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ANAIS DO CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO INATEL - INCITEL 2012 271

Antenas de Microlinha para UHF


Danilo Jose Alfredo Gabriela Freire Figueiredo

Instituto Nacional de Telecomunicações - Inatel Instituto Nacional de Telecomunicações - Inatel


Danilo.alfredo@gee.inatel.br gffigueiredo@gee.inatel.br

Orientador: Prof. José Antônio Justino Ribeiro

análise das características de irradiação e da resposta em fre-


Resumo— Um dos desafios na construção de equipamentos e- qüência. Para cumprimento das especificações, indicam-se
letrônicos para uso pessoal é o desenvolvimento de terminais que diferentes formatos segundo algumas recomendações básicas.
operam com grande taxa de transmissão, de tamanhos reduzidos, Em primeiro lugar, os elementos irradiantes são construídos
que garantam maior número de serviços e total mobilidade. Tais sobre um laminado constituído de um dielétrico de baixa perda
requisitos leva, à necessidade de incorporar antenas que permi-
e recoberto por lâminas metálicas em ambos os lados. Uma
tam todos os serviços e sejam integradas em um pequeno espaço.
Devido à miniaturização dos sistemas eletrônicos, o espaço para parte importante no controle da irradiação é uma plaqueta me-
antenas é cada vez menor, obrigando o uso de dimensões muito tálica de formatos retangular, circular, triangular, etc.. A parte
inferiores às dos irradiadores tradicionais. Logo, as antenas im- inferior ocupa toda a região definida para o dispositivo e cons-
pressas, entre as quais os modelos desenvolvidos com a tecnolo- titui o plano de terra. Na Fig. 1 apresentam-se esquemas dos
gia de microlinha de fita, apresentam características que as tor- modelos com os elementos irradiadores nos formatos retangu-
nam bem adequadas. Dois desses modelos foram ensaiados e suas lares e circulares.
características estão apresentadas neste trabalho.
As excitações ilustradas na figura são por uma microlinha de
Palavras chave— Antenas impressas. Antenas de microlinha
fita, mas existem outros procedimentos, como os que são adap-
de fita.
tados a partir de um cabo coaxial.1 Neste caso, seu condutor
I. INTRODUÇÃO externo é ligado ao plano de terra e o interno ao elemento irra-
A tecnologia de antenas de microlinha já é bem desenvolvida diador com passagem por um pequeno furo através do lamina-
e conhecem-se diferentes metodologias para sua análise e seu do. Em quaisquer circunstâncias, o projeto do sistema de ali-
projeto.1 Suas aplicações são muito valorizadas devido à contí- mentação exige cuidados especiais, incluindo sua localização e
nua exigência de miniaturização dos sistemas eletrônicos, com seus valores geométricos, a fim de garantir o melhor casamento
os componentes ocupando espaços cada vez menores. Logo, de impedância na faixa de freqüências de utilização. É possível
tem enorme importância a caracterização e o conhecimento dos determinar as diversas medidas de maneira que a impedância
desempenhos de antenas de pequenas dimensões. As antenas no ponto de excitação fique puramente real na freqüência de
impressas, entre as quais os modelos desenvolvidos com a tec- projeto. 4
nologia de microlinha de fita tornam-se bem adequadas para
Alimentação
integrarem esses modernos sistemas de radiocomunicações. O
Plaquetas metálicas
seu baixo perfil e a grande versatilidade no comportamento
elétrico (largura de banda, diagrama de radiação, polarização)
tornaram estas antenas úteis em muitas aplicações. Mesmo
algumas desvantagens que apresentam têm sido ultrapassadas
através de esforços relatados em inúmeros artigos e livros de
dedicados ao tema.2, 3 Neste trabalho, foram ensaiados dois
modelos desenvolvidos para freqüências na faixa de UHF. Substrato

II. DESCRIÇÃO DOS PROTÓTIPOS Fig.1. Estruturas básicas de antenas impressas de formatos retangular e circu-
lar, com excitações a partir de microlinhas de fita.
Com a redução das dimensões das antenas, surgem proble-
III. CARACTERIZAÇÃO E PARÂMETROS RELEVANTES
mas pelo fato de várias de suas propriedades eletromagnéticas
estarem relacionadas às suas características geométricas. Desta As características de irradiação, o valor da impedância de
maneira, o projeto destes dispositivos exige cálculos especiali- entrada, a resposta em freqüência, etc., dependem das dimen-
zados, tanto para a fixação de suas medidas físicas como na sões da plaqueta, como largura e comprimento na estrutura
retangular, do diâmetro no modelo circular, etc.. Existem várias
formas de análise desta antena, como o método da linha de
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transmissão, a modelagem da cavidade ressonante, o método 118mm m 118mm e a excitação foi com um cabo coaxial de
dos momentos, entre outros. Cada procedimento descreve a 50 com seu centro fixado a 24mm da lateral e a 31mm da
ação da antena dentro dos limites de sua validade. extremidade da plaqueta metálica. Todos estes valores foram
Quando se pensa na análise a partir do modelo da cavidade, selecionados segundo procedimentos de projeto bem difundi-
fica evidente que sua impedância de entrada deve acompanhar dos 1 e a antena está mostrada na Fig. 2
aproximadamente o desempenho de um circuito ressonante. É Primeiramente, verificou-se o comportamento da antena do
necessário que se levem em conta mecanismos de perdas de ponto de vista de sua impedância no ponto de excitação. Para a
potência e as ações dos elementos que armazenam energia. As limitação em SWR ≤ 2, o modelo testado apresentou um com-
perdas de potência são determinadas pela condutividade finita portamento multibanda, podendo operar em três faixas de fre-
das lâminas metálicas da plaqueta e do plano de terra e pelo qüências. A primeira faixa situa-se entre 674MHz e 683MHz,
fato de o dielétrico do substrato não ser perfeito. Inclui, ainda, com o melhor casamento em 678,3MHz, onde se obteve SWR =
a irradiação da energia para o espaço e a excitação de ondas de 1,339. (Fig. 3). A segunda região mais propícia do espectro
superfície. Este conjunto de perdas determina o fator de mérito ficou entre 820MHz e 834MHz, ilustrada na Fig. 4. A melhor
da antena (Qt), um parâmetro importante na fixação da largura adaptação foi em 826,7MHz, onde se conseguiu uma adaptação
de faixa da antena (BW). É comum que esta característica seja quase perfeita, com SWR = 1,073. A terceira ficou limitada
especificada em função do máximo coeficiente de onda esta- entre 1.078MHz e 1.092MHz, tendo o melhor desempenho em
cionária (SWR) tolerado. Seu valor em relação à freqüência 1.084,7MHz, com SWR = 1,378. (Fig. 5).
central é calculado por:4

BW SWR 1
(1)
fo Qt SWR

onde o coeficiente de onda estacionária relaciona-se ao coefi-


ciente de reflexão na antena ( ) e à sua perda de retorno (RL).
Freqüentemente, este último parâmetro é substituído pela ex-
pressão do coeficiente de reflexão expresso em decibel. Os
valores são obtidos por:
1 | |
SWR (2)
1 | |
SWR 1
a (dB) 20 log | | 20 log (3)
SWR 1
De acordo com estas equações, o casamento perfeito de im-
pedâncias, que conduziria a um coeficiente de onda estacioná-
ria unitário, implicaria em largura de faixa nula para quaisquer
valores práticos do fator de mérito. Em (3), o resultado tende-
ria para o infinito na freqüência de projeto. Desta maneira,
quando se desejar a aplicação da antena em certa faixa de fre-
qüências, tolera-se um coeficiente de onda estacionária dife-
rente do obtido em um casamento perfeito de impedâncias. É
comum admitir-se como aceitável um valor menor ou igual a
2,0, o que implica em perda de retorno maior ou igual a
9,54dB. Portanto, ainda é possível aproveitar cerca de 89% da
potência na carga. Dependendo da aplicação da antena, há exi-
gências para uma limitação mais severa para o coeficiente de
onda estacionária.
III. ANÁLISE DA ANTENA IMPRESSA RETANGULAR
A antena retangular foi construída em um substrato disponí-
vel com dielétrico de fibra de vidro com 1,5mm de espessura.
Este material é menos indicado por ter maior constante dielé-
trica o que é inconveniente para uma irradiação eficaz. A ante-
na tem largura de 87mm e comprimento de 106,5mm, valores
obtidos por meio de equações conhecidas de textos especiali-
zados.1 O plano de terra na parte inferior do laminado mede Fig. 2. Protótipo da antena impressa retangular,vista de sua plaqueta e do
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plano de terra, com destaque para o ponto de excitação para o casamento em faixa de bom desempenho na freqüência em que se obteve o
50Ω.
melhor casamento de impedância (826,7MHz). Observam-se
semelhanças entre os resultados nos dois planos analisados.

Fig.3. Comportamento do coeficiente de onda estacionária do monopolo im-


presso retangular na faixa de 660MHz a 700MHz.

(a)

Fig.4. Comportamento do coeficiente de onda estacionária do monopolo im-


presso retangular na faixa de 800MHz a 850MHz.

(b)
Fig.6. Diagrama de irradiação nos dois planos principais da antena impressa
retangular.

IV. ANÁLISE DA ANTENA IMPRESSA CIRCULAR


A antena circular ensaiada tem a plaqueta metálica com um
diâmetro de 91mm sobre um laminado de fibra de vidro com
plano de terra de 107mm 127mm. O cabo coaxial de excita-
ção foi instalado com seu centro a 37mm e a 33mm da borda.
Seu aspecto e montagem estão mostrados na Fig. 7. Novamen-
te, os valores foram obtidos a partir dos procedimentos difun-
didos sobre este modelo de irradiador.5, 6 Na Fig. 8 mostra-se o
Fig.5. Comportamento do coeficiente de onda estacionária do monopolo im- coeficiente de onda estacionária em função da freqüência. O
presso retangular na faixa de 1060MHz a 1120MHz.
menor valor foi de 1,571 em 922,9MHz e o valor de SWR = 2
Utilizando as instalações da câmara anecóica montada no foi encontrado em 917MHz e 929MHz. Portanto, seria possí-
Instituto Nacional de Telecomunicações, efetuou-se o levanta- vel indicar esta antena para uma largura de faixa de 12MHz ou
mento do diagrama de irradiação desta antena nos dois planos de 1,3% em torno de uma freqüência central de 923MHz. Pro-
ortogonais principais e os resultados estão na Fig. 6, com valo- cedeu-se, também, ao levantamento do seu diagrama de irradia-
res expressos em dBm. O levantamento foi feito na segunda ção, cujos resultados estão na Fig.9, em dois planos ortogo-
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nais. Fig.8. Comportamento do coeficiente de onda estacionária do monopolo im-


presso circular na faixa de 900MHz a 950MHz.

Fig.7. Protótipo da antena impressa de formato circular, vista na parte superior


e na parte inferior. Destaca-se o ponto de excitação feito por meio de um cabo
coaxial de 50Ω.

Fig.9. Diagrama de irradiação da antena impressa circular nos dois planos


principais em que foram feitos os levantamentos.

V. CONCLUSÕES
Mediram-se coeficientes de onda estacionária em antenas
impressas de formatos retangular e circular, projetadas para a
faixa de UHF. Com as dimensões especificadas, a antena re-
tangular apresentou comportamento aceitável do ponto de vista
de casamento de impedância em três faixas de freqüências. Nas
condições analisadas a largura de faixa relativa ficou sempre
em valores pequenos, entre 1,3% e 1,7%. Tomando por base os
resultados experimentais, o modelo com plaqueta retangular
apresentou, também, menores valores do coeficiente de onda
estacionária comparados aos obtidos na antena com plaqueta
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circular. Também neste caso, concluiu-se pela possibilidade de


operação em uma pequena largura de faixa, da ordem de 1,7%.
Há necessidade, portanto, de uma modelagem mais exata que
permita determinar o ponto de excitação mais adequado para
ambos os formatos.

REFERÊNCIAS

[1] BALANIS, C. A. Antenna theory: analysis and design.. 2nd.,Ed., New


York: John Wiley, 1997.
[2] LO, Y.T.; SOLOMON D.; RICHARDS, W.F. Theory and Expe-
riment on Microstrip Antennas. IEEE Transactions on Antennas
Propagation, v. 27, n. 2, p. 137 149, Mar., 1979.
[3] KARVER, K. R.; MINK, J. W. Microstrip antenna technology.
IEEE Trans. Antennas Propagation, v. 29, n. 1, p. 2-24, Jan.,
1981.
[4] RIBEIRO, J. A. J. Engenharia de antenas. Santa Rita do
Sapucaí: Instituto Nacional de Telecomunicações. Publica-
ção interna, 2011.
[5] RICHARDS, W. F.; LO, Y. T.; HARRISON, D. An improved theory for
microstrip antennas and applications. IEEE Trans. Antennas Propagation,
v. 29, n. 1, p. 38-46, Jan., 1981.
[6] NEWMAN, E. H.; TULYATHAN, P. Analysis of microstrip antennas using
method of moments. IEEE Trans. Antennas Propagation, v. 29, n. 1, p. 47-
53, Jan., 1981.
Danilo José Alfredo nasceu em Santa Rita do Sapucaí, MG, em outubro de
1987. Recebeu o título de técnico em Eletrônica ( ETE "FMC, 2005). De 2006
a 2007 prestou suporte técnico para o Banco do Brasil e Caixa Econômica
Federal, mediante a da empresa Equinorte LTDA. Desde julho de 2007 está
cursando ensino superior em Engenharia Elétrica no Instituto Nacional de Tele-
comunicações ( INATEL ).
Gabriela Freire Figueiredo nasceu em Itajubá, MG, em Novembro de 1988.
Graduada em Engenharia Elétrica no Instituto Nacional de Telecomunicações (
INATEL ) desde Dez/2011. Atualmente reside na cidade de Campinas, SP

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