You are on page 1of 48

MARINHA Revista

Ano 02 • Número 04 • Abril 2011 www.mar.mil.br


em

Mostrando nossa Força

Operação “Verão”
Marinha intensifica ações
de Inspeção Naval

Enchentes no Rio de Janeiro: os desafios “ASPIRANTEX 2011” Haiti - um ano após


da Marinha em Nova Friburgo o terremoto
p.4 p.18 p.29
Chegamos à 4ª edição da Marinha em Revista comemoran-
do um ano da sua criação. Nesse período, a Comunicação Social
na Marinha passou a utilizar algumas novas ferramentas, como a
“TV Marinha na Web”, a Rádio Marinha e as redes sociais face-

Editorial
book, flickr, twitter e youtube.
Em meio às comemorações dos 50 anos da Comunicação Social
na Marinha, completados no dia 5 de abril deste ano, lançamos a nova
edição da revista que apresenta, como matéria de capa, as atividades
desenvolvidas pela Marinha do Brasil durante a Operação “Verão”, que
ocorre em todo o Brasil, com a finalidade de orientar e educar os con-
dutores de embarcações, principalmente as de esporte e recreio.
A revista também conta com uma reportagem especial, produzida
pelo Centro de Comunicação Social da Marinha, sobre a situação do
Haiti e das tropas de fuzileiros navais, um ano após o terremoto ocor-
rido no país. Outras matérias de destaque são: os apoios prestados
pela Marinha ao Governo do Estado do Rio de Janeiro, por ocasião
da pacificação do Complexo do Alemão e das enchentes ocorridas na
Região Serrana do Estado; a Operação “ASPIRANTEX 2011”, em
que os Aspirantes da Escola Naval embarcam em meios da Esquadra
com a finalidade de aprofundarem os conhecimentos adquiridos ao
longo dos anos de estudo na mais antiga instituição de ensino superior
do Brasil; as atividades do Comando da Força de Minagem e Varredu-
ra, neste ano que completa 50 anos de existência; e o 1º Torneio Inter-
nacional de Pentatlo Naval, realizado no Centro de Educação Física
Almirante Adalberto Nunes (CEFAN).
Apresenta, ainda, entrevista com o Diretor do Centro de Comu-
nicação Social da Marinha, sobre os 50 anos da Comunicação Social
na Força; na editoria Gente de Bordo, o ponto de vista da primeira
Oficial paraquedista militar, a Capitão-de-Corveta (Md) Fátima Te-
resinha Luz Vieira; e, na coluna História Naval, uma matéria sobre
dois conjuntos arquivísticos da Marinha que foram nominados na
UNESCO para o Registro Nacional da Memória do Mundo.
Graças a boa receptividade de nossos leitores e ao grande incen-
tivo que recebemos de diversos segmentos de nossa sociedade, esse
número terá sua tiragem ampliada para 40 mil exemplares, buscando
aumentar, ainda mais, a abrangência da divulgação das atividades de
nossa Força. Uma boa leitura a todos!

Almirante-de-Esquadra Julio Soares de Moura Neto


Comandante da Marinha
MARINHA Revista
Ano 02 • Número 04 • Abril 2011 www.mar.mil.br
em

Mostrando nossa Força

Marinha em Revista é um periódico da Marinha do Brasil, elaborado pelo Centro


de Comunicação Social da Marinha.

Comandante da Marinha
Almirante-de-Esquadra Julio Soares de Moura Neto
MARINHA Revista
Ano 02 • Número 04 • Abril 2011 www.mar.mil.br
em

Mostrando nossa Força

Operação “Verão”
Marinha intensifica ações
Diretor do Centro de Comunicação Social da Marinha de Inspeção Naval
Contra-Almirante Paulo Mauricio Farias Alves

Vice-Diretor do Centro de Comunicação Social da Marinha


Capitão-de-Mar-e-Guerra Eduardo Machado Vazquez

Assessor de Produção e Divulgação do


Centro de Comunicação Social da Marinha
Capitão-de-Fragata Rogerio da Rocha Carneiro Bastos
Enchentes no Rio de Janeiro: os desafios “ASPIRANTEX 2011” Haiti - um ano após
da Marinha em Nova Friburgo o terremoto
p.4 p.18 p.29

Assessor-Adjunto de Produção e Divulgação do


Centro de Comunicação Social da Marinha
Capitão-de-Corveta Marcus Teixeira da Silva
Fotografias
Arquivos da Marinha do Brasil
Jornalista responsável
e colaboradores
Capitão-Tenente (T) Felipe Picco Paes Leme
Foto da capa
Organização do material editorial
Terceiro-Sargento (MR) Elinaldo
Capitão-Tenente (T) Felipe Picco Paes Leme
Sales Trindade
Primeiro-Tenente (RM2-T) Juliana de Campos Echeverria
Tiragem
Revisão
40.000 exemplares
Capitão-de-Fragata Rogerio da Rocha Carneiro Bastos
Impressão e distribuição
Projeto editorial
Helo Gráfica e Editora LTDA
Centro de Comunicação Social da Marinha
Centro de Comunicação Social
TDA Brasil
da Marinha
www.tdabrasil.com.br
Esplanada dos Ministérios, Bl. N,
Projeto gráfico: João Filipe de Souza Campello
Anexo A, 3o andar
Direção de arte e diagramação: Rael Lamarques
Brasília • DF • CEP 70055-900
Telefone (61) 3429-1831
Brasília, abril de 2011.
www.mar.mil.br
faleconosco@ccsm.mar.mil.br
OPERAÇÃO “VERÃO” Tarefas especiais
Enchentes no Rio de
Esportes
Instalações aprovadas  34
MARINHA INTENSIFICA Janeiro: os desafios da Marinha Gente de Bordo
em Nova Friburgo 4
AÇÕES DE Capitão-de-Corveta (Md)
Em busca da pacificação 8 Fátima Teresinha Luz Vieira  38
INSPEÇÃO NAVAL Operações Entrevista

22
Homens de ferro Contra-Almirante Paulo
em navios de madeira 14 Mauricio Farias Alves 40
Carreira Naval Artigo
“ASPIRANTEX 2011” 18 Navio de Assistência Hospitalar
Reportagem “Soares de Meirelles” 42
Haiti – um ano após História Naval
o terremoto  29 Conjuntos Arquivísticos
nominados na UNESCO 43
Enchentes no Rio de
Tarefas Especiais

Janeiro: os desafios
da Marinha em
Nova Friburgo
Por Primeiro-Tenente (RM2-T) Fayga Cruz Soares Pinto e
Primeiro-Tenente (RM2-T) Karla Nayra Fernandes Pereira
Fotos: Comando do 1º Distrito Naval / Comando da Força de
Fuzileiros da Esquadra

A
previsão meteorológica em ja-
Médicos, enfermeiros, farmacêuticos e fuzileiros navais. neiro indicava fortes chuvas para
Uma tropa unida e preparada para ajudar pessoas a Região Serrana fluminense,
atingidas pela mesma fatalidade. A tragédia castigou mas o que não se imaginava era que

uma das regiões mais belas do Rio de Janeiro. Naquele os estragos seriam tão grandes. Se-
gundo dados da Defesa Civil, o gran-
momento, militares da Marinha do Brasil levaram um
de volume de águas deixou quase 35
pouco de alívio à população. mil pessoas desabrigadas. Petrópolis,

4
Teresópolis e Nova Friburgo foram e devastada pela tragédia retratava o (ComFFE) mobilizou o primeiro des-
os municípios mais devastados com as desespero coletivo da população local. tacamento de militares para a cidade.
inundações e os deslizamentos de en- Nova Friburgo transformou-se em Dois dias depois dos deslizamentos,
costas que destruíram casas, levaram um verdadeiro cenário de guerra. o Hospital de Campanha da Marinha
pessoas e arrasaram áreas de lavoura. (HCamp) começou a ser montado na
As enchentes começaram na ma- A PARTICIPAÇÃO DA MARINHA Prefeitura da cidade de Nova Fribur-
drugada do dia 11 de janeiro de 2011. No dia seguinte, o Comando da go, com capacidade para atender cer-
O desenho de uma região desolada Força de Fuzileiros da Esquadra ca de 400 pacientes por dia. Mesmo

MARINHA em Revista Ano 02 • Número 04 • Abril 2011 5


em locais onde, muitas vezes, a ajuda
humanitária não chegava por terra.
Tarefas Especiais

Assim, a Marinha empregou, também,


dois tipos de aeronaves no apoio logís-
tico: um helicóptero UH-14 “Super
Puma” e dois UH-12 “Esquilo”. As ae-
ronaves tranportaram, principalmen-
te, as equipes de resgate do Corpo de
Bombeiros e da Defesa Civil.
Em uma das saídas para levar
mantimentos a uma região conhe-
cida como Alto Floresta, diversos
obstáculos estavam espalhados pelo
chão. A grande quantidade de lama,
que facilmente atolaria um carro co-
mum, não impediu que os caminhões
“UNIMOG” da Marinha chegassem
Militar da Marinha realiza atendimento médico no HCamp
até lá. Os caminhões possuem um re-
curso que permite o controle da cali-
bragem dos pneus, fazendo com que
antes da abertura oficial do hospital, para atuar no HCamp e, também, de eles tenham mais aderência ao solo.
profissionais da saúde começaram a moradores da região que, por iniciati-
trabalhar, realizando atendimentos de va própria, ofereciam-se para guiar os A POPULAÇÃO E OS MILITARES
emergência. Durante os 11 dias de fun- comboios da Marinha. A capacidade A relação entre a população e os
cionamento, a Marinha do Brasil con- de operar em situações de emergência militares da Marinha era de amiza-
tabilizou mais de 2200 atendimentos. possibilitou aos militares concluírem a de e admiração. “Nós sabemos que
Assim que foi iniciada a operação de montagem do HCamp rapidamente. os militares não querem nada em
apoio, a Força de Fuzileiros da Esquadra No dia 14 de janeiro, o Hospital abriu troca, eles estão aqui para cumprir a
organizou a saída dos comboios da cida- as portas a plena carga suprindo a de- missão”, declarou o morador Carlos
de do Rio de Janeiro. O primeiro levou manda por serviços de saúde. Médicos Antônio da Silveira, voluntário que
seis médicos da Unidade Médica Expe- e fuzileiros navais trabalharam juntos acompanhou e ajudou as vítimas des-
dicionária da Marinha (UMEM) e cerca por uma mesma causa: ajudar os cida- de o início dos alagamentos.
de 15 viaturas. Nele, estavam, também, dãos de Nova Friburgo a restabelece-
o Grupamento Operativo de Fuzileiros rem suas vidas.
Navais (GptOpFuzNav) e 35 militares Durante a permanência da Marinha
do Grupamento de Segurança. do Brasil na região, comboios com via-
Com um posto já estabelecido, os turas de fuzileiros navais levavam, duas
militares se estruturaram para receber vezes ao dia, suprimentos às áreas de
reforço. A ajuda veio, inclusive, de pro- difícil acesso, onde carros de passeio
fissionais de saúde e civis, que chega- não conseguiam chegar. A devastação
vam a todo momento, voluntariando-se deixou milhares de pessoas isoladas,

“Nós sabemos que os militares não querem nada em


troca, eles estão aqui para cumprir a missão”. Hospital de Campanha da Marinha do Brasil
Morador Carlos Antônio da Silveira

6
“A Medicina Operativa Marinha já possui um histórico con-
siderável de adestramentos. Estamos
da Marinha do Brasil sempre prontos para o pior”.
está escrevendo uma Desde o momento em que se é con-
importante história, vocado para uma operação como essa,
no momento em que até a mobilização das equipes, o que
realiza atendimentos em ocorre é uma verdadeira corrida contra
o tempo. O médico revela que ele foi
situações de grandes chamado às 9h30 do dia 12 de janei-
catástrofes”. ro e no dia seguinte já estava em Nova
Diretor do HCamp de Nova Friburgo com o comboio que levou o
Friburgo, Capitão-de-Fragata Distribuição de doações à população
primeiro destacamento de pessoal.
(Md) Carlos Eduardo Ferreira Ao fazer uma comparação entre o
de Mesquita Eduardo Ferreira de Mesquita, mé- terremoto ocorrido no Chile, no ano
dico que já esteve no Haiti e no Chi- passado, e as enchentes em Nova Fri-
Durante as distribuições de dona- le, quando a Marinha se mobilizou burgo, o Capitão-de-Fragata (Md)
tivos, que chegavam à região vindos por ocasião dos terremotos ocorri- Carlos revela que o impacto foi mui-
de todo o Brasil, havia um controle dos no ano passado. to maior na Região Serrana do Rio.
rigoroso para que nenhum material Para ele, a Medicina Operativa da “Aqui, o nível de desespero das pes-
fosse desperdiçado. Desse modo, o Marinha é tão bem adestrada que as soas foi muito maior. Além do serviço
Comandante do GptOpFuzNav, Capi- situações de dificuldades não o sur- para o qual estamos capacitados, nós
tão-de-Mar-e-Guerra (FN) Yerson de preendem, são condições normais acabamos dando um apoio psicológi-
Oliveira Neto, acompanhava, periodi- de trabalho. “Não é a primeira nem co. Em anos de carreira militar, nunca
camente, as ações de distribuição. Para a segunda vez que atuamos em ca- vi nada parecido com o que aconteceu
ele, era importante saber se as tarefas tástrofes. A Medicina Operativa da nessa região”, declarou
estavam sendo cumpridas com eficácia.
“Eu queria identificar se as ações que
estávamos executando estavam ocor-
rendo como planejamos: chegando
longe do centro da cidade, ou seja,
nos locais onde realmente precisa-
vam”, explicou.

PRONTOS PARA O PIOR: A ATUAÇÃO DA


MEDICINA OPERATIVA
“A Medicina Operativa da Mari-
nha do Brasil está escrevendo uma
importante história, no momento
em que realiza atendimentos em
situações de grandes catástrofes.
A capacidade de mobilização nessas
situações é um marco e está se tor-
nando referência”. A avaliação é do
Diretor do HCamp de Nova Fribur-
Vítima das enchentes é atendida por militares da Marinha no HCamp
go, Capitão-de-Fragata (Md) Carlos

MARINHA em Revista Ano 02 • Número 04 • Abril 2011 7


Tarefas Especiais

Em busca
da pacificação
Tropas de fuzileiros navais apoiam o
Governo do Estado do Rio de Janeiro
em ações de pacificação na cidade
Por Primeiro-Tenente (RM2-T) Fayga Cruz Soares Pinto
Fotos: Comando da Força de Fuzileiros da Esquadra
A
Marinha não atuou diretamente
no combate às ações violentas dos
Tarefas Especiais

.criminosos e sim prestando apoio


logístico de transporte à Polícia Militar
do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ),
para dar mobilidade e proteção blin-
dada a ela”. A frase do Comandante
do Batalhão Logístico de Fuzileiros
Navais (BtlLogFuzNav), que atuou
na Operação “Rio 2010”, Capitão-de-
-Mar-e-Guerra (FN) Carlos Chagas

Vianna Braga, é um retrato da atuação da


Marinha do Brasil durante a retomada
de algumas comunidades da capital flu-
minense das mãos do crime organizado.
Em 24 de novembro de 2010, o
Governador do Estado do Rio de Após a pacificação, fuzileiros navais levam a imprensa ao topo da comunidade
Janeiro, Sérgio Cabral Filho, solici-
tou, por intermédio do Ministério da
Defesa, o apoio da Marinha do Brasil Em menos de 12 horas após o pe- de novembro, os blindados da Mari-
para conter uma série de ataques cri- dido do Governador, 130 fuzileiros nha entraram nas estreitas ruas da Vila
minosos que a cidade vinha sofrendo. navais e blindados do Comando da Cruzeiro, possibilitando a retomada da
O propósito foi utilizar, temporaria- Força de Fuzileiros da Esquadra (FFE) comunidade pela Polícia Militar.
mente, o material logístico e de trans- entraram em ação na operação que No domingo (28), uma ação parecida
porte da Força no apoio às polícias teve como objetivos a Vila Cruzeiro aconteceu, mas desta vez no Complexo
civil e militar. e o Complexo do Alemão. No dia 25 do Alemão, quando um dos lugares mais

Fuzileiros navais e militares do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) da PMERJ definem a estratégia da operação

10
perigosos da cidade do Rio de Janeiro Blindadas sobre Rodas “Piranha III” Capitão-de-Mar-e-Guerra (FN) Carlos
foi retomado e ocupado pela polícia, e quatro Carros Lagarta-Anfíbios Chagas “a Marinha atuou dentro da
que hasteou as bandeiras do Brasil e do (CLAnf), além de duas Viaturas Blinda- estratégia traçada pela Polícia Mili-
Estado do Rio de Janeiro, simbolizando das de Socorro, de carretas, caminhões tar. Todo apoio foi realizado por meio
o retorno da presença e do controle do e viaturas leves. de viaturas blindadas e equipamentos,
Estado na comunidade. As barricadas usadas pelos trafican- como óculos de visão noturna”. Fato
tes foram facilmente transpostas pelos vivenciado por um policial do Bata-
TRANSPONDO OBSTÁCULOS blindados da Marinha do Brasil, que lhão de Operações Especiais (BOPE),
Para essa operação, a Marinha dis- possuem mecanismos de tração ro- segundo ele, sem os blindados da Ma-
ponibilizou 15 blindados operacio- dando em cima de uma esteira de aço. rinha seria impossível vencer os obstá-
nais, sendo seis Viaturas Blindadas so- A blindagem dos carros facilitou a culos: “Muitas vezes demoramos horas
bre Lagartas (M-113), cinco Viaturas proteção das tropas. De acordo com o ou até mesmo dias para avançar alguns

“A Marinha atuou dentro da estratégia traçada pela Polícia Militar. Todo apoio foi
realizado por meio de viaturas blindadas e equipamentos, como óculos de visão noturna”.
Capitão-de-Mar-e-Guerra (FN) Carlos Chagas

MARINHA em Revista Ano 02 • Número 04 • Abril 2011 11


“O reforço de apoio
logístico com transportes,
viaturas e equipamentos
foi importantíssimo
para o combate a esses
criminosos, sobretudo em
algumas regiões, como a
Vila Cruzeiro”.
Governador do Estado do Rio de
Janeiro, Sérgio Cabral Filho

Após a retomada dos territórios,


CMG (FN) Carlos Chagas concede entrevista à apresentadora Ana Maria Braga
antes ocupado por traficantes, a ro-
tina dos moradores, que viveram
metros. Os blindados foram impor- o êxito das nossas operações”. Ainda, décadas sob a opressão do crime or-
tantes. Em 20 minutos estávamos no segundo ele, a articulação bem tra- ganizado, foi alterada pela presença
topo do morro”, afirmou. Também balhada entre a Marinha do Brasil e dos militares, quando os trabalhos
participaram da operação efetivos da a PMERJ foi fundamental para o su- sociais e serviços públicos voltaram
Polícia Federal e da Polícia Civil. cesso das ações. “O reforço de apoio a ser realizados. Entre eles, ativi-
O Governador Sérgio Cabral falou logístico com transportes, viaturas e dades básicas como o recapeamen-
sobre os resultados positivos da opera- equipamentos foi importantíssimo to do asfalto, recolhimento de lixo,
ção. “A minha solicitação ao Ministro para o combate a esses criminosos, so- conserto da rede elétrica e obras do
Nelson Jobim e ao Presidente Lula foi bretudo em algumas regiões, como a Programa de Aceleração do Cresci-
prontamente atendida, o que permitiu Vila Cruzeiro”. mento (PAC).

O “M-113”, veículo movido sobre


esteiras, capaz de se movimentar em
qualquer tipo de terreno, é um dos
mais usados em áreas de conflitos. Ele
pesa 10,5 toneladas, possui como arma
principal uma metralhadora 12,5 milí-
metros e carrega 11 militares armados
e equipados, além de dois tripulantes.
O “M–113” foi empregado nos pri-
meiros momentos devido a sua grande
capacidade de apoiar com mobilidade e
proteção blindada.

12
“Fica muito claro que
estamos numa mudança
de paradigma”.
Ministro da Defesa,
Nelson Jobim
ocupação das comunidades do Com-
plexo de São Carlos, Mineira e adja-
cências, na operação denominada “Rio
II”. Na ocasião, foi ativado um Grupa-
Elementos do BOPE em blindado da Marinha
mento Operativo de Fuzileiros Navais
(GptOpFuzNav-RIO II), envolvendo
O Ministro da Defesa, Nelson Grande parte do efetivo do Corpo de 150 militares e 17 viaturas blindadas
Jobim, afirmou que a mudança de pa- Fuzileiros Navais enviado para a Opera- pertencentes à FFE
radigma que vem ocorrendo foi fun- ção “Rio 2010” já possuía conhecimento
damental para o sucesso da operação. adquirido em missões no Haiti, onde as
“Fica muito claro que estamos numa tropas atuam em conjunto com forças de
mudança de paradigma no que diz res- segurança locais e internacionais, o que
peito às relações entre o Ministério da facilitou o trabalho no Rio de Janeiro.
Defesa e os governos estaduais. E, tam-
bém, uma mudança de paradigma nas SÃO CARLOS, MINEIRA E ADJACÊNCIAS
relações entre as forças militares fede- No dia 6 de fevereiro de 2011, a
rais com a força civil do Ministério da Marinha do Brasil prestou, novamente,
Justiça, que é a Polícia Federal, junto apoio logístico de transporte blindado
com as forças militares e civis dos Esta- ao BOPE e ao Batalhão de Polícia de
dos federados”, defendeu. Choque da Polícia Militar (BPChq) na

O Carro Lagarta-Anfíbio (CLAnf)


pesa 22 toneladas, permite o desem-
barque da tropa do mar para a terra e
trafega tanto em mar quanto em terra
com muita facilidade. Pode transportar
até 22 militares armados e equipados
com uma guarnição de três tripulantes.

O veículo sobre rodas “Piranha III”


é de fabricação suíça (empresa Mowag),
tem grande capacidade de mobilidade,
levando até 11 militares mais dois tri-
pulantes. É a mesma viatura atualmen-
te utilizada pelas tropas de fuzileiros
navais no Haiti.

MARINHA em Revista Ano 02 • Número 04 • Abril 2011 13


Homens de ferro em
Operações

navios de madeira
Conheça um pouco das atividades de Minagem e Varredura, de
fundamental importância para a proteção de nossa Esquadra
Por Capitão-de-Fragata Rogerio da Rocha Carneiro Bastos e
Primeiro-Tenente (RM2-T) Karla Nayra Fernandes Pereira
Fotos: Antonio Netto
“A simples disseminação de que um país tenha plantado uma
mina obriga o oponente a realizar operações de contramedida
de minagem, interditando o fluxo marítimo na área”.
Comandante da Força de Minagem e Varredura, Capitão-de-
Fragata Claudio da Costa Reis de Sousa Freitas

A
o embarcarmos em um Navio- sido minadas pelo inimigo, fazendo
Varredor (NV), logo percebe- com que as minas marítimas sejam
mos que se trata de um navio neutralizadas ou destruídas.
diferente. Primeiramente, pelos inú- A Força de Minagem e Varredura
meros equipamentos de cores distin- está sediada na BNA. O lema “Onde a
tas dispostos em seu convés. Ao cru- Esquadra for, nós estivemos” exprime
zarmos a prancha, do cais para bordo, a tarefa desses meios que é proteger
observamos que toda a estrutura é os navios da Esquadra. Em uma área
de madeira: casco, convés, anteparas, em que há suspeita da presença de mi-
quilha e cavernas. Essas característi- nas, os navios da Esquadra só podem
cas são inerentes ao tipo de tarefa que passar depois dos Navios-Varredores,
o navio desempenha. pois são eles que vão eliminar as mi-
A atividade de um varredor requer nas que possam ameaçar os navios de
que o mesmo atenda a requisitos mui- grande porte.
to rigorosos quanto ao magnetismo e Segundo o Comandante da Força
ruídos emitidos, a fim de evitar que a de Minagem e Varredura, Capitão-
passagem do mesmo sobre uma mina de-Fragata Claudio da Costa Reis de
de influência acústica ou magnética Sousa Freitas, uma única mina pode
cause o acionamento do artefato. Para parar o tráfego marítimo em uma área.
que a unidade seja protegida, toda a “A simples disseminação de que um
estrutura é feita em madeira e, sempre país tenha plantado uma mina obriga o
que possível, os equipamentos metáli- oponente a realizar operações de con-
cos são amagnéticos. Seus eixos, héli- tramedida de minagem, interditando o
ces, lemes, ferro e amarra são fabrica- fluxo marítimo na área”, explicou.
dos em aço inox; seus balaústres, em
bronze; e seus equipamentos de var- “HOMENS DE FERRO EM
redura, em fibra de vidro e alumínio. NAVIOS DE MADEIRA”
No caso dos motores de combus- Ao fazer-se ao mar, o característico
tão e máquinas auxiliares, que só são ranger do madeirante faz do Navio-
fabricados em materiais magnéticos, -Varredor uma paixão para quem nele
antes de serem instalados a bordo, serve. As fainas marinheiras realizadas
passam por um processo de desmag- a bordo exigem grande empenho, es-
netização realizado na Base Naval de forço e atenção da tripulação. Daí a
Aratu (BNA), em Salvador. expressão “homens de ferro em na-
Discreto, esse tipo de navio realiza vios de madeira”. Ela reflete a difi-
ações de contramedida de minagem, culdade e a peculiaridade do trabalho
ou seja, varre áreas que possam ter desses militares.

MARINHA em Revista Ano 02 • Número 04 • Abril 2011 15


Operações

As manobras com cabos de aço e Capitão-Tenente Ricardo do Nascimento “Essa é uma atividade que
equipamentos de varredura, alguns Leira, para executar as operações de mina-
chegando a pesar mais de uma tonela- gem e varredura é preciso muita atenção.
envolve muitos detalhes e
da, aliadas ao jogo do navio ao sabor do “Essa é uma atividade que envolve equipamentos pesados. Para
mar, tornam o dia a dia de bordo extre- muitos detalhes e equipamentos pesa- que a manobra seja executada
mamente desgastante. Mesmo o Co- dos. Para que a manobra seja executada com perfeição, é necessário o
mandante que, nessa classe de navios, com perfeição, é necessário o máximo
máximo de atenção”.
acompanha toda a manobra do tijupá de atenção”.
Comandante do Navio-Varredor
– convés mais alto do navio -, fica sujei-
“Araçatuba”, Capitão-Tenente
to às variações climáticas, pois a área é A ATIVIDADE DE VARREDURA
coberta, em parte, apenas por um toldo.
Ricardo do Nascimento Leira
Em meio aos inúmeros equipa-
De acordo com o Comandante mentos dispostos em berços pelo con-
do Navio-Varredor “Araçatuba”, vés principal, as cores diferenciam as características e empregos dos mes-
mos. Cada tipo de varredura faz uso
de diferentes itens que são responsá-
veis pelas eficiência e eficácia da lim-
peza de um campo minado.
Existem três tipos de varredura:
mecânica, acústica e magnética. Na
varredura mecânica, peças conhecidas
como tesouras, presas a dois cabos de
aço, são lançadas ao mar, associadas
a dispositivos que garantem a flutu-
abilidade, abertura e profundidade da
varredura. Dessa forma, no momento
em que as tesouras passam pela mina,
elas cortam o cabo que a prende ao
Recolhimento de boia de demarcação de canal varrido
fundo, fazendo com que a mesma

16
FORÇA DE MINAGEM E VARREDURA COMPLETA 50 ANOS

Em 2011, a Força de Minagem e Em meados dos anos 70, a Mari-


Varredura completa 50 anos. Criada nha decidiu renovar as unidades do
em 1961, inicialmente subordinada Esquadrão, encomendando a cons-

Operações
ao Comando do Primeiro Distri- trução de seis novos Navios-Varre-
to Naval, contava com os Navios- dores à Alemanha. Entre 1971 e 1972,
-Varredores “Javarí” (M-11) e “Jutaí” foram recebidos os quatro primeiros,
(M-12), então recebidos da Marinha batizados com os nomes de “Aratu”
norte-americana. Dois anos depois, (M-15), “Anhatomirim” (M-16), “Ata-
passou à subordinação da Esquadra, laia” (M-17) e “Araçatuba” (M-18).
contando também, com os Navios- Em fevereiro de 1976, chegaram os
-Varredores “Juruá” (M-13) e “Jurue- dois últimos, “Abrolhos” (M-19) e
na” (M-14) e com os Navios-Patrulha “Albardão” (M-20).
“Piranha”, “Piraquê” e “Pirapiá”. Em Em 1977, foi alterada sua deno-
1967, passou a chamar-se Esquadrão minação para Força de Minagem e
de Minagem e Varredura. Varredura.

venha à superfície, ficando visível


Lançamento de varredura acústica
para que seja destruída.
Na varredura acústica, um equipa-
mento denominado martelo simula a
assinatura acústica de um determinado
navio, ou seja, o ruído por ele produzi-
do. A mina capta o som emitido, cor-
relacionando-o com o som real de um
navio, sensibilizando, assim, seu dispo-
sitivo de acionamento e detonação.
Na varredura magnética, por sua
vez, é empregado um equipamento
conhecido como cauda magnética,
ou um outro dispositivo rebocado,
conhecido pela sigla HFG, que igual-
mente simulam o campo magnético
de um navio específico.
Com isso, a mina percebe o campo
magnético gerado e, da mesma forma,
é ativada e detonada. Existe, ainda, a
varredura combinada, que consiste no uma assinatura pessoal, ou mesmo uma captar, com precisão, essas emissões
emprego simultâneo de duas das va- impressão digital. de cada navio.
riações descritas acima. Para que se possa proteger as Os dados coletados são utiliza-
unidades navais de minas de influ- dos pelos armários de regulação dos
ASSINATURAS ACÚSTICA E MAGNÉTICA ência acústica e magnética, faz-se Navios-Varredores - equipamentos
A terminologia assinatura refere-se necessário conhecer suas assina- responsáveis pela reprodução dessas
a um conjunto único de características turas. Para isso, a Marinha possui assinaturas no pulsar dos martelos
que individualiza cada navio, tal qual raias especialmente montadas para acústicos, cauda magnética e HFG

MARINHA em Revista Ano 02 • Número 04 • Abril 2011 17


Carreira Naval

“ASPIRANTEX 2011”
Preparando os futuros Oficiais da Marinha do Brasil
Por Capitão-de-Corveta (T) Carla Cristina Daniel Bastos de Pointis
Fotos: Suboficial (CN) Edson Tenório Silva e Primeiro-Sargento (CP)
Edmilson Coelho Auto

A
A Marinha do Brasil realiza, anualmente, a Operação té o final da viagem, fruto das
experiências e dos ensinamentos
“ASPIRANTEX” com o propósito de orientar os futuros
colhidos, os 170 Aspirantes do
Oficiais na cuidadosa tarefa de escolherem a carreira que segundo ano puderam optar por um
desejam seguir dentro da Força. Embarcados nos navios dos três Corpos: Armada, Fuzileiros
da Esquadra, 253 Aspirantes da Escola Naval (EN) Navais ou Intendentes da Marinha.
Os Aspirantes do terceiro ano da
partiram da Base Naval do Rio de Janeiro (BNRJ), no dia
Armada aproveitaram para aprofun-
7 de janeiro de 2011, a bordo dos navios componentes do dar os conhecimentos acerca de suas
Grupo-Tarefa (GT), para acompanhar e Habilitações: Eletrônica, Mecânica
participar de exercícios no mar. ou Sistema de Armas e ratificar suas

18
“Os efeitos desejados em
relação à ‘ASPIRANTEX’
são que ela seja um
fator decisivo para os
Aspirantes do segundo
ano fazerem suas
escolhas; e que contribua
de forma plena no
aprimoramento e no
preparo dos Aspirantes do
terceiro ano”.
Contra-Almirante Wagner Lopes
de Moraes Zamith

e um UH-13 “Esquilo” e um UH-14


“Super Puma”. Segundo o Comandan-
te do GT, Contra-Almirante Wagner
Lopes de Moraes Zamith, “os efeitos de-
sejados em relação à “ASPIRANTEX”
são que ela seja um fator decisivo para
os Aspirantes do segundo ano fazerem
suas escolhas; e que contribua de forma
plena no aprimoramento e no preparo
dos Aspirantes do terceiro ano”.
No decorrer da operação, consti-
tuída de três fases de mar, também
foram empregadas aeronaves de asa
fixa AF-1 “Skyhawk”, da Marinha do
Brasil; meios navais distritais; e aero-
naves da Força Aérea Brasileira, como
figurativos inimigos e em apoio ao
adestramento; e os Submarinos “Ta-
moio” (S31) e “Timbira” (S32), que
escolhas, como foi o caso do Aspirante dos meios da Esquadra na execução das
participaram dos exercícios de trân-
Leonardo Vaz que afirmou: “Ao longo manobras marinheiras, foi composta
sito em área com ameaça submarina.
desses dois anos de Escola Naval, tive pelas Fragatas “Niterói” (F40) - Na-
contato com assuntos relativos ao vio Capitânia -, “Constituição” (F42)
Corpo de Intendentes da Marinha e e “Bosisio” (F48); o Navio de Desem- EXERCÍCIOS NAVAIS
ao Corpo de Fuzileiros Navais, mas barque de Carros de Combate “Almi- O GT partiu rumo ao Sul do País
optei pelo Corpo da Armada. Essa rante Saboia” (G25); o Navio-Tanque e, posteriormente, foi dividido em
participação na “ASPIRANTEX” só “Almirante Gastão Motta” (G23); e a duas Unidades-Tarefa (UT), uma que
está reafirmando a minha escolha”. Corveta “Frontin” (V33). Como ae- demandou Buenos Aires (Argenti-
A comissão, que visou também apri- ronaves orgânicas, participaram dois na) e outra, Montevidéu (Uruguai).
morar o adestramento das tripulações AH-11A “Super Lynx”, um UH-12 Logo ao sair da BNRJ, foi feita uma

MARINHA em Revista Ano 02 • Número 04 • Abril 2011 19


desatracação sob ameaça assimétrica,
assunto amplamente estudado entre
as principais Marinhas do mundo. Na
Carreira Naval

ocasião, lanchas da Capitania dos Por-


tos do Rio de Janeiro e outras embar-
cações descaracterizadas simularam
um ataque aos navios do GT. A re-
ação dos meios e dos militares en-
gajados na operação mostrou a im-
portância do preparo e da prontidão
desde o suspender.
Entre os Aspirantes, principalmen-
te os do segundo ano, o clima foi de
muita vibração, pois eles não espera-
vam participar de exercícios com o
realismo de uma situação de combate,
conforme afirmou o Aspirante Renato Formatura de Aspirantes e tripulação do navio no convoo do NDCC “Almirante Saboia”

Silvino da Costa Teixeira: “ Nós chega-


mos aqui, recebemos a programação,
puderam observar manobras de “leap de avaliar o grau de adestramento dos
mas não sabíamos o que iria acontecer
frog” (posicionamento lateral de dois meios e do pessoal e explorar ao máxi-
realmente. Está sendo uma grande ex-
navios em movimento), seguido de mo as opções de observação de exercí-
periência e, sem dúvida, será decisivo
“light-line” (passagem de um cabo de cios que são oferecidas aos Aspirantes.
para a escolha da minha carreira”.
distância entre dois navios) e transfe- A primeira fase de mar da
No decorrer da comissão, foram re-
rência de carga leve, com troca de ma- “ASPIRANTEX” estendeu-se até o
alizadas manobras táticas que incluíram
terial entre um navio e outro. Proble- dia 13 de janeiro, quando os navios
manutenção dos navios em formatura,
mas de batalha e exercícios típicos de atracaram em seus portos de destino
alteração de postos e interpretação de
combate foram conduzidos de forma e ficaram abertos à visitação públi-
sinais táticos e bandeiras. Essas tarefas
inopinada, por determinação do Co- ca. Para os Aspirantes, esse também
fazem parte do preparo dos Oficiais
mandante do GT, com o propósito foi um período de aprendizado. Eles
que concorrem ao serviço no Passadiço,
no Centro de Operações de Combate
(COC) e no Centro de Informações de “Está sendo uma grande experiência e, sem dúvida,
Combate (CIC). Outro exercício enri- será decisivo para a escolha da minha carreira”.
quecedor e que requereu muita atenção Aspirante Renato Silvino da Costa Teixeira
dos Aspirantes foi o trânsito sob ameaça
aérea. Nesse caso, o GT foi ameaça-
do pelas aeronaves de asa fixa AF-1 da
Marinha do Brasil, que realizaram so-
brevoos rasantes sobre os navios, simu-
lando os ataques. Para se protegerem, os
navios mudaram seus postos na forma-
tura e prepararam seus armamentos para
engajarem contra as aeronaves hostis.
A bordo do NDCC “Almirante
Saboia” (G25) - meio onde embarcou
Aspirantes recebem adestramento durante a “ASPIRANTEX”
a maior parte dos Aspirantes -, estes

20
monta é realizada, aproveita-se a “Os Oficiais se empenharam
oportunidade para realizar Ações Cí-
vico-Sociais (ACISO). Na ocasião,
ao máximo para mostrar
foi realizada doação voluntária de o melhor dos navios e da
sangue e de itens de vestuário. Em Marinha no mar”.
cerimônia oficial, no convoo do Contra-Almirante Zamith
NDCC “Almirante Saboia”, foi assi-
nado o termo de doação do material AVALIAÇÃO DA OPERAÇÃO
que foi entregue ao Secretário de A “ASPIRANTEX 2011” foi finali-
Ação Social e Cidadania do Municí- zada no dia 28 de janeiro, após comple-
pio de Rio Grande, Leonardo Salum. tar sua 3ª fase de mar, perfazendo um
O Secretário, ao conceder entrevista total de 21 dias. O Contra-Almirante
às emissoras de televisão da região e Zamith concluiu, no balanço final da
à TV Marinha na web, emocionou- comissão, que ela atingiu plenamente
-se ao falar do apreço que sente pela os efeitos desejados que nortearam o
Marinha do Brasil. “Reconheço o seu planejamento, tanto em relação ao
grande compromisso social da Insti- adestramento dos meios, quanto ao do
tuição com seu povo”, disse. pessoal envolvido, que ele estima em,
se revezaram no acompanhamento Essa percepção da interação que aproximadamente, 1.800 militares.
das visitas, o que lhes permitiu tra- a Marinha possui com a sociedade Em relação ao mote principal da
var contato com a população local e também pôde ser observada pelos operação - o preparo dos Aspirantes -,
partilhar da experiência de apresen- Aspirantes que tiveram oportunidade ele afirmou estar convicto de que foi
tar o navio e representar o Brasil em de participar da ACISO, conforme de grande proveito. “Os Oficiais se
um país estrangeiro. falou o Aspirante Millôr de Borbore- empenharam ao máximo para mostrar
No dia 17 de janeiro, o GT ini- ma Espírito Santo. “A ACISO foi de o melhor dos navios e da Marinha no
ciou o regresso ao Brasil. A UT de extrema importância na nossa forma- mar. Pelo que foi apresentado, é de se
Buenos Aires partiu para Rio Grande ção, mostrando que a Marinha não se esperar que os Aspirantes, ao retorna-
(RS) e a de Montevidéu para Itajaí preocupa somente com a defesa do rem à Escola Naval, sintam-se convictos
(SC), dando início, assim, à 2ª fase de território nacional, mas também em e orgulhosos com a opção que fizerem
mar da comissão, finalizada no dia 21 ajudar a população do Brasil”. pela carreira naval”, acrescentou
com a atracação dos navios nas res-
pectivas cidades.

AÇÕES CÍVICO-SOCIAIS
E VISITAÇÃO PÚBLICA
A recepção nos portos nacio-
nais foi bastante calorosa. Em Rio
Grande, o GT foi saudado com uma
apresentação de danças folclóricas
e, em apenas dois dias, cerca de 2
mil pessoas visitaram as instalações
dos navios, com o acompanhamen-
to dos Aspirantes.
Seguindo as tradições navais, toda
vez que uma operação de grande Aspirantes adestram-se em navegação visual no peloro

MARINHA em Revista Ano 02 • Número 04 • Abril 2011 21


Capa

Operação “Verão”
Marinha intensifica ações de Inspeção Naval
Por Primeiro Tenente (RM2-T) Allessandra Cintra de Paiva S. M. Barreto
Fotos: Cabo (MO) Bruno Percut e Cabo (ES) Iuri Lordelo Gouveia Caetano
Por Primeiro-Tenente (RM2-T) Allessandra Cintra de Paiva S.M. Barreto
Fotos: Cabo (MO) Bruno Percut e Cabo (ES) Iuri Lordelo Gouveia
Capa

Embarcações da Marinha deslocam-se para realizar ações de Inspeção Naval

Chega o verão e, com ele, aumenta o número de Inspeção Naval, entre eles: habilita-
ção dos condutores; documentação
embarcações navegando em todo o litoral brasileiro,
das embarcações; material de sal-
principalmente as de esporte e recreio e as de vatagem - como coletes e boias sal-
transporte de passageiros. va-vidas; extintores de incêndio; lu-
zes de navegação; lotação; e estado
das embarcações.

D
e dezembro de 2010 a março da navegação, a salvaguarda da vida Para registrar essas atividades, uma
de 2011, foi realizada a Ope- humana no mar e a prevenção da equipe do Centro de Comunicação
ração “Verão” 2010/2011, poluição hídrica foram os princi- Social da Marinha acompanhou as
que fiscalizou embarcações em todo pais aspectos abordados durante a ações em Salvador (BA) e Angra dos
o País e contou com a participação operação. Dessa forma, foram veri- Reis (RJ). Em Salvador, a Capita-
de dois mil militares. A segurança ficados diversos itens nas ações de nia dos Portos da Bahia (CPBA) e as

24
Organizações Militares subordinadas OPERAÇÃO “VERÃO” EM SALVADOR “As principais infrações
(Delegacia da Capitania dos Portos Segundo o Capitão dos Portos
em Ilhéus e Agência da Capitania dos da Bahia, Capitão-de-Mar-e-Guerra
encontradas foram a falta de
Portos em Porto Seguro) intensifi- Paulo Fernandes Baltoré, a atividade habilitação dos condutores
caram suas ações de fiscalização e de baseou-se nos pontos focais, principal- e a falta de equipamentos
presença em toda a área de jurisdição. mente nas embarcações de transporte de salvatagem”.
Para a Operação “Verão”, a CPBA de passageiros, onde as irregularidades Capitão-de-Mar-e-Guerra Paulo
também contou com o apoio de navios são mais recorrentes. “As principais Fernandes Baltoré
e de militares do Grupamento de Pa- infrações encontradas foram a falta de
trulha Naval do Leste (GptPatNavL) habilitação dos condutores e a falta de como exemplo um barco de esporte e
e da Força de Minagem e Varredura equipamentos de salvatagem”, decla- recreio que estava exercendo uma ati-
(ForMinVar). Ao todo, 130 militares, rou. Nesse e em outros casos, a embar- vidade de mergulho amador, mas que
14 lanchas e botes e três viaturas. cação pode ser apreendida. “Tivemos não tinha a bandeira de sinalização

MARINHA em Revista Ano 02 • Número 04 • Abril 2011 25


Embarcações da Delegacia da Capitania dos Portos em Angra dos Reis

de mergulho, o que é um fato grave. e, posteriormente, emitir a notifica- “Isso ocorre, às vezes,
Além disso, faltavam alguns documen- ção”, explica.
tos. Dessa forma, apreendemos a em- Nos meses de verão, também foram
pelo fato do condutor
barcação para, primeiramente, educar ampliados os serviços de inscrição de não observar as dicas de
embarcações e habilitação de amado- segurança no mar”.
res, entre outros. Na área do Coman- Capitão-de-Corveta André Luís
do do 2º Distrito Naval, a CPBA ins- de Oliveira Silva
Nos rios e lagos da Região Centro- talou, na região de Valença e Morro
Oeste e em parte dos rios dos Estados do de São Paulo, um posto avançado para
Tocantins e do Maranhão, a Operação atendimento ao público. “As pessoas Portos em Angra dos Reis (DelAReis)
“Verão” cumpre um calendário diferente, estão tendo mais consciência da im- também intensificou suas ações de
ocorrendo nos meses de agosto a portância de se ter uma embarcação Inspeção Naval nesse verão. Segundo
outubro, nas localidades de abrangência regularizada. O posto trouxe facilida- o Delegado, o Capitão-de-Corveta
do Comando do 6º Distrito Naval de aos moradores da região. Antiga- André Luís de Oliveira Silva, a in-
(Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), e mente, tínhamos que ir de Camamu a fração mais comum é a falta de itens
nos meses de junho a agosto na área do Salvador para executar qualquer ser- de salvatagem nas embarcações de
Comando do 7º Distrito Naval (Distrito viço, o que levava cerca de três horas e esporte e recreio. “Isso ocorre, às
Federal, Goiás, Tocantins e parte do meia”, informou o despachante marí- vezes, pelo fato do condutor não
Maranhão). É com a seca nos rios da timo José Dias da Soledade. observar as dicas de segurança no
região que surgem centenas de praias
mar. Mas, de uma forma geral, os
e, consequentemente, aumenta-se o OPERAÇÃO “VERÃO” EM ANGRA DOS REIS frequentadores da região de Angra
número de embarcações navegando. Outro exemplo ocorreu no lito- respondem bem às observações da
ral sul do Estado do Rio de Janeiro, Marinha, que têm o mote de orientar
onde a Delegacia da Capitania dos e fiscalizar”.

26
trabalham. É importante porque traz Vice-Almirante Carlos Autran de
segurança para todos, condutores e Oliveira Amaral.
turistas”, declarou ele, que transporta No primeiro mês da Operação “Ve-
cerca de 50 passageiros por dia. rão” na Bahia, iniciada em 18 de de-

Capa
zembro de 2010, a CPBA abordou cer-
“ORIENTAR E EDUCAR, ANTES ca de 1.500 embarcações. Dessas, 300
DE NOTIFICAR” foram notificadas e 15 apreendidas.
Segundo dados da Seção de Se- “Esse número tem sido reduzido em
gurança do Tráfego Aquaviário do decorrência das campanhas de cons-
Comando de Operações Navais, de cientização que realizamos, até mesmo
2008 a 2009, houve um aumento de porque os condutores da região já co-
4% no número total de embarcações nhecem as regras de navegação”, de-
de esporte e recreio inscritas nas Or- clarou o Capitão dos Portos da Bahia,
ganizações Militares da Marinha e um Capitão-de-Mar-e-Guerra Baltoré.
acréscimo de 11% no número de car- No Estado, as ações de Inspeção
teiras de arrais-amadores inscritos, no Naval são ampliadas, todos os anos,
mesmo período. com a realização da Campanha “Legal
Com o lema “Orientar e educar, no Mar - Navegue com Segurança”,
antes de notificar”, a Marinha do que está em sua 15ª edição. “A campa-
Brasil tem constatado uma redu- nha consiste em palestras educativas,
ção no número de notificações nos distribuição de material informativo,
Antônio Adolfo Campos, que tra- últimos anos. “Em 2009, tivemos além da realização de um mutirão da
balha há 15 anos transportando pas- um decréscimo de notificações e CPBA, com o apoio de outras Orga-
sageiros da cidade de Angra dos Reis apreensões e o intuito é que, a cada nizações Militares da área, para facili-
para as ilhas da região, aprova as ações ano, tenhamos mais embarcações tar a missão de habilitações de condu-
de fiscalização da Marinha. “Para a dentro da legalidade”, declarou o tores e os registros de embarcações”,
gente fica bom, porque os ilegais não Comandante do 2º Distrito Naval, explica o Almirante Autran.

Militares da Capitania dos Portos da Bahia inspecionam embarcação

MARINHA em Revista Ano 02 • Número 04 • Abril 2011 27


O Inspetor Naval da Capitania, Su-
boficial (RM1-MR) Iraldo Barbosa de
Menezes, conta que o trabalho básico é
verificar a documentação da tripulação
Capa

e da embarcação e coibir o excesso


de passageiros. “Nessa oportunida-
de, também divulgamos a Campa-
nha ‘Legal no Mar’ e convidamos
os passageiros a assistir uma apre-
sentação de como utilizar os coletes
salva-vidas e conhecer a capacida-
de da embarcação”. Ainda, segundo
ele, normalmente, a Inspeção Naval
é inopinada mas, na Operação “Ve-
rão”, ela é mais recorrente, princi-
palmente nos fins de semana, quando
são guarnecidos todos os terminais
de passageiros.

OS 10 MANDAMENTOS DA SEGURANÇA NO MAR


No município de Angra dos Reis, a
1. Faça a manutenção correta da sua 6. Conduza sua embarcação com pru-
DelAReis inspeciona, semanalmente,
embarcação; dência e em velocidade compatível
mais de 200 embarcações, além da re-
2. Tenha a bordo o material de salvata- para evitar acidentes;
alização de atividades educativas. “Te-
gem prescrito pela Capitania; 7. Se beber, passe o timão para alguém
mos um trabalho de parceria com as
3. Respeite a lotação da embarcação habilitado;
marinas do município, que são mais de
e tenha a bordo coletes salva-vidas 8. Mantenha a distância das praias e
30, onde ministramos palestras para
para todos os tripulantes; dos banhistas;
orientar os condutores de embarca-
4. Mantenha os extintores de incêndio 9. Respeite a vida, seja solidário, preste
ções”, informou o Delegado da Capi-
em bom estado e dentro da validade; socorro; e
tania dos Portos, Capitão-de-Corveta
5. Ao sair, informe o seu plano de na- 10. Não polua o mar.
André Luís. Angra dos Reis tem, hoje,
vegação ao seu iate clube, marina
cerca de 10 mil embarcações inscritas.
ou condomínio;
Dessas, 8.700 são dedicadas às ativida-
des de esporte e recreio

28
Reportagem
Haiti – um ano
após o terremoto
Equipe de reportagem do Centro de Comunicação Social
da Marinha acompanhou o trabalho dos fuzileiros navais no
país, no período de 17 a 21 de janeiro de 2011
Por Primeiro-Tenente (RM2-T) Juliana Amaral Rodrigues
Fotos: Cabo (MR) Edilton Adamor Caramurú e Grupamento
Operativo de Fuzileiros Navais no Haiti
Tensões políticas, indefinições e carências insistem em atormentar o povo haitiano,
mas uma certeza permanece: a Missão das Nações Unidas para a Estabilização no
Haiti (MINUSTAH) continua a apoiar o país.
Reportagem

U
m ano após o terremoto que Nações Unidas (ONU), no ano de Capitão-Tenente (FN) Fabrício Gua-
devastou o Haiti, ocorrido 2004, de pacificar e manter a esta- rino Barroso, componente da missão
no dia 12 de janeiro de 2010, bilidade e a segurança da região. brasileira. Segundo ele, antes da en-
300 fuzileiros navais da Marinha do “Nós, fuzileiros navais, viemos para trada das tropas na região, existia um
Brasil seguem fieis ao compromisso o Haiti muito bem preparados. Os alto índice de furto e violência. “A po-
assumido com a Organização das desafios que enfrentamos depois da pulação sentia muito medo e se tran-
cava em casa. Hoje em dia, a gente já
vê um número maior de pessoas nas
ruas, crianças brincando, inclusive no
período noturno”, constata.

“Nós, fuzileiros navais,


viemos para o Haiti muito
bem preparados. Os
desafios que enfrentamos
depois da tragédia foram
superados com esforço
dobrado e determinação”.
Comandante GptOpFuzNav-Haiti
Capitão-de-Fragata (FN)
Adriano Lauro

Viaturas blindadas conhecidas


Fuzileiros navais em ação de patrulhamento como “Piranha”, além de serem em-
pregadas nos patrulhamentos, servem
para conter manifestações populares
tragédia foram superados com esforço Nos primeiros seis meses de 2010, para a proteção dos militares. Foi o
dobrado e determinação”, ressaltou o os acampamentos de haitianos fo- que aconteceu em 28 de novembro
Comandante do Grupamento Ope- ram assistidos por Organizações Não de 2010, data do 1º turno das eleições
rativo de Fuzileiros Navais no Haiti Governamentais (ONG) de todo o presidenciais. “Um Sargento do meu
(GptOpFuzNav-Haiti), Capitão-de- mundo. A partir de julho, os mili- pelotão avistou a queima de pneus na
-Fragata (FN) Adriano Lauro. Cerca tares da MINUSTAH tornaram-se rua e me comunicou. Imediatamente,
de 350 mil pessoas morreram e quase responsáveis pela segurança de 120 enviamos reforço aos nossos três pos-
um milhão perderam suas casas. Pra- campos. “Cerca de 30 fuzileiros na- tos de serviço e tudo foi controlado”,
ças e campos poliesportivos da capi- vais patrulham, diariamente, a área de relembrou o Comandante de Pelotão,
tal, Porto Príncipe, transformaram-se Jean Marie Vincent, maior campo de Segundo-Tenente (FN) Rafael Aragão
em imensos campos de desabrigados, desabrigados de Porto Príncipe. Aqui Pereira, afirmando que a manobra
onde vivem mais de 800 mil pessoas. vivem 40 mil pessoas”, registrou o aconteceu em apenas 10 minutos.

30
“Os haitianos nos fornecem uma rela- paralelo. Mas, segundo os organi-
ção de animadores infantis, barbeiros, zadores do evento, os haitianos são
músicos e enfermeiros da própria co- muito vaidosos: a barraca de corte
munidade”, detalha o Oficial. A etapa de cabelo é sempre a mais procurada
seguinte é ensinar noções de higiene pela comunidade.
no preparo de alimentos, prevenção à
cólera e higiene bucal, para que a equi- UM POUCO DE EDUCAÇÃO,
pe repasse tal conhecimento às 550 fa- SAÚDE E CULTURA
mílias beneficiadas pela ação. O compromisso do Brasil e da
No dia do evento, que acontece Marinha com o Haiti vai além de
uma vez por mês, cerca de 50 civis manter a estabilidade, a segurança do
voluntários se unem aos militares na país e auxiliar em sua reconstrução.
expectativa de fazer o bem. Durante Na atual conjuntura, o envolvimen-
quatro horas, a animação da música to social com a população, desenvol-
Outra difícil tarefa dos fuzileiros du- e a dança vibrante do país contagiam vendo ações comunitárias, tornou-se
rante as eleições foi organizar a logística a todos. Enquanto brindes e cestas uma prática habitual.
de transporte das urnas até a Ilha de La básicas são distribuídos ao povo, au- Em frente ao portão de uma casa,
Gonâve e fazer a segurança da popula- las de higiene bucal, doação de esco- ainda com reboco, no bairro de Cité
ção. “Como a localidade não possuía a vas e pastas de dente acontecem em Militaire, em Porto Príncipe, era
mesma infraestrutura da capital, todos
os recursos materiais necessários tive-
ram que ser transportados por helicóp-
teros e balsas”, recordou o Comandante
do GptOpFuzNav-Haiti, Capitão-de-
Fragata (FN) Adriano Lauro. Graças
a essa ação, 60 mil eleitores pude-
ram votar.

“NOU TOUT ANSANM”


“Todos nós juntos” ou “Nou Tout
Ansanm”, no dialeto creole, foi o lema
escolhido pelos militares brasileiros
no Haiti, como um novo modelo de
Ação Cívico-Social (ACISO). A ideia
é não só ajudar a população, mas en-
volver os próprios haitianos na execu-
ção do projeto.
“Primeiro, organizamos uma reu-
nião com os líderes comunitários da
área onde a ACISO irá acontecer”, ex- Fuzileiro naval ensina flauta às crianças haitianas durante projeto social
plica o Oficial de Assuntos Civis do
GptOpFuzNav-Haiti, Capitão-Tenente
(FN) Alexandre de Menezes Villarmosa.
Nessa ocasião, são definidos os itens
“Há cinco anos, conheci os fuzileiros navais e passei a
a serem doados e quais atividades so-
frequentar as aulas de português e informática”.
ciais e recreativas serão promovidas. Robson Deusson

MARINHA em Revista Ano 02 • Número 04 • Abril 2011 31


da capital vão da educação à saúde,
passando pelo esporte e cultura. As
aulas de português, por exemplo,
Reportagem

transformam jovens, antes sem pers-


pectiva, em intérpretes, fato relevan-
te em um país cujo índice de desem-
prego chega a 80% (dados da ONU).
“Há cinco anos, conheci os fuzileiros
navais e passei a frequentar as aulas
de português e informática”, contou
o agora tradutor Robson Deusson,
de 20 anos. “Tive a oportunidade de
viajar e conhecer outros países a tra-
Ação Social realizada por militares da Marinha do Brasil no Haiti balho e, hoje, estou na faculdade, es-
tudando informática”, orgulha-se o
jovem. A mudança de vida gerou em
possível ouvir uma canção em fran- Daniela Nogueira. A médica conta Robson o desejo de ajudar seu povo.
cês que dizia, “Que bom que vocês que os militares auxiliam os 20 órfãos Além de tradutor, ele virou professor
estão aqui! Sejam bem vindos! Nós com alimentos, remédios e atendi- de português para adultos e crianças
agradecemos a sua presença”. Essa foi mento médico. Emocionada, Belizè da sua comunidade.
a forma com que as crianças do orfa- agradece: “Sem vocês não conseguirí-
nato, apoiado pelos fuzileiros navais, amos prover sustento, segurança, nem QUINTA-FEIRA É DIA DE CINEMA
receberam nossa equipe. “Há anos tão pouco saúde a essas crianças”. Quinta-feira é um dia diferente para
ajudamos a família da senhora Belizè”, As atividades sociais realizadas nos alguns haitianos! É o dia em que os so-
declarou a Capitão-de-Corveta (Md) acampamentos e em bairros carentes nhos podem se tornar realidade. Pelo

Fuzileiros navais em ação no Haiti

32
“Eu posso até dizer, como
observador externo das
Forças Armadas, que elas
são muito admiradas
por vários governos
internacionais”.
Embaixador brasileiro no Haiti,
Igor Kipman

esclarece aos colegas estrangeiros


a verdadeira razão da empatia entre
os povos: “Isso é da índole do brasi-
leiro. O brasileiro tem facilidade em
se relacionar”.

MISSÃO CUMPRIDA
Em fevereiro desse ano, o 13º
Contingente de Fuzileiros Navais
encerrou sua missão no Haiti e re-
menos na imaginação de dezenas de governo, ONG e organismos inter- tornou ao País, sendo substituído por
crianças, moradoras da Rua Magnólia, nacionais. “Eu posso até dizer, como uma nova tropa da Marinha do Brasil.
no bairro de Pelè, que aguardam, ansio- observador externo das Forças Ar- Ao final da missão, o Comandante do
samente, as tradicionais exibições de fil- madas, que elas são muito admiradas GptOpFuzNav-Haiti concluiu - “Pas-
mes infantis promovidas pelos militares. por vários governos internacionais. samos por um crescimento pessoal
As sessões de cinema tornaram-se um Eles não conseguem entender por- e profissional ímpar. Creio que nos-
importante evento cultural na região. que os brasileiros são tão próximos sas famílias serão beneficiadas, como
Uma hora antes do início da sessão, a do povo haitiano”. Bem-humorado, também a Força que, com certeza, pas-
fila no portão de entrada do Ponto For- o Embaixador revelou que sempre sa a ter melhores profissionais”
te (base avançada dos fuzileiros navais
localizada em local central da cidade,
próximo à comunidade) já é longa. Aos
poucos, as quase 100 crianças, muito
bem arrumadas, vão entrando e se aco-
modando, cheias de expectativa. En-
quanto os lanches são distribuídos, um
líder comunitário e um militar assumem
o papel de mestres de cerimônia, em
mais uma noite especial e inesquecível.

O CARISMA QUE CONQUISTA


O Embaixador Brasileiro no Hai-
ti, Igor Kipman, afirmou que as For-
ças Armadas Brasileiras são muito
Ação de patrulhamento realizada por fuzileiros navais
bem vistas pela população haitiana,

MARINHA em Revista Ano 02 • Número 04 • Abril 2011 33


Realizado no Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes (CEFAN) -
Organização Militar da Marinha do Brasil -, no período de 22 a 24 de fevereiro de
2011, o 1º Torneio Internacional de Pentatlo Naval confirmou o que todos esperavam,
Esportes

principalmente o Diretor do CEFAN, Contra-Almirante (FN) Fernando Cesar da Silva


Motta. Hoje, o Brasil possui uma das melhores instalações esportivas de Pentatlo Naval
do mundo. E essa constatação também foi confirmada pelos atletas que competiram.
É o caso, por exemplo, dos pentacampeões mundiais, Tenente Sami Sorri, considerado o
“Pelé” do Pentatlo Naval e a Sargento Pyyhtïa Sassi, ambos da Marinha finlandesa.

Instalações aprovadas
1º Torneio Internacional de Pentatlo Naval confirma que as instalações
do CEFAN para a modalidade estão entre as melhores do mundo
Por Capitão-Tenente (T) Felipe Picco Paes Leme
Fotos: Segundo-Sargento (RM1-FN-IF) Vicente
Paulo de Carvalho

34
I “Treino de segunda à
naugurada para a competição, pista de atletismo, por exemplo,
a pista de obstáculos é a que do Estádio Olímpico João Have-
mais impressionou, revestida lange, o “Engenhão”, que também
sábado, de manhã e à
com o piso esportivo “mondo”, recebe competições internacionais tarde. É muito esforço
o mesmo utilizado nas principais de atletismo. mesmo, mas vale a pena”.
pistas credenciadas pela Federação “A pista é, com certeza, a me- Cabo (FN-IF) Alex Barreto
Internacional de Atletismo. Com lhor do mundo. Estou envolvido no
isso, o CEFAN credenciou-se a Pentatlo Naval desde 1981. Já viajei
sediar competições de nível in- muito e posso afirmar que é, sim, a torneio realizado no CEFAN, com-
ternacional. É o mesmo piso da melhor”. As palavras são do técnico pareceu a uma competição na Suécia.
da equipe brasileira, Capitão-de- Era a 9ª competição entre países. Na
Mar-e-Guerra (RM1) Cyro Carlos volta, trouxe farta documentação e
Dias Coelho. Os elogios, no entan- detalhes sobre o esporte. Segundo
to, não são somente para a pista de ele, em seis meses, a Marinha do Bra-
obstáculos, mas sim para toda a es- sil já tinha pessoal convocado para
trutura esportiva do CEFAN. Em treinamento. “No início, achavam
breve, será inaugurada a piscina muito complicado (os atletas), mas
olímpica, que passou por reformas. a coisa foi fluindo. A maior dificul-
“Além da pista de obstáculos e das dade foi conseguir os obstáculos e
piscinas, de nível internacional, te- os locais de competição. Em 1964, já
mos bastante espaço para as compe- tínhamos um equipe pronta. Fomos
tições de corrida e remo”. Durante competir pela primeira vez em 1965,
os 5º Jogos Mundiais Militares, que na Noruega. Na ocasião, nos saímos
ocorrerão no mês de julho, na ci- razoavelmente bem, com muitas ze-
dade do Rio de Janeiro, o CEFAN bras. No ano seguinte, começamos
sediará as competições de Pentatlo a competir normalmente”, recorda.
Naval e Taekwondo.
Atleta brasileira durante a prova
de pista de obstáculos
POR DENTRO DO PENTATLO NAVAL
A modalidade foi criada em 1949,
quando a Marinha italiana, preocu-
pada com a aptidão física de seus
marinheiros, estabeleceu um pro-
grama de treinamento que culmi-
nou em uma competição com cinco
provas de técnica naval, realizada
em 1951. Atualmente, são disputa-
das as provas de pista de obstácu-
los, natação de salvamento, natação
utilitária, habilidade naval e cross-
country anfíbio.
No Brasil, o esporte começou a
ser praticado em 1963, quando o
Contra-Almirante (RM1) Heitor
Alves Barreira Junior, presente ao

MARINHA em Revista Ano 02 • Número 04 • Abril 2011 35


Para quem acompanhou de per-
to o torneio, não foi difícil perceber
que se trata de uma competição que
exige muito dos atletas. “A maior di-
Esportes

ficuldade é a diferança entre as pro-


vas. Você tem água, terra, remo, ...
então, a adaptação exige muita dis-
ciplina, muito esforço e muita força
de vontade. A rotina de treinamen-
to é bem pesada, nosso técnico exi-
ge muito. Todos os atletas sentem
muito a competição e os treinamen-
tos”, explica o Primeiro-Sargento
(FN-MO) Carlos Lourenço. “Treino
de segunda à sábado, de manhã e à
tarde. É muito esforço mesmo, mas vale
a pena. Os resultados estão aí”, constata
o Cabo (FN-IF) Alex Barreto, melhor
classificado entre os brasileiros, que
conquistou o segundo lugar indivi-
dual no masculino.

RESULTADOS POSITIVOS
A presença de diversos brasilei-
Natação Utilitária
ros no pódio marcou a cerimônia de
encerramento do torneio. A equipe
masculina do Brasil conquistou o
AS PROVAS DO PENTATLO NAVAL primeiro lugar, com destaque para
o Cabo (FN-IF) Alex Barreto, que
Na pista de obstáculos, são percor-
ficou na segunda colocação, e para
ridos 305 metros (masculino) e 280
o Cabo (AM) Vinicius Moraes, que
metros (feminino), em que são simu-
ficou em terceiro no individual.
ladas diversas situações do dia a dia do
marinheiro e do combatente anfíbio.
Na natação de salvamento, é simulado
um salvamento aquático, no qual o atleta
“Estou satisfeita,
nada 50 metros e resgata um boneco de Na habilidade naval, o atleta parte consegui subir ao pódio
1,5 kg, a 3 metros de profundidade. sobre um flutuante, realizando diver- competindo com as
Na natação utilitária, os pentatle- sas atividades marinheiras. melhores do mundo. Para
tas nadam 125 metros, em 6 etapas: Por último, o cross-country anfíbio é
a primeira competição
saída em mergulho na piscina; trans- composto por corrida de 2.500 metros,
porte do fuzil; passagem sob a rede; intercalada com tiro de rifle calibre 22
do ano está muito bom.
passagem sobre um tonel; trabalho a uma distância de 50 metros, remada Estamos nos preparando
submerso; e natação de velocidade, em bote pneumático e lançamento de muito para os Jogos
finalizando a prova. granada ao nível do mar. Mundiais Militares”.
Marinheira Simone Lima

36
“Foram três dias de competição, tudo correu
bem. As instalações foram testadas, faltando
apenas inaugurar a piscina olímpica e o ginásio
poliesportivo”.
Contra–Almirante (FN) Fernando

O grande vencedor no mascu-


lino foi o atleta sueco Marcus
Danielson. No feminino, a equi-
pe do Brasil conquistou o segun-
do lugar. A Marinheira (RM2-EP)
Simone Lima ficou em terceiro
na classificação geral individual.
A primeira colocada foi Pyyhtïa
Sassi, da Finlândia, e a segunda, a
atleta Caroline Buunk, da Noruega.
Para a Marinheira Simone Lima,
o resultado foi satisfatório. “Estou Ao centro, o Almirante Heitor Alves Barreira Junior com a equipe da Marinha do Brasil
satisfeita, consegui subir ao pódio
competindo com as melhores do
mundo. Para a primeira competi- Barreto tem o mesmo pensamento. O Comandante Coelho, treinador
ção do ano está muito bom. Estamos “Meu resultado é excelente. Se Deus da equipe, também gostou dos resulta-
nos preparando muito para os Jogos quiser, em julho, seremos campeões dos. “Ainda não estamos no ápice, mas
Mundiais Militares”. O Cabo Alex mundiais”, afirma. mostramos que estamos em boas condi-
ções, afinal, ganhamos por equipe. Vol-
tamos em julho para os Jogos e, aí sim,
estaremos em outra fase de preparação
física. Estou muito feliz com a equipe”.
Em relação ao sucesso do evento, o
Contra–Almirante (FN) Fernando fez
um balanço positivo. “Foram três dias
de competição, tudo correu bem. Tec-
nicamente, nosso resultado foi muito
bom. As instalações foram testadas, fal-
tando apenas inaugurar a piscina olím-
pica e o ginásio poliesportivo”. Para os
Jogos, a expectativa é muito grande.
“Estamos bastante motivados. Vamos
receber os públicos interno e externo
da melhor maneira e com o melhor
Marinheira Simone Lima e Cabo Alex Barreto posam com as suas medalhas apoio possível. Tenho certeza de que
conquistadas na competição
todos gostarão”, complementa

MARINHA em Revista Ano 02 • Número 04 • Abril 2011 37


Gente
Gente de Bordo

de Bordo
A Marinha do Brasil tem a pri- operativa, em virtude do apoio às ati-
Capitão-de-Corveta (Md) Fátima
meira Oficial paraquedista militar. vidades de submarinistas, mergu- Teresinha Luz Vieira
A Capitão-de-Corveta (Md) Fátima lhadores e mergulhadores de com-
Teresinha Luz Vieira, do Centro de bate, no âmbito do Comando da
Instrução e Adestramento Almiran- Força de Submarinos. em dezembro de 1997 e ingressei na
te Áttila Monteiro Aché (CIAMA), A qualificação obtida permitirá o Marinha em janeiro de 1998, como
formou-se no dia 25 de fevereiro de acompanhamento completo dos Cur- RM-2 (temporária). Fiz concurso para
2011, em cerimônia militar realizada sos de Operações Especiais ministra- o Corpo de Saúde da Marinha, no mes-
no Centro de Instrução Pára-quedista dos pelo CIAMA, uma vez que, ante- mo ano, e me apresentei no Centro de
General Penha Brasil, Organização riormente, a fase de saltos dependia Instrução Almirante Wandenkolk, em
Militar do Exército Brasileiro. do apoio de médicos paraquedistas de março de 1999.
A Capitão-de-Corveta (Md) outras Organizações Militares. Sempre quis ser médica? E militar?
Fátima também possui o Cur- Como entrou para a Marinha? Sempre quis ser médica, mas pelo
so Especial de Medicina de Sub- Cursei a Faculdade de Medicina fato de haver muitos militares na mi-
marino e Escafandria para Oficiais na Pontifícia Universidade Católi- nha família ... pai, tio, avôs e primos
(MEDSEK), além de ampla experiência ca do Rio Grande do Sul, me formei da Brigada Militar no Rio Grande do

Comandante Fátima preparando-se para o salto

38
Sul (RS), sempre tive muita afinidade
pela vida militar.
Encontrou dificuldades no iní-
cio da carreira? E como iniciou as
atividades operativas?
Não encontrei dificuldades. A mi-
nha afinidade pela atividade opera-
tiva foi despertada no meu contato
com os fuzileiros navais, durante o
ano em que servi no Batalhão Logís-
tico, onde participei de várias mano-
bras como Comandante da Compa-
nhia de Saúde.
Que outros cursos possui?
Cursei a especialização em cirurgia
cardíaca no Hospital Naval Marcílio
Dias, no Rio de Janeiro. Foram 4
anos, sendo um ano na clínica de ci-
rurgia geral. Fiz pós-graduação em
cardiologia no Instituto de Pós-gra-
duação Médica do Rio de Janeiro e
Formatura da turma de paraquedistas
cursei o MEDSEK no CIAMA. Ain-
da possuo título de especialista em
cardiologia pela Sociedade Brasileira
de Cardiologia. Quais as dificuldades? Tem algum hobbie?
Quais as principais dificuldades O mais difícil são os longos períodos Praticar “agility” com meu cachorro
encontradas durante o curso de fora de casa, uma vez que apoio as ativi- ... é uma atividade com pista de obstá-
paraquedista? dades práticas dos cursos, que ocorrem culos. Também gosto de ler, correr na
A dificuldade maior é física, uma fora do CIAMA. Mas o excelente cli- praia e viajar.
vez que o treinamento é bastante in- ma de trabalho, o profissionalismo da
tenso. As primeiras semanas foram as equipe de mergulho e o fato de gostar
mais difíceis. Porém, o psicológico muito do que faço dão uma amenizada.
fez toda a diferença. Eu estava focada Por que se formar como
no objetivo de concluir o curso. paraquedista?
O que faz um MEDSEK? Agora, como paraquedista, tenho
O MEDSEK me habilita a apoiar condições de ser lançada de uma ae-
atividade de mergulho e submarinos ronave para prestar socorro, caso as
e a atuar nos casos de complicações circunstâncias exijam, uma vez que
decorrentes. Além disso, juntamen- acompanho as atividades de Opera-
te com a equipe de enfermagem da ções Especiais. Além disso, já é possível
Divisão de Medicina Submarina, sonhar em formar um grupo de salva-
participo das atividades práticas mento e socorro.
dos diversos cursos ministrados no
CIAMA e atuo como instrutora, mi-
nistrando aulas referentes à Medici-
na do Mergulho.

MARINHA em Revista Ano 02 • Número 04 • Abril 2011 39


50 anos da Comunicação
Social na Marinha
Entrevista

Entrevista com o Diretor do


Centro de Comunicação Social da
Marinha, Contra-Almirante Paulo
Mauricio Farias Alves

Para registrar as diversas ativida- de Comunicação Social da Marinha Marinha, para, a partir daí, alcançar-
des desenvolvidas durante essa traje- (CCSM) e, em 23 de novembro de mos novos patamares na divulgação
tória, foi lançado o livro “50 Anos da 2009, o cargo de Diretor do CCSM das atividades da Força.
Comunicação Social na Marinha”, passou de Capitão-de-Mar-e-Guerra Para a elaboração do conteúdo, fi-
convidando-nos a visitar a memória para Contra-Almirante. zemos um trabalho de pesquisa docu-
institucional, sob o enfoque dessa área Nesse período, destacam-se o in- mental, incluindo um extenso acervo
de atuação. formativo NoMar; a Operação “Cis- fotográfico e relatos fornecidos por
ne Branco”; os filmetes; as campanhas ex-diretores do antigo SRPM e do
institucionais; a divulgação do con- CCSM, bem como a participação da-
ceito “Amazônia Azul”; as páginas da queles que labutam ou atuaram nessa
Marinha na internet e intranet; os pe- área. O livro serve de acervo histórico
riódicos “Âncora Social” e “Marinha e cultural, bem como fonte de inspi-
em Revista”; a TV Marinha na Web; ração para as futuras singraduras da
o sítio de notícias “NoMar online”; a Comunicação Social na Marinha.
“Rádio Marinha”; e a participação nas Na opinião do senhor, qual a im-
Redes Sociais. portância da Comunicação Social
Dessa forma, nessa data tão sig- para a Marinha do Brasil?
nificativa para a Comunicação So- É de fundamental importância.
cial, a Marinha em Revista conver- A Comunicação Social na Marinha,
sa com o atual Diretor do CCSM, sob o enfoque estratégico, busca, de
Contra-Almirante Paulo Mauricio forma contínua, dinâmica e sustenta-
Capa do Livro Farias Alves. da, difundir nossas atividades, valores
O livro busca resgatar a história e rica tradição, tanto para o público
Da criação do Serviço de Rela- da Comunicação Social na Mari- interno, de modo a fortalecer suas
ções Públicas da Marinha (SRPM), nha, apresentando os principais convicções e auto-estima, quanto
em 5 de abril de 1961, à recém- fatos históricos da Força. Fale um para o público externo, para que pos-
-lançada Rádio Marinha, o livro pouco sobre o livro. sa melhor conhecer a Marinha.
enumera diversos produtos, servi- 50 anos é uma data marcante. A ideia Apesar do lançamento de novos
ços e campanhas elaboradas ao lon- do livro é aprendermos com o passado produtos e serviços, o NoMar se
go desse cinquentenário. Em 30 de para compreendermos o papel das mantém como um dos mais impor-
maio de 2006, o SRPM teve a sua transformações por que passam os tantes instrumentos de comunica-
denominação alterada para Centro veículos de comunicação e a nossa ção da Instituição. Após todo esse

40
tempo, como explicar a manuten- Como é o relacionamento da Consideramos esses índices expres-
ção do status do NoMar? Marinha com a Imprensa? sivos, o que nos motiva ainda mais.
Isso demonstra a força do periódico. O melhor possível. O CCSM pos- Além do Navio-Veleiro “Cisne
O fato é que ele faz um registro histó- sui uma Assessoria de Imprensa prepa- Branco”, todos os navios da Ma-
rico de todas as atividades da Marinha rada para responder as solicitações da rinha são importantes instrumen-
do Brasil. Ao longo dos anos, o No- Imprensa, 24 horas por dia. O mesmo tos de divulgação da Instituição,
Mar produziu um acervo respeitável, acontece nos nove Distritos Navais e assim como as Bandas Marcial e
que foi, por exemplo, fonte inquestio- em diversas Organizações Militares Sinfônica do Corpo de Fuzileiros
nável de consulta para a publicação do distribuídas por todo o Brasil. Sabemos Navais. Qual a importância deles
livro. Posso afirmar que o conteúdo de que é por meio da Imprensa que alcan- para a Comunicação Social?
suas páginas baliza a construção sim- çamos uma parcela maior da sociedade Sabemos que todos ficam curio-
bólica da imagem da Instituição. na divulgação de nossas atividades. sos para saber como funcionam
Em 2010, o CCSM realizou uma os navios. Assim, todos os meios
pesquisa de Opinião Pública para navais da Marinha do Brasil agem
identificar a percepção da popula- como canal de divulgação da Ins-
ção brasileira em relação à imagem tituição e da mentalidades maríti-
da Instituição. Quais os resultados? ma. Sempre que possível, os navios
Foram ouvidas 2017 pessoas, em atracados em portos ficam abertos à
123 municípios de todas as Unidades visitação pública.
da Federação. A pesquisa mostrou As Bandas Marcial e Sinfônica
que 80,9% dos brasileiros confiam funcionam como instrumentos de di-
na Marinha do Brasil e que a atua- vulgação da Marinha e do Corpo de
ção da Força foi considerada posi- Fuzileiros Navais, com suas apresen-
tiva por 82,8% dos entrevistados. tações no Brasil e no exterior

Edições do NoMar

Fale um pouco sobre a recém-


lançada Rádio Marinha, em feve-
reiro deste ano.
O rádio continua tendo um grande
poder de penetração. Atualmente, es-
tamos com transmissão em frequência
modulada nas cidades de São Pedro
da Aldeia (RJ) –99,1 MHz e Corumbá
(MS) – 105,9 MHz e, também, pela
internet e intranet.
É o início de um projeto mais
abrangente, que prevê a radiodifusão
em outras regiões do País. Os ouvintes
têm acesso a uma programação educa-
tiva, músicas de qualidade, notícias de
interesse para a população, mensagens
institucionais e informações sobre as
Estúdio da Rádio Marinha em Brasília
atividades das Forças Armadas.

MARINHA em Revista Ano 02 • Número 04 • Abril 2011 41


Artigo

Navio de Assistência Hospitalar


“Soares de Meirelles”
Almirante-de-Esquadra Julio Soares de Moura Neto – Comandante da Marinha

Para muitos brasileiros, os rios mais carentes, conhecidas como às populações, em parceria com o
que formam nossas gigantescas ba- ACISO (Ações Cívico-Sociais). Ministério da Saúde; Secretarias
cias fluviais nada mais são do que No final do ano passado, os NAsH Estaduais de Saúde dos Estados do
linhas em um mapa ou nomes que “Oswaldo Cruz”, “Carlos Chagas” e Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Ro-
aprenderam na escola. Mas para “Doutor Montenegro” receberam a raima e Rondônia; e Secretarias Mu-
nós, da Marinha do Brasil, eles são companhia do NAsH “Soares de Mei- nicipais de Saúde. Com tripulação
prioridade. Nossos navios singram relles”, adquirido em parceria com o composta por 44 militares, o NAsH
as águas das principais artérias das Ministério da Saúde, para também “Soares de Meirelles” ficará direta-
bacias Amazônica e do Rio Paraguai, atuar na Região Amazônica. Antes de mente subordinado ao Comando da
provendo a defesa territorial e o iniciar suas comissões, ele passa por Flotilha do Amazonas, em Manaus
apoio às populações ribeirinhas. um processo de adaptação ao servi- (AM), e contribuirá, também, para
Foi num afluente do Rio Paraná, ço naval e às atividades de assistência a realização de atividades de Defesa
o Riachuelo, que nossos antepassados médico-hospitalar, por não ter sido Civil (assistências humanitárias e ca-
fizeram história ao combater na maior projetado para ser um navio-hospital. tástrofes naturais).
batalha naval do continente. E é, tam- Foi denominado NAsH “Soares de Trata-se de um trabalho silencioso
bém, nos rios que os marinheiros de Meirelles” em homenagem a Joaquim que muito nos orgulha, no qual ab-
hoje lutam contra inimigos igualmen- Cândido Xavier Soares de Meirelles, negadas tripulações se empenham,
te ferozes: a pobreza e a doença. Cirurgião-Mor da Armada e Patro- diuturnamente, para levar conforto
Tripulado por homens e mulhe- no do Corpo de Saúde da Marinha. a uma parcela da população. O que
res, cuja missão é levar o alento e o No Pantanal, a Marinha atua com o mais nos entusiasma e a qualquer vi-
progresso à Região Amazônica e do NAsH “Tenente Maximiano”. sitante que acompanha uma dessas
Pantanal, os Navios de Assistência O processo de aquisição do novo comissões é o olhar de alívio e de
Hospitalar (NAsH) dividem-se em navio partiu de uma necessidade agradecimento daqueles brasileiros
comissões anuais que cobrem milha- premente, identificada pelo Plano simples e necessitados, cujas vidas
res de milhas náuticas, visitando pe- de Articulação e Equipamento da foram, de alguma forma, melhoradas.
quenas vilas e aldeias, nas quais, mui- Marinha (PAEMB), de aumentar a Naqueles locais distantes, a Mari-
tas vezes, não há médicos, dentistas quantidade de NAsH de três para nha, com seus “Navios da Esperança”,
ou agentes de saúde. Além desses, to- cinco na Amazônia. O propósito representa a presença do Estado brasi-
das as unidades da Força que operam é ampliar, de forma quantitativa e leiro. Para os ribeirinhos, cada uma des-
no ambiente fluvial participam de ati- qualitativa, a capacidade de prover sas unidades, que surge na curva do rio,
vidades assistenciais às comunidades atendimento médico e odontológico significa a certeza de apoio e ajuda

42
Conjuntos Arquivísticos

História Naval
nominados na UNESCO
Por Vice-Almirante Armando de Senna Bittencourt

Dois conjuntos de documentos da Marinha foram nominados para o Registro Nacional da


Memória do Mundo (MOW, na sigla em inglês), da UNESCO, no final de 2010,
“Arquivo Tamandaré: uma janela para o Estado Imperial Brasileiro”, indicado pela
Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha (DPHDM); e “Abrindo
Estradas no Mar: folhas de bordo e relatórios de levantamento hidrográfico da DHN”,
indicado pela Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha.

O
“Arquivo Tamandaré” contém no século XIX, a unidade do terri- navegar com segurança no Brasil. As
a correspondência passiva do tório nacional e sua soberania. Esse cartas náuticas, geradas a partir dos le-
Almirante Joaquim Marques conjunto, que está sob a guarda da vantamentos hidrográficos da DHN,
Lisboa, o Marquês de Tamandaré DPHDM, foi publicado em 2007, servem como referência para a con-
- Patrono da Marinha, sendo uma ano em que se comemorou o cen- fecção das cartas da costa brasileira
importante fonte para a História do tenário do Patrono da Marinha, e produzidas por todos os outros países.
Brasil. Tamandaré foi uma das pes- possui um catálogo que facilita o Eles não vêm aqui fazer seus levanta-
soas de destaque que, durante um trabalho de pesquisadores. mentos, simplesmente confiam nelas.
período fundamental para a forma- O conjunto documental apresen- A MOW registra conjuntos no-
ção do País, participou da maioria tado pela DHN é o levantamento táveis do patrimônio documental, à
dos acontecimentos que garantiram, cartográfico da costa, que possibilita semelhança da “Lista do Patrimônio

MARINHA em Revista Ano 02 • Número 04 • Abril 2011 43


Mundial”, também da UNESCO, candidatura de acervos de documentos refere, de maneira que sua for-
mais conhecida por nominar cida- à nominação brasileira da MOW. mação orgânica e integridade se-
des e monumentos como “Patrimô- Anualmente, é nominado um má- jam identificáveis;
nio da Humanidade”. Os conjuntos ximo de 10 conjuntos. Este ano, so- »» A acessibilidade ao público, res-
de interesse podem ser: textuais mente 8 foram aprovados. Destacam- salvadas as limitações necessárias
(manuscritos ou impressos); audio- se entre os critérios de avaliação: a sua preservação e segurança; e
visuais (filmes, vídeos ou arquivos »» A autenticidade, que significa que »» A integridade do documento ou
sonoros); iconográficos (fotografias, sua fidedignidade e procedência conjunto documental, de nature-
gravuras ou desenhos); ou cartográ- são atestáveis; za arquivística ou bibliográfica.
ficos; tanto em suporte convencio- »» A unicidade e singularidade - o
nal quanto digital, abrangendo toda fato de ser único e insubstituível, Os acervos já constantes do Re-
a história da humanidade. ou seja, algo cuja deterioração gistro Nacional são de grande rele-
O programa reconhece patrimô- ou desaparecimento constituiria vância para o patrimônio histórico e
nios documentais de significado inter- uma perda para o patrimônio da artístico brasileiro. Não existe prê-
nacional, regional e nacional. Para o humanidade; mio, além do certificado de nomina-
Brasil, existe um Comitê Nacional da »» A relevância para a história, cul- ção, que é confirmada em Portaria do
MOW, criado por Portaria do Minis- tura e sociedade, levando-se em Ministro da Cultura e publicada no
tério de Estado da Cultura, compos- conta as pessoas ou atores envol- Diário Oficial. Mesmo sem prêmio,
to por um máximo de 17 membros, vidos em sua geração, assuntos, o destaque sinalizado pela nomina-
com representantes dos principais temas tratados, forma e estilo; ção facilita a aprovação de projetos,
setores nacionais referentes a arquivos »» A organicidade do conjunto do- apresentados a possíveis patrocina-
ou interessados neles. Todos os anos, cumental de natureza arquivísti- dores, para melhorar as condições
esse Comitê vem publicando edi- ca, que deve respeitar os limites de preservação e salvaguarda ou para
tais que estabelecem as regras para a do fundo ou coleção a que se possibilitar a divulgação

Comandante da Marinha (ao centro) recebe certificado da UNESCO

44
Centro de Comunicação Social da Marinha
www.mar.mil.br

You might also like