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As Cinco Raças

dos Espíritos de Deus


por Lygia Cabus

A questão da existência, ou não, de vida inteligente extraterrestre [em outros planetas,


sistemas, galáxias], vida intraterrestre, nos subterrâneos, nas profundezas do mar ou,
ainda, vida meta-terrestre ou meta-dimensional [habitantes de outras dimensões de
existência, de universos paralelos], essa idéia, tendo ocupado definitivamente seu lugar
entre os campos da investigação científica, é um tema que agora se organiza em
disciplinas específicas, especializações como a Exobiologia, a Arqueologia Astronômica
ou mesmos os delirantes, posto que não são fundamentados, estudos especulativos de
Exopolítica!

Nesse contexto emergem personagens cuja realidade, embora não comprovada, não os
impede de tornarem-se populares, verdadeiros mitos contemporâneos. São eles,
especialmente, os reptilianos e os pleiadianos, que já têm uma "história" de serem
tradicionalmente rivais, protagonistas cósmicos do eterno conflito do velho Maniqueu
[Antigüidade, Pérsia]: o Bem contra o Mal, Treva contra Luz. Os ufólogos-exobiólogos
falam muito dessas Raças de alienígenas entre as quais ainda reconhecem sub-raças,
híbridos, mutantes diversos e tipos mais raros ou inexplicados [como os foofighters].
Enquanto se acumulam as hipóteses sobre os alienígenas, entre livros, ensaios, revistas,
fotografias, supostos"comunicados", textos e grupos de estudo, tudo disponível na
internet, nada se diz, todavia, sobre as "Raças" de Espíritos que se manifestam nos
diferentes corpos materiais dos seres inteligentes [animados com autoconsciência,
segundo o Livro Tibetano dos Mortos] que habitam os inimagináveis planos ontológicos
- que são ESTADOS de Ser e Estar - coexistentes, simultâneos no Universo. Os
habitantes das "muitas Moradas" do Criador.

A ciência ocultista e os mais antigos mitos cosmogônigos descrevem o Princípio de Todas as


Coisas de modo muito semelhante à Astrofísica contemporânea. Muitos antes da teoria do Big
Bang aparecer, os relatos arcaicos já falavam de um Ser que estava só, o Grande Espírito. Este
ser, feito de enigmática energia, ao se sentir só e ao lamentar-se porque estásó, manifestou seu
desejo de SER mais de um e assim tudo foi imediatamente criado. O Espírito, matéria inerte e
escura, foi "ativado", "acordou" colocou-se em movimento manifestando uma Vontade
Suprema. Essa Vontade criou o "torvelinho", o Fohat, o primeiro Espírito agente, que movendo-
se em círculos, deu forma e sentido aos primeiros agregados de partículas energéticas
espirituais que, muitas rotações depois, chegaram a ser a matéria bruta como a que se conhece
em planetas como a Terra e em outras modalidades, desconhecidas dos seres humanos.

Os Espíritos dos seres [vivos e brutos], embora sejam, em última instância os próprios
seres, em si mesmos, despidos de toda e qualquer adaptação e/ou "vestimenta"
ambiental, são, eles, os Espíritos, a realidade primeira e última mais misteriosa do
Universo, ao menos para os homens do planeta Terra. Ninguém - em nível de
conhecimento científico, comprovado - sabe do que são feitos, como surgiram no contexto
da Criação ou quantos são em todo o Cosmos.
Alguns crêem que Deus cria uma nova alma [termo que será utilizado aqui como
sinônimo de Espírito] a cada ser ou cada criança que nasce no mundo. Os Teósofos, ao
contrário, afirmam que todos os espíritos são contemporâneos ao Big Bang e cumprem
longa jornada de mudanças e aperfeiçoamentos ao longo da Eternidade [que, na verdade,
teria sim, um fim, quando toda a matéria universal se reúne e entra em estado de
latência/repouso [chamado PRALAYA]; ou seja, volta a Ser Uno e Só e muito quieto...
Sendo os Espíritos uma realidade ou ao menos possibilidade sempre renegada ou
desdenhada pela ciência objetiva contemporânea [embora aceita pela ciência da
Antiguidade], praticamente tudo o que se sabe sobre esta FORMA DE SER é
conhecimento herdado de culturas mágicas e religiosas muito antigas; e quanto mais
antiga a tradição, mais detalhado se mostra o panorama da existência além desta vida e
menos fantasiosos são os relatos que descrevem tanto o post-mortem quanto a "pré-vida-
planetária".
Enquanto os católicos falam de Paraíso, de uma Jerusalém cujas calçadas são feitas de
pedras preciosas; muçulmanos deliram com jardins cheios de árvores que se inclinam
oferecendo as frutas e numerosas virgens perpétuas para satisfazer os desejos sexuais
dos bons fiéis desencarnados e, ao mesmo tempo, enquanto tais religiões descrevem
infernos escaldantes repletos de carrascos incansáveis; enquanto isso, o velhíssimo
Bardo Thödol [Budismo Bhramânico-vedantino + religião Bön-Pá de tradição Tibetana],
conhecimento milenarmente mais antigo que as escrituras judaicas, cristãs e a farsa
islâmica do Alcorão, o Livro dos Mortos Tibetanos fala do ESTAR em um NÃO-LUGAR
experimentando diferentes ESTADOS MENTAIS e DISPOSIÇÕES PSÍQUICAS que
determinam as sensações e percepções do além túmulo e as condições de uma próxima
vida.
É uma situação na qual o Espírito, despido de todas as referências biográficas da vida
passada em determinado mundo, exceto as eventuais culpas, remorsos e/ou virtudes e
alegrias que permanecem em sua memória, acha-se em um estado livre de forma [exceto
aquela que ele crê possuir]: esta situação é chamada de Estado Intermediário, tradução
precisa dos termos Bardo Thödol [Estado de Bardo, Estado Intermediário]. Em estado
Bardo o indivíduo fica naquela condição que os kardecistas chamariam de "espírito
errante" - no sentido de sem rumo, sem orientação, sem padrões de modus vivendi,
sentido, significado para existir.

Seres Auto-Conscientes

Uma daquelas coisas que ninguém sabe é quando, como e porquê este ou aquele
Espírito [que pode ser entendido com Unidade Egóica], criado em simultâneo com a
criação do Universo, encarnou-se ou materializou-se [atomizou-se e molecularizou-se?]
pela primeira vez.
Ninguém, sobretudo, sabe porquê, uma unidade Egóica de essência Divina, deixando a
realidade subatômica de SER energia PURA para entrar em uma relação de união
integrada com uma forma-corpo constituído de matéria planetária e sujeito a uma série de
limitações, ruins ou menos piores, dependendo da categoria de ser no qual ele se
converta em função de seus apetites e tendências.
Essa disposição de colocar a si mesmo em estado de impureza em troca de certas
experiências sensoriais é o que a mitologia de muitos povos entende como "a queda do
Homem [ou do Espírito na matéria que, absolutamente, não se confunde com a
mitológica Queda dos Anjos].
Apesar das incertezas e ignorância sobre as evoluções [a movimentação, a conversão, as
transformações] dos Espíritos em meios materiais, a ciência oculta tem preservado por
milênios o dogma que descreve esse fenômeno, pelo qual passam todos os Espíritos:
vivências/experiências, entre a materialização e a desmaterialização mais ou menos
densa e pesada:

O Sopro torna-se pedra;


a pedra converte-se em planta;
a planta em animal; o animal em homem;
o homem em espírito e o espírito em um deus
[BLAVATSKY, 2000]

O que antigo axioma está dizendo claramente é todo Espírito autoconsciente neste tempo
presente já foi, um dia, pedra, planta, animal, homem e será novamente Puro Espírito e
enfim, uno com Deus, "um deus". Outra forma de dizer isso é admitir que todos os
Espíritos experimentam todos os Reinos da Naturezas Física e Metafísicas [planetárias e
dimensionais] do SER: mineral, vegetal, animal em todas as suas manifestações
intermediárias.

Fantasmas & Elementais: Tanto entre as grandes religiões [Cristianismo, Islamismo,


Budismo] quanto entre os cultos regionais mais primitivos a idéia de Espírito foi
desgastada pela distorção das informações, que transformam ritos religiosos em práticas
de superstição. O entendimento de Espírito mais difundido é restrito, associado
genericamente a:

1. seres humanos desencarnados;


2. seres elementais, habitantes dos quatro elementos [para alguns cinco: água,
terra, fogo, ar, éter] que atuam de forma imprevisível, tanto benéfica quanto
maléfica.
Na esfera do conhecimento popular e especialmente na doutrina do cristianismo católico e
do terror Islâmico, que vê o diabo em toda parte, todas essas criaturas, sejam fantasmas
ou elementais, são demoníacas e relacionar-se com tais seres é, essencialmente, claro,
pecado! Com menos escândalo e terror pode-se dizer mais acertadamente que
relacionar-se com desencarnados e/ou elementais é tão desnecessário quanto pouco
saudável; isso quando não se torna uma aventura perigosa, portal para a insanidade
mental.
muito populares deste mundo ou mundos invisíveis são os Anjos, os seres que estão mais
próximos do Altíssimo, agentes do bem contido em toda Vontade Divina [ainda que essa
Vontade pareça, por vezes, produzir uma catástrofe], desempenham as funções cósmicas
de mensageiros e guardiões [combatentes mesmo] do Reino de Deus.
Os Anjos estão presentes nas doutrinas judaica, cristã e muçulmana, apresentados em
uma hierarquia de poderes e atribuições. A classificação mais aceita distingue nove
categorias de Espíritos Angelicais, os "Anjos":

Serafins Dominações Principados


São "supercelestiais. Os mais Diretamente ligados à regência São os primeiros daqueles que são
próximos do centro do Ser Criador. das coisas do Mundo, essas três considerados, por muitos
Trabalham com a Providência categorias são dirigidas pela ocultistas, como pertencentes à
Divina. Seu instrumento é a primeira, as Inteligências das hierarquia inferior, significando que
Bondade. Dominações. Interferem nas estão ainda mais perto dos
questões dos conflitos entre os Espíritos encarnados em Planetas
Querubins
homens. Protegem [os justos] mais ou menos densos. São
Trabalham com a essência de contra inimigos domésticos [ou regentes da vida prática na esfera
Deus, [que é Mente] e confere seja, aqueles que estão mais do controle dos seres humanóides
aos Espíritos de Deus humanos próximos de nós]. sobre "as coisas', matérias,
a luz intelectual, o poder do materiais, elementos, meio-
conhecimento e da imaginação ambiente, e controle seu próprio
que permite ao homem ser. Os Principados estão ligados
contemplar as coisas divinas ao equilíbrio cibernético cotidiano.
Meditemos...
Tronos
Trabalham com a Sabedoria de Em Agrippa, Principados, Arcanjos
Deus [o conhecimento eterno de e Anjos são definidos como
Todas as Coisas], são a memória "espíritos ministrantes quedescem
e o raciocínio do Universo aberto para cuidar das coisas inferiores.
àqueles que conseguirem Principados, especificamente,
acessar o "Livro da Eternidade". ocupam-se do interesse público,
dos príncipes e magistrados,
províncias, reinos, Estados e tudo
o que lhes pertence" [AGRIPPA,
2008 - p. 661].
Arcanjos
Virtudes
Presidem os rituais sagrados,
São "ministro do céu que às vezes inspiram o sentimento de adoração
conspiram para realizar milagre". a Deus, orações, penitências e
Trabalham junto às Humanidades todas atitudes de caridade e
para que escolham antes a virtude do fraternidade. Também estão
bem desprezando os vícios que ligados à relação do homem com a
corrompem a essência do Ser. Natureza; podem comandar os
animais do campo, os peixes, as
aves.
Potestades Anjos*
Eliminam manifestações fenomênicas Finalmente, os Anjos, estes, tão
que ameacem perturbar a "lei divina". mais populares que parecem
Monitoram toda violência que destrói engolir todas as categorias,
viventes em estado corpóreo, cuidam de coisas pequenas [mas a
considerando todo corpo como vida do homem na Terra está
veículo, parelho físico de um Espírito, repleta de coisas pequenas...].
como "Tabernáculo de Deus", morada Também são guardiões específicos
de Deus de plantas e pedras "e todas as
coisas inferiores". Ministros
mediadores são, sob esse
aspecto, aqueles mensageiros que
com tanta freqüência aparecem
nos relatos de textos sagrados.
"Mensageiros da Vontade Divina,
intérpretes da mente de Deus"
[AGRIPPA].

* OsAnjos propriamente definidos são apenas uma entre essas nove categorias de seres celestiais, a
mais inferior por sinal, o que significa, mais distantes de Deus, segundo a teologia cristã. O termo
Anjo foi tomado como termo geral, para referência a qualquer ser de qualquer uma das categorias
daqueles seres que são considerados como uma espécie de equipe de trabalho do Criador, milícia
de Deus.

Sejam fantasmas, elementais, anjos ou demônios, até aqui, o senso comum concebe a
idéia de Espírito como algo que evoca o sobrenatural nas visões lúgubres e cadavéricas
das "assombrações" ou às imagens de seres etéricos, luminosos, vaporosos, "divinos".
Todavia, na esfera do conhecimento esotérico, onde a raiz das palavras e das realidades
últimas não se perde, nesse âmbito, Espírito se refere à Individualidade, seja do Único, do
Todo, antes do alvorecer da manifestação em Universo, seja Individualidade de cada um
dos seres manifestados em seus peculiares graus e qualidades de sensibilidade,
percepção, consciência e inteligência; em uma escala de evolução que, no caso dos
seres brutos [como as pedras, os minerais em geral], chega muito perto do grau zero. [Em
outras palavras, até onde se sabe uma pedra não sente dor nem fica "chateada" se
alguém da uma "bicuda" nela; isso não quer dizer que ali, naquele rocha, não habite um
Espírito aprisionado em virtude de um estágio evolutivo de Ser bruto].
O "Grande Arcano", que o ocultista francês Eliphas Levi resume na frase "É a divindade
no Homem"; a Verdade simples que poucas pessoas conseguem absorver apesar da
singeleza do enunciado é que o Espírito é Tudo ─ é o Todo, em tudo está e a tudo
permeia, perpassa, enquanto a tudo constitui na total configuração do SER de todas as
coisas, seja a estrela mais brilhante do Cosmos, seja um microorganismo menor que um
grão de talco ou, ainda, a energia que move fenômenos da Natureza como a trajetória de
um cometa ou uma corrente de vento.
O Espírito Unidade, quando em movimento, gera diversidade. O movimento é deflagrado
pelo pensamento do Um; palavra na mente do Um, pequena frase que diz EU SOU. Uma
afirmação que põe em movimento a vastidão indiferenciada do Ser primordial [o negro
"Abismo das Águas"] gerando, assim, a multiplicidade de seres. Cada ser, Espírito-
unidade [que os esotéricos chamam mônada] surge [porque não "nasce", resulta de uma
reação físico-química] tosca, insensível.
Mas a mônada bronca tem Eternidades para evoluir ao longo de sua existência,
conduzida pelo movimento universal, que consiste na interação dos seres em trajetórias
circulares, sejam esferoidais, elípticas ou espirais, girando a diferentes velocidades, em
diferentes condições de temperatura e pressão. É o caldeirão cósmico mexido pelo
primeiro pensamento de Deus.
Para a mônada, o importante é que pode demorar uma centena de Manvataras
[Eternidades de manifestações do Universo] porém, em algum momento, depois de muito
"sofrer" [no sentido de experimentar e ser provocada pelas experiências] - sofrer, com os
acidentes e intempéries na jornada de meramente existir, ela, a mônada, alcança uma
condição de sensibilidade. [E a partir daí "sofrerá" ainda mais intensamente].
O Espírito-mônada adquire percepções, consciência vaga e, enfim, consciência de si
mesma, germe da inteligência. Tornou-se uma "Individualidade Egóica", um "EU SOU" e
somente por ter chegado a esse tipo de consciência os Espíritos Egóicos já começam a
manifestar a condição divina que pulsa em suas origens. Não é mais mônada, é Manas.

Tudo É Mental

O primeiro princípio da filosofia do mítico Hermes Trimegisto enuncia: "Tudo é Mental".


Este lugar, chamado Universo ou Cosmo, palco de tantos acontecimentos protagonizados
pelos Espíritos Egóicos, é um lugar/não-lugar, é um espaço gráfico, numérico até, mas
não, de fato, mas não geológico ou geométrico, mas instância de SER, de natureza
mental, onde coexistem diversos planos mais ou menos adequados a diferentes estados
ontológicos [de SER]; são os diferentes "Mundos".
Mundos mentais, constituídos de matéria mental agregada pela força da manifestação
mental que é o PENSAMENTO-PALAVRA. E não mais o pensamento primordial D'Aquele
Que Estava Só, mas pelos pensamentos, gerados por sensações-emoções justamente
dos Espíritos Egóicos, os Espíritos-Manas, os "EU SOU" e seus devaneios em torno das
condições de "Eu Estou..." E conforme se agregam, reúnem-se pela afinidade dos
pensamentos semelhantes, esses pensamentos, as emoções, formam os Reinos e os
mundos correspondentes, "temperados" por estes pensamentos; ambientes, que vão dos
infernos aos céus passando pela Terra [e/ou outros planetas fisicamente habitáveis por
seres humanos].

Raças de Espíritos

Os Espíritos Egóicos, os seres animados autoconscientes [em oposição aos brutos,


inconscientes], habitam, portanto, numerosos mundos e embora no contexto da cultura
popular sejam conhecidos como anjos, deuses, homens, demônios, seja qual for a
teologia, é fácil perceber que todos estes seres têm traços em comum do ponto de vista
anatômico-morfológico e psicológico. Todos parecem ter a forma-base dos corpos
estruturada no padrão pentagrâmico [cindo extremidades, estrela de cindo pontas] ─
cabeça, tronco, membros e postura mais ou menos ereta, [bípedes]. Isso poderia
caracterizá-los, todos, como humanóides [do ponto de vista de espécie humana]; ou,
quem sabe, são todos "divinóides", "teomórficos", do ponto de vista da etnografia
metafísica dos seres autoconscientes.
A Teologia e a Teurgia judaico-cristã distinguem a massa de Espíritos autoconscientes em
três tipos bem definidos: Anjos, Homens e Demônios. Os Anjos, Espíritos
desapaixonados que agem pelo bem e sempre no cumprimento da Vontade de Deus; os
Demônios, discípulos/seguidores de uma legião de Espíritos angelicais rebeldes,
segundo a lenda, liderados pelo Anjo Lúcifer [que seria um Serafim, pois era da mais alta
patente] ─ mais tarde chamado Satanás, que significa "adversário". Uma alegoria
evidente indicando que a Raça dos Anjos [que os tibetanos reconhecerão como Devas],
embora sejam, em geral imparciais, também estão sujeitos à tentação da divisão interior,
da dúvida diante de uma escolha.
Finalmente os Homens, protegidos pelos anjos, tentados pelos demônios, são
tradicionalmente descritos como "feitos à imagem e semelhança" de Deus, microcosmo.
Estes seres hesitantes, sempre confrontados com a dificuldade de escolher entre o certo
e o errado, na teologia cristã, com todos os elementos herdados do maniqueísmo persa,
os Homens, mais se parecem com troféus sendo disputados pelas duas forças que
Maniqueu acreditava que regiam o Universo: o Bem e o Mal.
A doutrina judaico-cristã apresenta esse esquema bem simplista, de três categorias
ontológicas, para representar a "demografia" dos Espíritos Egóicos. No Tibete, o budismo
propõe um quadro bem mais complexo porém mais verossímil, distinguindo cinco perfis
psicológicos que caracterizam as cinco Raças dos "Espíritos de Deus".
É uma diferenciação que os tibetanos utilizam por comodidade didática pois não há limites
fixos entre um e outro tipo psicológico independente do meio físico adequado
como habitat. O que define a essência dominante em um Espírito egóico esteja ele num
inferno, numa Terra ou num céu, é predominância de tendências psicológicas-
comportamentais, de ser, sentir, de pensar, agir e reagir.
Esses tipos psicológicos podem ser entendidos como Raças de Espíritos [ainda uma vez,
para fins didáticos] que se agrupam por afinidades em "mundos" configurados de acordo
com as necessidades físicas e meta-físicas de cada Raça. Essas Raças de Espíritos
Egóicos são cinco, aqui listadas de acordo com a elevação de sua percepção, de seus
sentidos, inteligência e capacidades:

1.Devas

Os Devas são muito poderosos. Suas vidas em forma/condição e mundo dévico são muito
longas. Um Deva vive como Deva, em média, 30 mil anos terrenos [LOCHTEFELD,
2005]. Muitos deles se alimentam porém os mais elevados [espiritualmente elevados,
protagonistas de vida anterior justa e reta e, muitos, não todos, quase totalmente
desapegados das efêmera realidade da vida em estado de encarnação] ─ estes, já não
precisam comer ou beber ao modo físico. Grande parte deles não precisa [porque não
desejam] comer nem beber. Todos podem voar e, de todo modo, locomovem-se muito
rápido. No entendimento popular, os Devas correspondem aos anjos judaico-cristãos-
islâmicos. Em termos físicos-metafísicos-anatômicos os Devas podem ser:

[I] Amorfos ou Sem-Forma Meditativos; vivem em meditação renunciando a qualquer


experiência sensorial ou relacional.
[II] Corpóreos Desapaixonados, são como os anjos assexuados dos judaico-cristãos.
Entre os Desapaixonados, existe uma categoria chamada devas Suddhavasa são os
guardiões da religião nos mundos Inferiores.Outros devas, apesar de assexuados e sem
paixões, ainda apreciam a expressão de si mesmo em uma forma corpórea mas vivem
entregues à meditação buscando a tranqüilidade absoluta da "matéria mental" em si
mesmos.
Deixam de ser perturbados por pensamentos, tornam-se indiferentes até à alegria de
atingir tamanha serenidade e seu anseio sem ansiedade é chegar ao prazer supremo de
sentir "nada"... Somente os Devas Desapaixonados chamados devas Brahmã, apesar de
serem meditativos, se interessam seres dos mundos inferiores, lamentam e seus
sofrimentos e interferem dentro de sua esfera de poder.
[III] Devas Humanóides de Kamadhãtu de aparência semelhante à Humana porém
maiores. Vivem de modo semelhante aos Homens, são susceptíveis às paixões e à
embriaguês dos prazeres materiais mais grosseiros. Com sua lendária morada localizada
no Monte Meru [ou Sumeru, montanha sagrada, mítica, situada em local incerto,
considerada o centro do Mundo/Universo na Cosmologia hindu], são os que mais se
parecem com deuses Olímpicos da Grécia.
Nos "céus", e existem vários "mundos celestiais" [LOCHTEFELD, 2005], a vida é repleta
de prazeres e alegrias; ali não há sofrimento, ansiedade ou insatisfação de qualquer tipo.
Porém, tudo isso acaba quando quando chega a hora da reencarnação; porque nada
pode garantir que um deva não possa renascer em outro Reino. Para renascer como
deva, o Espírito deverá se manter puro na sabedoria da bondade, coisa que pode escapar
a qualquer deva: ao longo de 30 mil anos de Paraíso o Espírito tende a esquecer do plano
religioso da existência.
Por isso, alguns sábios religiosos, como os monges [lamas] do budismo tibetano
aconselham, durante o estado de Bardo [intermediário entre duas vidas], evitar o desejo
pelo Reino e mundos dos Devas: "No continente oriental de Lupah... indo para lá, este
Continente se bem que seja feliz e fácil é aquele onde a religião não predomina. Não
entre aí" [SAMDUP, 2003]. No texto do Livro dos Mortos Tibetano, todavia, o conselho é
outro: "Àquele que deverá nascer como deva surgirão templos exóticos [moradas]
construídos com diversos metais preciosos. Pode-se entrar aí. Entra". [SAMDUP, 2003].

Esq.: Devas, anjos sob o ponto de vista cristão, deuses para os hindus, como o pequeno Ganesha
[com aspecto de elefante] que se vê à frente, direita. Eles habitam o Reino dos Paraísos mas não
estão livres do carma e também os Devas precisam seguir os giros da roda do Samsara e, depois de
uma vida em Devakhan [lugar dos Devas], terão de renascer em um dos cinco Reinos dos Espíritos
de Deus.

Dir.: Asuras, eles são belicosos, orgulhosos e muito sensíveis aos apelos de seus devotos humanos.
A figura representa um Asura famoso: Varuna. Esse regente da arquitetura e da metalurgia é
considerado o responsável pelos ciclos do Sol, da Lua, das marés e pela estrutura topográfica do
planeta Terra. No reino animal, domina os crocodilos e as serpentes. Na religião comparada
corresponde ao Hefaistos [Hefestos] dos gregos; Vulcano, dos romanos.

2. Asuras

Na cosmologia indiana os Asuras são seres super-humanos [LOCHTEFELD, 2005].


Asura é o nome destas criaturas, nas línguas sânscrito, pali e coreano; no Tibet, são os
Lha-ma-yin; no Japão são os Ashura e na China, Axiuluo. Enquanto a serenidade e
benevolência é característica dos Devas, os Asuras são agitados e, embora não sejam
necessariamente maldosos são passionais e, em sua revolta, não poupam agressividade
contra aqueles que consideram como rivais em qualquer questão.
São poderosos mas, freqüentemente, suas paixões os tornam amorais e/ou anti-éticos até
porque são profundamente dominados pela arrogância e orgulho pessoal. No âmbito da
cultura popular a palavra "Asura", se refere a "anti-deuses", "não-deuses" ou, ainda, são
confundidos com elementais, deuses maus, gênios, espíritos malígnos, demônios. Porém
entre os estudiosos da teogonia/cosmogonia oriental os Asuras são seres divinos.
Conforme explica Helena Petrovna Blavatsky no Glossário Teosófico:

Asu significa "alento" [sopro/palavra] e é com este alento que Prajâpati


[Brahmâ/Deus Pai] cria os Asuras... Nos Vedas, os suras estão sempre
relacionados com Surya, o Sol, considerados como divindades [devas]
inferiores. Em sua acpção primitiva e esotérica, baseando-se em outra
etimologia, asura [de asu, vida, espírito vital ou alento ─ de Deus ─ e ra,
[que tem ou possui] significa um ser espiritual [menos material] ou
divino," [BLAVATSKY, p 60 ─ In Google Books].

Boa parte da natureza revolta dos Asuras deve-se ao fato de eles [as] são profundamente
devotos, leais à Trindade Brahma-Shiva-Vishnu, leais aos seus amigos de outros mundos
e Reinos, leias aos seus Budas, suas divindades tutelares, um tipo de Espírito tão elevado
que transcende a pertença a qualquer Raça espiritual. Assim, qualquer atitude ou palavra
mal colocado pode ser considerada um ultraje despertando afúria, indignação, instigando
o amor próprio alimentado por um rígido conceito de dignidade. São vaidosos, orgulhosos
e beligerantes beirando, e muitas vezes mergulhando, no domínio da soberba e da
crueldade.
Sob o ponto de vista da religião comparada seriam, então, "semi-deuses". Também
podem ser identificados com os Heróis gregos ou, ainda, com os Titãs, os quais, muitos,
tornaram-se semi-deuses, como Hércules, por exemplo. No contexto judaico-cristãos,
seriam os "Anjos Caídos". De todo modo, seja qual for o nome pelo qual são identificados,
estes seres são regentes dos fenômenos sociais nos mundos de todos os Reinos. Sobre
os mundos Asura, o Livro dos Mortos Tibetano assim os descreve: "O que deverá nascer
comoasura avistará uma floresta deliciosa, com círculos de fogo girando em direções
opostas" [SAMDUP, 2003].
3.Homens

Os mundos humanos são, indiscutivelmente, os mais desafiadores para o complexo de


inteligências com o qual são dotados os Espíritos Egóicos. Somente no Reino Humano a
condição/Raça do Espírito pode ser modificada através de escolhas entre boas e más
ações. Os outros Reinos são, vocacionalmente, lugares de recompensa, expiação ou
retorno a uma condição essencial anterior, original, que continua prevalecendo mesmo
depois de uma encarnação no Reino Humano.
A situação existencial de um ser humano ao nascer e ao longo de sua vida, sua saúde,
posição social, qualidades físicas e psicológicas, tudo isso é determinado ─ na maior
parte dos casos ─ pela Lei da Justa Retribuição ─ a Lei do Carma. E a dívida cármica
contraída em encarnação humana deve ser anulada em outra encarnação humana.
Ninguém compensa seus "pecados" em mundos infernais; antes, como diz a sabedoria
popular: "Aqui se faz, aqui se paga". [Quem "vai para o inferno" depois da morte,
simplesmente retorna ao lugar de onde saiu e para onde deve voltar porque, apesar da
encarnação humana, continuou sendo um habitante dos Infernos, pertencente à raça dos
demônios].
Isso não significa que somente Egos de essência humana habitam mundos humanos.
Devas, Asuras, Rakshasas, Pretas, todos estão sujeitos e são passíveis de sofrer,
experimentar uma ou várias encarnações humanas sempre com o objetivo de
aperfeiçoamento do Eu Sou. Os mundos humanos, são, portanto, oficinas da evolução
espiritual.
No post mortem, este estado de ser Intermediário, aquele que tende a renascer em
mundo humano, ao modo chamado nascimento pela matriz ou nascimento pelo germe
terá a visão de "machos e fêmeas em união" em um cenário de "grandes e belas casas"
[SAMDUP, 2003]. "Entrar" no germe significa, literalmente, se apossar do organismo
formado pelo "montículo de impurezas" [o esperma e o óvulo em matriz humana].
Nos mundos humanos, predominam as situações de paixão, desejo, dúvida, orgulho e
vaidade. O nascimento no mundo humano é considerado vantajoso em meio aos Reinos
Samsáricos [do ciclo de reencarnações].
Isto porque o os Reinos Humanos são os proporcionam a aquisição de Iluminação
[aperfeiçoamento, sabedoria, aprendizado] de forma mais objetiva e rápida através das
múltiplas "condições de vida" que oferece; ou seja, justamente porque nos mundos
humanos "os homens não nascem nem são todos iguais", especialmente no que se refere
àquelas situações existenciais que fazem as pessoas refletirem sobre coisas do tipo: "o
mundo é injusto".
Nos mundos humanos existem pobres, remediados, ricos, feios, bonitos, gordos, magros,
saudáveis, doentes etc.. E embora essas diferenças sem razão aparente possam revoltar
e/ou entristecer muitas pessoas, na verdade, as desigualdades encerram propósitos
evolutivos individuais e coletivos.
Segundo o Bardo Thödol, escolher este germe é a primeira e difícil tarefa do futuro ser
humano; muito da sua próxima vida dependerá dessa escolha, que pode resultar em uma
experiência proveitosa e/ou mesmo agradável ou, ao contrário, destitosa, miserável.
Outras Raças de Espírito passíveis de nascer pelo germe são os Râkchasas e os Pretas.
Asuras e Devas têm nascimento supranormal e o mesmo acontece com os mais puros
dos Espíritos, aqueles totalmente libertos da matéria densa, livres de todo
condicionamento mental; constituídos de energia pura, eles são os Budas, os Iluminados
e os Boddhisatvas ─ corpos de sabedoria.
4. Pretas: O Reino dos Fantasmas Famintos

Assim como nos mundos infernais, os Espíritos da Raça Preta [no Japão, chamados Gaki]
expiam, purificam-se do peso de erros passados através do sofrimento. São
atormentados pelas misérias da fome e da sede insaciáveis, até porque, seus pescoços,
muito finos, "estreitos como o fundo de uma agulha" não permitem que se alimentem até
a saciedade. Em contrapartida, seus estômagos são "grandes como tambores"
[LOCHTEFELD, 2005]

Segundo a crença vulgar, os Pretas são "demônios famintos", "Cascas"


ou invólucros de homens avaros e egoístas depois da morte...
Renascem como pretas no Kama-Loka. ...[São] espectros, fantasmas,
almas de defuntos. ...Habitam a região das sombras, estão geralmente
associados aos bhütas e, como estes, costumam freqüentar os
cemitérios e animar corpos mortos [BLAVATSKY, 1995].

Esse estado lamentável é decorrente da "gula" subjetiva destas criaturas, Egos


dominados pela ambição, avareza, mesquinharia, mas também pelos desejos físicos,
objetivos, como a voracidade diante da comida e do sexo, a acomodação ao sono,
preguiça, anseio de fama e de riquezas em outras vidas, em outros mundos, seja em
mundos pretas ou em qualquer outro dos cinco Reinos da existência.

Dir.: Inferno Budista ─ Os "Jardins do Inferno", na Tailândia, contraponto aos idílicos Jardins do
Edén. Fica no monastério Wang Saen Suk, 90 minutos de carro ao sul de Bangcok. Na entrada,
pictogramas coloridos informam: "Bem vindo ao Inferno!" O lugar é um tipo de "parque temático"
onde esculturas de madeira muito expressivas mostram os variados sofrimentos que Espírito
experimenta nos mundos infernais. Veja mais em Thai's Hell Garden.

Centro.: Râkchasas ─ quanto à aparência, alguns descrevem os machos como extremamente feios,
ao contrário das fêmeas, consideradas belíssimas apesar de alguns traços zoomórficos presentes
em sua constituição física.
Esq.: O mundos dos Pretas ou Gaki, no Japão: fome, sede, tristeza, infindável insatisfação, é a
realidade criada em torno dos seres dominados pela avareza.
5. Râkchasas: Reino de Naraka

Os râkchasas são habitantes dos mundos chamados de Infernais ou Reino de Naraka.


Dante Aliguieri acertou quando concebeu vários infernos; de fato, existem numerosos
mundos infernais onde os Egos sofrem o peso de suas ações malignas. Mas isso não
decorre de um castigo divino; antes, tais mundos são infernais porque os rakchasas são
seres infernais, tomados pelos mais perversos sentimentos e desejos. Segundo H. P.
Blavatsky:

Râkchasas [sânscrito]: Literalmente "comedores de carne crua" e,


segundo a superstição popular, maus espíritos, demônios.
Esotericamente, contudo, são os gibborim [gigantes] da Bíblia, a quarta
raça dos Atlantes. [Os râkchasas, exotericamente, são gigantes, titãs,
inimigos dos deuses: são demônios, gênios ou espíritos malignos
dotados de grande poder; atormentam a humanidade com todo tipo de
mal; freqüentam os cemitérios, comem carne crua, estorvam ou
perturbam os sacrifícios e mudam de forma à vontade. São os ogros ou
antropófagos da Índia... Uma classe de râkchasas são [os guardiões dos
tesouros] de Kuvera, [divindade das riquezas] ─[BLAVASTKY ─ Glossário
Teosófico].

O Espírito de essência, "raça" râkchásica constrói seus próprios mundos como ambientes
onde imperam os reflexos de seus próprios pensamentos [como de resto, em todo o
Universo, ambientes são criados por agregados de pensamentos da mesma natureza]:
ódio, violência, inveja, luxúria, cobiça. Fome, sede, sensação de estar sofrendo torturas
terríveis, como o desmembramento que dói mas não mata, agonias, aflições
inimagináveis caracterizam a vida nos mundos infernais.
A vida de sofrimento infernais pode ser muitíssimo longa, até 60 mil anos terrenos. Os
sofrimentos do inferno incluem experimentar vida e morte em um mesmo dia. Dos
mundos infernais é dito que o inferno de Avici é o pior deles. Segundo texto "Os Reinos
do Dharma", traduzido [de fonte não mencionada] por Sérgio Pereira Alves:

O primeiro sofrimento é tempo ininterrupto, significando que não há


nenhum descanso. O sofrimento é contínuo, não há nenhum tempo para
respirar durante até mesmo um minuto ou um segundo. O segundo
sofrimento é espaço ininterrupto. No Inferno de Avici, espaço é
preenchido com uma ou várias pessoas. Se houver muito espaço, uma
pessoa se multiplicará até que ela ocupe todo o espaço. Assim este
inferno pode estar cheio com só uma pessoa. O terceiro é o sofrimento
ininterrupto.

A pessoa tem que sofrer todos os tipos de sofrimento do mundo. Não há


nenhum inferno que tenha mais sofrimento que este Inferno de Avici. Tal
sofrimento é chamado de sofrimento ilimitado. O quarto sofrimento é o
grau ininterrupto, significando que este inferno não diferencia, se a
pessoa é um deus no céu, um humano no reino humano, um fantasma
faminto dentro do reino dos fantasmas ou um animal dentro do reino
animal. Se a pessoa se "qualifica ", qualquer um pode entrar no Inferno
de Avici e pode receber o mesmo tratamento. O quinto sofrimento é vida
ininterrupta. Há numerosas vidas e mortes dentro de um dia e uma
noite, e, entre uma vida e uma morte, a pessoa sofre.

Mas nenhum râkchasa está condenado a ser um desgraçado pela Eternidade


manvatárica: mais cedo ou mais tarde, a dinâmica que rege todas as coisas do Universo,
cujo princípio é movimento, mudança, atua também sobre estes espíritos ditos
demoníacos, modificando sua mente e percepção [forma de pensar, perceber, sentir, uma
mudança nos padrões de pensamento porque, afinal, "Tudo é mental"]; em decorrência, o
râkchasa verá sua realidade modificada. Morrerá para o inferno; morrerá em sua vida no
inferno podendo, então, renascer [reencarnar] em um Reino de mundos melhores.

Miscigenação Espiritual
Nunca é demais enfatizar que a classificação é somente didática, serve apenas para
organizar o pensamento na compreensão do tema. A realidade cósmica não obedece a
nenhum limite intransponível.
As cinco "Raças" de Espíritos transitam, em suas muitas vidas, pelos cinco tipos de
mundos. Um espírito do tipo Asura pode "nascer" em um mundo de Homens ou em um
mundo Râkchásico, por exemplo. Essas cinco Raças, têm, portanto um elemento
existencial em comum: são, necessariamente Espíritos Egóicos [Eu Sou] reencarnantes.
Os Devas, que segundo o estudo de religião comparada, correspondem tanto ao Anjos
judaico-cristão ─ mais específicamente, aos Serafins, Querubins, Tronos, Dominações,
Virtudes e Potestades ─ quanto aos deuses dos panteões dos pagãos [como os gregos],
este Deva pode "encarnar", "nascer" em mundo humano embora não seja um Ser
essencialmente humano.
Nos mundos habitados por Espíritos Egóicos as populações ─ do ponto de vista da
essência, natureza ou Raça de dos Espíritos ─ são, mais ou menos miscigenadas e,
possivelmente, os mundos Humanos são os mais miscigenados espiritualmente porque
oferecem uma diversidade assombrosa de experiências ontológicas.
Nos mundos Humanos, virtudes e vícios coexistem em ralações complexas que exigem
uma alta capacidade de discernimento de todas as Inteligências que um Espírito Egóico
possui [inteligência analítica, emocional, matemática etc.]. Nestes Mundos sofre-se muito
porém aprende-se muito mais. Às vezes sofre-se tanto quanto no pior dos Infernos [pois
existem muitos mundos infernais]. Por isso, a condição humana é um estado de ser que
exige uma boa dose de heroísmo entre outras "habilidades".
Um ser humano, antes de ser humano é Espírito Egóico, um Ego, um Eu Sou. O mesmo
Espírito Egóico que hoje se manifesta como ser humano, daqui a um Eón, pode estar se
manisfestando com um Asura; ou, o contrário, um Asura pode perder a harmonia [da sua
unidade de Ser] e manifestar-se em uma vida rakashika [como um demônio habitante do
inferno] ou, na via contrária, alcançando um estado de paz e bem estar, conquistar uma
vida como Deva; e um preta, um dia consegue cultivar em si mesmo uma centelha de
esperança e morrer e renascer como um ser humano; talvez um ser humano chato, triste,
resmungão, sempre arrastando correntes de insatisfação, porém, humano! Melhor que o
estado deprimido e recalcado-invejoso e, sobretudo, insoluvelmente faminto, na infindável
fome e sede dos pretas. E assim evoluem, progridem, retrocedem e, muitas vezes,
trabalham as populações dos mundos dos cinco Reinos do Ser ao longo de uma
Eternidade [Maha-avatara, período de manifestação de Deus em Universo].

Encarnações: Transitando Entre os Reinos de Deus

Admitindo que os Espíritos encarnados na Terra pertencem a diferentes "Raças",


diferentes estruturas psíquicas, mentais-emocionais, é possível compreender como e
porque tantos humanos parecem ser tão pouco "humanos".
É porque não são mesmo; não na essência. Alguns, mais se parecem com anjos
enquanto outros comportam-se como demônios. Heróis e vilões, vítimas e carrascos,
omissos e ativos, preguiçosos e laboriosos, assim a diversidade da "espécie humana", do
Ser humano, intriga a biologia, a psiquiatria, a psicologia, desafia a genética, a pedagogia
e diante de um prodígio artístico-intelectual ou de um facínora "sem coração" é pertinente
questionar: "Isso é gente?" ─ e, ainda, se alguém dissesse "mais ou menos",
possivelmente, não seria uma resposta insana, ao contrário, esse "mais ou menos" pode
estar muito próximo da verdade.
O renascimento como ser humano é muito difícil de ser obtido. Chega a ser uma
ocorrência rara [em termos de indivíduo] porque a maioria das pessoas desperdiça seu
tempo de vida terrena entre os anseios materiais, emoções, pensamentos e atitudes
inúteis. A maior parte daqueles que morrem nos mundos humanos demora a retornar. Há
uma rotatividade muito grande de raças espirituais que buscam nestes mundos os meios
para obter a purificação, refinamento, melhoria do Si mesmo, do Eu Sou.
O fato é que a condição humana é experimentada não somente por Devas e Asuras,
Râkchasas e Pretas mas também pelos espíritos em estágio de transcendência de uma
condição animal e, ainda por espíritos livres de Carma, ["Raças" mais evoluídas, que são
energeticamente mais puras, fortes e poderosas] como Buddhas e Bodhisatvas
[Nirmanakayas] ─ que voluntariamente se submetem às limitações do Reino Humano a
fim de auxiliar seus "irmãos" na jornada evolutiva.
Sobre as Desigualdades: Nos mundos humanos, predominam as situações de paixão,
desejo, dúvida, orgulho e vaidade. O nascimento no mundo humano é considerado
vantajoso em meio aos Reinos Samsáricos [do ciclo de reencarnações].
Estes mundos são os proporcionam a aquisição de Iluminação [aperfeiçoamento,
sabedoria, aprendizado] de forma mais objetiva e rápida através das múltiplas "condições
de vida" que oferece. As desigualdades entre os homens, que a maioria percebe como
injustiça do Destino ou de Deus, estas desigualdades são, precisamente o que torna a
condição humana única; somente na condição humana o Espírito consegue evoluir.
Além disso, as desigualdades refletem com muito acerto configurações existenciais
decorrentes da raça do Espírito encarnado. Isso se explica quando se admite que,
embora as pessoas não conservem a memória da pré-vida-terrena, são elas mesmas,
enquanto Espíritos de determinada raça que realizam operações fundamentais para a
configuração da vida terrena que enfrentarão; operações tais como: escolha do meio
familiar [incluindo traços genéticos fenotípicos, de aparência] e social.
Por essa razão é que coexistem nos mundos humanos pobres, remediados, ricos, feios,
bonitos, gordos, magros, saudáveis, doentes, inteligentes, néscios, gente muito má, gente
muito boa, gente que "nem fede nem cheira" etc.. E embora essas diferenças sem razão
aparente possam revoltar e/ou entristecer muitas pessoas, na verdade, as desigualdades
encerram escolhas e propósitos evolutivos individuais e coletivos.
Certas "impressões", percepções entre os seres humanos, tantas vezes expressas em
linguagem que se pensa meramente figurada, essas percepções e "figurações" podem
ser mais verdadeiras do que parecem. Em meio às metáforas dos elogios e das injúrias
[xingamentos] existe muita literalidade, realidade.
Se freqüentemente as pessoas referem-se umas às outras como "anjo", "deusa", "meu
herói!, ─ ou então ─ "fulano é uma anta", uma porta, um demônio, uma "mala" sem alça,
um saco, um urubu... não raro o Espírito em questão é, de fato, um "espírito-de-porco",
por exemplo.
Assim, essa massa de espíritos encarnados nos mundos humanos, embora tenham todos
a anatomia antropomórfica, esta massa é constituída de diferentes Raças de Espíritos.
Assim, olhar para as pessoas que transitam nas ruas pode ser como olhar para uma rica
fauna invisível.
Ocultos pela "veste humana" [corpo] convivem nesta Terra antas e leões, vermes,
cachorras, portas, demônios râkchasas e demônios pretas; mas também, deuses, anjos,
buddhas. Resta aprender a reconhecer os espécimes, as raças que nos rodeiam a fim de
escolher muito bem aqueles com quem dividimos vida, para não correr o risco de jantar
com um diabo ou dormir com as cobras. Meditemos...

Bibliografia

AGRIPPA DE NETTESHEIM, Henrique Cornélio. Os Três Livros de Filosofia Oculta.


[Compilação e comentários de Donald Tyson. Trd. Marcos Malvezzi] ─ São Paulo: Madras,
2008.
BLAVATSKY, H. P.. A Doutrina Secreta ─ vol. I. [Trad. Raymundo Mendes Sobral]. São
Paulo: Pensamento, 2000.
........................... Glossário Teosófico, vols. I & II online ─ In E-Snips Livros Esotéricos ─
acessado em 15/02/2009
DEVAS. In WIKIPEDIA ─ acessado em 03/01/2009
LOCHTEFELD, James G.. The Six Realms of Existence: setembro de 2005. In Carthage
College Personal Webhosting Sever, Kenosha/Wisconsin ─ acessado em 03/2/2009
PEREIRA ALVES, Sérgio. Os Reinos do Dharma ─ acessado em 14/02/2009.

edições: Sofä da Sala


2007 | fevereiro, 2012
ligiacabus@uol.com.br

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