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Sobre a obra:
A presente obra é disponibilizada pela equipe Le Livros e seus diversos parceiros, com o objetivo de
oferecer conteúdo para uso parcial em pesquisas e estudos acadêmicos, bem como o simples teste da
qualidade da obra, com o fim exclusivo de compra futura.
Sobre nós:
"Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e
poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível."
A TRAJETÓRIA DO MONOPÓLIO DO
PETRÓLEO NO BRASIL
SOBRE O AUTOR
Luiz Cezar P. Quintans é advogado especializado em direito tributário, empresarial e em Petróleo e Gás.
Professor de diversas universidades e cursos de extensão, já tendo lecionado na UERJ, UFRJ, UGV,
Candido Mendes, IBP, entre outros. Fez diversos cursos de extensão, incluindo pós-graduação e MBA. É
parecerista e articulista. Com vinte e oito anos de carreira jurídica tem atuado em diversos projetos,
instituições, trabalhando no mundo corporativo, exercendo atividades jurídicas para empresas como Eni
Oil, Allied Domecq, White Martins, PriceWaterhouseCoopers, Chocolates Garoto, Adcoas e, também,
tendo participado de alguns escritórios de advocacia e empresas de consultoria. Nos últimos anos tem se
dedicado à indústria de Petróleo, atuando, inclusive, como membro dos comitês legal e tributário do
Instituto Brasileiro do Petróleo - IBP.
DEDICATÓRIA
Esta pequena obra é dedicada à memória de Luiz Carlos Pazos Quintans, um guerreiro que já descansa,
um pai exemplar e um grande amigo que me falta.
SUMÁRIO
1 – A primeira Constituição do Império (1824).
2 - A primeira Constituição da República (1891).
3 - A Constituição de 1934.
4 – As Constituições brasileiras de 1937 e 1946.
5 – O início do Monopólio do petróleo no Brasil.
6 – A Constituição da República Federativa do Brasil de 1967 e a reforma constitucional de
1969.
7 – Contratos de risco.
8 – A corrente Constituição Federal, de 1988.
9 - As Emendas Constitucionais nº 6/95 e nº 9/95 e a flexibilização do Monopólio.
10 – A Lei do Petróleo (Contratos de Concessão)
11 – As novas leis do petróleo: contratos de cessão onerosa e partilha da produção.
11.1 - Lei nº 12.276/2010 e o contrato de Cessão Onerosa.
11.2 - A Lei nº o 12.304/2010 e a autorização para a criação da Pré-Sal Petróleo
S.A. – PPSA.
Exceto pelos contratos de risco da década de 70, a trajetória do Monopólio da União na atividade
econômica de exploração e produção de Petróleo pode ser contada através das leis e das reformas
constitucionais ocorridas no Brasil, desde o Império até os nossos dias.
3 - A Constituição de 1934
A política brasileira teve evoluções e em 1932 tivemos a revolução constitucionalista onde tropas
de São Paulo, militares, voluntários e forças populares lutaram contra o exército brasileiro. Em que pese
a bandeira liberal e democrata, em alguns aspectos a Constituição de 16 de julho de 1934 se afastou da
constituição estadunidense. A Carta de 1934 definiu a competência exclusiva da União para legislar
sobre bens do domínio federal, riquezas do subsolo, mineração, metalurgia, águas, energia hidrelétrica,
florestas, caça e pesca e a sua exploração.
De forma distinta da Constituição anterior começou a diferenciar o solo do subsolo. O Artigo 118
determinava que as minas e demais riquezas do subsolo, bem como as quedas d'água, constituem
propriedade distinta da do solo para o efeito de exploração ou aproveitamento industrial. Já no artigo
119 dizia que o aproveitamento industrial das minas e das jazidas minerais, ainda que de propriedade
privada, dependia de autorização ou concessão federal, na forma da lei. Ainda na Constituição de 1934
estipulou-se que essas autorizações ou concessões só poderiam ser conferidas exclusivamente a
brasileiros ou a empresas organizadas no Brasil, ressalvada ao proprietário preferência na exploração ou
coparticipação nos lucros.
Na reforma constitucional de 10 de novembro de 1937 foi implantado o Estado Novo. Uma carta
autoritária que concentrava o poder no Presidente (Getúlio Vargas). Essa Carta foi conhecida como
polaca por ter sido baseada na Constituição Polonesa e por conta da migração de mulheres polonesas
que, por questões econômicas, muitas delas se viram forçadas à prostituição. À parte do tom pejorativo
da “polaca”, de diferente, essa Carta Política determinou a nacionalização progressiva das minas, jazidas
minerais e quedas d'água ou de outras fontes de energia que continuavam dependendo de autorização
federal. O texto se manteve parecido na Constituição Federal de 18 de setembro de 1946, mas, esta
implantou a intervenção no domínio econômico, em seu artigo 146, mencionando que a “União poderá,
mediante lei especial, intervir no domínio econômico e monopolizar determinada indústria ou atividade.”
Para tanto, a lei determinou que o monopólio fosse exercido pelo CNP – Conselho Nacional do
Petróleo, fazendo o papel de órgão orientador e fiscalizador; e por intermédio de uma empresa, que
estava sendo criada, nesta mesma lei nº 2004, a sociedade por ações chamada “Petróleo Brasileiro S.
A.”. À época de sua criação a União subscreveu a totalidade do capital inicial da Sociedade. Na lei
estava determinado que o capital fosse expresso em ações ordinárias e, para sua integralização, poderia a
União dispor de bens e direitos que possuísse relacionados com o petróleo, inclusive a permissão para
utilizar jazidas de petróleo, rochas betuminosas e pirobetuminosas e de gases naturais. A citada lei, em
seu artigo 10, estabeleceu que a União participasse em todo aumento de capital, mantendo ações
ordinárias de forma que lhe assegurasse pelo menos 51 % (cinqüenta e um por cento) do capital votante.
Se tais bens não bastassem para a integração do capital a União o faria em dinheiro.
A preferência na aquisição de ações era das pessoas jurídicas de direito público interno, todavia
a lei admitia como acionistas:
a) as pessoas jurídicas de direito público interno;
b) o Banco do Brasil e as sociedades de economia mista, criadas pela União, pelos Estados ou
Municípios, as quais em conseqüência de lei, estejam sob controle permanente do Poder Público;
c) os brasileiros natos ou naturalizados há mais de cinco anos e residentes no Brasil uns e outros
solteiros ou casados com brasileiras ou estrangeiras, quando não o sejam sob o regime de comunhão de
bens ou qualquer outro que permita a comunicação dos adquiridos na constância do casamento, limitada a
aquisição de ações ordinárias a vinte mil ações;
d) as pessoas jurídicas de direito privado, organizadas com acionistas brasileiros natos, solteiros
ou casados com brasileiros natos, ou, se casados com estrangeiro, ficavam excluídas as pessoas jurídicas
de direito privado que tivessem como sócios casados com estrangeiros sob o regime de comunhão (total)
de bens, limitado a cem mil ações ordinárias; e
e) as pessoas jurídicas de direito privado, de brasileiros, limitada a aquisição de ações
ordinárias a vinte mil ações.
7 – Contratos de risco
A Carta de 1988 conservou como bens da União os recursos naturais da plataforma continental e
da zona econômica exclusiva; o mar territorial; e, entre outros (art. 20) os recursos minerais, inclusive os
do subsolo. Manteve a competência exclusiva da União para legislar sobre jazidas, minas, outros
recursos minerais e metalurgia. Determinou que pesquisa e a lavra de recursos minerais somente
poderiam ser efetuadas mediante autorização ou concessão da União, no interesse nacional, por
brasileiros ou empresa brasileira de capital nacional, definindo condições específicas quando essas
atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas.
Assim, em 06 de agosto de 1997 surgia a Lei nº 9.478, que é mais conhecida como a “Lei do
Petróleo”, revogando expressamente a Lei nº 2.004/53, criando o CNPE (Conselho Nacional de Política
Energética), a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás natural e Biocombustíveis); e, especialmente,
para regular os contratos de concessão de petróleo com empresas estatais ou privadas.
Em que pese, historicamente, o Brasil já possuir campos de petróleo na área do pré-sal desde
1968, em Sergipe, no Campo de Guaricema, a partir de 2007 o Governo brasileiro, sob a égide
de preservar o interesse nacional e o aproveitamento racional dos recursos energéticos do País, através
do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), determinou a exclusão de 41 blocos, relacionados
à área do pré-sal, da Nona Rodada de Licitações, blocos esses situados nas Bacias de Campos, Espírito
Santo e de Santos.
A partir daí o Governo iniciou avaliações para a mudança no marco regulatório, iniciando uma
grande campanha sobre o pré-sal brasileiro. Em 2008, no Campo Jubarte (Bacia de Campos) foi extraído
óleo da camada do pré-sal e em 2009 iniciaram-se os Testes de Longa Duração na descoberta do Campo
de Tupi.
Dessa nova perspectiva não demoraram muito a aparecer as novas leis do petróleo. Primeiro foi
promulgada a Lei nº 12.276/2010 para abrigar um modelo novo de contrato, exclusivo com a Petrobras,
chamado contrato de Cessão Onerosa.
A cessão onerosa nada mais é que uma troca de títulos públicos da União com a Petrobras Ou
seja, o governo autorizou a exploração de petróleo, em troca de barris de petróleo do pré-sal para a
Petrobras e recebe em torna ações da empresa.
11.2 - A Lei nº o 12.304/2010 e a autorização para a criação da Pré-Sal Petróleo S.A. – PPSA.