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Universidade Estadual Paulista

Campus de Ilha Solteira


Departamento de Engenharia Elétrica

Curso de Graduação em Engenharia Civil

eletricidade
apostila

Carlos Roberto Minussi

Ilha Solteira-SP, Março-2012.


DEE – C/ISA – UNESP  Eletricidade – Engenharia Civil  C. R. Minussi

1. CIRCUITOS ELÉTRICOS DE CORRENTE CONTÍNUA EM REGIME


PERMANENTE

1.1. Rudimentos

Os regimes operacionais de circuitos encontram-se ilustrados na Figura 1.1.1.


Os principais regimes são: (1) permanente, (2) transitório e (3) regime subtransitório.

Figura 1.1.1. Regimes elétricos.

 Regime Permanente : Equações algébricas (que são casos particulares das equações
diferenciais).

 Regime Transitório : Equações diferenciais (para modelagem contínua) ou de


diferenças (para modelagem discreta) e equações algébricas.

 Regime Subtransitório: Equações diferenciais (para modelagem contínua) ou de


diferenças (para modelagem discreta) e equações algébricas,
porém o intervalo de tempo sob análise refere-se à parte inicial
do transitório, como indicado na Figura 1.1.1.

NB (Nota Bene  Observação):


Nesta disciplina (Eletricidade) o regime considerado é somente o Regime Permanente.
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Os componentes a serem usados na disciplina “Circuitos Elétricos” encontram-


se relacionados na Tabela 1.1.1.
Tabela 1.1.1. – Componentes e simbologia usados nos circuitos elétricos.

Componente Símbolo Unidade Observação


1. Resistor ohm -  
2. Resistor variável ohm -  

3. Indutor henry - L 
4. Capacitor farad - C 
5. Menristor ohm -  Resistor com memória. É considerado o
quarto elemento passivo de circuitos
elétricos / eletrônicos. Função não-linear
entre a tensão e corrente. É uma junção
entre a capacidade resistiva (do resistor)
e a memorização (das memórias). Os
memristores são nanofios com 50
nanômetros de largura, o que
compreende cerca de 150 átomos. A
ilustração abaixo contém 17
memristores.

6. Fonte de tensão independente ampère - A Tensão terminal completamente


independente da corrente que passa pela
fonte
7. Fonte de tensão dependente volt - V Tensão terminal é dependente da
corrente que passa pela fonte (tensão
controlada)
8. Fonte de corrente independente volt - V Corrente fornecida pela fonte é
completamente independente da tensão
do terminal
9. Fonte de corrente dependente ampère - A Corrente fornecida pela fonte é
dependente da tensão do terminal
(corrente controlada)
10. Fonte de tensão contínua volt - V Bateria

11. Transformador  

12. Chave / interruptor  

13. Diodo  
14. Transistor  

15. Corrente alternada  


16. Aterramento  
17. Amplificador operacional  

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Tabela 1.1.2. Sistema decimal usado nos circuitos elétricos.

Designação Simbologia Valor


atto a 10 18
femto f 10 15
pico p 10 12
nano N 10 9
micro  10 6
mili m 10 3
centi c 10 2
deci d 10 1
deca da 10 1
hepto h 10 2
quilo k 10 3
mega M 10 6
giga G 10 9
tera T 10 12

Tabela 1.1.3. Identificação de resistores.


1a. Faixa 2a. Faixa 3a. Faixa 4a. Faixa
o o
(1 Dígito) (2 Dígito) (Multiplicador) Tolerância
Preto =0 x1
Marrom =1 Marrom =1 x 10
Vermelho = 2 Vermelho = 2 x 100
Laranja =3 Laranja =3 x 1.000
Amarelo =4 Amarelo =4 x 10.000 Prata: 10%
Verde =5 Verde =5 x 100.000
Azul =6 Azul =6 x 1000.000 Ouro: 5%
Violeta =7 Violeta =7 Ouro: x 0,1
Cinza =8 Cinza =8 Prata: x 0,01 Nenhuma Faixa: 20%

Branco =9 Branco =9
NB:
1. A primeira faixa nunca deverá ser de cor preta, i.e., correspondente ao dígito “0”;
2. O resistor poderá conter, também, a 5a faixa, indicando o fator de segurança
(percentual de falhas por 1.000 horas de uso): Marrom  1%; Vermelho  0,1%;
Laranja  0,01%; Amarelo  0,001%;
3. Os valores de resistência disponíveis no mercado são padronizados. Portanto,
valores fracionários nem sempre se encontram disponíveis, sendo necessária a
aproximação ao valor mais próximo.

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Exemplo 1:

Figura 1.1.2. Resistor elétrico de 10 k.

1a. Faixa = Marrom : 1


2a. Faixa = Preto : 0 Total = 10 x 1.000 = 10 k, 5% de tolerância (erro)
3a. Faixa = Laranja : x 1.000

Exemplo 2:

Figura 1.1.3. Resistor elétrico de 4,7 k.

1a. Faixa = Amarelo : 4


2a. Faixa = Violeta : 7 Total = 47 x 100 = 4,7 k, 5% de tolerância
3a. Faixa = Vermelho : x 100

Exemplo 3:
a) 1a faixa: Cinza; 2a faixa: Vermelho; 3a faixa: Preto; 4a faixa: Ouro; 5a faixa: Marrom
8 2 0 + 5% 1%
82 x 1 = 82  + 5% (1% de fator de segurança);

b) 1a. faixa: Laranja; 2a faixa: Branco; 3a faixa: Ouro; 4a. faixa: Prata; 5a faixa: Nenhuma cor
3 9 0,1 +10% 
39 x 0,1 = 3,9  + 10% (sem indicação do fator de segurança).

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1.2. Bipolo

Um bipolo elétrico é, por definição, um dispositivo elétrico com dois terminais


acessíveis, por meio do qual circula uma corrente elétrica. Toda a iteração elétrica do
bipolo com o exterior se faz, somente, através destes dois terminais. Em qualquer instante,
a corrente que entra por um dos terminais é igual a corrente que sai pelo outro terminal. O
bipolo elétrico é representado, genericamente, pelo símbolo mostrado na Figura 1.2.1.

Figura 1.2.1. Símbolo de um bipolo elétrico.

Considerando-se um bipolo atravessado por uma corrente i(t). Durante um


intervalo de tempo (dt) o bipolo é atravessado por uma carga elétrica:

dq(t) = i(t) dt (1.2.1)


sendo:
q : carga elétrica (coulomb) [Charles Augustin de Coulomb / francês].
A passagem desta corrente transfere para o bipolo uma energia dw,
relacionada à carga, por:

dw(t) = v(t) dq(t) (1.2.2)

sendo:
w : energia (joule) (James Prescott Joule / inglês)
v : tensão elétrica entre os terminais do bipolo (volt) [Conde Alessandro Volta /
italiano].
A grandeza v(t), entre os terminais do bipolo, pode ser expressa por:

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dw( t )
v(t) = (1.2.3)
dt

1.3. Leis de Ohm

Considere a seguinte relação:

causa
Efeito = (1.3.1)
oposição

Qualquer processo de conversão de energia pode ser relacionado com esta


equação. Em circuitos elétricos, o “efeito” que se deseja estabelecer é o “fluxo de carga
elétrica” ou “corrente elétrica”. A diferença de potencial (ou tensão elétrica), entre dois
pontos, é a “causa”, e a “oposição” à corrente corresponde a “resistência”. Assim sendo,
adaptando-se a equação (1.3.1) ao problema de circuitos elétricos, resulta em:

diferença de potencial
corrente = (1.3.2)
resistência

sendo:
no sistema SI (Sistema Internacional de medidas):

corrente : ampère [André Marie Ampère/ francês]


tensão : volt
resistência : ohm [Georg Simon Ohm/ alemão].

A equação (1.3.2) é conhecida como lei de Ohm. Esta expressão mostra que,
para uma resistência fixa, quanto maior for a tensão nos terminais de um resistor, maior
será a corrente. Para uma tensão fixa, quanto maior for a resistência, menor será a corrente

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elétrica. Portanto, a corrente é proporcional à tensão aplicada e inversamente proporcional


à resistência.

Exemplo:
Calcular a resistência do filamento de uma lâmpada elétrica (tipo
incandescente) de 60W se uma corrente de 500 mA for estabelecida em função da
aplicação de tensão de 120 V (Figura 1.3.1.):

(Carga Resistiva)

Figura 1.3.1. Bateria alimentando uma lâmpada elétrica.

Solução:
V
R =
I
120 V
=
500 x 10 3 A

= 240 .

Porém, se a tensão abaixar para 100 V, a corrente será:


100 V
I =
240 

= 0,417 A
A potência consumida pela lâmpada será:
Potência = R I2
= 240  (0,417 A)2
= 41,73 W.

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1.3.1. Gráfico da Lei de Ohm

Trata-se da representação gráfica da corrente, em função da tensão, cuja


evolução mantém-se linear, conforme é mostrado na Figura 1.3.1.1.

Figura 1.3.1.1. Curva característica de um resistor.

Se escrevermos a lei de Ohm, em termos da corrente:


1
I= V + 0. (1.3.1.1)
R

Pode-se notar que a expressão (1.3.1.1) é uma equação da reta com


deslocamento nulo e inclinação (1/R). Assim, se “plotarmos” a corrente em função da
tensão usando um dispositivo qualquer, se o gráfico não for linear, conclui-se que a carga
é não-resistiva. Por exemplo, supondo-se o gráfico mostrado na Figura 1.3.1.2, pode-se
observar que a evolução não é linear. Esta é a curva característica de um diodo
semicondutor.

Figura 1.3.1.2. Curva característica de um diodo semicondutor.

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Para V = +1 V:
V 1V
R diodo = =
I 50 mA

= 20 
Para V = 1 V:
V 1 V
R diodo = =
I 1 μA

= 1 M .

1.4. Leis de Kirchhoff

As leis de Kirchhoff (Gustav Robert Kirchhoff / alemão) compreendem duas


importantes propriedades de circuitos elétricos:
(1) Lei de Kirchhoff das Correntes (LKC); e
(2) Lei de Kirchhoff das Tensões (LKT).

1.4.1. Lei de Kirchhoff das Correntes

A lei de Kirchhoff das correntes possui três versões. Em qualquer instante em


um circuito elétrico:
1. a soma algébrica das correntes que chegam em uma superfície fechada é zero;
2. a soma algébrica das correntes que saem de uma superfície fechada é zero;
3. a soma algébrica das correntes que chegam em uma superfície fechada é igual a soma
algébrica das correntes que saem de uma superfície fechada.

O vocábulo “algébrica” significa que os sinais das correntes devem ser


considerados na soma. Deve-se lembrar que uma corrente que entra é uma corrente
negativa que sai e que uma corrente que sai é uma corrente negativa que entra. Ressalta-
se, ainda, que as correntes são arbitradas como sendo positivas que saem e negativas que
entram na superfície fechada (vide Figura 1.4.1.1). Nas aplicações de circuitos elétricos, as
superfícies fechadas são nós.

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Figura 1.4.1.1. Sinais das correntes.

Figura 1.4.1.2. Lei de Kirchhoff das correntes de nó.

NB. Na aplicação da LKC, um nó é escolhido como referência, ou terra (aterramento).

Considerando-se o nó 1, a soma das correntes que saem do nó (I1 + I2 + I3) é


igual a corrente Is da fonte de corrente (que chega no nó 1):

Is + I1 + I2 + I3 = 0 (1.4.1.1)
ou:
Is = I1 + I2 + I3 (1.4.1.2)
1 1 1
= V+ V+ V
R1 R2 R3
= G1 V + G2 V + G3 V
= GT V
sendo:
GT = G1 + G2 + G3
G1, G2, G3 : condutâncias, cuja unidade é siemens (S) [Werner von Siemens / alemão].
Símbolo: (mho);
G1 = 1/R1
G2 = 1/R2
G3 = 1/R3.

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Deste resultado, pode-se concluir que resistências em paralelo podem ser


agregadas no seguinte equivalente:

GT = G1 + G2 + G3 (1.4.1.3)

1
RT  (1.4.1.4)
GT

1
=
G1  G 2  G 3

1
=
1 1 1
 
R1 R 2 R 3
1 1 1 1
=   (1.4.1.5)
RT R1 R 2 R 3

Ou, genericamente, para n resistores em paralelo:

1 1 1 1
= + +...+ (1.4.1.6)
RT R1 R2 Rn

GT = G1 + G2 + . . . + Gn (1.4.1.7)

1.4.2. Lei de Kirchhoff das Tensões

A lei de Kirchhoff das tensões possui três versões equivalentes. A qualquer


instante em um laço, tanto no sentido horário quanto no sentido anti-horário:
1. A soma algébrica das tensões é igual a zero;
4. A soma algébrica das elevações de tensão é igual a zero;
5. A soma algébrica das quedas de tensão é igual a soma algébrica das elevações de
tensão.

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Em todas as versões, a palavra “algébrica” significa que os sinais das quedas de


tensão ou de elevações de tensão devem ser considerados na adição. Deve-se lembrar que
uma elevação de tensão é uma queda negativa e uma queda de tensão é uma elevação
negativa. Tomando-se como exemplo o circuito mostrado na Figura 1.4.2.1:

Figura 1.4.2.1. Lei de Kirchhoff das tensões.

Equação de tensão da Malha 1:


Vs – V1 – V2 – V3 = 0 (1.4.2.1)
ou:
Vs = V1 + V2 + V3 (1.4.2.2)
= I R1 + I R2 + I R3
= I RT.

sendo:
RT : Resistência Total = R1 + R2 + R3
Soma das quedas de tensão sobre os resistores = V1 + V2 + V3
Elevação de tensão sobre a fonte de tensão = Vs.

A partir deste resultado, pode-se concluir que n resistores dispostos em série


possuem um resistor equivalente:

RT = R1 + R2 + . . . + Rn (1.4.2.3).

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1.5. Associação de Bipolos

O conceito de bipolo pode ser estendido para dispositivos com mais de 2


terminais (multipolo). Dentre os multipolos há especial interesse no quadripolo, ou seja,
com 4 terminais (vide Figura 1.2.2).

Figura 1.2.2. Quadripolo.

Cada par de terminais de um quadripolo pode ser ligado a um bipolo, de modo


que o quadripolo pode ser considerado como um dispositivo que interliga um par de
bipolos (Figura 1.2.3).

Figura 1.2.3. Quadripolo interligando 2 bipolos.

Assim sendo, os circuitos elétricos são concepções compostas por associações


de bipolo / quadripolo.

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1.6. Fontes de tensão e de Corrente Independentes e Dependentes

1.6.1. Fonte de Tensão Independente

Trata-se de uma fonte que fornece uma tensão que não depende da corrente que
circula através da fonte.
Simbologia: Corrente Contínua

Corrente Alternada

Exemplos: Bateria [Corrente Contínua (CC)]


Gerador de energia elétrica [Corrente Alternada (CA)].

1.6.2. Fonte de Tensão Dependente


Fonte que fornece uma tensão que é dependente da corrente que passa através da
fonte. Também é chamada de fonte controlada.

Simbologia:

1.6.3. Fonte de Corrente Independente


Fonte que fornece corrente elétrica que é completamente independente da tensão do
terminal, ou seja, fornece uma corrente preestabelecida não importante a tensão
aplicada nos seus terminais.

Simbologia:

1.6.4. Fonte de Corrente Dependente


Fonte que fornece corrente elétrica que é dependente da tensão do terminal (corrente
controlada).

Simbologia:

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1.6.5. Conversão de Fontes

A fonte de corrente descrita anteriormente é denominada fonte ideal por causa


da ausência de resistência interna. Na realidade, todas as fontes (de tensão ou de corrente)
possuem alguma resistência interna, como é mostrado nas Figuras 1.6.5.1 (a) (b).

Figura 16.5.1. Fontes de tensão e de corrente reais.

A partir da Figura 1.6.5.1, a corrente na carga IL é dada por:

V
IL = (1.6.5.1)
RS  RL

sendo:
V : fonte de tensão;
RS : resistência interna da fonte de tensão;
IL : corrente da carga;
RL : resistência da carga.

Multiplicando-se a equação (1.6.5.1) por fator igual a 1 (RS/RS), obtém-se:

( 1) V
IL =
RS  RL

(R S / R S ) V
=
RS  RL

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R S ( V /R S )
=
RS  RL

RS I
= (1.6.5.2)
RS  RL

sendo:
V
I = . (1.6.5.3)
RS

Deste modo, o modelo de fonte de tensão pode ser convertido no modelo de


fonte de corrente e vice-versa.

Exemplo 1. Converter a fonte de tensão de tensão mostrada na Figura 1.6.5.2 em fonte de


corrente e, também, determinar a corrente através de uma carga de 4  para cada tipo de
fonte.

Figura 1.6.5.2. Representação por fonte de tensão.

Solução:

V
IL =
RS  RL

6V
=
2 4

= 1 A.

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Figura 1.6.5.3. Representação por fonte de corrente.


Da Figura 1.6.5.3., a corrente da carga IL:
2  x 3A
IL =
2  4

= 1 A (OK!).

Exemplo 2. Tomando-se o exemplo 1: (1) substituir a carga de 4  por uma de 1 k e


calcular a corrente IL para a fonte; (2) repetir o cálculo do item (a), considerando-se uma
fonte de tensão ideal (RS = 0 ) .

Solução:
V
1) IL =
RS  RL

6V
=
2   1000 

 5,988 mA
V
2) IL =
RL

6V
=
1000 

= 6 mA.

Exemplo 3. Reduzir as fontes de corrente em paralelo (Figura 1.6.5.4) em uma única conte
de corrente.

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Figura 1.6.5.4. Fontes de correntes paralelas.


Solução:
As fontes de corrente são somadas:
I = 6 A  10 A
= 4A
e as resistências em paralelo, portanto:

3 x 6
R =
3  6

= 2 .

Figura 1.6.5.5. Circuito equivalente do circuito da Figura 1.6.5.4.

Exemplo 4. Converte o modelo de fonte de corrente para o modelo de fonte de tensão do


circuito mostrado na Figura 1.6.5.6.

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Figura 1.6.5.6. Circuito: fonte de corrente.

Figura 1.6.5.7. Circuito: fonte de tensão equivalente.

sendo:
VS = 4Ax3
= 12 V.

1.7. Divisores de Tensão e de Corrente

1.7.1. Divisor de Tensão

Divisor de tensão aplica-se para resistores em série. Esta lei fornece a tensão
sobre qualquer resistor em função da resistência e da tensão sobre todos os resistores em

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série. Tomando-se como exemplo a Figura 1.7.1.1.

Figura 1.7.1.1. Circuito série.

Assim, a fórmula de divisores de tensão pode ser expressa por:

Ri
Vi = Vs (5.3.1.1)
RT

sendo:
RT = R1 + R2 + R3;
Vi : tensão sobre o i-ésimo resistor;
Ri : resistência do i-ésimo resistor.

1.7.2. Divisor de Corrente

Divisor de corrente aplica-se para resistores em paralelo. Esta lei fornece a


corrente através de qualquer resistor em função da condutância e da tensão na combinação
paralela. Tomando-se como exemplo a Figura 1.7.2.1.

Figura 1.7.2.1. Circuito paralelo.

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Assim sendo, a fórmula de divisores de corrente pode ser expressa por:

Gi
Ii = Is (5.3.2.1)
GT

sendo:
GT = G1 + G2 + G3;
Ii : corrente através do i-ésimo condutor;
Gi : condutância associada ao i-ésimo resistor.

Exemplo. No caso de 2 resistores:


G1
I1 = Is
G1  G 2

1 / R1
= Is
1 / R1  1 / R 2

R2
= Is
R1  R 2

R1
I2 = Is
R1  R 2

ou seja, a corrente que circula em um dos resistores paralelos é igual a resistência do outro
resistor, dividida pela soma das resistências, com o resultado multiplicado pela corrente
que circula na combinação paralela.

1.8. Transformação Delta-Estrela (Y e Y)

Na resolução de circuitos elétricos, em muitos casos, há necessidade de obter


formas reduzidas de circuitos (circuitos equivalentes). Uma das mais importantes regras

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de transformação refere-se às transformações (Y) e (Y), como descritas a seguir.

1.8.1. Transformação (Y)

As ligações Y e  podem ser visualizadas, conforme é mostrado na Figura


1.8.1.1.

Figura 1.8.1.1. Representações Estrela (Y) e Delta ().

Portanto, é possível a transformação de um circuito estrela em um circuito delta


equivalente e vice-versa. Os circuitos correspondentes são equivalentes apenas para tensões
e correntes externas ao circuito Y e . Internamente, as tensões e correntes são diferentes.
Considerando-se a Figura 1.8.1.2, na qual estão sobre postos os 2 modelos (Y e ), como
forma de melhor interpretação das equivalências de circuitos:

Superposição dos modelos  e Y

Figura. 1.8.1.2. Circuitos equivalentes Y .

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Deste modo, as resistências do modelo , a partir do modelo Y, podem ser


calculadas por:
RY
RAB = (5.4.1.1)
RC

RY
RBC = (5.4.1.2)
RA

RY
RCA = (5.4.1.3)
RB

sendo:
RY = RA RB + RB RC + RC RA. (5.4.1.4)

Ou, em termos de condutâncias:


RY
RAB =
RC

RA RB  RB RC  RC RA
=
RC

1
GAB 
R AB

RC
=
RA RB  RB RC  RC RA

1
=
RA RB
 RB  RA
RC

1
=
GC 1 1
 
GA GB GB GA

GA G B
GAB = (5.4.1.5)
GY

Assim, adaptando-se esta expressão às demais condutâncias, tem-se:

GB GC
GBC = (5.4.1.6)
GY

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G C GA
GCA = (5.4.1.7)
GY

sendo:
GY = GA + GB + GC. (5.4.1.8)

1.8.2. Transformação (Y)

Neste caso, as resistências do modelo Y, a partir do modelo , podem ser


calculadas da seguinte forma:
R AB R CA
RA = (5.4.2.1)
R

R AB R BC
RB = (5.4.2.2)
R

R BC R CA
RC = (5.4.2.3)
R

sendo:
R = RAB + RBC + RCA. (5.4.2.4)

Exemplo. Represente o sistema conectado em estrela (Figura 1.8.2.1) em sistema conectado


em delta.

Figura 1.8.2.1. Sistema com ligação em estrela.

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Figura 1.8.2.2. Sistema com ligação em delta equivalente.

0 ,1 x 0 ,067
YAB =
0 ,1  0 ,067  0 ,05

= 0,03087 siemens

1
RAB =
YAB

= 32,388 

0 ,05 x 0 ,067
YBC =
0 ,1  0 ,067  0 ,05

= 0,01543 siemens

1
RBC =
YBC
= 64,7761 

0 ,1 x 0 ,05
YCA =
0 ,1  0 ,067  0 ,05

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= 0,023041 siemens

1
RCA =
YCA
= 43,40 

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2. INTRODUÇÃO À ANÁLISE GERAL DAS REDES EM CORRENTE


CONTÍNUA: ANÁLISE DE MALHAS

2.1. Análise de Malhas

A resolução de circuitos elétricos (determinação das grandezas envolvidas no


problema) é obtida usando uma série de técnicas conhecidas nesta área do conhecimento.
Dentre elas, destacam-se as resoluções por equacionamento por malhas e por nós (análise
nodal).

Considerando-se a Figura 2.2.1, a resolução circuito pode ser formalizada da


seguinte forma. Pela lei de Kirchhoff de malhas, tem-se:

30 V  V1  V2  V3 = 0
ou:
30 V  I (15  + 10  + 5 ) = 0.

Assim, a corrente da malha vale:

30 V
I =
15   10   5 

= 1 A.

As tensões V1, V2 e V3 são, respectivamente:

V1 = I x 15
= 15 V
V2 = 5V
V3 = 10 V.

27
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Figura 2.1.1. Circuito elétrico série.

A verificação prática destas grandezas é feita através do uso de instrumentos


de medidas, e.g.:
(1) Tensão : Voltímetro
(2) corrente : Amperímetro
(3) resistência : Ohmímetro
(4) Multímetro : realiza as medidas de tensão, corrente e de resistência (vide Figura
2.1.2 correspondendo ao um multímetro digital).

Figura 2.1.2. Multímetro digital.

28
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No multímetro mostrado na Figura 2.1.2, a medida de tensão é feita


conectando-se os cabos com indicação [V ] (cor vermelha) e em COM (comum: cor
preta) com o ponteiro posicionado em “V”.

Figura 2.1.3. Medida de tensão da fonte.

Para a medida de resistência, o procedimento é o mesmo, porém, com o


ponteiro posicionado em []. Como exemplo, a medida de R1 (Figura 2.1.4).

Figura 2.1.4. Medida de resistência.

No caso da corrente, os cabos devem ser conectados no terminal vermelho à


esquerda [A] e em COM (cor preta). Estas instruções valem para o instrumento mostrado

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na referida Figura. Contudo, os exemplares disponíveis comercialmente, basicamente,


possuem as mesmas indicações, com variações bastante sutis.

Figura 2.1.5. Medida de corrente elétrica.

Além destas recomendações, deve-se tomar muito cuidado com a montagem


do experimento, ou seja, se desejarmos medir corrente elétrica, o multímetro deve ser
inserido em série e, para o caso de tensão, o instrumento deve ser usado em paralelo.
Deve-se ressaltar, ainda, que os instrumentos de medida “não interferem” nas
grandezas a serem medidas. Por esta razão, o instrumento, ao “emular” o amperímetro,
deve apresentar uma resistência interna nula (ou muitíssimo próximo de zero) e, como
voltímetro, a resistência deverá ser muito grande.
Considerando-se, agora, o seguinte circuito (multimalhas):

30
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Figura 2.1.6. Circuito multimalhas.

5. NB. 1. Pela lei de Kirchhoff das malhas, deve-se estabelecer uma


quantidade exata de malhas que o circuito comporta. Estas malhas são chamadas
malhas básicas, ou seja, um conjunto de malhas que efetivamente podem ser
resolvidas e, portanto, a solução do problema é finalmente concluída. O vocábulo
“básico” refere-se à base, no sentido matemático. Portanto, é um número
irredutível e suficiente para que a resolução do problema seja obtida.

Um conjunto de malhas básicas está indicado na Figura 2.1.7, cuja escolha da


orientação foi no sentido horário (arbitrário).

Figura 2.1.7. Circuito elétrico com indicação das malhas básicas.

31
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O problema, agora, constitui-se na resolução das correntes I1, I2 e I3 (pela


aplicação de lei Kirchhoff das malhas), a partir dos dados das resistências R1, R2, . . ., R7 e
conhecimento dos valores das fontes de tensão V1, V2 e V3, como será abordado a seguir.

Equacionamento (Lei de Kirchhoff das Malhas):

Malha 1:
V1  R1 (I1 + I2 + I3)  R2 I1  R5 (I1 + I2 + I3) = 0 (2.1.1)
ou:
V1 = (R1 + R2 + R5) I1 + (R1 + R5) I2 + (R1 + R5) I3

Malha 2:
V1  R1 (I1 + I2 + I3)  R3 ( I2 + I3)  V2  R6 (I2 + I3) + R5 (I1+I2+I3) = 0 (2.1.2)
ou:
V1  V2 = (R1 + R5) I1 + (R1 + R3 + R6) I2 + (R1 + R3 + R5 + R6) I3

Malha 3:
V1  R1 (I1+I2+I3)  R3 (I2+I3) R4 I3 V3 R7 I3 R6 ( I2+I3) R5 (I1+I2+3) = 0 (2.1.3)
ou:
V1  V3 = (R1 + R5) I1 + (R1 + R3 + R6 + R5 ) I2 + (R1 + R3 + R5 + R6 + R7 ) I3

Ou, ainda, matricialmente:

 V 1  R 1  R 2  R 5 R1  R 5 R1  R 5   I1 
  =    
 V1  V 2   R 1  R 5 R1  R 3  R 5  R6 R1  R 3  R 5  R6  I 2  (2.1.4)
 V1  V 3   R 1  R 5 R 1  R 3  R 5  R 6 R 1  R 3  R 4  R 5  R 6  R 7  I 3

Esta equação é da forma:

[ R ] I = V (equação matricial linear) (2.1.5)


sendo:

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R 1  R 2  R 5 R1  R 5 R1  R 5 
R   R1  R 5 R1  R 3  R 5  R6 R1  R 3  R 5  R6 
 
 R 1  R 5 R 1  R 3  R 5  R 6 R 1  R 3  R 4  R 5  R 6  R 7 

: matriz de resistências de malha. É uma matriz simétrica e inversível, tendo em


vista que as malhas 1, 2 e 3 são malhas independentes (malhas básicas);

 V1 
V =  V1  V 2 
 
 V1  V 3 

 I1 
I = I 2  .
 
I 3 

A solução I do sistema (2.1.5) pode ser resolvido por vários métodos, dentre
eles via inversão de matriz:
I = [R]1 V (2.1.6).

Considerando-se os seguintes dados:


R1 = 5
R2 = 4
R3 = 1
R4 = 5
R5 = 4
R6 = 10 
R7 = 8
V1 = 20 V
V2 = 5V
V3 = 10V,

então:

13 9 9 
R =
 9 20 20
 
 9 20 33

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 0,1117 - 0,0503 0 
R = 1  - 0,0503 0,1495 - 0,0769 
 
 0 - 0,0769 0,07699 

 20 
V =
 15 
 
 10 

 I1 
I 
 I 2  ampères
 
 I 3 

 1,4804 
=   ampères.
 0,4684 
 - 0,3846 

As tensões vi´s sobre os i-ésimos resistores valem:

v1 = R1 x (I1 + I2 + I3)
= 5  (1,4804 + 0,4684  0,3846) A
= 7,8212 V

v2 = R2 x I1
= 4  1,4804 A
= 5,9218 V

v3 = R3 x (I2 + I3)
= 1  x (0,4684  0,3846) A
= 0,0838 V

v4 = R4 x I3
= 5  ( 0,3846) A
= 1,9231 V

v5 = R5 x (I1 + I2 + I3)

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= 4  (1,4804 + 0,4684  0,3846) A


= 6,2570V

v6 = R6 x (I2 + I3)
= 10  (1,4804 + 0,4684  0,3846) A
= 0,8380 V

v7 = R7 x I3
= 8  ( 0,3846) A
=  3,0769 V

Assim:
V1 = v1+v2+v5
= (6,2570 + 5,9218 + 7, 8212)
= 20 V (OK!)
.
.
.
V2 = V3 + v4 + v7
= ( 10 1,9231  3,0769) V
= 5 V ( OK!).

NB. Regra de Cramer.


Outro método para a resolução de um sistema da forma (2.1.5) (sistema linear)
pode ser descrito da seguinte forma. As correntes I1, I2 e I3 podem ser calculadas por
meio de determinantes. Para melhor compreender este método, considere os seguintes
dados (exemplo anterior):

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13 9 9 
R =  9 20 20
 9 20 33

 20 
V =  .
 15 
 10 

As correntes I1, I2 e I3 podem ser calculadas da seguinte forma:

1a coluna = V

20 9 9
matriz R
15 20 20
10 20 33
I1 =
R

3445
=
2327
= 1,4804 A

13 20 9
9 15 20
9 10 33
I2 =
R

1090
=
2327
= 0,4684A
13 9 20
9 20 15
9 20 20
I3 =
R

-895
=
2327
= 0.3846 A

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sendo:
. : determinante
R = 2327;
matriz R substituindo a i-ésima coluna por V (segundo
membro de (2.1.5))
Ri
Ii = .
R

Considere o seguinte circuito elétrico (4 nós, 7 resistências e arbitrando-se o nó


1 como referência) (Figura 2.1.8):

Figura2.1.8.

Este circuito possui duas malhas básicas (5 elementos, 4 nós, 3 ramos e 2


ligações). Um possível conjunto de malhas básicas é mostrado da Figura 2.1.9):

37
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Figura 2.1.9.
Equacionamento (Lei de Kirchhoff das malhas)

Malha 1:

V1  R1 I1  R2 (I1  I2)  R3 (I1  I2)  R4 I1 = 0


ou:
V1 = (R1 + R2 + R3 + R4) I1 + (R2  R 3) I2 (2.1.7)

Malha 2:
R5 I2  R6 I2  R7 I2  R3 (I2  I1)  R2 ( I2  I1) = 0
ou:
0 = (R2  R3) I1 + (R2 + R3 + R5 + R 6 + R7) I2 (2.1.8)

As equações (2.1.7) e (2.1.8) podem ser colocadas na forma matricial:

[R]I=V (2.1.9)
sendo:

R 1  R 2  R 3  R 4  R2  R3 
R = 
  R2  R3 R 2  R 3  R 5  R 6  R 7 

 R 11 R 12 
=  
 R 21 R 22 

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1 R 2  R 3  R 5  R 6  R 7 R2  R3 
R1 =  
det (R )  R 2  R 3 R 1  R 2  R 3  R 4 
det(R) = (R1 + R2 + R3 + R4) ( R2 + R3 + R5 + R6 + R7)  (R2 + R3) 2

 I1 
I =  
 I2 

 V 1
V =  .
0 

A matriz R possui a seguinte constituição:


R11 : Somatório das resistências pertencentes à malha 1 (R1 + R2 + R3 + R4);
R12 : Somatório de todas as resistências comuns às malhas 1 e 2 , considerando-se os
sinais +: (+) se as malhas estão orientadas no mesmo sentido e () se as malhas
forem orientadas em sentidos opostos;
R21 : R12 (simetria);
R22 : Somatório das resistências pertencentes à malha 2 (R2 + R3 + R5 + R6 + R7).

Assim sendo, estes resultados podem ser estendidos para o caso de circuitos
com qualquer número de malhas:

 Somatório das resistências pertencentes à malha i , para i  j




R  [Rij] =  somatório das resistências comuns às malhas i e j ,
 com sinais (  ), (  ) para malhas i e j com mesmas

orientações ; ( ) para malhas i e j com orientações contrárias; para i  j

(2.1.10)
 Matriz de resistências de malhas básicas.

Exemplo: Considerando-se o circuito mostrado ma Figura 2.1.10., determinar as


correntes de malhas. Neste circuito, as malhas básicas (3 malhas) podem ser
arbitradas como indicadas (malha 1, malha 2 e malha 3). O nó 1 foi adotado
como referência do circuito.

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Figura 2.1.10.
Resolução:

Usando-se o conceito de montagem da equação matricial, referente a lei de


Kirchhoff das malhas (equação (2.1.9), obtém-se o seguinte sistema:

[R]I=V (2.1.11)

sendo:

( 5  4  4 )   4 0 
 
R =   4 (1  10  4 )  0 
 0 0 ( 5 8)  

 I1 
 
I =  I2 
 I 3 

 20 V 
 
V =  5V 
(  10  5 )V 

Assim, as correntes das malhas básicas são:

I = [ R1 ] V

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 1,5642 
 
=  0,0838 
 - 0,3846 

sendo:
 0,0838 0,0223 0 
R1
=
 0,0223 0,0726 0  siemens.

 0 0 0.0769 

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3. TÉCNICAS DE SIMPLIFICAÇÃO, TEOREMA DE THÉVENIN E MÁXIMA


TRANSFERÊNCIA DE POTÊNCIA

3.1. Teorema de Thévenin

Considerando-se um circuito elétrico complexo, como mostrado na Figura


3.1.1:

Figura 3.1.1. Circuito elétrico complexo.

se desejarmos conhecer a tensão e a corrente no resistor (Rab), em particular, alocado nos


terminais ab do circuito elétrico, uma forma simples de determinação destas grandezas é
o que se propõe o teorema de Thevénin.

O teorema de Thévenin (Leon-Charles Thévenin / francês) afirma que:

Qualquer circuito de corrente contínua linear bilateral de dois terminais pode


ser substituído por um circuito equivalente constituído por uma fonte de
tensão e um resistor em série, conforme é mostrado na Figura 3.1.2.

42
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Figura 3.1.2. Circuito equivalente de Thévenin.

NB. 1. O circuito de Thévenin fornece uma equivalência apenas nos terminais


considerados;
2. O teorema de Thévenin é bastante útil para a resolução de problemas de
Engenharia Elétrica: análise de curto-circuito, análise de ondas viajantes
(propagação de ondas em sistemas de energia elétrica, de comunicação, etc.),
resolução de circuitos complexos.

Passos do Processo de Cálculo de VTH e RTH:

1. Remover a parte do circuito para a qual se deseja obter o equivalente Thévenin, ou


seja, a remoção é temporária;

2. Assinalar os terminais do circuito remanescente;

3. Calcular RTH, colocando primeiramente todas as fontes em zero (substituindo as


fontes de tensão por curtos-circuitos e as fontes de corrente por circuitos abertos)
e, em seguida, determinar a resistência equivalente entre os dois terminais
escolhidos. Se o circuito original incluir as resistências internas de fontes de tensão
e/ou fontes de corrente, estas resistências devem ser mantidas quando as fontes
forem “zeradas”;

43
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4. Calcular VTH, retornando todas as fontes as suas posições originais no circuito e em


seguida determine a tensão entre os dois terminais escolhidos.

5. Conclusão. Colocar em série o circuito equivalente de Thévenin os terminais da


parte removida e resolver o circuito: determinação da tensão Vab e Iab :

VTH
Iab = (3.1.1)
R TH  R ab

Vab = Rab x Iab . (3.1.2)

Exemplo 1. Determine o circuito equivalente de Thévenin para a parte sombreada do


circuito mostrado na Figura 3.1.3.

Figura 3.1.3. Circuito elétrico.

Solução:

Passos 1 e 2:

Removendo-se a parte do circuito correspondente ao resistor R4 (terminais


a  b) (Figura 3.1.4):

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Figura 3.1.4.

Passo 3. Determinação da Resistência de Thévenin

Figura 3.1.5.
6  x 4
RTH =
6 4

= 2,4 

Passo 4. Determinação da Tensão de Thévenin

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Figura 3.1.6.
VTH = R1 x I1

Como:
8 V ( 2   10  ) 2
I1 = (divisor de corrente)
2  x 10  2   10 

= 0,8 A,
Logo:
VTH = 6  x 0,8 A
= 4,8 V

Figura 3.1.7. Equivalente Thévenin do circuito mostrado na Figura 3.1.3.

Passo 5. Determinação da Tensão e da Corrente no Resistor R4

Deste modo, a corrente e a tensão sobre o resistor R4 podem ser calculados do


seguinte modo:

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4 ,8 V
IR4 =
2 ,4   3 

= 0,887 A
VR4 = R4 x IR4
= 3  x 0,887 A
= 2,667 V .

Verificação:
A tensão e a corrente no resistor R4 podem ser resolvidas, convencionalmente,
do seguinte modo:

Figura 3.1.8.

2
I2 = x I (divisor de corrente)
6  x 3
4 2
6   3

= 1,3333 A
sendo:
8V
I =
R
= 5,3333 A
6x3
(  4) x 2
63
R = 
6 x3
(  4)  2
63

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= 1,5 
6
I4 = I2 x (divisor de corrente)
9

= 1,3333 A x 0,6667 
= 0,8887 A
VR4 = R4 x I4
= 3  0,8887 A
= 2,667 V (OK!).

Exemplo 2. Determine o circuito equivalente de Thévenin para a parte sombreada do


circuito em ponte (Figura 3.1.9).

Figura 3.1.9.

Solução:

Passos 1 e 2:

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Figura 3.1.10. Identificação dos terminais de interesse para a aplicação do teorema de


Thévenin.

Passo 3: Determinação de RTH:

paralelo

RTH = R1  R3 + R2  R4
6x 3 4  x 12 
= +
6 3 4   12 

= 2+3
= 5

Passo 4: Determinação de VTH

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Figura 3.1.11. Determinação da tensão de Thévenin.

R1 V
V1 =
R1  R 3

6  x 72 V
=
6 3

= 48V
R2 V
V2 =
R2  R4

12  x 72 V
=
12   4 

= 54 V
Vab = V2  V1
= 54 V  48 V
= 6 V.

Exemplo 3. Determinar o circuito equivalente de Thévenin para a parte sombreada do


circuito mostrado na Figura 3.1.12.

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Figura 3.1.12.

Solução:

Passos 1 e 2. Este circuito pode ser redesenhado como mostrado na Figura 3.1.13:

Figura 3.1.13.

Passo 3. Determinação da Resistência de Thévenin

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Figura 3.1.14.

RTH = R4 + R1  R2  R3
= 1,4 k  + 0,8 k   4 k   6 k 
0 ,8 x 4
= 1,4 k  + k   6 k 
0 ,8  4

0 ,8 x 4
= 1,4 k  + k   6 k 
0 ,8  4

= 1,4 k  + 2 / 3 k   6 k 
2
x6
= 1,4 k  + 3 k
2
6
3
= 1,4 k  + 0,6 k 
RTH = 2000 .

Passo 4. Determinação da Tensão de Thévenin.

Figura 3.1.15.

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800  4000 4000   I1  6  10 


 4000  A=  10  V
 4000  6000  I 2   

 I1  0,3125 - 0,1250  16 


I 2  = 103 x    10 
   - 0,1250 0,1500   
Vab = R3 x I2
=  3 V.

Figura 3.1.16. Equivalente Thévenin.

Exemplo 4. Determine a resistência de Thévenin para a parte sombreada do circuito


mostrado na Figura 3.1.17:

Figura 3.1.17.

53
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Passos 1 e 2.

Figura 3.1.18.

Figura 3.1.19.

54
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Figura 3.1.20.
RTH = 0,199  .

3.2. Máxima Transferência de Potência

O teorema da máxima transferência de potência afirma o seguinte:

A potência transferida a uma carga por um circuito de corrente contínua linear


bilateral será máxima quando a resistência desta carga for exatamente igual a
resistência de Thévenin.

Assim, tomando-se o circuito equivalente de Thévenin (Figura 3.2.1):

Figura 3.2.1. Circuito equivalente de Thévenin.

55
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A potência da carga pode ser expressa por:

PL = I2 RL (3.2.1)

Como a corrente elétrica I é expressa por:

VTH
I = (3.2.2)
R TH  R L

então:

2
VTH R L
PL = (3.2.3)
( R TH  R L ) 2
2
VTH
PL =
4 RL

A partir da expressão (3.2.3) busca-se estabelecer a máxima potência consumida


pela carga em função da resistência RL, ou seja, calculando-se a derivada parcial de PL em
relação a RL:

PL VTH 2 [ ( 2 R TH  2 R L ) x R L  (R TH  R L )2 ]
=
R L (R TH  R L )4

VTH 2 [ 2 R TH R L  2 R L 2  R TH 2  2 R TH R L  R L 2 ]
=
(R TH  R L )4

VTH 2 [ R L 2  R TH 2 ]
= (3.2.4)
( R TH  R L )4

Fazendo-se:

56
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PL
= 0  RL2  RTH2 = 0 (determinação de um ponto extremo), ou seja:
R L

RL = RTH (3.2.5)

Calculando, agora, a segunda derivada parcial de PL em relação a RL, tem-se:

 PL VTH 2 [ 4 x (R TH  R L )3 x ( R L 2  R TH 2 )  ( R TH  R L )4 x 2 R L ]
[ ] = (3.2.6)
R L R L (R TH  R L )8

 PL 2 VTH 2 R L
[ ] R L  R TH =  < 0, para RL > 0. (3.2.7)
R L R L (R TH  R L )4

Deste modo, considerando-se o resultado definido pela relação (3.2.7), pode-se


concluir que RL = RTH corresponde a um ponto máximo de PL, como enunciado pelo
teorema da máxima transferência de potência. Então, a potência máxima pode ser expressa
por:

2
VTH
PLmax = (3.2.8)
4 RL

Exemplo. Determine o valor de RL do circuito mostrado na Figura 3.2.2 para que a


potência fornecida a esta resistência seja máxima e determine o valor desta potência.

Figura 3.5.2.

57
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Solução:

A resistência de Thévenin vale:

RTH = R3 + R1 R2
6  x 3
= 8 +
6   3

= 10.

Tensão de Thévenin:
V
VTH = R2 x
R1  R 2

12 V
= 3 x
6  3

= 4 V.

Potência Máxima:

RL = RTH (resistência da carga correspondente à máxima potência de transferência)


2
VTH
PLmáx =
4 RL

( 4 V )2
=
4 x 10 

= 0,4 W.

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4. MÉTODOS CLÁSSICOS PARA RESOLUÇÃO DE CIRCUITOS, FORMAS DE


ONDA, VALOR EFICAZ E FASORES

4.1. Introdução

Neste capítulo, serão abordadas as técnicas de resolução de circuitos de


corrente e tensões senoidais. Deve-se observar que as leis (1a e 2a leis de Kirchhoff),
teoremas (Thévenin, etc.), divisores de tensão / de corrente e técnicas (resolução por
malhas e resolução nodal) usados no contexto de corrente contínua são igualmente
aplicados no caso de sinais senoidais, mutatis mutandis. Evidentemente, os circuitos com
sinais senoidais possuem suas particularidades. Portanto, todos estes detalhes serão
focalizados na sequência.

4.2. Fontes de Corrente Alternada

As tensões (e correntes) senoidais podem ser geradas por diversas fontes. As


mais comuns são as que estão disponibilizadas nas tomadas residenciais, que fornecem
tensão alternada, que são produzidas em uma usina geradora. Essas usinas são, em geral,
alimentadas por quedas d´água (hidrelétricas) óleo, gás, fissão nuclear, etc. (termelétricas).
Em cada caso, um gerador CA (Corrente Alternada) é o componente mais importante no
processo de conversão de energia (energia mecânica em energia elétrica). Os tipos de
fontes, de corrente alternada, mais comuns são:

1. gerador síncrono;
2. gerador eólico (máquina assíncrona);
5. gerador de sinais.

59
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4.3. Definições

A forma de onda da tensão elétrica senoidal, com seus parâmetros, é vista na


Figura 4.3.1. Deste modo, adiante, serão apresentadas as principais definições sobre sinais
senoidais.

 Forma de onda : Gráfico de uma grandeza (e.g., como mostrado na Figura


4.3.1 em função da variável independente t (tempo));

Figura 4.3.1. Parâmetros importantes de uma onda de tensão.

A forma de onda da Figura 4.3.1 representa a tensão senoidal dada por:

e(t) = Em sen (wt) (4.3.1)


sendo:
e(t) : tensão senoidal em função do tempo e da frequência (volt);
Em : amplitude da onda de tensão;
w : velocidade angular (radianos por segundo (rad/s))
 2  f;
f : frequência (hertz) (Heinrich Rudolph Hertz / Alemão)

NB. 1 hertz (Hz) corresponde a 1 ciclo por segundo (c/s).

60
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Considerando-se a tensão definida pela equação (4.3.1), aplicada em um


elemento da rede elétrica e o regime permanente, a corrente elétrica, também, será uma
forma de onda senoidal definida pela seguinte expressão:

i(t) = Im sen (wt + ) (4.3.2)


sendo:
i(t) : forma de onda da corrente;
Im : amplitude da corrente;
 : defasamento angular.

Dependendo do tipo de elemento (resistor, capacitor e indutor, os quais são os


elementos principais usados no contexto desta disciplina), o parâmetro  pode ser nulo
(circuito puramente resistivo), negativo (circuito indutivo) e positivo (circuito capacitivo),
em relação à tensão. Assim, diz-se que a corrente está atrasada ou adiantada, em relação à
tensão, se  for negativo ou positivo, respectivamente, conforme será abordado adiante.

 Valor instantâneo : Valor da forma de onda em um instante de tempo


qualquer, e.g., e(t1) e e(t2) na Figura 4.3.1.

 Amplitude de pico : Valor máximo de uma forma de onda em relação a um


valor médio. Na forma de onda mostrada na Figura 4.3.1, o
valor médio é zero e a amplitude é Em.

 Valor de pico : Valor máximo de uma forma de onda medido a partir do


nível zero. No caso da forma de onda vista na Figura 4.3.1,
a amplitude de pico e o valor de pico são idênticos, pois o
valor médio da função tensão é zero volt.

 Valor pico a pico : Diferença entre os valores dos picos positivo e negativo, ou
seja, é a soma dos módulos das amplitudes positiva e
negativa. Simbologia Ep-p.

 Forma de onda periódica : Forma de onda que se repete continuamente após um certo

61
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intervalo de tempo constante. A forma de onda da Figura


4.3.1. é periódica.

 Período : Intervalo de tempo entre repetições sucessivas de uma


forma de onda periódica. Simbologia: Por exemplo, as
indicações T1, T2 e T3 (T1 = T2 = T3) mostradas na Figura
4.3.1.

 Ciclo : Parte de uma forma de onda contida em um intervalo de


tempo igual a um período. Os ciclos definidos por T1, T2 e
T3 podem parecer diferentes, porém, como estão contidos
em um período, satisfazem à definição de ciclo.

 Frequência : O número de ciclos que ocorrem em 1 segundo.


Simbologia: f.

(a) (b) (c)

Figura 4.3.2. Ilustração do efeito da mudança da frequência sobre o período de uma forma
de onda senoidal.

A frequência da forma de onda mostrada nas Figuras 4.3.2 (a), 4.3.2(b) e


4.3.3.(c) são 1 é 1 c/s ( T = 1 s), 2 c/s ( T = 0,5 s) e 2,5 c/s (T = 0,4 s),
respectivamente.

Como a frequência é inversamente proporcional ao período, estas duas


grandezas estão assim relacionadas:

62
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1
f= (4.3.3)
T
sendo:
f = Hz
T = segundo (s).
ou:

1
T= (4.3.4)
f

Exemplo. Determine a frequência e o período da forma de onda mostrada na Figura 4.3.3:

Figura 4.3.3.

Solução. A partir da Figura 4.3.3., tem-se:


T = 25 ms  5 ms
= 20 ms
1
f =
T
1
=
20 x 10  3 s

= 50 Hz.

 Polaridade : A polaridade da fonte de tensão e o sentido da corrente


serão correspondentes ao semiciclo positivo da forma da
respectiva forma de onda (vide Figura 4.3.4).

63
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(a) (b)
Figura 4.3.4. (a) Fonte de tensão alternada senoidal. (b) Fonte de corrente senoidal.

4.4. Espectro de Frequência

A título de curiosidade, relacionam-se, nos quadros 4.4.1 e 4 4.2, as principais


faixas de frequência observadas no contexto da Engenharia Elétrica.

Quadro 4.4.1.

64
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Quadro 4.4.2.

Modalidade Detalhe Faixa de Frequência


Geração, transmissão e – 60 Hz (Brasil)
distribuição de energia 50 Hz (Europa)
elétrica
FM – 88 MHz – 108 MHz
TV Canais 2 – 6 54 MHz – 88 MHz
TV Canais 7 – 13 174 MHz – 216 MHz
TV Canais 14 – 83 470 MHz – 890 MHz
CB Faixa Cidadão 26,9 MHz – 27,4 MHz
Fornos de Microondas – 2,45 GHz
Ondas Curtas – 1,5 MHz – 30 MHz

4.5. Representação de Grandezas Elétricas por Números Complexos

Será introduzido, nesta subseção, um sistema de números complexos que,


quando aplicado a formas de onda senoidais, resulta numa técnica de aplicação rápida,
direta e precisa, que facilita bastante a resolução de circuitos elétricos.
Assim, um número complexo pode ser representado por um ponto em um
plano , referido a um sistema de eixos cartesianos. O eixo horizontal é designado eixo real,
enquanto que o vertical é denominado eixo imaginário. Na Figura 4.5.1 é ilustrado um
número complexo:

C=x+jy
sendo:
C : número complexo;
x e y : são número reais;

j   1 (na maioria das referências matemáticas, a representação deste operador é


caracterizada pela letra i. Contudo, em Engenharia Elétrica, a letra i está
reservada para indicar a variável “corrente elétrica”. Daí decorre o
significado do uso da letra “j” para indicar o número imaginário unitário).

65
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Figura 4.5.1. Representação de um número complexo.

O número complexo C (equação 4.5.1) pode ser representado da seguinte


forma, a partir da ilustração mostrada na Figura 4.5.2:

Figura 4.5.2.

1. Forma Retangular

C=x+jy (4.5.1)
2. Forma Polar

C=Z (4.5.2)
sendo:

Z = x2  y2 (módulo);

y
 = tan1 ( ) (ângulo ou argumento).
x

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3. Forma Trigonométrica

C = Z cos () + j Z sen () (4.5.3)

4. Forma Exponencial
C = Z exp(j ) (4.5.4)
sendo:
exp  número de Neper
= 2,7183.

Exemplo. Considere o seguinte número complexo: C= 3 + j 4. Assim, nas diversas


representações, têm-se as seguintes equivalências:
C = Z
sendo:

Z = 32  4 2

= 5
4
 = tan1 ( )
3
= 53,1301o (0,9273 radiano).
Portanto:
C = 3+j4
= 5 53,1301o
= 5 exp ( j 53,1301o )
= 5 cos (53,1301o) + j sen (53,1301o).

4.6. Principais Operações com Números Complexos

Estas várias formas de representação de um número complexo servem para


simplificar os cálculos. Por exemplo, quando se efetuam cálculos com números complexos

67
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de soma ou subtração, a melhor forma é a representação retangular, enquanto que, se for


multiplicação ou divisão a melhor alternativa é usar a forma polar ou exponencial.

Soma / Subtração
A soma ou subtração de 2 números complexos:

C1 = x1 + j y1 (4.6.1)
C2 = x2 + j y2 (4.6.2)

Soma:
C1 + C2 = (x1 + x2) + j (y1 + y2).

Subtração:
C1  C2 = (x1  x2) + j (y1  y2).

Multiplicação / Divisão
A multiplicação / Divisão entre 2 números complexos C1 e C2 podem ser mais
eficientemente realizadas usando a forma polar (exponencial):

C1 = Z1 1 (4.6.3)
C2 = Z2  2 (4.6.4)
Multiplicação:
C1 x C2 = (Z1 1) x (Z2  2)
= Z1 x Z2  (1 + 2) (igual ao resultado correspondente ao produto dos
módulos e a soma dos ângulos).

Divisão:
C1
= (Z1  1) / (Z2  2)
C2
Z1
=  (1  2) (igual ao resultado correspondente à divisão dos
Z2
módulos e a subtração dos ângulos).

68
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Exemplo. Realizar o cálculo da seguinte expressão complexa:

( 3  j 4) x (2 - j 3)
C =
1 j5

( 5 53,1301o ) x ( 3,6056   56,3099o )


=
5,0990  78,6901o

5 x 3 ,6056
=  (53,1301  56,3099  78,6901)o
5 ,099

= 3,5356  81,8699 o
= 3,5356  1,4289 radianos
= 0,5  j 3,5

Radiciação

Qualquer número complexo C = Z  , também pode ser expresso por:

C = Z  (  + 2  n), (4.6.5)

sendo:
n = 0, +1, + 2, . . .
Então:

k C = k Z  (  + 2  n)/ k (4.6.6)

Exemplo. Calcular:

P = 2 4 j 2

= Z 

Z = 2 2
(4 2  2 2)

Z = 2 4 , 4721

= 2,1147

69
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2
tg  1 ( )
1 = 4
2
= 0,2318 rd
2 = 3,3733 rd

ou seja:
P1 = ( 2,0582 + j 0,4859) e  P12 = 4 + j 2 (OK!)
P2 = (-2,0582 – j 0,4859) P22 = 4 + j 2 (OK!).

Como neste caso são 2 raízes, tomou-se n = 0 e n = 1.

Logaritmo

O logaritmo neperiano de um número complexo pode ser determinado com


facilidade, a partir da forma exponencial. O resultado não é único. Contudo, usa-se, mais
freqüentemente, o valor principal, quando n = 0, ou seja:
se:
C = Z exp( j  ), então,
ln (C) = ln (Z) + j .

4.7. Fasores

No contexto de circuitos de corrente alternada, há necessidade de realizar


várias operações matemáticas (adição, subtração, multiplicação, etc.) de funções senoidais.
Estas operações, convencionalmente, envolvem cálculos complexos de funções não-
lineares. Para resolver este problema, Steinmetz (Charles Proteus Steinmetz / Norte-
americano) propôs uma técnica designada Fasores que facilita bastante a resolução de
circuitos CA, conforme será abordado na sequência.

70
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Supondo-se que se deseja realizar o seguinte cálculo de tensões:

vT = v1 + v2 (4.7.1)
sendo:
v1 = 2 sen (wt + 90o)
v2 = 1 sen (wt ).

Resolução:
A função vT pode ser calculada, por exemplo, usando o procedimento
apresentado no item NB 1:

vT = 2,236 sen (wt + 63,43º). (4.7.2).

As formas de onda de v1, v2 e vT encontram-se ilustradas na Figura 4.7.1(b).

(a)

(b)
Figura 4.7.1.

NB 1: NB 1

Os componentes senoidais da equação (4.7.1) podem ser expressos na seguinte


forma:

71
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A sen (x + a) + B sen (x) = A sen (x) cos (a) + A sen (a) cos(x) + B sen (x)

sendo: x = w t, A = 2, B = 1 e a = 90o (1,5708 rd).

Como esta soma deve produzir um sinal senoidal, então:

A sen (x) cos(a) + A sen (a) cos(x) + B sen (x) = C sen(x + )

= C sen(x) cos + C sen cos (x)

ou:

{A cos (a) + B} sen (x) + A sen (a) cos (x) = C cos sen (x) + C sen cos(x) (4.7.3)

com parâmetros C e  a ser determinados. Deste modo, comparando-se os


coeficientes (em ambos os lados) da equação 4.7. 3, têm-se:

{A cos(a) + B} = C cos

A sen(a) = C sen,

de onde se conclui que:

A sen ( a )
 = tg1 ( )
A cos(a )  B

C= (A cos(a) + B) cos () + A sen (a) sen ()

Do exemplo anterior:

A= 2

B = 1

a = 90  /180 (rd.)

= 1,5708 rd

então:

2 sen (1,5708)
 = tg1 [ ]
2 cos (1,5708)  1

= 1,1071 (rd.)

72
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= 63,43º

C= [ 2 cos(1,5708) + 1] cos(1,1071) + 2 sen (1,5708) sen(1,1071)

= 2,236

ou seja:

vT = 2,2361 sen (wt + 63,4361o)

Fim da NB 1
1

Como se pode notar, a execução de uma adição “simples”de duas funções


senoidais necessitou de um algebrismo razoavelmente complexo. A complexidade torna-
se ainda maior se as operações com tais funções forem mais exigidas. Deste modo, a
seguir, será apresentado o conceito de fasor que, certamente, constitui-se numa ferramenta
muito eficiente para a manipulação de funções senoidais, como é o caso de “circuitos
elétricos” CA.

Considerando-se uma função temporal complexa defina por:

f(t)  r exp (j wt) (4.7.4)

sendo:
r : parâmetro constante;
w : velocidade;
t : tempo.

A equação (4.7.4), usando-se a fórmula de Euler, pode ser expressa por:

f(t)  r cos wt + j r sen wt (4.7.5)

73
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Analisando esta equação percebe-se que f(t) pode ser interpretada como sendo
um vetor girante de tamanho r (constante), descrevendo uma circunferência com
movimento anti-horário, conforme pode ser visto na Figura 4.7.2.

Fasor

Figura 4.7.2. Conceito de Fasor.

O movimento anti-horário pode ser melhor observado ao tomarmos, por


exemplo, o tempo inicial t0 = 0. Neste caso, as projeções de f(t0) no eixo real e no eixo
imaginário, valem r ( r cos 0) e 0 (r sen 0), respectivamente. Em instante ligeiramente
superior (t1 = t0 + h (h > 0 e pequeno)), a projeção real diminuirá (r cos w t1 < r cos w t0)
e a projeção no eixo imaginário irá aumentar ( r sen wt1 > r sen wt0), o que indica um
movimento anti-horário, cuja velocidade corresponde à velocidade da onda (w).

Deste modo, se representarmos a equação (4.7.1), em termos de fasores, tem-se:

vT = 2 sen (wt + 90o) + 1 sen (wt ) (notação temporal) (4.7.6)


= 2 90o + 1 0o (notação fasorial)
= 0+j2+1+j0
= 1+j2
2
= 12  2 2 tg1 ( )
1
= 2,2361  1,1071 rd
= 2,2361 63.43o (OK !) ( ilustração mostrada na Figura 4.7.1.(a)).

74
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Exemplo. Determine a soma de duas correntes elétricas:

iT = i1 + i2 (4.7.7)
sendo:
i1 = 5 sen (wt + 30o)
i2 = 6 sen (wt + 60o).

Resolução. Estas correntes encontram-se ilustradas na Figura 4.7.3(b).

(a)

(b)

Figura 4.7.3.
i1 = 5 sen (wt + 30o)
= 5  30o
=
i2 = 6 sen (wt + 60o)
= 6  60o
iT = 5  30o+ 6  60o
= 4,3301 + j 2,5000 + 3,0000 + j 5,1962
= 7,3301 + j 7.6962
= 10,6284  46,3957o, (ilustração mostrada na Figura 4.7.3(a)).

75
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Portanto, este procedimento, certamente, é bem mais simples, se comparado ao


apresentado, e.g., na NB 1.
Deve-se ressaltar que o uso do conceito de fasor é muito fácil de ser
empregado. Ainda que o fasor gire, no sentido anti-horário, a uma velocidade constante, o
que importa, em termos de tensão e de corrente elétricas, é o movimento relativo. Ou seja,
estas duas grandezas, relativamente, são vistas como estacionárias (tensão e corrente
giram à mesma velocidade). Daí decorre a importância dos fasores na resolução de
circuitos senoidais.

4.8. Diagrama Fasorial

A representação de grandezas elétricas (tensões e correntes) senoidais por


fasores torna a análise de circuitos elétricos bastante simples, ou seja, trabalha-se com
operações vetoriais simples. O diagrama fasorial é a representação gráfica de tais
grandezas registradas correspondentes ao instante t = t0 (tempo inicial da observação da
evolução das curvas no tempo).
Para ilustrar o diagrama fasorial, emprega-se o problema enunciado a
seguir.

Problema 1. Obter o diagrama fasorial das seguintes grandezas elétricas:

E=V+z x I (4.8.1)
sendo:
V = 4 sen wt V
I = 1 sen (wt  30o) A
Z = j 2 .

j = 1 .

76
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Estas grandezas podem ser assim representadas:

V = 4 0o V (fasor)

I = 1  30o A (fasor)
Z = 2 90o .

Assim, a tensão E pode ser determinada por:

E  V +Zx I
= (4 0o) V + (2 90o)  x (2  30) A
= 4 0o + 2 60o
= 4 + j 0 + 1 + j 1,7321
= 5 + j 1,7321
= 5,291519,1066 o

Na Figura 4.8.1. é ilustrado o diagrama fasorial.

Figura 4.8.1.
Deste modo, a tensão E vale (vide Figura 4.8.2):

E = 5,2915 sen (wt +19,1066 o) volts.

77
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Figura 4.2.8. Evolução da forma de onde de E.

4.9. Indutância

Quando uma corrente em um circuito varia, o fluxo magnético que envolve


também varia. Esta variação de fluxo ocasiona a indução de uma f.e.m. (força eletromotriz)
v(t) no circuito elétrico. A f.e.m. induzida v é proporcional à taxa da variação da corrente
em relação ao tempo. A constante de proporcionalidade é chamada indutância do referido
circuito (vide Figura (4.9.1)):

di
v(t) = L (4.9.1)
dt
ou:
1
i(t) =  v dt (4.9.2)
L

78
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Figura 4.9.1.

sendo:
v : f.e.m. induzida (volt);
di
= ampère/s
dt
L  volt/ampère
: henry (Joseph Henry /Norte-americano)

NB. A indutância de um circuito é de 1 henry, se a f.e.m. induzida no referido circuito é


de 1 volt, quando a corrente varia à razão de 1 ampère/s.

NB. A equação (4.9.1) é válida para circuitos em que a indutância é assumida como
uma constante. Contudo, há casos em que tal consideração não pode ser adotada,
por exemplo, em circuitos de máquinas elétricas rotativas. Neste caso, o
comportamento da tensão pode ser expresso por:

d
v(t) = (4.9.3)
dt
sendo:
  enlace de fluxo magnético (weber-espira) (Wilhelm Eduard Weber/Alemão)
= Li (4.9.4)

Então, a equação (4.9.3) vale:

di dL
v(t) = L  i (4.9.5)
dt dt

79
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que corresponde à expressão geral do comportamento da tensão para circuitos


magnéticos.

4.10. Capacitância

A diferença de potencial v entre os terminais de um capacitor é proporcional à


carga elétrica q existente no referido circuito. A constante de proporcionalidade C e
chamada capacitância do capacitor (vide Figura 4.10.1).

Figura 4.10.1.

q(t) = C v(t) (4.10.1)


dq
i(t) = (4.10.2)
dt
ou:
1
v(t) =  i dt (4.10.3)
C
sendo:
q : carga em coulomb (Charles Augustin de Coulomb / Francês);
v : em volt
C  coulomb / volt
: farad (Michael Faraday /Inglês)

NB. Um capacitor possui uma capacitância de 1 farad, se uma carga de 1 coulomb for
depositada em suas placas por uma diferença de potencial de 1 volt entre elas.

80
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4.11. Valor Médio e Valor Eficaz

Às formas de onda periódicas podem ser definidos dois importantes conceitos,


que são: (1) Valor Médio e (2) Valor Eficaz.

4.11.1. Valor Médio

Uma função periódica geral y(t) , de período T, possui um valor médio definido
por:

1 T
Ymed   y( t ) dt (4.11.1.1)
T 0

Esta definição encontra pouca utilidade em circuitos elétricos por produzir, em


vários casos, um valor nulo (e.g., para a função senoidal) (vide Exercício 1 adiante). Porém,
o conceito de valor eficaz, que será abordado na sequência, introduz informações
importantes, do ponto de vista dos circuitos elétricos, no trato de formas de onda.

4.11.2. Valor Eficaz

Uma função periódica geral y(t) , de período T, possui um valor eficaz definido
por:

1 T 2
Yrms   { y( t ) } dt (4.11.2.1)
T 0

área { y( t )2 }
 (4.11.2.2)
T

81
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A rotulação rms é dada pelo significado de valor médio quadrático (rms – root-
mean-square).

O significado do valor eficaz pode ser melhor compreendido através do


seguinte experimento (mostrado na Figura 4.11.2.1).

Figura 4.11.2.1.

Trata-se de um circuito com fontes de tensão em corrente alternada (CA) e em


corrente contínua (CC) alimentando uma carga resistiva (resistência R). Cada fonte possui
uma chave (chaves 1 e 2).
Se a chave 1 for ligada com a chave 2 desligada, uma corrente ICC, que depende
da resistência R e da tensão VCC da bateria, atravessará o resistor R. Se a chave 2 for ligada
e a chave 1 estiver aberta, a corrente elétrica alternada (com amplitude Imax) alimentará o
resistor R. A fonte alternada deverá ser ajustada de tal forma que a potência fornecida à
carga (resistor R) seja a mesma, se alimentada por corrente contínua. Assim, a potência
instantânea fornecida pela fonte de corrente alternada será dada por:

PCA = ICA2 R
= (Imax2 sen2 wt) R (4.11.2.3)

Identidade trigonométrica
Porém: cos (2 A) = cos A cos A - sen A sen A
= cos2 A - sen2 A
= (1 - sen2 A) - sen2 A
1
sen2 wt = ( 1  cos 2 wt ) , = 1 –2 sen2 A.
2 assim:
1
sen2 A = ( 1  cos 2 A )
2

82
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Portanto:

1
PCA = Imax2 [ ( 1  cos 2 wt ) ] R
2
Im ax 2 R Im ax 2 R
=  cos wt (4.11.2.4)
2 2

A potência média fornecida pela fonte alternada corresponde apenas ao


primeiro termo (Imax2 R/2), já que o valor médio de um co-seno é zero, ainda que a
frequência da onda seja o dobro da forma de onda da fonte. Igualando-se a potência
média, fornecida pela fonte de corrente alternada, à potência fornecida pela fonte de
corrente contínua (via bateria), obtém-se:

Pmédia (CA) = PCC (4.11.2.5)

Im ax 2 R
= ICC2 R (4.11.2.6)
2
ou seja:
Im ax
ICC = (4.11.2.7)
2
= 0,7071 Imax.

Portanto:

O valor equivalente CC de uma tensão ou corrente senoidal vale 0,7071 (1/ 2 )


do seu valor máximo.

Este é, por conseguinte, o significado do valor eficaz de formas de onda


senoidais.

83
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4.11.3. Exercícios

Exercício 1. Determinar os valores médio e eficaz para a seguinte forma de onda:

y(t) = Ymax sen wt

Figura 4.11.3.1.

Considerando-se que o período é igual a 2, então, o valor médio será:

1 2
Ymed =  Y max sen wt d( wt )
2 0

1
= Y max   cos wt 02 
2

= 0.

O valor eficaz vale:

1 2 2
Yrms =  ( Y max sen wt ) d( wt )
2 0

1 wt  senwt cos wt 2 
= Ymax [ ]0
2 2

Y max
=
2

Yrms = 0,7071 Ymax. (valor eficaz de uma função senoidal)

84
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5. CONCEITO DE IMPEDÂNCIA E DE ADMITÂNCIA

As formas de onda de tensão e de corrente a ser abordadas neste Capítulo são


essencialmente senoidais. Considerando-se este tipo de forma de onda, adiante serão
apresentados os conceitos de impedância e de admitância, visando beneficiar-se da técnica
de fasores de Steinmetz.

5.1. Impedância

A impedância, pela Lei de Ohm, é definida como sendo a relação entre a tensão
aplicada no circuito e a corrente elétrica que circula no referido circuito, ou seja:

tensão
Z (5.1.1)
corrente
sendo:
Z : impedância ().

Na abordagem a ser apresentada adiante, considerar-se-ão formas de onda


senoidais. Assim sendo, a técnica a ser usada refere-se à análise fasorial.
Para tensão e corrente senoidais a relação (5.1.1) terá um módulo e um ângulo.
Na Figura 5.1.1. mostram-se as formas de onda da tensão e da corrente elétrica,
considerando-se, isoladamente, a aplicação sobre uma resistência R, indutância L e
capacitância C, respectivamente, tomando-se como referência a tensão V definida por:

V(t) = Vmax sen wt (5.1.2).


sendo:
Vmax : amplitude da tensão V(t) (V);
V = 0 (ângulo de fase da tensão).

85
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Deste modo, a corrente elétrica I(t) pode ser expressa por:

I(t) = Imax sen (wt + I) (5.1.2).

sendo:
Imax : amplitude da corrente I(t) (A);
I : ângulo de fase da corrente.

Figura 5.1.1.

Na Tabela 5.1.1 apresentam-se as relações entre tensão, corrente e impedância


para circuitos senoidais.
Tabela 5.1.1.

Elemento Expressão da Corrente para


Corrente
V(t) = Vmax sen wt

Resistência R V( t ) V max
IR = IR = sen wt
R R

Indutância L 1 V max
IL =  V( t ) dt IL = (  cos wt )
L wL

Capacitância C dV( t ) IC = wC V max cos wt


IC = C
dt

86
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A tensão e a corrente elétrica podem ser representadas por fasores da seguinte


forma:

V = Vmax 0o (5.1.3)

I = Imax I (5.1.4)

A corrente elétrica, em termos da tensão V e da impedância Z, vale:

I  Imax I

V max  0 0
= (5.1.5)
Z φ Z

Assim, a impedância Z pode ser expressa, no plano complexo, por:

Z=R+jX (5.1.6)
em que:

Z = R2  X2

X : reatância
X
Z = tg  1 ( )
R
X = wL (para a indutância) (5.1.7)
X : valor positivo

1
X =  (para capacitância) (5.1.8)
wC

X : valor negativo.

NB. Quando maior for a frequência (w = 2  f), maior será a reatância indutiva e menor
(em módulo) será a reatância capacitiva (vide Figura 5.1.2).

87
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Figura 5.1.2.

A impedância Z, no plano complexo, é ilustrada na Figura 5.1.3.

Figura 5.1.3.

Por conseguinte, a partir das equações (5.1.6), (5.1.7) e (5.1.8), conclui-se que:

V max
I =   φZ (5.1.9)
Z

(1) Para um elemento puramente resistivo:

V max
I =  00 (corrente em fase com a tensão) (5.1.10)
Z

88
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Figura 5.1.4. Corrente em fase com a tensão.

(2) Para um elemento puramente indutivo:

V max
I =   90 0 (corrente fica atrasada de 90o sobre a tensão) (5.1.11)
Z

Figura 5.1.5. Corrente atrasada de 90o em relação à tensão.

(3) Para um elemento puramente capacitivo:


V max
I =   90 0 (corrente fica adiantada de 90o sobre a tensão) (5.1.12)
Z

Figura 5.1.6. Corrente adiantada de 90o em relação à tensão.

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5.2. Admitância

A admitância é definida como sendo uma operação inversa da impedância, ou


seja:

1
Y= (5.2.1)
Z

Considerando-se a definição da impedância (Equação (5.1.6)), pode-se


expressar a admitância da seguinte forma:

1
Y = (5.2.2)
RjX

Multiplicando-se e dividindo-se a equação (5.2.2), obtém-se:

R  jX
Y = (5.2.3)
(R  j X ) ( R  j X )

R  jX
= ,
R2  X2

Resultando em:

Y  G+jB (5.2.4)

sendo:
G : condutância
R
=
R  X2
2

90
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B : susceptância
X
= ( ).
R  X2
2

5.3. Exemplos

Exemplo 1:
Num circuito série (Figura 5.3.1) contendo R, L e C a corrente I(t) é Imax sen
wt. Determine a tensão nos terminais de cada um dos elementos indicados e mostre o
diagrama fasorial.

R L C

Figura 5.3.1.
 Tensão VR(t)

VR(t) = R I(t)
= R x I(t)
= R x Imax sen wt

 Tensão VL(t)

dI( t )
VL(t) = L
dt
d(Im ax sen wt )
= L
dt

91
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= L x Imax cos wt

 Tensão VC(t)
1
VC(t) =  I( t ) dt
C
1
=  (Im ax sen wt ) dt
C
1
= Im ax (  cos wt )
wC

 Tensão V(t)
V(t) = VR + VL + VC
1
V(t) = R Imax sen wt + w L Imax cos wt - Im ax cos wt .
wC

 Representação Fasorial

VR = R Imax 0o

VL = w L Imax 90o
1
VC = Imax (180o + 90o)
wC

1
= Imax 270o
wC

92
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Figura 5.3.2.
Exemplo 2:

Determine a impedância e a admitância do Exemplo 1, considerando-se R = 2 ,


L = 0,5 x 103 henry, C = 0,1 x 103 farad e frequência igual a 1000 herts.

Z = R + j (X L + XC)
w = 2  f
= 2  1000 hertz
= 6283,2 rad./s
sendo:
XL = wL (reatância indutiva)
= 6283,2 x 0,5 x 103
= 3,1416 

1
XC   (reatância capacitiva)
wC
1
= 
6283 ,2 x 0 ,1 x 10  3

= 1,5915 .

Portanto:

Z = 2 + j (3,1416  1,5915) 
= (2 + j 1,55)  (impedância indutiva)
1
Y = (admitância)
Z
1
=
(2  j 1,55) 

2  j 1,55
=
(2  j 1,55) (2  j 1,55 )

93
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2  j 1,55
=
(2 2  1,552 )

2  j 1,55
=
7 ,1

= (0,2817  j 0,2183) mhos (admitância indutiva).

Exemplo 3:

Considerando-se os valores fixos de R, L e de frequência do Exemplo 2,


determine o valor da capacitância C, de tal modo que a impedância seja exclusivamente
resistiva.
Considerando-se que:

Z = R + j (X L + XC) ,

seja puramente resistiva, a reatância capacitiva deve, em módulo, ser igual à reatância
indutiva, ou seja:

1
XC  
wC

= 3,1416 

Portanto:

1
C =
w XC
1
=
6,2832 x 10 3 x 3,1416

= 5,066 x 105 farad.


= 0,5066  F (microfarad)

94
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= 506,6  F (nanofarads).

NB. O Exemplo 3 corresponde a um caso típico de correção do fator de potência, o qual é


um assunto de grande importância no contexto de circuitos elétricos na
atualidade. Este assunto será abordado, neste curso de circuitos elétricos, na Parte 7.

95
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6. RESOLUÇÃO DE CIRCUITOS ELÉTRICOS DE CORRENTE ALTERNADA

Neste Capítulo será abordada a resolução de circuitos elétricos com fontes


senoidais e em regime permanente. Como na resolução destes circuitos elétricos
emprega–se a maioria das técnicas já apresentadas (lei de Ohm, leis de Kirchhoff,
equivalente de Thévenin, conversão de fontes, etc.), não havendo grandes novidades de
conceitos, o desenvolvimento a seguir, basicamente, será reservado para a resolução de
exercícios.

6.1. Resolução de Exercícios

Exercício 1. Escrever as equações das correntes de malha do circuito mostrado na Figura


6.1.1:

Figura 6.1.1.

sendo:
R1 = 5
R2 = 10 
R3 = 8

96
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R4 = 3
L1 = 3mH
L2 = 3mH
C = 100 F
V1 = 14,1421 sen( wt) V
V2 = 7,071 sen (wt + 30o) V
fo = 200 Hz.

Resolução:

Valor eficaz

V1 = 10 0o V

V2 = 5 30o V
w = 2  60 Hz
= 1256,6 rd./s
XL1 = w L1
= 1256,6 x 3 x 103
= 3,77 
XL2 = 3,77 
1
XC = 
wC

=  7,96.

O número de malhas básicas (independentes) será:


nb = 3.

Na Figura 6.1.2., são apresentados os dados do circuito e a escolha das


correntes das malhas (I1, I2 e I3). São 3 correntes de malhas independentes, cuja
orientação, como sendo arbitrária, foi adotada no sentido horário. Tais correntes são:
I1 ( j 7,76 ) + (I1 – I2) 10  + (I1 – I3) 5 = 0V

97
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I2 (j 3,77 ) + (I2 – I3) 8  + (I2 - I1) 10 = 5 30o V


I3 (3 + j 3,77)  + (I3 – I1) 5  + (I3 – I2) 8  = 100o V

Figura 6.1.2.

Estas equações podem ser postas na forma matricial:

ZI=V (6.1.1)
sendo:

 I1 
I =
I 2  A
 
I 3

15  j 7 ,97  10 5 
Z =   10 18  j 3 ,77 8 
 
 5 8 16  3 ,77 

 0 
 o 
V =   5 0  V.
 1030 o 

Ou seja:

I = (Z)1 V (6.1.2)

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 (0,1390 + 0,1205j) (0,1429 + 0,0525j) (0,1231 + 0,0349j) 


1  
Z =  (0,1429 + 0,0525j) (0,1896 - 0,0221j) (0,1333 - 0,0261j) 
 (0,1231 + 0,0349j) (0,1333 - 0,0261j) (0,1583 - 0,0394j) 

 I1   - 1,6063 - 1,1802j 
I 2  =
 - 2,2326 - 0,3302j  A
   
I 3   - 2,2349 - 0,3198j 

 1,9933 36,3059 o 
 
=   2,25698,4130 o  A.
 o 
 2,2577 8,1434 

NB. No exercício 1 a magnitude de tensão foi adotada como sendo o valor eficaz, por
conseguinte a magnitude da corrente, também, será um valor eficaz. Da mesma
forma, se na tensão for considerada o valor de pico (vmáx), a corrente obtida será
um valor de pico. Ou seja, a solução da corrente é dada pela equação (6.1.3):

I = (Z)1 V (6.1.3)

Supondo-se que na equação (6.1.3) as tensões são expressas pelos seus valores

eficazes (V  V / 2 ), então, a equação (6.1.3) pode ser expressa por:

1
I = (Z)1 V (6.1.4)
2
1
= (Z)1 V
2
I(representação por valor de pico)

1
I(representação por valor eficaz) = I(representação por valor de pico)
2

isto porque a equação (6.1.3) é linear e Z é uma matriz constante para qualquer
representação (valor de pico ou eficaz).

99
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Exercício 2. Determinar as correntes referentes às malhas básicas do circuito elétrico


mostrado na Figura 6.1.3.

Figura 6.1.3.

Figura 6.1.4.

A equação matricial das malhas básicas será:

[( 2  5)  j( 5  2 )]  j5 5   I1   100 o 
  j 5 [( 2  10 )  j( 5  2 )]  ( 2  j 2 )  I 2  =   530 o 
     
 5  ( 2  j2 ) [( 5  2  10 )  j2 ] I 3  1090 o 
 

ou:

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ZI = V
sendo:

[( 2  5)  j( 5  2 )]  j5 5 
Z =
  j5 [( 2  10 )  j( 5  2 )]  ( 2  j2 ) 
 
 5  ( 2  j2 ) [( 5  2  10 )  j2 ]

 I1 
 
I = I 2 
I 3

 100 o 
 o 
V =   530 
 1090 o 
 
Assim:

I = Z1 V

 1,2468 - 1,1044j 
 0,0560 + 0,0744j 
=   A
 0,4825 - 0,8541j 

 1,6656 - 41,5341o 
 o 
=  0,0931 53 ,0317  A
0,9810  - 60,5369 o 
 

sendo:
 0,1336 - 0,0373j 0,0325  0,0388j 0,0482 - 0,0046j 
 
 0,0325  0,0388j 0,0692 - 0,0058j 0,0165  0,0045j 
1
Z
 0,0482 - 0,0046j 0,0165  0,0045j 0,0748  0,0060j 

Exercício 3. Determinar as correntes nodais do circuito elétrico mostrado na Figura


6.1.5.

101
DEE – C/ISA – UNESP  Eletricidade – Engenharia Civil  C. R. Minussi

Figura 6.1.5.
O nó 3 é escolhido como referência. Assim, as correntes, associadas aos nós 1 e
2, são assim descritas:
No nó 1:

V1  50 o V1  ( 10 45o ) V1  V 2


+ + = 0
10 j5 2  j2

No nó 2:
V 2  V1 V2 V2
+ + = 0
2  j2 3  j4 5

Matricialmente, pode-se escrever como:

Y V = I

sendo:

 1 1 1 1 
( 10  j 5  2  j 2 ) (
2 j2
) 
Y =  
 1 1 1 1 
( ) (   )
 2 j2 2  j 2 3  j 4 5 

 ( 0,35 - 0,45j) (-0,25 + 0,25j) 


=  (-0,25 + 0,25j) ( 0,57 - 0,09j) 
 

 V1 
V =  V2 
 

102
DEE – C/ISA – UNESP  Eletricidade – Engenharia Civil  C. R. Minussi

 50 o 1045 o 
 (  )  A
I = 10 j5
 
 0 

 - 0,9142 + 1,4142j 
=   A.
 0 

Assim:

V = (Y)1 I volt

 ( 2,0309 + 1,5159j ) (1,5526 + 0,0193j) 


(Y)1 =  (1,5526 + 0,0193j) (2,4879 - 0,2797j)  
 

 (-4,0005 + 1,4862j) 
V =  (-1,4466 + 2,1780j)  V
 

 4 ,2672159,6175o 
=  o 
V.
 2 ,6146123,5916 

Exercício 4. Determinar a corrente fornecida por cada uma das fontes (V1 e V2).

Figura 6.1.6.

Resolução:
As correntes elétricas fornecidas pelas fontes V1 e V2 correspondem às
correntes I1 e (I3). Portanto, o modelo, referente às malhas básicas, pode ser descrito da
seguinte forma:

103
DEE – C/ISA – UNESP  Eletricidade – Engenharia Civil  C. R. Minussi

ZI=V (6.1.5)

sendo:

5  j 5 j5 0 
 
Z =  j5 8  j8  6  
 0  6 10 

 0,1353 - 0,0557j 0,0796  0,0090j 0,0478  0,0054j 


1  
(Z) =  0,0796  0,0090j 0,0886 - 0,0706j 0,0532 - 0,0424j 
 0,0478  0,0054j 0,0532 - 0,0424j 0,1319 - 0,0254j 

 300 o 
 
V =  0  V
 200 o 
 
I = (Z)1 V

 3,1040 - 1,7786j 
=  1,3255 + 1,1174j 
 
 - 1,2047 + 0,6704j 

3,5775 - 29,8128o 
 o 
=  1,733640,1310 
 1,3787 150,9046 o 
 

Assim:

(1) Corrente fornecida pela fonte V1:


IV1 = I1

= 3,5775  - 29,8128o A

(2) Corrente fornecida pela fonte V2:


IV2 = I3

= - 1,3787 150,9046 o

= 1,3787  - 29,0954)o A.

104
DEE – C/ISA – UNESP  Eletricidade – Engenharia Civil  C. R. Minussi

Exercício 5. Determinar as correntes das fontes (do Exercício 4) usando transformação de


circuitos (delta-estrela).

Figura 6.1.7.

Os valores das impedâncias ZA, ZB e ZC, procedentes da transformação


delta-estrela, são:
Z1 Z2
ZA =
Z1  Z2  Z3

( 2  j 3) ( j 5)
= 
j5 2 j36

= -0,3125 + j 1,5625 
Z1 Z3
ZB =
Z1  Z2  Z3

( 2  j 3) ( 6 )
= 
j5 2 j36

= 1,8750 + 0,3750 

105
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Z2 Z3
ZC =
Z1  Z2  Z3

( j 5) ( 6 )
= 
j5 2 j36

= 1,8750 + 1,8750 

ZD = 5  + ZA
= 4,6875 + 1,5625i
ZE = 4  + ZB
= 5,8750 + j 0.3750 
ZF = ZC
= 1,8750 + j 1,8750 .

Figura 6.1.8.

Por conseguinte, as equações referentes às malhas 1 e 2, matricialmente, podem


ser expressas por:

ZI=V (6.1.7)

sendo:

(4,6875  j 1,5625  1,8750  j 1,8750) - (1,8750  j 1,8750) 


Z = 
 - (1,8750  j 1,8750) (5,8750  j 0.37501,8750  j 1,8750 ) 

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 0,1353 - j 0,0557 0,0478 + j 0,0054 


(Z)1 =  0,0478 + j 0,0054 0,1319 - j 0,0254 
 

 ( 3,1040 - j 17786) 
I =  - (1.2047 - j 0,6704)  A
 

3,5775 - 29,8128o 
I =  o
A
 1,3787 150,9046 

IV1 = I1

= 3,5775 - 29,8128o A Este resultado confere


com o obtido no
IV2 = -I2 Exercício 4.
= 1,3787 - 29,0954 o A.

Exercício 6. Escreva as equações de malha do circuito mostrado na Figura 6.1.9 e


determine a corrente que circula no resistor R1.

Figura 6.1.9.

As correntes das malhas básicas escolhidas estão indicadas na Figura 6.1.10.

107
DEE – C/ISA – UNESP  Eletricidade – Engenharia Civil  C. R. Minussi

Figura 6.1.10.

Deste modo, as correntes de malha são assim calculadas:


ZI = V (6.1.6)
I = (Z)1 V (6.1.7)
sendo:

 5 5 j6 5 j6 
 
Z =  5 5 4 4 4 
 j 6 4  j6  4  j 8  6 

 10  j 6  5 j6 

=  5 13 4 

 j 6  4 10  j 2 

 0,0709 + 0,0281j 0,0337 - 0,0040j 0,0207 - 0,0483j


(Z) 1 
=  0,0337 - 0,0040j 0,0995 - 0,0110j 0,0312 - 0,0308j 

 0,0207 - 0,0483j 0,0312 - 0,0308j 0,0755 - 0,0398j 

 0,6058 - j 0,5220 
I
 
=  - 1,6989 - j 3,3054  A
 - 1,2787 - j 1,4299 

 0,7997  - 40,7505o 
 
I =  3,7164 - 117,2021o  A
 o 
 1,9183 - 131,8049 

IR1 = I1 – I2

= 0,7997 - 40,7505o  1,9183 - 131,8049 o

= 2,3047 + j 2,7834 A
= 3,6137  50,3747o A (corrente circulando no resistor R1).

108
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7. POTÊNCIA INSTANTÂNEA, MÉDIA E COMPLEXA, FATOR DE POTÊNCIA E


CORREÇÃO DE FATOR DE POTÊNCIA

Em diversos equipamentos elétricos, o conceito de potência corresponde a um


item de maior interesse. Por exemplo, tem-se interesse na potência gerada por uma
máquina síncrona, a potência consumida por um motor elétrico, geladeira, televisor, etc.; a
potência de saída de um transmissor de rádio ou de televisão. Assim sendo, na sequência,
serão abordados os conceitos de potência e correção do fator de potência de circuitos
elétricos monofásicos de corrente alternada.

7.1. Potência

A potência elétrica fornecida a uma carga (Figura 7.1.1) é definida como sendo
o produto da tensão elétrica aplicada pela corrente elétrica resultante:

P=VxI (7.1.1)
sendo:
V : tensão aplicada;
I : corrente resultante;
P : potência elétrica.

Figura 7.1.1.

109
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Neste caso, como V e I são grandezas senoidais, pode-se estabelecer um caso


geral da seguinte forma:

V = Vmax sen (wt) (7.1.2)


I = Imax sen (wt + ) (7.1.3)

Substituindo-se (7.1.2) e (7.1.3) em (7.1.1), obtém-se:

P = Vmax Imax sen(wt) sen(wt + ) (7.1.4)


ou:
P = Pm + Pi (7.1.5)
= Veficaz Ieficaz cos  (1  cos 2wt) + Veficaz Ieficaz sen  sen 2wt
sendo:
Pm : potência média
= Veficaz Ieficaz cos  (7.1.6)
Pi =  Veficaz Ieficaz cos  cos 2wt + Veficaz Ieficaz sen  sen 2wt (7.1.7)

A equação (7.1.6) corresponde à potência média. A equação (7.1.7) varia com


frequência correspondente ao dobro da frequência da tensão e da corrente.
Nas Figuras (7.1.2), (7.1.3) e (7.1.4) são apresentadas as evoluções da tensão (V),
da corrente (I), da potência média (Pm) e de P para os casos de circuitos, respectivamente,
puramente resistivo, puramente indutivo e puramente capacitivo, considerando-se, como
forma ilustrativa, os seguintes valores:
Veficaz = 20 V
Ieficaz = 5A
w = 10 rad/s.
 Para circuito puramente resistivo :  = 0o  Figura (7.1.2)
 Para circuito puramente indutivo :  = 90o  Figura (7.1.3)
 Para circuito puramente capacitivo :  = 90o  Figura (7.1.4).

110
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Energia
absorvida

Pm

V
I
T2
T1

Figura 7.1.2. Curva de potência para uma carga resistiva.

P Energia
absorvida
T2

V
Pm
I

Energia
dissipada

T1

Figura 7.1.3. Curva de potência para uma carga puramente indutiva.

T2 P

Energia
absorvida

V
I
Pm

Energia
dissipada
T1

Figura 7.1.4. Curva de potência para uma carga puramente capacitiva.

111
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NB. 1) Toda a potência fornecida a um resistor é dissipada em forma de calor.

2) No caso de um indutor puro (ideal), o fluxo de potência entre a fonte e a carga,


durante o ciclo completo, é exatamente zero, sendo que não existe perda neste
processo.

3) No caso de um capacitor puro (ideal), a troca de potência entre a fonte e a carga,


durante o ciclo completo, é exatamente zero.

A energia dissipada pelo resistor (WR), em um ciclo completo da tensão


aplicada pode ser obtida usando-se a equação:

W = Pt (7.1.8)

sendo:
P : potência média (valor médio);
t : período da tensão aplicada;
W : energia (em joules (J)).

Deste modo, WR vale:


W R = V I T1 (7.1.9)
ou, ainda:
VI
WR= (7.1.10)
f1

sendo:
f1 = frequência
1
= .
T1

A energia armazenada pelo indutor (WL), na parte positiva do ciclo, é igual à


energia devolvida na parte negativa:
2 VI T2
WL= x
 2

112
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VI
WL= T2 (7.1.11)

visto que o valor médio da parte positiva de uma senoide é igual a 2 x +valor de pico/
e t = T2/2.

De forma similar, a energia armazenada capacitor (Wc), na parte positiva do


ciclo, é igual à energia devolvida na parte negativa::

VI
WC= T2 (7.1.12)

7.2. O Triângulo de Potência

As grandezas potência aparente, potência média (potência ativa) e potência


reativa estão relacionadas no domínio de vetores por:

S=P + Q (7.2.1)
sendo:
S : Potência aparente ou total (dada em VA (volt-ampère));
P : potência ativa ou média (dada em W (watt));
Q : potência reativa (dada em VAR (volt-ampère reativo);

S = P2  Q2 (7.2.2)

P = S x cos  (7.2.3)
Q = S x sen  (7.2.4)

com:
P = P0o
QL = QL 90o (para a indutância)
QC = QC90o (para a capacitância).

113
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A potência aparente pode ser expressa por:

S = V x I* (7.2.5)

sendo:

I*  corrente elétrica conjugada  se I = Ieficaz , então, I* = Ieficaz .

NB. A potência elétrica total, expressa pela equação (7.2.5), vale tanto para cargas como
para fontes.

A representação vetorial das potências elétricas (S, P e Q) é mostrada nas


Figuras (7.2.1) e (7.2.2) para potência reativa indutiva e capacitiva, respectivamente.

Figura 7.2.1. Para o circuito indutivo.

Figura 7.2.2. Para o circuito capacitivo.

114
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Fator de Potência. Fator de Potência (FP) é definido como sendo a relação entre a potência
ativa e a potência aparente, ou seja:

P
FP  (7.2.6)
S
S x cos 
=
S
= cos .

Fator de Potência (FP)  cos 

Exercício 1. Considerando-se o circuito mostrado na Figura 7.2.3, determinar o triângulo


de potências.

Figura 7.2.3.

Resolução:
Z = (3 + j 4) 
= 5 53,13o 

Então:
V
I =
Z

100 o V
=
5 53 ,13o 

115
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= 2 -53,13o A.
 Potência Ativa:

V2
P = I2 x R =
R
= (2 A)2 x 3 
= 12 W.

 Potência Reativa:
QL = I2 x XL

V2 V2
= , (nota-se que, no caso de capacitor, QC = )
XL XC

= (2 A)2 4 
= 16 VAR (indutivo).

 Potência Aparente:
S = P + j QL
= 12 W + j 16 VAR
= 20 VA 53,13o
ou:
S = V x I*
= (10 0o V) x (2 +53,13o A)
= 20 VA +53,13o .

 Fator de Potência:
FP = cos (53,13o)
= 0,6 (atrasado, por ser indutivo).

Na Figura 7.2.4 são ilustradas as situações em que o circuito comporta-se como


resistivo (para XL = XC), indutivo (para XL > XC) e capacitivo (para XL < XC),
sendo:
XL = w L;

116
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1
XC = .
wC

Figura 7.2.4.

Exercício 2. Calcular a potência ativa, a potência reativa, a potência total e o fator de


potência do circuito mostrado na Figura 7.2.5.

Figura 7.2.5.

Resolução:
Carga 1:
P1 = 100 W
Q1 = 0 VAR

117
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Carga 2:
P2 = 200 W
Q2 = 700 VAR (L)
Carga 3:
P3 = 300 W
Q3 = 1500 VAR (C).
Estas potências encontram-se ilustrada na Figura 7.2.6.

Figura 7.2.6.

P = P1 + P2 + P3
= (100 + 200 + 300) W
= 600 W
Q = Q1 + Q2 + Q3
= (0 +700 – 1500) VAR
= 800 VAR (capacitivo)

S = (600 W )2  (1300 VAR ) 2

= 1000 VA
600
FP =
1000

118
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= 0,6 (adiantado).
Exercício 3. Para o sistema mostrado na Figura 7.2.7:
a) calcular as potências média, aparente e reativa, bem como o FP de cada
ramo;
b) calcular a potência total e o FP do circuito;
c) calcular a corrente I fornecida pela fonte.

Figura 7.2.7.
Resolução:

Item (a):
Carga 1:
P1 = 12 x (60 W)
= 720 W
Q1 = 0 VAR
S1 = P1
= 720 VA
FP1 = 1.

Carga 2:

P2 = 6,4 kW
Q2 = 0 VAR
S2 = P2
= 6,4 kVA
FP2 = 1.

119
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Carga 3 (motor):
Po
 =
Pi

sendo:
Pi : potência consumida pelo motor;
Po : potência nominal;
 : rendimento.

Então:
Po
Pi = Conversão hp  watt

5 HP x (746 W )
=
0 ,82
= 4548,78 W
FP = 0,72 atrasado
P3
S3 =
cos 

4548,78 W
=
0 ,72
= 6317,75 VA
Q3 = S3 x sen 
= 6317,75 VA x 0,694
= 4384,71 VAR (indutivo)

Carga 4:
V
I4 =
Z4

208 V 0 o
=
( 9  j 12 ) 

120
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208 V 0 o
=
15    53,13 o

= 13,87 A 53,13o
P4 = (I4)2 x R
= (13,87 A)2 9 
= 1731,39 W
Q4 = (I4)2 XC
= (13,87 A)2 12 
= 2308,52 VAR (capacitivo)

S4 = (1731,39 W ) 2  ( 2308,52 VAR ) 2

= 2885,65 VA
ou:
S4 = (I4)2 Z
= (13,87 A)2 15 
= 2885,65 VA
P4
FP4 =
S4
1731,39 W
=
2885 ,65 VA

= 0,6 atrasado.

Item (b):
Ptotal = P1 + P2 + P3 + P4
= 720 W + 6400 W + 4548,78 W + 1731,19 W
= 13.400,17 W
Qtotal = + Q1 + Q2 + Q3 + Q4
= 0 + 0 + 4384,71 VAR  2308,52 VAR
= 2076,2 VAR (indutivo)

Stotal = (13400 ,17 W ) 2  ( 2076 ,2 VAR ) 2

= 13560,06 VA

121
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Ptotal
FPtotal =
Stotal
13400 ,17 W
=
13560 ,06 VA

= 0,988 atrasado
total = cos1 (0,988)
= 8,89o
Stotal
Ifinal =
V
13560 ,06VA
=
206 V

= 65,19 A
Ifinal = 65,19 A 8,89o (corrente atrasada em relação à tensão).

7.3. Correção do Fator de Potência

Nas aplicações residenciais, comerciais e industriais, as cargas se apresentam,


via de regra, indutivas (em consequência dos motores elétricos, etc.) , ou seja, a corrente
encontra-se atrasada em relação à tensão elétrica aplicada. A potência média P (potência
ativa), fornecida à carga, é uma medida do trabalho útil por unidade de tempo que a carga
pode executar. Esta potência, usualmente, é transmitida por meio de linhas de distribuição
e transformadores. Como um transformador, especificado em kVA, é, muitas vezes,
empregado à tensão fixa, os kVA’s são, simplesmente, uma indicação da corrente máxima
permitida. Teoricamente, se uma carga indutiva, ou capacitiva pura fosse conectada ao
transformador, o transformador poderia ser plenamente carregado e a potência média
fornecida seria nula.

Com relação ao triângulo de potências, a hipotenusa S dá uma indicação da


carga do sistema de distribuição, ao passo que o cateto P mede a potência útil fornecida. É,
por conseguinte, desejável que S se aproxime o máximo possível de P, ou seja, que o

122
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ângulo  se aproxime de zero e, conseqüentemente, que o fator de potência se aproxime


da unidade (FP = 1).

No caso mais comum em que a carga é predominantemente indutiva, via de


regra, aumenta-se o fator de potência colocando capacitores em paralelo com a carga.
Supondo-se que a tensão nos terminais da carga não varie, a potência útil P não irá variar
com a inclusão do banco de capacitores. Como o fator de potência irá aumentar, a corrente
e a potência aparente deverão diminuir obtendo-se, deste modo, um uso mais eficiente do
sistema de distribuição.

NB. O consumidor de energia elétrica paga pelos quilowatts-hora consumidos. Nos


casos em que o fator de potência for inferior a um de terminado valor (especificado
pela legislação do país), o consumidor será penalizado, conforme previsto em lei.
Fator de potência baixo é observado, principalmente nos consumidores industriais.
Neste caso, caberá ao consumidor corrigir o fator de potência, se não quiser sofrer
multas.

Figura 7.3.1.

Por exemplo, se o Fator de Potência estiver abaixo desse mínimo (FPmin = 0,92),
a conta de energia elétrica sofrerá um ajuste em reais, com base no seguinte cálculo:

0 ,92
Acréscimo = Valor da fatura x [ – 1] (Resolução ANEEL 456/2000).
FP medido

123
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Exercício 1. Uma fonte de tensão V alimenta uma carga indutiva, como mostrado da
Figura 7.3.2. Supondo que se deseja corrigir o FP para um valor maior (mais
próximo da unidade), através da inclusão de um banco de capacitor colocado
em paralelo à carga. Escreva as equações que descrevem este processo.

Figura 7.3.2. Alimentação a uma carga indutiva.

Resolução:

Figura 7.3.3. Correção do FP por colocação de capacitor paralelo à carga.

Supondo-se que se deseja corrigir o FP para a unidade. Neste caso, o cálculo da


corrente da fonte, a partir da Figura 7.3.3, é determinado da seguinte forma:

IS = I C + IL (7.3.1)

= j IC (imaginário)+ IL(real) + j IL(imaginário)

= IL(real) + j { IL(imaginário) + IC(imaginário)}.

124
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Assim, se XC for escolhido tal que IC(imaginário) = IL(imaginário), então, obtém-se


um fator de potência unitário, ou seja:

IS = IL(real) + j (0).

= IL(real) 0o .

Deve-se observar que, neste caso, a corrente da fonte será menor, se comparada
à corrente sem correção. Como a tensão e corrente da fonte estão em fase, o sistema
comporta-se como sendo “resistivo” nos terminais de entrada. Toda a potência fornecida é
consumida, o que representa a condição de máxima eficiência.

Exercício 2. Uma unidade geradora industrial alimenta aquecedores totalizando 10 kW e


motores elétricos num total de 20 kVA. Os aquecedores podem ser
considerados puramente resistivos (FP = 1) e os motores possuem um FP
atrasado igual a 0,7. Se a fonte for de 1.000 V e 60 Hz, determinar a
capacitância necessária para corrigir o FP para 0,95.

Resolução:

 Para os Aquecedores:

P = 10 x 103 W

Q = 0

FP = 1.

 Para os Motores Elétricos:

S = VxI

= 20 x 103 VA

P = S cos 

FP = 0,7 (atrasado)

= 20.000 VA x 0,7

125
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= 14.000 W

 = cos 1 (0,7)

= 45,6o (0,7959 rad.)

Q = V x I sen 

= 14, 28 kVA

24
FP =
27 ,93

= 0,8593

 = 30,75o .

O triângulo de potência, para este exercício, pode ser visualizado na Figura


7.3.4.

Figura 7.3.4.

ST = ( 24 kW )2  (14 ,28 k VA )2

= 27,93 kVA.

A corrente elétrica nesta circunstância vale:

126
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ST
IT =
V

2.793 VA
=
1000 A

IT = 27,93 A

O FP desejado é 0,95, ou seja, resulta em um ângulo entre S e P de:

final = cos 1 (0,95) (atrasado)

= 18,19o

A potência reativa final vale:

Qfinal = PT x tangente(final)

= 24 kW x tg(18,19o)

= 7,9 k VAR.

Deste modo, a potência indutiva deve ser reduzida para o valor de 7,9 kVAR,
ou seja, a potência reativa capacitiva a ser injetada será:

QC = QL - Qfinal (7.3.2)

= 14,28 kVAR – 7,9 kVAR

= 6,38 kVAR.

A potência reativa capacitiva pode ser expressa por:

V2
QC = (7.3.3)
XC

127
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V2
XC =
QC

(1000 V )2
=
6380 VAR

= 156,7398 

e:

1
C =
2  f XC

= 16,923  F.

A potência total final será:

STfinal = ( 24 kW )2  (7 ,9 k VA )2

= 25,27 kVA.

A corrente elétrica final vale:

S T final
ITfinal =
V

25270 VA
=
1000 V

= 25,25 kVA.

Por conseguinte, a corrente teve uma redução de:

27,93 A (FP = 0,7 atrasado) para 25,25 A (FP = 0,95 atrasado).

Redução:

 Corrente  10%
Atendendo o mesmo trabalho:
24 kW
 Potência Aparente  10%

128
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Exercício 3. Um motor de 5 hp, com um fator de potência igual a 0,6 (atrasado), cuja
eficiência é de 92%, está conectado a uma fonte de 208 V e 60 Hz.

a) construir o triângulo de potência para a carga;

b) determinar o valor de um capacitor que deverá ser conectado em


paralelo com a carga visando aumentar o fator de potência para 1;

c) determinar a redução da corrente do circuito não compensado em relação


ao circuito compensado (com o capacitor).

Resolução:

Item (a):

Então:
Po
Pi =

5 hp x (746 W )
=
0 ,92
= 4054,35 W
PL = 4054,35 W (potência ativa da carga)
FP = 0,6 atrasado
 = cos1 (0,6)
= 53,13o

QL = PL tangente()
= 4054,35 W x tg(53,13o)
= 5405,8 VAR (indutivo)

SL = ( 4054 ,35 W ) 2  ( 5405 ,8 VA ) 2

= 6757,25 VA

129
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Figura 7.3.5. Triângulo de potências.

Item (b):

Para se conseguir um fator de potência unitário será, então, introduzido um


capacitor C em paralelo com a carga, que produzirá uma potência reativa de 5404,45 VAR:

V2
XC =
QC

( 208 V ) 2
=
5404 , 45 VAR

= 8  (capacitivo)

1
C =
2 f XC

1
=
2  x 60 Hz x 8 

= 331,6  F.

Item (c):

 Corrente para FP = 0,6:

S
I =
V

6757 ,25 VA
=
208 V

130
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= 32,49 A.

 Corrente para FP = 1:

S
I =
V

4054 ,35 VA
=
208 V

= 19,49 A.

 Redução da corrente:

19 , 49 A
redução = (1  ) x 100
32 , 49 A

= 40%.

131
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8. SISTEMAS TRIFÁSICOS

 Um sistema polifásico é constituído por 2 ou mais tensões fornecendo energia


a cargas ligadas às linhas.
 Em geral, existe uma preferência por sistemas trifásicos, em relação aos
monofásicos, para transmissão de energia por várias razões, em destaque:
1. condutores de menor diâmetro podem ser usados para transmitir a mesma
potência à mesma tensão, o que reduz a quantidade de material (cobre,
alumínio, etc.) e, conseqüentemente, reduzindo os custos de fabricação e
manutenção das linhas;
2. linhas mais leves são mais fáceis de instalar e as torres de sustentação
podem ser mais delgadas e mais espaçadas;
3. equipamentos e motores trifásicos apresentam melhores características de
partida e operação, se comparados aos sistemas monofásicos, pois a
transferência de potência para a carga nos sistemas trifásicos está menos
sujeita à flutuação do que os sistemas monofásicos;
4. Em geral, a grande maioria dos motores de grande porte é trifásica porque
a partida não necessita de circuitos externos.

 A frequência gerada é determinada pelo número de pólos do rotor e pela


velocidade angular do eixo da máquina síncrona:
 a frequência mais empregada é de 60 Hz (Brasil, Estados Unidos) ;
 frequência de 50 Hz é o padrão europeu;
 Estas frequências foram escolhidas porque podem ser geradas com relativa
eficiência por equipamentos mecânicos cujo porte depende das dimensões
do sistema de geração e da demanda nos períodos de pico. Em aeronaves e
navios, que apresentam demandas (consumos) relativamente menores, é
possível o uso de uma frequência de, por exemplo, 400 Hz.

132
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 O sistema trifásico é usado pela grande maioria dos geradores elétricos


comerciais. Isto não significa que os geradores monofásicos ou bifásicos
estejam obsoletos. A maioria dos geradores de emergência é monofásica.

8.1. Sistemas Trifásicos

 Representação de sistemas trifásicos:


1) Por equações
e.g., tensões de fase de um gerador:
Ean = E sen (wt + ) (8.1.1)
Ebn = E sen (wt +   120o)
Ecn = E sen (wt +   240o)
= E sen (wt +  + 120o).

Terna : (a, b, c)
Ou seja, 3 fases são identificadas pelas letras a, b e c: fase a, fase b e
fase c:

Figura 8.1.1. Sistema trifásico.

133
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Figura 8.1.2. Tensões de fase de um gerador trifásico.

2) por diagrama fasorial.

Tomando-se como exemplo a expressão das tensões de um gerador trifásico


(Equações (210)):

Ean = E 
Ebn = E   120o
Ecan = E  + 120o

Figura 8.1.3. Representação fasorial (chamada sequência direta ou positiva) para as tensões
de fase de um gerador trifásico.

 Sistemas trifásicos:

1) Equilibrados: grandezas (tensões, correntes) iguais, em módulo, e defasadas de


120o nas 3 fases:

134
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Figura 8.1.4. Sistema trifásico equilibrado.

2) Desequilibrados: grandezas (tensões, correntes) não são iguais, em módulo, e /


ou com defasamento diferente de 120o nas 3 fases:

Figura 108. Sistema trifásico desequilibrado.

O desequilíbrio é causado por vários fatores. Os principais são:


1) consumo diferenciado em cada uma das fases do sistema;
2) defeitos no sistema de transmissão (curto-circuito, queda de fio, etc.).

NB.: As grandezas (tensões e correntes) de geradores trifásicos são sempre


equilibradas (em consequências de construção e operação).

135
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 Sequências:

1) Sequência direta
A sequência direta (ou positiva) é definida pela terna (a, b, c), (b, c, a) ou (c, a, b)
como ilustrada na Figura 109:

Figura 109. Fasores: sequência direta.

2) Sequência inversa
A sequência inversa (ou negativa) é definida pela terna (a, c, b), (c, b, a) ou (b,
a, c) como ilustrada na Figura 110:

Figura 110. Fasores: sequência inversa.

3) Sequência zero:

Figura 111. Fasores: sequência zero.

8.2. Tipos de ligação de sistemas trifásicos

136
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Figura 8.2.1.

1) Ligação em estrela (Y):

Figura 8.2.2. Ligação em estrela.

NB.: Nas ligações de estrela, o centro da estrela poderá estar aterrado ou não.

2) Ligação em delta ():

Figura 8.2.3. Ligação em delta.

137
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8.3. Relações entre tensões / correntes de fase e de linha nos sistemas equilibrados

NB.: A representação de sistemas equilibrados é exclusivamente por sequência


direta (as grandezas referentes às sequências inversa e zero, neste caso, são
nulas). Assim, as tensões e correntes serão identificadas, na sequência direta,
por Vab, Vbc, Vca, Iab, Ibc, Ica, etc.:

Figura 8.3.1. Sequência direta.

1) Ligação em estrela

Figura 8.3.2. Tensões e correntes de fase e de linha da ligação em estrela.

sendo:

Van, Vbn e Vcn : tensões de fase, referentes às fases a, b e c, respectivamente;

138
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Vab, Vbc e Vca : tensões de linha;

Ia, Ib e Ic : correntes de linha

: correntes de fase.

 Correntes e tensões:

Van
Ia =
Z

Vbn
Ib =
Z

Vcn
Ic =
Z

Vab = Van  Vbn (fasorial)

Vbc = Vbn  Vcn (fasorial)

Vca = Vcn  Van fasorial).

Então, considerando-se as tensões Van, Vbn e Vcn em um sistema equilibrado,


como mostra o seguinte diagrama (Figura 120). As tensões Vab, Vbc e Vca estão
representadas no mesmo diagrama.

Vca

Tomando-se Van como


referência

Figura 8.3.3. Tensões de linha e de fase referentes à ligação em estrela (Y).

139
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Figura 8.3.4.

A tensão de linha Vab pode ser expressa por:

Vab = Van0o  Vbn120o

Como Vab = Van (em módulo), então:

Vab = Van0o  Van120o

= Van {1  (0,5 j0,867)}

= Van (1,5 + j0,867)

Vab = Van 3 30º (8.3.1)

Ou seja, na ligação em estrela, a tensão de linha é 3 vezes a tensão de fase e


adiantada 30o a tensão de fase. Exemplo: a alimentação de tensão nos sistemas
residencial tem-se tensão de linha igual a 220 V que corresponde a 127 V de tensão

de fase (220/ 3 V).

e:

Correntes de linha = Correntes de fase (8.3.2)

140
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2) Ligação em Delta

Figura 8.3.5. Tensões e correntes de fase e de linha da ligação em delta.

sendo:

Vab, Vbc e Vca : tensões de linha;

Ia, Ib e Ic : correntes de linha

Iab, Ibc e Ica : correntes de fase.

 Correntes e tensões:

Vab
Iab =
Z

Vbc
Ibc =
Z

Vca
Ica =
Z

Ia = Iab + Iac (fasorial)

Ib = Iba + Ibc (fasorial)

Ic = Ica + Icb fasorial).

141
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sendo:

Ipq = Iqp.

Ia = Iab  Ica

Ia = Iab 3 30o . (8.3.3)

Tensões de linha = tensões de fase. (8.3.4)

Ou seja: a corrente linha é 3 a corrente de fase e está atrasada de 30o em relação a


corrente de fase, enquanto que a tensão de linha é igual a tensão de fase.

Tomando-se Iac como


referência

Figura 8.3.6. Correntes de linha de fase referentes à ligação em delta ().

142
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8.4. Potência Elétrica de Sistemas Trifásicos

Tipos de Potências:

1) potência instantânea;

2) ativa;

3) reativa;

4) aparente.

 Em diversos equipamentos elétricos, o maior interesse reside na potência, por


exemplo:

 potência gerada por um alternador;

 potência de entrada em um motor elétrico;

 potência de saída de um transmissor de rádio ou de televisão;

 etc.

8.5. Potência em Sistemas Trifásicos Equilibrados

 A potência elétrica em sistemas trifásicos equilibrados, considerando-se as ligações


em estrela e em triângulo, pode ser calculada da seguinte forma:

143
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Figura 8.5.1. Sistemas trifásicos equilibrados.

PF = 1/3 PT (8.5.1)

sendo:

PF : potência elétrica de fase;

PT : potência elétrica total.

Para o circuito ligado em triângulo:

A tensão na impedância Z (circuito com ligação em triângulo) da Fig. 8.5.1(b) é a


tensão de linha (que é igual à tensão de fase) e a corrente é a corrente de fase. O
ângulo entre a tensão de linha (ou de fase: VL = VF) e a corrente de fase é o ângulo
da impedância. A potência de fase é, portanto:

PF = VF IF cos (8.5.2)

sendo:

VF : tensão de fase;

144
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IF : corrente de fase

cos : ângulo da impedância Z.

A potência total é:

PT = 3 VF IF cos (8.5.3)

Como nas cargas elétricas equilibradas em triângulo:

IL = 3 IF (8.5.4)

VL = VF (8.5.5)

Então:

PT = (3 VL IL cos) / 3

= 3 ( 3 VL IL cos ) / ( 3 3 )

PT = 3 VL IL cos
(8.5.6)

sendo:

PL : potência elétrica de linha;

IL : corrente elétrica de linha;

VL : tensão de linha.

145
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Para o circuito ligado em estrela:

Considerando-se a Fig. 8.5.1(a), as impedâncias estão ligadas em estrela. As correntes


são de linha (ou de fase: IL = IF) e a tensão em ZY é tensão de fase. O ângulo entre a
tensão e a corrente é o ângulo da impedância. A potência de fase é, então:

PF = VF IF cos (8.5.7)

A potência elétrica total é:

PT = 3 VF IF cos (8.5.8)

Como:

VL = 3 VF (8.5.9)

IL = IF (8.5.10)

então:

PT = 3 VL IL cos (8.5.11)

Resumo:

 Para sistemas trifásicos equilibrados as potências elétricas, tanto para circuitos


ligados em estrela como para circuitos ligados em triângulo, são expressas por:

146
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PT = 3 VL IL cos (8.5.12)

QT = 3 VL IL sen (8.5.13)

ST = 3 VL IL (8.5.14)

sendo:

PT : potência elétrica ativa total;

QT : potência elétrica reativa total;

ST : potência elétrica aparente total.

8.6. Medidas de potência em sistemas trifásicos

Método com Três Wattímetros

 Wattímetro é um instrumento com uma bobina de tensão e uma de corrente,


arranjadas de forma que sua deflexão seja proporcional a VI cos, em que  é o
ângulo entre a tensão e a corrente.

 Uma carga ligada em estrela, a quatro fios, exige três wattímetros com um medidor
instalado em cada linha e conectado ao centro da estrela, conforme é mostrado na
Figura 8.6.1.

147
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Figura 8.6.1.

sendo:

W : indicação de um instrumento de medida de potência (wattímetro).

As medidas dos três wattímetros correspondem a:

an
Wa = Van Ia cos  a (8.6.1)

bn
Wb = Vbn Ib cos  b (8.6.2)

cn
Wc = Vcn Ic cos  c . (8.6.3)

Os wattímetros Wa, Wb e Wc lêem as potências das fases a, b e c, respectivamente. A


potência total é, portanto:

PT = Wa + Wb + Wc. (8.6.4)

Método com Dois Wattímetros

(três fios)

148
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Figura 8.6.2.

NB. A potência total de uma carga trifásica a três fios é obtida pela soma das leituras de
dois wattímetros ligados em duas linhas quaisquer, estando suas bobinas de
tensão ligadas à terceira linha, como mostra-se a seguir.

Sistema Com Ligação em Triângulo

Figura 8.6.3.

ab
Wa = Vab Ia cos  a e (8.6.5)

cb
Wc = Vcb Ic cos  c (8.6.6)

Aplicando-se a lei de Kirchhoff para as correntes aos nós (a) e (c) da carga ligada
em triângulo, obtém-se:

149
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Ia = Iab + Iac e (8.6.7)

Ic = Ica + Icb (8.6.8)

Substituindo-se as correntes definidas pelas equações (8.6.7) e (8.6.8) nas equações


(8.6.5) e (8.6.6), resulta em:

ab ab
Wa = Vab Iab cos  ab + Vab Iac cos  ac (8.6.9)

ab cb
Wc = Vcb Ica cos  ca + Vcb Icb cos  cb (8.6.10)

ab cb
Os termos (Vab Iab cos  ab ) e (Vcb Icb cos  cb ) são facilmente identificados
como sendo as potências elétricas nas fases (ab) e (cb) da carga, respectivamente.
Os dois termos restantes, após manipulação matemática correspondem a:

VL Iac cos 

Que é a potência na fase restante da carga: a fase ac. Portanto, somando-se as


leituras dos dois wattímetros Wa e Wc, obtém-se a potência elétrica ativa total da
carga:

Potência elétrica ativa total da carga = Wa + Wc.

150
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Sistema Com Ligação em Estrela

Figura 8.6.4.

 Considerando-se o sistema trifásico equilibrado (ligação em estrela (a 3 fios)) (Fig.


8.6.4), admitindo-se a corrente atrasada de um ângulo , então, as leituras dos
wattímetros Wa e Wc são:

ab
Wa = Vab Ia cos  a (8.6.11)

cb
Wc = Vcb Ic cos  c (8.6.12)

sendo:

ab
a = 30o +  (8.6.13)

cb
c = 30o   (8.6.14)

em que:

30o corresponde ao defasamento entre a tensão de linha e a tensão de fase.

Substituindo-se (2.6.13) e (8.6.14) em (8.6.11) e (8.6.12), respectivamente, obtém-se:

151
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Wa = Vab Ia cos (30o + ) (8.6.15)

Wc = Vcb Ic cos (30o  ) (8.6.16)

Portanto, quando o método dos dois wattímetros é usado numa carga equilibrada,
as leituras são:

VL IL cos (30o + ) e

VL IL cos (30o  )

sendo:

 : ângulo da impedância.

Assim, estas duas leituras podem ser empregadas para a determinação do ângulo
, ou seja:

Wa = VL IL cos (30o + )

= VL IL (cos30o cos   sen30o sen) (8.6.17)

Wc = VL IL cos (30o  )

= VL IL (cos30o cos  + sen30o sen ) (8.6.18)

Somando-se Wa e Wc, obtém-se:

Wa + Wc = 3 VL IL cos  (8.6.19)

que é a potência ativa total.

Agora, subtraindo-se Wc de Wa, obtém-se:

152
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Wa  Wc = VL IL sen  (8.6.20)

Então:

Wa  Wc
Tangente() = 3 ( ) (8.6.21)
Wa  Wc

Portanto:

A tangente do ângulo da impedância Z é 3 vezes a relação entre da diferença e a


soma das leituras dos dois wattímetros.

Sem conhecer em que condutores (fases a, b ou c) os medidores estão localizados,


nem a sequência do sistema, é impossível definir-se o sinal de . Contudo, quando
se conhecem a sequência e a localização dos medidores, o referido sinal pode ser
determinado pelas seguintes expressões:

Sequência cba:

Wa  Wb
Tangente() = 3 ( ) (8.6.22)
Wa  Wb

Wb  Wc
= 3 ( )
Wb  Wc

Wc  Wa
= 3 ( )
Wc  Wa

Sequência abc:

Wb  Wa
Tangente() = 3 ( ) (8.6.23)
Wb  Wa

153
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Wc  Wb
= 3 ( )
Wc  Wb

Wa  Wc
= 3 ( ).
Wa  Wc

8.7. Exercícios

Exercício 1

Um sistema trifásico (Figura 8.7.1), sequência abc, a três fios e 100 volts (Vbc =

100  0o adotada como referência), alimenta uma carga equilibrada, ligada em triângulo,

constituída por impedâncias de 20 45o ohms. Determinar as correntes de linha e traçar o


diagrama de fasores.

Figura 8.7.1.

Resolução:

As correntes de fase são:

Vab
Iab =
Z

154
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100120o
=
2045o

= 5 75o

Vbc
Ibc =
Z

1000o
=
2045o

= 5 45o

Vca
Ica =
Z

100  120o
=
2045o

= 5 165o

= 5 195o

Para calcular as correntes de linha, aplica-se a lei de Kirchhoff a cada nó da


carga:

Ia = Iab + Iac

= 5 75o  5 195o

= 8,66 45o

Ib = Iba + Ibc

= 5 75o + 5 45o

= 8,66 75o

Ic = Ica + Icb

= 5 195o  5 45o

= 8,66 165o

ou:

155
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Ia = 3 Iab 30o

= 1,7329 x 5 (75o 30o)

= 8,66 45o

Ib = 3 Ibc 30o

= 8,66 75o

Ic = 3 Ica30o

= 8,66 165o

Figura 8.7.2.

Exercício 2:

Para a carga conectada em Y (estrela) mostrada na Figura 8.7.3:

Figura 8.7.3.

156
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a) determine a potência média para cada fase e a potência média total;

b) determine a potência reativa para cada fase e a potência reativa total;

c) determine a potência aparente para cada fase e a potência aparente total;

d) determine o fator de potência da carga.

Resolução:

A potência elétrica ativa média é:

Pmédia(fase) = Vfase Ifase cos 

Vfase = 173,2 / 3 V

= 100 V

Zfase = 3+j4

= 5 tg1 (4/3) 

= 553,13o

Ifase = Vfase / Zfase

= 100/5

= 20 A

cos = cos53,13o

= 0,6

portanto:

Pmédia por fase = 100 x 20 cos (53,13o)

1200 W

que é igual, também a:

Pmédia por fase = Ifase2 x Rfase

= 202 A x 3

157
DEE – C/ISA – UNESP  Eletricidade – Curso de Graduação em Engenharia Civil  C. R. Minussi

= 1200 W

Potência total = 3 Potência média por fase

= 3 x 1200 W

= 3600 W

ou:

Potência total = 3 VL IL cos 

= 3 x 173,2 V x 20 A x 0,6

= 3600 W.

b) Potência reativa:

Qfase = Vfase Ifase sen

= 100V 20 A sen 53,13o

= 2000 x 0,8

= 1600 VAR

ou:

Qfase = Ifase2 x Xfase

= (100 V/ 5 A)2 x 4 

= 1600 VAR

Qtotal = 3 Qfase

= 3 x 1600 VAR

= 4800 VAR

ou:

Qtotal = 3 VL IL sen 

= 3 100 V 20 A 0,8

158
DEE – C/ISA – UNESP  Eletricidade – Curso de Graduação em Engenharia Civil  C. R. Minussi

= 4800 VAR

c) Potência aparente:

Sfase = Vfase Ifase

= 100V 20 A

= 2000 VA

Stotal = 3 Sfase

= 3 x 2000 VA

= 6000 VA

ou:

Stotal = 3 VL IL

l = 3 173,2 V 20 A

= 6000 VA

d) Fator de potência:

FP = Ptotal / Stotal

= 3600 W / 6000 VA

= 0,6

ou:

FP = cos

= 0,6.

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Exercício 3

As três linhas de transmissão do sistema trifásico de três fios mostrado na


Figura 8.7.4 possuem uma impedância de (15 + j 20). O sistema fornece uma potência
total de 160 kW em 12.000 V para uma carga trifásica equilibrada com fator de potência
atrasado igual a 0,86.

Figura 8.7.4.

a) Determine o módulo da tensão de linha Vab da fonte.

b) Encontre o fator de potência da carga aplicada à fonte.

Resolução:

a) Tensão de fase na carga:

VFc = VLc / 3 = Vfasec

= 12000 V / 3

= 6936,42 V

160
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Potência total na carga:

PTc = 3 Vfasec Ifasec cos c

e:

PTc
Ifasec =
3 VFc cos c

160000 W
=
3 6936,42 V 0,86

= 8,94 A

Como c = cos1 0,86 = 30,68o, se atribuirmos a VFc um ângulo de 0o


(referência), ou seja, se fizermos:

Va’n’ = VFc0o , um fator de potência de 0,86 atrasado (corrente em atraso


com relação à tensão) implicará:

Ifasec = 8,94 A 30,68o .

Figura 8.7.5. Tensões de fase na carga.

Assim, considerando-se o circuito (Figura 8.7.4), para uma das fases:

Van  Ifasec Zlinha  Vfasec = 0

161
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ou:

Van = Ifasec Zlinha + Vfasec

= (8,94 A 30,68o ) (2553,13o) + 6936,42 V 0o

= 7.143,5 V 0,68o

Figura 8.7.6. Tensões de fase no gerador.

Então:

Vab = 3 Van

= 3 7.143,5 V 0,68º + 30º

= 12.358,26 V 30,68º

VL = 12.358,26 V

IL = 8,94 A

b) Potência total

Potência total = Pcarga + Plinhas

= 160 kW + 3 (ILc)2 Rlinha

162
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= 160 kW + 3 (8,94)2 15 

= 160.000 W + 3.596,55 W

= 163.596,55 W

e:

Potência total = 3 VL IL cos total

ou:

Potência total
cos total = (fator de potência do sistema)
3 VL IL

163.596,55 W
=
3 (12.358,26 V) (8,9 4 A)

= 0,856 < 0,86 da carga.

163

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