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TEXTO 1

O Brasil nos quadros do antigo sistema colonial

Desde seu descobrimento até o Período Joanino em 1808, a história do Brasil está
intimamente ligada à expansão comercial e colonial europeia na era moderna, refletindo os
problemas e os mecanismos da política imperial lusitana. A colonização é vista como a superação
das barreiras encontradas no fim da Idade Média, período onde ocorreu o desenvolvimento da
economia mercantil e o fortalecimento das camadas urbanas e burguesas. As tensões geradas
nessa época, intensificadas pelo monopólio das importações orientais pelos italianos e
muçulmanos, foram propícias para a formação de Estados modernos, que se baseavam na
política mercantilista. E, à medida que os Estados se tornavam absolutistas, aglutinavam-se as
tensões políticas entre as várias potências pela partilha do mundo colonial.

Fatores de êxito da empresa agrícola

A América passa a constituir parte integrante da economia reprodutiva agrícola —


idêntica à que na mesma época estava sendo empreendida na costa da África e nas Índias
Orientais — destinada ao mercado europeu. Isentos do conhecimento da existência do ouro, a
exploração econômica no Brasil parecia totalmente inviável, tendo em vista que nenhum
produto agrícola era objeto de comércio em grande escala dentro da Europa. No entanto, o êxito
foi somente alcançado com a produção do açúcar, a utilização de mão-de-obra escrava africana
e a contribuição dos flamengos — particularmente dos holandeses — para a refinação e
expansão do comércio açucareiro.

A grande propriedade rural

A exploração agrária, motivada pelos interesses comerciais e a necessidade de ocupar o


Brasil, tem como características fundamentais a propriedade monocultora e escravocrata. As
posses das terras foram “doadas” a capitães donatários, na forma de sesmaria, cujas obrigações
principais era a ocupação e o povoamento.

O engenho de açúcar, que representava as raízes da comunidade social, constituía-se da


casa-grande, residência do senhor de engenho, a capela, onde se realizavam as cerimônias
religiosas, a senzala, habitação dos escravos e a casa do engenho, que abrigava todas as
instalações necessárias ao preparo do açúcar.

A sesmaria e a data de terra

A sesmaria como tipo de propriedade concedida em terras do Brasil era uma


transladação do regime jurídico português. Tinha como objetivo progredir a agricultura, recém
abandonada em virtude das lutas internas, cujos altos preços eram decorrentes do pouco
produzido. Tal sistema obrigava os proprietários a cultivarem e semearem as terras, sem ceder
somente uma parte dessas a um agricultor para lavoura.

A sesmaria fundamentou a organização social e de trabalho implantada no Brasil, ou


seja, a grande propriedade latifundiária, monocultora e escravagista. Já o sistema data de terra,
que representava as pequenas ou médias propriedades, destinava-se à pequena exploração,
com produtos mais diversificados e agricultura familiar. Serviu de base para a colonização dos
açorianos e, posteriormente, para a formação de núcleos coloniais com imigrantes estrangeiros,
bem como nas zonas de mineração.

A região das minas


A civilização nas Minas compreendia pequenos, médios e grandes proprietários, cuja
posição relativa estava sujeita a mudanças provocadas pelos imprevisíveis sucessos e insucessos
no garimpo. Tratava-se de uma região voltada para o mercado, com a população
predominantemente distribuída em centros urbanos, englobando até mesmo as atividades
primárias.

Devido a sua localização longínqua do litoral, a qualidade do solo e a dificuldade de


exportação, a região mineira teve uma forte tendência à diversificação produtiva e fabril. No
entanto, o desenvolvimento de outras atividades senão a mineradora, foi sempre mal vista e
combatida pela Metrópole colonial, pois essa visava impor a especialização produtiva num ramo
que fornecia imensos lucros à Coroa. Em 1785, D. Maria I proibiu o estabelecimento e
funcionamento de fábricas, em resposta ao declínio das minas e uma possível independência de
Portugal.

Porém, a decadência da economia do ouro teve origem na incapacidade de sustentação


da oferta: as minas e os aluviais sofriam com o esgotamento de metais preciosos. Devido à
queda dos tributos, o Reino multiplicou constantemente os impostos e as taxas na região
mineradora, visando manter os lucros da Metrópole, o que contribuiu, posteriormente, à
Conjuração.

Características sociais do povoamento de Minas

Em contraste com as de outras partes da América lusitana, a ocupação do território de


Minas Gerais, salve exceções, se processou democraticamente, diferente das áreas de produção
açucareira. Pois nessa região lucra quem tiver mais sorte, independentemente de sua classe
social e número de escravos. Além disso, mais depressa do que em outras partes, a escala social
vem a ser determinada pela posse maior ou menor de bens de fortuna. E, apesar da proibição
de outras atividades lucrativas pela Coroa, a lavoura ganhou alento novo e a venda de frutos
constitui uma das bases de sustento dos moradores.

Atividades acessórias

Na primeira fase da economia brasileira, é possível distinguir dois setores diferentes de


produção: o dos grandes produtos de exportação, como o açúcar e tabaco, e outro é das
atividades acessórias cuja finalidade é manter o funcionamento daquela economia de
exportação, também chamada de economia de subsistência.

A economia de subsistência é referente a produção de gênero de consumo, incluída


também em lavouras, engenhos e fazendas. Devido a incapacidade da produção de subsistência
nos pequenos centros urbanos, constituíram-se lavouras especializadas, isto é, dedicadas
unicamente à produção de gêneros de manutenção. Tais lavouras assemelham-se ao camponês
europeu, em que é o proprietário que trabalha por si próprio, ajudado por um pequeno grupo
de auxiliares, como sua própria família, e mais raramente algum escravo. Os indígenas
contribuíram para grande parte dos pequenos produtores autônomos, estabelecendo-se em
torno dos núcleos coloniais e muitos adotaram a vida sedentária.

Em conjunto com o crescimento dos núcleos urbanos, as atividades acessórias foram


necessárias para o combate à fome, muito frequente no período colonial. Seus principais
produtos provinham do plantio de tubérculos e a pecuária. Essa última multiplicou-se
rapidamente, estendendo-se por grandes áreas e se predominando no Sudeste, em
consequência das condições naturais.

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