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Apresentação ........................................................................................................................................... 3
Aula 01 - Hoje foi o dia mais quente do ano, de novo? ..................................................................... 4
Mudança do Clima e Educação Ambiental: um desafio pedagógico ................................................................4
Tá calor, chove muito, aff...que secura! Quanto custa este mal-estar?.............................................................5
O ar: esse elemento invisível com uma estrutura complexa - fundamental para nossa vida ..................7
Qual a diferença entre tempo, clima e mudança do clima? .............................................................................. 12
Ciclo do carbono ............................................................................................................................................................... 14
Aula 02 - O que os cientistas dizem? .................................................................................................. 19
O Painel Intergovernamental de Mudanças do Clima (IPCC): 4º Relatório de Avaliação ....................... 19
Eventos extremos: o que diz o Relatório do IPCC de 2012?.............................................................................. 26
Adaptação e Mitigação: alguns exemplos ................................................................................................................ 27
Novos conceitos: Vulnerabilidade e capacidade adaptativa ............................................................................. 30
Aula 03 - A água, o mar, o ar e a terra conduzem o clima............................................................... 33
As nuvens e o mar ............................................................................................................................................................. 33
Uso da terra e florestas ................................................................................................................................................... 37
Florestas, uma solução! ................................................................................................................................................... 41
A cidade: veículos automotores e emissões de CO2 ............................................................................................ 44
A cidade: aterro sanitário e biogás ............................................................................................................................. 47
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Apresentação
Bem-vindo ao Módulo 01 do curso Educação Ambiental e Mudança do Clima. Em cada aula deste
módulo, abordaremos um tema acompanhado de vídeos, curiosidades, referências bibliográficas, glossário, sites
de pesquisas e ainda conteúdos enriquecidos com poemas.
Ao final de cada aula, vamos praticar nossa aprendizagem no item “coloque em prática”. Ao final do
curso, faremos uma avaliação de conteúdo, além de um questionário de satisfação sobre o curso, dos conteúdos
e da administração. A seguir uma prévia do que será trabalhado em cada aula deste módulo.
Na Aula 01, que tem como título Hoje foi o dia mais quente do ano, de novo?, vamos discorrer sobre
os seguintes assuntos:
Mudança do Clima e Educação Ambiental: um desafio pedagógico.
Tá calor, chove muito, aff... que secura! Quanto custa este mal-estar?
O ar: esse elemento invisível com uma estrutura complexa - fundamental para nossa vida.
Qual a diferença entre tempo, clima e mudança do clima.
Ciclo do carbono.
Na Aula 02, que tem como título O que os cientistas dizem?, vamos introduzir mais
novidades:
O Painel Intergovernamental de Mudanças do Clima (IPCC): 4º Relatório de Avaliação.
Vamos conhecer o 5º Relatório de Avaliação do IPCC?
Eventos extremos: o que diz o Relatório do IPCC de 2012?
Adaptação e Mitigação: alguns exemplos.
Novos conceitos: vulnerabilidade e capacidade adaptativa.
Na Aula 03, que tem como título A água, o mar, o ar e a terra conduzem o clima, vamos conhecer
a trajetória dos Gases Efeito Estufa (GEE) relacionando-os aos temas água e florestas, e sua produção em setores
econômicos e nas cidades.
As nuvens e o mar.
Uso da terra e florestas.
Florestas, uma solução!
A cidade: veículos automotores e emissões de CO2.
A cidade: aterro sanitário e biogás.
Esperamos que você compreenda o que é Mudança do Clima – os principais conceitos, as causas e os
efeitos na natureza e nas vidas das pessoas.
Vamos começar? Boa aula!
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Aula 01 - Hoje foi o dia mais quente do ano, de novo?
“Mas o que quer dizer este poema? - perguntou-me alarmada a boa senhora.
Uma nuvem - disse ela - umas vezes quer dizer chuva, outras vezes bom tempo...”
(Mário Quintana)
Para a IALEI, as mudanças climáticas representam, do ponto de vista pedagógico, um desafio para testar
a capacidade de se organizar a aprendizagem em torno de problemas caracterizados por dinâmicas sociais
complexas, conhecimento incerto e riscos. A questão mais desafiadora, portanto, é criar condições para que as
iniciativas educacionais sejam estratégicas para realizar as mudanças necessárias para motivar os cidadãos a
agirem em direção às metas de sustentabilidade.
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A realização de uma pesquisa documental, por Reis e Silva (2016), comprova esse desafio e aponta que
a mudança do clima pode ser consequência tanto de causas naturais como antropogênicas, ou ambos, de forma
desiquilibrada. No entanto, está no campo de conhecimento da EA, proporcionar, como processo educativo,
reflexões sobre a complexidade e as controvérsias inerentes das questões ambientais, que inclui o fenômeno da
mudança do clima.
A construção da EA na esfera da política pública para trabalhar a Mudança do Clima, implica em
processos de mobilização, construção de acordos e de regulamentação e em parcerias que fortaleçam a
articulação dos diferentes atores sociais.
Esse tema, ampliado pela lente da EA, transforma-se em ações educativas cujo foco é a sensibilização
e compreensão a respeito do fenômeno climático para entender a dinâmica dos processos de adaptação, para
desempenhar uma gestão territorial sustentável, para formar educadores ambientais e para produzir e
aplicar ações de educomunicação socioambiental.
Para nove em cada dez entrevistados, as crises da água e energia têm relação direta com
o tema, sendo que para 74% há muita relação entre a falta de água e luz e as mudanças
climáticas. Para mais informações (https://secured-
static.greenpeace.org/brasil/Global/brasil/image/2015/Maio/datafolha%20clima.pdf).
“É sempre a mesma notícia! Hoje foi o dia mais quente do ano! Fortes chuvas causaram enchentes em
várias cidades causando enormes transtornos para a população.”
Assista ao vídeo intitulado Caixa que foi escrito e concebido por Luciana Eguti como uma
lembrança de que fazemos todos parte do mesmo planeta. O desmatamento e ao
aumento da poluição geram efeitos em cadeia, que prejudicam a sociedade como um
todo. O vídeo tem a intenção de alertar para esta problemática.
(https://www.youtube.com/watch?v=fyuCEQDhFlQ&list=PL1x_JPbKGmcwkg4mbHKCs2xr
QisAcFq4m&index=32%2)
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A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) deu uma alerta dizendo
que janeiro de 2016 foi o mês mais quente desde que os registros começaram a serem feitos em 1880,
ultrapassando o recorde anterior de 2007 em 0,16ºC, e concluiu que a temperatura média na terra e nas
superfícies dos oceanos foi de 1,04°C acima da média de janeiro durante o século XX.
Em fevereiro de 2016, os cientistas iniciaram os alertas sobre uma possível emergência climática, pois
a diferença de temperatura também foi recorde. Segundo os dados da Agência Espacial Americana (NASA), o
clima esquentou mais do que já tinha esquentado em fevereiro de qualquer outro ano. Registrou a
temperatura de 1,35°C mais quente do que a média observada no planeta entre 1951-1980. Trata-se do
mais alto valor para um mês desde que a temperatura do planeta começou a ser registrada, em 1880. Esse novo
recorde foi rotulado pelos cientistas como "chocante" os quais alertaram para uma "emergência climática". E
isto, de novo, repetiu-se em março. Aliás, de novembro de 2015 até maio de 2016, todos os meses bateram
recorde de calor.
O quadro abaixo mostra que os desvios de temperatura de janeiro e fevereiro de 2016 foram os maiores
desde o começo da medição.
Em 2013, o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC) divulgou um relatório onde alerta que a
agricultura deverá ser o setor da economia mais afetado pelas mudanças climáticas ao longo do século 21. O
prejuízo do agronegócio com problemas climáticos pode chegar a R$ 7,4 bilhões em 2020 e R$ 14 bilhões em
2070. Até 2030, a produção de soja, por exemplo, pode ter perdas de até 24%.
Além disso, o estudo afirma que as mudanças nos regimes de chuva e a elevação da temperatura média
prejudicará a agricultura principalmente no Nordeste, onde a distribuição de chuvas pode cair até 50%.
O ar: esse elemento invisível com uma estrutura complexa - fundamental para
nossa vida
Na figura abaixo, observe uma fina camada que envolve o planeta como se fosse uma gelatina
transparente.
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Uma das grandes revelações da exploração espacial é a imagem da Terra, finita e solitária
acomodando toda a espécie humana por meio dos oceanos, do tempo e do espaço.
(Carl Sagan)
https://www.youtube.com/watch?v=QjZv2ukqb_g
O ar atmosférico é constituído por uma mistura de diversos gases, como o nitrogênio, oxigênio, gás
carbônico e gases nobres e é distribuído por cinco camadas:
Exosfera
Termosfera
Mesosfera
Estratosfera
Troposfera
Essas camadas protegem o planeta, pois se elas não existissem não suportaríamos o calor emitido
pelos raios solares. Da mesma forma aconteceria o resfriamento da Terra durante a noite, onde perderíamos
todo o calor adquirido pelo sol, sofrendo uma variação muito rápida de temperatura.
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A camada de ar mais próxima da Terra recebe o nome de Troposfera, essa camada se estende até 20
km do solo, no equador, e a aproximadamente 10 km nos polos. É o ar em que vivemos, respiramos e onde
ocorrem fenômenos naturais como chuvas, neves, ventos e relâmpagos. É também na troposfera que se acumula
a poluição do ar. Os aviões de transporte de cargas e passageiros voam nesta camada. As temperaturas nesta
camada podem variar de 40°C até –60°C. Quanto maior a altitude menor a temperatura.
Acima da troposfera está a Estratosfera. Essa camada ocupa uma faixa que vai até 50 km acima do
solo. As temperaturas nesta camada variam de –5°C a –70°C. Os gases que compõem a atmosfera têm efeito
estufa natural e mantém uma temperatura média da superfície da Terra de 15oC possibilitando a existência da
vida no planeta. Sem eles a temperatura seria de -18oC.
Um pouco de história
Em 1824, o matemático francês Jean-Baptiste Joseph Fourier calculou quanta radiação chega do Sol
e quanta é remetida pelo planeta. Levou um susto: se dependesse só desse mecanismo de entrada e saída de
energia, o globo seria uma bola de gelo, com temperaturas médias de -15ºC. O francês descobriu que a
atmosfera retinha o calor de maneira análoga à de uma estufa de plantas. Esse fenômeno foi batizado por “efeito
estufa” – era o que permitia a vida na terra, onde a temperatura média é de cerca de quinze graus positivos.
Em 1859, o irlandês John Tyndall verificou o que tinha na atmosfera que retinha a radiação
infravermelha (calor). O oxigênio e o nitrogênio foram inocentados, o vapor d´água retém muito calor, no
entanto possui uma concentração extremamente variável, mas o dióxido de carbono (CO2) se mostrou
extremamente eficiente em absorver o calor. Quando o CO2 retém muito calor aumenta a evaporação na
superfície e aumenta a quantidade média de vapor d’água que por sua vez retém mais calor, ou seja, amplifica
o poder do CO2.
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Assista ao vídeo Mudanças Climáticas que dará uma visão geral sobre a mudança do
clima:
https://www.youtube.com/watch?v=ssvFqYSlMho –INPE
A teoria do matemático provou que, em uma escala de tempo de centenas de milhares de anos, havia
três alterações na insolação que a Terra sofre em relação ao seu movimento ao redor do Sol – os chamados
invernos. https://www.youtube.com/watch?v=ssvFqYSlMho –INPE
“Ciclos de Milankovitch”:
Pequenas variações na excentricidade da órbita da Terra em torno do Sol - a forma da órbita da Terra
ao redor do sol (excentricidade) varia entre uma elipse e uma forma mais circular.
Variação na inclinação desse eixo relativamente à elíptica - o eixo da Terra é inclinado em relação ao
sol em aproximadamente 23º. Essa inclinação oscila entre 22,5º e 24,5º (quando a inclinação é maior as estações
são mais extremas - os invernos são mais frios e os verões mais quentes e quando a inclinação é menor as
estações são mais suaves).
Movimento de precessão do eixo da terra - conforme a Terra gira em torno de seu eixo, o eixo também
oscila entre um sentido apontando para a estrela do Norte, e outro apontando para a estrela Vega.
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O sistema terra-atmosfera mantém um equilíbrio de energia, pois cerca de 35% da radiação é refletida
de volta para o espaço, enquanto os outros 65% ficam retidos na superfície do planeta, conforme mostra a figura
abaixo:
http://videoseducacionais.cptec.inpe.br/swf/mud_clima/02_o_efeito_estufa/02_o_efeit
o_estufa.shtml - Efeito Estufa - INPEvideoseduc
Agora, vamos aprofundar nossos conhecimentos sobre o sistema climático: o que é tempo, clima e
mudança do clima.
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Qual a diferença entre tempo, clima e mudança do clima?
O tempo são as condições que experimentamos todos os dias. As previsões do tempo que aparecem
nos noticiários de TV, rádio e jornais.
Trata-se do estado físico das condições atmosféricas em um determinado momento e local sobre a
vida e as atividades do homem.
https://www.youtube.com/watch?v=yT8Int-7I7Q
Outro exemplo ilustrativo sobre a situação do tempo é mostrado nas figuras abaixo:
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Com a mudança do clima, a climatologia se tornou uma ciência muito importante. Utilizando
tecnologias modernas, principalmente dos satélites, é capaz de oferecer com alto grau de acerto no aumento
ou diminuição persistentes das temperaturas em nosso planeta em longo prazo. Assim, é possível obter dados
e informações cada vez mais precisas sobre chuvas, secas, temporais, furacões, geadas etc.
Além de estudar o clima em um intervalo de tempo, ela também gera inferências que se aplicam ao
passado, ao presente e ao futuro, como: investigar como eram as temperaturas na América Latina antes da
colonização, qual é a divisão climática atual do Brasil ou, ainda, como será o clima da Terra daqui a 50 ou 100
anos.
Podemos dizer que o clima é normalmente compreendido como uma média do tempo de vários anos
para uma determinada região. Abrange maior número de dados e eventos possíveis das condições de tempo
(temperatura, pressão, ventos, umidade, precipitação, correntes marítimas etc.) que perduram durante um
período muito longo e caracterizam uma determinada região. Podemos afirmar que existe uma imensa
variabilidade natural do clima ao longo dos anos ou décadas.
Já a mudança do clima está direta ou indiretamente atribuída à atividade humana que altere a
composição da atmosfera mundial e que se some àquela provocada pela variabilidade climática natural
observada ao longo de períodos comparáveis. A classificação climática se dá em função da latitude,
temperatura e umidade e nem sempre representa uma descrição completa dos climas local e regional.
O clima é modelado por forçantes climáticas que é a diferença entre a quantidade de energia que entra
e sai da atmosfera.
Os paleoclimatologistas* estabeleceram que existem três tipos de balanços energéticos (forçantes
radioativas ou climáticas) para entender a dinâmica do clima:
*Paleoclimatologia é o estudo das variações climáticas ao longo da história da Terra. Para isso, são estudados vestígios
naturais que podem ajudar a determinar o clima em épocas passadas (Wikipédia).
Mudanças na atividade solar: afetam a quantidade de radiação solar recebida pela Terra, provocando
aumento ou diminuição da temperatura global.
Mudanças na órbita da Terra: as alterações na órbita terrestre controlam a quantidade e distribuição
de energia solar recebida pela Terra. Estas alterações são cíclicas e chamadas de Ciclos de Milankovitch.
Movimentação nas placas tectônicas: ao moverem-se, as placas são capazes de originar oceanos e
montanhas, que podem alterar o trajeto de correntes oceânicas, assim como perturbar o fluxo atmosférico
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oriundo de atividades vulcânicas, injetando na atmosfera gases do efeito estufa, por exemplo (JACOBI et al.,
2015).
Agora, vamos saber também como funciona o Ciclo do Carbono e sua importância para manutenção
da vida no Planeta.
Ciclo do carbono
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Assista a animação do Ciclo do Carbono produzido pela Fundação Nacional do Índio
(FUNAI):
https://www.youtube.com/watch?v=KdEcH1W9KzY
Existem vários ciclos biogeoquímicos que são governados direta ou indiretamente pela energia solar
e pela força gravitacional e representam o movimento dos nutrientes entre os reservatórios orgânicos e
inorgânicos, ou seja, como um elemento ou elementos químicos transitam por meio da atmosfera, hidrosfera,
litosfera e biosfera da Terra.
Apesar da importância dos ciclos biogeoquímicos, vamos comentar agora somente o Ciclo do
Carbono que está mais diretamente relacionado ao aquecimento da Terra.
O Carbono (C) é um elemento químico de grande importância para os seres vivos, pois participa da
composição química de todos os componentes orgânicos e de uma grande parcela dos inorgânicos também. O
gás carbônico se encontra na atmosfera em uma concentração bem baixa, de aproximadamente 0,03%, em
proporções semelhantes, dissolvido na parte superficial dos mares, oceanos, rios e lagos.
A disponibilidade do carbono se deve ao fato que gases contendo carbono – Metano (CH4) e Dióxido
de Carbono (CO2) - escaparam do interior da terra durante idades geológicas.
Por exemplo: o carvão mineral, petróleo e gás natural são energia solar fixada pelas plantas há milhares
de ano e que tem sido explorada pelos homens em forma de combustível fóssil (TONELLO, 2007).
Pois sendo o carbono o elemento que ancora todas as substâncias orgânicas, de combustíveis
fósseis ao DNA, vamos entender como ele funciona nos processos de respiração e fotossíntese, nos
oceanos e nas rochas.
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Assista ao vídeo sobre Ciclo do Carbono, Ciclo do Nitrogênio e Efeito Estufa:
http://videoseducacionais.cptec.inpe.br/
O Ciclo do Carbono (C) se constitui pela absorção do gás carbônico pelos vegetais no processo de
fotossíntese. Metade desse carbono absorvido é liberada para a atmosfera e a outra metade os vegetais utilizam
para produzir açúcares (glicoses). Os vegetais, pelo processo de respiração, também absorvem gás carbônico e
liberam oxigênio, ao contrário dos animais. Ao ingerir as plantas, os animais ingerem juntamente o carbono
para seu organismo, sendo liberado por meio da respiração ou de sua decomposição. Como alguns fungos e
bactérias são responsáveis pela decomposição tanto de animais como a de vegetais, eles ingerem parte desse
carbono, liberando-o para a atmosfera e para o solo.
Além das bactérias, o processo de queimadas também libera o gás carbônico no solo e na
atmosfera. O carbono depositado no solo pode sofrer alterações transformando-se em combustíveis fósseis
como o petróleo e o gás natural, além de formar diamantes, grafites e minas de carvão, entre outros. Assim, o
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carbono se transforma em diferentes matérias pela pressão, temperatura e outros elementos químicos aplicados
em tempos diferentes.
O ciclo do carbono também se estende aos oceanos, onde ocorre a difusão. Quando a temperatura é
baixa, o gás carbônico é capturado pelos oceanos, e quando a temperatura é alta, é liberado pelos oceanos para
a atmosfera. No mar, o carbono serve de alimento para os fitoplânctons, podendo ser ingerido por peixes por
meio da alimentação, ou indo para o fundo dos oceanos para sofrerem o processo de decomposição.
Que pelo menos há 800 mil anos antes da era pré-industrial a concentração de CO2
(dióxido de carbono) jamais ultrapassou 300 ppm (partes por milhão) e, em 2013, a
concentração de CO2 chegou a 400 ppm pela primeira vez.
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O carbono emitido para a atmosfera não é destruído, mas sim redistribuído entre diversos reservatórios
de carbono. O maior reservatório de carbono encontra-se nos sedimentos e nas rochas da crosta terrestre,
contudo, o tempo necessário à sua conversão é tão longo que é relativamente insignificante em uma escala
humana.
A escala de tempo de troca de reservas de carbono pode variar de menos de um ano a décadas ou até
mesmo milênios. Esse fato indica que o tempo necessário para que a perturbação atmosférica causada pela
concentração do CO2 volte ao equilíbrio não pode ser definido ou descrito por meio de uma simples escala de
tempo constante. Para se obter alguns parâmetros científicos, a estimativa de vida para o CO2 atmosférico é
definida em aproximadamente cem anos.
Chegamos ao final desta aula e com ela, aprendemos as noções básicas sobre a Mudança do Clima,
suas causas e seus efeitos na natureza e nas pessoas.
Na Aula 02, O que os cientistas dizem?, vamos trazer mais informações sobre o Painel
Intergovernamental de Mudança do Clima (IPCC). Até lá!
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Aula 02 - O que os cientistas dizem?
“A ciência nunca resolve um problema sem criar pelo menos outros dez”.
Contextualizando...
Em 1985, cientistas britânicos, trabalhando na Antártida, descobriram que uma categoria de gases-
traços – os CFCs –havia causado um efeito gigante na atmosfera: a camada de ozônio sobre o continente, que
protege contra os raios ultravioletas, havia desaparecido!
Nesse mesmo ano, a ONU e o Conselho Mundial de Ciências decidiram estabelecer um comitê para
investigar a questão climática e o papel da humanidade. Em 1988 foi instalado o Painel Intergovernamental
sobre Mudanças Climáticas, o famoso IPCC.
O IPCC é um painel que tem um funcionamento independente da Convenção do Clima da ONU, mas
um dos seus objetivos é atender solicitações específicas da Convenção ou de seus órgãos subsidiários (Órgão
Subsidiário de Assessoramento Científico e Tecnológico – SBSTA, e Órgão Subsidiário de Implementação – SBI).
Antes de prosseguir, você deve estar se perguntando: qual a relação da camada de ozônio com o
aquecimento global?
O ozônio (O3) é um dos gases que compõe a atmosfera e cerca de 90% de suas moléculas se
concentram entre 20 e 35 km de altitude, região denominada Camada de Ozônio (na estratosfera, lembra?).
A camada de ozônio (O3 ) forma uma espécie de capa responsável por filtrar cerca de 90% dos raios
ultravioletas (UV) que atingem a Terra, emitidos pelo Sol. Sua importância está no fato de ser o único gás que
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filtra a radiação ultravioleta do tipo B (UV-B), nociva aos seres vivos, o que garante a existência da vida, pois se
esse gás não existisse, as plantas teriam sua capacidade de fotossíntese reduzida e os casos de câncer de pele,
catarata e alergias aumentariam. Assim sendo, evitar que quantidades perigosas de radiação cheguem a Terra.
A camada de ozônio começou a sofrer com os efeitos da poluição crescente provocada pela
industrialização mundial. Seus principais inimigos são produtos químicos como Halon, Tetracloreto de Carbono
(CTC), Hidroclorofluorcabono (HCFC), Clorofluorcarbono (CFC) e Brometo de Metila, substâncias controladas
pelo Protocolo de Montreal* e que são denominadas Substâncias Destruidoras da Camada de Ozônio (SDOs).
Essas substâncias reagem com as moléculas de ozônio estratosférico e contribuem para o seu esgotamento.
*O Protocolo de Montreal foi um tratado feito internacionalmente, com o objetivo de fazer os países se comprometerem a
acabar e substituir o uso do CFCs e de outras substâncias que contribuem para a destruição da camada de ozônio.
O tratado ficou aberto para adesão a partir do dia 16 de setembro de 1987, e entrou em vigor no dia 1º de janeiro de 1989.
Mais de 150 países aderiram ao protocolo e estipulou-se 10 anos para que diminuíssem de forma significante ou acabassem com o uso
das substâncias (Fonte: Site Camada de Ozônio).
Ao nível do solo, na troposfera, o ozônio perde a sua função de protetor e se transforma em um gás
poluente, responsável pelo aumento da temperatura da superfície, fazendo parte da “quadrilha” dos Gases
Efeito Estufa (GEE):
Monóxido de Carbono (CO)
Dióxido de Carbono (CO2)
Metano (CH4)
Óxido Nitroso (N2O)
O aquecimento global é uma intensificação do efeito estufa, causada pelo acúmulo desses gases na
atmosfera, devido ao aumento das emissões causado pela ação humana ao longo dos séculos (principalmente
após a Revolução Industrial).
O buraco na camada de ozônio é um problema completamente diferente, causado por outros gases. A
camada de ozônio que absorve os raios ultravioletas do Sol é destruída pela emissão de gases CFC que eram
usados em geladeiras e condicionadores de ar até o advento do Protocolo de Montreal, que proibiu seu uso.
Apesar de serem um problema diferente, os CFCs que provocam o aumento do buraco de ozônio, também
contribuem para mudanças no clima, porque também são gases-estufa. Fonte: MMA.
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A radiação ultravioleta, ou simplesmente UV, é a mais energética entre aquelas emitidas pelo sol
e por isso apresenta mais perigos para diversas formas de vida da superfície terrestre. Mas,
felizmente, contamos com uma importante proteção contra os malefícios provocados pela
incidência desses raios, que é a camada de ozônio (O3). A UV é dividida em três partes, de
acordo com a região do espectro de ondas em que se encontra:
Radiação UV-A: não é absorvida pela atmosfera sendo importante a sua medição;
Radiação UV-C: é totalmente absorvida pela atmosfera terrestre e por isso não participa das medidas
feitas na superfície da Terra;
Radiação UV-B: é absorvida na estratosfera pelo ozônio, mas uma pequena quantidade que atinge a
Terra já preocupa, pois o excesso de exposição a essa radiação causa câncer de pele.
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e agora ultrapassam em muito os valores pré-industriais determinados com base em testemunhos de gelo de
milhares de anos.
Os aumentos globais da concentração de dióxido de carbono se devem principalmente ao uso de
combustíveis fósseis e à mudança no uso da terra.
Já os aumentos da concentração de metano e óxido nitroso são devidos principalmente à agricultura.
Cenários
A projeção de cenários de impactos para subsidiar a formulação de políticas públicas abarcou as áreas
essenciais como alimentos e produtos florestais; sistemas costeiros; indústria, assentamento humano e
sociedade no mundo que, apesar de serem distintos, são igualmente preocupantes. Vamos dar uma olhada para
algumas previsões para América Latina:
Até meados deste século estão previstos aumentos de temperatura e a correspondente redução da
umidade do solo. Faz parte desse quadro a possibilidade de substituição gradual da floresta tropical por savana
no leste da Amazônia;
A substituição da vegetação semiárida por vegetação de terras áridas;
Risco de perda de biodiversidade causada pela extinção de espécies em áreas tropicais;
Nas terras mais secas, graves riscos de salinização e desertificação em áreas hoje agricultáveis;
Risco de inundações pela elevação do nível do mar;
Menor disponibilidade de água para consumo humano, agricultura e geração de energia.
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Projeções
Para as próximas duas décadas, projeta-se um aquecimento de cerca de 0,2ºC por década para uma
faixa de cenários de emissões do RECE. Mesmo que as concentrações de todos os Gases de Efeito Estufa (GEE)
e aerossóis se mantivessem constantes nos níveis do ano 2000, seria esperado um aquecimento adicional de
cerca de 0,1ºC por década.
O aquecimento antrópico e a elevação do nível do mar continuariam durante séculos em razão das
escalas de tempo associadas aos processos climáticos e realimentações, mesmo que as concentrações de Gases
de Efeito Estufa (GEE) se estabilizassem.
Já conhecemos um pouco o IPCC e o 4º Relatório de Avaliação sobre a mudança do clima. Em relação
ao 4º Relatório, a evidência do aquecimento global passou de “muito provável” (90% de certeza) para
“extremamente provável” no 5º Relatório (significa 95%, de certeza). Como em ciências não existe 100% de
certeza, esta constatação chega muito próximo a uma verdade.
Assista ao vídeo 5º Relatório de Avaliação do IPCC que relata como a Mudança climática
afeta várias partes do Brasil, com Suzana Kahn do Canal Futura:
https://www.youtube.com/watch?v=MSFaz6frNTA
Cenários do 5º RA do IPCC
E o que muda em relação ao 4º RA publicado em 2007? Basicamente, temos uma constatação mais
segura de três conclusões:
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A O aquecimento é certo, tem ocorrido e continuará a acontecer enquanto a participação humana
nesse cenário só tem sido mais relevante;
O aquecimento é irreversível em uma escala que deverá atingir séculos ou mesmo milênios;
A ação imediata, mais que urgente, é essencial e em escala global.
O 5º Relatório de Avaliação do IPCC demonstra que as emissões de GEE são a principal causa do
aquecimento global sem precedentes e que as alterações do clima, provocadas por esse aquecimento (ex.
aumento do nível do mar, acidez dos oceanos e redução da extensão e espessura do gelo nos polos), já estão
causando impactos significativos para a vida das pessoas e do ambiente natural, tais como perda de
produtividade agrícola, aceleração da extinção e deslocamento de espécies, ampliação de danos à infraestrutura
e economia por extremos de chuva e seca.
Caro(a) cursista, os cenários utilizados no relatório de 2007 foram substituídos por quatro cenários mais
simplificados, chamados de Representative Concentration Pathways”- (RCPs) em português Cenários
Representativos das Concentrações, a saber: RCP 2.6, RCP 4.5, RCP 6.0 e RCP 8.5.
Eles se referem à quantidade de energia absorvida pelos gases de efeito estufa (GEE). O RCP 8.5 é
considerado o pior cenário, imaginando como será caso a sociedade não tome nenhuma medida para lidar
com o clima. Gradualmente, o RCP 2.6 é o cenário de menor dano, onde o comprometimento da humanidade
para evitar o aquecimento seria máximo. Na previsão mais otimista, a elevação da temperatura sofrerá variação
entre 0,3°C e 1,7ºC, no período 2081-2100. Na previsão mais pessimista, o planeta ficará entre 2,6ºC e 4,8°C
mais quente, como mostra a figura abaixo. É “muito provável” (90% de certeza) que mais de 20% do CO2 emitido
permanecerá na atmosfera por mais de mil anos após as emissões cessarem.
Em muitas regiões, tem-se uma “confiança média” que a mudança de precipitação ou derretimento de
neve e gelo está alterando os sistemas hidrológicos, afetando os recursos hídricos em termos de quantidade e
qualidade. No entanto tem-se uma “confiança alta” que as geleiras continuarão a encolher em quase todo o
mundo, afetando o escoamento de volumes de água a jusante. A mudança climática está causando o
aquecimento e descongelamento do permafrost* em regiões localizadas nas altas latitudes e em regiões de
alta latitude.
*Permafrost: é um solo que fica permanentemente congelado. Encontrado a centenas de metros de profundidade é o tipo
de solo na região do Ártico. A origem da palavra permafrost vem de perma, de permanent (em inglês permanente), e frost (em inglês
congelado) (WIKIPÉDIA).
24
A elevação do nível do mar está entre 26 cm no melhor cenário, e 82 cm na pior estimativa,
durante o século 21 (a projeção de 2007 era de aumento do nível do mar entre 0,11m e
0,77m). Essa elevação afetará significativamente os ecossistemas terrestres, as atividades
humanas e a ocupação da zona costeira brasileira. Um alerta: devido à inércia do sistema
climático, mesmo depois da estabilização das emissões de gases de efeito estufa, o nível do
mar continuaria subindo durante vários milênios (FBMC, 2014).
Como parte do CO2 emitido pela atividade humana continuará a ser absorvida pelos oceanos é
“virtualmente certo” (99% de probabilidade) que a acidificação dos mares vai aumentar. No melhor dos cenários
– o RCP 2,6 –, a queda no pH será entre 0,06 e 0,07. Na pior das hipóteses – o RCP 8,5 –, entre 0,30 e 0,32.
Sabemos que a água do mar é alcalina, com pH em torno de 8,12. Mas quando absorve CO2 ocorre a formação
de compostos ácidos. Esses ácidos dissolvem a carcaça de parte dos microrganismos marinhos, que é feita
geralmente de carbonato de cálcio. A maioria da biota marinha sofrerá alterações profundas, o que afeta
também toda a cadeia alimentar.
O Brasil tem um papel muito ativo no IPCC, também realizou seu próprio estudo interno,
focando nas questões brasileiras associadas às mudanças climáticas por meio do Painel
Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC). O PBMC foi estabelecido, nos moldes do IPCC
cuja finalidade é reunir, sintetizar e avaliar informações científicas sobre os aspectos
relevantes das mudanças climáticas no Brasil.
Já vimos no 5º Relatório de Avaliação do IPCC os cenários que o aquecimento global podem trazer ao
planeta. Agora falaremos de outro material de referência do IPCC publicado em 2012 – “Gerenciamento de
Riscos de Eventos Extremos e Desastres para o Avanço da Adaptação Climática (SREX)”.
O relatório chama a atenção para a ocorrência de eventos climáticos extremos, tais como ondas de
calor e recordes de altas temperaturas que desencadeia desastres de ordem social, ambiental e econômica. As
25
ações de mitigação e adaptação à mudança do clima representam, nesse contexto, possíveis soluções para
estabilização do clima.
“Os excessos e os extremos são contra a Natureza que sempre volta a cobrar o equilíbrio
[...] Em qualquer campo
26
Entre os anos 2013 e 2015, o Brasil lançou o Plano Nacional de Adaptação ao Clima do Governo
Federal (PNA), cujo objetivo é orientar iniciativas para a gestão e diminuição do risco climático no longo prazo.
O Plano foi elaborado no âmbito do Grupo Executivo do Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima (GEx-
6 CIM), conforme determinação da Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC) - Lei nº 12.187/09 - e em
consonância com o Plano Nacional sobre Mudança do Clima.
Já falamos um pouco sobre eventos climáticos extremos - fenômeno relatado no relatório sobre
“Gerenciamento de Riscos de Eventos Extremos e Desastres para o Avanço da Adaptação Climática” do IPCC
publicado em 2012. Vamos nos aprofundar então um pouco mais nesse assunto, que nos acompanhará durante
o curso.
Quando a última árvore cair, derrubada; Quando o último rio for envenenado; Quando o
último peixe for pescado. Só então nos daremos conta de que dinheiro é coisa que não se
come.
(Índios Amazônicos)
Assista ao vídeo Árvores se tornam uma solução para mitigar o efeito estufa:
http://g1.globo.com/jornal-da-globo/videos/t/sustentavel/v/plantacao-de-arvores-se-
torna-solucao-para-mitigar-efeito-estufa/2551956/
27
Em 2013, o Observatório do Clima (OC) divulgou uma análise ampliada sobre as emissões
brasileiras de gases do efeito estufa entre 1970 e 2013. A mudança do uso da terra vem
em primeiro lugar, responsável por 35% de emissão de gases estufa, que inclui
desmatamento na Amazônia. A agropecuária aparece como a terceira maior responsável
pelas emissões do Brasil, com 27% do conjunto. Desde 1970, a taxa já cresceu 160%. Os
processos industriais são o penúltimo colocado (6% das emissões totais de 2013) sendo
que os segmentos que mais contribuíram para essa situação foram a siderurgia e a
produção de cimento - corresponde à metade das emissões. O setor de resíduos
responde pela menor parcela de emissões no Brasil com 3% do total em 2013, mas com
crescimento de 300% desde 1970 devido a proliferação dos lixões (OBSERVATÓRIO DO
CLIMA).
A agropecuária aparece como a terceira maior responsável pelas emissões do Brasil, com 27% do
conjunto. Desde 1970, a taxa já cresceu 160%. Os processos industriais são o penúltimo colocado (6% das
emissões totais de 2013) sendo que os segmentos que mais contribuíram para essa situação foram a siderurgia
e a produção de cimento - corresponde à metade das emissões. O setor de resíduos responde pela menor
parcela de emissões no Brasil com 3% do total em 2013, mas com crescimento de 300% desde 1970 devido a
proliferação dos lixões (OBSERVATÓRIO DO CLIMA).
Em uma escala micro – que envolve atitudes individuais e/ou de grupos e instituições – a substituição
de lâmpadas incandescente por lâmpadas led, compras de aparelhos elétricos com selos de eficiência energética
(selos Procel, por ex.) são ações simples que se realizadas a partir das diretrizes de uma política pública, já
contribuem para mitigar as emissões de GEE.
28
Qual a correlação entre mitigação e adaptação?
A adaptação é uma prevenção direta dos danos. São medidas que se tornam imediatamente efetivas
e geram benefícios em curto prazo por reduzir as vulnerabilidades à variabilidade climática. Geralmente, as
políticas ambientais já possuem estratégias de adaptação à mudança do clima, pois evitar o aumento de
emissões de GEE está dentro da perspectiva ambiental, social e econômica.
As ações de mitigação e adaptação são complementares. Por exemplo: se você coloca vegetação em
uma encosta de morro, está realizando as duas ações concomitantemente: uma relativa à mitigação, pois a
cobertura vegetal é um sumidouro de CO2; e outra referente a processo de adaptação, pois a cobertura vegetal
vai proteger o solo de escorregamento provocado pelas chuvas, protegendo as comunidades do entorno e
evitando assoreamento dos rios.
Um estudo internacional sobre a elevação do nível do mar causada pelas mudanças do clima na
cidade de Santos, litoral sul do Estado de São Paulo, resultou em um conjunto de propostas de adaptação,
apresentado em dezembro de 2015 na Associação Comercial de Santos, realizados por pesquisadores,
representantes da sociedade civil, da Marinha e do Exército e entidades internacionais de pesquisa.
29
Já aprofundamos um pouco o conceito de mitigação e adaptação com alguns exemplos. Agora vamos
explorar mais conceitos tais como: vulnerabilidade, exposição, resiliência e outros que estão diretamente ligados
às ações de adaptação.
Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às
mudanças.
(Leon C. Megginson)
https://www.youtube.com/watch?v=VW5R_rpDjm0
A ação de adaptação à mudança do clima é um conceito novo nas políticas públicas. Esse conceito
originou outros no vocabulário climático que vamos ver neste tópico: redução da vulnerabilidade, aumento
da resiliência e capacidade adaptativa.
30
Por exemplo, quando uma comunidade se instala nas margens dos rios – Área de Preservação
Permanente (APP), área imprópria à ocupação humana, segundo o Código Florestal – onde deveria ter mata
ciliar para proteger a dinâmica natural das bordas do seu leito, ela se torna vulnerável aos eventos climáticos
extremos, ou seja, a comunidade fica exposta aos perigos de desabamento das casas e de inundações.
As prefeituras devem realizar obras de contenção nos lugares dos quais é impossível remover as famílias
e proibir novas ocupações nas margens e, por meio de recursos disponíveis, obter estratégias para adaptação à
ocorrência de eventos extremos. Chamamos estas intervenções de capacidade adaptativa.
Concluindo:
A comunidade está exposta a um risco climático porque as áreas localizadas às margens dos rios são
sensíveis a alagamentos nos períodos das chuvas o que provoca um impacto potencial para esta população.
Sabe-se que muitos países pobres têm pouca, ou nenhuma, capacidade adaptativa (países Africanos e
Estados Ilhas), em termos de recursos naturais, humanos e tecnológicos. Esses são naturalmente mais vulneráveis
e sofrem maiores impactos. Muitos Estados Ilhas poderão desaparecer com a elevação do nível do mar – eles
são mais vulneráveis que os continentes aos efeitos da mudança do clima.
31
*O Risco Climático é um impacto negativo que um evento climático pode causar a um bem, sociedade ou ecossistema. A
vulnerabilidade e exposição de um local onde pode ocorrer eventos climáticos são fatores determinantes do risco climático.
Outro conceito que você já deve ter ouvido falar é de resiliência - entendido como a capacidade natural
de um sistema voltar à sua forma original, após ter sido submetido a evento climático extremo.
Uma cidade resiliente é aquela que tem a capacidade de resistir, absorver e se recuperar de forma
eficiente dos efeitos de um desastre e de maneira organizada prevenir que vidas e bens sejam perdidos.
Estamos percebendo que para promover o desenvolvimento sustentável nos diversos espaços
geopolíticos é necessário que as sociedades se tornem mais resilientes às crises que são provocadas pelas
mudanças do clima. As políticas públicas para adaptação a mudança do clima não devem ser uma preocupação
pontual, devem ser integradas a todas as políticas públicas locais, nacionais e globais envolvendo os governos,
setores privados e a sociedade.
Chegamos ao final da Aula 02, e aqui percebemos a grande importância do IPCC sobre mudança do
clima e as confirmações do aquecimento global emitida pelos Relatórios de Avaliação de 2007 e 2014.
Na próxima aula, a última do Módulo 01, veremos como o clima dialoga com a água, a terra, as florestas
e o céu.
Até lá.
32
Aula 03 - A água, o mar, o ar e a terra conduzem o clima
As nuvens e o mar
“A árvore não prova a doçura dos próprios frutos; o rio não bebe suas próprias ondas; as
nuvens não despejam água sobre si mesmas. A força dos bons deve ser usada para
benefício de todos.”
(Provérbio hindu)
Assista ao vídeo: O Ciclo da Água feito pela Agência Nacional de Águas (ANA).É bem
didático! Pense como se fosse uma introdução ao tema.
https://www.youtube.com/watch?v=vW5-xrV3Bq4
33
Temos duas trocas importantes entre os oceanos e a atmosfera que é caracterizada pelo ciclo da água.
Veja a figura:
https://www.youtube.com/watch?v=PPE0ZJxZGEY
34
Da onde vem o vapor d’água?
Cerca de 70% da quantidade de água das chuvas sobre a superfície terrestre retorna à atmosfera pelos
efeitos da perda de água do solo por evaporação e perda de água da planta por transpiração. A
evapotranspiração nada mais é que a soma destes dois fenômenos, fundamentais ao ciclo da água em todo o
planeta: é o processo simultâneo de transferência de água para a atmosfera por evaporação da água do solo e
da vegetação úmida e por transpiração das plantas.
35
Nossos oceanos estão em perigo e a acidificação é uma das ameaças mais destrutivas.
Assista o vídeo do Greenpeace:
https://www.youtube.com/watch?v=QlQnfT0PRZ8
O nível do mar pode subir bem mais que o previsto pelos especialistas até o final deste
século, aponta estudo divulgado pela revista britânica Nature.
Segundo relatório, esse aumento pode ser 50 cm maior do que o esperado pelo IPCC
para 2100, o que provocará consequências desastrosas para ilhas e cidades costeiras no
mundo todo. Algumas das principais vulnerabilidades do Brasil estão relacionadas à
ocupação das zonas costeiras devido a possível elevação do nível do mar. Uma das
medidas de adaptação é uma política eficaz de ordenamento territorial para seleção de
locais de expansão urbana e localização de indústrias.
36
Já falamos da contribuição das águas no sistema climático. Formação de vapor d’água, das chuvas no
pequeno ciclo hidrológico. No grande ciclo hidrológico, vimos a participação dos oceanos na regulação do clima
na Terra.
Diferentemente do que ocorre nos países desenvolvidos, no Brasil, o uso da terra e florestas que
corresponde ao setor de agropecuária, desmatamento e queimadas são os maiores responsáveis pela emissão
de GEE.
Se temos de esperar, que seja para colher a semente boa que lançamos hoje no
solo da vida.
Se for para semear, então que seja para produzir milhões de sorrisos, de solidariedade e
amizade.
(Cora Coralina)
37
Entrar em contato com bibliografias e informações.
Que um gado pode produzir até 500 litros de metano em apenas um dia, e o Brasil possui
em torno de 200 milhões de cabeças de gado? É fácil estimar os danos ambientais!
Assista a um vídeo que mostra uma queimada em área de floresta e o que ela
deposita na atmosfera!
https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=DsmEwqfrRR0
Distribuição dos setores responsáveis pela emissão de GEE no Brasil analisados pelo inventário de 2012:
Energia
Emissões devido à queima de combustíveis e emissões fugitivas da indústria de petróleo, gás e carvão
mineral. As emissões de CO2 devido ao processo de redução nas usinas siderúrgicas foram consideradas no
setor de Processos Industriais.
Agropecuária
As emissões são devido à fermentação entérica dos animais, do manejo de seus dejetos, cultivo de
arroz, queima de resíduos agrícolas e emissões provenientes de solos agrícolas. De todas elas, destacam-se as
emissões de CH4 da fermentação entérica do gado bovino e as emissões de N2O dos solos agrícolas.
Tratamento de resíduos
Emissões pela disposição de resíduos sólidos (CH4) e tratamento de esgotos (CH4 e N2O) – esgoto
doméstico e comercial, efluentes da indústria de alimentos e bebidas e os da indústria de papel e celulose. Além
das emissões de CO2 pela incineração de resíduos.
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Processos Industriais
Emissões resultantes dos processos produtivos nas indústrias e que não são resultado da queima de
combustíveis. Subsetores: produtos minerais, química, metalurgia, papel e celulose, alimentos e bebidas, e
produção e utilização de HFC e SF6.
Na figura abaixo, vemos a variação das emissões para cada setor econômico de 2005 a 2012. Percebe-
se uma diminuição significativa das emissões do setor de usos da terra e floresta nesse período, mas por outro
lado, houve um aumento de 17% das emissões de CO2 pela agropecuária e de 39% pelo setor energético. As
emissões da agropecuária e usos da terra e florestas ainda representam metade do total das emissões nacionais
(52%).
39
O terceiro inventário de emissões de GEE foi finalizado ainda em 2014 e passou por consulta pública
em janeiro de 2015. O governo anunciou em setembro de 2015, a proposta de compromissos e ratificação para
o Acordo de Paris onde o desmatamento para agricultura e pecuária deve ser um dos principais setores em
que o Brasil deve reduzir emissões.
A versão final do terceiro inventário mostra que as emissões em 2005 foram bem maiores do que
sugerida no segundo inventário: saltaram de 2,2 bilhões para 2,7 bilhões de toneladas de gás carbônico
equivalente (CO2e). Isso colocaria o Brasil na terceira posição entre os maiores emissores globais em 2005,
atrás apenas da China e dos EUA.
No entanto, os dados do terceiro inventário são fundamentais para atualizar e balizar os esforços de
monitoramento de emissões no Brasil. Sem eles praticamente todas as políticas públicas para redução de
emissões perdem eficácia.
Em 2013, a rede de organizações da sociedade civil Observatório do Clima, juntamente com parceiros,
desenvolveram o Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG) e produziu estimativas
de emissões desses gases para o Brasil para o período de 1990 até 2012, tendo como base metodologia adotada
em inventários nacionais de emissões, definida pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
(IPCC) e os fatores de emissão aplicados no Segundo Inventário Brasileiro de Emissões e Remoções Antrópicas
de Gases de Efeito Estufa (GEE).
Com o SEEG, foi possível alocar as emissões de gases de efeito estufa nos Estados conforme mostra a
figura abaixo.
https://www.youtube.com/watch?v=5yjArWaXnB4
40
Por meio dos relatórios de emissão dos GEE realizados pelo Governo Federal e pelo Observatório do
Clima, podemos observar que os setores da economia brasileira que mais emitem GEE são aqueles relacionados
ao uso da terra e remoção de florestas.
Agora, vamos ver o papel das florestas para minimizar os efeitos do aquecimento global. As florestas
contribuem com: 1) os serviços ambientais que elas prestam, 2) a formação de rios aéreos (principalmente a
Floresta amazônica); 3) valoração econômica do sequestro de carbono.
(C.S. Lewis)
O Brasil tem a maior floresta contínua do mundo. As florestas brasileiras desempenham, por meio da
oferta de uma variedade de bens e serviços, importantes funções sociais, econômicas e ambientais. Segundo o
Serviço Florestal, cerca de 60% do território nacional é coberto por vegetação nativa, distribuídas por biomas
com características particulares. Além disso, com avanço tecnológico no campo, está sendo possível preservar
milhões de hectares de florestas nativas que funcionam como sumidouros de CO2.
A Floresta Amazônica representa um terço das florestas tropicais do mundo, além de conter mais da
metade da biodiversidade do planeta. Ela funciona como grandes armazéns de carbono, o qual se encontra
estocado nos tecidos vegetais. Quando é derrubada e queimada, esse carbono é liberado para a atmosfera, o
que contribui para o aumento da temperatura da Terra devido ao efeito estufa (0,7ºC no último século).
É importante ressaltar que bens e serviços não são exclusivos de florestas nativas, muitos deles sendo
também fornecidos pelas florestas plantadas. Atualmente, devido às taxas de desmatamento e às preocupações
com mudanças do clima, existe uma forte tendência de valorar e remunerar economicamente esses bens e
serviços, uma tarefa nada simples por seu valor subjetivo (ex.: valor cultural) e pelas limitações metodológicas e
práticas para mensurá-los.
42
Redução das emissões derivadas de desmatamento e degradação das florestas;
Aumento das reservas florestais de carbono;
Gestão sustentável das florestas;
Conservação florestal.
De ponta cabeça?
Sim, as florestas formam rios voadores! Mais um serviço ambiental prestado pelas florestas.
Assista ao vídeo Projeto Rio Voadores. É uma animação silenciosa que demonstra a
formação do fenômeno dos rios voadores e os caminhos que seguem pelos céus do
Brasil, trazendo umidade para outras regiões.
O processo para formar um rio voador começa na água que evapora do oceano Atlântico e gera nuvens
que vão para a floresta Amazônica. Quando chove na floresta, só uma pequena parte da água vai para os rios.
O resto é absorvido pelo solo ou pelas árvores. Parte da água que não foi para os rios evapora (do solo ou pela
transpiração das plantas) e forma novas nuvens cheias de vapor.
Assista ao vídeo Projeto Rio Voadores. É uma animação silenciosa que demonstra a
formação do fenômeno dos rios voadores e os caminhos que seguem pelos céus do
Brasil, trazendo umidade para outras regiões.
Assista ao vídeo Os rios voadores que são correntes aéreas que transportam vapor de
água da Amazônia até o Sul do Brasil. São estudados em projeto pioneiro que une
aventura, ciência e educação.
https://www.youtube.com/watch?v=lIuWdRJjRwY
43
Quanto vale uma árvore? Cada árvore pode produzir diariamente em média,
dependendo do tamanho, entre 300 a 500 litros de água. Uma árvore grande pode
bombear do solo e transpirar mais de 1.000 litros de água num único dia. As raízes
chegam até 20 ou 30 metros de profundidade sugando a água da terra. Os troncos
funcionam como tubos. Quando transpiram, as árvores então liberam esse líquido
convertido em vapor, fechando o ciclo que novamente alimentará a corrente no céu - a
evaporação das florestas é transformada em chuvas.
Um carvalho de grande porte pode transpirar 150 mil litros de água para a atmosfera a
cada ano!
Já percorremos as florestas e vimos os serviços ambientais que elas fornecem para mitigar os efeitos
do aquecimento global.
Agora, vamos falar das cidades! Temos muito assunto para falar sobre as cidades como a mobilidade,
consumo, geração e descarte de resíduos, poluição, oferta e consumo de água e energia, ocupação e
impermeabilização do solo, desastres causados por eventos extremos e muito mais. Mas agora, vamos falar de
apenas um dos elementos responsáveis por grande quantidade de emissões de GEE: mobilidade urbana.
“Cidadão, num país em que não há nem sombra de cidadania, significa apenas
“cidade grande”.
(Millôr Fernandes)
A cidade não só concentra pessoas, mas também a influência econômica, o poder político e a inovação
tecnológica, além de abrigar a degradação social e a poluição. Trata-se de um cenário complexo e conflituoso,
44
onde o comprometimento da qualidade de vida e do futuro sadio, não só nas cidades, mas também no planeta,
apresenta-se, de forma igualmente crescente, como desafio para o Poder Público e para a sociedade civil.
O crescimento das áreas urbanas é um vetor das emissões de GEE, o qual está associado com aumento
de demanda de energia. As áreas urbanas respondem por 67 a 76% do uso de energia e por 71 a 76% das
emissões de CO2 relacionadas com o consumo de energia (UNEP, 2014).
Vamos pensar em uma megacidade, onde sua população ultrapassou, em 2010, os dez milhões de
habitantes, embora já existam mais de 20 megacidades no mundo nas quais a população supera os 20 milhões
de habitantes, tais como:
Mumbai/Índia
Tóquio/Japão
Seul/Coreia do Sul
Nova Iorque/Estados Unidos
Cidade do México/México
São Paulo/Brasil
Karachi/Paquistão
Shanghai/China
A história da urbanização brasileira demonstra uma nítida preferência pelo transporte rodoviário,
mesmo com as grandes distâncias a serem percorridas. As rodovias são a principal opção para o transporte de
mercadorias, representando por volta de 75% do tráfego mundial.
O custo do transporte representa somente 1% a 2% do custo de fabricação dos produtos, pois não são
computados os custos relativos à degradação ambiental (emissão de CO2 e poluição). Não é de se surpreender
que, em todo o Brasil, a frota teve um incremento de 76% entre os anos de 2001 e 2009, resultando em mais 24
milhões de caminhões, carros e motocicletas nas vias.
O transporte rodoviário no Brasil se posta como o segundo maior contribuinte nas emissões dos Gases
de Efeito Estufa (GEE), em torno de 7% a 9% do total (BRASIL, 2010) e, nos grandes centros urbanos a perda de
qualidade do ar e, consequentemente, de qualidade de vida gerando o desconforto e riscos à saúde das
populações.
A relevância do setor para a temática ambiental se revela ainda no fato de que o transporte,
especialmente o urbano, é um serviço em constante expansão, pois se trata de uma necessidade humana básica,
intrínseca ao processo de desenvolvimento.
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A demanda por transporte de passageiros e carga cresce de 1,5 a 2 vezes mais rápido que o Produto
Interno Bruto (PIB) em países em desenvolvimento, sendo que o maior crescimento se dá no modal rodoviário
(MOTA, 2011).
De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), mais da metade da população
mundial vive nas cidades e, até 2050, quase 90% dessa, cuja estimativa é de seis bilhões de pessoas, estará
habitando o espaço urbano, com clara reprodução na demanda por transporte. Veja na figura a quantidade de
emissões de GEE feita por carros em relação a outros transportes.
Os desafios da mobilidade nas grandes cidades, no entanto, não são causados só pela multiplicação
dos carros nas ruas. Em Salvador e no Rio de Janeiro, a configuração das vias é espremida entre os morros e
o mar, o que dificulta a fluidez do trânsito e impõe soluções de engenharia distintas (DIÁRIO DO GRANDE
ABC,[2017], on-line).
Como a situação está se tornando insustentável há sinalização dos governantes em investir na
ampliação do transporte público como: ônibus, bicicletas e metros.
Falamos sobre veículos automotores, principal fonte de emissões de CO2 nas cidades, derivados de
petróleo tais como – gasolina, diesel. Agora, vamos falar de outro emissor de GEE que são os aterros sanitários
e “lixões”. Eles emitem o CH4, gás metano, 21 vezes mais potente que o CO2. Vamos conversar um pouco sobre
isto.
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A cidade: aterro sanitário e biogás
O Bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
(Manuel Bandeira)
O metano é um GEE 21 vezes mais potente que o carbono e também está nas cidades. Claro que é em
menor escala do que nas áreas rurais, pois o campeão nas cidades é o CO2. Mas mesmo assim a sua emissão
tende a crescer, pois sua fonte reside nos aterros sanitários e, em menor quantidade, nos lixões.
Por quê? Por que produzimos cada vez mais resíduos e precisamos descartá-los de alguma maneira,
certo?
As emissões de metano, um gás formado por átomos de carbono e hidrogênio, decorre dos processos
de decomposição de matérias orgânicas. O metano resulta do processo de fermentação da matéria orgânica
armazenada sob a terra. A emissão de metano por parte do lixo é, em geral, proporcional à população.
Nos lixões, nos aterros controlados ou sanitários, o gás metano liberado é queimado por medida de
segurança, pois ele pode pegar fogo caso um raio ou um fósforo aceso venham a atingir essa matéria orgânica.
Se isso ocorrer, há o risco de explodir. No entanto, quando o gás metano é queimado, forma-se o gás carbônico,
que contribui para o aumento do efeito estufa.
Sabemos que o homem moderno produz e consome para sobreviver e, como consequência, gera uma
quantidade imensa de resíduos. A decomposição dos rejeitos orgânicos em lixões e aterros, ao fim do ciclo de
vida de cada produto, gera biogás, uma mistura gasosa com quase 50% de metano, mais uma quantidade
semelhante de dióxido de carbono e uma pequena parte de outras impurezas, como vapores d’água e de ácidos.
O biogás é emitido desde os primeiros meses do aterramento do lixo até mais de cinco décadas depois.
Essas emissões se tornam mais intensas quanto maior a quantidade de restos orgânicos, umidade e temperatura
ambiente.
Considerado um gás 21 vezes mais potente do que o CO2, quando o assunto é a contribuição para o
efeito estufa, o metano está cada vez mais presente no ar que respiramos. Dados da Iniciativa Global do
Metano (GMI) apontam que a concentração do gás aumentou nos países em desenvolvimento nos últimos 260
anos e, principalmente, a partir de 2007 por conta do crescimento da produção e descarte de resíduos sólidos
– entre outras atividades, como a agricultura e pecuária.
47
É paradoxal, mas um lixão a céu aberto emite 60% menos do biogás formado em um aterro sanitário.
No entanto a colonização por ratos, urubus, moscas, entre outros vetores nocivos, potencializa seus danos
ambientais. Converter lixões a céu aberto em aterros sanitários, além de nos livrar de sérios problemas
ambientais, oferece medidas de reaproveitamento do metano gerado para produzir eletricidade.
Caro(a) cursista, vale lembrar que o metano é emitido 24 horas por dia, sete dias por semana, nos
aterros. No entanto, deve-se ter em mente que a produção de energia elétrica por biogás não tem potencial
para ser parte expressiva da nossa matriz. Trata-se de uma boa fonte de energia local.
48
Segundo o “Atlas Brasileiro de Emissões de GEE e Potencial Energético
na Destinação de Resíduos Sólidos” das Empresas de Limpeza Pública e
Resíduos Especiais (Abrelpe), o Brasil tem potencial para produzir mais de 280
megawatts de energia a partir do biogás capturado em unidades de destinação de
resíduos sólidos. O volume seria suficiente para abastecer uma população de
cerca de 1,5 milhão de pessoas (ALVES, 2013, on-line).
Chegamos ao final da última aula, do Módulo 01. E aqui, pudemos conhecer as noções básicas sobre
Mudança do Clima, as causas e os efeitos na natureza e nas sociedades humanas.
No Módulo 02 que tem como título Regime jurídico internacional para lidar com a mudança do
clima, falaremos dos eventos e negociações para o enfrentamento da Mudança do Clima pelas Nações Unidas
(ONU) e pelo Brasil.
Até mais.
49