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(Fonte http://www.pt.org.br/assessor/upov.htm)
I - Introdução
Atualmente, trinta e três países são signatários da referida Ata da UPOV, sendo seis
deles, sul-americanos: Argentina, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai e Uruguai.
Portanto, sete países do continente ainda estão fora do sistema.
Evidentemente, não deixa de ser uma cultivar, a variedade que não se enquadre nos
rigores técnicos preconizados pelas legislações que versam sobre a propriedade
intelectual desses materiais, como é o caso da diversidade de cultivares, até então
livremente utilizadas pelos agricultores. Só que, neste caso, não são passíveis de
proteção mas, de expropriação pelas empresas que, após trabalharem em cima
dessas variedades, requerem o direito de propriedade sobre as mesmas.
Com o início da agricultura, ou seja, a partir das ações do homem nos processos de
seleção e domesticação, combinadas com a ação dos fatores climáticos e mudanças
de ambiente, as plantas que hoje cultivamos foram passando por alterações
genéticas e fenótipas.
Para se chegar no milho híbrido, são usadas variedades plantadas pelos agricultores
-que foram melhoradas por muito tempo, ressaltamos-, de linhagens geneticamente
diferentes, com características que interessem ao melhorista, que são cruzadas
entre si, várias vezes.
Depois, as variedades são novamente cruzadas várias vezes, até que se consiga um
vigor à planta que implica em que o produto resultante (o híbrido), apresente um
extraordinário potencial produtivo mas, apenas na primeira vez em que é cultivado.
Significa que o produtor não pode guardar a semente para novos plantios; tendo,
portanto, que adquirir a semente do produto, de propriedade da grande empresa, a
cada plantio. Resulta, então, uma espécie de Lei natural de proteção dessa cultivar.
7. a ênfase dada à suposta tolerância da UPOV, para com o Brasil, para o ingresso
do país em sua versão 1978, sob pena de obrigar-se a aderir à Versão 1991,
daquele Fórum, muito mais restritiva. A Mensagem Presidencial nº 81/96, que
encaminhou o Projeto de Lei sobre a matéria, para o Congresso, alertava que o
prazo estipulado para a adesão à UPOV/78, teria expirado em 31 de dezembro de
1995. Assim registrou a Mensagem Presidencial nº 81/96: "Caso o Brasil não venha
a dispor de lei de proteção de cultivares nesse prazo concedido
excepcionalmente....., só restará a alternativa de vir a aderir à mesma convenção na
sua versão revisada em 19.3.91, o que não parece adequado, por permitir a dupla
proteção, inclusive mediante patentes."
Por fim, alegam, ainda, mais exatamente para justificar a aprovação da Mensagem
Presidencial, em referência, que o Brasil já submeteu formalmente a sua legislação
interna à apreciação daquele Fórum, com resultados favoráveis. Isto quer dizer que
a UPOV considerou a legislação nacional ajustada ao padrão recomendado pela
organização.
Durante todo esse tempo não tivemos legislação sobre cultivares e tampouco
aderimos à UPOV. Aconteceu algo importante ao país em decorrência da
manutenção dessa situação supostamente isolacionista?
Destaque-se, também, que algo muito importante deve ter levado países europeus,
como a Espanha, com grande tradição agrícola, a preferir o "isolamento" e não
aderir à UPOV/78!. Igualmente, motivos relevantes devem ter orientado idêntico
procedimento por parte da Bélgica.
Até à presente data, a versão 1991 não entrou em vigor, simplesmente porque
durante todo esse período, não conseguiu ser ratificada por cinco países - número
mínimo exigido. O mais grave é que três anos após, o governo insiste no discurso;
agora, para pressionar pela aprovação da referida Mensagem Presidencial.
Vale, neste momento do texto, comprovar o que talvez seja a maior fraude do
governo que denuncia as suas reais intenções com a aprovação da Lei e a adesão ã
UPOV/78. Trata-se da absoluta inconsistência do discursos oficial sobre o
ajustamento da legislação brasileira aos padrões da referida versão da UPOV.
Ocorre que a Convenção de 1978 (Art. 5º, § 2º), prevê a possibilidade de cada
Estado-membro incluir, em sua Lei, a extensão da proteção até o produto agrícola
comercializado. Assim, através de uma simples Medida Provisória, o governo
poderia proceder à essa alteração no texto da Lei dos Cultivares. Convenhamos; há
grandes possibilidades de que isso venha a ocorrer, brevemente. Afinal, trata-se do
controle e lucros em torno de 40% do PIB brasileiro, e não, de US$ 1 bilhão/ano que
envolve o mercado de sementes.
Além da grande probabilidade dessa alteração, pela via da legislação interna, a
Convenção UPOV/78, prevê a revisão dos seus termos, através dos votos de 5/6
dos seus membros (art. 27), o que constitui, portanto, em outro meio para o provável
ajustamento dos limites de proteção previstos atualmente pela Versão 1978, aos
fixados pela de 1991;
Portanto, a síntese da leitura dos itens acima, indica que a adesão do Brasil à
UPOV/78 e, à própria Versão/91, em alguns casos, significará a imposição de
regulamento, no exterior, para os obtentores brasileiros, à feição do recomendado
pela UPOV/78. Em contrapartida, as empresas estrangeiras, por conta da
radicalização da proteção fixada pela legislação brasileira, gozarão de privilégios, no
Brasil, não previstos pela referida Ata, importando em vantagens adicionais para a
concentração e desnacionalização do setor de sementes no Brasil e, em restrições
aos agricultores brasileiros, bem mais graves do que as verificadas aos agricultores
estrangeiros.