You are on page 1of 4

PRISÃO DOMICILIAR

Cabe na prisão preventiva (requisitos mais rigorosos, CPP) e no


cumprimento da pena, com requisitos diferentes (LEP).
A LEP autoriza apenas no regime aberto, mas STJ e STF admitem também
nos regimes fechado e semiaberto.
Sala de Estado-Maior (Estatuto da OAB) e prisão/cela especial: em regra
não são substituíveis por prisão domiciliar caso haja cela separada das
celas comuns.
- No Código de Processo Penal (CPP):

Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar


quando o agente for:
I - maior de 80 anos;
II - EXTREMAMENTE debilitado por motivo de doença grave;
III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 anos de
idade ou com deficiência;
IV - gestante; (redação dada pela Lei 13.257/2016);
V - mulher com filho de até 12 anos; (redação dada pela Lei 13.257/2016)
VI - homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até
12 anos. (redação dada pela Lei 13.257/2016).
Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos
requisitos estabelecidos neste artigo.

- Segundo o STJ e o STF, em caso de inexistência de sala de Estado-Maior


a advogado, não cabe prisão domiciliar caso exista cela especial, separada
dos demais detentos:
9. O art. 7º, V, da Lei n. 8.906/94, cuja constitucionalidade foi
confirmada pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento da Ação
Direta de Inconstitucionalidade n. 1.127/DF, assegura ao advogado
inscrito na OAB e comprovadamente ativo, o cumprimento de prisão
cautelar em Sala de Estado-Maior e, na sua ausência, em prisão
domiciliar. Sobre o tema, esta Corte Superior, bem como o Supremo
Tribunal Federal, firmaram entendimento no sentido de que a
existência de cela especial em unidade penitenciária, cuja
instalação seja condigna e em ala separada dos demais detentos,
supre a exigência descrita no Estatuto da Advocacia.
(STJ, HC 396162 / SP, 5ª Turma, julg. em 05/12/2017)

Por esse motivo, verifica-se que o entendimento jurisprudencial desta


Corte tem evoluído no sentido de que a existência de vaga especial em
espaço em unidade penitenciária que atenda aos atributos de
instalações e comodidades condignas, independente da existência de
grades, atende à exigência fundada no inciso V do art. 7º da Lei nº
8.906/94. Cito as seguintes decisões: RCL 16.419, rel. min. Celso de
Mello, DJe 27.8.2014; RCL-MC 15.969, rel. min. Roberto Barroso, DJe
10.10.2013; HC 116.384, rel. min. Rosa Weber, DJe 27.5.2013.
(STF, Rcl 16716 AgR/SP, 2ª Turma, julg. em 24/03/2015)

- Segundo o STJ e o STF, a prisão especial está adstrita ao recolhimento em


local distinto da prisão comum, caso em que é descabida a prisão
domiciliar. Não é necessário que haja unidades prisionais exclusivas para
a custódia de presos especiais.
III - É entendimento desta Quinta Turma: "A teor do art. 295, §§ 1º, 2º
e 3º, do Código de Processo Penal, com a redação dada pela Lei n.º
10.258/2001, a garantia reservada para aqueles que tem direito à
prisão especial está adstrita ao recolhimento em local distinto
da prisão comum ou, inexistindo estabelecimento específico, em
cela distinta, garantida a salubridade do ambiente. Assim, não
havendo vagas ou inexistindo na localidade unidades prisionais que se
prestam exclusivamente para a guarda de presos especiais, a
manutenção do acautelamento em acomodações que atendam esses
requisitos cumpre as exigências legais, sendo descabido deferir a
prisão domiciliar" (HC n. 231.768/SP, Quinta Turma, Rel. Ministra
Laurita Vaz, DJe de 16/11/2012).
(STJ HC 332894/ MG, 5ª Turma, julg. em 18/08/2016)

1. “A reforma introduzida no Código de Processo Penal pela Lei nº


10.258/2001 visou a eliminar privilégios injustificáveis em uma
democracia e estabeleceu de maneira clara que a prisão
especial, prevista neste Código ou em outras leis, consiste
exclusivamente no recolhimento do preso em local distinto
da prisão comum (art. 295, § 1º). À falta de estabelecimento
específico para o preso especial, este será recolhido em cela
distinta do mesmo estabelecimento (art. 295, § 2º).
3 Inobstante ainda aplicável a Lei nº 5.256/1967, que prevê a prisão
domiciliar na ausência de estabelecimento próprio para a prisão
especial, devem ser considerados os contornos da prisão
especial introduzidos pela Lei nº 10.258/2001”
(STF, HC nº 116.233 AgR/SP, rel. Min. Rosa Weber, DJ de 26.08.2013)
- Na Lei de Execuções Penais (LEP):

Art. 117. Somente se admitirá o recolhimento do beneficiário de regime


aberto* em residência particular quando se tratar de:
I - condenado maior de 70 anos;
II - condenado acometido de doença grave;
III - condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental;
IV - condenada gestante.

- No caso de condenado somente se verificado que o filho depende da


presença do pai.
* O STJ e o STF têm admitido, excepcionalmente, a prisão domiciliar
também nos regimes fechado e semiaberto:
II - Este Tribunal Superior tem posicionamento no sentido de que,
embora o art. 117 da Lei de Execuções Penais estabeleça como
requisito para a concessão da prisão domiciliar o cumprimento da
pena no regime aberto, é possível a extensão de tal benefício aos
sentenciados recolhidos no regime fechado ou semiaberto
quando a peculiaridade concreta do caso demonstrar sua
imprescindibilidade.
(STJ, AgRg no HC 429.878 / MS, 5ª Turma, .Julg em 13/03/2018)
1. A jurisprudência desta Corte Superior se firmou no sentido de
admitir, com lastro no princípio da dignidade da pessoa humana, a
concessão da prisão domiciliar prevista no art. 117 da LEP aos
condenados que, cometidos de graves enfermidades, cumpram pena
em regime semiaberto ou fechado sem assistência adequada na
unidade prisional.
(STJ, AgRg no RHC 83714 / ES, 6ª Turma, 12/12/2017)

HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINÁRIO.


INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. NÃO CONHECIMENTO. EXECUÇÃO
PENAL. CUMPRIMENTO DE PENA EM REGIME
INICIAL FECHADO. PEDIDO DE PRISÃO DOMICILIAR. INVIABILIDADE.
GRAVE ESTADO DE SAÚDE DO APENADO. NÃO COMPROVAÇÃO.
EXCEPCIONALIDADE. INEXISTÊNCIA DE ILEGALIDADE.
1. Não se admite habeas corpus substitutivo de recurso ordinário, sob
pena de ofensa ao regramento do sistema recursal previsto na
Constituição Federal.
2. A concessão de prisão domiciliar quando o apenado cumpre
pena em regime mais gravoso depende da comprovação
inquestionável de grave estado de saúde do paciente.
3. Writ não conhecido, mas com concessão da ordem de ofício para que
o Juízo da Execução examine a viabilidade da concessão do regime
semiaberto ao paciente.
(STF, HC 112412 / DF. 1ª Turma, julg. em 10/11/2015)

- Teses fixadas pelo STF em repercussão geral:

a) A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a


manutenção do condenado em regime prisional mais gravoso;
b) Os juízes da execução penal poderão avaliar os
estabelecimentos destinados aos regimes semiaberto e aberto,
para qualificação como adequados a tais regimes. São aceitáveis
estabelecimentos que não se qualifiquem como “colônia
agrícola, industrial” (regime semiaberto) ou “casa de albergado
ou estabelecimento adequado” (regime aberto) (art. 33, §1º,
alíneas “b” e “c”, do CP);
c) Havendo déficit de vagas, deverá determinar-se:
(i) a saída antecipada de sentenciado no regime com falta de
vagas [para o qual o condenado progrediu];
(ii) a liberdade eletronicamente monitorada ao sentenciado
que sai antecipadamente ou é posto em prisão domiciliar por
falta de vagas;
(iii) o cumprimento de penas restritivas de direito e/ou estudo
ao sentenciado que progride ao regime aberto;
d) Até que sejam estruturadas as medidas alternativas
propostas, poderá ser deferida a prisão domiciliar ao
sentenciado.
STF. Plenário. RE 641320/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
11/5/2016 (repercussão geral) (Info 825).
Obs: a prisão domiciliar não deve ser a primeira opção, em razão de
seus inconvenientes: necessidade de dispor de uma residência;
dependência de terceiros para prover o sustento; constantes
comunicações com o juízo da execução para saídas; dificuldade de
fiscalização; não propicia a ressocialização.

You might also like