquemas argumentativos no discurso ....................................................... 137
terceira parte
AS ViAS do LOGOS e do PATHOS
elementos de pragmática para a análise argumentativa ........................ 171
o pathos ou o papel das emoções na argumentação............................. 195
entre logos e pathos: as figuras ............................................................................... 223
quarta parte
oS GÊneroS do diScurSo
Quadros formais e institucionais............................................................................. 243
Bibliografia..................................................................................................................................... 279
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Prefácio
* N.T.: A equipe de tradução decidiu manter as referências citadas conforme o texto original da autora. No final
do livro, além da bibliografia, encontra-se a relação das obras citadas, cujas traduções existem em português.
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A argumentação no discurso
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Prefácio
O EstudO da aRgumEntaçãO
COmO PaRtE IntEgRantE da anÁlIsE dO dIsCuRsO
Compreende-se, então, a tarefa assumida pela análise dita retórica ou
argumentativa: ela estuda as modalidades múltiplas e complexas da ação e
da interação linguageiras. Desse modo, ela reivindica seu lugar não somente
nas ciências da comunicação, mas também no seio de uma linguística do
discurso, compreendida em sentido amplo como um feixe de disciplinas
que se propõem a analisar o uso que se faz da linguagem em situações con-
cretas. Mais precisamente, a análise argumentativa apresenta-se como um
ramo da Análise do Discurso (AD) na medida em que deseja esclarecer os
funcionamentos discursivos, explorando uma fala situada e, pelo menos,
parcialmente sujeita a coerções. Da maneira como as tendências francesas
contemporâneas a definem (Maingueneau, 1991; Charaudeau e Maingue-
neau, 2002),1 trata-se de uma disciplina que:
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A argumentação no discurso
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Prefácio
PlanO da ObRa
A exposição de um modelo de análise passará por várias etapas.
Uma apresentação panorâmica das abordagens contemporâneas em sua
relação com a retórica clássica permitirá situar a análise argumentativa
do discurso e mostrar seus princípios constitutivos (Introdução). Os
capítulos seguintes procederão à apresentação dos diferentes aspectos
do discurso que pertencem à análise argumentativa: o auditório e o
ethos (ou apresentação de si do orador), que fundam o dispositivo da
enunciação (Primeira parte); os fundamentos da interação argumenta-
tiva representados pelas evidências compartilhadas e pela doxa, de um
lado, e, de outro, os esquemas argumentativos que se inscrevem no
discurso – entre os quais o entimema e a analogia (Segunda parte); os
meios verbais que a argumentação mobiliza em uma associação estreita
do logos e do pathos, assim como a função argumentativa das figuras de
estilo (Terceira parte); enfim, a importância dos gêneros que fornecem
ao discurso argumentativo seus arcabouços teóricos (Quarta parte). Essa
última parte, retomando a questão dos quadros genéricos, permitirá
colocar à prova uma análise argumentativa mais completa dos exemplos
retirados de diferentes tipos de discursos. Concluirá, assim, uma obra
que se propõe não somente a desvelar os funcionamentos linguageiros,
mas também a oferecer um modelo operatório para a análise do discurso
e o estudo dos textos de comunicação.
Esta obra baseia-se em sua primeira edição, publicada em 2000,
intitulada L’argumentation dans le discours. Discours politique, littérature
d’idées, fiction, e também na reedição de 2006, que atualizou o texto,
dando maior visibilidade às situações interacionais e aos textos de co-
municação. A presente edição, revista e aumentada em 2013, insiste
sobre o princípio de argumentatividade que atravessa o discurso em seu
conjunto. Precisando e afinando suas posições, ela integra as novidades
mais marcantes no domínio da retórica e das teorias da argumentação.2
Paralelamente, ela segue, no domínio da análise do discurso, a atualidade
de um campo de reflexão que leva cada vez mais em conta a argumentação
retórica: uma revista on-line indexada em revues.org, intitulada Argumen-
tation et Analyse du Discours (http://aad.revues.org), lançada em 2008,
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A argumentação no discurso
NOTAS
1
Détrie, Siblot e Vérine definem a disciplina como o “domínio das ciências da linguagem que trata das unidades
textuais em sua relação com suas condições de produção” (2001: 24). Eles insistem, como Maingueneau, na
ligação indissolúvel entre a unidade textual e suas condições de produção, levando em conta a situação dos
sujeitos, do interdiscurso, da ideologia, do gênero etc. Entretanto, a praxemática, à qual se filiam, enfatiza
mais a produção do sentido do que o eixo comunicacional, que é o vetor da argumentação.
2
Vimos aparecer, nos últimos anos, importantes publicações, tais como Angenot (2008) e Meyer (2008), para
citar apenas esses.
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