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Eu e 93% da população somos a favor da redução da maioridade

penal”, diz juiz da infância da BA

José Brandão Netto Juiz de Direito na área Penal e da Infância na


BahiaPosgraduando pela Escola baiana de Magistrados -EMAB Ex-Professor
de Direito Ex-Advogado da União- AGU Ex-delegado de Polícia/BA Ex-
acadêmico da ANP após aprovação em concruso para o cargo de Delegado da
PF Aprovado em concurso de analista do MPU
Há alguns dias, em Itapicuru_BA, a polícia efetuou apreensão de 02
adolescentes com 14 anos de idade cada um, ambos armados, suspeitos de
terem cometido ato infracional, no caso assalto. Segundo a polícia, são
suspeitos de vários atos infracionais na região.

Encaminhados ao Fórum, foi decretada a internação provisória por 45 dias.

Em outro caso recente, em que outros adolescentes participaram de um


latrocínio, depois de a vida da vítima ter sido ceifada, os adolescentes
amarraram 45 kg de pedra no pescoço da vítima idosa, com o objetivo de
esconderem o corpo, no fundo do poço – o que fizeram.
Aos adolescentes, foi aplicada a medida socioeducativa de internação, no
prazo máximo, 3 anos, (pasmem!), contudo, como o prazo de 45 dias de
internação provisória venceu, foram liberados, para responderem ao processo
em liberdade, mas se encontram “foragidos” e nunca mais foram encontrados.
Segundo interpretação dos Tribunais superiores, o prazo máximo de
prescrição, em de atos infracionais cometidos por menores de 18 anos,
consuma-se em 4 anos, ou seja, se o Estado não localizar os referidos
adolescentes foragidos, haverá a prescrição da pretensão da medida
socioeducativa no prazo de 4 anos, e eles estarão livres da persecução
educativa.

Este é o entendimento do STJ, por exemplo:

"HABEAS CORPUS. ECA. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO SÓCIO-


EDUCATIVA. CÁLCULO A PARTIR DO LIMITE MÁXIMO DE 03 (TRÊS) ANOS
PREVISTO NO ART. 121, § 3.º, DO ECA. PRESCRIÇÃO QUE SE VERIFICA
A PARTIR DA PENA MÁXIMA ABSTRATAMENTE COMINADA AO CRIME
EQUIVALENTE AO ATO INFRACIONAL PRATICADO, COM A REDUÇÃO DO
PRAZO PRESCRICIONAL À METADE COM BASE NO ART. 115 DO CÓDIGO
PENAL. PRECEDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. ORDEM
CONCEDIDA. 1."A prescrição penal é aplicável nas medidas sócio-educativas",
enunciado da Súmula n.º 338 do Superior Tribunal de Justiça.2. É cediço que
em inúmeros precedentes, a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça tem
aplicado o entendimento de que à míngua dafixação de lapso temporal em
concreto imposto na sentença menorista, a prescrição somente deve ser
verificada a partir do limite máximo de 03 (três) anos previsto no art. 121, § 3.º,
da Lei n.º 8.069/90..(...) 7. Diante da pena máxima cominada em abstrato ao
crime de rixa, 02 (dois) meses de detenção, o prazo prescricional, nos termos
do queestabelece o art. 109, inciso VI, do Estatuto Repressivo, é de 02 (dois)
anos que, reduzido pela metade, a teor do art. 115, do CódigoPenal, passa
a ser de 01 (um) ano.8. Ordem concedida para reconhecer a prescrição da
pretensãosócio-educativa em relação ao Paciente”
Recentemente, noticiou-se um rumoroso caso de latrocínio de um estudante
universitário em SP, fato flagrado pelas câmeras do condomínio, em que residia
a vítima. O autor do disparo foi um adolescente de 17 anos.
Diante dos fatos que observamos, no dia-dia, e das benevolências previstas na
legislação, a redução da maioridade para 15, ou 16 anos, seria razoável para
prestigiar os direitos humanos das vítimas.

O Congresso Nacional não deve perder a chance de alterar o ECA- Estatuto da


Criança e do Adolescente e reduzir a maioridade Penal.
O nosso Código Penal é de 1940 e fixou a maioridade a partir dos 18 anos,
ainda que, formalmente, seja interessante mudar o ECA, socialmente, a
repercussão da redução da maioridade, nas comunidades, teria mais eficácia
de que alterações no ECA.
A redução da maioridade é uma exigência do próprio sistema: o Código
Civilreduziu sua maioridade de 21 anos (Código de 1916), para 18 anos,
segundo o novo Código Civil de 2002. Isto significa dizer que a legislação civil
se atualizou à nova realidade. O Código Penal precisa também se adequar à
nossa realidade.
A CF/88, em seu art. 14, prevê que um adolescente com 16 anos pode
participar do futuro político do nosso país, exercendo do direito de voto,
escolhendo os seus mandatários políticos. Pode também votar em plebiscitos,
referendos e participar da iniciativa popular, dispor dos próprios bens por meio
de testamentos (art. 1860 do CC/02.), podendo ser mandatário nos termos do
art. 666 do CC/02. Porém, este mesmo jovem não pode ser punido através do
Código Penal?
O Código Penal não pode ter maioridade igual à do Direito Civil, porque o fato
criminoso é muito mais compreensível e inteligível do que fatos do direito não
penal (seara civil). Quero dizer que é muito mais fácil saber, ter noção, do que
é um homicídio (ramo do direito penal) do que entender um contrato de locação,
ou um contrato de compra e venda, por exemplo, que são ramos do direito civil.
Tanto que é essa uma das razões para, historicamente, termos a idade da
maioridade civil superior à maioridade penal.

De outra banda, no âmbito do direito comparado, vejamos que o Brasil está


precisando esquecer a bazófia e se atualizar.

Vejamos em outros países qual a idade limítrofe para a não aplicação da lei
penal:“Alemanha- 14Argentina - 16Bolívia- 16Brasil- 18Chile- 16Dinamarca-
15Escócia- 8Estados Unidos - 6 a 12 (depende do Estado) França- 13Finlândia-
15Inglaterra- 10Itália-14
(http://www.webartigos.com/artigos/proposta-de-reducao-da-maioridade-
penal/56734/#ixzz2QtXXQsEh)”A maioridade penal deve ser reduzida, pois,
assim, os menores de 18 deixariam de ser usados para a execução de crimes,
como amiúde vemos nos noticiários. Não podemos olvidar que os adolescente,
nos dias atuais, amadurecem mais cedo e é bem diferente daquele de
07.12.1940, época em que o Código Penal.
O direito penal também tem função de prevenção na medida em que intimida
“candidatos” a infringi-lo.

Já há Propostas de Emenda à Constituição (PEC) pela redução da maioridade


penal de dezoito para dezesseis anos de idade, como, por exemplo, a PEC n.º
18, de 25/03/1999, de autoria do Senador Romero Jucá, com a seguinte
redação:"Nos casos de crimes contra a vida ou o patrimônio, cometidos com
violência, ou grave ameaça à pessoa, são penalmente inimputáveis apenas os
menores de dezesseis anos, sujeitos às normas da legislação especial".

Há outras propostas muito interessantes, contudo, mister se faz aumentar a


pena do crime de “corrupção de menores”, previsto no art. 244-B do ECA,
atualmente com pena de 1 a 4 anos de reclusão, para desencorajar o adulto
que quer cometer infração penal e se utiliza de menor de 18 anos.
REFUTANDO ARGUMENTOS CONTRÁRIOS

Ainda que se diga que o problema é de ausência de políticas públicas, nada se


fez até hoje e não podemos deixar de punir com maior rigor aquele adolescente
que mata, ou comete violência repugnante, contra vítimas inocentes. Esse
rigor, que pretendemos, não é incompatível com as referidas políticas públicas.

Levantamentos que dizem que crimes praticados por menores de 18 anos


representam baixo percentual, não elide que adolescentes em conflito com a
lei não possam ter punição compatível e proporcional com a gravidade do fato
praticado, pois as vítimas não podem estar sendo expostas a tais riscos. Não
seria importante é minimizar a possibilidade de surgir uma nova vítima?

O argumento de que, com a redução, os maiores, que se aproveitariam de


jovens menores de 18 anos em crimes, sobretudo o tráfico de drogas, iriam
reduzir a faixa etária do aliciamento, passando a recrutar crianças mais jovens,
é falacioso, pois jovens com 15, 16 ou 17 anos têm mais estrutura física e
mental para tal prática.

Um suposto aumento da população carcerária, caso fosse aprovada a redução


da maioridade penal, não ocorreria caso aos jovens em conflito com a lei
continuassem nas unidades de internação, por um período maior e depois, por
exemplo, progrediria para regime semiaberto ou aberto, conforme lei de
execução penal, sempre separados dos adultos.
Dizer que seriam atingidos pela redução da maioridade penal só os menores
carentes e abandonados, não podem deixar encobrir o conflituoso que mata,
aleija, estupra ou ofende a integridade, com gravidade de pessoas inocentes e
trabalhadoras.
Ademais, não podemos fazer vistas grossas às pesquisas de opinião pública
que aprovam em mais de 93% a redução da maioridade penal, como bem
demonstrou reportagem recente do jornal “A Folha de São Paulo”, ou uma
enquete no jornal “ A Tribuna da Bahia”, que, na sua enquete, mais de 92% dos
internautas votaram no mesmo sentido. Portanto, a idéia é que a redução da
maioridade penal e uma maior punição para quem colocar o jovem no mundo
crime provoquem um impacto social tão grande, desestimulando-o do mundo
infracional, bem como seus corruptores.
Alterações pontuais no ECA não vão minimizar a nossa sensação de
impotência e impunidade quanto às infrações praticadas por
adolescente. Precisamos de mudanças de impacto.
De acordo com dados no Conselho Nacional de Justiça, a maioria dos adolescentes,
47,5%, comete o primeiro crime entre os 15 e os 17 anos. E 9% começam ainda na
infância, entre os 7 e os 11 anos de idade.
Quase 60% dos menores infratores não estudavam na época que cometeram o
primeiro crime, e 75% já usavam drogas. O que eles mais praticam: roubos e furtos,
mas o número de homicídios cometidos por menores também foi considerado
expressivo pelo CNJ.
Em Teresina, por exemplo, de cada 10 assassinatos, cinco têm a participação de
menores. Em todo o Brasil, em média, 54% dos menores infratores que cometem
crimes e são internados, voltam a cometer crimes depois de liberados.

São Paulo – Dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) mostram que a


quantidade de jovens cumprindo medidas socioeducativas mais que dobrou no
país em um ano (2015-2016). Em novembro do ano passado havia 96 mil
menores nessa condição – em 2016, esse número saltou para 192 mil.

O tráfico de drogas é o crime mais cometido por adolescentes no Brasil. Só


neste ano, foram quase 60 mil ocorrências registradas pelas Varas de Infância e
Juventude.

Esses adolescentes respondem hoje por 249,9 mil atos infracionais, já que uma
mesma pessoa pode responder por mais de um delito. Só por roubo qualificado,
que encabeça a segunda posição no ranking de crimes mais cometidos por
adolescentes entre 12 e 17 anos de idade, são 51,4 mil ocorrências.

O relatório do CNJ ainda aponta que há 245,1 mil medidas socioeducativas


aplicadas – um número superior ao de adolescentes, pois o mesmo jovem pode
cumprir mais de uma medida ao mesmo tempo.

Desse total, 36,2% se referem à liberdade assistida (que consiste em uma


intervenção educativa através de orientação e acompanhamento do
adolescente) e 35,7% à prestação de serviços à comunidade.

Veja, no infográfico, os crimes mais cometidos pelos jovens no Brasil.


Mito: “Os adolescentes cometem menos de 1% dos homicídios do
Brasil e são 36% das vítimas”

Ainda não sei qual é a minha posição sobre a redução da maioridade penal.
Concordo que há um problema de impunidade de adolescentes violentos, mas o
projeto parece mais uma manifestação do mesmo populismo penal
que motivou a lei do feminicídio. O que eu sei é que os dois lados da discussão
precisam ter mais cuidado com os números e argumentos que apresentam.

Nas últimas semanas, o Globo, a Folha de S. Paulo, o Diário de S. Paulo,


a revista Exame, o portal Terra, a edição impressa de Veja e quase todas as
ONGs e políticos contrários à redução disseram que menos de 1% dos
homicídios no Brasil são cometidos por adolescentes. A Folha reproduziu o
dado num editoriale em pelo menos dois artigos, de Vladimir Safatle e Ricardo
Melo.
Havia razão para publicar a porcentagem, pois ela parecia vir de órgãos de peso
– o Ministério da Justiça e o Unicef. Acontece que a estatística do 1% de crimes
cometidos por adolescentes simplesmente não existe. Todas as instituições que
jornais e revistas citam como fonte negam tê-la produzido.

O MITO DO 1%

Numa nota contra a redução da maioridade, o Escritório das Nações Unidas


sobre Drogas e Crime (Unodc) reproduziu a estimativa e deu a Secretaria de
Direitos Humanos como referência. Mas a Secretaria de Direitos Humanos diz
que nunca produziu uma pesquisa com aqueles dados.
O Congresso em Foco, hospedado pelo UOL, afirma que “segundo o Ministério
da Justiça, menores cometem menos de 1% dos crimes no país”. Um punhado
de deputados e sites do PT diz a mesma coisa. Mas basta um telefonema para
descobrir que o Ministério da Justiça tampouco registra dados de faixa etária de
assassinos. “Devem ter se baseado na pesquisa do Unicef”, me disse um
assessor de imprensa do ministério.
Seria então o Unicef a fonte da estimativa? Uma reportagem do Globo de
semana passada parece resolver o mistério: “Unicef estima em 1% os homicídios
cometidos por menores no Brasil”. Mas o Unicef também nega a autoria dos
dados. Fiquei dois dias insistindo com o órgão para saber como chegaram ao
valor, até a assessora de imprensa admitir que “esse número de 1% não é nosso,
é do Globo”. Na reportagem, o próprio técnico do Unicef, Mário Volpi, admite que
a informação não existe. “Hoje ninguém sabe quantos homicídios são praticados
por esse jovem de 16 ou 17 anos que é alvo da PEC.” Sabe-se lá o motivo, o
Globo preferiu ignorar a falta de dados e repetir a ladainha do 1%. O estranho é
que o Unicef não emitiu notas à imprensa desmentindo a informação.
Também fui atrás da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, mas nada:
o governo paulista não produz estimativas de faixa etária de assassinos,
somente de vítimas. Governos estaduais são geralmente a fonte primária de
relatórios sobre violência publicados por ONGs e instituições federais. Se o
estado com maior número absoluto de assassinatos no Brasil não tem o número,
é difícil acreditar que ele exista. Resumindo: está todo mundo citando uma
pesquisa fantasma.
Na verdade, uma estatística parecida até existiu há mais de uma década. Em
2004, um pesquisador da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo lançou
um estudo afirmando que menores de idade eram responsáveis por 0,97% dos
homicídios e 1,5% dos roubos. Foi assim que nasceu a lenda do 1% de crimes
cometidos por adolescentes.

Mas a pesquisa de 2004 tropeçou num erro graúdo. Os técnicos calcularam a


porcentagem de crimes de menores em relação ao total de homicídios, e não ao
total de homicídios esclarecidos. Sem ligar para o fato de que em 90% dos
assassinatos a identidade dos agressores não é revelada, pois a polícia não
consegue esclarecer os crimes.

Imagine que, de cada 100 homicídios no Brasil, apenas oito são esclarecidos, e
que desses oito um foi cometido por adolescentes. Seria um absurdo concluir
que apenas um em cada cem homicídios foi praticado por adolescentes. Um
estatístico cuidadoso diria que menores foram culpados por um em cada oito
crimes esclarecidos (ou 12,5%).
Adotando esse método, os números brasileiros se aproximariam dos de outros
países. Nos Estados Unidos, menores praticaram 7% dos homicídios de 2012.
No Canadá, 11%. Na Inglaterra, 18% dos crimes violentos (homicídio, tentativa
de homicídio, assalto e estupro) vieram de pessoas entre 10 e 17 anos. Tem algo
errado ou os adolescentes brasileiros são os mais pacatos do mundo?
Sim, tem algo errado: a estatística.

O MITO DOS 36%

Há ainda outro malabarismo. Pesquisas sobre causas de morte de adolescentes


mostram que, dos jovens que não morreram de causas naturais, 36% foram
assassinados. Muita gente está usando essa porcentagem para uma afirmação
bem diferente: a de que os adolescentes são 36% das vítimas de homicídio no
país. Tiraram a porcentagem de uma frase e a colocaram em outra. O número
real é bem menor. Em São Paulo, jovens entre 15 e 19 anos são 9% das vítimas.
Se dividirmos em partes iguais, os mortos com 15 a 17 anos são 5,4% do total.

Até mesmo o Unicef concorda com o número mais modesto. A entidade diz
que 33 mil brasileiros entre 12 e 18 anos foram assassinados entre 2006 e 2012.
O total de homicídios nesse período foi de 350 mil, segundo o Mapa da Violência.
Dá 9% de menores de idade no total de vítimas. É estranho ver o Unodc, também
da ONU, repetir o mito de que 36% das vítimas de homicídio são adolescentes.
É a ONU contradizendo a própria ONU.

A FALHA DO ARGUMENTO
Alguém pode dizer que o número de jovens homicidas continua baixo. Mesmo
se for 1% ou 10%, a redução da maioridade não resolveria muita coisa. Acontece
que os brasileiros entre 15 e 18 anos são, segundo o IBGE, 8% da população.
Afirmar que adolescentes respondem por uma pequena parte dos crimes faz
parecer que eles não são culpados pela violência do país, quando provavelmente
são tão ou um pouco mais violentos que a média dos cidadãos.

Não há aí nenhuma novidade. Quem já passou pela adolescência sabe que essa
é a época da vida em que mais nos sujeitamos a brigas, perigos e transgressões.
Não é preciso ser um grande estudioso do comportamento humano para concluir
que a juventude é a época de fazer tolice.

Além disso, a estatística compara uma faixa etária muito estreita – jovens entre
15 e 17 anos – com uma muito ampla – qualquer adulto com mais de 18 anos. É
claro que o segundo grupo vai ficar com o maior pedaço. Mas se confrontarmos
faixas etárias equivalentes, a violência é similar. Brasileiros entre 35 e 37 anos
também são responsáveis por uma pequena porcentagem de assassinatos.
Deveríamos deixar de condená-los, já que a prisão deles não resolveria o
problema de violência no Brasil? Não, claro que não.

Os opositores da redução da maioridade penal ainda têm uma boa lista de


razões para lutar contra o projeto de lei. Argumentos não faltam. O que falta é
cuidado com os números.

Atualização: depois da publicação deste post, fui procurado por Tulio Kahn,
autor da pesquisa de 2004 da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo.
Ele me esclareceu que foi a reportagem da Folha que chegou ao número de
menos de 1% de crimes, cometendo o erro que descrevi acima. Segundo
Kahn, em seus dados originais, os homicídios cometidos por adolescentes
seriam 3,3% do total de homicídios esclarecidos.
Número de adolescentes apreendidos cresce seis vezes no
Brasil em 12 anos
Discussão sobre redução da maioridade penal está em pauta na CCJ
Entre 1996 e 2014, o número de jovens entre 12 e 17 anos que foram
apreendidos no Brasil pela prática de crimes aumentou em quase seis vezes. De
acordo com o anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgado nesta
segunda-feira (30), há uma crescente no encarceramento de adolescentes no
país: passou de 4.245 para 24.628.
Os dados foram compilados pelo anuário através de índices do ministério dos
Direitos Humanos e do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Entre os jovens apreendidos, 22,5% está em detenção provisória. E cerca de 9%
está em semiliberdade.

Ainda de acordo com o levantamento anual, o principal crime praticado por


menores de idade no Brasil é o roubo (45%), seguido do tráfico de drogas (24%).
Em terceiro, está o crime de homicídio (9,5%) seguido do furto (3,3%).
Em 2014, o maior número de crimes praticados por menores de idade foi
registrado em São Paulo (10.211 casos). Na sequência, vêm Pernambuco
(1.892), Minas Gerais (1.853) e Rio de Janeiro (1.655). O Estado com menos
atos infracionais cometidos por menores é o de Roraima (37).
CCJ votará redução da maioridade penal
Está prevista para a próxima quarta-feira (1º) a votação, na CCJ (Comissão de
Constituição, Justiça e Cidadania), do Senado Federal, de quatro PECs
(Propostas de Emenda à Constituição) que pretendem diminuir a maioridade
penal de 18 para 16 anos no Brasil.
Caso a CCJ aprove a redução, as propostas ainda serão analisadas pelo Senado
e, depois, caminham para sanção ou veto do presidente Michel Temer.
Atualmente, o jovem de até 17 anos é apreendido e vai para uma unidade
estadual restrita a menores de idade assim que comete um ato infracional.
O debate é longo. Após um adiamento, ocorrido no fim do mês passado na CCJ,
houve uma discussão sobre o assunto e a votação está pautada para quarta.
Segundo o Ministério dos Direitos Humanos, perspectiva de prender os
adolescentes "vem aniquilar a perspectiva de inclusão (protetiva e
socioeducativa, de reinserção social)".
Já defensores da redução da maioridade penal, como o senador Magno Malta
(PR-ES), dizem que a perspectiva de impunidade por causa da idade faz com
que menores de 18 anos cometam diversos tipos de crimes, entre eles roubos e
assassinatos.

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