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2. Malthus acreditava que todas as pessoas eram impelidas por desejo quase
insaciável de prazer sexual e que, por isso, as taxas de reprodução, quando
incontidas, levariam a aumentos em progressão geométrica da população;
especificamente, a população duplicaria a cada geração. Tendo em vista que a
população de um território era limitada pela quantidade de alimento e embora
estivesse consciente de que, com mais trabalho e melhores condições de produção
os seres humanos poderiam aumentar o nível de produtividade, o autor entendia que
os aumentos na produção de alimentos conseguidos em cada geração seriam cada
vez menores, em determinado território, sendo que, na melhor das hipóteses,
aumentaria em progressão aritmética. (E. K. Hunt. p. 95.). Entretanto, não há dados
quantitativos que comprovem historicamente tais afirmações.
9. O texto base para a produção desse trabalho foi escrito pelo autor E. K. Hunt.
Segundo ele, a principal causa para que Malthus não tenha considerado a ideia redistribuir
renda aos trabalhadores era um suposto preconceito classista que o impingia a acreditar
que tal classe não seria capaz de reutilizar essa renda da maneira adequada. Outro ponto
importante para esse argumento era a famigerada amoralidade do proletariado.
A redistribuição destinada a burguesia não seria possível por conta do funcionamento
dessa classe, isto é, pelo fato de que os burgueses tendiam a acumular seu capital e não o
investir de maneira exacerbada. Sendo assim, a superprodução continuaria por ser um
problema, uma vez que os burgueses não consumiriam bens o bastante para acabar com a
crise.
10. A maior peculiaridade dos proprietários de renda é a ociosidade. Por conta dela os
proprietários podem ostentar um status de consumo diferenciado quando comparado
com outras classes. Segundo Malthus, é por conta disso que eles acessariam os ditos
“serviços pessoas” – desde Arte até o trabalho dos criados, ou até mesmo o financiamento
de universidades e instituições culturais. Como consequência disso, ocorreria uma segunda
redistribuição da renda, uma vez que esses “servidores” não eram produtores de bens
materiais, mas recebiam dinheiro pelos serviços prestados.
Além disso, Malthus afirmou que, sem dúvida, os proprietários de terra compunham a
classe daqueles que exerciam a superioridade cultural, econômica e política. Se fosse
verdade, por que não deixar que eles resolvam a situação crítica da nação? Seria óbvio,
então, que essa classe poderia livrar toda a humanidade de todo o mal que devastava a
economia das nações superprodutivas da Europa.
Mas Ricardo não concordava com Malthus, e contra-argumentou dizendo: “um grupo
de trabalhadores improdutivos é tão necessário e útil para a produção futura quanto um
incêndio que destrua, nos depósitos do fabricante, as mercadorias que teriam sido, de
outra forma, consumidas por aqueles trabalhadores improdutivos…”
11. Na advertência sobre a terceira edição do livro “Princípios de Economia Política e
Tributação”, David Ricardo afirma: “nesta edição eu procurei explicar mais completamente
que na anterior minha opinião sobre o difícil tema do valor”. No final do quarto capítulo do
livro “A Riqueza das Nações”, Adam Smith adverte o leitor para a dificuldade do tema que
vem a seguir. Como se pode presumir, o tema o qual se refere Smith também é valor.
Sendo assim, o que se pode dizer de antemão é que a complexidade do tema foi algo que
permaneceu inconteste por um bom tempo. Ademais, muitos economistas tentaram dar
fim a essa discussão. E isso acaba por nos demonstrar o nível de relevância do assunto.
Portanto, não é em vão que Ricardo tenha se utilizado da obra de Smith para pautar
seus pensamentos no que diz respeito ao tema supracitado. Entretanto, não se utiliza
dessa obra a fim de concordar com ela, ou reverenciá-la, mas a revisita com a intenção de
avalia-la, critica-la e, sobretudo, desenvolve-la.
Na primeira oportunidade de dizê-lo, Ricardo procura conceituar o que é valor:
Dirá, além disso, que não é a utilidade dessa mercadoria que delimitará o seu valor de
troca. Mas é essencial que essa mercadoria possua um mínimo de utilidade, caso contrário
não teria nenhum valor de troca. Mas é a partir do trabalho contido em uma mercadoria –
sendo que toda mercadoria pode ser chamada de “trabalho contido” – é que se delimita o
valor de troca desta.
14. O trabalho indireto é toda a tecnologia material necessária para a produção dos
bens mercadológicos. O termo é assim denominado pelo fato de que o preço de custo para
a compra dessas tecnologias é fundamentado no valor-trabalho contido nelas. Assim
sendo, o valor de troca também é influenciado pelo trabalho indireto.
O trabalho direto, por fim, é o trabalhado contido na mercadoria que está sendo pelas
máquinas, pelas ferramentas e pelos trabalhadores. Em outras palavras, pode-se dizer que
o trabalho direto é aquele que está sendo despendido no momento em que, aquele que as
máquinas, as ferramentas – que representam o trabalho indireto – estão a produzir.
A produtividade só pode existir, portanto, pela existência da potencialidade do
trabalho. Não obstante tal fato, outros fatores são considerados elementares para a
produção de mercadorias: os recursos naturais e o capital. Sem a condição dos recursos
naturais – as matérias-primas, por exemplo – não existe produtividade, produção em série,
mercado etc. Assim como não existe mercado se não houver capital. Sendo assim, torna-se
possível afirmar que os condicionantes do valor são, em ordem crescente de importância:
o capital, a matéria-prima e o trabalho.