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O USO DA VOZ NO TEATRO

Certos atores de hoje tem freqüentemente dificuldades em “dizer” corretamente uma


fala um pouco maior. Respirações mal colocadas, sílabas engolidas, etc são
manifestações muito comuns. Pior ainda, o discurso, às vezes, não é audível o tempo
todo. Domínio técnico deficiente, mas também fragilidade vocal: a voz precisa ser
treinada como o músculo do atleta. Ela precisa se desenvolver em potência, aprender a
resistir ao cansaço. Na falta de uma preparação adequada, a voz, muito cedo solicitada
além das suas possibilidades, não possui mais o volume necessário para certos papéis.
É essencial que o ator não trabalhe no máximo da sua potência vocal, a fim de não
arriscar-se a desagradáveis acidentes de percurso.
É importante em certos episódios cômicos que o ator que “ouve” tome fôlego antes que
termine a fala do parceiro a fim de poder responder imediatamente. Se esperar para
respirar no momento em que o companheiro lhe “der a deixa”, ele introduzirá no
diálogo um minúsculo silêncio que, principalmente se for repetido, acarretará uma
defasagem, uma perda de ritmo nefasta para o impacto cômico.

A dicção e a articulação precisam ser diferenciadas. A primeira permite ao ator fazer


ouvir completamente e entender materialmente o discurso do seu personagem. As
necessidades da dicção submetem a voz a um tratamento que a torna mais ou menos
artificial em relação ao que ela é na realidade.
A articulação é uma técnica de “expressão”. Melhor seria, aliás, falar de modos
específicos de articulação, pois não há dúvida de que a voz de um personagem se define
por uma pluralidade de articulações determinadas por vários fatores: idade,
temperamento, situação social, etc.

Ter boa dicção é falar com clareza e naturalmente, sem esforço vocal; é saber transmitir
o pensamento oralmente, exteriorizando as idéias contidas nas palavras e nas frases, de
forma que o ouvinte sinta uma emoção que corresponde exatamente à intensidade dos
seus sentimentos.
Falar bem não é declamar. A declamação foi usada pelos Gregos e Romanos que tinham
necessidade de clamar para serem ouvidos nos imensos anfiteatros.
A inspiração deve ser rápida, silenciosa e invisível, e a expiração muito lenta.
O tempo de duração de pausa e da expiração deve ser aumentado gradativamente.
A retenção do ar não deve ir além de 5 (cinco) segundos para não forçar a pressão das
cordas vocais, mas a expiração deve ser tão prolongada quanto possível.

Respiração! Essa é a base de toda a arte de dizer: saber respirar. É a respiração que
orienta a articulação, a pontuação, a gesticulação e o próprio gesto.
EXERCÍCIOS:

Você já conhece o valor do seu corpo para a voz. Por esta razão, inicie sua aula prática
com exercícios de alongamento e relaxamento. Use roupas leves e folgadas para não
dificultar os movimentos.

1. Alongamento: de pé, levante os dois braços e vá se esticando suavemente para


cima como se quisesse alcançar uma corda que está um pouco acima da sua
cabeça. Mantenha os pés bem fixos no chão. De 1 a 3 minutos.
2. Relaxamento: movimente os braços e as pernas livre e suavemente para ativar
melhor a circulação sanguínea e aquecer a musculatura (dê chutes no vento e
simule natação, por exemplo). De 3 a 5 minutos.
3. Respiração: conforme os padrões teóricos aplicados anteriormente, trabalhe sua
respiração e aproveite para entrar em estado de concentração máxima. Procure
sentir o ar entrando e se espalhando em seu corpo através do sangue. Trabalhe os
impulsos cerebrais para as partes do seu corpo (como leves movimentos dos
dedos das mãos e dos pés). De 2 a 3 minutos.
4. Acorde o diafragma: se você é artista há um certo tempo, sabe da relevância
deste músculo. Portanto, vamos desenvolver ainda mais suas atividades; inspire
e expire rapidamente dando sopapos no diafragma como se estivesse bombeando
o abdome. De 1 a 2 minutos.
5. Aquecimento muscular do pescoço: abaixe completamente a cabeça (coluna reta,
por gentileza) e comece a erguê-la vagarosamente até onde puder enquanto
inspira. Segure o ar por um tempo e desça a cabeça e vá soltando o ar devagar.
Sincronize o tempo do movimento com a respiração. Ou seja, o tempo do
movimento deve ser igual ao da respiração. Vá retardando o tempo do
movimento e da respiração aos poucos até alcançar a média de 30 segundos para
levantar a cabeça (inspirar), 10 para prender o ar e 30 para abaixar a cabeça (e
expirar o ar). ATENÇÃO: observe sua capacidade. Se der para prolongar mais o
tempo, faça. Do contrário, diminua o limite. Execute de 5 a 10 vezes nesse
sentido e depois inverta a ordem do movimento e a respiração.
6. Aquecimento muscular do pescoço II: semelhante ao exercício acima, sincronize
a respiração de acordo com os movimentos do pescoço. Entretanto, troque o
movimento vertical pelo horizontal; ponha a cabeça no limite que ela se move de
um lado e vá virando para o outro trabalhando a respiração.
7. Acionamento bucal: faça movimentos com a boca (caretas mesmo) para acionar
a musculatura da boca; abrindo e fechando, esticando para os lados, mexendo
com a língua, etc.

Para adquirir a sensação da respiração com o diafragma, deita-se no chão, descontraindo


o corpo, e observe com rigor colocando, por exemplo, um livro junto ao estômago. O
movimento daquele músculo no ato de inspirar e expirar prova que a respiração está
correta.
Inspire pelo nariz, retenha o ar durante 3 (três) segundos e expire pela boca sempre sem
esforço distendendo simplesmente o corpo.
Inspire profundamente. Conte “01” com voz clara e expire logo o resto do ar, deixando
o corpo descontraído. (procure não usar mais ar do que o estritamente necessário). Para
dizer com clareza o número, mantendo a descontração do corpo, sobretudo o peito, o
pescoço e a garganta.
Repita este exercício contando de 01 a 10. Deste modo adquirirá o indispensável
domínio sobre o volume de ar utilizado sem fugas, dominando igualmente o uso do
diafragma.

Aquecimento vocal: Esse exercício serve para desenvolver o controle vocal dos sons.
Não ignore a boa postura e esteja bem hidratado (água mineral).

1. Moído: feche a boca e comece soando “hmmmmmm” igual a uma vaca


preguiçosa. Note que o som (grave) fica armazenado na faringe (cavidade no
começo da garganta). Inicie com um tempo de 10 segundos para o som, pare,
respire fundo e recomece aumentando o tempo de execução do som. 10 vezes.
2. Fonfom: o mesmo exercício acima, desta vez, trazendo o som para o nariz.
3. Staccato: vamos repetir o exercício 1 e 2 em staccato (som cortado em
sequências rápidas e fortes). – “Hum. Hum. Hum. Hum. Hum”. Use o diafragma
para impulsionar o som.
4. Pianinho: é semelhante ao staccato, mas com uma diferença: soe baixinho.
5. Exercício 1: agora de boca aberta, trabalhe nos moldes acima um “psiu” com
som de “sssssssss”. 10 vezes normal e 10 em staccato.
6. Exercício 2: ainda seguindo o modelo anterior, execute “zzzzzzzzzz”. 10 vezes
normal e 10 em staccato.
7. Exercício 3: vamos trabalhar o volume calculando o tempo de execução e
dividindo em dois; do zero para o mais alto possível e daí para o zero
novamente. Ou seja, vá aumentando o som e depois diminuindo. Faça duas
vezes com cada som já treinado.
8. Exercício 4: agora para relaxar, produza o som “fffffffffff” semelhante a um
pneu vazando ar. Em seguida, uma chuva: “xxxxxxxx” e, finalmente, uma
metralhadora “Trrrrrrrrrr”. Para este último, coloque e tremule a língua no céu
da boca. 5 vezes cada.

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