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Ruptura e convergência trata de dois temas, primordialmente, a saber:

poesia e modernidade. Trata-os com uma perspectiva histórica e, nos últimos


parágrafos, pseudoprofética. Nesse interim, fala-se de três etapas/processos
históricos, dos quais somos herdeiros: o romantismo (o nascimento da
modernidade), as vanguardas (seu apogeu) e sua negação contemporânea (a
sua crise).

II. Modernidade e Vanguarda; III. Poesia de convergência.

Na primeira parte do texto, Modernidade e Romantismo, Paz expõe


brevemente uma história da modernidade, que começa no século XVIII,
constituída pela crítica à religião, à filosofia, à moral, ao direito, à história, à
economia e à política e pelo enaltecimento daquilo que se dizia ser a razão sobre
todas essas outras. Disso resultaram as trágicas utopias, fato que nos levou ao
romantismo, a crítica à crítica racional, na qual as sensações tomavam da razão
o papel de protagonista. Dir-se-ia que o romantismo é uma transgressão do
modernismo dentro da modernidade, e que seu modus operandi é uma mescla
entre analogias, as correspondências cosmológicas, e ironias, as
dissemelhanças dentro das correspondências. As diversas manifestações
desses dois princípios norteiam a poesia moderna.

Na segunda parte, Modernidade e Vanguarda, chega-se ao apogeu da


modernidade, perpetrada pelas vanguardas europeias, até chegarmos na crise
da modernidade onde nos encontramos. Na terceira parte, Poesia de
Convergência, anuncia-se o descrédito que a idade contemporânea tem para
com o futuro e o progresso, o que inviabiliza a continuidade da estética da
mudança e da ruptura praticada pela modernidade. Há aqueles que digam,
inclusive, que já estamos em outro período histórico. Nessa nova fase, tanto o
passado como o futura dão lugar ao agora, ao tempo presente que é presença.
Essa arte da convergência, que busca a essência comum da poesia e a
reconciliação dos três tempos , está diametralmente oposto à arte de ruptura da
modernidade.

Perrone-Moisés (2003, p. 24) diz que “o conhecimento do passado, em


todos os tempos, só é desejável quando está a serviço do presente, quando ele
desenraiza os germes fecundos do futuro”, indo ao encontro dos anseios por
uma nova literatura do presente, uma literatura sincrônica e reconciliatória, de
Octávio Paz.

Além disso, segundo Perrone-Moisés (2003, p.34), para Octávio Paz a


“imaginação poética muda com a imagem do mundo, particular a cada época,
mas a poesia permanece a mesma, em todos os tempos e lugares”, isto é, os
acidentes (no sentido filosófico do termo) variam de acordo com o lugar histórico,
mas a essência poética não. Justamente descobrir esse imutável entre as
diversas mutações e o trabalho da nova poética que nasce, segundo Paz.

Octavio Paz (1914-1998) foi um escritor, poeta e diplomata mexicano,


reconhecido como um dos maiores escritores latino-americanos do século XX,
sendo laureado com um Nobel de literatura em 1990, além de ter recebido o
maior prêmio de literatura em espanhol, o prêmio Cervantes. Foi muito
influenciado pelo marxismo, surrealismo, existencialismo, e, especialmente
durante seu tempo como diplomata na Índia, pelo budismo e hinduísmo.
Destacam-se seus trabalhos de crítica literária Las Peras del Olmo, El Arco y la
Lira e El Laberinto de la Soledad.

PERRONE-MOISÉS, Leyla. Altas literaturas. São Paulo, Companhia das


Letras, 2003.

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