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PROGRAMA DE DISCIPLINA
Ementa:
O curso será voltado para o estudo da imagem e da imaginação, discutindo seu papel na
cognição inventiva. O objetivo é estudar o percurso histórico do problema, com ênfase nas
abordagens contemporâneas. Na psicologia do século XIX, como é o caso de T. Ribot, a
imaginação, enquanto faculdade de produção de imagens mentais, é evocada para explicar a
invenção e os processos criadores. A contribuição de W. James trará novos elementos para a
discussão, no contento da teoria do fluxo da consciência. Em Matéria e Memória, H. Bergson
dá à imagem um estatuto ontológico, no limite entre o objetivo e o subjetivo. Uma posição
contrária é adotada por J. P. Sartre em A imaginação, que define a imaginação como uma
função irrealizante, que daria o objeto como ausente. Após o eclipse provocado pela hegemonia
do behaviorismo, na década de 70 o tema da imagem ressurge em estudos experimentais, que
apontam que o sujeito pode descrever esses objetos mentais e controlar sua própria experiência
imagética. Por um ato de vontade, pode evocar essa ou aquela imagem mental e também
transformá-la. O conceito de imaginação dá lugar ao de imagerie ou imagery, que remete ao
processo de produção de imagens e não têm uma tradução exata em português, sendo por vezes
traduzido como imageamento. Um exemplo são os estudos de rotação mental de imagens, como
os de Shepard e Metzler. A obra de G. Simondon Imagination et invention ganha especial
importância na discussão contemporânea. Simondon procede a um mapeamento da polissemia
do conceito de imagem, que abarca na segunda metade do séc. XX tanto o sentido de
psicológico de imagem mental, quanto aquele mais próprio do campo da arte e da comunicação,
que fala da imagem dotada de suporte material, como a fotografia e o desenho. Frente a esta
bifurcação e ampliação do conceito de imagem, a questão que se coloca diz respeito a um ciclo
inventivo, que faz com que elas se distingam mas não se separem, retroagindo umas sobre as
outras de modo inventivo. A partir da consideração da invenção como a última fase do ciclo da
imagem, é evocada uma causalidade circular, que leva à desmontagem da dicotomia imagem
material-imagem mental. Serão examinadas também as posições de autores contemporâneos
como Didi-Huberman e J. Rancière.
Bibliografia: