You are on page 1of 2

O FIM ÚLTIMO DA VIDA HUMANA: UM ESTUDO SOBRE A FELICIDADE

EM ARISTÓTELES

Isis Bruna da Costa Correia 1 & FRANCISCO JOSÉ DIAS DE MORAES2


1. Bolsista PROIC, Discente do Curso de Filosofia, ICHS/UFRRJ; 2. Professor do DFILOS/ICHS/UFRRJ

Palavras-chave: Eudaimonia; vida ética; vida teórica.

Introdução
A partir do estudo da obra Ética a Nicômaco, é possível destacar dois tipos de eudaimonia
(felicidade) expostos por Aristóteles. Uma podemos identificar como a eudaimonia típica da
vida ética, e a outra como um tipo de eudaimonia que provem de uma vida teórica ou
contemplativa. Portanto, este trabalho possui a pretensão de esclarecer melhor a relação entre
esses dois tipos de felicidade e de vida, evidenciando de que maneira elas estão implicando na
vida humana como um todo.

Metodologia
Através de um levantamento bibliográfico, o estudo se concentrou na seleção e interpretação
de passagens, da obra de Aristóteles, fundamentais para a abordagem da questão estudada. E
para o melhor desenvolvimento e embasamento do trabalho foram utilizadas também obras de
outros autores.

Resultados e Discussão
É a partir do contexto da busca da virtude e da felicidade humana, que este trabalho pretende
visualizar a relação natural do homem com a ação. Entretanto, não é intuito aqui expor apenas
uma única perspectiva do assunto, por isso, o trabalho irá expor também, de forma sucinta, a
interpretação de autores como Pierre Hadot e Ursula Wollf, não somente para mostrar que são
possíveis diferentes maneiras de enxergar e interpretar a questão da felicidade humana em
Aristóteles, mas, como se trata de autores com opiniões bem distintas, o trabalho também se
comprometerá em realizar um diálogo entre essas diferentes visões do tema, pois assim
acreditamos ser possível traçar um caminho alternativo que dissolva alguns impasses, ainda
existentes, que envolvem essa questão da eudaimonia.
Segundo Wollf, a partir da Ética a Nicômaco, só é possível avistar duas posturas, no que
concerne à eudaimonia aristotélica: Na primeira postura, Aristóteles identifica que a verdadeira
eudaimonia está na theoria, ou seja, na vida contemplativa, e por isso lhe concede a
preferência. Entretanto, em respeito à sua natureza humana, não cessa de buscar e pôr em
exercício também a areté ética. Já na segunda postura, ele pensa que a areté ética deve ser
exercitada somente quando isso for inevitável, pois, sendo a theoria superior, é ela que deve
ser praticada o maior tempo possível. Logo, por meio dessa leitura feita por Wolf teremos dois
tipos de vida distintas que não possuem uma relação uma com a outra, havendo também uma
hierarquia entre elas.
Em contraposição, Pierre Hadot admite haver uma relação indispensável entre a vida teórica e
a vida ética. Porém, identifica que a eudaimonia presente na theoria, apesar de possível de ser
alcançada em alguns momentos pelo homem, é, de fato, sobre-humana, o que, de certa forma,
a coloca hierarquicamente como superior à eudaimonia típica da vida ética.
Enfim, a intenção do trabalho não é invalidar as possíveis considerações acerca desses tipos
de eudaimonia, mas percebendo que ainda há alguns impasses quanto à essa questão, penso
que cabe uma reformulação do tema, refletindo até onde o próprio Aristóteles está
considerando ser a vida intelectual superior à vida ética. E se, de fato, há ou não uma
independência entre elas. Sendo assim, torna-se imprescindível uma investigação mais
minuciosa do tipo de relação presente entre a vida teórica e a vida ética.
Conclusão
A vida teórica, apesar de se situar na contemplação, também possui um conteúdo político
muito forte e significativo, pois somente ela pode garantir certa consistência à vida ética. Assim,
pode-se dizer que essa vida teórica é a responsável por toda liberdade que se pode possuir na
vida ética, pois mostra que a ação não é para ser realizada de qualquer maneira, mas sim de
um modo livre, ou seja, deliberado. Logo, quando Aristóteles se refere a uma eudaimonia
suprema presente nessa vida teórica, é possível que, na realidade, ele esteja supondo nada
mais do que uma filosofia prática.

Referências Bibliográficas
ARISTÓTELES. Ética a Nicômacos. Tradução do grego, introdução e notas Mário da Gama
Kury; 3ª ed. Brasília, Editora Universidade de Brasília, 1992.

HADOT, Pierre. O que é a filosofia antiga? – capítulo 6, Aristóteles e a sua escola/Pierre Hadot;
Editora: Loyola, 1999.

WOLF, Ursula. A Ética a Nicômaco de Aristóteles/ Ursula Wolf. Tradução: Enio Paulo Giachini;
Editora: Loyola, São Paulo, 2010.

You might also like