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EDUCAÇÃO POPULAR COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA

EMANCIPATÓRIA DOS SUJEITOS DA EDUCAÇÃO DO CAMPO

Maria Aparecida Vieira de Melo


Universidade Federal Rural de Pernambuco/Fundação Joaquim Nabuco
m_aparecida_v_melo@hotmail.com

RESUMO
O campo epistemológico que sucinta a presente pesquisa está inserido no contexto dos movimentos
sociais, especificamente o da educação popular na década de 1960, tendo como seu precursor Paulo
Freire. Neste sentido, pretende-se reconhecer alguns movimentos sociais que tem como bandeira de luta a
educação como perspectiva de emancipação social para os sujeitos de direito, especialmente os que estão
inseridos no campo. Por conseguinte, metodologicamente parte de uma revisão de literatura, a qual faz
um aporte teórico acerca da temática e ao mesmo tempo far-se-á uso da análise do discurso por meio de
uma entrevista semiestruturada para os lideres da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (FETAPE)
de Garanhuns-PE que participam da formação de base. Ao que concerne ao movimento por uma educação
do campo ainda precisa ser efetivada em alguns espaços sociais, pois se percebe que há resistências em se
tratando da efetivação no campo dos direitos, pois teoricamente a discussão está acirrada, mas no
cotidiano do chão da escola a prática pedagógica se encontra divergente do sentido e significado da
aprendizagem cotidiana.

PALAVRAS-CHAVE: Educação Popular. Movimento Social. Prática Pedagógica

ABSTRACT
The epistemological field that briefly this research is placed in the context of social movements,
specifically that of popular education in the 1960s, having as its precursor Paulo Freire. Accordingly, it is
intended to recognize some social movements whose flag fight education as a perspective of social
emancipation for the subjects of law, especially those entered in the field. Therefore, methodologically
part of a review of the literature, which makes a theoretical contribution on the theme while using
discourse analysis through a semistructured interview for the leaders of the Federation of Agricultural
Workers will be-far-(FETAPE) Garanhuns-PE participating in basic training. Regard to the movement for
rural education still needs to be made in some social spaces, because it realizes that there is resistance
when it comes to execution in the field of human rights, since theoretically the discussion is fierce, but in
the daily life of the school ground pedagogical practice is divergent from the sense and meaning of
everyday learning.

KEYWORDS: Popular Education. Social Movement. Pedagogical Practice

INTRODUÇÃO

A respectiva pesquisa versa sobre os avanços dos movimentos sociais (M.S.),


onde se tem percebido que a educação perpassa pela porta da formalidade, isto é, os
conteúdos são trabalhados de forma lúdica e favorecem para o desenvolvimento
integral, ressignificando os contextos escolares da educação do campo, bem como a
vida dos sujeitos sociais.
O marco referencial que subsidia o diálogo acerca deste objeto de pesquisa está a
luz de autores como Freire (1997); Alfonso Carrillo (1993); Arroyo (2001) e outros. A
problemática que subsidia esta pesquisa é compreender como a formação informal dos
movimentos sociais se dá na base para que os povos do campo venham a ser
protagonistas no processo de ensino-aprendizagem na formação formal dos espaços
sociais, políticos, técnicos e acadêmicos. Bem como, mais especificamente identificar as
ações dos movimentos sociais para fortalecer a formação e capacitação dos povos do
campo, resgatar o processo histórico dos movimentos sociais, suas lutas e conquistas
para os povos do campo e observar como se dá a formação dos povos do campo na base
da comunidade rural.
Metodologicamente, parte da revisão de literatura a luz dos autores supracitados
e análise do discurso por meio de uma entrevista semiestruturada, a qual foi
sistematizada com os lideres da FETAPE em Garanhuns-PE. O tipo de entrevista
utilizado será a semiestruturada, a qual possibilita uma maior liberdade dentro dos
diversos contextos, que será aplicada possibilitando a justa compreensão da realidade de
determinada amostragem. Os dados foram sistematizados por meio da analise do
discurso, dando margem para que pudessem ser inferidas algumas contradições do que
os lideres apresentam no discurso, mas que ainda no contexto não acontece de fato.
Ao que concerne a presente pesquisa é pertinente por poder viabilizar um
entendimento acerca das questões mais perenes da educação em seu sentido de
formação humana. Se de fato a maior preocupação da educação escolar é a formação
humana ou simplesmente formar para o mercado de trabalho, consequência que os
movimentos por uma educação do campo batem de frente a fim da formação de fato
humana.
Os movimentos sociais representados pelas entidades sindicais, como a
Confederação dos Trabalhadores na Agricultura - CONTAG, Federação dos
Trabalhadores na Agricultura - FETAG, Central Única dos Trabalhadores - CUT e
Sindicatos dos Trabalhadores Rurais - STRs bem como, algumas parceiras
Institucionais como as Academias Federais e o Conselho de Adulto da América Latina -
CAAL, no qual, tem proporcionado revolução na educação de forma a promover a
territorialidade, uma vez que na educação do campo se faz necessário uma prática
pedagógica contextualiza, ou seja, trabalhar informalmente para que a aprendizagem
seja significativa.
O ensino informal se dá através de práticas pedagógicas lúdicas, criativas e
dinâmicas. Deste modo, permeando o ensino - aprendizagem de forma a resgatar os
valores culturais inseridos nas raízes campesinas, no sentido de colocar a arte para
transformar o ensino frente às exigências educacionais, para que a prática pedagógica
seja ressignificada no contexto escolar diante da diversidade cultural existente dos
povos do campo. Diante disto, a educação popular é uma alternativa da prática
pedagógica para fortalecer e desenvolver nos educandos o sentido de sujeitos
construtores de sua história, que precisam se reconhecer como gente, e que a realidade é
possível de mudanças, uma vez que a situação posta não é determinante para viverem na
margem da sociedade menosprezada pela burguesia, é o tipo de educação com a "cara"
do contexto social do qual os sujeitos de direitos estão inseridos, promovendo assim o
despertar para a emancipação social.
No que tange a perspectiva da mudança no ensino escolar é a dimensão de
envolver os sujeitos de direitos legais para atuarem como cidadãos críticos e reflexivos
emancipados como autores de suas histórias, protagonistas dos seus direitos e
transformadores de sua realidade, uma vez que em pleno século XXI, se tem escolas
com professores com uma metodologia meramente tradicional, sendo transmissores de
conhecimento, e estimulando o ensino para aprender a ler e escrever e ir para a cidade
grande, promovendo o enredo da velha história, civilização apenas na cidade. E o
campo se degenerando a cada geração. Assim, fica inviável a sustentabilidade da
agricultura familiar, a luta por políticas públicas que viabilizam melhorias na qualidade
de vida dos povos do campo, o reconhecimento como sujeitos protagonistas sociais, que
se reconhecem como membros integrantes deste processo de mudança, e que tenham o
sentimento de pertença ao seu território, as suas origens e aos costumes, crenças e
valores da sua comunidade local.
O contexto educacional vem passando por mudanças significativas no processo
de ensino, uma vez que estamos inseridos em um mundo globalizado e não dá para
continuar com velhas práticas de ensino, mas precisa-se ressignificar a prática
pedagógica, através de momentos informais de ensino, ou seja, utilizar outros meios e
recursos para de fato promover a construção do conhecimento. Assim, bastam usar para
tal, brincadeiras, jogos, programas de rádio, aulas passeio, poesias, dramatizações,
atividades que promovam o contato direto com o produto do conhecimento, sem ser
necessariamente em um quadrado de sala de aula. Diante deste contexto, não muito
recente, surge à educação popular que visa à emancipação do ser, essa história tem raiz
desde a década 1960, inserida nos diálogos educativos por Paulo Freire, que percebeu
na mesma um jeito diferente de fazer educação, ou simplesmente de ensinar.
A educação popular trabalha a favor da formação dos múltiplos campos e
múltiplos sujeitos sociais, fala de Alfonso Carrillo (1993). Assim as praticas educativas
populares dos movimentos sociais promovem as políticas publicas que viabilizam as
melhorias no campo, como principalmente a educação para o campo. Onde visa às
mobilizações culturais, mitológicas, sociais e emotivas, que podem revelar formas
peculiares de expressão revolucionária, frente ao processo superficial do
desenvolvimento integral do ser. Por isto a educação popular desenvolvida pelos
movimentos sociais busca o equilíbrio entre a ação e a verbalização, para combater
todas as formas de descriminação, exclusão social, discriminação de gênero, classe e
etnia. Deste modo, a educação enaltece os seus educandos de forma a transformá-los
socialmente em seu desenvolvimento integral.
Contudo, a educação não deve e nem pode permanecer no âmbito do espaço
escolar, uma vez que a aprendizagem acontece em diversos setores sociais, no qual os
sujeitos podem apreender, através do rádio, como Paulo Freire sistematizou através do
processo dialógico entre os seres. Assim, Freire (1987) nos alerta no sentido de que a
libertação dos oprimidos será obra dos próprios oprimidos. Ou seja, é preciso que todos
os sujeitos que se sintam oprimidos se organizem para saírem de tal condição, e é isto,
que os movimentos sociais através do projeto alternativo de desenvolvimento rural
sustentável e solidário vêm consolidando no decorrer de sua existência, beneficiando
jovens, mulheres, negros, meio ambiente, as diversas etnias, e as classes sociais, isto é,
favorece uma igualdade de relação dos múltiplos sujeitos que interferem nos múltiplos
campos. Deste modo é crucial que na luta pela transformação das estruturas sociais
postas, haja transformação também nos atores sociais, enquanto pessoas críticas,
autônimas, reflexivas, protagonistas da sua própria historia. Os saberes acumulados nos
movimentos sociais evidenciam as ideologias opressoras e colaboram para a
humanização e politização dos atores sociais num processo mediado pelo diálogo, como
respalda Freire (1987). O diálogo é imprescindível para a metodologia dos movimentos
sociais é uma arte de diálogos múltiplos entre os sujeitos em busca da transformação,
ação emancipatória e libertadora dos protagonistas sociais.
Assim a educação popular muda não apenas o jeito de ser e estar na sociedade,
mas a prática de atuar do educador e do educando. Através da partilha dos saberes e
experiências vividas nos diversos espaços sociais formativos. Para reforçar ainda mais a
importância da educação popular nasce a Escola Nacional de Formação-ENAFOR da
Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura – CONTAG, que visa o
fortalecimento das entidades sindicais e a base, com formação política para os atores
sociais que comporta movimento.
Os avanços que a educação popular tem alcançado são frutos de pessoas que
lutam pela causa, os mais conhecidos, Paulo Freire, João Francisco de Souza e outros
autores que constituíram o Conselho de Educação de Adultos da América Latina,
proporcionando ainda mais reformas para a qualificação e proficiência das metodologias
da educação popular, esta que redesenha a educação voltada para o campo,
consolidando suas parcerias institucionais, reconfigurando os territórios e a atuação dos
atores sociais nestes territórios, emancipando os sujeitos de direito, ou seja, diante dos
avanços significativos das conquistas dos movimentos sociais, destaca-se a
ressignificação do reconhecimento da identidade campesina, e a formação
emancipatória dos protagonistas do campo e no campo. Assim, Batista respalda que:
Assim, os movimentos sociais com a resistência e persistência que lhes são
peculiares têm, a partir da mobilização popular, da articulação dos setores
populares organizados da sociedade reivindicar, afirmar, sistematizar e exigir
que o estado programe projetos educacionais identificados com as ideias e
concepções por eles produzidas. Eles estão derrubando as cercas das cidades
universitárias, as cercas dos conhecimentos, conquistando cidadania e
fazendo uma educação identificada com os anseios das classes populares,
com o perfil por eles delineado. Uma educação Popular com os pés fincados
na terra, com a cara dos sujeitos da terra. (BATISTA, 2012, p.16).

Assim, se redesenha também as práticas pedagógicas no e para o campo, de fato a


promover a construção dos saberes empírico-indutivos, possibilitando aos educandos a
emancipação dos cidadãos, estes autores protagonistas do enredo das suas próprias
histórias. Diante disto, a educação popular é uma forma imprescindível para liderar e
transformar a realidade política social e partidária, e principalmente econômica dos
atores sociais para garantir a sustentabilidade do campo e consequentemente da cidade,
com os valores éticos, e os direitos humanos garantidos para todos, reconhecimento e
respeito às diversidades regionais e culturais, promovendo publicações das experiências
vividas dos seus próprios jeitos de serem e estarem na sociedade.

METODOLOGIA

A entrevista tem como ponto característico principal ser uma conversação


sistematizada entre dois indivíduos muito utilizados nas ciências sociais, ao recorremos
à conceituação mais especifica verificaremos que se trata:
A entrevista é um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha
informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de
natureza profissional. É um procedimento utilizado na investigação social, para
a coleta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um
problema social (LAKATOS, 2003,195).

Ao sublinharmos os aspectos que justificariam a escolha desse objeto de coleta,


poderemos situar sobre os objetivos, os quais serão: A averiguação de fatos, e saber
sobre a percepção de cada um em relação ao objeto principal da pesquisa onde, poderá
se mapear um quantitativo de informações que contemplarão o universo estudado de
forma a considerar a subjetividade inferida.
Orlandi (2005, p.15) corrobora para o entendimento de que “a palavra discurso,
etimologicamente, tem em si a ideia de curso, de percurso, de correr por, de
movimento”. Já para Foucault (1986, p. 171) considera que o:
Discurso é o caminho de uma contradição a outra: se dá lugar às que vemos,
é que obedecem à que oculta. Analisar o discurso é fazer com que
desapareçam e reapareçam as contradições, é mostrar o jogo que nele elas
desempenham; é manifestar como ele pode exprimi-las, dar-lhes corpo, ou
emprestar-lhes uma fugidia aparência.

Prática interessante que corrobora para a práxis da teoria e prática em sala de


aula, dai o que o entrevistado fala pode ser comprovado ou refutado a partir da
observação de sua prática pedagógica em sala de aula. É importante então entender a
linguagem e nesse sentido comunga Fairclough (2001, p. 90) ao mencionar sobre
discurso, afirma que “o uso da linguagem como forma de prática social e não como
atividade puramente individual ou reflexo de variáveis situacionais”. Elementos que
subsidiam a representação do mundo em seus aspectos sociais, culturais, políticos,
econômicos e suas significações.
Os discursos a partir do olhar parecem semelhantes, levando em consideração o
contexto, a consciência politica dos sujeitos, o principio ético e os valores, que
aproximam e ao mesmo tempo distanciam as percepções acerca de determinado
elemento. Daí para Pinto (2010, p. 56)
O discurso é movimento dos sentidos, é a palavra se metamorfoseando pela
história, pela língua e pelo sujeito além de constituir um conjunto de práticas
sociais do homem na sua relação com a realidade.

Já para Orlandi (2005, p.15) o sentido da AD. Fica muito evidente, pois “o
discurso é uma palavra em movimento, é uma prática de linguagem. Não há começo
absoluto ou ponto final para o discurso. Um dizer tem relação com outros dizeres
realizados, imaginados ou possíveis.” Isto significa que a fala é articulada mentalmente
e após é discursiva, o intervalo de tempo entre esta ação favorece para organização das
ideias que são sistematizadas de acordo com tal finalidade.

ANÁLISE DOS RESULTADOS

A educação do campo é uma bandeira de luta dos movimentos sociais, a FETAPE,


tem segurado esta bandeira fortemente, pois muitos dos trabalhos que são executados
pela FETAPE estão diretamente ligados a formação de base. Nesse sentido, ao fazer uso
da entrevista semiestruturada ao um dos líderes 1 da formação de base, houve o seguinte
discurso:
Nós que fazemos a educação, fazemos movidos pelo desejo de dias melhores
para nós e para nossos filhos temos sempre conosco a esperança de que um
dia a educação deixe de ser reproduzida para a lógica do mercado capitalista,
a forr do desenvolvimento do ser humano em sua totalidade. Pois o homem
não é só dinheiro. A educação que temos não serve para nós que lidamos com
a terra, porque a tecnologia para o progresso é somente para destruir e não
construir. Diante disso, a formação de base faz toda uma diferença na vida
das pessoas assim como eu, mesmo com pouco estudo, mas tem a formação
politica, aquela que desperta a consciência de que temos valor e que somos
importantes para o desenvolvimento do país.

Desta forma, se pode compreender que os sujeitos mesmo que não possuam
escolarização elevada, se politizam a medida que vão convivendo com aquele
movimento. Assim, vão se apropriando da fala, dos costumes e dos gestos que se
multiplicam enquanto sujeitos coletivos (ARROYO, 2005). Reconhecer de que os

1
Foi preferível escolher esta terminologia a usar do nome do participante. Tendo em vista que as pessoas
que participam dos movimentos sociais são muito alvo de maledicência.
sujeitos que participam do movimento dão a vida a lutas e causas por uma educação
contextualizada que faça sentido e significados ao processo de aprendizagem para vida
dos sujeitos.
A formação de base é imprescindível para se repensar a educação que seja de fato
emancipatória, libertadora e transformadora da vida dos sujeitos que estão inseridos nos
mais diversos contextos sociais. Daí os próprios militantes lideres precisam se
aperfeiçoar para proporcionar a visão diferenciada da educação que não deve está posta
para a lógica do mercado. Nesse sentido, o militante declarou:
Nós estamos a frente do movimento, mas precisamos entender dele para que
a nossa esperança se mantenha firme no enfretamento da opressão que as
classes marginalizadas sofrem, por mais que tenhamos ascensão social de
nível intelectual acerca dos processos postos eurocentricamente, estaremos
sempre nesse embate a fim de consolidar os direitos básicos elementares para
todos, sem distinção das diferenças que o sistema eurocêntrico privilegia
tanto, só usa quem só tem condições a saúde, a educação e os outros tantos
direitos sociais.

No que diz respeito ao processo histórico, o líder, deixou claro quando mencionou
que “a luta por uma educação do campo que esteja de fato comprometida com a vida
dos sujeitos do campo, ela é para toda vida.” Foi importante perceber que desde 1960
mais precisamente que os movimentos sociais tomam para si esta bandeira, mas que
ainda é possível presenciar a realidade com uma disparidade, especialmente porque
quem faz educação no campo não é do campo. Dai a importância de se fazer jus a
formação de base, para que a educação deixe de ser legitimadora da grade que enquadra
todos no mesmo quadrado sem levar em consideração as especificidades.

CONCLUSÃO

A educação popular na lógica dos movimentos sociais tem apresentado uma


bandeira de luta muito forte nas pautas de reivindicações e mobilizações que apresentam
a educação como um direito inalienável, indivisível e universal, o qual todos devem tê-
lo, mas que não seja na lógica da educação para o mercado, mas sim da educação para a
conscientização, autonomia, libertação e transformação social das injustiças sociais, das
quais muitos são acometidos, por serem tratados como os pobres coitados que devem ter
sim educação, mas esta de faz de conta, para ensinar a ler, escrever e calcular e ir
embora para cidade grande porque o campo não lhes dá condições sobrevivência.
Esta educação disciplinar que dialoga para os sujeitos, mas não com os sujeitos
deste processo formativo corrobora apenas para alimentar o sistema capitalista que é
perverso na maioria das vezes. Sendo assim, a educação do campo permeada pela
prática da educação popular corrobora com o processo de libertação, emancipação e
transformação social.
Ainda nesta lógica, a formação de base que a FETAPE oferece para os seus
credenciados ela tem o caráter da pedagogia dialogada horizontalmente, onde dá voz e
vez a todos os sujeitos que estão inseridos no processo formativo. A pedagogia dos
movimentos sociais é de fato freiriana em sua prática porque ela não parte do discurso,
mas sim da ação, é por meio das ações politicas coletivas que os sujeitos vão se
empoderando perante a ordem subversiva que a há muito tem imperado historicamente.
Por conseguinte, os movimentos sociais diante de seu processo histórico muitas
conquistas almejaram e a vida de muitos sujeitos mudaram, os lideres, militantes sempre
ascendem socialmente, ocupando até cargos políticos. Por tudo isso, a luta histórica dos
movimentos sociais jamais tem sido em vão, muitas politicas públicas estão sendo
executadas com as reivindicações dos movimentos sociais, a educação do campo
mesmo vem sendo ressignificada historicamente e também na prática em seu contexto.

REFERÊNCIAS

BATISTA, Maria do Socorro Xavier. Os Movimentos Sociais Cultivando Uma


Educação Popular Do Campo. – UFPB, p.16). Disponível em
http://www.anped.org.br/reunioes/29ra/trabalhos/trabalho/GT06-1780--Int.pdf.
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