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JOÃO PESSOA - PB
Abril de 2013
SUELY MARIA DE FREITAS
E TEREZA CRISTINA
João Pessoa - PB
Abril de 2013
Sumário
1 RESUMO 1
2 INTRODUÇÃO 2
3 JUSTIFICATIVA 4
4 HIPÓTESES 6
5 OBJETIVOS 7
5.1 Objetivos Gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
5.2 Objetivos Especı́ficos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
6 PROBLEMATIZAÇÃO 8
7 METODOLOGIA 16
8 CONCLUSÃO 17
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 18
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1 RESUMO
1
2 INTRODUÇÃO
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acompanhamento deste tipo de doença, pois se constatou, infelizmente, que nem o termo
“Acondroplasia” era conhecido de fato.
Portanto, além de identificar os elementos que contribuem para promover a
invisibilidade desses sujeito, também detecta-se um dado muito preocupante acerca da
qualificação dos profissionais da área da assistência social nesses espaços nos quais estamos
inseridos.
Percebe-se então, a necessidade da instrumentalização dos profissionais nesse
sentido, tendo como principal ferramenta os elementos constitutivas de uma pesquisa mais
aprofundada acerca do tema em questão. Reconhece-se portanto, que a temática não será
analisada por completo. O que poderá ser realizado em um estágio superior.
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3 JUSTIFICATIVA
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sidade humana, buscando explicações nos aspectos de dimensão histórica, biológica e
cultural que possam identificar os elementos de interações que envolvam os portadores do
nanismo.
A pesquisa tem como finalidade a instrumentalização dos sujeitos para uma
prática social crı́tica e transformadora, no sentido de possibilitar a desconstrução desse
olhar perplexo e intolerante que só reconhece como sujeitos sociais, os considerados dentro
dos padrões da normalidade estética, reafirmando uma interpretação perversa e exclu-
dente, condicionando os portadores do nanismo a uma única forma de socialização, que é
por meio da indústria do divertimento.
Destarte, trata-se de um estudo pioneiro no Estado da Paraı́ba, porém é reco-
nhecido que a temática não será analisada por completo. O que poderá ser realizado em
um estágio superior.
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4 HIPÓTESES
6
5 OBJETIVOS
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6 PROBLEMATIZAÇÃO
A inclusão social das pessoas com deficiência exige a aceitação das diversidades,
a integração e o convı́vio com estes indivı́duos, porém estas pessoas ainda encontram
desafios e obstáculos na sociedade para sua aceitação, sendo vı́timas de preconceitos e
discriminações, reflexos das diferentes maneiras pelas quais foram vistas e tratadas ao
longo do tempo.
Na maior parte das sociedades humanas de que se tem documentação histórica,
as reações sobre as diversidades entre as pessoas aparecem de forma variada: tanto no que
se refere às diferenças percebidas entre a mesma população quanto em relação às várias
etnias com as quais mantinham contato.
Segundo (MAIER, 1984; LARAIA, 1986; MAGGIE, 1996), Desde a Antigui-
dade existem relatos de guerreiros, viajantes, comerciante, além dos mitos que relatam
sobre as diferenças fı́sicas e sociais das demais culturas. As reações variam desde o medo
e a repulsa até a curiosidade e o apreço.
Vale salientar que na maioria das vezes as explicações sobre essa diversidade,
enfatizavam os aspectos negativos dos “outros”, que compreendiam suas diferenças através
das caracterı́sticas fı́sicas e culturais dos povos, concebendo-a de forma etnocêntrica, ou
seja:
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biológicas do portador do nanismo, optou-se por utilizar a história como um instrumento
para auxiliar no entendimento das formas de interpretação da deficiência predominante
ao longo do tempo.
A palavra “Acondroplasia”: do grego a (privação) + chóndros (cartilagem) +
plásis (formação), ou seja, “sem formação de cartilagem”, é uma das mais antigas doenças
de nascença já registrada pelo homem. Ela é conhecida por provocar nos portadores, o
nanismo ou genericamente conhecido como anões.
Pesquisas mostram o aparecimento deste problema antes do império Egı́pcio.
Na Inglaterra, por exemplo, foi encontrado um esqueleto acondroplásico que data da
época neolı́tica, mais de 7.000 anos. Mas foi na idade média e moderna que esta doença
se tornou realmente conhecida, pois pessoas afetadas, geralmente, eram ridicularizadas e
serviam como forma de divertimento em teatros ou como bobos da corte nos reinos da
Europa.
Analisemos então, de que forma no âmbito da cultura, o imaginário da socie-
dade ocidental, por meio de seus mitos, foi construindo, ao longo dos séculos, a imagem
do deficiente fı́sico.
Histórica e simbolicamente, a deficiência fı́sica foi e no caso especı́fico do su-
jeito acondroplásico “ANÃO”, continua sendo, ressalvando algumas regras, considerada
como um fator de exclusão social à exemplo do que afirma Vigarello,
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Grécia Antiga (séc.XII a.c ao séc.VII a.c), considerada o berço da civilização. O perı́odo
de que se tem notı́cia anterior ao séc.XII a.c é o da civilização micênico-cretense, na
Grécia, com sua estrutura fundada em uma “monarquia divina em que a classe sacer-
dotal tinha grande influência e o poder polı́tico era hereditário”(MARCONDES, 2002,p.
21). Era uma aristocracia militar baseada em uma economia agrária. Nesse perı́odo, o
pensamento mı́tico era a forma como o povo adotava para explicar aspectos essenciais da
realidade, como a criação do mundo, a natureza, as origens do povo e seus valores básicos.
O elemento central do pensamento mı́tico é o apelo ao sobrenatural e ao mistério. “São
os deuses, os espı́ritos e o destino que governam a natureza, o homem e a própria socie-
dade” (MARCONDES, 2002, p.20), e o conhecimento é revelado por esses deuses e por
intermédio deles.
Segundo (CROATO, 2001), é necessário compreender o mito em sua função
simbólica e como relato de um acontecimento originário no qual os deuses agem e cuja
finalidade é dar sentido a uma realidade significativa.
Nessa narrativa, o mito que melhor retrata o tratamento destinado às pessoas
com deficiência é o de Hefestos, que apesar de um deus do Olimpo, recebeu atributos
pejorativos em consequência de sua deformidade e foi desprezado e excluı́do por sua
aparência fı́sica.
Hefestos, é o único deus com uma deficiência fı́sica. Filho de Zeus e Hera, sua
origem é narrada de diferentes formas, mas todas elas estão relacionadas à rejeição por
parte de seus pais: “Nascera coxo e sua mãe sentiu-se tão aborrecida ao vê-lo que o atirou
para fora do céu”.
Outra versão diz que Zeus atirou-o para fora com um pontapé, devido à sua
participação numa briga entre Zeus e Hera. O defeito fı́sico seria consequência dessa
queda (BULFINCH, 2001, p.12-13).
Hefestos habitava a Ilha de Lemnos, à qual chegou após ter sido chutado por
seu pai e rolar pelo Olimpo abaixo durante um dia inteiro. Era o único deus que traba-
lhava, atividade que não era bem vista no panteão,
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“Mestre das artes do fogo e governando
o mundo industrioso dos ferreiros, dos
ourives e dos operários. É visto so-
prando seu fogo e penando na sua
bigorna, em que fabrica as armas dos
deuses e dos heróis[...]”(CHEVALIER;
GUEERBRANT, 1995,p.485).
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“Nenhum homem em quem houver
defeito se chegará: como homem
cego,ou coxo,ou de rosto mutilado,
ou desproporcionado, ou homem que
tiver o pé quebrado ou mão quebrada,
ou corcovado, ou anão, ou que tiver
belida no olho, ou sarna, ou impigens,
ou que tiver testı́culos quebrados”.
Levı́tico 21:16-24 (apud KILLP, 1990)
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Observa-se então que no perı́odo clássico, a concepção de homem, mundo e
sociedade, calcada na busca de um ideal de sociedade, tem suas repercussões nas ações
e escolhas de um povo. É um perı́odo de formas perfeitas na arquitetura e na arte, de
busca de participação do cidadão na polı́tica. Contudo, é também um perı́odo em que o
regime de escravidão é legitimado como necessário, e em que o valor das pessoas está em
sua função social e na cisão entre o trabalho intelectual e o trabalho manual. Logo, sob
essa narrativa, percebe-se que não há lugar para os deficientes, e seu abandono é encarado
como uma atitude natural e adequada.
Seguindo sistematicamente a mesma linha de análise para a compreensão do
tema em questão, vejamos agora o perı́odo da Idade Média entre, (sec.IV ao sec.XIV),
considerado o corolário da doutrina cristã.
A Idade Média foi marcada pela dissolução do Império Romano, devido às
inúmeras invasões bárbaras. Marcondes (2002), afirma que nesse perı́odo a Igreja foi a
única instituição estável e a principal e quase exclusiva responsável pela educação e pela
cultura.
No ano de 529, foi fundada a Ordem dos Beneditinos, a primeira grande ordem
religiosa, simboliza o momento em que a igreja cristã interdita à filosofia grega e passa
a deter o monopólio da educação, reflexão e meditação (GAARDER, 1995). Segundo
Marcondes (2002), essas Ordens dedicavam-se à vida do mundo leigo, à pregação e à
conversão dos hereges e pagãos.
A prática da magia e das relações com o demônio eram dogmas aceitos, e
o homem “passou a ser considerado como um ser submetido a poderes invisı́veis, tanto
para o bem como para o mal”(AMIRALIAN, 1986). Ao explicar as contradições existentes
nessa época, Pessoti(1984), afirma que a hierarquia clerical, apesar de conhecer a dialética
aristotélica e a escolástica, e de dominar a teologia e os meios de comunicação, não
conseguiu vencer as superstições que condenava, porque, ao perseguir os representantes
do diabo, os feiticeiros, as criaturas bizarras e de hábitos estranhos, reafirmava essas
crenças, pois admitia sua existência.
Portanto nesse contexto, segundo Pessoti (1984), a deficiência era submetida
a superstição, ora sendo entendida como eleição divina, ou ora como danação de Deus ou
possessão diabólica. Durante a inquisição, toda pessoa com deficiência que fosse reconhe-
cida por ser uma encarnação do mal (pecado) era destinada à tortura e à fogueira. Ainda
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segundo Pessoti (1984), a pessoa com deficiência passou a ser acolhida nos conventos ou
igrejas, onde ganhou a sobrevivência, em troca de pequenos serviços à instituição.
Orientando-nos na direção dos fatos históricos, mergulhamos então, na Idade
Moderna, um perı́odo que compreende grandes mudanças, onde ocorre a transição en-
tre o Feudalismo e o Capitalismo, considerado do ponto de vista econômico, filosófico
e cientı́fico um perı́odo fecundo. Ocorrem grandes descobertas marı́timas, o desenvolvi-
mento do mercantilismo como no modelo econômico em substituição à economia feudal e
o surgimento e consolidação dos Estados Nacionais (Espanha, e Portugal, Paı́ses Baixos,
Inglaterra e França), modelo polı́tico que substituiu o Feudalismo. Ocorrem também o
Humanismo Renascentista, no séc.XV, a Reforma Protestante no séc.XVI e a Revolução
Cientı́fica no séc.XVII. A Revolução Francesa (1789) marca o final da Idade Moderna.
Segundo Japiassu(1991), nesse perı́odo o mecanismo apresenta-se como filosofia
da ciência experimental nascente, opondo-se à magia natural e a alquimia. O termo
mecânico perde seu caráter pejorativo, pois a realidade histórica apresenta-se fértil no
desenvolvimento dos trabalhos práticos de arquitetos, artesãos, relojoeiros e fabricantes
de máquinas e canhões.
Inaugura-se portanto, a concepção cientı́fica do mundo e do homem e instaura-
se a matemática como via preferencial de explicação do conhecimento, adotando-se a
máquina como modelo de funcionamento do mundo. Essa ruptura com a hegemonia da
igreja elimina, no mundo cientı́fico, as explicações sobrenaturais e mágicas, e abre caminho
para o desenvolvimento do conhecimento da técnica, da manufatura e da medicina, além
de garantir à igreja o monopólio do espı́rito.
Nesse sentido, com o advento da medicina, segundo Pessoti(1984), se produz
um deslocamento na concepção de deficiência, que transmuta de seus diversos sentidos
espirituais: possessão demonı́aca, castigo divino ou manifestação das obras de Deus para
uma manifestação da doença, cabendo, portanto, aos médicos o diagnóstico, prognóstico
e tratamento da deficiência, normalmente em instituições destinadas a esse fim. Nessas
narrativas compreende-se então o deficiente nesse perı́odo, pelos critérios de normalidade
definidos pela medicina, promovendo assim uma mudança de status nessas pessoas; de
vı́timas de um poder sobrenatural para o de “desviante” ou doentes.
Portanto, é mediante essas narrativas de diferentes contextos que podemos
identificar alguns elementos de interações desses sujeitos, que justifique, ou pelo menos,
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explique o estigma imputado àqueles que têm um corpo desviante.
Aqui a história biológica se funde na história cultural do corpo, na experiência,
na expressão da linguagem e na ideologia. Nessa perspectiva, afirma Soares(1999, p.5);
“O corpo marcado pela cultura é um signo polissêmico, uma realidade histórica e multi-
facetada.”
Voltando então ao universo dos anões podemos constatar que desde a anti-
guidade esses sujeitos são marcados pelo estigma de garantir a diversão dos outros, de
fazer rir, expondo-se de qualquer maneira, tornando-se uma condição muito perversa de
inclusão social.
É preciso que se quebre esses paradigmas que só reforçam em nós mesmos o
modelo de imperfeição, como reflexo de nós mesmos, não existe um padrão de beleza ou
perfeição, pois somos imperfeitos por natureza.
E ao aproximarmos essa reflexão de nossas vidas, de nossas organizações, é
evidente que não estamos falando só do respeito à diversidade humana e oportunidades
iguais para todos. É isso e mais um pouco. Abrir espaços, incluir, buscar quem está do
lado de fora, reconhecer identidades, compor equipes caracterizadas pelas diversidades é
um passo muito importante.
Quando falamos numa sociedade inclusiva, pensamos naquela que valoriza a
diversidade humana e fortalece a aceitação das diferenças individuais, já preconizados na
Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada em 1948, pela Organização das
Nações Unidas. No art. 1o está escrito que: “todos os seres humanos nascem livres e
iguais em dignidade e direitos”. O art.5o da Constituição Brasileira, em 1988, reforça
que: “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”. A mesma
organização formulou, em 1975, a Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes, que diz
em seu art.3o : “as pessoas deficientes tem o direito inerente de respeito por sua dignidade
humana. As pessoas deficientes, qualquer que seja a origem, natureza e gravidade de suas
deficiências, tem os mesmos direitos fundamentais que seus concidadãos da mesma idade,
o que implica, antes de tudo, o direito de desfrutar uma vida decente”. E em seu art.8o
está escrito que: “as pessoas deficientes tem o direito de ter suas necessidades especiais
levadas em consideração em todos os estágios de planejamento econômico e social”.
Sendo assim, todas as diferenças inatas aos seres humanos precisam ser respei-
tadas.
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7 METODOLOGIA
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8 CONCLUSÃO
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9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CERTEZA, Leandra Migotto. A Vida é Diversa. Bengala Legal, set. 2008. <
http://www. bengalalegal.com/pdc-mundial >. Data de Acesso: 16/04/2013 17:26.
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