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NO ROMANTISMO
A busca da identidade nacional
Valente na guerra,
Quem há, como eu sou?
Quem vibra o tacape
Com mais valentia?
Quem golpes daria
Fatais, como eu dou?
— Guerreiros, ouvi-me;
— Quem há, como eu sou?
O pessimismo da segunda geração romântica decorre de um intenso e profundo
mal-estar do artista diante da realidade concreta.
O Eu revela-se frustrado diante de uma realidade que se oferecia com amplas
possibilidades de realizações plenas e individuais.
A consequência é isolamento, a solidão e o tédio, acompanhados de um
sentimento de impotência que os leva a um estado de morbidez e ao desejo de
morrer.
Do ponto de vista individual e subjetivo é a geração mais revolucionária
produzida pelo Romantismo, visto que, via de regra, o poeta aponta a morte
como solução para os problemas que afligem o Eu.
Assim sendo, os escritores e artistas vão produzir obras em que a temática
principal é a morte que aparece como uma fuga da realidade concreta, solução
para os problemas imediatos e uma atitude transcendental.
A imagem do desejo de dilaceramento do corpo e seu aniquilamento total
aparece com frequência nas obras desta geração, não raro, através de atitudes
macabras e satânicas.
Outra imagem recorrente gira em torno do estímulo a uma vida fora totalmente
das convenções, destacando-se a boemia, a orgia e o satanismo como os temas
mais abordados, tudo isso em protesto às regras e normas do mundo concreto
que se tornam insuportáveis para o Eu.
Adeus, meus sonhos!
Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro!
Não levo da existência uma saudade!
E tanta vida que meu peito enchia
Morreu na minha triste mocidade!
Misérrimo! Votei meus pobres dias
À sina doida de um amor sem fruto,
E minh'alma na treva agora dorme
Como um olhar que a morte envolve em luto.
Que me resta, meu Deus?
Morra comigo
A estrela de meus cândidos amores,
Já não vejo no meu peito morto
Um punhado sequer de murchas flores!
Álvares de Azevedo
Minha desgraça
Minha desgraça, não, não é ser poeta,
Nem na terra de amor não ter um eco,
E meu anjo de Deus, o meu planeta
Tratar-me como trata-se um boneco....