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Ano Semestre

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA 2013 1

PROGRAMA DE DISCIPLINA

Código Nome da Disciplina: CH CR


Estudos Avançados em Processos Cognitivos I 30 2
(Imagem, imaginação e invenção)

Professor: Virginia Kastrup

Ementa:
O curso será voltado para o estudo da imagem e da imaginação, discutindo seu papel na
cognição inventiva. O objetivo é estudar o percurso histórico do problema, com ênfase nas
abordagens contemporâneas. Na psicologia do século XIX, como é o caso de T. Ribot, a
imaginação, enquanto faculdade de produção de imagens mentais, é evocada para explicar a
invenção e os processos criadores. A contribuição de W. James trará novos elementos para a
discussão, no contento da teoria do fluxo da consciência. Em Matéria e Memória, H. Bergson
dá à imagem um estatuto ontológico, no limite entre o objetivo e o subjetivo. Uma posição
contrária é adotada por J. P. Sartre em A imaginação, que define a imaginação como uma
função irrealizante, que daria o objeto como ausente. Após o eclipse provocado pela hegemonia
do behaviorismo, na década de 70 o tema da imagem ressurge em estudos experimentais, que
apontam que o sujeito pode descrever esses objetos mentais e controlar sua própria experiência
imagética. Por um ato de vontade, pode evocar essa ou aquela imagem mental e também
transformá-la. O conceito de imaginação dá lugar ao de imagerie ou imagery, que remete ao
processo de produção de imagens e não têm uma tradução exata em português, sendo por vezes
traduzido como imageamento. Um exemplo são os estudos de rotação mental de imagens, como
os de Shepard e Metzler. A obra de G. Simondon Imagination et invention ganha especial
importância na discussão contemporânea. Simondon procede a um mapeamento da polissemia
do conceito de imagem, que abarca na segunda metade do séc. XX tanto o sentido de
psicológico de imagem mental, quanto aquele mais próprio do campo da arte e da comunicação,
que fala da imagem dotada de suporte material, como a fotografia e o desenho. Frente a esta
bifurcação e ampliação do conceito de imagem, a questão que se coloca diz respeito a um ciclo
inventivo, que faz com que elas se distingam mas não se separem, retroagindo umas sobre as
outras de modo inventivo. A partir da consideração da invenção como a última fase do ciclo da
imagem, é evocada uma causalidade circular, que leva à desmontagem da dicotomia imagem
material-imagem mental. Serão examinadas também as posições de autores contemporâneos
como Didi-Huberman e J. Rancière.

Bibliografia:

AUGÉ, M. ; DIDI-HUBERMAN, G. ; ECO, H. L’expérience des images. Bry-sur-


Marnes, 2011.
BERGSON, H. Matéria e memória. São Paulo: Martins Fontes, 1990.
CHARBOT, P. (Org.) Simondon. Paris: Vrin, 2002.
DIDI-HUBERMAN, G. O que vemos, o que nos olha. São Paulo, Ed. 34, 1998.
JAMES, W. Princípios de Psicologia. Buenos Aires, Corrientes, 1945.
KASTRUP, V., CARIJÓ, F. e ALMEIDA, M. C. O ciclo inventivo da imagem. Informática na
Educação, n.15, v.1, pp.59-74, 2012.
RANCIÈRE, J. O destino das imagens. Rio de Janeiro, Contraponto-Ed. PUCRio, 2012.
RIBOT, T. L´imagination créatrice. Paris : Félix Alcan, 1926.
SARTRE, J-P. A imaginação. Porto Alegre: L&PM, 2008.
SIMONDON, G. Imagination et invention - 1965-1966. Chatou: Les Éditions de la
transparence, 2008.
SHEPARD, R.; METZLER, J. Mental rotation of three-dimensional objects. Science, New
Series, v.171, 701-703, 1971.

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