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DJE de
1
fevereiro
2018
N. 4 F EVE RE I RO DE 2018
T ESES E F UNDAMENTOS
B OL ET I M DE A C ÓRDÃ OS P UB LI C A DOS
Este Informativo contém resumos de decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal.
Elaborado a partir de acórdãos publicados no mês de referência, o boletim retrata as
principais conclusões de jul gamentos e seus principais fundamentos.
A fidelidade de tais resumos ao conteúdo efetivo das decisões, embora seja uma das
metas perseguidas neste trabalho, apenas poderá ser aferida pela leitura integral do
inteiro teor publicado no Diário da Justiça.
SUMÁRIO
DIREITO ADMINISTRATIVO ......................................................................... 4
SERVIDORES PÚBLICOS ......................................................................................... 4
SERVIDORES PÚBLICOS ......................................................................................... 4
SERVIDORES PÚBLICOS ......................................................................................... 5
DIREITO CIVIL ............................................................................................. 6
DIREITO DAS SUCESSÕES ....................................................................................... 6
DIREITO CONSTITUCIONAL ......................................................................... 8
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO ................................................................................... 8
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO ................................................................................... 8
ORGANIZAÇÃO DOS PODERES ................................................................................ 9
ORGANIZAÇÃO DOS PODERES ................................................................................ 9
ORGANIZAÇÃO DOS PODERES .............................................................................. 12
ORGANIZAÇÃO DOS PODERES .............................................................................. 13
ORGANIZAÇÃO DOS PODERES .............................................................................. 14
TRIBUTAÇÃO E ORÇAMENTO................................................................................ 14
TRIBUTAÇÃO E ORÇAMENTO................................................................................ 15
TRIBUTAÇÃO E ORÇAMENTO................................................................................ 17
DIREITO INTERNACIONAL ......................................................................... 19
DIREITO INTERNACIONAL PENAL .......................................................................... 19
DIREITO PENAL......................................................................................... 19
PENAS ............................................................................................................. 19
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL ............................................................................... 20
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL ............................................................................... 20
DIREITO PROCESSUAL CIVIL ...................................................................... 22
PROCESSOS NOS TRIBUNAIS E MEIOS DE IMPUGNAÇÃO DE DECISÕES JUDICIAIS ............ 22
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companheiro vivo teria direito a todo o aspecto, o Código Civil de 2002 foi
montante sucessório. anacrônico e representou um retrocesso
vedado pela Constituição na proteção legal
Constata-se a discrepância não razoável
das famílias constituídas por união estável.
entre o grau de proteção legal do cônjuge
supérstite e do companheiro supérstite. O RE 878.694, rel. min. Roberto Barroso, DJE
Código Civil confere amplos recursos para de 6-2-2018, repercussão geral, Tema 809.
que o cônjuge remanescente consiga levar (Informativo 864, Plenário)
adiante sua vida de forma digna, em um
___________________________________
momento em que estará psicológica e
economicamente mais vulnerável. Porém,
na maior parte dos casos, trata de forma
diametralmente oposta o companheiro
remanescente, como se merecedor de
menor proteção.
O casamento e a união estável são
organizações familiares distintas, mas não
há hierarquia constitucional entre as
formas de família que autorize a instituição
de regimes sucessórios diversos em relação
a elas. Isso significa, de um lado, que o
legislador pode atribuir regimes jurídicos
diversos ao casamento e à união estável; e,
de outro, que a diferenciação de regimes
apenas será legítima se não implicar
hierarquização de uma entidade familiar
em relação à outra, desigualando o nível de
proteção estatal conferido aos indivíduos.
A diferenciação dos regimes sucessórios
em apreço também viola o princípio da
dignidade da pessoa humana, na dimensão
do valor intrínseco e na dimensão da
autonomia.
Viola, ademais, o princípio da
proporcionalidade como proibição de
proteção deficiente, pois o tratamento
dado ao companheiro pode privá-lo dos
recursos necessários para seguir com sua
vida de forma digna.
Há, de igual modo, violação ao princípio
da vedação do retrocesso, na medida em
que a regra do Código Civil representou
involução desproporcional na proteção dos
direitos fundamentais dos indivíduos que
vivem em uniões estáveis. Antes do Código
Civil de 2002, o regime jurídico sucessório
da união estável estabelecido pela Lei
8.971/1994 e pela Lei 9.278/1996 era
substancialmente igual àquele previsto para
o casamento no Código Civil de 1916. Nesse
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ADI 5.353 MC-REF, rel. min. Teori Zavascki, ao rito ordinário dos trabalhos legislativos a
DJE de 1º-2-2018. discussão sobre as normas que regularão a
(Informativo 841, Plenário) vida em sociedade.
___________________________________ Nesse sentido, o devido processo
legislativo é uma garantia, do parlamentar e
ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
do cidadão, envolvendo a correta e regular
PODER LEGISLATIVO elaboração das leis12.
PROCESSO LEGISLATIVO Não obstante, tendo em vista o princípio
da segurança jurídica, permanecem válidos
A prática de inserção, mediante emenda até a data do julgamento os preceitos
parlamentar, no processo legislativo de normativos resultantes de emendas a
conversão de medida provisória em lei, de projetos de lei de conversão, ainda que sem
matérias de conteúdo temático estranho ao relação com o objeto da medida provisória.
objeto originário da medida provisória viola ADI 5.012, rel. min. Rosa Weber, DJE de 1º-
a Constituição Federal (CF). 2-2018.
(Informativo 857, Plenário)
A medida provisória é instituto de
iniciativa privativa do presidente da ___________________________________
República. Desse modo, a prática viola o ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
princípio democrático, os contornos do
devido processo legislativo constitucional e PODER EXECUTIVO
a separação de poderes11. RESPONSABILIDADE DOS GOVERNADORES DE
A incorporação de emenda parlamentar ESTADO-MEMBRO
sobre matéria estranha às versadas na
medida provisória implica permitir se É vedado às unidades federativas instituir
instaure o rito legislativo anômalo previsto normas que condicionem a instauração de
excepcionalmente na Constituição para a ação penal contra o governador por crime
conversão de medida provisória em lei comum à prévia autorização da casa
quanto a matéria não submetida ao legislativa, cabendo ao Superior Tribunal de
Congresso Nacional na forma do art. 62, Justiça (STJ) dispor fundamentadamente
caput, da CF. Mais do que o poder de sobre a aplicação de medidas cautelares
emenda, significa conferir ao parlamentar a penais, inclusive o afastamento do cargo.
titularidade de iniciativa para, esquivando-
se do procedimento para aprovação das leis É ilegítima a exigência de prévia licença
ordinárias, submeter propostas legislativas da assembleia legislativa para instauração
avulsas ao rito dos projetos de lei de de ação penal contra governador, pela
conversão, aproveitando-se da tramitação prática de crime comum.
de medida provisória sobre outra matéria.
A vinculação das Constituições estaduais
O chamado “contrabando legislativo”, à Constituição Federal (CF) determina que
caracterizado pela introdução de matéria
estranha a medida provisória submetida à
conversão, não denota mera inobservância 12 Ademais, o caso concreto trata de alteração de
de formalidade, e sim procedimento limites de unidades de conservação, criação de áreas de
proteção ambiental, parques e florestas e desapropriação
marcadamente antidemocrático. Afinal,
de imóveis rurais privados para esses fins, de modo que a
intencionalmente ou não, subtrai do debate violação à Constituição também se perfaz pelo
político e do ambiente deliberativo próprios barateamento do direito fundamental ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado. Nesse aspecto, a Constituição
exige que a alteração ou supressão de espaços territoriais
protegidos somente se dê por meio de lei, o que garante
grau de participação democrática que apenas pode ser
11 ADI 5.127, red. p/ o ac. min. Edson Fachin, P, DJE de assegurado mediante o processo legislativo vinculado a essa
11-5-2016. espécie normativa.
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alguma dimensão, com a interação entre os Executivo na execução das despesas sugere
Poderes e a dinâmica do modelo federativo. indevida interferência do Judiciário na
administração do orçamento e na definição
A tutela sobre o descumprimento de
das prioridades na execução das políticas
preceito fundamental alcança um universo
públicas.
de comportamentos estatais mais amplo do
que a de inconstitucionalidade, a abranger Além de comprometer a autonomia
a lesão à Constituição resultante de ato do administrativa do Estado, por retirar do
poder público outro que não apenas a lei Executivo os meios essenciais à alocação de
ou ato normativo, sempre que traduza recursos financeiros, a proliferação de
efetivo e material descumprimento da decisões judiciais determinando constrições
Constituição. imediatas, em descompasso com o
cronograma de desembolso orçamentário,
Por isso, é admissível a ADPF para evitar
parece colocar alguns credores em situação
ou reparar lesão a preceito fundamental
mais vantajosa do que outros em igual
decorrente diretamente de decisão judicial
posição fática e jurídica, quebrando a
ou de interpretação conferida pelo Poder
isonomia.
Judiciário a determinada controvérsia de
matiz constitucional. Não se trata de defender restrição ao
direito fundamental de acesso ao Judiciário
Ademais, são insuficientes os meios
e à ampla liberdade da magistratura de
processuais ordinários para imprimir
decidir as lides de acordo com sua
solução satisfatória a controvérsia
convicção. É, entretanto, incabível que
semelhante. Deve-se ter em consideração a
decisões judiciais façam determinação de
eficácia típica dos processos objetivos de
bloqueio, penhora, arresto e sequestro que
proteção da ordem constitucional (eficácia
afrontem expressamente os dispositivos
erga omnes e efeito vinculante). Satisfeito,
constitucionais citados.
portanto, o requisito da subsidiariedade.
ADPF 405 MC, rel. min. Rosa Weber, DJE de
Por sua vez, decisões judiciais voltadas a
5-2-2018.
transpor recursos públicos para pagamento
(Informativo 869, Plenário)
de determinada obrigação podem alcançar
recursos de terceiros, escriturados ___________________________________
contabilmente, individualizados ou com
ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
vinculação orçamentária específica. Tais
constrições não são conciliáveis com as PODER JUDICIÁRIO
vedações contidas no art. 167, VI e X, da CF.
JUSTIÇA MILITAR
Se não é permitido ao Executivo
movimentar recursos de uma programação A Justiça Militar é competente para
orçamentária para outra ou de um órgão processar e julgar, pelo crime previsto no
para outro, sem prévia autorização art. 312 do Código Penal Militar (CPM)
legislativa, tampouco é dado ao Judiciário (falsidade ideológica), o agente que, na
fazê-lo, sob pena de ofensa ao princípio da qualidade de militar em serviço, atesta
legalidade orçamentária, o que significa falsamente a regularidade técnica para
lesão às opções de gasto público realizadas navegação de embarcações civis.
pelo povo, por meio de seus representantes
eleitos. A conduta, perpetrada por militar em
Ainda que seja passível de tutela serviço, por se tratar de atividade típica da
jurisdicional a realização de políticas Marinha, desvirtua o procedimento
públicas, em especial para atender atinente à obtenção do documento.
mandamentos constitucionais e assegurar O crime tem natureza formal e é
direitos fundamentais, a subtração de praticado em detrimento da fé pública
qualquer margem de discricionariedade do
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Por outro lado, não se extrai da Esses estágios são fases evidenciadoras
autonomia financeira dos Municípios do comportamento da receita pública, de
direito subjetivo de índole constitucional modo a facilitar o conhecimento e a gestão
com aptidão para infirmar o exercício da dos ingressos públicos no erário. Nesses
competência tributária da União, inclusive termos, dividem-se cronologicamente em
em relação aos incentivos e renúncias previsão, arrecadação e recolhimento.
fiscais, desde que observados os A “arrecadação” pode ser conceituada
parâmetros de controle constitucionais, como a entrega, realizada pelos
legislativos e jurisprudenciais atinentes à contribuintes ou devedores aos agentes
desoneração. arrecadadores ou bancos autorizados pelo
A repartição de receitas correntes ente, dos recursos devidos ao Tesouro. Ela
tributárias conjuga duas espécies de ocorre somente uma vez, vindo em seguida
financiamento dos governos locais: uma o recolhimento. Quando um ente arrecada
pelo critério da fonte (cobrança de tributos para outro ente, cumpre-lhe apenas
de competência própria); outra, pelo entregar os recursos mediante
produto (participação no bolo tributário de transferência, não sendo considerada
competência do governo central). Nesta arrecadação, quando do recebimento pelo
hipótese, não há direito a participação ente beneficiário.
referente a arrecadação potencial máxima Considerando-se que a Constituição
em que se incluiriam os incentivos e as submete a lei específica a concessão de
renúncias fiscais, sob pena de subversão da qualquer subsídio ou isenção, redução de
decisão do poder constituinte no que diz base de cálculo, concessão de crédito
respeito ao modelo de federalismo fiscal. presumido, anistia ou remissão, relativos a
A natureza jurídica do FPM é mais de impostos, taxas ou contribuições, por sua
objeto de direito e menos de sujeito de
direito, considerada a relação jurídico-
32 Enunciado 578 da Súmula do STF: “Não podem os
financeira. Afinal, não tem capacidade de Estados, a título de ressarcimento de despesas, reduzir a
realizar ato jurídico, não dispondo de parcela de 20% do produto da arrecadação do imposto de
circulação de mercadorias, atribuída aos Municípios pelo
autonomia na gestão dos recursos que o art. 23, § 8º, da Constituição Federal.”
integram. 33 “Art. 158. Pertencem aos Municípios: I – o produto
da arrecadação do imposto da União sobre renda e
Nesse sentido, o produto da proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre
arrecadação abrange a arrecadação rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas
autarquias e pelas fundações que instituírem e
tributária bruta, sem a possibilidade de mantiverem.”
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39 Ext 1.362, rel. min. Edson Fachin, P, DJE de 5-9-2017. 40 RE 641.320, rel. min. Gilmar Mendes, P, DJE de 1º-8-
2016, repercussão geral, Tema 423.
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Federal quanto à concessão de incentivos cesta básica e de outros produtos desta não
fiscais destinados a promover o equilíbrio terem a incidência do IPI é insuficiente a
do desenvolvimento socioeconômico entre concluir-se pela impossibilidade da
as diferentes regiões do País autoriza o cobrança do tributo. O que cabe perceber é
legislador a implementar, no âmbito da a opção político-normativa ante a
opção político-normativa, presente a essencialidade do produto, tendo-a, ou
razoabilidade, distinções, sem que esteja não, como justificada. A harmonia ocorre,
vinculado à divisão comumente admitida observado o princípio da razoabilidade, na
em região: Sul, Sudeste, Centro-Oeste, espécie proporcionalidade, a partir do
Nordeste e Norte60. momento em que se verifica ter sido a
alíquota fixada em patamar aceitável
O princípio da isonomia é observado
consideradas outras alíquotas ligadas a
quando não ocorre preferência
produtos diversos em relação às quais não
desarrazoada em relação a Estado, ao
se tem a mesma essencialidade.
Distrito Federal ou a Município. O art. 2º da
Lei 8.393/1991 encerrou verdadeiro RE 592.145, rel. min. Marco Aurélio, DJE de
incentivo fiscal no que concerne às áreas de 1º-2-2018, repercussão geral, Tema 80.
atuação da Sudene e da Sudam. Além disso, (Informativo 860, Plenário)
a cláusula constitucional, a remeter às
___________________________________
diferentes regiões do País, não tem
interpretação a ponto de deixar-se de TRIBUTOS
considerar as áreas referidas no preceito da
IMPOSTOS
lei e que estão ligadas ao Nordeste e à
Amazônia. IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL
O parágrafo único do art. 2º, ao revelar RURAL (ITR)
que, nos Estados do Espírito Santo e do Rio
de Janeiro, a alíquota de 18% poderá ser A progressividade das alíquotas do Imposto
reduzida em até 50%, também não instituiu sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR)
tratamento diferenciado em razão deste ou prevista na Lei 9.393/1996 se mostra
daquele Estado-membro. Nesse ponto, alinhada com a redação originária do art.
remete-se, necessariamente, à situação dos 153, § 4º, da Constituição Federal (CF) 61.
contribuintes e do desenvolvimento da
produção nos citados Estados. Mais uma “Nos termos do art. 145, § 1º, da CF62,
vez, o Legislativo atuou no campo do todos os impostos, independentemente de
incentivo fiscal, embora o fazendo de forma seu caráter real ou pessoal, devem guardar
estrita, considerados os Estados relação com a capacidade contributiva do
mencionados. sujeito passivo e, tratando-se de impostos
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