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Resumo
Este artigo foi elaborado a partir do conteúdo da pesquisa de mestrado intitulada Ensino de
Arte: Desafios e Possibilidades no Contexto da Alfabetização. A pesquisa constituiu em
investigar a possibilidade de diálogo entre Arte e alfabetização no contexto da escola pública
e teve como sujeitos, professoras de Arte e de alfabetização de uma escola de ensino
fundamental I (1º ao 5º ano) na cidade de Diadema. Na metodologia, fez-se uso de entrevistas
com 4 professoras alfabetizadoras e 4 professoras de Arte e Grupo Focal com 2 professoras
alfabetizadoras e 2 professoras de Arte. Apesar de ser um recorte pequeno, foi possível
perceber algumas dificuldades das professoras pautadas na falta de apoio da família,
defasagem na aprendizagem dos alunos e a deficiência de espaço físico e material pedagógico
para professoras de Arte. Observou-se também a falta de união entre os profissionais, e de
articulação entre os conteúdos e o processo formativo deficiente. No Grupo Focal, a falta de
integração que as professoras chamaram de “parceria” e os desafios apresentados pelas
professoras entrevistadas revelam a necessidade de formação contínua direcionada a cada
disciplina que o professor venha a trabalhar com os alunos.
Introdução
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Mestre em Educação na Universidade Metodista de São Paulo. E-mail: sfo_joaoeclaude@hotmail.com
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defende que há uma alfabetização visual, porque é o primeiro canal por onde passa a
alfabetização, seguido pelo ouvir. A autora afirma que “a representação plástica visual, muito
ajuda a comunicação verbal, que é restrita á umas setenta palavras para uma criança de seis
anos”. (BARBOSA, 1999, p.28), ou seja, ao aguçar os sentidos da criança, ela distingue as
letras e constrói seu sistema de escrita. Esta visão se apresenta nos estudos de Pillar (1993)
que compara os processos de desenvolvimento gráfico-plástico com os da escrita afirmando
que as atividades visuais contribuem positivamente na construção de representações de forma
e espaço, elementos que são essenciais para alfabetização. A pesquisa desenvolvida por Pillar
junto ao Grupo de Estudos sobre Educação – Metodologia de Pesquisa e Ação (GEEMPA)
buscou desenvolver um projeto pedagógico que apresentasse correlação positiva entre Arte e
Alfabetização enfatizando a linguagem plástica, no campo das representações de espaço. A
autora afirma que
Pillar, dá ênfase às Artes Plásticas, por ser especialista na linguagem, mas também
mesmo em face às linguagens artísticas como a Dança, Música e Teatro, concorda que o
ensino de Arte em sua totalidade visa enriquecer o processo de alfabetização, propiciando
“uma melhor leitura de mundo, bem como uma correlação positiva na construção das
representações e dos símbolos” (PILLAR, 1993, p.16).
Não se pode esquecer que há um diferencial nos momentos de apreciação e vivência
artística, que é a estética, na concepção individual de beleza e fruição desta beleza de dentro
para fora e de fora para dentro, numa ética e poética do sentir nos momentos de
experimentação com as linguagens artísticas e a escola pode oferecer estes momentos para o
desenvolvimento global do aluno.
Como professora de Arte em uma escola que tem como objetivo principal a
preocupação com a alfabetização e com o letramento, me preocupo com o lugar da Arte neste
contexto entendendo que a Arte é uma área de conhecimento que permite uma relação entre
cognição e afetividade quando na inserção de suas diferentes linguagens e sua função
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Metodologia
Entrevista
reconhecem a importância da Arte e do seu ensino, mas elas não consideram a relação
dos alunos para o ensino e aprendizagem de Arte, e também porque a maioria delas aprendeu
especialista.
Categorias de análise
As análises dos conteúdos das entrevistas foram feitas à luz de referencial teórico de
Bardin (1977) e Franco (2003). A primeira análise do conteúdo das entrevistas viabilizou, de
acordo com os discursos, a organização em cinco (05) categorias a partir da co-ocorrência de
termos que foi de grande auxílio para o processo de análise das dificuldades reveladas nas
relações entre as professoras e suas disciplinas no processo de alfabetização demarcando os
pontos de tensão nessas relações. As categorias foram assim organizadas:
Grupo Focal
discutiram sobre o conteúdo do mote, concordando ou não com seu conteúdo. Considerando o
conteúdo do mote, percebeu-se que as dificuldades das professoras alfabetizadoras recaíram
sobre:
Necessidade de planejamento de trabalho integrado por causa da falta de compreensão
da presença do especialista em Arte. O professor alfabetizador crê ser desnecessário o ensino
de Arte por um especialista.
As dificuldades das professoras de Arte recaem sobre:
O descaso e o desrespeito com a professora de Arte e com a disciplina Arte.
A discussão que se seguiu no Grupo Focal ressaltou os questionamentos anteriores
apresentados nas entrevistas, relacionados à falta e necessidade de trabalho intergado.
Entretanto, a ideia de trabalho integrado ainda se apresenta imatura, em razão da proposta
conteudista tradicional que traz como proposta de integração alfabetização/Arte o uso da
régua e o ensino das figuras geométricas.
Conclusão
ambiente onde está. Isso não quer dizer que vá se conformar com a falta de material, mas não
deve ser o motivo para uma prática pedagógica deficiente.
Quando há tensão na relação entre Arte e alfabetização, isso afeta o trabalho
pedagógico, os professores alfabetizadores precisam conhecer as expectativas de
Aprendizagem em Arte, e caso não as entendam, o professor de Arte pode orientá-los, através
da viabilização de momentos de formação, a fim de que se aprendam a real importância da
Arte no processo.
No ensino de Arte, o professor deve conduzir seus alunos a ter experiências estéticas.
Uma postura reflexiva essencial para os professores, sobre sua prática, sobre o aluno e
sua aprendizagem e sobre todo o convívio com a comunidade escolar. O que importa é que
Educação e Arte sejam acessíveis a quem realmente importa e quem há de aprender: o aluno.
É um exercício que se faz com os obstáculos que aparecem na caminhada com o objetivo de
sempre melhorar.
REFERÊNCIAS
BARBOSA, Ana Mae. A Imagem no Ensino de Arte. São Paulo: Perspectiva, 1999.
CHRISTOV, Luiza Helena da Silva. MATTOS, Simone Ap. Ribeiro de. Arte Educação:
Experiências, Questões e Possibilidades. São Paulo: Expressão e Arte Editora, 2006.
DEWEY, John. Arte Como Experiência. São Paulo: Martins Fontes, 2010.