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Vejamos em outros países qual a idade limítrofe para a não aplicação da lei
penal:“Alemanha- 14Argentina - 16Bolívia- 16Brasil- 18Chile- 16Dinamarca-
15Escócia- 8Estados Unidos - 6 a 12 (depende do Estado) França- 13Finlândia-
15Inglaterra- 10Itália-14
(http://www.webartigos.com/artigos/proposta-de-reducao-da-maioridade-
penal/56734/#ixzz2QtXXQsEh)”A maioridade penal deve ser reduzida, pois,
assim, os menores de 18 deixariam de ser usados para a execução de crimes,
como amiúde vemos nos noticiários. Não podemos olvidar que os adolescente,
nos dias atuais, amadurecem mais cedo e é bem diferente daquele de
07.12.1940, época em que o Código Penal.
O direito penal também tem função de prevenção na medida em que intimida
“candidatos” a infringi-lo.
Esses adolescentes respondem hoje por 249,9 mil atos infracionais, já que uma
mesma pessoa pode responder por mais de um delito. Só por roubo qualificado,
que encabeça a segunda posição no ranking de crimes mais cometidos por
adolescentes entre 12 e 17 anos de idade, são 51,4 mil ocorrências.
Ainda não sei qual é a minha posição sobre a redução da maioridade penal.
Concordo que há um problema de impunidade de adolescentes violentos, mas o
projeto parece mais uma manifestação do mesmo populismo penal
que motivou a lei do feminicídio. O que eu sei é que os dois lados da discussão
precisam ter mais cuidado com os números e argumentos que apresentam.
O MITO DO 1%
Imagine que, de cada 100 homicídios no Brasil, apenas oito são esclarecidos, e
que desses oito um foi cometido por adolescentes. Seria um absurdo concluir
que apenas um em cada cem homicídios foi praticado por adolescentes. Um
estatístico cuidadoso diria que menores foram culpados por um em cada oito
crimes esclarecidos (ou 12,5%).
Adotando esse método, os números brasileiros se aproximariam dos de outros
países. Nos Estados Unidos, menores praticaram 7% dos homicídios de 2012.
No Canadá, 11%. Na Inglaterra, 18% dos crimes violentos (homicídio, tentativa
de homicídio, assalto e estupro) vieram de pessoas entre 10 e 17 anos. Tem algo
errado ou os adolescentes brasileiros são os mais pacatos do mundo?
Sim, tem algo errado: a estatística.
Até mesmo o Unicef concorda com o número mais modesto. A entidade diz
que 33 mil brasileiros entre 12 e 18 anos foram assassinados entre 2006 e 2012.
O total de homicídios nesse período foi de 350 mil, segundo o Mapa da Violência.
Dá 9% de menores de idade no total de vítimas. É estranho ver o Unodc, também
da ONU, repetir o mito de que 36% das vítimas de homicídio são adolescentes.
É a ONU contradizendo a própria ONU.
A FALHA DO ARGUMENTO
Alguém pode dizer que o número de jovens homicidas continua baixo. Mesmo
se for 1% ou 10%, a redução da maioridade não resolveria muita coisa. Acontece
que os brasileiros entre 15 e 18 anos são, segundo o IBGE, 8% da população.
Afirmar que adolescentes respondem por uma pequena parte dos crimes faz
parecer que eles não são culpados pela violência do país, quando provavelmente
são tão ou um pouco mais violentos que a média dos cidadãos.
Não há aí nenhuma novidade. Quem já passou pela adolescência sabe que essa
é a época da vida em que mais nos sujeitamos a brigas, perigos e transgressões.
Não é preciso ser um grande estudioso do comportamento humano para concluir
que a juventude é a época de fazer tolice.
Além disso, a estatística compara uma faixa etária muito estreita – jovens entre
15 e 17 anos – com uma muito ampla – qualquer adulto com mais de 18 anos. É
claro que o segundo grupo vai ficar com o maior pedaço. Mas se confrontarmos
faixas etárias equivalentes, a violência é similar. Brasileiros entre 35 e 37 anos
também são responsáveis por uma pequena porcentagem de assassinatos.
Deveríamos deixar de condená-los, já que a prisão deles não resolveria o
problema de violência no Brasil? Não, claro que não.
Atualização: depois da publicação deste post, fui procurado por Tulio Kahn,
autor da pesquisa de 2004 da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo.
Ele me esclareceu que foi a reportagem da Folha que chegou ao número de
menos de 1% de crimes, cometendo o erro que descrevi acima. Segundo
Kahn, em seus dados originais, os homicídios cometidos por adolescentes
seriam 3,3% do total de homicídios esclarecidos.
Número de adolescentes apreendidos cresce seis vezes no
Brasil em 12 anos
Discussão sobre redução da maioridade penal está em pauta na CCJ
Entre 1996 e 2014, o número de jovens entre 12 e 17 anos que foram
apreendidos no Brasil pela prática de crimes aumentou em quase seis vezes. De
acordo com o anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgado nesta
segunda-feira (30), há uma crescente no encarceramento de adolescentes no
país: passou de 4.245 para 24.628.
Os dados foram compilados pelo anuário através de índices do ministério dos
Direitos Humanos e do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Entre os jovens apreendidos, 22,5% está em detenção provisória. E cerca de 9%
está em semiliberdade.