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Campinas
Instituto de Artes – Departamento de Música
2017
Resumo
A roda de choro é o ambiente em que se reúnem os músicos
praticantes desse gênero que já conta com mais de 150 de história.
Durante esse período ocorreram muitas transformações que
moldaram as normas presentes na configuração de suas regras.
Através do método de FABBRI(1980) será feita uma análise de
alguns desses aspectos e suas mudanças no decorrer dos anos.
Introdução
O choro é um gênero musical nascido no Brasil na segunda
metade do século XIX, criado a partir da reinterpretação de ritmos
europeus executados em danças de salão nas cortes europeias.
Desde os seu primórdios o ambiente em que os músicos realizam
essa prática musical é “roda, que pode ser tanto ambientada em um
bar ou na casa de algum musico ou entusiasta do gênero. A roda é a
principio aberta a todos que quiserem tocar e compartilhar o choro,
mas existem algumas regras pré-estabelecidas como o
conhecimento do repertório e a aceitação da comunidade
(VALENTE, 2014, p.232). Apesar de suas transformações
constantes o ambiente da roda de choro permanece muito parecido
hoje com as rodas do início do século XX. Dentre os vários
elementos musicais presentes em uma roda de choro podemos
elencar a maneira informal de se tocar, a ausência do uso de
partituras e os improvisos. Existem também os elementos extra-
musicais como o encontro entre amigos, o festejo que
frequentemente envolve comidas e bebidas e também o
fortalecimento de uma determinada cena musical. Apesar de todos
essas características o objetivo que fundamenta a roda choro é a
música em si.
1 O cana Globonews exibia um programa chamado Sarau. Apresentado por Chico Pinheiro foi ao ar entre 2007 e
2016. Não há registros sobre a data de exibição do programa especificado portanto foi usado como referência um
vídeo do site YouTube que contém o conteúdo de parte do programa.
um número inicial fixo de músicos, todos membros do grupo
“Chorando na Sombra. Garantia-se então pelo menos a presença
de um cavaco, um violão de sete cordas, um pandeiro e uma flauta.
A roda do Tucun, era realizada em um espaço relativamente
pequeno com um palco e algumas cadeiras para a platéia, o que
difere do padrão das rodas de choro tradicionais. FIORUSSI (2012)
cita um exemplo de quando dois chorões muito respeitados no meio
compareceram a roda e a reação dos frequentadores mais assíduos.
Observa-se uma relação de respeito e também de desejo de
aprendizado da tradição pelos músicos mais jovens.
O bandolinista “Vitor fixa o olhar no Izaías. Ele não toca a primeira música
(Treme-Treme de Jacob do Bandolim) nem a segunda, que é uma valsa,
fica só observando o Isaías. Vitor observa o Izaías tocando o tempo todo.
(FIORUSSI, 2012, p.81)
3. Conclusão
Através dos parâmetros estabelecidos por FABBRI (1980),
podemos analisar de maneira eficaz o funcionamento orgânico das
regras de um gênero, sua constituição e sua deteriorização. O choro,
por se tratar de um dos gêneros de musica popular mais antigos do
Brasil, possui um vasto campo de regras e de normas de conduta a
serem seguidas pelos membros de sua enorme comunidade, sendo
impossível trazer cada um desses elementos para ser discutido.
Todavia, um breve panorama do que vem a ser esses elementos
fundamentais se coloca de maneira muito mais clara quando
investigados através da luz do método de FABBRI (1980).
Bibliografia
FABBRI, Franco. A theory of musical genres: two applications.
Popular music perspectives, v. 1, p. 52-81, 1982.