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Este é um trabalho sobre algo que não está dado e resiste a formatos prévios,
apesar das diversas tentativas de nominação, formatação e classificação ao longo
da história. Este é um trabalho sobre mulheres. E sobre suas loucuras. Interessa-nos
aqui as histéricas, as depressivas, as nervosas, as ansiosas, as maníacas, as
perversas, pervertidas, “doidas varridas”.
Já consideradas mágicas, bruxas, feiticeiras, certamente encontraríamos uma
gama de outras nomeações às mulheres que rompem com padrões
preestabelecidos. Poderíamos fazer essa discussão a partir de vários caminhos,
tomando como foco as instituições jurídicas, asilares, educacionais, religiosas, entre
outras. Neste momento, porém, nos voltamos a algumas construções científicas que
nos parecem centrais para essa discussão, por terem, estas, servido de subsídio, ao
mesmo tempo em que eram fortemente influenciadas pelos valores e ideais morais
de cada época, para uma nova categorização e entendimento das mulheres
desviantes.
À luz da medicina ocidental moderna a elas é atribuído o estatuto de doentes
mentais. Diferentemente dos demais alienados, o que veremos é que às mulheres
loucas são reservados alguns olhares, afirmações e métodos científicos mais
particulares, com especial consequência para os tratamentos, as instituições, a vida
social e, mesmo, a definição do que deve ser a mulher.
Referências Bibliográficas
MOSÉ, V. (Org.) Stela do Patrocínio: reino dos bichos e dos animais é o meu
nome. Rio de Janeiro: Beco do Azougue Editorial Ltda, 2009.
MURTA, D. Sobre a apropriação médica da transexualidade e a construção do
“Transtorno de Identidade de Gênero”: considerações sobre a psiquiatrização das
vivências Trans. Revista História Agora, v. 16, p. 69-83, 2014.